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Um militante da Força de Mobilização Popular, facção iraquiana apoiada pelo Irã, morreu nesta quinta-feira (4) em um ataque aéreo lançado contra o edifício do grupo em Bagdá, a capital iraquiana, segundo fontes da organização.

O ataque vem em um momento de crescentes tensões regionais alimentadas pela guerra entre Israel o grupo extremista Hamas e temores de que o conflito se espalhe para outros países do Oriente Médio. Também coincide com pressões de autoridades do Iraque para que uma coalizão liderada pelos EUA deixe o país.

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Em comunicado, o grupo anunciou que seu vice-chefe de operações em Bagdá, Mushtaq Taleb al-Saidi, ou "Abu Taqwa," havia sido morto "como resultado de uma brutal agressão" dos EUA. Os responsáveis pelo ataque ainda não foram identificados. Fonte: Associated Press.

A Turquia intensificou ataques aéreos contra grupos curdos na Síria e no norte do Iraque em retaliação pela morte de 12 soldados turcos no Iraque no fim de semana. O ministério da Defesa da Turquia informou no domingo, 25, em um comunicado que 26 militantes curdos foram mortos durante as ações militares.

No nordeste da Síria, oito civis foram mortos, incluindo duas mulheres, apontou em mensagem no X, ex-Twitter, Farhad Shami, porta-voz das forças democráticas sírias, grupo liderado por curdos.

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O Observatório Sírio para Direitos Humanos, uma organização baseada no Reino Unido, destacou que 12 pessoas foram feridas na ação.

Segundo o Observatório, a Turquia realizou 128 ataques aéreos no nordeste da Síria em 2023, que mataram 94 pessoas. Fonte: Associated Press.

Pelo menos 100 pessoas morreram e outras 150 ficaram feridas em um incêndio durante um casamento em um salão de festas de uma pequena cidade no norte do Iraque, informaram as autoridades de nesta quarta-feira (27).

No principal hospital de Karakosh, a pequena cidade cristã onde ocorreu a tragédia, um fotógrafo da AFP testemunhou diversas ambulâncias chegando com as sirenes ligadas no meio da noite.

Dezenas de pessoas se reuniram no pátio do centro médico, incluindo familiares das vítimas e voluntários dispostos a doar sangue, de acordo com a mesma fonte.

Uma multidão também se acumulou diante das portas abertas de um caminhão frigorífico que transportava várias sacolas mortuárias, relatou o fotógrafo.

Karakosh, também conhecida como Bajdida ou Al Hamdaniya, está localizada na província de Nínive, no norte do Iraque, 51 km a sudeste da metrópole de Mosul.

As autoridades sanitárias de Nínive "registraram 100 mortes e mais de 150 feridos no incêndio em um salão de festas em Al Hamdaniya", informou a agência de notícias oficial iraquiana INA em um "balanço preliminar".

O porta-voz do Ministério da Saúde, Saif al-Badr, confirmou esses números à AFP. "A maioria dos feridos sofreu queimaduras e asfixia", disse, antes de citar que o incêndio também provocou um grande tumulto entre os convidados do casamento.

O Crescente Vermelho iraquiano informou que registrou mais de 450 vítimas, mas não explicou quantas morreram na tragédia.

Os serviços de defesa civil detectaram a presença de painéis pré-fabricados "altamente inflamáveis e em desacordo com as normas de segurança" na sala de festas onde ocorreu a tragédia.

"As informações preliminares indicam o uso de fogos de artifício durante um casamento, o que provocou um incêndio no salão", afirma a nota.

As chamas provocaram o "desabamento de partes do teto devido ao uso de materiais de construção altamente inflamáveis e baratos", disse a mesma fonte.

O perigo foi agravado "pelas emissões de gases tóxicos vinculadas à combustão dos painéis".

Os recém-casados "dançavam, os fogos de artifício começaram a subir até o teto, todo o salão pegou fogo", declarou Rania Waad, 17 anos, sem conter as lágrimas, enquanto aguardava por atendimento para uma queimadura na mão ao lado da irmã no hospital de Karakosh.

Ela disse que o casamento tinha "muitos convidados". "Não conseguimos ver nada, estávamos afogando, não sabíamos como sair".

No salão destruído era possível observar cadeiras de metal e destroços empilhados.

- Nove detidos -

Em um comunicado, o primeiro-ministro Mohamed Shia al-Sudani convocou as autoridades sanitárias e do Ministério do Interior a "mobilizar todos os esforços de resgate" para auxiliar as vítimas.

O Ministério da Saúde anunciou "o envio de caminhões de ajuda médica" de Bagdá e outras províncias do país, e garantiu que suas equipes em Nínive estavam dedicadas a "tratar os feridos".

O porta-voz do Ministério do Interior, general Saad Maan, informou à AFP que nove pessoas foram detidas e "quatro ordens de prisão foram emitidas contra os donos do salão de festas".

O respeito às normas de segurança no Iraque é frágil, tanto no setor da construção quanto na área de transportes.

O país, com infraestruturas deterioradas após décadas de conflito, é regularmente palco de incêndios ou acidentes fatais.

Em julho de 2021, um incêndio em uma unidade anticovid em um hospital no sul do Iraque resultou na morte de 60 pessoas.

Meses antes, em abril do mesmo ano, uma explosão de cilindros de oxigênio provocou outro incêndio em um hospital em Bagdá dedicado ao tratamento da Covid-19, deixando mais de 80 mortos.

Dois drones turcos mataram sete integrantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, o PKK turco, na região autônoma curda do Iraque, anunciaram as autoridades de Erbil nesta quinta-feira (24), no mesmo dia em que o ministro turco das Relações Exteriores visitava a região.

Os ataques aconteceram no subdistrito montanhoso de Sidakan, no norte da capital regional de Erbil, onde o PKK mantém suas bases de retaguarda nas quase quatro décadas de insurgência contra o Estado turco.

"Um drone do Exército turco atingiu um veículo do PKK, matando um oficial e dois combatentes", disseram os serviços de contraterrorismo turcos em um comunicado sobre o primeiro ataque.

