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Em sua primeira proposta legislativa individual, o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) apresentou projeto de lei contra a procuradoria criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para representar o governo no que a gestão petista chama de combate à "desinformação sobre políticas públicas". Segundo Moro, "o vocábulo 'desinformação' possui um conceito bastante volúvel e contornável ideologicamente".

A Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia é uma das iniciativas do governo apresentadas como medida para enfrentar fake news. Na terça-feira (7), Lula disse ter recebido um projeto do ministro da Justiça, Flávio Dino, para discutir a regulação das mídias sociais. No Palácio do Planalto, haverá também uma estrutura para combater discurso de ódio nas redes, a Secretaria de Políticas Digitais.

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Os critérios para definir o que será, ou não, considerado "mentira" pelo governo são alvo de críticas. "A criação do referido órgão (Procuradoria), a pretexto de promover o enfrentamento da desinformação sobre políticas públicas, pode servir de fundamento para a instrumentalização da censura política daqueles que fizerem oposição ao governo", afirma Moro na justificativa do projeto de decreto legislativo apresentado na quarta-feira.

Criada no dia 1.º de janeiro por meio de um decreto de Lula, a Procuradoria vinculada à Advocacia-Geral da União (AGU) já é alvo de ao menos duas outras propostas no Congresso. O deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE) e o senador Eduardo Girão (Novo-CE) também tentam "sustar" os efeitos da iniciativa.

Como mostrou o Estadão, Lula instituiu o órgão para representar o governo no combate à "desinformação" sem haver a definição deste conceito no ordenamento jurídico brasileiro. Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a medida abre brecha para arbitrariedades. No entanto, há quem defenda a adoção de novos mecanismos de regulamentação das redes sociais - como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Lei

O termo "desinformação" já foi discutido durante a tramitação do projeto de lei das fake news, mas a proposta está emperrada na Câmara desde 2021, e o instituto legal não avançou. Na justificativa, Moro afirma que "somente a lei pode restringir o exercício da liberdade de expressão, como fez o legislador, por exemplo, ao criminalizar a calúnia, a difamação e a ameaça".

Apesar da lacuna legal, nota enviada pela AGU ao Estadão em 4 de janeiro diz que "desinformação" é "mentira voluntária, dolosa, com o objetivo claro de prejudicar a correta execução das políticas públicas". A pasta diz que os dispositivos do decreto serão regulamentados. Procurada, a AGU não se pronunciou sobre o projeto até a conclusão desta edição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação contra a polícia institucional criada pelo procurador-geral da República Augusto Aras para cuidar da segurança dos membros e do patrimônio do Ministério Público da União. O relator é o ministro André Mendonça.

Aras assinou, no final do ano passado, a portaria que deu ao Ministério Público mais autonomia na segurança interna ao prever que o trabalho passaria a ser feito por efetivo próprio, a exemplo do Congresso e do próprio STF, que contam com as polícias legislativa e judicial. Na prática, a medida diminui a dependência das Polícias Militar, Civil e Federal ou das Forças Armadas.

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O texto prevê que a polícia do MPU será integrada por servidores efetivos ou comissionados, lotados em unidades de segurança institucional, que serão responsáveis por atividades de inteligência, escolta armada e segurança pessoal de membros e servidores em situação de risco.

A ação de inconstitucionalidade é movida pela Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol). A entidade afirma que tanto a criação de novos cargos quanto a mudança de suas atribuições dependem da edição de uma lei e não poderiam ter sido feitas por meio de uma portaria. "Não se pode impor poder de polícia em face dos cidadãos com base em uma norma hierarquicamente inferior à lei", argumenta.

A associação também afirma que, ao designar servidores para executar as atividades de segurança institucional, Aras criou um 'caso típico' de aglutinação de cargos em uma única carreira, o que já foi vedado pelo STF. "A reunião de cargos diversos em um único, viola diretamente o art. 37, inciso II, da Constituição Federal, pela dispensa do concurso público prévio para ingresso na respectiva carreira", aponta.

Outro ponto levantado na ação é que a portaria conflitaria com as prerrogativas dos delegados de Polícia Civil e Federal, 'ofendendo a essência da atividade policial na prevenção e na apuração de delitos'.

