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Parentes dos reféns israelenses invadiram uma sessão do Parlamento de Israel nesta segunda-feira, 22, para exigir que o governo faça mais para assegurar a libertação dos sequestrados mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza. Os seguranças do Parlamento de Israel não conseguiram impedir a entrada dos manifestantes, que exibiram fotos de seus parentes. "Vocês não vão ficar sentados aqui enquanto nossas crianças estão morrendo", disseram.

A manifestação é mais um ato de pressão sobre o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. No domingo, 21, ele rejeitou os termos de um acordo oferecido pelos Hamas para libertar os reféns, que exigiam a retirada das tropas do território. "Só a vitória total garantirá a eliminação do Hamas e o regresso de todos os nossos reféns", disse o premiê.

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Os parentes afirmam que todos os dias descobrem que reféns foram mortos em Gaza. O parlamentar Moshe Gafni, que presidia a sessão no Parlamento, integra a coalizão de extrema direita de Netanyahu e disse que o governo está fazendo "de tudo" para libertar os reféns.

Os 240 reféns foram levados no dia 7 de outubro pelo grupo Hamas durante o ataque terrorista ao sul de Israel que deixou mais de 1,2 mil mortos. Desde a invasão, as forças israelenses conduzem uma ofensiva militar em Gaza com bombardeios aéreos e incursão terrestre que deixaram mais de 25 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas.

Em novembro, Hamas e Israel chegaram a um acordo para a libertação de reféns em troca da soltura de prisioneiros palestinos, com a mediação de Catar, Egito e EUA. O acordo envolveu uma trégua de sete dias e a libertação de mais de 100 reféns. Tel-Aviv diz acreditar que o Hamas ainda mantém mais de 130 sequestrados. As Forças de Defesa de Israel confirmaram a morte de 28 israelenses cujos corpos ainda estão sob poder do Hamas.

O Wall Street Journal apontou que EUA, Catar e Egito estão pressionando Israel e Hamas a concordarem com um pacto no qual todos os reféns seriam libertados antes de uma eventual retirada total das forças de Israel.

Na semana passada, um acordo envolvendo a entrega de medicamentos vitais a reféns israelenses foi feito com a mediação do Catar e da França.

Netanyahu se encontrou com alguns parentes ontem e disse que uma "proposta real" de negociação estaria em discussão, sem dar detalhes.

Impopular

A pressão das famílias dos reféns sobre o governo Netanyahu tem aumentado com possíveis impactos políticos. Além dos protestos durante uma sessão do Parlamento, as famílias realizam manifestações na frente da casa do primeiro-ministro e bloquearam o trânsito de uma importante avenida em Tel-Aviv, no domingo.

À frente de Israel por mais tempo do que qualquer outro primeiro-ministro, Bibi é visto internamente como o responsável pela política de segurança que vigorava no país no momento do ataque e, portanto, o principal culpado por suas falhas.

A última pesquisa de opinião realizada pelo Canal 13, divulgada no fim de semana, mostrou que o primeiro-ministro perderia uma possível eleição hoje, e seu partido, o Likud, veria suas cadeiras no Parlamento serem reduzidas à metade.

Se as eleições fossem hoje, o ministro da Defesa Benny Gantz, do partido de centro-direita Unidade Nacional, venceria a disputa com 37 assentos, bem acima dos atuais 12, enquanto o Likud ficaria com 16, metade dos 32 atuais.

Segundo a pesquisa, a atual coligação de governo, liderada por Netanyahu com seus parceiros de extrema direita e ultraortodoxos, não somaria mais de 46 assentos, muito abaixo dos atuais 64 e insuficientes para governar em um Parlamento de 120 deputados. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Desde maio de 2021 fazendo um bom trabalho à frente do Fortaleza, o argentino Juan Pablo Vojvoda é alto de especulações em todo início de nova temporada. Clubes do Sudeste tentam tirar o técnico do Tricolor do Pici e esbarram em negativas. Nesta quarta-feira (17), o estrangeiro falou sobre o assédio e explicou porque segue no Leão cearense.

Em entrevista coletiva, Vojvoda falou sobre o compromisso que firmou com o clube nordestino e deu seus motivos para seguir o projeto no Fortaleza.

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“Porque estou aqui? Porque gosto do clube. Tenho um contrato assinado, um compromisso. Eu vejo aqui um projeto. Sempre vem algumas opções de outros clubes, mas isso não mexe muito com minha cabeça. Estou focado no meu clube e meu clube é o Fortaleza”, disse o argentino.

O treinador também comentou as críticas que recebe de alguns formadores de opinião, que atribuem ao “medo” a recusa dele aceitar treinar clubes “maiores” no Brasil.

“Acho que o Fortaleza é um clube grande, mas que ainda não atingiu o topo. Meu desafio é que Fortaleza e Vojvoda sigam crescendo juntos”, iniciou.

“Não é comodismo, porque o Fortaleza tem pressão também. Quando perdemos, a torcida do Fortaleza é chata também. Estou morando em uma cidade que gosto, porque iria para outra cidade? Por dinheiro? Pode ser, mas tenho o direito de escolher onde quero morar e onde quero trabalhar. Com quem quero trabalhar”, completou.

Por fim, o argentino elogiou o crescimento dos clubes do Nordeste e projeto sucesso na região nos próximos anos.

“O Nordeste é uma praça forte do futebol. Olho os estádios cheios na Copa do Nordeste e nos estaduais. Acredito que um clube nordestino pode conseguir algo importante”, finalizou.

 

A popularização das redes sociais aumentou a pressão sobre as decisões políticas e, para alguns representantes, essa interação no ambiente virtual já ameaça à democracia. A atividade dos eleitores – seguidores - nos perfis oficiais pode ser vista como nociva para o debate de votações importantes e ações do executivo, mas também facilita a fiscalização dos mandatos.

A aproximação virtual com os eleitores incomodou os governadores Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, Rafael Fonteles (PT), do Piauí, e João Azevedo (PSB), da Paraíba, que se mostraram preocupados com a cobrança nas plataformas digitais e como elas influenciam nas deliberações dos mandatos.

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O mestre em Ciências Jurídico Políticas Caio Sousa aponta que essa interação faz parte do novo arranjo dos meios de comunicação. "O que estamos vivenciando é uma disrupção da forma monopolizadora de fazer política, trazendo à tona as vozes antes abafadas pela ditadura e pelo pouco recurso financeiro que não permita alguém falar, hoje basta clicar e escrever numa tela".

Os políticos ainda estão se adequando a essa relação e, apesar do processo ser natural, ainda deve gerar alguns atritos. "A política passou a se adaptar e o pragmatismo eleitoreiro, que antes era visto apenas no período de campanha, passou a ser um comportamento político também cobrado nas redes sociais", observou.

Nesse sentido, o político não seria refém da pressão dos eleitores. Na visão de Sousa, ele precisa ser fiel aos seus discursos e coerente às bandeiras que defendem. "Em um mundo de mais informação circulando, [os políticos] nunca serão reféns de pessoas, mas sempre reféns de suas palavras ditas", frisou.

Uma resposta polêmica a essa pressão seria manter o voto de pautas importantes em sigilo, como aventado pelo governador gaúcho. Para cientista político, essa escolha vai afastar ainda mais a política da população.

“Votos secretos de parlamentares em uma democracia sempre deixaram margem para dúvida daqueles a quem os políticos devem prestar contas. A prática da transparência em tudo”, concluiu. 

 

O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, criticou "pressões corporativas e identitárias" para a escolha do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que ocupará a vaga de Rosa Weber, e do novo procurador-geral da República, que assumirá o lugar de Augusto Aras. Nas redes sociais, nesta terça-feira (26), Cappelli afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz um "grande serviço ao País" ao rejeitar as investidas de setores da sociedade.

O presidente tem sido pressionado a indicar mulheres e pessoas negras para a cadeira no STF por correntes do PT, parte da militância e movimentos afirmativos. Flávio Dino, ministro da Justiça, é um dos cotados para a vaga no Supremo.

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Lula também vai definir o comando da PGR. Ainda há dúvidas se o presidente indicará um nome da lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Em março, o petista afirmou que esse já não é mais um critério. O cargo deverá ser ocupado interinamente pela subprocuradora-geral Elizeta Maria de Paiva Ramos a partir da quarta-feira (27).

"Quem indica o procurador-geral da República? Quem indica para o STF? O povo, através do seu representante eleito. O presidente Lula presta mais um grande serviço ao País ao rejeitar pressões corporativas e identitárias em nome do mais elevado interesse nacional", disse no X (antigo Twitter).

Nesta segunda (25), Lula afirmou que gênero e cor não vão ser os critérios para indicar o nome para a vaga no STF. O presidente afirmou que pretende escolher alguém que possa "atender aos interesses e à expectativa do Brasil" e que "vote adequadamente sem precisar ficar votando pela imprensa".

"Não precisa perguntar essa questão de gênero ou de cor. Eu já passei por tudo isso. No momento certo, vocês vão saber quem eu vou indicar. Eu pretendo indicar a pessoa mais correta que eu conhecer e a pessoa que eu tenho mais fé de que vai ser uma grande pessoa na Suprema Corte, que é isso que o Brasil está precisando", disse.