No segundo, ocorrido horas depois, "dois oficiais e dois trabalhadores dos serviços de emergência morreram", acrescentaram.

Os ataques foram realizados durante a visita do ministro turco das Relações Exteriores, Hakan Fidan, a Erbil, em visita oficial ao Iraque desde a terça-feira.

Fidan reuniu-se com o presidente da região curda, Nechirvan Barzani, e com o primeiro-ministro, Masrour Barzani.

"Resolvemos essa questão na Turquia de uma vez por todas. Agora, o PKK se esconde em território iraquiano. Estamos trabalhando com Bagdá e Erbil para proteger o Iraque do PKK", disse Fidan em entrevista coletiva conjunta com Masrour Barzani.

Na terça, o ministro turco instou o governo federal de Bagdá a qualificar o PKK como organização "terrorista".

Há muito tempo, a região autônoma do Curdistão iraquiano tem sido alvo de operações aéreas e terrestres turcas contra o PKK.

Periodicamente, ocorrem declarações condenando a violação da soberania iraquiana, particularmente quando há vítimas civis.

Mas os críticos consideram que tanto Erbil quanto Bagdá estão mais preocupados em proteger os vínculos comerciais e de investimento com Ancara.

Durante sete anos, Mohamed, de 23 anos, ingeriu cerca de dez comprimidos de captagon diariamente e agora quer se livrar de um vício que pode levá-lo à morte, ou a uma prisão no Iraque, que trava uma guerra às drogas.

País limítrofe com Irã, Síria e Arábia Saudita, o Iraque é há muito tempo um país de trânsito de drogas, mas nos últimos anos o consumo disparou.

Para remediar esta situação, o governo concentra sua atenção nos dependentes químicos e abriu três centros de reabilitação em al-Anbar (oeste), Kirkuk (norte) e Najaf (centro), nos quais são alojados dependentes químicos que foram presos, para separá-los dos traficantes na prisão. Uma experiência que as autoridades querem estender a outras províncias.

Os narcóticos mais comuns são a metanfetamina, que chega do Afeganistão, ou do Irã, e o captagon, um tipo de anfetamina, produzido em escala industrial na Síria e que cruza a fronteira com o Iraque para inundar as monarquias ricas do Golfo - principalmente a Arábia Saudita, o maior mercado consumidor.

Inaugurado em abril, em Bagdá, o Centro de Reabilitação Social Al-Canal é uma clínica do Ministério da Saúde que recebe atualmente cerca de 40 dependentes que chegaram por iniciativa própria. Um deles é Mohamed, que toma entre "dez e 12" comprimidos de captagon diariamente, conta ele sob um pseudônimo.

A droga "deixa você dinâmico, te dá energia e te mantém acordado", disse à AFP este rapaz de Al-Anbar, uma província desértica no oeste do Iraque, na fronteira com a Síria.

Segundo ele, "está por todo lado", já que um comprimido custa dois dólares (9,40 reais na cotação atual).

Mohamed passou duas semanas no Centro, voltou para casa e depois retornou ao centro com medo de cair novamente em tentação, porque o captagon "te leva à prisão ou à morte", diz este funcionário de uma mercearia.

- "Flagelo" -

O centro tem uma seção para homens, e outra, para mulheres. As internações duram cerca de um mês e os pacientes recebem apoio psicológico. Quando recebem alta, retornam semanalmente para um acompanhamento de seis meses.

"Recebemos todas as idades", disse o diretor do Centro, Abdel Karim Sadeq Karim, embora a maioria de seus pacientes esteja na casa dos 20 anos e consuma principalmente metanfetamina. "Desde a primeira dose, há dependência", afirmou.

"É um flagelo que destrói totalmente o indivíduo", confirmou seu vice-diretor, Ali Abdallah, acrescentando que o uso de drogas aumentou depois de 2016.

De fato, as forças de segurança iraquianas anunciam prisões quase diariamente. Entre outubro de 2022 e junho de 2023, mais de 10.000 pessoas foram detidas por "crimes relacionados a entorpecentes: traficantes, transportadores, revendedores, ou consumidores", disse à AFP o porta-voz da Direção de Narcóticos e Entorpecentes, Hussein al-Tamimi.

Este órgão apreendeu 10 milhões de comprimidos de captagon e 500 quilos de entorpecentes, dos quais cerca de 385 quilos eram de metanfetamina.

O sucesso das operações se deve ao aumento da cooperação regional, à coleta de informações e à Inteligência.

- Mercado promissor? -

Segundo dados oficiais, compilados pela AFP, pelo menos 110 milhões de comprimidos de captagon foram apreendidos no Oriente Médio em 2023.

O Iraque se tornou uma importante zona de trânsito de captagon, porque a vizinha Jordânia, outro país de trânsito, reforçou suas fronteiras e não hesita em abrir fogo contra os traficantes, disse à AFP um diplomata ocidental em Bagdá.

Sendo assim, para financiar os direitos de passagem, os traficantes revendem a droga em território iraquiano e, com isso, reforçam o consumo local.

"Potencialmente, isso pode representar um verdadeiro mercado, se houver expansão econômica e aumento do poder de compra", disse uma fonte anônima, que destacou o alto percentual de jovens em uma população de 43 milhões de habitantes.

Milhares de peixes mortos foram encontrados nas margens de um rio no sul do Iraque, um fenômeno que pode estar relacionado às consequências da seca neste país desértico.

Imagens desta segunda-feira (3) feitas por um fotógrafo da AFP mostram milhares de pequenos peixes encalhados às margens de um rio na região de Al-Majar al-Kabir, na província de Maysan, no sudeste.

Esta região, que faz fronteira com o Irã, é conhecida por seus pântanos irrigados pelo rio Tigre.

Segundo o ativista ambiental Ahmed Saleh Neema, a morte dos peixes está relacionada ao "aumento das temperaturas" que provoca maior evaporação e ao "baixo fluxo de água" que causa falta de oxigênio e aumenta a salinidade.

