A presidente Dilma Rousseff já está em Nova Délhi, onde permanece até o próximo sábado, para uma visita oficial ao País e participar da 4ª reunião dos Brics, grupo de países emergentes integrado por Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul. Dilma desembarcou na base aérea de Palam, por volta das 13h, oito horas e meia a mais que no Brasil.
Dilma, com aparência bastante cansada, chegou acompanhada da filha, Paula, e de seis ministros que integram a comitiva. Na entrada do hotel, a presidente Dilma recebeu um Bindi, que é um apetrecho utilizado no centro da testa, próximo às sobrancelhas, representando o sexto sentido, terceiro olho ou olho da sabedoria.
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A presidente evitou dar declarações à imprensa. No caminho, a comitiva presidencial fez uma parada técnica em Granada, na Espanha, onde deu uma volta na cidade e jantou.
Não há programação para hoje. A agenda oficial da presidente Dilma começa amanhã às 14h30, hora local, com a cerimônia de entrega do título de doutora honoris causa da Universidade de Nova Délhi. À noite, a presidente participa de jantar oferecido a todos os presidentes dos países integrantes dos Brics, encontro que oficialmente será aberto na quinta-feira.
Na tarde de amanhã, a presidente poderá se reunir com o presidente da África, do Jacob Zuma.
A embaixadora Edileusa Fontenele Reis disse que o comunicado conjunto a ser assinado pelos cinco países deverá se concentrar principalmente em questões econômicas, principalmente tendo em vista a crise financeira mundial, além da implementação das reformas das instituições financeiras internacionais como FMI e Banco Mundial. O documento terá também uma parte política, já que há uma crise no Oriente Médio e Norte da África, que inspiram cuidados, no caso da Síria e no contexto da crise não se pode deixar de considerar a questão Israel e Palestina.
Questionada se a violência na Síria, especificamente, será citada no documento, a embaixadora Edileusa disse que "a condenação à violência será um denominador comum de todos os países que querem um fim da violência e a busca de uma solução diplomática e pacífica", ressaltando que os países não querem intervenção.
Segundo a embaixadora, a crise entre a China e o Tibete, que levou ontem um tibetano a atear fogo ao próprio corpo, em protesto contra a repressão praticada pelo presidente chinês Hu Jintao, não deverá ser tratada no documento dos países do Brics. "Não creio que entrará porque estamos mais preocupados com crises que eclodiram e que estão em um momento de grandes episódios de violência", comentou ela. "Não se pretende abordar especificamente sobre a questão do Tibete", comentou.
Ao lembrar a importância dos Brics, Edileusa citou que os cinco países emergentes em 2012 serão responsáveis por 56% do crescimento mundial. O G-7, grupo que reúne os sete países mais ricos do mundo, será responsável pelo crescimento de apenas 9,5%, menos que o que ocorrerá na América Latina. "A redução do crescimento da economia global é um assunto que preocupa a todos. Preocupa aos BRics, aos outros países em desenvolvimento e aos próprios países desenvolvidos", acentuou.
Outra proposta a ser discutida na reunião é a criação de um banco de desenvolvimento comum aos cinco países emergentes. "Deve ser anunciada não ainda a criação do banco, mas a constituição de um grupo de trabalho para estudar as modalidades de constituição do banco", afirmou ela, lembrando que o banco é muito importante porque cria uma "fonte alternativa de financiamento sobretudo para países em desenvolvimento".
Integram a comitiva os ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel; da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp; da Educação, Aloisio Mercadante; da Comunicação Social, Helena Chagas; do Turismo, Gastão Vieira; o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e o secretario executivo da Fazenda, Nelson Barbosa.
Também fazem parte da comitiva os governadores de Sergipe, Marcelo Déda; e da Paraíba, Ricardo Coutinho.