Segundo o presidente, os anúncios do novo procurador-geral da República e do novo ministro do STF serão feitos "no momento certo".

Maud Le Fort não desfilará nas passarelas da Semana da Moda de Paris, que começa nesta segunda-feira (25), pois privilegiou sua saúde em detrimento de sua carreira como modelo.

Le Fort, que agora tem 30 anos, chegou a Paris com 18 com o sonho de desfilar para as grandes marcas da moda.

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Imediatamente foi classificada como "modelo comercial", quando não é considerada magra o suficiente para desfiles de moda sofisticados.

"Tinha 36,6 centímetros de cintura, 85 cm de busto, ou seja, tinha curvas. Em Paris me disseram que eu só faria lingerie e talvez coisas muito comerciais, mas não muita moda", conta ela à AFP.

Mas a modelo se recusou a desistir de seu sonho e se dedicou a emagrecer ainda mais, mas sem fazer exercício físico, já que músculos também não são bem vistos nas passarelas.

"Me pesavam quase todos os dias. E quanto mais peso perdia, mais elogios eu recebia", relembra.

Com 49 quilos e 1,81 m de altura, Le Fort desfilou para a Armani, Balmain, Jean Paul Gaultier e Yohji Yamamoto. Até que se deu conta de que o que fazia não era normal.

"Um dia disse 'chega'. Vou comer e fazer exercícios", disse.

Aos 30 anos, agora faz aulas de teatro e terapia, para recuperar a confiança em si mesma e deixar os anos de depressão e transtornos alimentares para trás.

"Ainda não aceito completamente o meu corpo como ele é. Não tenho uma relação totalmente saudável com a comida", acrescentou ela.

Atualmente, Le Fort faz ensaios fotográficos com uma pressão muito menor. Mas também se incomoda de ver suas fotos sento retocadas, já que considera que isso cria expectativas irreais para as jovens.

"Isso é muito impactante e triste", ressaltou.

- Desmaios -

A modelo brasileira Tatiana (nome fictício para proteger sua identidade) foi demitida de sua agência após cinco anos quando engordou alguns quilos por conta do estresse e um tratamento hormonal que estava fazendo.

"Me demitiram sem avisar. Perder a moda foi muito difícil", disse ela, que trabalhava como modelo desde a adolescência.

Tatiana recorda que já viu "muitas meninas magras desmaiarem durante as provas, elas mal conseguiam andar de salto alto".

Atualmente com 37 anos, ela trabalha como modelo de provas, quando estilistas querem experimentar seus designs em mulheres do mundo real, ao invés do mundo de fantasia das passarelas.

Sophie (nome fictício) é uma estudante de medicina de 22 anos que mora em Paris. Ela também trabalha como modelo comercial e sonha em desfilar nas principais passarelas, mas sabe que tem uma carreira de longo prazo e não está disposta a sacrificar sua saúde.

"A moda não é um ambiente que eu recomendaria a alguém psicologicamente frágil", confessa.

"Se isso fosse tudo que eu fizesse para viver, estaria constantemente preocupada", contou, admitindo que hoje está satisfeita caso não consiga desfilar nas passarelas.

Angelica também passa por altos e baixos. Na última segunda-feira (17), a apresentadora usou as redes sociais para desabafar sobre a pressão de exibir uma vida perfeita.

"Com o avanço da tecnologia e a polarização das mídias sociais acabamos nos deparando com uma realidade em que tudo parece perfeito, e a cobrança por uma imagem idealizada se torna constante. Eu também já passei por momentos em que senti sobrecarregada com essa pressão toda. A expectativa de sempre estar perfeita e ter uma vida impecável me deixava ansiosa e insegura", disse.

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E completou: "Percebi que precisava encontrar ferramentas de bem estar para aprender a lidar com tudo isso. Através de momentos de auto cuidado e práticas como a meditação e exercícios físicos, encontrei uma maneira de equilibrar a minha relação com as redes sociais".

A esposa de Luciano Huck ainda entregou como anda o seu relacionamento com a internet.

"Aprendi a valorizar quem sou de verdade, reconhecendo que não preciso corresponder aos padrões irreais. Quero encorajar vocês a encontrar ferramentas que promovam o bem estar mental e emocional. Lembrem-se que somos ser humanos reais com altos e baixos, não precisamos nos comparar constantemente com o que vemos nas telas", disse.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária aprovada pela Câmara na madrugada desta sexta (7), inflamou a disputa entre Estados do Nordeste e do Sudeste em torno da divisão de recursos do bilionário Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR), que deve ter patrimônio de pelo menos R$ 40 bilhões e ser usado para diminuir as disparidades regionais.

Insatisfeitos com o texto, os Estados do Nordeste vão buscar o apoio do Norte e do Centro-Oeste para pressionar pela definição dos critérios de divisão do dinheiro do fundo, no que promete ser um dos principais embates em torno da reforma no Senado - onde o projeto passará a tramitar após o recesso parlamentar.

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Os governadores do Nordeste se sentiram traídos nas negociações porque o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que é uma liderança política da região, aceitou que o modelo de partilha só seja definido em legislação complementar, ou seja, fora do texto da Constituição. Segundo apurou o Estadão, esse foi um pedido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), abraçado por Lira.

A insatisfação foi maior porque, para atender Tarcísio, foi incluído no texto um modelo de governança do Conselho Federativo, instância que vai gerir o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). O novo tributo vai unificar o ICMS (estadual) e o ISS (municipal). Para os representantes do Nordeste, não há justificativa para a governança do conselho ter ficado no texto constitucional, e a partilha do fundo, fora.

Lira acenou que vai resolver a divisão de recursos na legislação complementar, e prometeu a líderes e governadores garantir o apoio de um quórum de PEC, ou seja, de 308 votos a favor - sendo que a aprovação de uma lei exige 257 votos. Os Estados do Nordeste querem, no entanto, resolver a fatura ainda na reforma tributária, durante a tramitação no Senado, e desejam também pressionar a União a elevar o valor reservado ao fundo da previsão atual de R$ 40 bilhões para R$ 75 bilhões.

Uma das saídas aventadas para isso seria deslocar parte do valor de um outro fundo previsto na PEC - para compensar o fim de benefícios fiscais - para o fundo de desenvolvimento. Pelo texto que passou na Câmara, esse fundo de compensação vai vigorar de 2025 a 2032, também será financiado pela União e terá, no total, R$ 160 bilhões.

Até pouco antes do início da votação, ainda na noite de quinta-feira, os Estados do Nordeste contavam que a divisão do dinheiro do fundo de desenvolvimento ficaria no texto. Mas o relator da reforma, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), acabou retirando esse ponto da proposta para não prejudicar o andamento da votação, uma vez que não havia consenso sobre os critérios de divisão.

Impasse

Os Estados do Nordeste tentam emplacar a divisão usando como critério o chamado "PIB invertido", pelo qual os Estados mais pobres receberiam mais. Os governadores do Sul e Sudeste admitem receber menos, mas querem inserir algum tipo de mecanismo adicional que permita o acesso a uma fatia maior de recursos do que se fosse utilizado apenas o critério da renda. O impasse, que já dura meses, não cessou até a votação, o que desagradou aos nordestinos.

"Vamos buscar colocar na PEC, durante a votação no Senado, os critérios de divisão do fundo de desenvolvimento do mesmo jeito que colocaram a demanda dos Estados do Sul e Sudeste", disse o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT).

No dia seguinte, Raquel Lyra (PSDB), governadora de Pernambuco, endossou a fala de Fonteles. "É necessário que o critério de distribuição do fundo seja inversamente proporcional ao PIB per capita de cada Estado. É claro que, quem tem menos, precisa de mais. Caso contrário, não falaremos de incentivar o desenvolvimento regional, mas da manutenção das desigualdades existentes", disse. "Não descansarei até garantir que sejamos colocados na posição necessária e justa."

Nesse caldo de insatisfações, sobrou até para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que optou por tomar distância da reforma tributária. Os nordestinos esperavam que ele se empenhasse pelo menos para ajudar nesse ponto na negociação com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Os Estados do Nordeste, Norte e Centro-Oeste temem que, além de "mandar" no Conselho Federativo, os Estados mais populosos do Sul e Sudeste também fiquem com os recursos do FNDR, que levou à inclusão do nome "nacional" no título - justamente para possibilitar a divisão entre todos as unidades federativas.

Emenda 'Cavalo de Troia' autoriza Estados e DF a criar novo tributo

A proposta de reforma tributária aprovada na madrugada de ontem na Câmara autoriza os Estados e o Distrito Federal a criar um novo tributo local para financiar investimentos até 2043. A autorização foi incluída na "emenda aglutinativa" apresentada em plenário durante a votação.

Essa emenda atendia a diversos pedidos de setores e até mesmo do governo Lula. Apelidada de "Cavalo de Troia", tem 34 páginas e artigos que beneficiam de igrejas a clubes esportivos.

Permite, por exemplo, que governadores criem uma contribuição sobre produtos primários e semielaborados produzidos em seus Estados. Esse tipo de contribuição, até agora, era prerrogativa da União.