O Iraque é considerado pela ONU como um dos cinco países do mundo mais expostos a alguns dos efeitos da mudança climática. Enfrenta uma seca que se agravou nos últimos quatro anos.

Khodr Abbas Salman, responsável pelos pântanos na província de Maysan, disse nesta segunda-feira que havia várias "toneladas" de peixes mortos.

Em 2018, um fenômeno semelhante afetou a província de Babilônia (centro) e foram encontradas milhares de carpas mortas.

Arqueólogos descobriram os restos de uma "taberna" de quase 5.000 anos no sul do Iraque, um achado que permitirá conhecer melhor o modo de vida de comunidades nas primeiras cidades do mundo.

Uma equipe conjunta da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e da Universidade de Pisa, na Itália, fez a descoberta nas ruínas da antiga cidade de Lagash, a noroeste da Nassíria, conhecida por ter um dos primeiros centros urbanos da civilização suméria do Iraque antigo.

Entre as descobertas, estão os restos de um sistema primitivo de refrigeração, um forno grande, bancos para refeições e cerca de 150 tigelas com vestígios de comida.

Nestes recipientes, havia ossos de peixes e outros animais, junto às evidências de consumo de cerveja, comum entre os sumérios.

"Temos a geladeira, temos centenas de tigelas prontas para serem servidas, bancos onde as pessoas se sentavam (...) e, atrás da geladeira, há um forno usado para cozinhar alimentos", detalhou a diretora do projeto, Holly Pittman, em conversa com a AFP.

"O que entendemos é que este era um lugar onde as pessoas comuns vinham para comer e não era uma casa", acrescentou.

A descoberta foi chamada de "taberna", pois a cerveja "é, de longe, a bebida mais comum, mais do que a água, para os sumérios”, disse, comentando que, em um dos templos escavados no local, “havia uma receita de cerveja encontrada em uma tábua cuneiforme".

- "Gente comum" -

As primeiras cidades do mundo se desenvolveram no que corresponde hoje ao sul do Iraque, após excedentes agrícolas proporcionados pela domesticação das colheitas permitirem o surgimento de novas classes sociais.

A localidade de Lagash, perto da confluência dos rios Tigre e Eufrates, era chamada de "jardim dos deuses" por sua fertilidade e deu origem a uma série de cidades sumérias que datam do início do período dinástico.

"Lagash era uma das cidades importantes do sul do Iraque", comentou o arqueólogo iraquiano Baker Azab Wali, que trabalhou com a equipe universitária no local.

"Seus habitantes dependiam da agricultura, pecuária, pesca e da troca de mercadorias", completou.

Pittman disse que a equipe quer aprender mais sobre o trabalho realizado por aqueles que frequentaram a taberna em seu apogeu, por volta de 2.700 a.C., para entender melhor a estrutura social das primeiras cidades.

Para isso, é necessária uma análise detalhada das amostras colhidas durante as escavações feitas em novembro de 2022.

"Esperamos poder caracterizar os bairros e os tipos de ocupação (...) das pessoas que viviam nesta grande cidade que não eram da elite", acrescentou, reforçando a importância das "pessoas comuns".

"A maior parte dos trabalhos feito em outros sítios se concentra em reis e sacerdotes, e isso é muito importante, mas também é importante (conhecer melhor) as pessoas comuns", insistiu.

"Há muito que não sabemos sobre este período inicial do surgimento das cidades e é isso que estamos investigando", completou.

Uma pessoa morreu e "dezenas" ficaram feridas nesta quinta-feira (19) em um tumulto do lado de fora de um estádio de futebol no Iraque, onde a final da Copa do Golfo será disputada, disseram fontes médicas e de segurança.

Milhares de torcedores sem ingressos se aglomeraram desde a madrugada em frente aos portões do estádio de Basra (sul) na esperança de assistir à partida entre Iraque e Omã, que deve começar às 19h (13h no horário de Brasília).

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"Há uma morte e dezenas de pessoas levemente feridas", disse uma fonte médica, que pediu anonimato.

Um responsável do Ministério do Interior confirmou o saldo, explicando que a multidão se devia a "um grande número de torcedores, particularmente pessoas sem ingressos, que se juntaram desde a manhã e tentaram entrar" no estádio.

Segundo um fotógrafo da AFP dentro do complexo esportivo, os portões estavam fechados no momento do tumulto. Ele disse que ouviu sirenes de várias ambulâncias chegando para ajudar os feridos.

Em fotos publicadas nas redes sociais, é possível ver como uma maré humana tenta chegar ao estádio.

O primeiro-ministro, Mohamed Chia al-Soudani, anunciou que estava a caminho do local do evento, de acordo com um comunicado de seu gabinete.

Ele presidiu "uma reunião de emergência na presença de alguns ministros e do governador de Basra", organizada "para discutir medidas especiais para a final da 25ª Copa do Golfo", segundo a mesma fonte.

O Exército iraquiano pediu, em nota, que os iraquianos "respeitem as instruções" relativas à segurança no acesso aos estádios, para "encerrar o campeonato de forma civilizada e que honre o Iraque".

Este país, abalado por quatro décadas de conflito, apostou fortemente na 25ª Copa do Golfo, em Basra, para recuperar a sua imagem, depois de anos sem poder organizar jogos internacionais devido às condições de segurança.

É a primeira vez desde 1979 que a Copa do Golfo, evento que acontece a cada dois anos, é realizada em solo iraquiano.

Vários problemas logísticos prejudicaram o torneio desde a cerimônia de abertura, há duas semanas. Milhares de torcedores, alguns deles com ingressos, e jornalistas devidamente credenciados foram impedidos de entrar sem motivo preciso.

O torneio reúne oito países (Iraque, Kuwait, Omã, Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Iêmen e Emirados Árabes Unidos) e o Iraque conseguiu se classificar para a final, que será disputada nesta quinta-feira contra Omã.

