Tópicos | Brics

O presidente da Argentina, Javier Milei, recusou nesta sexta-feira (29) convite para integrar o Brics, em carta enviada aos presidentes do bloco, segundo veículos da mídia local. No documento, o presidente argentino diz que a adesão "não é mais oportuna" para o país.

"Como é de seu conhecimento, a postura da política externa do governo que estou no cargo há alguns dias difere em muitos aspectos da do governo anterior. Por isso, algumas decisões serão revistas" afirmou Milei, em carta ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conforme impressão obtida pelo jornal argentino El Cronista.

##RECOMENDA##

Contudo, Milei ressalva que ainda pretende manter laços bilaterais com os países integrantes do bloco. "Gostaria de enfatizar o compromisso do meu governo em intensificar os laços bilaterais com seu país, em particular o aumento dos fluxos de comércio e investimento", reforçou em cada uma das cartas lidas pelo Cronista.

Na carta ao presidente Lula, Milei ainda comentou que espera se reunir em breve com o líder brasileiro.

Depois dos tropeços em política externa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou de Nova York com uma foto ao lado do ucraniano Volodmir Zelenski, uma parceria com o americano Joe Biden e um discurso aplaudido na Assembleia-Geral das Nações Unidas. Com isso, o petista conseguiu encerrar uma sequência de agendas internacionais quase seguidas - Cúpula do Brics, G-20 e ONU - com um saldo positivo, que precisa ser combinado à sinalizações internas para que, de fato, a melhora na imagem do Brasil lá fora possa ser revertida em benefícios concretos, avaliam diplomatas e analistas ouvidos pelo Estadão.

Com uma série de viagens, em especial as mais recentes, o novo governo tenta reinserir o Brasil na arena internacional, depois do espanto causado pela conturbada política externa do antecessor Jair Bolsonaro. O movimento, até agora, tem sido positivo, segundo analistas, apesar das declarações polêmicas sobre a guerra na Ucrânia, que criou ruídos com Estados Unidos e Europa.

##RECOMENDA##

Agora, enquanto o Brasil melhora a imagem lá fora, o País tem a ganhar, efetivamente, se focar nas pautas em que é considerado um ator influente, como meio ambiente e energias renováveis. Um bom exemplo dos retornos possíveis veio na cúpula do G-20, com o lançamento da Aliança Global dos Biocombustíveis liderada por Brasil, Estados Unidos e Índia, os maiores produtores do mundo. A iniciativa, que tem o objetivo de incentivar a produção e o consumo de combustíveis menos poluentes, conta mais 16 países e tende a abrir portas para a produção brasileira de etanol ao fortalecer o mercado global de biocombustíveis.

Apesar de promissora, a ideia não é inédita. Uma parceria pelo etanol chegou a ser lançada junto com o então presidente americano George W. Bush, em 2007, mas praticamente não rendeu efeitos práticos. Para evitar que, mais uma vez, o fomento aos biocombustíveis fique apenas no papel, o Brasil precisa combinar sinalizações robustas tanto na política externa, como na política interna, sugere o diplomata Rubens Barbosa.

"O problema é a implementação de tudo isso eu acho que o governo, tanto na economia quanto na política externa, está sem uma visão de médio e longo prazo", contextualiza o ex-diplomata ao dizer que agora começa a vislumbrar um horizonte no momento em que o Brasil sinaliza uma política mais focada.

A ideia foi corroborada pelo diplomara Roberto Abdenur. "Na medida em que a política externa se apresenta de maneira mais equilibrada, como creio que está começando a acontecer e, na medida em que a política econômica tiver êxito, o Brasil se torna um país muito atrativo para investimentos externos, principalmente, mas não só na área de energia", prevê o ex-diplomata.

Crítico contundente da política externa do ex-presidente Jair Bolsonaro, Abdenur acredita que, de modo geral, a nova fase da política externa tem contribuído para que o País conseguisse "virar a página mais rápido que o esperado". Com isso, tem ganhando pontos em em "imagem, credibilidade e protagonismo" na política externa. Nesse contexto, o diplomata foi enfático ao dizer que o presidente acertou no discurso, que definiu como "excelente".

Ambos concordam que a apresentação do presidente na Assembleia-Geral da ONU trouxe sinais positivos à medida em que buscou mostrar quais são os interesses do Brasil na agenda internacional e como o País pode ser influente em problemas globais, como o combate à fome, a crise climática e o desenvolvimento.

Nesse sentido, destaca-se também a parceria lançada com o presidente Joe Biden na área trabalhista. A iniciativa, que defende o trabalho digno diante dos desafios impostos pelas transformações no setor produtivo foi vista por analistas, no primeiro momento, como um aceno às bases de Lula e Biden dentro dos seus próprios países. Mesmo assim, projeta um papel de liderança que pode, se bem aproveitado, aumentar o poder de barganha no cenário internacional.

"Qualquer aliança em que o Brasil possa ser visto como um líder, possa propor normas é positiva. Tanto o acordo com os Estados Unidos para melhoras as condições do trabalho quanto a aliança para fomentar o etanol. A Índia passou o Brasil na produção de cana-de-açúcar enquanto os EUA tem uma grande produção derivada do milho então nós temos grandes atores convergindo", avalia o professor de relações internacionais da FAAP Vinícius Vieira.

Ações precisam de ‘credibilidade’

 

Essa busca por maior influência na agenda internacional, no entanto, não é isenta de erros. A maior parte deles se refere a guerra na Ucrânia, com declarações polêmicas do petista, que criou ruídos com Estados Unidos e Europa ao sugerir que os aliados de Kiev dão continuidade ao conflito com o fornecimento de armas.

Foi justamente ao falar sobre o autor da guerra, o presidente russo Vladimir Putin, que o petista comprometeu o saldo considerado positivo das suas últimas agendas internacionais, durante a cúpula do G-20, na Índia. Enquanto Putin se esquiva de fóruns internacionais para evitar o mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional, Lula disse que o russo poderia vir ao Brasil sem medo. Pressionado pela declaração, sugeriu que o País poderia deixar o TPI, que o próprio petista já defendeu em outras ocasiões, e a emenda, nesse caso, saiu pior que o soneto.

Já na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, Lula fugiu da polêmica e citou a guerra de forma lateral como reflexo da "incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU", perdendo a oportunidade de se manifestar de forma mais contundente sobre o conflito.