"A portaria PGR/MPU no 202/2022, ao criar órgão, alterar nomenclatura e reestruturar carreira, além de conferir poder de polícia ao respectivo órgão e carreira é flagrantemente inconstitucional", conclui a Adepol.

O governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), classificou o encontro ocorrido nessa terça (8), em Brasília, com representantes da ala tucana contrária à escolha de seu nome como pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB como um "jantar de derrotados". Em entrevista à Rádio Eldorado na manhã desta quarta (9), Doria ainda afirmou que o "PSDB é maior do que cinco pessoas".

Caciques da legenda como o deputado Aécio Neves (MG), o senador Tasso Jereissati (CE), o ex-senador José Aníbal (SP) e até mesmo o governador Eduardo Leite (RS), derrotado nas prévias do partido ano passado, se reuniram na casa do ex-ministro Pimenta da Veiga para debater alternativas ao nome de Doria, que segue estagnado nas pesquisas, como o apoio a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

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"Foi um jantar de derrotados, com todo respeito. Todos eles foram derrotados nas prévias. Eu entendo que na vida pública, e também na vida privada, você tem que compreender vitórias e derrotas. Eu tive, circunstancialmente, uma vitória nas prévias do PSDB, mas tive a grandeza de cumprimentar o Eduardo Leite e todos aqueles que o apoiaram de maneira educada. Não me parece que cinco pessoas sentadas num jantar possam representar o PSDB. O PSDB é maior do que cinco pessoas que ali representavam derrotados", disse.

O governador ressaltou que venceu o processo de escolha interna do partido com o apoio de políticos com mandatos, como deputados, senadores e prefeitos, mas também com o apoio de filiados. "É preciso ter grandeza na vitória e na derrota. Esse é um ensinamento da vida. Não vou fazer oposição ou maiores considerações de um jantar de cinco pessoas que entendem que uma derrota não deve ser assimilada. O correto e a forma nobre é você somar forças em torno de um partido que é maior do que essas cinco pessoas que jantaram em Brasília."

Segundo Doria, a população brasileira ainda não está preocupada com a eleição deste ano. De acordo com ele, isso deve ocorrer apenas em agosto, com as candidaturas oficializadas e a campanha na rua. "As pesquisas de agora são meros retratos pontuais e circunstanciais que não refletem uma realidade que será, sim, apontada pela população mais próximo do processo eleitoral. As pessoas agora estão preocupadas com a sua saúde, com o seu emprego, com seu salário e com comida no prato. Não estão preocupadas com eleição."

Nova rodada da pesquisa Genial/Quaest de intenção de voto para a disputa presidencial de 2022 divulgada nesta quarta mostra um cenário ainda desafiador para a chamada 'terceira via'. Em diferentes cenários da pesquisa estimulada, Lula (PT) aparece com 45% a 47%, seguido por Jair Bolsonaro (PL), que tem 23% a 26%. Moro e Ciro registraram 7% a 9% das intenções de voto. André Janones (Avante) e João Doria (PSDB) registraram 2% a 3%. Simone Tebet (MDB), 1%. Rodrigo Pacheco (PSD) e Felipe d'Avila (Novo) não pontuaram. 

Questionado como pretende mudar seu baixo patamar de intenção de votos, Doria mostrou-se resiliente e disse que isso irá ocorrer quando ele puder se dedicar de fato à pré-campanha, a partir de abril. "Fazendo campanha, dialogando com a população, fazendo debate, fazendo aquilo que uma campanha prevê. É preciso ter tenacidade, determinação, capacidade de dialogar e apresentar um bom governo. O governo de São Paulo é um governo honesto, transformador e até os ferrenhos adversários reconhecem isso. Um governo que cuidou da pobreza e da saúde, que trouxe a vacina, que fez as reformas administrativas e fiscal e a reforma previdenciária. Um governo que trata bem as pessoas, sobretudo as mais vulneráveis, e que não rouba o dinheiro público."

Chapa Lula-Alckmin

Apesar de se negar inicialmente a comentar a eventual chapa Lula-Alckmin, o governador discorreu sobre a possibilidade com um tom de lamento e incompreensão. Distantes desde a campanha presidencial de 2018, na qual Doria se elegeu para comandar o Estado com o bordão "Bolsodoria", o tucano afirmou que "não perdeu o respeito por Alckmin (que o lançou em 2016), mas que se "entristece" de sua atual posição política.