O almirante Flávio Rocha, secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, embarca nesta quarta-feira, 18, para uma viagem ao Iraque. Além do petróleo, a visita tem interesse comercial direto da indústria de Defesa nacional, que anseia ampliar a venda de equipamentos bélicos àquele país. O governo de Jair Bolsonaro também se movimenta para estreitar os laços de empresas de armas leves com os iraquianos.

O governo do Iraque tem procurado novos parceiros para aquisição de armamento. No mercado internacional sabe-se do desejo daquele país de equipar sua força policial com armas leves. Empresas como Taurus e CBC, a primeira fabricante de armas, a segunda, de munições, podem se credenciar para este mercado.

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Além do Iraque, a missão chefiada pelo almirante Rocha irá a Marrocos, Egito, Emirados Árabes, Omã, Kuwait, Bahrein, Qatar e Arábia Saudita. A viagem começa nesta quarta-feira e dura até o dia 7 de junho. No final do circuito pelo Oriente Médio, a delegação brasileira vai passar por Hungria e República Tcheca, dois países com quem o governo Bolsonaro mantém boas relações.

Área econômica

A viagem é vista com reservas pela área econômica do governo. A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, gostaria que o governo desse prioridade neste momento a contatos com países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Mas o Planalto considera que a visita não teria implicações diplomáticas já que boa parte dos países atualmente tem interesse em fazer negócios com o Iraque.

Atualmente, as importações brasileiras do Iraque se restringem ao petróleo. As exportações são concentradas em açúcar e carnes de aves, bovina e de animais vivos. Na década de 1980, o Brasil teve o Iraque como um dos principais compradores de veículos militares fabricados pela Engesa, como o Urutu e o Cascavel. O Brasil também comercializou foguetes Astros e ainda haveria lançadores brasileiros antigos que demandam modernização, assim como os veículos militares.

A possibilidade de o próprio presidente Jair Bolsonaro participar dessa visita chegou a ser discutida no Palácio do Planalto. Nesse caso, a viagem se transformaria em visita de Estado, e certamente haveria uma agenda com o primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al Kadhimi.

No fim do ano passado, Bolsonaro planejou a visita a Bagdá, mas a ideia foi abortada, entre outros motivos, por falta de segurança. Às vésperas da missão brasileira, o primeiro-ministro foi alvo de um atentado com drones. Ele escapou do ataque a sua residência.

Na ocasião, Bolsonaro ficou quase uma semana fora do Brasil. Ele passou pelo Oriente Médio em novembro e visitou Bahrein, Qatar e Emirados Árabes Unidos. A promoção de material bélico fabricado no Brasil foi um dos pontos altos do tour pelos países árabes.

No Planalto, o contato mais próximo de Bolsonaro com líderes do Iraque e de países em conflito é considerado valioso diplomaticamente por causa da presença do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ele já esteve duas vezes em nações árabes do Oriente Médio, e uma em Israel.

Depois de uma aproximação ideológica na campanha de 2018, o presidente buscou equilibrar as relações com os árabes, por receio de retaliações comerciais ao reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, com a promessa nunca concretizada de transferência da embaixada brasileira, que permanece em Tel Aviv. Bolsonaro também avalia oportunidades de vista a países como o Kuwait, entre outros. Os países da região buscam desenvolvimento agrícola e diversificação das respectivas economias.

Parceiro histórico

O Iraque é considerado parceiro histórico do Brasil e, no ano passado, o premiê Kadhimi acertou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o fim da participação de tropas americanas em confrontos no país, onde lutam contra o Estado Islâmico. Presentes desde a invasão em 2003, quando derrubaram o ditador Saddam Hussein, os militares americanos, também parceiros das Forças Armadas no Brasil, continuarão prestando auxílio e treinamento ao Exército iraquiano.

A maior parte das agendas tem sugestão da Secretaria de Produtos de Defesa, do Ministério da Defesa, em discussão com a Secretaria de Assuntos Estratégicos. Numa estratégia comercial, o atual secretário de produtos de Defesa, Marcos Degaut, será o próximo embaixador do Brasil em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

Questionados sobre a ida ao Iraque, a Secretaria Especial de Comunicação Social disse não ter informações sobre a agenda. A Secretaria de Assuntos Estratégico e o Ministério da Defesa não responderam.

A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos que combate os extremistas islâmicos no Iraque abateu dois drones armados que visavam às instalações do aeroporto de Bagdá - informou à AFP uma fonte da aliança militar.

O ataque, cuja autoria ainda não foi reivindicada, coincidiu com o segundo aniversário da morte do general iraniano Qassem Soleimani e de seu lugar-tenente iraquiano. Ambos foram mortos por um drone americano na estrada que leva ao Aeroporto Internacional de Bagdá.

"Dois drones armados miraram o aeroporto de Bagdá esta manhã por volta das 4h30", onde uma base militar abriga "tropas da coalizão, que não têm função de combate", informou o oficial, que pediu anonimato.

"Baterias de defesa C-RAM (...) interceptaram e derrubaram os drones sem problemas", acrescentou.

Imagens fornecidas à AFP pela mesma fonte mostram os restos de um dos projéteis. Um pedaço de metal preto traz a inscrição "Operações de vingança dos comandantes".

"Os iraquianos abriram uma investigação", disse o oficial, informando que "não houve danos".

"Mas se trata um aeroporto civil, e lançar esse tipo de ataque é muito perigoso", ponderou.

- Tropas americanas -

Nos últimos meses, dezenas de foguetes e drones armados tiveram tropas e interesses dos Estados Unidos no Iraque como alvo. Washington atribui tais ataques, que nunca são reivindicados, às facções iraquianas pró-Irã.

Nas últimas semanas, porém, o número de tais incidentes diminuiu.

As facções pró-Irã exigem a retirada total das tropas americanas posicionadas no Iraque dentro da estrutura da coalizão internacional antijihadista.

No sábado (1º), os líderes da Hashd al-Shaabi voltaram a exigir essa retirada junto a milhares de manifestantes reunidos no centro de Bagdá, no segundo aniversário do assassinato de Soleimani.