Para o tributarista Luiz Bichara, do escritório Bichara Advogados, a emenda cria uma nova competência constitucional, dando autorização para que os Estados criem tributos novos. Seria, diz, um "descompromisso" da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) aprovada na Câmara com a manutenção da carga tributária.

"Certamente estamos diante de um dispositivo que vai onerar exportações", disse. "Amanhã os Estados poderão tributar com essa nova contribuição petróleo, energia, minério...", afirmou.

Imunidade

A PEC da reforma tributária também ampliou a imunidade tributária de "templos de qualquer culto", incluindo "suas organizações assistenciais e beneficentes", na contramão da tentativa feita pela Receita Federal nos últimos anos de diminuir essas isenções.

O texto também prevê novas hipóteses de alíquotas reduzidas em 60% do novo imposto para produtos e insumos aquícolas, atividades desportivas e cibersegurança.

Tributaristas alertam que, quanto maior o número de atividades beneficiadas por alíquotas reduzidas, maior será a alíquota padrão.

Além disso, estabelece a volta do programa emergencial de retomada do setor de eventos (Perse); a isenção para reabilitação urbana de zonas históricas e reconversão urbanística; e a obrigatoriedade para que o ministro da Fazenda compartilhe dados e informações, inclusive as protegidas por sigilo fiscal, para cálculo das alíquotas de referência pelo Senado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Logo após auditores do fisco apreenderem em outubro de 2021 no aeroporto de Guarulhos as joias presenteadas pelo regime da Arábia Saudita para o casal Bolsonaro, a equipe do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque acionou a direção da Receita Federal em Brasília para tentar liberar os bens. As joias avaliadas em cerca de R$ 16,5 milhões estavam na bagagem de um auxiliar do ex-ministro e não foram declaradas no momento do desembarque internacional em São Paulo, como revelou o Estadão.

Bento Albuquerque ainda estava no aeroporto quando a chefia da Receita, que era comandada pelo então secretário José Tostes, foi acionada pela equipe do então ministro sob alegação de que havia um problema na alfândega que poderia atrasar a conexão do voo de Bento. Naquele momento, Sandro Serpa, que era subsecretário de Tributação da Receita, recebeu um telefonema do chefe de gabinete do ex-ministro, o contra- almirante José Roberto Bueno Junior.

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A ligação é um novo elemento para mostrar que integrantes do governo Bolsonaro tentaram pressionar o Fisco a liberar os diamantes destinados à primeira dama Michelle Bolsonaro e seu marido.

Ao Estadão, Serpa disse que na ligação telefônica Bueno relatou que havia um "problema em Guarulhos" envolvendo as bagagens da comitiva do ministro e se referiu a um "presente" que poderia atrasar a conexão do seu próximo voo, que seguiria até Brasília.

O chefe de gabinete do ex-ministro alegou que, naquele momento, não havia auditores para atendimento na alfândega, o que Serpa disse ter estranhado, já que os servidores da Receita trabalham sem parar em turnos de 24 horas, em todos os dias da semana.

No dia da apreensão em Garulhos, subsecretário de Tributação da Receita disse que, após receber a ligação do auxiliar do ministro Bento, entrou em contato com o então superintendente da Receita na 8 ª Região Fiscal de São Paulo, José Roberto Mazarin. "Eu fiquei preocupado com a informação de que o ministro iria perder o voo por conta de um suposto não atendimento da Receita. Esse foi o principal motivo de eu ligar para o superintendente", disse.

De acordo com relato de Serpa, Mazarin retornou mais tarde informando que tinha havido a apreensão de um conjunto de joias inicialmente avaliado em US$ 265 mil. Naquele momento, o subsecretário recebeu, inclusive, a foto das joias enviada pelo superintendente da Receita em São Paulo.

O ex-subsecretário do Fisco relata que se surpreendeu com o que viu na foto e percebeu que a Receita tinha feito o seu trabalho. Segundo ele, no dia seguinte, comunicou ao então secretário especial da Receita, José Tostes, do ocorrido. A resposta de Tostes foi a de que já "estava sabendo" do que tinha acontecido. Tostes perdeu o cargo 37 dias após a apreensão.

Serpa informou que não tratou mais do assunto, porque o tema não era da sua área de atuação na Receita, mas do setor aduaneiro. Ele atribui o fato de ter sido o primeiro a ser procurado porque conhecia Bento Albuquerque e José Roberto Bueno quando os três trabalharam no mesmo período na embaixada Brasileira em Washington.

Como revelou o Estadão, Bento Albuquerque e seu assessor, Marcos André dos Santos Soeiro, desembarcaram em Guarulhos no dia 26 de outubro de 2021 no voo 773. Na chegada, Soeiro foi selecionado para vistoria da bagagem, quando foi detectado pelos fiscais um conjunto de joias avaliado em 3 milhões de euros (R$ 16,5 milhões). Bento passou sem ser revistado. Os dois informaram ao Fisco que não tinham nada a declarar na bagagem. Foi quando Soeiro teve a bagagem fiscalizada e as joias foram descobertas.

O governo Bolsonaro acionou pelo menos três ministérios para tentar liberar as joias no final de seu governo. O braço direito do presidente Jair Bolsonaro, o coronel Mauro Cid agiu para tentar retirar do cofre da Receita em Guarulhos a caixa que continha um colar, brincos e anel de diamantes da loja de luxo Chopard. A operação acabou sendo barrada por servidores do fisco que não aceitaram entregar os bens que deveriam ter sido declarados como patrimônio da União.

A defesa do presidente alega que as joias fazem parte da cota de presentes que o chefe do Executivo recebe durante o mandato e podem ser levados para casa como objetos pessoais. Decisão de 2016 do Tribunal de Contas da União indica o contrário do que alega Bolsonaro. Presentes de alvo valor, como joias, fazem parte do acervo da União. Ficam sob a guarda do governo após o fim do mandato do presidente e não podem ser considerados um patrimônio pessoal.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A pressão que o ex-chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes exerceu sobre os servidores públicos para liberar as joias detidas na alfândega de Guarulhos (SP) em favor do governo de Jair Bolsonaro (PL) envolveu atos extraoficiais que, no cargo de comando do órgão, jamais poderiam ter sido utilizados.

O Estadão apurou que, para conseguir reaver as joias estimadas em R$ 16,5 milhões e enviá-las ao então presidente Jair Bolsonaro e à primeira-dama Michelle Bolsonaro, Gomes pressionou servidores de diversos departamentos, por meio de mensagens de texto enviadas por aplicativos como WhatsApp, áudios, telefonemas e e-mails sobre o assunto. A ofensiva alcançou também subsecretários do órgão.

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Em um dos áudios aos quais o Estadão teve acesso, Gomes pede que um servidor acesse outro departamento da Receita - a Coordenação-Geral de Programação e Logística (Copol) - e passe o contato dele para o responsável da área, sob o argumento de que precisa explicar o caso da retenção e que se trata de item que "faz parte do gabinete pessoal" da Presidência da República. "Existe um gabinete pessoal, é um órgão que ele criou", diz.

Na ocasião, Gomes tentava driblar a primeira negativa a sua tentativa de liberar os diamantes dados pelo regime saudita. Na mensagem em áudio, ele afirma: "Eu te liguei agora, não precisa me retornar, não. Mas passa meu telefone, por favor, para o... Pô, eu sei que o sobrenome dele é (Gomes diz o sobrenome do servidor), que é da Copol, e que passou a informação lá para o (Gomes cita o nome do delegado da Receita), lá de São Paulo, dizendo que tem que ser o secretário de Administração da Presidência para assinar o ofício no caso de doação. Eu preciso explicar para ele que não é isso. Que é outra coisa", diz Gomes.

Ele prossegue na mensagem: "É um outro órgão, outra unidade separada da Presidência da República como um todo. É um outro órgão chamado acervo histórico e pessoal. Faz parte do gabinete pessoal da Presidência da República. É um órgão lá dentro que ele criou. Tem um decreto, que ele criou. E o responsável por isso daí é quem assinou o ofício eu vou mandar o decreto".

Acervo

Gomes faz referência na mensagem a um decreto editado há 21 anos - e argumenta que seu pedido para recuperar as joias se baseia neste texto. Trata-se do Decreto 4.344, de 26 de agosto 2002, que trata de regras sobre "preservação, organização e proteção dos acervos documentais privados dos presidentes da República".

Segundo servidores da Receita, no entanto, Gomes adotou uma interpretação equivocada das regras para tentar convencer os funcionários a liberar os diamantes e, portanto, cometeu um ato irregular. Por esse "entendimento" mencionado pelo então secretário da Receita, os presentes recebidos pelos mandatários só devem ser incorporados ao patrimônio público se tiverem sido dados em solenidade de troca de presentes. "Os documentos que constituem o acervo presidencial privado são, na sua origem, de propriedade do presidente da República, inclusive para fins de herança, doação ou venda", afirma a lei.