Para Roberto Abedenur, falta ao petista incorporar em suas declarações os princípios da política externa brasileira que, inclusive levaram o País a condenar a Rússia em votações na própria ONU. "Eu considero muito ruim que o Brasil não tenha sido até agora em nenhuma aspecto solidário com a Ucrânia, vítima de uma guerra terrível", aponta o embaixador ao sugerir que o governo, poderia mandar ajuda humanitária à Kiev, inclusive, em consideração à comunidade ucraniana no Brasil.

A foto sem sorrisos ao lado do presidente Volodmir Zelenski, que já rebateu publicamente as falas de Lula em diferentes ocasiões, é uma imagem que traduz como a guerra continua sendo uma questão. O diplomata Rubens Barbosa viu a reunião como um encontro de conveniência em que cada um ouviu o que o outro tinha a dizer e guardou para si as próprias posições.

Mesmo assim, o encontro com Zelenski pode contribuir para amenizar as críticas à medida em que sinaliza uma disposição para dialogar com os dois lados do conflito. "Pode indicar para comunidade internacional uma sinalização de que o Brasil não está tão alinhado assim às autocracias e está, de fato, procurando de equilibrar buscando os próprios interesses", avalia o professor de relações internacionais da FAAP, Vinícius Vieira.

Para passar esse recado, é preciso que os sinais sejam contínuos, diferente do que aconteceu nessa última série de viagens. O petista aproveitou o encontro do Brics, na África do Sul, para fazer o aceno ao citar em discurso a guerra na Ucrânia - assunto incômodo para um bloco com a Rússia, que foi ignorado nas falas dos outros líderes e recebeu apenas uma menção breve, discreta e vaga de "apreço" ao diálogo na declaração final. O problema foi que, logo em seguida, no G-20, Lula voltou a causar polêmica com a fala com a fala sobre o TPI e então tentou equilibrar na Assembleia-Geral da ONU.

"O discurso certamente foi um passo para recalibrar [a posição sobre a Ucrânia] e acho que foi bem visto pelo Ocidente, mas não tenho certeza ser já é o suficiente. Ações em relações internacionais precisam de um pouco mais de credibilidade, de padrão", pondera a professora de relações da FGV Carolina Moehlecke.

Equilíbrio no "sul global"

 

O discurso em Nova York foi oportuno para reapresentar a política externa no momento em que o alinhamento do Brasil era motivo de dúvidas. Na África do Sul, o país cedeu à pressão da China pela ampliação do Brics, que acendeu o alerta para o caráter antiocidental do bloco dos emergentes, com a entrada de autocracias, como Irã e Arábia Saudita.

"O Brasil não deveria ter concordado com o aumento do número de Países-membros do Brics, deveria ter mantido a posição para ficar com o grupo fechado, com os cinco países", reforça Barbosa.

Apesar das preocupações com o bloco expandido, analistas ouvidos pelo Estadão entendem que seria difícil para o Brasil barrar a vontade de Pequim pelo desequilíbrio de poder que a ascensão da China como superpotência criou dentro do Brics.

Agora, diante do sabor "agridoce" que teve a cúpula, o professor Vinícius Vieira acredita que é possível adotar uma abordagem pragmática para fortalecer parcerias econômicas dentro do novo Brics. A avaliação que ele faz é que, a expansão do Brics representou no primeiro momento uma derrota para o Brasil, mas pode abrir oportunidades a serem exploradas com investimentos dos novos membros.

"As violações de direitos humanos devem ser condenadas, mas, gostemos ou não dessas autocracias, o fato é que, sobretudo Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos tem capital [para investir]. O próprio Irã é um país que, do ponto de vista pragmático, pode ser interessante como mercado consumidor, já que é muito fechado. Os europeus não seguem as sanções americanas então por que o Brasil haveria de seguir?", questiona o professor.

Nesse contexto de polarização e tensão internacional, o pragmatismo é fundamental para que o País consiga aproveitar as vantagens de ser parte do chamado "sul global" sem queimar pontes com o Ocidente. Um equilíbrio difícil, mas que, se bem sucedido deixa o Brasil em posição privilegiada.

"É preciso tirar vantagem dessa condição única como um ator a ser cortejado, por assim dizer, porque, os Estados Unidos sabem que, se não trouxerem o Brasil para o seu campo, tem o risco de aproximação com a China, o risco de preferir o Brics, então é preciso tentar extrair o máximo de concessões pelo menos enquanto esses dois lados não se tornam opostos ao ponto de não falar entre si", conclui Vieira.

Os Estados Unidos minimizaram nesta quinta-feira (24) a expansão do grupo Brics para incluir seis novos membros, anunciada durante reunião de cúpula na África do Sul, ressaltando que continuará trabalhando com todos os seus parceiros no mundo.

Argentina, Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes irão se somar ao grupo em 1º de janeiro de 2024, anunciaram seus fundadores (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

“Os Estados Unidos reiteram sua posição de que os países podem escolher os parceiros e grupos aos quais desejam se associar", declarou um porta-voz do Departamento de Estado. “Continuaremos trabalhando com nossos parceiros e aliados em fóruns bilaterais, regionais e multilaterais.”

A Índia, membro do Brics do qual os Estados Unidos se aproximaram nos últimos tempos, organiza a reunião de cúpula do G20 que sediará no mês que vem em Nova Délhi.

Jake Sullivan, assessor de Segurança Nacional do presidente americano, conversou hoje com seus pares da Grã-Bretanha, França, Alemanha e Itália sobre esse evento e o apoio à Ucrânia, em reunião na Casa Branca. As potências ocidentais esperam que a reunião em Nova Délhi mostre "o papel do G20 como principal fórum de cooperação econômica, conduzindo uma agenda positiva e ambiciosa para os países emergentes e em desenvolvimento", declarou o governo americano.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou apoio nesta quinta-feira (24) a seu homólogo da Argentina, Alberto Fernández, após o anúncio da entrada do país no Brics.

"Dedico uma mensagem especial ao querido Alberto Fernández, presidente da Argentina e grande amigo do Brasil e do mundo em desenvolvimento", disse Lula durante o último dia da Cúpula do Brics em Johanesburgo.

##RECOMENDA##

"Continuaremos avançando lado a lado com nossos irmãos argentinos em mais um foro internacional", acrescentou.

Lula disse que telefonou a Fernández para dar a notícia de que a Argentina, que enfrenta uma grave crise econômica, foi aprovada para entrar no Brics. 

*Da Ansa

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, anunciou nesta quinta-feira (24) que os Brics decidiram na reunião de cúpula de Johannesburgo convidar seis países para aderir ao bloco de economias emergentes.

Argentina, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos passarão a integrar, a partir de 1º de janeiro de 2024, o grupo integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, informou Ramaphosa.

