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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu nessa sexta-feira (6) o que chamou de "contingenciamento linear" do Orçamento do ano que vem e afirmou que pretende dar ao Congresso mais poder para decidir sobre cortes de verbas. Com isso, eventuais bloqueios atingiriam proporcionalmente todos os ministérios.

O Estado de S. Paulo mostrou ontem que o presidente Jair Bolsonaro blindou despesas ligadas aos ministérios da Defesa e da Ciência e Tecnologia de cortes em 2020. Bolsonaro decidiu, no entanto, não livrar de eventuais tesouradas gastos com compra de equipamentos para escolas infantis e de medicamentos para doenças raras previstos no Orçamento do ano que vem.

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"Se você liberar o governo para ele contingenciar onde ele quiser, ele pode contingenciar os investimentos escolhidos pelo Parlamento e executar os escolhidos pelos ministérios. Então tem que ser uma regra que gere harmonia. Pelo que estou ouvindo dos líderes, dos deputados, vai sair do Parlamento um contingenciamento linear, que é o correto", disse o presidente da Câmara dos Deputados em entrevista à GloboNews.

Segunda instância

Ainda ontem, Maia afirmou que a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata sobre prisão após condenação em segunda instância deve ser votada em março. "É uma PEC que trata de recursos especiais, é extensa. Por isso compreendi que a discussão dessa PEC é o melhor caminho. (Mas) Não podemos nunca imaginar que o Parlamento possa cumprir um papel de juiz de execução penal", disse ele em São Paulo, onde participou de evento.

Fundo

Questionado ainda sobre a proposta de elevar o fundo eleitoral para R$ 3,8 bilhões, Maia afirmou que não se pode tirar recursos de áreas como Saúde ou Educação para viabilizar o financiamento de campanhas. "Independentemente do valor, o importante é que não seja em detrimento de nenhuma área fundamental." 

Nesta terça-feira (13), o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), João Carlos Salles, se reuniu com reitores de universidades e institutos federais, além de parlamentares, para findar um acordo que visa desbloquear orçamento das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes). No encontro, esteve presente o ministro da Educação Abraham Weintraub, que salientou que a situação econômica do país exigiu que fosse feito um contingenciamento em ações do MEC e em universidades.

Na ocasião, foram apresentados os argumentos do MEC e da Andifes, que não necessariamente foram concordados. O primeiro corte ocorreu em abril deste ano, no qual foram suspensas 30% das verbas orçamentárias das universidades do país. O governo, por sua vez, alegou que se tratava de um contingenciamento nas despesas discricionárias.

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Segundo o chefe da pasta, para o mês de agosto, há uma expectativa de uma melhor arrecadação no orçamento do Governo Federal, e que, por esse motivo, será possível, segundo ele, operar a liberação das verbas na educação superior a partir de setembro.

 “Na expectativa de uma evolução positiva nos indicadores fiscais do governo, o MEC vem articulando com o Ministério da Economia a possibilidade de ampliação dos limites de empenho e movimentação financeira a fim de cumprir todas as metas estabelecidas na legislação para a Pasta. Caso o cenário econômico apresente evolução positiva neste segundo semestre, os valores bloqueados serão reavaliados” afirmou em nota o Ministério da Educação.

De acordo com a Andifes, ministro e parlamentares entenderam que as verbas suspensas nas universidades se tratam mesmo de cortes, e não de contigenciamentos, e que a pasta não pretende realizar novos bloqueios.

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Recém empossada, Denise Pires de Cravalho, nova reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), falou da crise econômica enfrentada pela instituição. Em sua fala, a nova gestora alertou sobre a necessidade de reverter o contigenciamento de verbas realizado pelo Ministério da Educação (MEC).