Em 2016, porém, o Tribunal de Contas da União (TCU) vedou esse tipo de interpretação ao preencher uma lacuna legal e fixar que ex-presidentes só podem ficar com "itens de uso pessoal ou de caráter personalíssimo". O órgão, inclusive, determinou a devolução de 434 presentes recebidos por Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e 117 dados para Dilma Rousseff (2011-2016).

O Estadão apurou que a Copol, após ser provocada pelo ex-secretário, respondeu ao chefe da Receita, por meio de um ofício formal, negando a entrega do conjunto de joias.

Aplicativo

Em outra frente, Gomes enviava documentos por WhatsApp e usava a ferramenta para dar ordens e orientar funcionários. Na avaliação dos servidores, era um ato calculado para evitar deixar suas digitais em sistemas oficiais.

Além da mensagem enviada em áudio para a chefia de seu gabinete, um tipo de atitude que foge do rito interno da Receita, o ex-secretário disparou diversas mensagens a diferentes servidores nos meses que antecederam o fim do mandato de Bolsonaro, na tentativa de retirar o presente dado pela Arábia Saudita dos cofres da Receita, em Guarulhos.

Como revelou o Estadão, seu ato final, depois de recorrer a todas essas pressões, se deu no dia 29 de dezembro do ano passado, quando ele ligou para o primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, que tinha acabado de desembarcar no aeroporto de Guarulhos. A mando do gabinete pessoal de Bolsonaro, o militar viajou para São Paulo para tentar levar as joias.

Na noite daquela quinta-feira, 2, Gomes ligou para o primeiro-sargento e tentou interceder em favor do governo Bolsonaro. Em mais uma ofensiva, buscou convencer o auditor fiscal que estava no aeroporto a liberar o estojo com as joias de diamantes, sem êxito.

Paris

Em 30 de dezembro de 2022, a um dia de acabar o mandato de Bolsonaro, ele foi indicado pelo ainda presidente para assumir um cargo na embaixada brasileira em Paris, mas o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reverteu a nomeação no início do governo Lula.

Por meio de nota, Gomes afirmou que, quando acionou, por telefone, o emissário de Bolsonaro no dia 29 de dezembro, no aeroporto de Guarulhos, seu objetivo não era autorizar a liberação dos itens, mas informar o militar sobre a situação em que os bens apreendidos se encontravam.

"Em relação à conversa telefônica no dia 29 de dezembro, apenas informei ao servidor designado que a incorporação dos itens ainda estava em análise e, portanto, não ocorreria naquela data", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A ministra alemã da Defesa, Christine Lambrecht, apresentou sua renúncia ao chefe de Governo, Olaf Scholz, nesta segunda-feira (16), enfraquecida por uma série de erros e controvérsias.

"O foco da mídia em mim por meses não permite relacionamentos e discussões objetivas sobre os soldados, o Bundeswehr (o Exército alemão) e as orientações da política de segurança no interesse dos cidadãos alemães", lamentou Lambrecht em um comunicado transmitido à imprensa.

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Nesse contexto, "pedi ao chanceler (Scholz) hoje (segunda-feira) para me dispensar das minhas funções como ministra da Defesa", acrescentou.

O nome de seu sucessor, ou sucessora, ainda não foi divulgado.

Lambrecht, uma social-democrata de 57 anos, foi ministra da Justiça no governo de coalizão anterior de Angela Merkel.

Desde o início da guerra na Ucrânia, no final de fevereiro, a ministra se envolveu em uma série de controvérsias. Em uma delas, foi criticada por Kiev ao anunciar o envio de 5.000 capacetes, depois de o governo do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, ter pedido armas pesadas.

No início de janeiro, um vídeo, no qual celebrava o novo ano, também foi alvo de críticas. Nele, a ministra apareceu no centro de Berlim, falando sobre a guerra na Ucrânia, em meio a explosões de bombinhas e fogos de artifício comemorativos.

Aliados do presidente Jair Bolsonaro pressionam o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a escolher nomes da ala ideológica para postos considerados estratégicos. O grupo já fez do deputado federal Capitão Derrite (PL-SP) o preferido de Tarcísio para comandar a Secretaria da Segurança Pública e agora foca em áreas-chave para a pauta conservadora de costumes, como cultura, mulher, família e direitos humanos. A ideia é manter a militância ativa no "bolsonarismo raiz".

O ex-ministro decidiu blindar de indicações políticas os setores ligados à infraestrutura - sua área de origem -, como transporte, logística e habitação, além de saúde e educação. Nomes já foram anunciados para as pastas, e o homem-forte da próxima administração na articulação política será Gilberto Kassab, presidente do PSD e futuro secretário de Governo.

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Enquanto seleciona perfis técnicos para as principais secretarias, Tarcísio debate o desenho das estruturas associadas à chamada "pauta de costumes". Nesta terça-feira, 29, o governador eleito anunciou, por exemplo, a criação de uma pasta dedicada a políticas para mulheres - uma promessa de campanha. A deputada federal bolsonarista Rosana Valle (PL-SP) deve chefiar o órgão, mas ela poderá estar acompanhada nesta empreitada.

Segundo pessoas próximas do governador eleito ouvidas pelo Estadão, uma das possibilidades apresentadas a Tarcísio é incluir a estrutura de "Família" na mesma pasta que deverá ficar com Rosana. Na semana passada, ao tratar do organograma do governo, Tarcísio falava em missões. "O que vai ter é remanejamento de áreas ou até mudanças de nome. Quem define a estrutura é a missão", disse. "Você tem de remanejar e até ter secretarias, como foi prometido a Secretaria da Mulher, mas será outra, transformada."

Nesta semana, o assunto chegou a ser discutido em uma reunião com técnicos do Ministério da Família, da Mulher e dos Direitos Humanos, que atuam no "fortalecimento de vínculos" da família. O governador eleito disse em conversas reservadas que avalia replicar em São Paulo o modelo de organização da pasta, traçado em 2019 por Bolsonaro. A proposta é bem recebida por apoiadores do presidente e evangélicos aliados. Sob o comando da ex-ministra Damares Alves, o Ministério atuou na pauta antiaborto e em defesa do homeschooling.

Perfil moderado

Já para a Cultura, o governador eleito quer escolher um secretário com perfil moderado e com trânsito no setor. Tarcísio pretende se reunir com entidades e representantes da área antes de bater o martelo. O objetivo é encontrar um nome que não seja frontalmente rejeitado pela classe artística e ao mesmo tempo tenha respaldo dos bolsonaristas.

O ator Odilon Wagner, vice-presidente da Associação dos Produtores de Teatro Independentes (APTI), coordena a área na transição, mas há mais nomes na mesa para comandar a pasta, que em 2022 teve um orçamento de R$ 1,2 bilhão. O atual secretário especial de Cultura do governo federal, Hélio Ferraz, é o preferido do ex-secretário Mário Frias, que tem o respaldo do clã Bolsonaro. Advogado de formação, Ferraz foi produtor-executivo de um game-show do agora deputado eleito chamado A Melhor Viagem, anterior à entrada de ambos no governo.

Esse seria o pior cenário para a classe artística, e Tarcísio já está ciente. Por isso, o presidente do Instituto Brasileiro de Museus, vinculado ao Ministério do Turismo de Bolsonaro, Pedro Mastrobuono, ganhou força. Há, porém, setores bolsonaristas que já estão em campanha contra ele. Corre por fora a cineasta Paula Trabulsi com apoio do ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que é próximo ao sócio dela, o ex-secretário de Cultura da capital André Sturm.

'Tragédia'

O secretário de Cultura do Estado, Sérgio Sá Leitão, já apresentou o primeiro relatório sobre a pasta para a equipe de transição. De acordo com ele, será uma "tragédia" se o sucessor for um bolsonarista radical. "O setor quer que essas forças destrutivas, que infelizmente produziram tantos danos no plano federal, permaneçam longe de São Paulo", disse ao Estadão.

Artistas e entidades ligadas ao setor temem que a escolha de um secretário alinhado ao presidente comprometa o perfil independente dos quatro programas de fomento da cultura paulista: Proac ICMS, Proac Editais, Cultura Viva e Difusão Cultural. Juntos, esses programas injetaram R$ 273 milhões em produções neste ano - a escolha dos beneficiários foi feita por comissões com a participação de entidades e servidores.

A comissão do Proac ICMS, que é a versão paulista da Lei Rouanet, alvo de ataques de bolsonaristas, tem mandato de dois anos e é constituída por 14 membros. São sete indicados por entidades, como a APTI e Sindicato da Indústria Audiovisual, e sete servidores da pasta. "São Paulo foi a antítese do governo federal na área de cultura nos últimos 4 anos. Lá os mecanismos de fomento foram reduzidos e as entidades degradadas e aparelhadas. Aqui foi o oposto", disse Sá Leitão.

A assessoria de imprensa do governador eleito afirmou, em nota, que ainda não há definição sobre o novo secretário de Cultura e sobre a estrutura da Secretaria da Mulher. "Discussões sobre escopo da Secretaria da Mulher estão em andamento e serão definidas tendo em vista a melhor forma de contemplar as necessidades das mulheres no Estado. Indicações para cargos no governo estão sendo recebidas e serão acatadas desde que cumpram os requisitos estabelecidos, que são reputação ilibada e capacidade técnica."