"Lamento a posição do ex-governador de São Paulo, por quem eu não perdi o respeito, mesmo com essa decisão de estar vinculado ao Lula. Alguém que ele mesmo combateu ao longo de 33 anos como um bom homem público no PSDB. Me entristece o fato de ele estar ao lado de Lula. Eu estarei do outro lado e, como candidato, combaterei Lula e todos que estiverem ao lado dele", disse.

Doria disse ser incompreensível que alguém que, na sua avaliação, tenha contribuído para roubar o dinheiro público, que usou a frase 'os fins justificam os meios', desejar voltar ao poder para comandar novamente a Petrobras. "Ainda que Lula tenha  feito política para os mais humildes, para mim os fins não justificam os meios", finalizou o tucano.

A pré-candidatura à Presidência do governador de São Paulo, João Doria, foi alvo nesta terça (8) da mais contundente ação de oposição interna desde que ele venceu as prévias do PSDB, em novembro do ano passado. Parte da ala tucana contrária à candidatura própria ao Palácio do Planalto se reuniu na noite de ontem, em Brasília, na casa do ex-ministro Pimenta da Veiga. Este grupo defende a desistência de Doria da pré-candidatura, com a avaliação de que o paulista ainda não conseguiu se mostrar um candidato competitivo e dificilmente vai se impor como nome da terceira via capaz de romper a polarização entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No PSDB, a disputa por dinheiro do fundo eleitoral e a resistência à candidatura presidencial podem levar a uma debandada de parlamentares da bancada federal da legenda. Pelos cálculos de líderes tucanos, entre 6 e 10 dos 32 deputados devem deixar a sigla. Quadros históricos do partido têm sido procurados por Lula para conversas que constrangem o projeto eleitoral do paulista.

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Em reação ao encontro dos correligionários na capital federal, Doria mobilizou uma ofensiva de aliados nas redes sociais. O entorno do governador, porém, se frustrou com a carta escrita pelo presidente nacional do partido, Bruno Araújo, sobre o assunto. Para tucanos alinhados com o pré-candidato, Araújo - que é coordenador da pré-campanha de Doria - não se posicionou de maneira enfática diante da ameaça pública de dissidência.

"Estando na mesma agremiação política, o coerente é que estejam todos em um mesmo projeto coletivo. Ninguém manda em voto de ninguém e todos que fazem parte de um partido político o são por livre e espontânea vontade. O momento é de fase preparatória de eleição. Há um conjunto de filiados que trabalha na estruturação da candidatura. Que passa não só por estruturação interna, mas também por diálogos em direção à possibilidade a federação partidária", disse o dirigente tucano na carta.

'Ânimo'

Para a reunião na residência de Pimenta da Veiga foram convidados o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o senador Tasso Jereissati (CE), o ex-senador José Aníbal (SP) e o deputado Aécio Neves (MG). "A nossa ideia é dar um ânimo a tal terceira via, a nossa candidatura não deu ainda e nem sei se vai dar", disse Aníbal ao Estadão, que, ao lado do colega Tasso Jereissati, é defensor do apoio à pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MS), do MDB, ao Palácio do Planalto.

Em conversas reservadas, Aécio tem afirmado que "há muita preocupação com a estagnação do Doria". Procurado pela reportagem, ele disse que a reunião de ontem foi "apenas para avaliar cenário".

Uma das alternativas estudadas pelo grupo é viabilizar a candidatura de Eduardo Leite, que perdeu as prévias para Doria, por outro partido. O gaúcho foi convidado pelo PSD, de Gilberto Kassab, mas não decidiu se vai trocar de legenda. Ao Estadão, Leite negou que o jantar serviria para decidir uma desfiliação. "Não tem nada de 'discussão de desembarque'. É apenas uma conversa entre pessoas que estiveram junto do nosso projeto das prévias. Avaliando o contexto político. Conversa para reflexão", disse o governador.

'Educados'

Nas redes sociais, aliados de Doria foram menos amenos. "Os cães ladram e a caravana passa", escreveu o presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi.

Doria não tem dado sinais de abalo com o baixo desempenho nas pesquisas. O governador paulista é reconhecido, mesmo pelos adversários, pela obstinação. No plano interno, ele tem procurado superar desconfianças em relação à movimentação de nomes históricos da legenda, sob assédio de Lula. "Os líderes do PSDB não são malcriados. São pessoas educadas. É o perfil deles. Não vejo impedimento de que eles dialoguem com o ex-presidente Lula. Dialogar não significa apoiar", disse o governador paulista ao Estadão.