A ampliação dos Brics foi um dos temas da reunião de cúpula de três dias na África do Sul e provocou divisões entre os atuais membros sobre o ritmo e os critérios para a entrada de novas nações.

Mas o bloco - que toma decisões por consenso - estabeleceu "princípios, diretrizes, critérios e procedimentos para o processo de expansão dos Brics", afirmou Ramaphosa.

Quase 40 países solicitaram a adesão ou demonstraram interesse em entrar para o bloco, criado em 2009 e que representa quase 25% do PIB e 42% da população mundial.

Em seu discurso no segundo dia de reunião do Brics, nesta quarta-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que o empoderamento feminino é uma característica fundamental para o “pleno desenvolvimento” econômico e social dos países. O líder brasileiro exaltou a atuação conciliadora das mulheres em espaços de decisão e condenou o sexismo em sociedade por, em suas palavras, “silenciar metade da população”. 

"Em muitos lugares, enquanto os homens fazem a guerra, são as mulheres que lutam pela conciliação. A valorização e o fortalecimento do papel das mulheres na resolução dos conflitos será cada vez mais central para o mundo em paz. Mais do que isso, o empoderamento das mulheres é pré-condição para o pleno desenvolvimento econômico e social", afirmou. 

##RECOMENDA##

Ao discursar, reconheceu a presença de algumas das mulheres na reunião, como a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, e a representante da Aliança Empresarial de Mulheres do Brics, Lebogang Zulu. O petista também parafraseou no discurso o ex-presidente de Burkina Faso Thomas Sankara. "Não podemos almejar uma sociedade onde a metade da população é silenciada pelo machismo e pela discriminação na participação política e no mundo do trabalho". 

Esta edição da reunião da cúpula do Brics acontece em Joanesburgo, na África do Sul. O grupo econômico é composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Os líderes estão reunidos para debater diversas pautas, dentre elas, a adição de novos países ao Brics, questões ambientais e o confronto entre Rússia e Ucrânia. 

Esforço pelo “cessar-fogo” 

Desde que assumiu o Planalto, Lula é vocal sobre o conflito no Leste europeu. Nesta terça-feira (23), o mandatário voltou a defender uma solução de paz para Rússia e Ucrânia, apesar de reconhecer que “alcançar a paz” não é uma tarefa simples. O presidente ressaltou a importância da atuação dos demais países na busca dessa articulação e indicou potenciais caminhos para uma nova abordagem nas relações multilaterais.  

“Não podemos nos furtar a tratar o principal conflito da atualidade, que ocorre na Ucrânia e tem efeitos globais. O Brasil tem uma posição histórica de defesa da soberania, da integridade territorial e de todos os propósitos e princípios das Nações Unidas. Achamos positivo que um número crescente de países, entre eles os países do BRICS, também esteja engajado em contatos diretos com Moscou e Kiev”, afirmou. 

Líder brasileiro também citou que o conflito atinge outros países, em especial os sob desenvolvimento: “Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz. Tampouco podemos ficar indiferentes às mortes e à destruição que aumentam a cada dia. Estamos prontos a nos juntar a um esforço que possa efetivamente contribuir para um pronto cessar-fogo e uma paz justa e duradoura. Todos sofrem as consequências da guerra. As populações mais vulneráveis nos países em desenvolvimento são atingidas desproporcionalmente”. 

 

As potências emergentes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), reunidas em uma cúpula em Johannesburgo, abordam nesta quarta-feira (23) a questão da expansão do bloco, determinadas a fortalecer a sua influência global.

A China, o peso pesado econômico do grupo, reiterou claramente a sua posição a favor da expansão na abertura do encontro na terça-feira. Pequim quer "impulsionar a questão da abertura a novos membros", afirmou o ministro do Comércio, Wang Wentao, em discurso proferido em nome do presidente Xi Jinping, presente na cúpula.

A África do Sul e o Brasil seguem a mesma linha, enquanto a Rússia, sob sanções pela invasão da Ucrânia, precisa de aliados diplomáticos.

A Índia, a outra potência econômica do grupo, continua cautelosa em relação ao seu adversário regional chinês. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, não abordou a questão da expansão no primeiro dia da reunião.

Em um discurso com números e exemplos, Modi limitou-se a descrever o rápido crescimento do seu país. Os BRICS produzem um quarto da riqueza mundial e os seus cinco membros representam 42% da população mundial.

Quase 20 países solicitaram formalmente a adesão e outros manifestaram o desejo de aderir ao bloco. Cuba, Nigéria e Irã são candidatos.

"O mundo está mudando", disse o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, durante a abertura da sessão nesta quarta-feira, e fez um apelo a "uma reforma fundamental da governança global para que seja mais representativa".

- "Igualdade" -

Os BRICS reafirmaram por unanimidade sua posição de "não alinhamento" e a a reivindicação por um mundo multipolar, em um momento de divisão acentuada sobre a invasão russa da Ucrânia.

Os membros desta aliança, constituída por países geograficamente distantes e com economias de crescimento desigual, compartilham um desejo comum de afirmar o seu lugar no mundo, particularmente face à influência dos Estados Unidos e da União Europeia.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou à margem da cúpula que deseja estar em pé de igualdade com a União Europeia e os Estados Unidos.

Vladimir Putin aproveitou para denunciar mais uma vez as "sanções ilegítimas e o congelamento ilegal de bens" por parte dos Estados Unidos.

O chefe de Estado russo, que tem um mandado de prisão internacional por crimes de guerra na Ucrânia, discursou na cúpula por meio de uma mensagem de vídeo gravada. A Rússia está representada na reunião pelo seu ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

Os Estados Unidos afirmaram na terça-feira que não veem os BRICS como futuros "rivais geopolíticos" e esperam manter "relações sólidas" com Brasil, Índia e África do Sul.

Outro tema de discussão para os líderes do BRICS será como o bloco, que responde por 18% do comércio mundial, poderá se distanciar do dólar. Os países membros promovem o uso das suas moedas nacionais no comércio.

Quase 350 manifestantes anti-China agitaram faixas com a frase "O povo antes do lucro" do lado de fora do centro de conferências onde acontece a cúpula. Eles pediram a suspensão dos projetos de construção financiados por Pequim na África.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, dia 22, que não vai aceitar formas de neocolonialismo verde, durante participação no Fórum Empresarial do Brics. Lula discursou diante dos demais líderes políticos do bloco e de comitivas de empresários.

"Não podemos aceitar um neocolonialismo verde que impõe barreiras comerciais e medidas discriminatórias, sob o pretexto de proteger o meio ambiente", afirmou o petista.