Por ordem do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, um drone atacou, em 3 de janeiro de 2020, o veículo em que viajava Qassem Soleimani, o arquiteto da estratégia iraniana no Oriente Médio. Ao seu lado, estava Abu Mehdi al-Muhandis, nº 2 da Hashd al-Shaabi, uma coalizão de facções armadas pró-Irã que agora faz parte do Exército iraquiano.

Em 9 de dezembro, o Iraque anunciou o "fim da missão de combate" da coalizão, que conta com cerca de 2.500 militares americanos e mil soldados dos demais países-membros da aliança, espalhados por três bases controladas pelas forças iraquianas.

Há mais de um ano, essas tropas estrangeiras realizam treinamento e trabalho de assessoria, ajudando as forças iraquianas a combaterem o grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

Quando seu dia de trabalho termina, Azhar se torna uma ativista para fornecer assistência jurídica a mulheres vítimas de violência de gênero no Iraque, um compromisso nascido de sua experiência nas mãos de um ex-marido brutal.

Essa mulher de 56 anos, que trabalha para o governo de Bagdá, teve que batalhar por uma década no tribunal para obter o divórcio, uma provação que a levou a retomar seus estudos de direito.

"Percebi que era fraca diante da justiça", diz a mulher, cuja ONG faz parte da Rede de Mulheres Iraquianas, uma coalizão de associações feministas. Hoje, sua organização garante apoio jurídico às vítimas.

"Para que essas mulheres tenham consciência de seus direitos e possam se defender", acrescenta.

Nesta sociedade tão patriarcal, onde proliferam os casamentos precoces, as pressões econômicas, feministas e advogadas lutam pela defesa de direitos violados impunemente, denunciam as leis retrógradas e a omissão das autoridades.

Azhar foi forçada em 2010 a se casar sob pressão familiar. Ela mostra fotos em que aparece com hematomas roxos nos braços e nas pernas. "Achava que ia morrer", diz. "Naquele momento decidi quebrar minhas correntes."

"A vítima paga o preço"

Azhar deixou o lar conjugal com seus oito filhos e exigiu o divórcio. Um primeiro juiz conhecia o marido e rejeitou a reclamação, apesar dos três atestados médicos, diz a mulher.

"Sua resposta: 'Não vou desfazer uma família com base em certificados, e daí que um homem bate em sua esposa?'".

No Iraque, com 40 milhões de habitantes, em 2021 houve 17 mil denúncias de violência conjugal, segundo uma célula de proteção à família do Ministério do Interior.

E os casamentos de mulheres menores de idade estão em alta: 25,5% das mulheres casaram com menos de 18 anos em 2021, contra 21,7% em 2011. Para as menores de 15 anos, o percentual dobrou, ultrapassando 10%.

O responsável da célula de proteção à família, o brigadeiro Ali Mohamed, reconhece que os tribunais que recebem casos de violência doméstica tendem a favorecer a "reconciliação".

"Mas é a vítima que paga o preço da reconciliação", lamenta Hana Edwar, presidente da ONG Al-Amal.

Na falta de uma lei dedicada à violência contra as mulheres, a advogada Marwa Eleoui lamenta o uso do código penal, e seu artigo 398, por exemplo, que permite ao estuprador evitar a punição se contrair matrimônio com a vítima.

Desde 2010, há um projeto de lei em que as ONGs estão trabalhando, mas os islâmicos sempre dificultaram sua adoção.

Uma das suas disposições fundamentais é a criação de abrigos para vítimas de violência, sublinha Eleoui, cuja organização "For Her" presta assistência jurídica.

Em Kirkuk (norte), a associação Amal salvou Lina de um marido violento. Ela se casou contra sua vontade aos 13 anos.

"Eu tinha 25 anos quando disse 'basta'", lembra Lina. Seu pai e seu marido, para evitar o escândalo, tentaram obter um atestado dizendo que a mulher era psicologicamente frágil.

"O médico me colocou em contato com a associação", diz Lina, um pseudônimo.

Quatro anos depois, trabalha com Amal e faz visitas domiciliares para sensibilizar as mulheres sobre seus direitos.

Jamais esquecerá o primeiro dia de sua nova vida: "Sair do tribunal, quando me divorciei, foi como sair de uma prisão."

O Iraque assinou acordos com duas empresas chinesas para construir 1.000 escolas no país no prazo de dois anos, segundo informou neste domingo (19) um funcionário do governo iraquiano.

O país precisa de um total de 8.000 escolas "para preencher o vazio no setor da educação", disse Hassan Mejaham, funcionário do Ministério da Moradia, citado pela Agência Oficial de Notícias do Iraque.

Os acordos foram assinados na última quinta-feira na presença do primeiro-ministro Mustafa al-Kadhemi, com a Power China, para construir 679 escolas. A empresa Sinotech construirá as 321 restantes.

Está previsto que a construção das escolas termine em dois anos, e que a primeira seja entregue um ano depois do início das obras, "muito em breve", disse Mejaham, acrescentando que o Iraque pagaria o projeto com produtos derivados do petróleo.

Décadas de conflito e falta de investimento no país destruíram o que costumava ser "o melhor sistema educativo da região", segundo a Unicef, agência das Nações Unidas para a infância, em seu site, onde diz que "uma em cada duas escolas está danificada e necessita de reconstrução".

O Iraque tem 40 milhões de habitantes e "cerca de 3,2 milhões de crianças iraquianas em idade escolar não frequentam a escola", detalha a agência.

Oito pessoas morreram nesta sexta-feira (17) em inundações causadas por chuvas torrenciais nos subúrbios de Erbil, no Curdistão, no norte do Iraque - disse o governador da província, Omid Khoshnaw, à AFP.

"As inundações começaram às 4h e deixaram oito mortos, entre eles mulheres e crianças", essencialmente em bairros populares situados ao leste da cidade de Erbil (capital da província homônima), afirmou o governador, mencionando "importantes danos materiais".

Quatro membros da equipe de Defesa Civil ficaram feridos, quando seu carro foi levado pela correnteza, acrescentou.