Como mostrou o Estadão, outra vitória do grupo que defende a "pauta de costumes" foi a indicação do deputado federal Roberto de Lucena (Republicanos) para a secretaria de Turismo de São Paulo. O parlamentar, que é pastor da Igreja o Brasil para Cristo, é o primeiro evangélico que ocupará alto escalão do governo e também a primeira indicação do Republicanos.

Enquanto faz gestos e busca uma fórmula para acomodar apoiadores do centro político e liberais no seu futuro governo, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta pressão de aliados recentes e históricos do campo da esquerda. A busca é por espaços na administração federal que não fiquem circunscritos a pastas identitárias ou de menor relevância.

Pela primeira vez desde junho de 2004, quando foi fundado o PSOL - a partir de uma dissidência do PT -, um governo petista não deverá enfrentar oposição à esquerda no Congresso Nacional e nos movimentos sociais e sindicatos.

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Depois de abrir mão de lançar candidato próprio à Presidência pela primeira vez em 2022, o PSOL, que elegeu 12 deputados federais, vai reunir sua direção nacional no próximo dia 17 para deliberar sobre o apoio ao governo Lula. Ainda existem resistências internas, mas a ala pró-Lula tem maioria para formalizar o alinhamento. Ao mesmo tempo, negocia espaços no primeiro escalão.

Lula sinalizou à legenda que deve criar o Ministério dos Povos Indígenas e nomear para o comando da pasta a deputada eleita Sonia Guajajara (SP), mas a pasta não satisfaz a legenda. O PSOL disputa com o PSB o Ministério das Cidades e quer emplacar no órgão que deve ser recriado o deputado eleito Guilherme Boulos (SP).

Nos primeiros mandatos de Lula, o PSB comandou o Ministério da Ciência e Tecnologia, mas agora o partido do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin aumentou a fatura. O ex-governador paulista Márcio França conta com o apoio da sigla para comandar a pasta das Cidades, uma das mais influentes do governo.

Criado em 2003 no primeiro mandato de Lula para tratar de políticas de saneamento, habitação e mobilidade, o ministério sempre foi o mais cobiçado por partidos aliados por sua capilaridade política com as prefeituras. No governo Dilma Rousseff, por exemplo, a pasta foi comandada por Gilberto Kassab em troca do apoio do PSD ao governo no Congresso. O dirigente partidário deixou o cargo após o partido apoiar o impeachment.

No governo Michel Temer (MDB), o ministério ficou com o PSDB, nas mãos do então deputado Bruno Araújo, hoje presidente da sigla. Em 2019, Jair Bolsonaro fundiu a pasta com a Integração Nacional e criou o Ministério do Desenvolvimento Regional.

Promessa

Na campanha, Lula prometeu recriar o Ministério das Cidades. Se o PSB vencer essa queda de braço, o PSOL vai tentar emplacar a Secretaria de Habitação da pasta, já que essa é a área de atuação de Boulos. O deputado eleito pretende se projetar para a disputa pela Prefeitura da capital paulista em 2022.

Entre os petistas, porém, a avaliação é de que o ministério pode ser "reservado" a um partido do centro com força no Congresso para garantir governabilidade. Neste caso, o PSD de Kassab é novamente lembrado.

Se o comando da pasta de Cidades gera disputa ente PSOL e PSB, a sigla de Alckmin leva vantagem em outra concorrência: o comando do Ministério da Justiça, que poderá ser chefiado pelo senador eleito Flávio Dino (MA), mas como cota pessoal de Lula. O ex-governador do Maranhão já comanda o trabalho de transição nessa área.

Velha-guarda

O PV, que está na federação com o PT e o PCdoB, fez chegar ao presidente eleito a mensagem de que também quer espaço na Esplanada e cobrou uma reunião com a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, para tratar do assunto. Os "verdes" temem perder espaço no debate ambiental para a Rede, partido da ex-ministra Marina Silva, favorita para voltar ao ministério. Como "plano B", o PV quer indicar nomes para Cultura, Esporte ou Turismo.

Já o PCdoB, aliado de primeira hora de Lula desde 1989, foi contemplado nos governos do PT com o Ministério do Esporte, pasta de baixo orçamento e poder limitado de atuação. No terceiro mandato de Lula, porém, os dirigentes do partido pedem agora um ministério mais robusto. As opções que a legenda colocou à mesa foram Trabalho, Turismo, Cultura ou Ciência e Tecnologia.

Como Lula tem dito que pretende reforçar a presença feminina no governo, o PCdoB apresentou os nomes de Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco e presidente do partido, e da deputada federal fluminense Jandira Feghali, que tem bom trânsito na área cultural. Outro nome na lista é de Davidson Magalhães, do PCdoB baiano.

Lideranças da legenda também dizem em conversas reservadas que gostariam de indicar a ex-deputada Manuela d'Ávila (RS) ou o deputado Orlando Silva (SP), ex-ministro do Esporte, para a Comunicação Social. Neste caso, porém, seriam indicações como parte da cota pessoal de Lula.

Em outro aspecto importante, o terceiro mandato presidencial do petista vai começar em 2023 em uma situação inédita de ausência de oposição nos movimentos sociais, onde o PSOL tem forte atuação, especialmente na área sindical. Antigos adversários, como a Força Sindical, ligada ao Solidariedade, a UGT, que está na área de influência do PSD, e sindicatos ligados ao PSOL estão agora se reorganizando em torno do governo federal. Esse movimento, porém, pode ser impactado por uma eventual agenda mais ao centro, o que enfraqueceria os governistas de esquerda.

Transição

Procurados, os dirigentes dos partidos não quiseram se pronunciar porque temem que qualquer declaração agora possa tumultuar as negociações em um momento delicado. Dos mais de 300 integrantes nomeados para o grupo de transição, aproximadamente um terço é de filiados ao PT. O PSB do futuro vice-presidente Geraldo Alckmin tem 15 representantes no gabinete instalado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.

Ao todo, há integrantes de 17 partidos na equipe de transição, inclusive do Centrão, como o PP, hoje aliado de Bolsonaro no Congresso. O deputado Neri Geller e a senadora Kátia Abreu, ambos ex-ministros, são filiados ao PP e estão no grupo de agricultura. Kátia foi uma das aliadas mais fiéis da então presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment, em 2016.

A transição também conta com representantes do MDB (9), partido da senadora e provável ministra Simone Tebet, PCdoB (7), PSOL (8), PSD (7), Rede (6), PDT e PV (3 cada), Avante, Cidadania, Solidariedade (2 cada), Agir, Pros, PSDB e PTB (1 cada).

O PSB ganhou assentos no núcleo temático de ciência, Tecnologia e Inovação, entre os quais o vice-presidente da Fundação João Mangabeira (FJM), Alexandre Navarro. A legenda também possui representantes no grupo de turismo e no de cidades.

Na equipe que vai discutir políticas públicas voltadas aos indígenas, que devem ser incorporadas ao futuro Ministério dos Povos Originários, o PSOL é quem tem mais representantes, com dois nomes: as deputadas eleitas Sônia Guajajara (SP) e Célia Xakriabá (MG). A legenda é a terceira com a maior quantidade de filiados na transição.

Articulação

PCdoB

Aliado de Lula desde 1989, partido ocupou o Ministério do Esporte nos governos petistas. Agora quer uma pasta maior e com orçamento mais robusto. As opções postas na mesa são os Ministérios da Cultura, do Trabalho ou da Ciência e Tecnologia.

PSB

O partido comandou o Ministério da Ciência e Tecnologia nos governos Lula, mas em 2015 as bancadas pessebistas na Câmara e no Senado apoiaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Agora a legenda quer indicar o ex-governador de São Paulo Márcio França (foto) para o Ministério das Cidades.

PSOL

Legenda que nasceu de uma dissidência do PT, o PSOL vai apoiar o governo do presidente Lula pela primeira vez. A sigla tenta emplacar o deputado federal eleito Guilherme Boulos (foto) no Ministério das Cidades, ou ficar com a Secretaria da Habitação. Lula ofereceu Povos Indígenas.

PV

O Partido Verde quer espaço no Ministério do Meio Ambiente no governo que se inicia em janeiro de 2023, mas a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), uma referência na área e ex-ministra da pasta, é favorita.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou, nessa segunda (21), que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva não tem pressa para indicar os ministros do novo governo antes da posse. A deputada considerou "difícil" a divulgação nesta semana de nomes que vão ocupar a Esplanada a partir de 2023 e afirmou que a ansiedade é mais do mercado do que do Congresso.

"Eu acho que ele (Lula) não está com tanta pressa. O pessoal do mercado que está mais ansioso, alguns estão mais ansiosos. Mas acho que ele está com a coisa bem resolvida na cabeça", disse Gleisi, a jornalistas, na Câmara dos Deputados. A petista afirmou que Lula vai a Brasília amanhã, mas "não adiantou nada" sobre a composição dos ministérios.