Na ocasião, a reitora disse que o pagamento das contas de água e de luz não é feito desde janeiro e que vai buscar soluções para não deixar a universidade parar. Denise já tem uma reunião agendada com o MEC para discutir o futuro da UFRJ, que, segundo a gestora, está desde janeiro com contas de água e de luz atrasadas. A reitora também falou que vai buscar a liberação de 20% dos R$ 43 milhoes liberados pela bancada parlamentar.

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“Das instituições federais, a UFRJ é a que está em situação mais grave. Não temos dinheiro para honrar contratos vigentes. As outras conseguem se manter até julho, o dinheiro da UFRJ acabou em abril. A luz não é paga desde janeiro, a água há 24 meses e serviços de segurança e limpeza também estão com atraso. Sem luz, os hospitais e laboratórios param e há o risco de perda de estudos de laboratórios de mais de uma década. Vamos buscar uma solução porque não podemos deixar a universidade parar”, afirmou Denise.

Denise Pires Carvalho é a primeira mulher a ocupar a Reitoria em 100 anos. Ela concluiu mestrado em Ciências Biológicas (Biofísica) em 1989 e doutorado em Ciências em 1994. Cerca de 140 trabalhos de Denise já foram publicados e apresentados no Brasil e no exterior. 

A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) sofreram novo corte de verbas em bolsas de pós-graduação e doutorado. Estima-se que mais de 120 bolsas tenham sido suspensas só na segunda fase dos cortes. A UFRPE já havia suspendido quatro bolsas entre abril e maio deste ano. Sendo duas de pós-graduação e duas de doutorado.

Segundo a UFRPE, o novo corte afeta 71 bolsas de mestrado e 32 de doutorado que, na medida em que forem concluídas pelos estudantes, serão fechadas. A universidade também informou que o corte deverá ser sentido nas próximas semanas, já que há alunos que irão se formar.

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A Univasf já apresentou seu primeiro corte de bolsas de estudo. São 18 bolsas suspensas. Os cortes foram anunciados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que congelou cerca de 2.724 bolsas de mestrado e doutorado em todo o país a partir deste mês. De acordo com a entidade, o bloqueio se dá pela necessidade do cumprimento do contingenciamento de R$ 300 milhões, determinado pelo Governo Federal.

Em nota, a Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) se posicionou sobre o assunto. “Os cortes nas bolsas de estudos em programas com conceito 3 e 4 atingirão principalmente a pós-graduação nas regiões Nordeste e Norte do país. Essa lógica aprofunda ainda mais as assimetrias regionais na produção científica brasileira, além de tirar os instrumentos necessários para que esses programas possam progredir”, afirmou a instituição.

CAPES retirou 78 bolsas de pós-graduação na UFPE

A Universidade Federal de Pernambuco confirmou, nesta quarta-feira (5) o bloqueio de 78 bolsas nos seus cursos de mestrado e pós-graduação. Na primeira suspensão, a universidade 33 bolsas de mestrado, doutorado e pós-graduação.

O Leia Já entrou em contato com para a CAPES para questionar detalhes do último bloqueio, contudo, até a publicação desta matéria, não foi obtido o retorno.  

 

No desfecho de uma semana marcada por atritos entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, o presidente Jair Bolsonaro editou decreto que bloqueia quase R$ 3 bilhões nas emendas parlamentares, um dos principais instrumentos de negociação política do governo com os congressistas. A medida contraria a promessa do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, de blindar as emendas de qualquer tesourada no Orçamento e já realimenta promessas de retaliação de parlamentares nas votações no Legislativo.

O corte faz parte do contingenciamento de R$ 29,8 bilhões do Orçamento, decisão preventiva para assegurar o cumprimento da meta fiscal para 2019, diante da frustração de receitas esperadas para o ano. No decreto publicado ontem, o aperto inicial foi maior, de R$ 36 bilhões, para contemplar uma reserva que será usada para dar fôlego a órgãos que precisem de mais dinheiro nos próximos meses. Educação e Defesa foram as áreas mais atingidas.