##RECOMENDA##

O presidente não citou, mas vem reclamando de forma constante das legislações ambientais criadas na Europa, e que podem fechar mercados ao Brasil.

Segundo ele, os Brics defende um comercio global justo, previsível e equitativo.

Embora negue que o Brics seja um grupo antagônico ao G7, Lula segue fazendo comparações entre os blocos e disse que, em termos econômicos, "já ultrapassamos o G7, e respondemos por 32% do PIB mundial em paridade do poder de compra".

Citando dados do Fundo Monetário Internacional que preveem crescimento de 4% dos países em desenvolvimento, em 2023 e 2024, Lula disse que o "dinamismo da economia está no Sul Global" e que o "Brics é sua força motriz".

Ele convocou investidores estrangeiros de países do Brics a colocarem dinheiro em projetos de infraestrutura do Novo PAC, Programa de Aceleração do Crescimento. O governo planeja promover concessões, contratações diretas e Parcerias Público-Privadas.

Oportunidades

"Trata-se de um programa amplo, com muitas oportunidades que podem interessar aos investidores dos países do Brics", disse o presidente aos empresários de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

"Esperamos mobilizar 340 bilhões de dólares para a modernização de nossa infraestrutura logística, com investimentos em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos."

O presidente destacou esforços para geração de energia verde, como solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel, e o hidrogênio verde. O "Plano de Transformação Ecológica", a ser lançado pelo governo, prevê que os serviços ambientais e ecossistêmicos sejam remunerados de forma "justa e equitativa".

"A África é a região do mundo que menos emite gases do efeito estufa. Nem por isso deixa de enfrentar as consequências mais perversas do aquecimento global, como secas, inundações, incêndios e ciclones", afirmou o petista.

"Compartilhamos a responsabilidade de cuidar de florestas tropicais e preservar a biodiversidade. Temos em comum a preocupação de combater processos de desertificação."

Lula voltou a defender a adoção de uma moeda do Brics, "uma unidade de conta de referência para o comércio, que não substituirá nossas moedas nacionais". Ele disse que aposta na presença do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) como ferramenta de incentivo. O banco busca parcerias com o Banco Africano de Desenvolvimento.

"As necessidades de financiamento não atendidas dos países em desenvolvimento continuam muito altas. A falta de reformas substantivas das instituições financeiras tradicionais limita o volume e as modalidades de crédito dos bancos já existentes", disse Lula.

"Ao diversificar fontes de pagamento em moedas locais, expandir sua rede de parceiros e ampliar seus membros, o NDB constitui uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre países em desenvolvimento."

O presidente pregou ainda o retorno do Brasil à África e citou que a corrente de comércio decaiu desde 2013 e representa somente 3,5% do comércio exterior do Brasil.

Lula classificou a rede de acordos com países como "incipiente" e disse que ainda "há muito espaço para crescer". A Presidência vê oportunidades de negócios com alimentos e bebidas, petróleo, minério de ferro, veículos e manufaturas de ferro e aço.

"O Brasil está de volta ao continente de que nunca deveria ter se afastado", disse Lula. "A África reúne vastas oportunidades e um enorme potencial de crescimento."

Lula queixou-se da falta de conectividade marítima e aérea entre os continentes.

"É inexplicável que ainda não tenhamos voos diretos entre São Paulo e Johannesburgo, Cairo ou Dacar, essenciais para o aumento do fluxo de pessoas, comércio e turismo. É muito pertinente a proposta do Conselho Empresarial dos BRICS, do estabelecimento de um acordo multilateral de serviços aéreos do grupo, contando com as principais autoridades nacionais de transporte e aviação".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (22) que o bloco dos Brics quer ter um banco "maior que o FMI". O grupo tem um banco para financiar investimentos, o NDB, hoje presidido por Dilma Rousseff. O petista está em Joanesburgo, onde é realizada a reunião de cúpula do grupo.

"A gente [Brics] vai se tornar forte, a gente quer criar um banco muito forte, que seja maior que o FMI, mas que tenha outro critério de emprestar dinheiro para os países, não de sufocar, mas emprestar na perspectiva de que o país vai criar condições de investir o dinheiro, se desenvolver e pagar sem que o pagamento atrofie as finanças", declarou o presidente.

##RECOMENDA##

Lula, porém, negou que queira fazer um contraponto ao G7, ao G20 ou aos Estados Unidos por meio do bloco. O presidente disse que é a favor de incluir novos países no bloco. "O Brics não pode ser um clube fechado. O G7 é um clube fechado", declarou o petista.

O presidente da República voltou a criticar o formato de governança mundial, com o Conselho de Segurança da ONU tendo só cinco integrantes permanentes e com poder de veto. Lula indicou que quer operar dentro dos Brics para obter apoio de China e Rússia, integrantes do Conselho, para reformar a governança global.

"É preciso que a gente convença a Rússia e a China que Brasil, África do Sul e a Índia possa entrar no Conselho de Segurança (da ONU). Esse é um debate que nós vamos discutir. Inclusive, para a gente possibilitar a entrada de novos países a gente tem que limitar uma certa coisa que todo mundo concorde. Se não tiver um grau de compromisso dos países que entram no Brics vira uma torre de babel", disse o petista.

Lula deu as declarações no programa Conversa com o Presidente, uma espécie de live semanal produzida pela EBC. Ele tem feito o programa mesmo quando está fora de Brasília.

Desigualdade

Na mesma live, Lula disse que em 2025, quando o Brasil presidirá os Brics, a principal discussão do bloco será sobre desigualdade. "Quando for pro Brasil [em 2025] o tema principal é a gente acabar com desigualdade racial, desigualdade de gênero, desigualdade na educação, desigualdade na saúde, desigualdade no salário", disse o petista.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (22) que em 2025, quando o Brasil presidir os Brics, a principal discussão do bloco será sobre desigualdade. Lula está em Joanesburgo, na África do Sul, para a reunião de cúpula do grupo.

"Quando for pro Brasil [em 2025] o tema principal é a gente acabar com desigualdade racial, desigualdade de gênero, desigualdade na educação, desigualdade na saúde, desigualdade no salário", disse o petista. Lula falou no programa Conversa com o Presidente, uma espécie de live semanal produzida pela EBC. Ele tem feito o programa mesmo quando está fora de Brasília.

##RECOMENDA##

Lula também defendeu que os países que compõem o Brics – grupo atualmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – se tornem membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Atualmente, apenas Rússia e China integram o conselho de forma permanente. “É preciso que a gente convença a Rússia e a China que o Brasil, a África do Sul e a Índia possam entrar no Conselho de Segurança.” 