Um porta-voz da Defesa Civil de Erbil, Sarkawt Karach, disse à AFP que, "das oito pessoas que morreram, uma foi atingida por um raio, e as outras se afogaram em suas casas".

Ele informou ainda que "buscas por pessoas desaparecidas estão em curso", ressaltando que o número de mortos pode ser maior.

Nos arredores de Erbil, um repórter da AFP viu torrentes de água lamacenta correndo pelas estradas. Várias famílias tiveram que deixar suas casas.

Ao longo de algumas estradas, ônibus, caminhões e caminhões-tanque foram arrastados pela água.

O governador da província de Erbil pediu aos moradores que fiquem em casa, salvo em caso de necessidade. Segundo ele, novas chuvas estão previstas.

"As forças de segurança e a polícia estão em estado de alerta, assim como as equipes médicas e de Defesa civil e os municípios da região", explicou.

O Iraque anunciou neste sábado (20) que recebeu 1,2 milhão de doses da vacina anticovid-19 da Pfizer/BioNTech, no âmbito do programa de ajuda internacional Covax, no momento em que o país teme sofrer uma quarta onda da pandemia.

No Iraque, grande parte da população continua cética em relação às vacinas. De uma população total de 40 milhões de pessoas, apenas 7 milhões receberam pelo menos uma dose de algum imunizante.

Corroído pela corrupção endêmica, pela guerra e pela negligência, o sistema de saúde não consegue lidar com o avanço da pandemia.

Em um comunicado divulgado neste sábado, o Ministério da Saúde anunciou a "chegada de uma nova remessa de vacinas anticovid da Pfizer, graças ao programa Covax e ao Unicef", o Fundo das Nações Unidas para a Infância. Mais de 1,2 milhão de vacinas foram recebidas.

A iniciativa Covax é uma parceria entre a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Aliança Global para Vacinação e Imunização (GAVI) e a Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI), cujo objetivo é agilizar a obtenção de vacinas por parte de países com menos recursos.

"O Iraque continua sofrendo os perigos da pandemia do coronavírus", disse o porta-voz do Ministério da Saúde, Saif al-Badr, à televisão pública na quinta-feira.

"Esperamos uma quarta onda. Pode ser uma nova variante", completou.

O Iraque acumula mais de dois milhões de casos e mais de 23.000 mortes pelo coronavírus, desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais.

O Iraque registrou 12.180 casos de coronavírus nas últimas 24 horas, o maior número desde o início da pandemia em março de 2020 - conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (26).

Mais de 1,5 milhão de pessoas foram infectadas, e 18.347 morreram neste país, onde o sistema de saúde está em más condições, e a população continua muito cética em relação às vacinas.

O recorde "não nos surpreende, infelizmente, pelo descumprimento de medidas sanitárias obrigatórias, como proibição de reuniões, ou uso de máscara", declarou à imprensa o porta-voz do Ministério da Saúde, Saif al Badr.

"Este aumento se deve provavelmente ao período das festas do Eid, que envolveram muitos encontros, apesar das advertências do Ministério", acrescentou Al Badr, evocando uma "situação epidêmica perigosa".

Dos 40 milhões de iraquianos, pouco mais de 1,3 milhão foram vacinados até agora, de acordo com números do Ministério. Não há informação de quantas pessoas receberam a imunização completa.

Seja por desconfiança nas instituições, ou por informações falsas em circulação, o governo iraquiano não consegue superar o ceticismo geral em relação às vacinas e medidas de prevenção contra a pandemia.

Nos últimos dias, porém, o fluxo de cidadãos nos centros de vacinação aumentou, confirmaram correspondentes da AFP.

Dizimado por anos de corrupção, conflito e negligência, o sistema de saúde dificilmente consegue lidar com o aumento de infecções no país.

Dois incêndios mortais em unidades de covid-19 de um hospital em Bagdá em abril - que deixou mais de 80 mortos - e em Nassiriya este mês, com 60 mortos, ilustraram o colapso do sistema de saúde e alimentaram a raiva da população.

"Podemos conter as infecções, apesar da enorme pressão sobre nossas instituições de saúde", alegou Al Badr.

Raiva e lágrimas cobrem seus rostos, e os gritos de raiva ecoam em meio aos escombros ainda fumegantes da unidade de coronavírus do hospital Nasiriya, no sul do Iraque. Seus primos, sobrinhos e vizinhos morreram no incêndio que matou 64 pessoas na noite de segunda-feira.

"Eles vieram para se curar e saíram em caixões", chora um homem desesperado, Abu Nur al-Shawi, que perdeu vários membros de sua família.

"Este galpão não servia nem para abrigar animais", diz, cercado por dezenas de vizinhos que vieram ver o desastre.

Construído no final de 2020 nas instalações do hospital Al-Hussein de Nasiriyah para tratar pessoas com Covid-19, o antigo hangar (sem isolamento contra fogo) podia acomodar até 70 pessoas.

O incêndio, que foi provocado pela explosão de cilindros de oxigênio, de acordo com uma fonte da saúde, se espalhou rapidamente sem dar chances para pacientes e visitantes escaparem.

A destruição foi total: teto desabado, paredes enegrecidas e caídas, roupas e cobertores espalhados pelo chão, uma cadeira de rodas retorcida nos escombros ainda quentes.

O caos reinou por grande parte da noite: os bombeiros lutaram para controlar as chamas enquanto centenas de vizinhos se aproximavam do local para tentar ajudar os pacientes.

"Ouvimos os gritos, mas não pudemos fazer nada", conta Hisham al Sumeri, um jovem que veio ajudar à noite.

"É sempre a mesma situação, todos os dias, os mesmos mártires, as mesmas tragédias. Neste país, são os hospitais dos pobres que pegam fogo", lamenta Udaye al Jaberi, que perdeu quatro familiares.

Corrupção, negligência, falhas das autoridades: a lista dos males que gangrenam o país está na boca de todos.

Um incêndio semelhante (e pelas mesmas causas) devastou em abril um hospital para pacientes com Covid-19 em Bagdá, com um saldo de mais de 80 mortes.