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As emendas são usadas pelos deputados e senadores para destinar recursos a obras e projetos em suas bases eleitorais. Por serem impositivas, sua execução é obrigatória pelo governo. Quando há necessidade de contingenciar recursos para cumprir a meta fiscal, porém, a equipe econômica tem respaldo legal para bloquear as emendas na mesma proporção do corte.

Com isso, o valor passível de destinação às emendas caiu de R$ 13,7 bilhões para R$ 10,8 bilhões, segundo o decreto. São R$ 7,2 bilhões liberados para emendas individuais e R$ 3,6 bilhões para emendas de bancada.

Líderes ouvidos reservadamente pela reportagem interpretaram a medida como uma retaliação do governo à aprovação, na Câmara dos Deputados, de uma proposta que engessa ainda mais o Orçamento, ao carimbar uma fatia maior de recursos para emendas de bancada. Diante da surpresa, o bloqueio deve ser tema de discussão na reunião de líderes no início da semana que vem.

Para o líder do Solidariedade na Câmara, Augusto Coutinho (PE), é preciso entender os motivos que levaram o governo a incluir as emendas no contingenciamento: "O contingenciamento é uma prerrogativa do Executivo, mas desde que seja muito bem fundamentada", disse. Questionado sobre a possibilidade de retaliação, afirmou que "muitos podem acabar interpretando assim". "Vamos esperar as explicações", disse.

A Casa Civil informou ao Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado, que se trata de uma "situação normal". "Todo governo faz, é uma adequação à arrecadação. O governo vai fazer todo o esforço para que as emendas sejam pagas conforme o previsto (na programação original)", informou a pasta, por meio de nota. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Há mais de 20 anos, as universidades e institutos federais não tinham um orçamento inferior ao ano anterior. Porém, algumas universidades sofreram grandes cortes este ano e estão passando por rigorosas mudanças. É o caso da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), que tiveram o contingenciamento de 17% e 6,64%, respectivamente, no orçamento que recebem do Ministério da Educação (MEC). 

Diante desse cenário, foi inevitável a repercussão preocupada dos profissionais e alunos quanto ao funcionamento das academias. Tanto a Ufal como a UFCG negaram a possibilidade de fechamento das universidades, mas alegaram que terão que passar por rigorosas mudanças até que o MEC regularize os repasses das verbas.  

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Para a UFCG, em 2016, o MEC repassou cerca de R$ 79 milhões para custeio e investimento. No primeiro semestre de 2017, não chegou nem a R$ 40 milhões. Segundo o reitor da instituição de ensino, Vicemário Simões, o corte foi de 6,64% que, aliado à não correção da inflação, representa mais de 20%. "Os recursos não são suficientes para cobrir todas as despesas até o final do ano", ressaltou.

Já o orçamento aprovado da Ufal ficou consolidado em R$ 758 milhões, R$ 23 milhões a menos do que o ano de 2016. O que compreende a uma queda de 17% das verbas federais. Em nota, a universidade ressaltou o esforço para garantir o seu funcionamento, expôs os números necessários para cobrir os gastos mensais e as necessidades financeiras com a crise instalada. 

“Ao considerar que os gastos mensais fixos de custeio estão em torno de R$ 7,5 milhões, percebe-se a necessidade do orçamento mínimo e essencial no valor de R$ 90 milhões/ano (só para o funcionamento) para funcionamento razoável da Universidade (sem elencar o aumento de despesas causado pela expansão da UFAL e a entrega de novos blocos de salas de aulas e restaurantes universitários, por exemplo, ou a compra de equipamentos para melhoramento da instituição). Verifica-se a possibilidade escassa de novos investimentos, distanciando-se cada vez mais dos aprimoramentos institucionais, já que, o orçamento se mostra, a partir de agora, 29% menor do que em 2016 e 13% menor do que foi aprovado em 2017”, diz nota enviada pela Ufal. 