Lula falou ainda sobre a entrada de novos integrantes no bloco. “Esse é um debate que vamos fazer. Inclusive, pra gente possibilitar a entrada de novos países, a gente tem que limitar [a discussão] a uma certa coisa que todo mundo concorde. Se não houver um grau de compromisso dos países que entram no Brics, vira uma Torre de Babel. A gente está construindo isso. Penso que, desse encontro aqui, deve sair uma coisa muito importante sobre a entrada de novos países. Sou favorável à entrada de vários países. A gente vai se tornar forte.” 

Em seu programa semanal Conversa com o Presidente, Lula citou ainda a criação de um banco que atue de forma diferente à do Fundo Monetário Internacional (FMI). “A gente quer criar um banco muito forte, que seja maior que o FMI, mas que tenha outro critério para emprestar dinheiro para os países. Não de sufocar, mas de emprestar na perspectiva de que o país vai criar condições de investir o dinheiro, se desenvolver e pagar, sem que o pagamento atrofie as finanças do país”. 

*Com a Agência Brasil

Na semana em que é presidente da República em exercício, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) terá uma agenda focada em pautas econômicas em São Paulo e participará de um encontro para discutir relações diplomáticas com a China. Alckmin é o chefe do Executivo enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estará na África para participar de compromissos externos, sendo um deles a reunião da cúpula do BRICS.

O presidente Alckmin participará de uma série de eventos em São Paulo nesta terça-feira (22). No início da manhã, o presidente em exercício irá visitar um centro de tratamento térmico de resíduos em Mauá, na região metropolitana da capital paulista. Às 9h30, também no município, Alckmin irá participar do lançamento do Fórum Mauá 2023, no teatro municipal da cidade. O evento vai discutir iniciativas de desenvolvimento econômico, ambiental e social para a região.

##RECOMENDA##

Às 13h da terça, Alckmin cumprirá uma agenda econômica ao acompanhar a 24ª Conferência Anual Santander, que será realizada no Grand Hyatt Hotel, no bairro de Itaim Bibi, na Zona Oeste da capital paulista. O evento vai reunir representantes das principais empresas brasileiras e investidores institucionais.

Após a conferência, o presidente em exercício irá participar, às 16h, de uma cerimônia em uma usina no município de Araçariguama, na região metropolitana de Sorocaba. O evento consistirá em uma emissão de certificados de renovação de frotas de caminhão e ônibus, e acontecerá nas instalações da usina Gerdau, no quilômetro 52 da rodovia Presidente Castelo Branco.

O presidente em exercício voltará para a capital paulista na quarta-feira, 23, onde participará do 31º Congresso e Exposição da Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores (Fenabrave). O evento terá inicio às 9h, na São Paulo Expo, localizada no distrito de Jabaquara, na Zona Sul. No encontro, serão discutidos os rumos e tecnologias do setor automotivo brasileiro.

Segundo a assessoria do presidente em exercício, São Paulo será o único Estado que ele visitará até o retorno de Lula ao Brasil, que deve acontecer depois do sábado, 26. Desde o início do governo, Alckmin, que ocupou o Palácio dos Bandeirantes por 12 anos, é frequentemente escalado para comparecer em eventos com representantes comerciais e econômicos do Estado.

Alckmin se reunirá com parlamentares e representantes da China em Brasília

O presidente em exercício voltará à Brasília ainda na quarta, onde deverá participar da inauguração de um comitê destinado a cuidados com a primeira infância no Palácio do Planalto. Na quinta-feira, 24, Alckmin comparecerá a uma reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban) que reúne autoridades dos dois países com o objetivo de incentivar o relacionamento bilateral com a China. O encontro acontecerá no Palácio do Itamaraty.

A última reunião do Cosban aconteceu em fevereiro deste ano e também contou com a participação de Alckmin. No evento, ele defendeu que é necessário que a taxa de juros - que atualmente está em 13,25% após um corte de 0,5% no início deste mês de agosto - sejam reduzidas para que os investimentos no País se tornem mais atrativos.

"O Brasil, que estava isolado, passa a ser um protagonista importantíssimo na economia mundial. América Latina, Estados Unidos, China, União Europeia, África. Nós temos 2% do PIB do mundo, 98% do comércio está fora do Brasil. Temos que aproveitar todas as oportunidades para gerar emprego, para fazer crescer a economia e baixar os juros. Isso é muito importante para poder atrair mais investimentos e a economia crescer mais", disse Alckmin à época.

Na sexta-feira (25), o presidente em exercício irá cumprir agendas internas em Brasília, recebendo CEOs de empresas, prefeitos e parlamentares.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve passar o dia em reuniões fechadas com sua assessoria e ministros, no hotel The Leonardo, em Johannesburgo, nesta segunda-feira (21).

Segundo a Presidência, Lula optou por dividir o dia entre descanso do deslocamento aéreo e conversas prévias relacionadas aos assuntos que discutirá na Cúpula do Brics, com líderes políticos da Rússia, da China, da Índia e da África do Sul, país anfitrião. Entre as questões principais, estão a expansão do Brics, travada pelo Brasil, e a adoção de alternativas financeiras ao dólar para transações comerciais internacionais.

##RECOMENDA##

Lula desembarcou para a 15ª Cúpula do Brics na manhã desta segunda-feira, acompanhado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, além do assessor especial Celso Amorim.

Vieram no mesmo voo e ficam no hotel da comitiva a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e a ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), fundado pelos países do Brics.

O presidente também vai participar de encontros bilaterais. Já foi confirmada a reunião com a delegação de Bangladesh, e Senegal deve entrar na agenda. Lula analisa pedidos de outros três países.

O ministro da Fazenda vai acompanhar Lula nos encontros, a pedido do presidente, e discutir temas de comércio e investimentos entre países do Brics. Haddad tem ainda reuniões paralelas em preparação com ministros de Finanças da África do Sul e da Argélia. Essas conversas estão pendentes de confirmação final. O ministro pode ainda visitar o Museu do Apartheid.

Programas culturais paralelos costumam ser oferecidos pelo anfitrião, mas, segundo a Presidência, Lula não deve participar de nenhum que não esteja na agenda da cúpula.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou nesta segunda-feira, 21, às 10h (hora local), em Johannesburgo, na África do Sul, para participar da 15ª Cúpula dos Brics, o bloco que ele ajudou a fundar junto a líderes políticos da Rússia, Índia, China e África do Sul. Lula foi o primeiro chefe de Estado dos membros atuais do Brics a chegar ao país e foi recebido com honras no Aeroporto OR Tambo. Ele desceu acompanhado da primeira-dama, Janja, e de Dilma Rousseff, ex-presidente que atualmente comanda o Novo Banco de Desenvolvimento do Brics (NBD).