"Não temos governo, temos uma máfia, criminosos que mandam no país", grita Al-Jaberi.

- Funerais tensos -

Os funerais de várias das vítimas (nem todos os corpos puderam ser identificados, segundo o necrotério) foram realizados em um clima de tensão nesta terça-feira.

As famílias expressavam sua indignação contra "os corruptos", explicou Abbas Agil à AFP, um aposentado.

No cemitério de Najaf (centro), um homem e uma mulher se abraçavam enquanto enterravam seus parentes.

Em Al Nasr, ao norte de Nasiriya, quatro irmãos e irmãs foram enterrados; em Al Dawaya, a leste da cidade, havia seis membros de uma mesma família.

Ao mesmo tempo, os protestos se multiplicavam em Nasiriyah, cidade que foi um dos epicentros do levante popular no final de 2019 contra a corrupção e a negligência do governo.

Dezenas de residentes bloquearam as entradas de vários hospitais com faixas que diziam: "Fechado por ordem do povo", exigindo que os pacientes fossem encaminhados para uma instalação de 400 leitos construída pela Turquia e inaugurada em junho pelo primeiro-ministro, mas que segue inexplicavelmente vazia.

Os manifestantes alcançaram seus objetivos ao longo do dia. As autoridades ordenaram que todos os pacientes do hospital Al-Hussein fossem transferidos para este novo centro com o objetivo de liberar leitos para novos casos de coronavírus.

O diretor do hospital Al-Hussein e o chefe regional de saúde foram destituídos de seus cargos por ordem do primeiro-ministro Mustafa al-Kazimi, mas essas medidas são consideradas insuficientes.

"Os políticos demonstraram mais uma vez sua incapacidade de administrar o país. Pulamos de tragédia em tragédia, a situação dos iraquianos piora a cada dia e ninguém é responsabilizado por isso", explica indignado Yaser al Barrak, professor da universidade de Di Car.

Os incêndios são comuns: entre janeiro e março de 2021, o ministério do Interior registrou 7 mil incêndios.

Por sua vez, o sistema de saúde está em um estado precário há décadas, devido a crises econômicas, guerras e corrupção.

A pandemia agravou essa situação: o país registra 1,4 milhão de casos de coronavírus e mais de 17 mil mortes.

Um drone com explosivos caiu, na manhã deste sábado (8), em uma base aérea iraquiana que abriga tropas americanas, informou o Exército iraquiano, um modus operandi já usado por facções pró-Irã no Iraque e em outras partes do Oriente Médio.

A coalizão antijihadista liderada por Washington no Iraque esclareceu que o ataque - o quarto em menos de uma semana - "não provocou baixas", mas que "um hangar sofreu danos" na base aérea de Ain al-Assad, no oeste desértico do Iraque.

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As facções pró-Irã, que querem acabar com qualquer presença militar estrangeira no Iraque, alcançaram um novo nível em meados de abril com um ataque espetacular.

Na ocasião, um drone "carregado com TNT" - de acordo com as autoridades curdas - caiu no quartel-general da coalizão antijihadista no aeroporto internacional de Erbil. A notícia chocou porque foi a primeira vez que as autoridades iraquianas relataram tal modus operandi.

"Outros ataques, porém, já ocorreram em solo iraquiano", garantiu à AFP um funcionário do governo iraquiano.

E, acima de tudo, segundo os americanos, os pró-iranianos do Iraque e do Iêmen já coordenaram esforços para realizar um ataque semelhante sobre um palácio real saudita em Riade. O drone em questão foi interceptado antes de atingir o palácio, segundo um oficial americano.

Há um ano e meio, os pró-Irã disparam, em intervalos regulares, foguetes visando os 2.500 soldados americanos ainda presentes no Iraque, bem como a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá.

Desde o último domingo, eles dispararam dois foguetes contra a base de Ain al-Assad, seis outros contra outra base aérea, Balad, onde os americanos mantêm a frota iraquiana de caças F-16, e dois foguetes no aeroporto de Bagdá, onde soldados americanos também estão estacionados.

Para lidar com esses projéteis - que já mataram americanos, britânicos e iraquianos -, os Estados Unidos instalaram sistemas de defesa C-RAM, que são baterias antiaéreas, em Bagdá e Erbil.

O incêndio em um hospital de Bagdá dedicado à covid-19, onde 82 pessoas morreram carbonizadas ou sufocadas neste domingo (25), é para os iraquianos uma nova demonstração de que a má gestão e a corrupção estão matando o país.

Principal envolvido e "acusado", o ministro da Saúde, Hassan al-Tamimi, foi suspenso e colocado à disposição dos investigadores. Próximo do poderoso líder xiita Moqtada Sadr, Tamimi não publicou nenhuma reação após a tragédia no hospital Ibn al-Khatib.

Após o incêndio que começou em cilindros de oxigênio "armazenados sem respeitar as condições de segurança", segundo fontes médicas, testemunhas e médicos garantiram à AFP que não era possível identificar muitos dos corpos carbonizados.

Porque a evacuação foi lenta e dolorosa, com pacientes e parentes se empurrando nas escadas de serviço e doentes morrendo quando seus ventiladores foram abruptamente retirados para evacuá-los.

Um médico de Ibn al-Khatib disse à AFP, sob condição de anonimato, que "na unidade de terapia intensiva da covid não havia saída de emergência ou sistema de combate a incêndios".

- Fumantes e visitantes -

Isso já havia sido denunciado em um relatório público sobre o setor da Saúde de 2017 e resgatado hoje pela Comissão governamental de Direitos Humanos.

Pior, o ministério do Interior anunciou que 7.000 incêndios ocorreram de janeiro a março no Iraque. Muitos deles, segundo autoridades e bombeiros, provocados por curtos-circuitos em lojas, restaurantes ou prédios cujos proprietários pagaram propinas para evitar a fiscalização.

"Foi a má gestão que matou essas pessoas", protestou o médico de Ibn al-Khatib, enumerando as muitas falhas no estabelecimento.