De acordo com o MEC, o problema é nacional. As universidades federais contabilizam o contingenciamento de quase 40% do orçamento de 2017. As academias tinham um orçamento previsto (Lei Orçamentária Anual/LOA) de 2016 no valor de R$ 7,9 bilhões. O corte correspondente a R$ 2,4 bilhões, limitando o orçamento real em R$ 5,5 bilhões. 

 

A equipe econômica e o núcleo político do governo de Michel Temer estão numa queda de braço e já divergem não apenas sobre o tamanho da tesourada no Orçamento deste ano, mas também em relação ao que cortar. O Ministério da Fazenda quer um bloqueio linear de gastos, mas os articuladores políticos do presidente em exercício pregam um corte seletivo, sob o argumento de que é preciso preservar programas sociais, principalmente às vésperas da votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado.

O valor do contingenciamento deve ser enviado ao Congresso até sexta-feira (19). Se depender da área econômica, será perto de R$ 20 bilhões. O núcleo político, no entanto, trabalha para que essa cifra fique pela metade. No Palácio do Planalto, auxiliares de Temer afirmam que ele fará de tudo para poupar programas como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida, num momento em que tenta ganhar popularidade.

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Temer também pretende anunciar, nos próximos dias, medidas para estimular o crescimento e diminuir a burocracia. Satisfeito com o resultado de levantamentos indicando melhora nos níveis de confiança da população em relação ao futuro da economia, ele tem feito de tudo para evitar remédios amargos antes da votação sobre o afastamento definitivo de Dilma.

O problema é que, com um cenário no qual a arrecadação vem caindo mais que o esperado, o governo precisa enxugar gastos para garantir o cumprimento da meta fiscal. A área econômica argumenta que, com um rombo de R$ 170,5 bilhões no Orçamento, não se pode correr riscos. Temer tem reunião marcada para hoje com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para discutir esse cenário e também o pacote para incentivar a economia.

O valor do contingenciamento pode ser menor, a depender do que será feito com o déficit a ser registrado nas contas de Estados e municípios. Tradicionalmente, quando essas esferas administrativas registram um resultado fiscal menor que o esperado - o que deve ser o caso este ano - o governo federal faz um esforço adicional para compensar a frustração. A estimativa de corte de R$ 20 bilhões leva em conta essa medida.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016, e também a de 2017, abre uma exceção e permite que a compensação não seja feita. Assim, o contingenciamento necessário para se atingir a meta poderá ser menor, na casa dos R$ 5 bilhões. O que divide o governo é se essa permissão legal será ou não utilizada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O corte de custos e servidores no governo federal já teve reflexo no Ministério da Educação (MEC). A pasta decidiu extinguir a secretaria responsável por articular com Estados e municípios a implementação do Plano Nacional de Educação (PNE). A reportagem apurou que haverá corte de pessoal em todas as áreas e órgãos ligados ao MEC. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que cuida do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), perderá sete cargos.

O MEC confirmou o fim da Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (Sase). Suas atividades, diz a pasta, "serão mantidas dentro de uma estrutura que está sendo discutida". Outras atribuições eram viabilizar o Sistema Nacional de Educação e o Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi), dispositivo que fixa o investimento necessário por estudante.

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A pasta não informou quantos servidores serão atingidos nem se haverá mais mudanças. O MEC negou as especulações sobre o fim de outra secretaria - a de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi).

O Inep afirmou que participa do esforço "de ajuste das contas públicas". Segundo o órgão, a reestruturação, iniciada ontem, preservará todas as suas atribuições institucionais.

Dos R$ 11,2 bilhões bloqueados pela presidente Dilma Rousseff (PT) em decreto ontem, R$ 189,4 milhões serão de orçamento do MEC. A pasta, porém, disse não ter definido cortes. Informou que atua, ao lado do governo, para que a mudança da meta fiscal de 2015 seja aprovada no Congresso, o que vai "reverter o contingenciamento".