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No Twitter, Gleisi afirmou ser necessária uma "mobilização" para aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da transição, cujo texto final deverá ser apresentado até amanhã. "Ela é fundamental para atender os brasileiros que mais precisam e assim dar o primeiro passo pra reverter caos social", escreveu a petista.

Grazi Massafera viu o seu nome viralizar após sua participação em Travessia, nova novela da Rede Globo. A atriz deu vida a Débora, noiva de Guerra, mas morreu no primeiro capitulo em um acidente de carro.

Aos 40 anos de idade, solteira e mãe de Sofia, Grazi falou da pressão que sofre para arrumar um parceiro. Em uma entrevista ao veículo O Globo, ela contou que não cede as pressões:

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- É uma questão de a gente não ceder a uma estrutura de cultura que institui que, se a mulher não está acompanhada, ela deu errado. [O desabafo] foi na intenção de a gente poder falar: eu tenho essa escolha, não preciso ceder a pressões. Se a gente já faz esse questionamento em relação à estética e a outros (tabus), por que não? Sou a favor de relacionamento, de encontrar o amor, mas quando se faz essa reflexão a pessoa fica ainda mais preparada para uma relação.

A atriz também falou um pouco da preparação para viver Débora:

- Tentei me jogar com a intensidade que essa personagem exigia. Eu sabia que eram só algumas cenas no primeiro capítulo, então eu tinha que contar essa história da melhor maneira possível. Ela tinha que ser meio furacão. E, para isso, nada melhor do que essa intensidade. Trabalhei cena a cena.

Diante da repercussão do seu belíssimo trabalho, Grazi agradeceu todas as mensagens de carinho:

- Nossa! É tão bacana... Fiquei tanto tempo fora da televisão, sem fazer uma personagem, só estudando. Fui para a Espanha aprender mais e, por escolha, não quis aceitar nada nos últimos anos porque foi ótimo, e ainda está sendo, passar mais tempo com a Sofia. Por esse período todo pensei: Não quero estar de novo no olho do furacão e nem quero perder isso. Estou amando o que faço, atuar, mas tem horas que entro em crise. A profissão de ator tem isso.

Agora, com as gravações de sua parte em Travessia encerradas, a atriz está se preparando para um novo desafio:

- Sou apaixonada pelo Maurinho e admiro a Gloria como autora, como mulher. Agora, tenho um filme engatado ('Uma família feliz', de Raphael Montes e José Eduardo Belmonte). E todas as cenas da novela já foram gravadas. Já entro em preparação para o longa semana que vem. Estou bem ansiosa para esse projeto, que sai do drama e vai para o suspense. Sou fascinada por filme de terror, assistia desde pequena quando minha mãe deixava.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversou nesta sexta-feira, 29, com o chanceler russo, Serguei Lavrov, e aumentou a pressão para que Moscou aceite uma troca de presos: a estrela do basquete Brittney Griner e o ex-fuzileiro naval Paul Whelan, americanos presos na Rússia, pelo traficante de armas Viktor Bout, vivido no cinema pelo ator Nicolas Cage no filme O Senhor das Armas, de 2005, que está trancafiado em uma prisão de Illinois.

Blinken confirmou o diálogo com Lavrov, mas não deu detalhes sobre a receptividade da proposta. Antes da conversa, o chanceler russo disse que estava "aberto para negociar". "Pedi que Lavrov considerasse a proposta", disse Blinken. "Não vou falar sobre a resposta e não posso dizer se acho que as coisas são mais ou menos prováveis."

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Na versão da conversa divulgada pelo Kremlin, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que, ao falar sobre uma possível troca de presos, Lavrov sugeriu a Blinken retornar ao procedimento conhecido como "diplomacia silenciosa", para evitar especulações.

De fato, a ideia parece ter sido seguida à risca pelo governo russo. Questionado sobre o assunto, Dimitri Peskov, porta-voz do Kremlin, se esquivou de perguntas sobre o tema. "Sabemos que este tipo de assunto é discutido sem revelar qualquer informação à imprensa. Geralmente, as pessoas ficam sabendo sobre o assunto quando o acordo já foi selado", disse.

Acidente

Griner, de 31 anos, é uma estrela do basquete americano. Em 2014, foi campeã da WNBA, a liga americana feminina, pelo Phoenix Mercury, e bicampeã olímpica pelos EUA, nos Jogos do Rio, em 2016, e de Tóquio, em 2021.

No dia 17 de fevereiro - antes da invasão russa da Ucrânia -, ela desembarcou em Moscou para disputar o campeonato russo de basquete pelo UMMC Ekaterinburg. É comum que jogadoras americanas participem de outras ligas durante a intertemporada da WNBA, para complementar os salários, bem mais baixos do que os pagos na liga masculina, a NBA.

Funcionários da alfândega do aeroporto de Moscou descobriram dentro de sua bagagem cartuchos de cigarros eletrônicos com óleo de haxixe - que é ilegal na Rússia. No julgamento, Griner se declarou culpada e disse que embalou acidentalmente uma pequena quantidade da substância, usada sob orientação médica para controle da dor causada por lesões. Agora, ela pode pegar até 10 anos de prisão.

O outro americano envolvido nas negociações é Paul Whelan, ex-executivo da Marinha e de segurança corporativa. Ele foi detido em 2018 em um hotel de Moscou, onde estava hospedado para o casamento de um amigo. Em 2020, um tribunal russo o condenou a 16 anos de prisão por espionagem, acusação que ele nega.

Para o Departamento de Estado dos EUA, Whelan e Griner estão "detidos injustamente". Para resolver o problema, que vem atormentando o presidente americano, Joe Biden, a Casa Branca parece disposta a pagar um preço alto: abrir mão de Bout, um dos maiores traficantes de armas do mundo.

'Senhor das armas'

Bout, hoje com 55 anos, nasceu no Tajiquistão e fez carreira no Exército soviético. Especialista em línguas, fala russo, português, inglês, francês, árabe e farsi, tornou-se um oficial da Força Aérea, onde descobriu sua verdadeira vocação: o tráfico de armas.

Após o colapso da União Soviética, com equipamentos militares e um arsenal escorrendo pelo mercado negro, Bout construiu um império logístico, entregando armamento para gente da pior espécie, rebeldes, militantes e terroristas - incluindo Al-Qaeda, Taleban e milícias de Ruanda.

Depois de escapar de várias armadilhas americanas, durante duas décadas, Bout foi preso em Bangcoc, na Tailândia, em 2008, quando aceitou se encontrar com agentes disfarçados da DEA (agência antidrogas dos EUA), que diziam ser representantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Extraditado para os EUA, ele foi condenado a 25 anos de prisão. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, sob pressão intensa depois de perder o apoio do Partido Conservador, está cada vez mais perto da renúncia.

A BBC informou que Johnson renunciará nesta quinta-feira como líder do partido, o que significa que também deixará o posto de chefe de Governo. E Downing Street anunciou que ele fará um discurso aos britânicos durante o dia.

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O novo ministro das Finanças, Nadhim Zahawi, nomeado na terça-feira depois que Rishi Sunak anunciou sua demissão e provocou o início da pior crise do mandato de Johnson, se uniu nesta quinta-feira aos pedidos de renúncia do primeiro-ministro, depois que o chefe de Governo perdeu o apoio do Partido Conservador em meio a vários escândalos.

"Sabe em seu coração o que é o correto, saia agora", escreveu em uma carta publicada no Twitter.

Michelle Donelan, nomeada na terça-feira para o ministério da Educação para substituir Zahawi, apresentou o pedido de demissão apenas 48 horas depois de assumir a pasta.

Outro pedido de demissão veio do ministro para a Irlanda do Norte, o até agora leal Brandon Lewis, o que eleva a mais de 50 o número de renúncias no Executivo desde as saídas de Sunak e do ministro de Saúde, Sajid Javid, na tarde de terça-feira.

"Um governo decente e responsável se baseia na honestidade, integridade respeito mútuo", afirmou Lewis. "Lamento profundamente ter que deixar o governo porque acredito que estes valores não são mais respeitados", acrescentou.

Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, principal força da oposição britânica, afirmou que a perspectiva de renúncia do primeiro-ministro é uma "boa notícia".

Ele considerou, no entanto, que não basta mudar o líder do Partido Conservador. "Precisamos de uma verdadeira mudança de governo", disse Starmer.

Johnson resistia

Para demonstra que não pretendia sair sem lutar, Johnson demitiu na quarta-feira à noite o ministro da Habitação e Governo Local, Michael Gove, seu braço direito na campanha de 2016 a favor do Brexit, que pediu sua renúncia pelo bem do partido e do país.

No fim da tarde de quarta-feira, um grupo de colaboradores próximos de Johnson, incluindo a ministra do Interior Priti Patel, compareceu a Downing Street para pedir que ele aceitasse que, sem o apoio do partido, não tinha condições de prosseguir no cargo.

De acordo com o jornal The Sun, Johnson disse a seus colegas que eles precisariam ter "sangue nas mãos" para removê-lo do cargo.

Mas na manhã desta quinta-feira, as manchetes da imprensa britânica destacam a situação insustentável do chefe de Governo.