Após se reunir com líderes históricos do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo e o ex-senador Aloysio Nunes Ferreira, o petista tenta agora, por meio de interlocutores, marcar um encontro com o senador José Serra (SP). Doria foi eleito prefeito em 2016 e governador dois anos depois com forte discurso antipetista.

Aliados de Doria lembram que FHC publicou um tuíte declarando apoio ao governador paulista na disputa presidencial depois de se encontrar com Lula, e que teria declinado do convite para um novo encontro com o petista. Os demais tucanos também apoiaram o paulista nas prévias.

"Não se pode viver de rancor e amargura. É natural estabelecer pontes para eventualidades que possam surgir. Não se trata de uma estratégia para desestabilizar o Doria. Lula me conhece e sabe que não sou cooptável", afirmou Virgílio.

O ex-prefeito de Manaus, que também disputou as prévias presidenciais do PSDB, foi o único tucano presente no almoço organizado em dezembro passado pelo grupo de advogados Prerrogativas, que reuniu Lula e Alckmin pela primeira vez desde que foi aventada a possibilidade de formação de uma chapa presidencial com os dois antigos adversários.

A aprovação da redução da maioridade penal na Câmara dos Deputados, semana passada, não é vista com bons olhos pela a Ordem dos Advogados do Brasil, secção Pernambuco (OAB-PE). Segundo o presidente estadual do órgão, Pedro Henrique Reynaldo Alves, a matéria viola a Constituição Federal, que em seu Artigo 228 estabelece que a idade penal inicia-se aos 18 anos e que o adolescente responde por seus atos na forma da legislação especial.

“Dizer não à redução da maioridade penal é um consenso em todo o sistema OAB”, declarou Alves. Outro representante da instituição que também se posicionou contrário à aprovação da matéria foi presidente do Conselho Federal da OAB (CFOAB), Marcus Vinicius Furtado Coêlho. Em nota, ele disse que a aprovação da proposta é um retrocesso.

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"Constitucionalmente, a matéria rejeitada não pode ser votada no mesmo ano legislativo. A redução da maioridade, que já possuía a inconstitucionalidade material, porque fere uma garantia pétrea fundamental, passa a contar com uma inconstitucionalidade formal, diante deste ferimento ao devido processo legislativo”, pontuou o presidente. 

Furtado explicou que a matéria possui irregularidades desde seu conteúdo, até a forma de como foi reapreciada na Casa Legislativa e prometeu tomar medidas cabíveis, caso a pauta passe, também, pelo Senado. “Se for aprovada pelo Senado, iremos ao STF com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade para que o Supremo faça prevalecer a hierarquia e a autoridade da Constituição.Temos de ter a clareza que a alteração tópica da redação de uma PEC não é suficiente para retirar um fato: a matéria foi rejeitada em um dia e aprovada no dia seguinte”, relembrou. 

Reforçando os erros durante o processo de votação, Marcus Furtado citou trechos da Constituição que confirmam as ilegalidades. “É justamente esse fenômeno que a Constituição proíbe. Respeitamos os poderes da República e a Constituição. O artigo 60, parágrafo 5º, é uma norma constitucional que veda a utilização a nova votação de matéria rejeitada. Como regra da Constituição, deve ser respeitado. Trata-se do devido processo legislativo. Existe para que maiorias ocasionais não sufoquem as minorias”, destacou. 

Para o presidente do Conselho Federal da OAB é um equívoco “colocar mais alunos nas universidades do crime, que são os presídios do País”. Para ele, a solução seria aumentar o rigor de sanção do Estatuto da Criança e do Adolescente, aumentar o prazo de internação, ampliar o período diário de serviços comunitários para quem comete delitos, obrigar a frequência escolar e o pernoite em casa, além de investir na inclusão de todos.

Outra sugestão de Furtado “é punir de forma mais grave os maiores que se utilizam de menores para o cometimento de crimes”. Ao término da nota ele ainda fez um pedido aos senadores. “Esperamos que o Senado, como casa revisora, não convalide tais inconstitucionalidades", pediu.  

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