Problemas

Os servidores do MEC já sofrem com escassez de pessoal e sobrecarga de trabalho, conforme o último relatório de gestão da Secretaria Executiva da pasta, divulgado em abril. O atraso para repor desligamentos e aposentadorias tem causado, entre funcionários, "fragilidade da saúde, demonstrada pelas ausências médicas com um elevado número de atestados". A carência de pessoal, diz o texto, afeta o desempenho das ações.

O documento descreve "cenário preocupante" até 2017. Nos próximos dois anos, 509 servidores do MEC terão idade suficiente para se aposentar, o que representa 42% dos cargos hoje preenchidos. Mas, desde setembro, novos concursos públicos federais estão suspensos.

Para Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, ainda não é possível avaliar efeitos da medida. "Há um problema de falta de estrutura técnica capaz de tocar políticas públicas. Essa estrutura existe, por exemplo, no Banco Central", diz. "A Sase não se mostrou fundamental para o PNE. O problema maior do PNE não é a Sase, mas o ajuste fiscal."

Em manifesto, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) se posicionou contrária a mudanças "que possam representar um desmonte da estrutura operativa" do ministério. Neste ano, o MEC já passou por diversos cortes. Suspendeu a abertura de novas bolsas para o Ciência sem Fronteiras e reduziu em 57% o total de vagas em cursos técnicos e tecnológicos do Pronatec em relação a 2014.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Educação, Cid Gomes, minimizou o risco de haver um corte definitivo na verba do Ministério depois que o Congresso Nacional aprovar o Orçamento da União para 2015. Mas sinalizou que a pasta tem R$ 21 bilhões que podem ser cortados, caso o governo decida reduzir gastos. "O Ministério é o que menos tem margem para contingenciamento, porque R$ 121 bi não são contingenciáveis. O que é contingenciável aqui são R$ 21 bilhões", disse Cid Gomes na noite de quarta-feira, 21, no momento em que deixava a sede do MEC. "O Ministério da Educação talvez seja o que tenha um maior porcentual que não pode ser contingenciado", repetiu.

Segundo Gomes, a soma de R$ 7 bilhões que o Ministério viu cortada no início do ano é "subjetiva". O Palácio do Planalto decidiu fazer uma economia por mês de 33% das despesas até o Congresso aprovar o Orçamento do ano. Educação perdeu, assim, R$ 586,8 milhões mensais e, caso a fórmula de contingenciamento seja mantida após a aprovação do Orçamento pelos parlamentares, a pasta pode acumular uma perda no ano de R$ 7 bilhões.

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O ministro declarou que concorda com a contenção de gastos determinada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "O que se fez foi um aceno, que eu concordo, de contenção, de parcimônia com o dinheiro público, de procurar cortar gordura e fazer ajuste (fiscal)", afirmou.

Gomes negou que haja contradição entre o lema do segundo governo da presidente Dilma Rousseff - "Brasil, Pátria Educadora" - e a contenção de recursos da Educação e as mudanças nas regras do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que passa a ter uma nota de aceitação que pode reduzir o número de alunos atendidos. "Ela (Dilma) está dando ao governo esse conceito de pátria educadora para que a sociedade brasileira cresça na questão do trabalho, na educação, em condições e conhecimento na saúde. Enfim, educação para a cidadania. É assim que eu entendo", disse.

De acordo com o ministro, o slogan de governo é uma continuidade dos programas sociais do PT na Presidência da República. "O Lula fez um grande programa de renda mínima, mas fez isso de uma forma horizontal. Ela (Dilma) focou uma questão da miséria para que a gente tivesse uma linha de corte e não tivesse ninguém com renda abaixo de R$ 70, que é a pobreza absoluta", comparou. "Agora é um processo de educação num sentido mais amplo, não só formal, na escola, mas em conceitos de civilidade", declarou.