O Daily Express, jornal favorável aos conservadores, cita a "última batalha" de Johnson e o Daily Telegraph afirmou que o primeiro-ministro estava "mortalmente ferido".

Sem governo funcional

As renúncias de Javid e Sunak aconteceram poucas horas depois de Johnson apresentar desculpas pela enésima vez, ao admitir que cometeu um "erro" por ter nomeado para um cargo parlamentar importante Chris Pincher, um conservador que renunciou na semana passada e reconheceu ter apalpado, quando estava embriagado, dois homens, incluindo um deputado, em um clube privado do centro de Londres.

Depois de afirmar o contrário em um primeiro momento, Downing Street reconheceu na terça-feira que o primeiro-ministro havia sido informado em 2019 sobre acusações anteriores contra Pincher, mas havia "esquecido".

Os britânicos esperam que o governo se comporte de maneira "competente e séria, e é por isto que peço demissão", escreveu Sunak em sua mensagem a Johnson. Javid afirmou que os britânicos precisam de "integridade por parte de seu governo".

Manobra contra Johnson

O primeiro-ministro sobreviveu no início de junho a um voto de desconfiança, uma iniciativa de rebeldes do partido para tentar afastá-lo do poder.

Apoiado por 211 dos 359 deputados conservadores, Johnson conseguiu permanecer no cargo, mas os 148 votos contra ele deixaram evidente o descontentamento interno.

As regras do partido estabelecem que este procedimento não pode ser repetido durante 12 meses, mas muitos conservadores querem uma mudança para voltar a tentar outra manobra contra Johnson.

Johnson está envolvido em polêmicas que vão do "partygate", o escândalo das festas em Downing Street durante as restrições sanitárias, ao financiamento irregular da reforma da residência oficial, passando por acusações de clientelismo.

Grande vencedor das legislativas de dezembro de 2019, quando conseguiu a maioria conservadora mais importante em décadas com a promessa de concretizar o Brexit, o primeiro-ministro perdeu grande parte da popularidade.

As pesquisas mostram que a maioria dos britânicos o considera um "mentiroso".

Johnson será investigado por uma comissão parlamentar para determinar se enganou de maneira consciente os deputados quando, em dezembro, negou as festas que violaram as regras anticovid.

E o fato de ter afirmado que não sabia das acusações contra Pincher quando muitos alegaram o contrário e de ter reconhecido o "esquecimento" reforça as acusações de que o primeiro-ministro brinca com a verdade.

Derrotas eleitorais recentes, como a de 23 de junho em duas legislativas parciais, convenceram um número crescente de rebeldes dentro do Partido Conservador de que Johnson não pode mais liderar o partido nas eleições gerais previstas para 2024.

A pressão que o governo Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), têm feito para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria o bolsa-caminhoneiro e amplia auxílios voltados à população de baixa renda atropela todo o rito legislativo que está previsto na votação de um texto do gênero.

Nos planos de Lira, a PEC será votada em dois dias, um processo que, em condições normais de consenso parlamentar, costumaria levar meses para ser concluído, pelo simples fato de a PEC ser um dos textos mais importantes do processo legislativo, ao mexer diretamente com a Constituição federal.

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No cronograma do governo, o texto deve ser submetido já nesta quarta-feira, 29, ao plenário do Senado, para seguir nesta quinta, 30, para a Câmara. Uma vez votado pelos deputados, o pacote seria promulgado pelo Congresso.

Pelo rito legislativo, qualquer PEC que seja apresentada - seja pelo presidente da República, por um terço dos deputados (171) ou por um terço dos senadores (27) - tem de ter seu texto submetido, inicialmente, à Comissão de Constituição e Justiça. É a CCJ que avalia se a proposta viola alguma cláusula pétrea prevista na Constituição.

Se o texto for aprovado na CCJ, forma-se, então, uma comissão especial para analisar o mérito dessa PEC. É o momento de discussão aprofundada do texto. A comissão tem de realizar ao menos dez sessões parlamentares para avaliar o texto e eventuais alterações na proposta original. Se for necessário, a comissão pode fazer até 40 sessões até que o texto siga para votação.

Uma vez aprovada, a proposta vai ao plenário de cada Casa. Tem de passar por dois turnos de votação, sendo que a aprovação só é confirmada com os votos favoráveis de 308 deputados e de 49 senadores, equivalentes a três quintos de cada Casa. Só após todo esse processo é que a PEC pode ser promulgada, em sessão realizada pelo Congresso Nacional.

'Amarração'

"É preciso aguardar o relatório, para entender como se fez a amarração deste conjunto de improvisos e devaneios. E também lembrar o descumprimento do acordo de manutenção de valores para Fundeb, Educação e Saúde, que foram vetados por Bolsonaro. Defendo que este é um ponto que deve ser resolvido antes de avançar em qualquer outra coisa", diz o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE).

Na avaliação de Vieira, se tudo corresse de forma acelerada, com matéria consensual, seria possível aprovar uma PEC "em algumas semanas".

O líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), discorda da avaliação de atropelo do processo legislativo e cita ações de outros países, que já fizeram repasses de dinheiro à população. "O assunto é urgente. Emergência internacional. O mundo está seguindo os mesmos caminhos do Brasil, como a Espanha", disse ele. "A Espanha fez corte de impostos e benefícios na ponta. Copiando-nos, enquanto discutimos."

'Jeitinho'

"A PEC 16 é um jeitinho que estão buscando para burlar as regras que norteiam o Direito Eleitoral, e que incluem princípios e normas constitucionais. Ela (a PEC) é populista, assistencialista e fere os princípios da razoabilidade e da moralidade, na medida em que estão falindo o Estado brasileiro para financiar uma reeleição (de Bolsonaro)", diz Alexandre Rollo, doutor em Direito pela PUC/São Paulo e conselheiro estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP).

Para o advogado Acacio Miranda da Silva Filho, doutor em Direito Constitucional e professor de Direito Eleitoral, "salta aos olhos a celeridade imposta ao projeto, fato não replicado nos demais temas que tramitam no Congresso".

Debate tem 'jogo de empurra'

O governo está com dificuldade para colocar em pé a bolsa-caminhoneiro, benefício de R$ 1 mil mensais. A medida foi negociada pelo Palácio do Planalto com lideranças do Congresso sem que estivesse definido o modelo do programa, a lista dos beneficiados, como fazer a transferência do benefício e, depois, a fiscalização do uso do dinheiro. Por isso, o auxílio vem sendo chamado ironicamente pelos técnicos do governo de "Pix caminhoneiro".

É uma situação diferente em relação ao Auxílio Brasil, cujos candidatos fazem o cadastramento para se habilitar ao programa nos centros de referência de assistência social das prefeituras, os Cras, e que já estão em atividade. Um "jogo de empurra" em torno da responsabilidade pela implantação do benefício se instalou na Esplanada. O Ministério da Economia transferiu a tarefa para o Ministério da Cidadania, que a repassou para o Ministério da Infraestrutura.

Como mostrou o Estadão, o governo pretende se basear em um cadastro genérico da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que inclui, até mesmo, registros de veículos menores, como kombi e furgão, podendo abrir espaço para uma série de fraudes. O cadastro tem sido ampliado.

Dirigentes de partidos da coligação de apoio à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram informados por aliados de Márcio França (PSB) que o ex-governador deve divulgar a decisão de desistir da corrida ao Palácio dos Bandeirantes em breve.

A definição da vice na chapa de Fernando Haddad (PT) deve ocorrer após o anúncio de França. O petista deseja Marina Silva (Rede) como parceira na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, mas o PSB tenta emplacar o nome de Lu Alckmin, mulher de Geraldo Alckmin, para o posto, e o PSOL cobra o espaço.

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Em troca de sair da disputa pelo governo de São Paulo, França deve aceitar a sugestão do PT e disputar uma vaga ao Senado na chapa com Haddad. O PSB ainda negocia, no entanto, mais influência na campanha paulista. Além da vaga de senador, França tem pleiteado a indicação do primeiro-suplente ao Senado.

A costura para que França desista foi feita por Lula, que mais uma vez se reuniu com o ex-governador, na sexta-feira passada, 24. Nos últimos meses, o petista tem insistido na aproximação com o aliado do PSB e trabalhado, nos bastidores, para abrir o caminho para a candidatura de Haddad em São Paulo.

Procurados, a assessoria do PSB e o próprio França não comentaram. Aliados do ex-governador, no entanto, disseram que ele ainda não esgotou as tratativas com Gilberto Kassab (PSD) e Luciano Bivar (União Brasil). Se conseguir atrair apoio de um dos partidos, tentará se manter na corrida no Estado.

Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura e candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL), no entanto, afirmou, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que também está em negociação com Kassab.

O PT esperava que o anúncio da desistência já tivesse ocorrido, pois França sinalizou que faria o movimento após se reunir com lideranças do PSB, nesta segunda-feira, 27. Ainda assim, os partidos da coligação aguardam para esta semana o anúncio.

O governo de São Paulo é considerado por Lula o principal nó a ser desatado nas tratativas com o PSB sobre os palanques estaduais. Isso porque o petista quer fazer campanha no Estado ao lado do ex-governador Alckmin, vice candidato à Presidência. Com França e Haddad concorrendo na disputa ao governo estadual, no entanto, o palanque Lula-Alckmin fica limitado.

