Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Argentina, Cristina Kirchner, e do Uruguai, José Mujica, assim como a presidente Dilma Rousseff, fizeram questão de citar o Paraguai, na declaração que fizeram à imprensa no Palácio do Planalto na terça-feira, e classificaram como "momento histórico" a entrada da Venezuela no Mercosul.
A presidente da Argentina, em sua fala, pediu "o fim dos paraísos fiscais" e afirmou que a crise financeira internacional se iniciou nos centros financeiros e paraísos fiscais.
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Depois do discurso de Dilma Rousseff, foi a vez de Hugo Chávez, que aproveitou para responder a críticas de que a Venezuela vive em uma ditadura. "A Venezuela, apesar de chamarem de ditadura, hoje vive um processo democrático muito maduro", disse ele, ao salientar que no país estão sendo consolidadas novas instituições. "A Venezuela é o único país do mundo onde a Constituição foi aprovada pelo voto popular", declarou.
Chávez falou ainda da importância da integração da região e lembrou que seu país passou por golpe de Estado, sabotagem e bloqueio econômico e aí veio a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, que "marcou uma mudança de rumo" no continente. Ele citou a importância também das eleições de Tabaré Vasques e Nestor Kirchner, na região.
Após agradecer o apoio dos outros países à entrada do país ao bloco, Chávez disse que "fazia tempo" que a Venezuela deveria ter ingressado. "Hoje entramos em um novo período de aceleração e mudanças profundas na história", declarou, ao classificar esta "oportunidade como a melhor dos últimos 200 anos do país".
E emendou: "Tinha de ser agora, (a entrada da Venezuela)", fazendo referência indireta às eleições próximas em seu país, ao lembrar que o episódio "coincide com novo momento político constitucional que se inicia daqui a pouco na Venezuela". Segundo o presidente Chávez, os críticos ao ingresso da Venezuela ao Mercosul são os mesmos que aplaudiam a criação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), proposta pelos Estados Unidos no início dos anos 2000, mas que não entrou em vigor.
Depois foi a vez de José Mujica. De acordo com o presidente uruguaio, "estamos acostumados que, quando o mundo rico entra em crise, pobre de nós". E completou: "mas parece que estamos indo bastante bem", citando como exemplo o fato de que muitos que emigraram para a Europa estão voltando. "Nunca na história da América Latina tivemos uma oportunidade como esta", acrescentou.
Mujica defendeu ainda a integração da região. "Buscamos uma política de integração como nunca tivemos. Temos de ser conscientes que é agora ou nunca. O desafio é enorme."
A última a falar foi Cristina Kirchner, dizendo que hoje era um dia histórico e recordou que muita gente não acreditava no Mercosul. "Os ricos não precisam de sócios ou amigos, precisam de servidores ou escravos." Ela lembrou ainda a observação feita pela presidente Dilma em seu discurso, de que a entrada da Venezuela impõe ao Mercosul uma "nova etapa", com a soma de um PIB de US$ 3 trilhões entre os países, o que representa 83% do PIB da América do Sul.
Segundo Cristina, o bloco, agora com a Venezuela, "se tornou a quinta economia do mundo" e passa a falar da crise internacional e criticar os países ricos, pedindo o fim dos paraísos fiscais, onde teria sido o berço da crise.
"A crise se iniciou nos centros financeiros e paraísos fiscais", desabafou Cristina, que se queixou também da atitude dos países europeus que estariam "colocando preço nas commodities, como se essa fosse a origem da crise internacional".
"O mundo não está assim por causa do milho, da soja e do trigo", desabafou ela, acrescentando que o Mercosul, com a autoridade dos maiores produtores de alimentos do mundo, tem capacidade de prover a segurança alimentar.