PNE

O ministro disse, ainda, que não concorda integralmente com o Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê ações do governo para a área na próxima década. Gomes defendeu mudanças no conceito de inclusão de estudantes no ensino superior, cuja meta é ter em dez anos o mínimo de um terço das pessoas entre 18 e 24 anos em universidades e faculdades. "Eu tenho um questionamento sobre isso. Eu me formei com 22 anos, então eu com 23 ou 24 estaria excluído desse um terço? A meu juízo, a lei tinha que dizer que um terço da população na faixa de 18 a 24 anos tem de estar cursando o ensino superior ou tê-lo concluído. Se já concluir é muito mais do que estar cursando, já atendeu o interesse", observou.

Gomes, contudo, ressaltou que as declarações eram pessoais e não sua posição final como ministro da Educação, que por uma "questão de ética" não julgaria as gestões anteriores da pasta no governo petista. "Não estou comentando como ministro. Estou comentando como cidadão", disse.

O governo está discutindo, pela primeira vez na gestão Dilma Rousseff, um contingenciamento das despesas com investimentos e inversões financeiras. Em situação crítica no front fiscal, com aumento de gastos previstos com o setor elétrico e sem contar com o enorme volume de receitas extraordinárias que irrigaram os cofres no ano passado (R$ 35 bilhões), a Junta Orçamentária discute um possível corte nos investimentos ou uma redução importante do subsídio dado pelo Tesouro Nacional ao BNDES.

Não há decisão tomada, mas os técnicos dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento têm passado madrugadas debruçados em projeções de receitas e estimativas de despesas para o ano, de forma a calibrar a meta fiscal que será anunciada na semana que vem.

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A área econômica do governo tem se esforçado para anunciar a maior meta fiscal possível, mas tem ficado cada vez mais difícil alcançar uma economia robusta de recursos em 2014 mantendo a blindagem dos investimentos que Dilma implementou para estimular a atividade econômica durante a crise.

Para piorar, o contingenciamento de despesas federais desta vez não poderá recair principalmente sobre as emendas parlamentares, foco principal dos cortes aplicados aos orçamentos dos últimos anos. Com o dispositivo do orçamento impositivo, aprovado no fim do ano passado, ficou mais difícil reduzir as verbas de emendas de deputados e senadores.

Esforço

Internamente, o governo trabalha com uma economia de recursos fiscais do setor público consolidado de "pelo menos" 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo 1,3% do PIB referente ao esforço do governo central, formado por Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, e 0,5% do PIB acumulado por Estados e municípios. Como as discussões estão a pleno vapor, a meta a ser anunciada pode ser maior.

Embora inferior ao patamar de 1,9% do PIB alcançado em 2013, essa meta fiscal seria "um esforço ainda maior", segundo uma fonte envolvida nas discussões, dado que a combinação seria diferente. Enquanto o superávit primário do ano passado foi principalmente construído pelo ingresso de receitas extraordinárias - como os R$ 15 bilhões do bônus da assinatura do contrato pelo pré-sal do campo de Libra, e os R$ 21 bilhões referentes ao parcelamento de débitos tributários, o Refis - e dividendos de estatais, a meta fiscal deste ano seria alcançada com um aperto maior nos gastos públicos.

Risco

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem sido um defensor de maior austeridade, temendo o risco de rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de rating neste ano. Reduzir os repasses do Tesouro ao BNDES e à Caixa é uma política mais consensual do que reduzir a carga de investimentos para o ano. Gastos considerados prioritários, como o programa Minha Casa, Minha Vida, estão blindados da tesoura do governo.

O governo avalia que o mercado financeiro nacional e os investidores estrangeiros concederam uma "trégua" à equipe econômica, após o discurso da presidente Dilma Rousseff no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suiça) e a elevação dos juros pelo Banco Central em janeiro. Agora, o mercado aguarda um movimento firme de política fiscal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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