A viagem marca o retorno de fato de Lula ao continente africano, no momento em que ele planeja dar nova prioridade à aproximação política e econômica com os 54 países africanos. Lula já afirmou que o momento é de atualizar a política externa brasileira para o continente e explorar oportunidades de parcerias, investimentos, comércio e cooperação técnica.

##RECOMENDA##

Lula não participa de cúpulas do Brics desde 2010, quando Brasília recebeu a segunda edição e o bloco ainda se chamava apenas Bric, sem a adesão sul-africana. Agora na 15ª Cúpula, o Brasil e os quatro países do grupo encaram o debate e pressões chinesas justamente sobre apoiar ou não a expansão. Embora 23 países tenham formalizado pedido de ingresso, se a expansão for autorizada deverá abarcar ao menos cinco integrantes novos, provavelmente a Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos e Indonésia.

A Presidência da República não divulgou compromissos oficiais de Lula nesta segunda-feira, mas a agenda pode mudar a qualquer momento. Lula e comitiva seguem para o hotel The Leonardo, na região de Sandton.

O presidente avalia pedidos de reuniões bilaterais, e deve encontrar com o líder político do Senegal. Já está confirmada reunião com o líder de Bangladesh, que aguarda uma decisão sobre possível adesão ao grupo do Brics e já é membro do Novo Banco de Desenvolvimento, o NDB, criado pelos países do bloco em 2014.

No dia 22, ele grava o programa Conversa com o Presidente, participa do Diálogo do Fórum Empresarial do Brics e do Retiro dos Líderes. Lula vai à sessão plenária e à sessão ampliada da 15ª Cúpula dos Brics no dia 23. No dia 24, antes de se deslocar a Angola, Lula interage com países convidados - parte deles interessada em fazer parte do bloco - nas duas sessões do Diálogo de Amigos dos Brics.

Acompanham Lula na comitiva brasileira os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, além do assessor especial da Presidência Celso Amorim. Haddad também planeja uma agenda própria em Johannesburgo e deve se reunir com os ministros das finanças da África do Sul e da Argélia.

A viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a Johanesburgo para acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião dos Brics preocupa integrantes da equipe econômica. A avaliação é a de que o comandante da economia deveria permanecer no Brasil neste momento de mais tensão com o Legislativo.

A fonte comentou que o arcabouço fiscal está prestes a ser votado, mas pode demandar ainda alguma sinalização do Executivo. E que nem Lula e nem Haddad estarão no País se a área política continuar "esticando a corda". Além disso, as sinalizações do Congresso em relação à taxação de alguns investimentos, como aplicações offshore, subiu no telhado. Para finalizar, o ambiente não é dos melhores com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que está prestes a receber interlocutores do governo em sua residência oficial para ajustar pontos das próximas votações após uma rusga protagonizada justamente por Haddad. O ministro teceu comentários sobre o empoderamento do Legislativo, desagradando a parlamentares e à cúpula das duas Casas, em especial Lira.

##RECOMENDA##

"O ideal seria que ele estivesse por aqui, para dar o arremate pelo menos à questão do arcabouço", considerou uma fonte. A expectativa era a de que o ministro apenas optasse por sair para o exterior para participar do encontro financeiro das 20 maiores economias do mundo (G20), que ocorrerá em Nova Delhi, na Índia. "Esta viagem de agora nos pegou de surpresa. Havia a chance de ele ir, mas era pequena. A saída para o G20 estava no preço e não preocupava tanto porque acreditávamos que até lá as coisas já estariam encaminhadas", acrescentou.

Haddad tem sido o acompanhante preferido de Lula nas viagens internacionais mesmo antes da posse, em 1º de janeiro. Ele esteve em encontros com o governo de Portugal e também na COP27, do Egito, ainda no ano passado. Cotado como possível sucessor de Lula para 2026, o ministro tem sido apresentado às altas cúpulas dos governos pelo seu padrinho. Os dois se deslocam juntos para a África do Sul neste domingo.

"Mas será que é a hora de o ministro viajar?", questionou a fonte. Em março, o Broadcast sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado)registrou que a previsão era justamente a de o ministro se deslocar para o exterior cerca de uma vez ao mês este ano. Só não havia, na ocasião, previsões para setembro (mas agora ele deve ir ao G20) e em dezembro.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que a presença do presidente da Rússia, Vladimir Putin, seria muito importante na Cúpula do Brics, que será realizada em Durban, África do Sul, entre os dias 22 a 24 de agosto.

Em entrevista ao jornal sul-africano Sunday Times, o presidente brasileiro apontou que a reunião irá tratar de assuntos essenciais para o bloco como a luta contra a desigualdade e paz no mundo, o que exigiria a presença de todos os mandatários dos países.

##RECOMENDA##

Esta será a primeira reunião dos Brics a acontecer de forma presencial após a Rússia invadir a Ucrânia. Para evitar constrangimentos, Putin não irá comparecer de forma presencial ao evento. Ele será substituído pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov.

Caso Putin viajasse para Durban, o país anfitrião seria obrigado a prender o presidente russo por conta do mandato de prisão expedido contra ele pelo TPI (Tribunal Penal Internacional). A África do Sul é signatária do Estatuto de Roma, que criou o TPI.

"Lavrov é um diplomata muito importante, mas seria essencial que a Rússia participasse desse encontro com o seu presidente. Nós vamos discutir temas globais como a paz e a luta contra a desigualdade e eu gostaria muito de discuti-los pessoalmente com o presidente Putin", apontou o petista ao jornal sul-africano.

Novos membros

Segundo o embaixador da África do Sul para a Ásia e o Brics, Anil Sooklal, o bloco recebeu 22 pedidos de admissão, que contam com o patrocínio da China, principal interessada na expansão do Brics com o objetivo de ampliar a sua influência global e reforçar a liderança do grupo.

Em artigo publicado no Estadão, o presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE) e ex-embaixador do Brasil em Londres (1994-1999) e Washington (1999-2004), Rubens Barbosa, afirmou que a expansão do bloco prejudicaria o Brasil.