"Funcionários andam fumando pelo hospital onde os cilindros de oxigênio são armazenados. Mesmo na UTI, sempre há dois ou três parentes ao lado do leito do doente", denunciou. E "não é só em Ibn al-Khatib, é assim em todos os hospitais públicos" do país.

"Quando equipamentos quebram, nosso diretor nos diz para não relatar", contou uma enfermeira de outro hospital de Bagdá. "Ele diz que isso daria uma imagem ruim do estabelecimento, mas, na realidade, não temos nada que funcione", disse à AFP.

E até o presidente da República, Barham Saleh, admitiu no Twitter: "A tragédia de Ibn al-Khatib é o resultado de anos de enfraquecimento das instituições do Estado por meio da corrupção e da má administração".

Até a década de 1980, o Iraque era reputado no mundo árabe por seu serviço de saúde público gratuito e de alta qualidade. Hoje, seus hospitais estão dilapidados, suas equipes mal treinadas e o orçamento de saúde não chega a 2% em um dos países mais ricos em petróleo do mundo.

Os médicos contam as mesmas histórias há anos: colegas espancados, ameaçados de morte ou sequestrados por parentes de pacientes que morreram ou caíram sob o fogo cruzado de confrontos tribais ou familiares.

Os iraquianos preferem se submeter a operações e tratamentos no exterior, porque no Iraque a especulação explodiu os preços: do cilindro de oxigênio aos comprimidos de vitamina C, os preços triplicaram desde o início da pandemia.

Em 2019 e no início de 2020, os iraquianos protestaram contra a corrupção que custou ao país o dobro de seu PIB. Para eles, a decadência dos serviços públicos é resultado de anos de nepotismo e entendimento entre partidos políticos que operam em cartéis para se protegerem.

Além de Tamimi, o governador de Bagdá e autoridades locais foram suspensos e estão sendo interrogados.

Diante de líderes considerados "corruptos" e "incompetentes", os iraquianos há muito preferem se defender sozinhos.

Foram jovens, com a boca e o nariz cobertos por camisetas, que retiraram os feridos do hospital, os colocaram em ambulâncias e ajudaram os sobreviventes em meio à densa fumaça no Ibn al-Khatib.

Um incêndio na noite deste sábado em um hospital que tratava pacientes com covid-19 de Bagdá deixou ao menos 82 mortos e 110 feridos, segundo informações do Ministério do Interior do Iraque. O fogo começou depois que botijões de oxigênio explodiram na enfermaria, que estava repleta de pacientes com covid sendo tratados com ventiladores. Mais de 200 pessoas estavam no hospital Ibn al-Khatib naquele momento, de acordo com autoridades de saúde e defesa civil do país.

Neste domingo, o primeiro-ministro do Iraque, Mustafa al-Kadhimi, ordenou uma investigação sobre o caso. Em reunião de emergência ontem à noite com altos funcionários do governo, al-Kadhimi disse que o "incidente doloroso" foi causado por negligência. Ele pediu que funcionários do alto escalão do hospital e do Ministério da Saúde sejam interrogados e que outras instalações sejam verificadas para prevenir desastres futuros. Al-Kadhimi declarou três dias de luto nacional.

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Conforme o chefe da Defesa Civil do Iraque, general Kadhim Bohan, o incêndio começou na UTI do segundo andar e o fato de que o segundo andar estava cheio de pacientes com covid-19 em ventiladores dificultou a movimentação para sair do local e levou ao alto número de mortos, disse Bohan à televisão estatal. Estados Unidos, Nações Unidas e vários países vizinhos expressaram condolências ao Iraque neste domingo pela tragédia.

Este não foi o primeiro incêndio com grande número de mortos em hospitais que atendem pacientes com covid-19. Na semana passada, um indêncio em um hospital perto de Mumbai, na Índia, matou pelo menos 13 pessoas. Dois incêndios em hospitais separados na Romênia, um em novembro e outro em janeiro, mataram ao menos 15 pessoas.

Nas últimas semanas, o número de casos diários no Iraque atingiu níveis recordes, uma média de mais de 7 mil por dia. O Iraque relatou mais de um milhão de casos do vírus e mais de 15,2 mil mortes desde o início da pandemia. O país iniciou campanha de vacinação no mês passado depois de receber 336 mil doses da vacina da AstraZeneca por meio do Covax, o programa global de compartilhamento de vacinas. O Iraque também recebeu 50.000 doses da vacina chinesa Sinopharm.

(Com Dow Jones Newswires)

Dois foguetes caíram neste domingo (4) perto da base aérea de Balad, que abriga soldados americanos ao norte de Bagdá, três dias antes da retomada do "diálogo estratégico" com o novo governo de Washington, informou uma fonte de segurança à AFP.

Estes disparos não provocaram nem danos, nem vítimas, e não foram reivindicados até o momento, mas os Estados Unidos acusam regularmente grupos iraquianos pró-Irã de atacar suas tropas e diplomatas.

Trata-se do décimo quarto ataque, incluindo seis com foguetes, dirigidos a tropas americanas, a embaixada dos Estados Unidos ou os comboios iraquianos que dão apoio logístico às tropas estrangeiras desde que Joe Biden assumiu a Presidência em janeiro.

Dois americanos e um civil iraquiano morreram nestes ataques.

Um civil iraquiano que trabalhava em uma empresa de manutenção de aviões de combate americanos para as forças aéreas iraquianas também ficou ferido em um dos ataques.

Algumas vezes, estas operações são reivindicadas por grupos não identificados que, segundo especialistas, são uma cortina de fumaça para organizações apoiadas pelo Irã, presentes há tempos no Iraque.

Qais al Khazali, alto funcionário pró-iraniano da força paramilitar patrocinada pelo Estado Hashed al Shaabi, disse recentemente que a "resistência" estava realizando ataques e que se intensificariam "a menos que os Estados Unidos retirem todas as suas forças de combate de todo o Iraque".

Este último ataque coincide com a preparação em Washington de um diálogo estratégico com o governo do primeiro-ministro Mustafá Al Kadhemi, alvo regular de ameaças das facções pró-iranianas.

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