Expectativa no PSOL

Com a circulação, nos bastidores, da informação sobre a decisão de França, cresceu no PSOL a expectativa de compor a chapa de Haddad com a indicação de um candidato a vice-governador. O partido abriu mão de ter um candidato ao Palácio do Planalto neste ano, em apoio a Lula, e o líder do movimento social por moradia MTST, Guilherme Boulos, desistiu de sua candidatura ao Estado, em apoio a Haddad.

Agora, os psolistas esperam ter os gestos reconhecidos e integrar a chapa ao Palácio dos Bandeirantes. Neste caso, o indicado pelo PSOL seria o presidente nacional da legenda, Juliano Medeiros. O partido aguarda a decisão de França, tratado como prioridade pelo PT, antes de cobrar seu lugar na campanha.

"O PSOL de São Paulo reivindica o espaço dentro da composição majoritária, que envolve a vice ou o Senado. O PT deixou claro que prioriza a negociação com Márcio França. Estamos em compasso de espera", disse Medeiros, em entrevista ao Estadão publicada neste domingo, 26.

Haddad resiste, no entanto, em ter um nome do PSOL ao seu lado na disputa. O ex-prefeito prefere uma mulher e representante de um partido de centro, para ajudar a romper resistências contra o PT no interior paulista.

A candidata ideal para Haddad, segundo aliados do petista, é a ex-ministra Marina Silva. Haddad teve o aval de Lula, segundo fontes que acompanham a negociação, para atraí-la para a chapa. A Rede, no entanto, prefere que a ex-ministra concorra a deputada federal, pois é a principal "puxadora" de votos do partido.

A Rússia declarou nesta terça-feira (28) que visa a rendição da Ucrânia, um dia após um bombardeio russo que matou 18 pessoas em um shopping em Kremenchuk e apesar do firme apoio e da unidade reafirmada pelo G7.

"A parte ucraniana pode acabar (com o conflito) no dia de hoje" se "ordenar" aos seus soldados que "entreguem as armas", afirmou Dmitri Peskov, porta-voz de Vladimir Putin.

Mas o ataque russo ao centro comercial na segunda-feira revigorou ainda mais a determinação ucraniana.

Em uníssono com as condenações ocidentais, o G7, reunido no sul da Alemanha, denunciou um "crime de guerra".

"Dezoito mortos... Minhas sinceras condolências às famílias e entes queridos. Os socorristas continuam trabalhando", declarou o chefe interino da administração regional de Poltava, Dmytro Lunin, sobre o bombardeio que atingiu a cidade localizada 330 km a sudeste de Kiev e a mais de 200 km da frente de combate.

- "Terrorismo" -

O edifício ficou em ruínas, cercado por estruturas de concreto e vidro, observou um jornalista da AFP no local.

Quatro guindastes gigantes foram instalados no local para retirar os detritos pesados. O estacionamento do shopping foi transformado numa zona de emergência onde trabalham socorristas e bombeiros.

É "um dos atos terroristas mais vergonhosos da história europeia", denunciou o presidente ucraniano Volodimir Zelensky, pedindo que a Rússia seja designada como "Estado patrocinador do terrorismo" após este ataque a "uma cidade pacífica, um shopping comum".

Em Nova York, o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, lembrou que os beligerantes estavam obrigados pelo direito internacional a "proteger os civis e infraestruturas civis", considerando o novo ataque "totalmente lamentável".

Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU sobre os últimos bombardeios russos contra alvos civis na Ucrânia está programada para hoje às 16h00.

O exército russo, por sua vez, alegou ter atingido um depósito de armas, causando explosões que, segundo Moscou, incendiaram um shopping center abandonado.

De acordo com a Força Aérea ucraniana, o shopping foi atingido por mísseis antinavio Kh-22 disparados por bombardeiros de longo alcance Tu-22 da região russa de Kursk.

A Ucrânia é confrontada há cinco meses a "uma brutalidade" sem precedentes "desde a Segunda Guerra Mundial", lamentou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

"A Rússia não pode e não deve vencer" a guerra e as sanções contra ela serão mantidas "enquanto for necessário", acrescentou o presidente francês, Emmanuel Macron, ao final do G7, que concluiu seus trabalhos nesta terça-feira.

Os ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, prometeram assim apertar o cerco contra Moscou, visando a indústria de defesa russa em particular.

A maratona dos ocidentais continua esta noite com uma cúpula da Otan em Madri, um encontro no qual Zelensky também deve participar remotamente.

- Petróleo -

Também pretendem desenvolver um "mecanismo para limitar o preço do petróleo russo em nível global". Outra alavanca operada pelo Ocidente: o G7 "coordenará o uso de taxas alfandegárias sobre produtos russos para ajudar a Ucrânia".

O objetivo geral é "aumentar" os custos da guerra para a Rússia, resumiu o chanceler alemão Olaf Scholz, anfitrião da cúpula.

O G7 também promete participar da reconstrução do país por meio de uma conferência e plano internacionais.

Neste contexto, a Rússia baniu de seu território 25 americanos, incluindo a esposa e a filha do presidente Joe Biden.

Mas apesar do peso das sanções que atingem a economia russa, o Kremlin assegurou que "não há razão" para falar de default.

As autoridades russas, no entanto, reconheceram que, por causa das sanções, duas parcelas não chegaram aos credores até o prazo de domingo. Trata-se, de fato, de um "calote", estimou nesta terça-feira a agência de notação Moody's.

- Cidade em "ruínas" -

Poucas horas após o anúncio do bombardeio de Kremenchuk, as autoridades ucranianas anunciaram outro ataque mortal russo contra civis em Lyssychansk, um reduto estratégico de resistência ucraniana na bacia do Donbass (leste).

Nesta cidade gêmea de Severodonetsk, recentemente tomada pelos russos, pelo menos oito civis ucranianos foram mortos e mais de 20 outros, incluindo duas crianças, ficaram feridos enquanto "recolhiam água de uma cisterna", anunciou o governador da região de Lugansk, Sergei Gaïdaï.

Lysytchansk é a última grande cidade a ser conquistada pelos russos nesta província.

"Nossos defensores mantêm a linha, mas os russos reduzem a cidade a ruínas com artilharia, aviação (...) A infraestrutura está completamente destruída", detalhou Gaïdaï.

A conquista do Donbass, já parcialmente controlado por separatistas pró-Rússia desde 2014, tem sido o objetivo prioritário dos russos desde que se retiraram dos arredores de Kiev no final de março.

A Rússia também lançou 11 foguetes durante a noite em Mykolaiv (sul), segundo o chefe distrital desta cidade. Alguns foram interceptados, mas três pessoas morreram em Ochakiv, incluindo uma menina de 6 anos.

O comando do Centrão pressiona o presidente Jair Bolsonaro (PL) a substituir o general Walter Braga Netto pela deputada Tereza Cristina (Progressistas-MS) como vice de sua chapa. O movimento se intensificou nos últimos dias, diante da estagnação de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto, e tem potencial para provocar uma guinada na campanha pela reeleição. As articulações são para montar uma chapa Centrão "puro sangue", esvaziando o poder militar.

A possível troca foi tratada ontem durante almoço entre Tereza Cristina, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Ex-ministra da Agricultura, a deputada é pré-candidata ao Senado por Mato Grosso do Sul e lidera as pesquisas.

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A mudança na vice vem sendo avaliada para atrair o voto de mulheres - uma vez que Bolsonaro enfrenta forte rejeição no eleitorado feminino - e, de quebra, ampliar a adesão de líderes do agronegócio à campanha. A equipe de Bolsonaro também quer que ela ajude mais na arrecadação de doações eleitorais de ruralistas.

O presidente disse, porém, que não bateu o martelo sobre a substituição. "Como é que eu vou trocar de esposa se nem casei ainda?", desconversou, ao definir tanto Tereza Cristina como Braga Netto, ex-ministro da Defesa, como "cotadíssimos" para a vaga.

RUMO

A ala política do governo, nas mãos do Centrão, admite que a mudança de vice é delicada por desagradar aos militares, mas necessária para dar um rumo à campanha. A avaliação é a de que o presidente necessita com urgência de um "fato político" para sair de sucessivas "pautas negativas" que pesam contra o governo.

Interlocutores de Bolsonaro observaram, ainda, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), favorito nas pesquisas, tentou reeditar a "Carta ao Povo Brasileiro" de 2002 - para acalmar o mercado financeiro -, ao anunciar uma dobradinha com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), seu antigo adversário. No diagnóstico desses aliados, a entrada de uma mulher na chapa de Bolsonaro não apenas faria contraponto com Lula como daria um "empurrão" para que ele ultrapassasse o petista. Braga Netto, ao contrário, não agregaria votos.

Em conversas reservadas, no entanto, Bolsonaro já disse que a escolha do ex-ministro da Defesa para compor a chapa funciona como uma espécie de "seguro contra o impeachment", caso seja eleito. Até agora, ele resiste a fazer a mudança.

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