"O Brasil é o único país do Brics com padrão de votação diferenciado na questão da Ucrânia. Num clube de dez ou quinze membros que votam exatamente como a China e Rússia em questões como direitos humanos, democracia e a guerra na Ucrânia, o Brasil vai ficar ainda mais isolado dentro do grupo", sinalizou o diplomata. "Caso haja incorporação desse grande número de países, não restará ao Brasil alternativa senão deixar o grupo para manter sua posição de independência e afirmar uma posição de liderança no Sul", acrescentou Barbosa.

Países como Arábia Saudita, Argentina, Cuba, Venezuela e Irã já manifestaram interesse em entrar no Brics.

Moeda

Lula também já mencionou diversas vezes a possibilidade de o bloco criar uma moeda do Brics, O presidente brasileiro tem insistido em reduzir a dependência do dólar em transações comerciais.

Contudo, mesmo membros do Brics questionam se a ideia é possível. A Rússia já alegou que acredita que uma moeda do bloco não poderia ser implementada no curto prazo.

"Muitos países estão trilhando o caminho de usar moedas nacionais em acordos. Certamente, há discussões em andamento sobre a possibilidade e viabilidade de introduzir determinados processos de integração. [...] Isso dificilmente poderá ser implementado no curto prazo", disse o porta-voz do Kremlin Dmitri Peskov sobre a proposta defendida pelo Brasil.

A presidente do banco dos Brics, Dilma Rousseff, se reuniu nesta quarta-feira, 26, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em São Petersburgo. Em nota, a ex-presidente brasileira disse que o banco não considera ter novos projetos na Rússia, atualmente sancionada por países ocidentais por sua guerra na Ucrânia.

O encontro ocorreu em meio à 2ª Cúpula Rússia-África, que antecede a reunião dos países do Brics - acrônimo para Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. "O NDB [Novo Banco de Desenvolvimento, na sigla em inglês] reiterou que não está considerando novos projetos na Rússia e opera em conformidade com as restrições aplicáveis nos mercados financeiros e de capitais internacionais. Quaisquer especulações sobre tal assunto são infundadas".

##RECOMENDA##

Desde de sua invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Rússia vem recebendo uma série de sanções dos países aliados de Kiev. Desde que a viagem de Dilma se tornou conhecida, houve especulação sobre a possibilidade de o banco dos Brics dar dinheiro à Rússia. "Quaisquer especulações sobre a discussão de novas operações do NDB na Rússia são infundadas", reforçou o comunicado que Dilma compartilhou em sua conta no X, antigo Twitter.

No encontro, ambos também conversaram sobre transações internacionais em moedas locais e criticaram a hegemonia do dólar. Putin se mostrou confiante de que a ex-presidente brasileira conseguirá desenvolver "este mecanismo muito importante" em condições de tensão geopolítica e tendo em conta que o dólar é utilizado "como um instrumento de luta política".

O mandatário russo lembrou que o uso de moedas nacionais é cada vez mais comum nas transações comerciais entre os países membros do Brics. "A este respeito, o banco poderia desempenhar o seu papel", disse o chefe do Kremlin.

Dilma respondeu que não existe nenhum obstáculo que impeça os países em desenvolvimento de efetuarem transações internacionais nas suas moedas nacionais. "O banco deve desempenhar um papel importante no advento de um mundo multipolar", afirmou. A reunião ocorreu no Palácio Constantino, em São Petersburgo.

Cúpula Rússia-África

A nota ainda ressalta que ela não se reuniria apenas com Putin, mas também com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. Ambos, Rússia e África do sul, são países fundadores do banco. "O objetivo de ambas as reuniões bilaterais é verificar as opiniões de ambos os países membros sobre o papel do NDB na próxima Cúpula do Brics, que será sediada na África do Sul em agosto de 2023?, diz uma segunda nota publicada no site do NDB.

"À margem da Cúpula Rússia-África em São Petersburgo, Dilma se encontrará com líderes de outros países africanos. Neste encontro, ela vai tratar da sua participação na próxima reunião de Cúpula dos Brics na África do Sul, em 22 e 24 de agosto", finaliza a nota de Dilma em sua rede social.

Embora tenha sido indicada ao banco por Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma não é uma funcionária do governo petista e seu encontro com Putin não era conhecido nos círculos do Ministério das Relações Exteriores.

Em decorrência do isolamento de Putin e sua figura como pária internacional, Lula não se encontrou com o russo desde que assumiu a presidência pela terceira vez. Os dois conversaram por ligação, o que o petista também fez com o presidente ucraniano Volodmir Zelenski.

Um membro do governo brasileiro que se reuniu com Putin foi o ex-chanceler e atual assessor especial, Celso Amorim, que, após críticas, viajou a Kiev para se encontrar com Zelenski. Da mesma forma que não se reuniu com o russo, Lula não se encontrou com Zelenski durante a cúpula do G-20.

O Brasil tem um posicionamento de neutralidade na guerra da Ucrânia, apesar de ter votado pela condenação da invasão na Assembleia Geral da ONU e com comentários de Lula atribuindo culpa a ambas as partes do conflito.

Havia a possibilidade de Lula e Putin se verem presencialmente na cúpula dos Brics, mas o russo cancelou sua participação presencial por causa do mandado de prisão expedido contra ele pelo TPI (Tribunal Penal Internacional) por crimes de guerra. Já que a África do Sul é signatária do estatuto que fundou o tribunal, pela regra, ela estaria obrigada a prender Putin no momento em que ele chegasse ao país. Após tentativas do país de evitar a situação embaraçosa, com possibilidade de transferir a cúpula para a China, o Kremlin anunciou que Putin participaria apenas virtualmente, enviando seu chanceler Serguei Lavrov.

A cúpula de países africanos na Rússia, serve então para Putin se encontrar presencialmente com os líderes e demonstrar que ainda possui aliados, apesar do isolamento. Muitos países africanos, bem como a China, tem mantido laços fortes com Moscou, o que contribuiu para o países conseguir driblar parte das sanções à sua economia.

Segundo Kremlin, a Ucrânia será o principal tema a ser tratado com as nações africanas, especialmente o abandono por parte da Rússia do acordo de grãos com Kiev, que permitia a exportação de gãos pelo Mar Negro para vários países, incluindo da África. Nos últimos dias, a Rússia tem buscado tranquilizar esses países prometendo a exportação gratuita de cereais.

(Com agências internacionais)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a criação de uma moeda comum entre os países do Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - no mesmo molde do euro, como forma de reduzir a dependência do dólar em trocas comerciais.

"Eu sonho com a construção de várias moedas entre outros países que façam comércio, que os BRICs tenham uma moeda. Como o euro", disse o petista em Hiroshima, após encerrar sua participação no G7.

##RECOMENDA##

O euro, porém, é uma moeda única utilizada entre países europeus, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, costuma defender uma moeda comum exclusiva para transações comerciais, em uma espécie de câmara de compensação para substituir o dólar.

"Não é possível depender do dólar para fazer comércio exterior [...]. Haveremos de discutir a moeda dos Brics em algum momento", declarou o presidente em entrevista coletiva em Hiroshima, no encerramento de sua viagem oficial ao Japão para participar do G7.

Lula voltou a defender um socorro à Argentina, parceiro comercial que é destino de exportações brasileiras e enfrenta uma grave crise econômica sob o governo do esquerdista Alberto Fernández.

No G7, Lula se reuniu com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, e pediu alívio das pressões sobre as dívidas argentinas.

"Eu conversei com a diretora do FMI sobre a situação da Argentina e pedi que ela tivesse compreensão porque, depois da pandemia, a Argentina enfrentou uma seca. Vamos dar um tempo para a Argentina se recuperar", relatou Lula. "As nossas empresas precisam continuar vendendo para a Argentina", acrescentou.

A criação de uma moeda comum para diminuir a dependência do dólar também é negociada entre Brasil e Argentina. "Eu quero uma economia, para que cada um negocie com quem quiser", declarou o presidente.

A ex-presidente brasileira Dillma Rousseff assumiu nesta quinta-feira (13) o comando do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, em uma cerimônia em Xangai que teve a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em seu primeiro evento oficial na China, Lula afirmou que a posse de posse de Dilma Rousseff "à frente de um banco global de tal envergadura é um fato extraordinário em um mundo ainda dominado pelos homens".

Ele também destacou a história da ex-presidente na luta contra a ditadura e afirmou que o novo cargo é uma "ferramenta de redução da desigualdade entre países ricos e emergentes".

O presidente do Brasil propôs o nome de Dilma Rousseff para o cargo depois da renúncia, em março, do diplomata brasileiro Marcos Troyjo, que assumiu o cargo em 2020 por designação do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Rousseff, que assumiu o controle do banco no fim de março, completará o mandato restante da presidência rotativa que corresponde ao Brasil, até julho de 2025.

O banco de desenvolvimento multilateral dos BRICS - grupo integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - foi criado em 2015, com a missão de financiar obras de infraestrutura e promover o desenvolvimento sustentável nestas e em outras economias emergentes.

Em seu discurso de posse, Dilma afirmou que a instituição está em "uma posição única para liderar o caminho" na direção a um mundo próspero e com desenvolvimento compartilhado.

A ex-presidente do Brasil também enumerou os "desafios significativos" aos quais as economias emergentes estão expostas, como a desigualdade persistente, a pobreza extrema, a infraestrutura inadequada ou a falta de acesso à educação e saúde.

Ao anunciar a designação em março, o NDB (na sigla em inglês) destacou que Dilma Rousseff "priorizou a luta contra a pobreza" durante seu mandato (2011-2016) e deu continuidade aos programas sociais, iniciados nos dois primeiros governos Lula (2003-2010), graças aos quais o Brasil conseguiu sair do mapa da fome da ONU.

Economista de formação e afilhada política de Lula, Dilma foi a primeira mulher a assumir a Presidência do Brasil e foi eleita para um segundo mandato, interrompido em 2016 por sua destituição, acusada de maquiar contas públicas em um processo controverso no Congresso Nacional.

Este é o primeiro cargo com exposição pública que ela ocupa desde o processo de impeachment.

O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), instituição financeira dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, anunciou que seu conselho elegeu como presidente a economista e ex-presidente da República brasileira Dilma Rousseff. A decisão foi unânime.

A instituição disse, em nota, que Dilma Rousseff "ampliou significativamente a cooperação com vários países da América Latina, África, Oriente Médio e Ásia" durante o seu governo no Brasil.

##RECOMENDA##

"Em julho de 2014, participou com os países do Brics na criação do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas", relembrou o banco.

Sete anos depois de ter sido afastada da Presidência em decorrência de crimes de responsabilidade, Dilma Rousseff voltará a ocupar um cargo público. Dilma será eleita nesta sexta (24) para comandar o Novo Banco do Desenvolvimento (NDB), instituição financeira criada em 2014 pelos Brics - o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ela tomará posse no dia 29, durante a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, e terá salário mensal médio de cerca de R$ 220 mil.

O conselho de governadores do banco, formado pelos ministros da Fazenda dos países fundadores, mais os representantes dos quatro novos integrantes (Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e Uruguai), se reúne por videoconferência e vota a indicação de Dilma em reunião interna. A petista foi sabatinada pelas autoridades estrangeiras ao longo deste mês, depois que o NDB comunicou o início da troca de comando.

##RECOMENDA##

Dilma deve ganhar cerca de US$ 500 mil (R$ 2,6 milhões) por ano à frente da instituição, equivalente ao valor pago pelo Banco Mundial. Procurado, o NDB não se manifestou. O banco ainda oferece benefícios como assistência médica, auxílio-viagem para o país de origem, subsídios para mudança em caso de contratação e desligamento, além de transporte aéreo. Ela substituirá o diplomata e economista Marcos Troyjo, que era da equipe de Paulo Guedes.

Pedaladas

A ex-presidente - que teve o impeachment aprovado pela Câmara e pelo Senado em um processo legal tendo como justificativa crime de responsabilidade pela prática das chamadas "pedaladas fiscais" (atrasos de pagamentos a bancos públicos) e pela edição de decretos de abertura de crédito sem a autorização do Congresso - foi candidata única, escolhida por Lula. O mandato dela vai até julho de 2025. Os presidentes da instituição costumam ser eleitos por unanimidade.

O banco dos Brics foi criado após reunião de cúpula dos chefes de Estado, realizada em Fortaleza, em 2014, durante o mandato de Dilma como presidente. Uma das intenções era ampliar fontes de empréstimos e fazer um contraponto ao sistema financeiro e instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI). Atualmente, a carteira de investimentos é da ordem de US$ 33 bilhões.

Palestras

Dilma não voltou a ocupar cargos políticos e passou apenas a participar de palestras, debates e discussões acadêmicas e partidárias. Esteve presente na campanha presidencial e também na transição do governo federal.

A ex-presidente foi cassada num contexto político de perda de governabilidade do Executivo. Foi acusada formalmente ter cometido "pedaladas fiscais", uma manobra para maquiar as contas públicas, reveladas pelo Estadão. Na esteira da turbulência política, a gestão Dilma no Planalto resultou numa grave crise econômica.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando