Tópicos | Dia da Mulher

Chegar à prefeitura da maior cidade do país representou um fato histórico para o Brasil e, para Luiza Erundina, uma ousadia a mais uma em sua vida. “Naquela ocasião ajudou, embora tenha trazido muito preconceito. Mulher, nordestina, de esquerda, do PT, ousar ser prefeita derrotando os caciques da política paulistana. Eu costumo dizer: só faltava ser negra pra ter completado o quadro”, comenta a hoje deputada federal pelo PSB.

“Aí era melhor, porque eu tinha mais uma razão porque lutar”, destacou a deputada ao se referir ao único preconceito que não sentiu na vida, o racial. “Porque a luta é ideológica, ela é cultural. Mais que uma luta do poder pelo poder. É uma luta por valores, por concepções. Não foi fácil naquela ocasião, mas valeu a pena. Eu faria tudo de novo”, destacou.

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Erundina assumiu a prefeitura de São Paulo em 1988. Ela considera que conseguiu imprimir uma marca de sensibilidade em sua administração. “Acho que a mulher tem mais sensibilidade para mudar a forma de exercer o poder, e essa é a nossa tarefa. Não é só disputar e conquistar poder. É transformar a forma de exercer o poder, senão reproduz o modelo machista, patriarcal, autoritário, centralizador. E o que é que muda? Nada.”

Hoje, na Câmara dos Deputados, exercendo seu quarto mandato, Erundina é autora do projeto que tem por objetivo garantir metade das cadeiras de direção da Câmara e do Senado para mulheres. Ela é uma das parlamentares mais combativas da sub-representação das mulheres no Parlamento brasileiro.“A nossa representação no Congresso Brasileiro é uma vergonha.”

Erundina, no entanto, não acredita que o preconceito de gênero seja a única barreira para a ascensão das mulheres. Em sua opinião, essa baixa participação é fruto da cultura machista dominante no Brasil. “Nós, mulheres, não somos instadas, orientadas e estimuladas desde criança, adolescente, de jovens, a ocuparmos os espaços públicos, como os meninos já o fazem por estimulo da própria família, do ambiente, da comunidade. E nós incorporamos esse papel secundário nosso na sociedade. É como se o poder fosse para os homens e nós não fôssemos capazes de disputar e de exercer o poder”, observou.

“Às vezes até subliminarmente: votamos em homens porque não queremos reconhecer nossa impotência, nossa pretensa impotência, nossa pretensa incapacidade, nossa inferioridade em relação aos homens. Portanto, há uma carga cultural, educacional, social muito forte para se romper.”

Nesse contexto, a reforma política, na opinião da deputada, é primordial não só para alterar as regras eleitorais, mas para a organização dos partidos e das práticas políticas, para a transparência e a forma como os agrupamentos políticos funcionam. “Não tenho dúvida de que a barreira maior de integração de inclusão da mulher na sociedade brasileira é o acesso ao poder”, enfatizou Erundina.


Brasília – A conquista do direito ao voto feminino ocorreu em etapas e períodos distintos no mundo. Da Europa às Américas, passando pela África e Ásia, as mulheres obtiveram o direito de escolher seus candidatos. Mas é necessário ampliar essas conquistas, segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil. Ao visitar o Canadá, que faz parte do G20 (grupo dos países mais ricos do mundo), o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Walter Costa Porto disse ter se surpreendido com a conquista das eleitoras canadenses.

“Estive no Canadá e me surpreendi com a participação da mulher. Liberdade absurda. A não dependência do marido e de um casamento [por exemplo]. Evidentemente conquistaram seu papel na sociedade”, ressaltou o ex-ministro.

No Canadá, a mulher obteve o direito de votar em 1918. Onze anos depois, as mulheres lutaram contra uma decisão judicial que as impedia de assumir cargos no Senado. A história mostra que, desde então, as mudanças sociais em relação às mulheres foram se fortalecendo. Na vida familiar, as mudanças levaram à ampliação da inclusão feminina no mercado de trabalho - em 1991, 60% já faziam parte da mão de obra assalariada.

O ex-ministro lembrou também a trajetória das mulheres no Reino Unido, cuja  participação feminina na política também foi tardia. Na década de 1910, havia protestos estimulados pelos defensores do direito ao voto, que conseguiram a conquista apenas em 1918 por meio do Representation of the People Act – ato do Parlamento britânico que levou à reforma da legislação eleitoral.

Segundo Costa Porto, as mulheres britânicas começaram a ocupar os espaços dos homens no mercado de trabalho e era impossível ignorar que a participação feminina havia se fortalecido. Ele explica que:  “[Após fortes manifestações] os homens chegaram a um ponto que não tinham como negar o voto à mulher”.
 
Na França, o processo de participação feminina na política foi desencadeado pela Revolução Francesa (1789-1799). Apesar disso, no século 18,  as vozes feministas que reivindicavam o direito ao voto e ao espaço no cenário político foram abafadas. Na época, os homens eram intolerantes com suas mulheres e seus filhos. Esse tratamento preocupava as mulheres que lutavam pelo sufrágio.

De acordo com a professora da Universidade de Brasília (UnB) Liliane Machado, especialista em feminismo, o movimento sufragista feminino no Brasil teve influência dos movimentos feministas da Europa e dos Estados Unidos. “Esses movimentos já tem uma longa data e tem uma experiência de vários departamentos que trabalham com isso [luta pelos direitos das mulheres]”.

Para a representante da Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres Brasil e Cone Sul, Rebecca Tavares, a eleição de presidentas no Chile (ex-presidenta Michelle Bachelet) , na Argentina (a atual presidenta Cristina Kirchner) e no Brasil (Dilma Rousseff) não significa que as mulheres têm pleno acesso às esferas de representação política.

“As mulheres como presidentas têm [uma grande] popularidade, mas as mulheres como parlamentares não têm esse sucesso. Na América Latina, 22% dos parlamentares são mulheres. Não diria que o sucesso das mulheres como presidentas é um indicador de que elas o têm pelo acesso à participação política”, disse Rebecca Tavares.

A representante da ONU acrescentou ainda que o desenvolvimento econômico e a participação política não estão ligados. Como exemplo, ela citou uma das nações mais importantes do mundo, os Estados Unidos, que até hoje não elegeram uma presidenta. “A desigualdade de gênero e a discriminação existem em todo o mundo, independentemente de nível de desenvolvimento econômico. Nos Estados Unidos, a participação de mulheres no Parlamento está muito abaixo da média”, disse ela.

De acordo com Costa Porto, em alguns estados norte-americanos, as mulheres já votavam no século 19. Nessa época, elas se envolveram na abolição da escravatura.  Susan Brownell Anthony,  uma das engajadas nessa luta, também levou a proposta para a aprovação da emenda de concessão o direito ao voto para as mulheres. Nos Estados Unidos, três mulheres chegaram a ocupar o cargo de secretário de Estado, o equivalente a ministro de Relações Exteriores – Madeleine Albright, Condolezza Rice e Hillary Clinton.
 

Os números não mentem: já são 3.941.819 milhões de mulheres a mais que homens no Brasil. E a vantagem delas não fica só no quantitativo da população. As estudantes universitárias são 77,3 milhões em todo o planeta - 2,2 milhões a mais que os homens em faculdades.

Historicamente, as mulheres conquistaram o direito ao voto há 80 anos e hoje, elas representam 52% dos eleitores no Brasil. Em 1927, em Mossoró (RN), tivemos o registro da primeira eleitora e em 1928, Alzira Soriano foi eleita a primeira prefeita do país, em Lajes (RN). As mulheres também estão cada vez mais presentes na política e nas representações das grandes empresas do Brasil e do mundo. A atual presidente do Brasil, Dilma Rousseff, foi a primeira mulher a ocupar o cargo no país e a 11ª na América Latina. A primeira a chegar à presidência na América latina foi a argentina María Estela Martínez de Perón, mais conhecida como “Isabelita Perón”.

Entretanto,  as mulheres não conquistaram espaço apenas na política. Elas estão dirigindo empresas, se tornaram destaque no telejornalismo e começam a ser nomes fortes até nos mais fechados redutos masculinos, como é o caso de Patricia Amorim, atual presidente do Flamengo; e de Grace Lieblein, presidente da GM Brasil. Nos últimos anos, a presença de mulheres em cargos executivos é cada vez maior. Com destaque para Maria das Graças Silva Foster, que assumiu a presidência da Petrobrás; Ana Arraes, a primeira ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) eCármen Lúcia, que recentemente foi eleita presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE);

O antigo “sexo frágil” se tornou muito forte. As mulheres abandonaram o perfil de donas de casa e assumiram outros papéis. As mulheres estão cada vez mais presentes nas equipes da construção civil e mesmo diante de tantas mudanças, não deixaram as funções de casa esquecidas.  As donas de casa agora são mulheres que cuidam da família, trabalham fora e ainda tem tempo de estudar e se especializar. Todas essas transformações sem perder a delicadeza e o charme feminino.

Mesmo com todas essas mudanças, vale ressaltar  que, em  alguns aspectos, ainda existem diferenciações entre homens e mulheres. Infelizmente, em alguns casos, apesar de exercerem a mesma função, as mulheres ainda recebem remuneração inferior em até 40% das ofertadas aos homens.

Para concluir, caros leitores, parabéns a todas as mulheres, pela coragem em superar as adversidades e cumprir, com muita dedicação e amor, todas as missões que lhes são dadas.

A versão brasileira do portal Jezebel, um dos maiores sites femininos nos EUA, entra no ar hoje (8), a partir das 9h da manhã. De acordo com reportagem do site Meio&Mensagem, o portal, com média de oito milhões de visualizações por mês, teve os direitos no País comprados pela empresa °F451, que irá produzir o conteúdo do projeto e cuidar das áreas administrativa e comercial.

“É um site para mulheres inteligentes, que não seguem ou acreditam em padrões impostos. Para as que não suportam os salários baixos, as cantadas toscas e as fotos com Photoshop", disse Livia Deodato, editora-chefe do Jezebel no Brasil, ao M&M.

O Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta quinta-feira dia 8 de março, foi lembrado com homenagens antecipadas, nesta quarta-feira (7), no plenário da Câmara de Vereadores do Recife. O vereador petista, Múcio Magalhães, lembrou a trajetória de manifestações femininas que começou com as trabalhadoras russas em 1917. “As ideias socialistas embalavam a luta pela libertação das mulheres desde o século anterior, mas foi a Conferência das Mulheres Comunistas de 1921 que deliberou 8 de março como o Dia Internacional da Mulher”. O vereador ainda ressaltou que a igualdade entre mulheres e homens é um processo em permanente construção.

“É um dia de reafirmar a necessidade de políticas públicas voltadas para a defesa da igualdade entre mulheres e homens. Se o conjunto das leis que protege a s mulheres, como a Maria da Penha, não é cumprido, nosso dever é lutar. Avançamos e hoje temos uma mulher na presidência, mas elas ainda são minoria em cargos políticos, 8,9% no Congresso Nacional, 12% nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais”.

Almir Fernando (PCdoB) além de exaltar a trajetória de luta das mulheres,destacou o alto número de vítimas do tráfico internacional de seres humanos. “O Centro Humanitário de Apoio à Mulher informa que a maioria das pessoas traficadas são mulheres. Diz ainda que em vários países elas são consideradas mercadorias que têm preço no mercado do sexo. Mas não é só isso. O preconceito ainda existe e muitas outras dificuldades”. O vereador também afirmou que a União Brasileira de Mulheres de Pernambuco vai realizar campanha para conscientização r na disputa por espaço no poder, para que as recifenses tenham uma maior participação na esfera municipal.

O autor do projeto de lei da vacinação gratuita do HPV, vereador Rogério de Lucca (PSL) frisou que a aprovação de seu projeto é um avanço na luta contra o câncer feminino. “Esta Câmara aprovou projeto pioneiro no país de grande importância para todas as mulheres”. Já Vera Lopes (PPS) lembrou da homenagem que será prestada as mulheres na Casa, nesta quinta-feira (8). “Escolhi uma senhora (Léa Lucas) de 84 anos para representar todas aquelas que chegaram à boa idade, quando poderão de fato desfrutar mais de suas vidas”.

O petista, Luiz Eustáquio, destacou os avanços da luta feminina no país, que hoje tem uma mulher na presidência da República. “Nos últimos 30 anos a luta pela igualdade cresceu muito, mas ainda falta. Espero que essa luta continue porque é séria e necessária”.

Aproveitando a comemoração do Dia Internacional da Mulher, muitos restaurantes do Recife preparam promoções especiais para elas nesta quinta, 8 de março. Entre os "mimos", estão sobremesas, taças de espumante e abatimentos nos preços.

Ótima oportunidade para quem deseja agradar mulheres especiais. O restaurante Chez Brigitte oferecerá uma taça de espumante ou um Waffle doce às mulheres que não bebem; o CoreEtuba Bistrô uma sobremesa diferenciada que já faz parte do seu menu, o Strogonoff de Nozes; as mulheres que forem ao Libório ganharão, além de uma taça de espumante, uma Bruschetta Napolitana; já as que preferirem frutos do mar serão presenteadas pelo Guaiamundo com um drink a sua escolha; para as que fazem parte da "geração saúde", o Ponto do Açaí dará um desconto de 10% na conta; e quem preferir carnes e saladas, além das outras opções do buffet do Boi Preto, paga apenas R$ 26,90 no seu dia.

* Com informações da assessoria

Serviço

Chez Brigitte

Rua Esmeraldino Bandeira, 106 Graças

81 3221 4151 / 8873 6622

www.chezbrigitte.com.br

OCoreEtuba Bistrô

Rua das Graças, 105 Graças

81 3222 2346

www.coreetubabistro.com.br

Libório

Av. Doutor Malaquias, 130 Aflitos

81 3426 9719

www.liboriorestaurante.com.br

Guaiamundo

Estrada do Encanamento, 1580 Casa Forte

81 3269 0787

Ponto do Açaí

Av. Rosa e silva, 1749 Aflitos

81 3033 0055

www.pontodoacainet.com.br

Boi Preto

Av. Boa Viagem, 97 Boa Viagem

81 3466 6334

O Dia Internacional da Mulher, comemorado todo dia 8 de março, será marcado por um protesto no município de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR). A partir das 8h30, desta quinta-feira (8), cerca de 200 mulheres estarão concentrada em frente ao Shopping Yapoatan, localizado na rua Bernardo Vieira de Melo, cobrando investimentos para a implementação de maternidades no município.

Segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 67% das crianças residentes em Jaboatão não nasceram no município. A pesquisa revelou, também, que dos 700 mil habitantes da cidade, cerca de 370 mil são do sexo feminino. Em Jaboatão dos Guararapes, apenas o Hospital Geral de Prazeres disponibiliza atendimento para as gestantes.

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O ato “Jaboatão quer ter seus próprios filhos”, seguirá até a avenida General Rabelo onde está localizado o terreno que já abrigou a única maternidade do município. No local, as mulheres distribuirão rosas e panfletos para orientar a população a respeito do problema.

Mais uma atividade acontece, nesta quinta-feira (8), em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Para marcar a data, a Prefeitura do Recife está lançando um serviço para reforçar a Atenção Integral à Saúde da Mulher. Uma unidade móvel, do tipo ônibus, irá realizar exames de mamografia nas usuárias que necessitarem do procedimento solicitado pelos médicos das 122 Unidades de Saúde da Família na capital pernambucana.

O veículo vai circular em todo o município até o final do ano e oferecerá cerca de 720 exames por mês, com uma média de 80 procedimentos por dia. O lançamento acontece na Policlínica Professor Salomão Kelner, localizada em Água Fria, a partir das 9h.

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Após realizado o exame, o resultado sairá em até uma semana. Após o diagnóstico, as mulheres que apresentarem alguma anormalidade serão encaminhadas para as três unidades de referência na rede municipal (policlínicas Professor Bandeira Filho e Arnaldo Marques; e Ambulatório Especializado em Saúde da Mulher), além do Hospital Maria Lucinda para os exames mais específicos.

Os casos que precisarem realizar punção para biópsia serão levados para o hospital Maria Lucinda – também conveniado à rede municipal -, localizado no bairro do Parnamirim. Com o resultado em mãos e positivos para a doença, as usuárias serão encaminhadas para a rede estadual de referência contemplada pelos hospitais Oswaldo Cruz, Imip, Barão de Lucena, das Clínicas e do Câncer.



O programa Opinião Brasil da semana é dedicado ao Dia Internacional das Mulheres. Para debater temas como sexualidade, machismo, mulheres no poder, entre outros, Álvaro Duarte recebe, no estúdio, a bióloga Elizângela Bezerra, a estudante de direito Monique Lima, e a aposentada Léa Lucas.

O programa foi marcado pelo bom humor das convidadas, com destaque para a alegria de Léa Lucas, uma senhora que faz do amor a melhor forma de se viver.

Confira o especial na íntegra.

De olho nas eleições municipais deste ano, o prefeito Elias Gomes assinará, nesta quinta-feira (8), Dia Internacional da Mulher o edital de licitação para a construção da primeira maternidade municipal. O ato será uma resposta ao protesto das eleitoras do município reivindicando a implantação de maternidades no município, que também está marcado para esta quinta. O anúncio da licitação acontecerá na Bela Casa Recepções, localizada na rua Hermes da Fonseca, em Piedade e terá inicio às 15h.

O edital de licitação para construção da maternidade será assinado durante o lançamento do plano municipal de políticas para as mulheres. O município tem cerca de 700 mil habitantes, sendo 370 mil do sexo feminino, e ainda não conta com nenhuma maternidade. As grávidas podem recorrer apenas ao Hospital Geral de Prazeres para terem seus bebês. O hospital tem 28 leitos para atender esse tipo de demanda.

De acordo com informações da assessoria de comunicação municipal, a unidade servirá como referência para a região metropolitana, na especialidade de parto de alto risco. O projeto está estimado em R$ 20 milhões, onde boa parte dos recursos estão garantidos através de parcerias com o Ministério de Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde.

Segundo a secretária Municipal de Saúde, Gessyane Paulino, “a unidade terá 90 leitos, sendo 60 obstétrico e 30 de unidade intermediaria de cuidado neonatal, destinada as crianças”. O local da instalação já foi definido, ficará em Sucupira, na divisa de Jaboatão Centro com Cavaleiro.  O inicio das obras tem previsão para os próximos três meses.

O Governo do Estado de Pernambuco lançará nesta quinta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, novas políticas públicas para as mulheres do Estado. Os novos projetos e ações serão anunciados pelo Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, junto a Secretária Estadual da Mulher, Cristina Buarque, durante um café da manhã, no jardim do Palácio Campo das Princesas. Entre as ações, o governador anunciará o financiamento de projetos em políticas públicas para as mulheres nos 184 municípios, no montante de R$ 400 mil.

A deputada estadual Teresa Leitão fará o anúncio da reformulação da Lei Nº 12.721, que institui a notificação compulsória da violência doméstica no Estado de Pernambuco, que será obrigatória em toda a Rede Pública e Privada de Saúde de Pernambuco.

Outras ações da área de saúde serão anunciadas pelo Secretário Estadual de Saúde, Antonio Carlos Figueira, como um programa mais efetivo no enfrentamento ao câncer de colo uterino e de mama.

Cristina Buarque também lançará oficialmente a publicação “Anuário – Ano 06”, que traz um balanço das ações da SecMulher em 2011, e anuncia novas políticas a serem implementadas em 2012.

Prefeitos, deputados, vereadores, lideranças dos movimentos de mulheres representando idosas, profissionais do sexo, lésbicas, rurais, negras, índias, quilombolas, pescadoras, mandiocultoras e mulheres com deficiência participam do ato.

Com o início do mês de março, é normal o desencadeamento de homenagens às mulheres - que têm seu dia internacional festejado em 8 de março (quinta-feira). No cinema não é diferente. A figura feminina se caracteriza como uma das maiores fontes de inspiração para a sétima arte. Pensando nisso e relacionando este fato às produções de cineastas pernambucanos, o Cineclube Pasárgada realiza, a partir desta quarta-feira (7), mais uma mostra, agora intitulada “Pensando o Feminino”. O evento acontece no Espaço Pasárgada, localizado na Boa Vista, e costuma realizar ao fim das exibições debates com realizadores e profissionais renomados na área.

Figuras femininas passeiam pelos filmes nas mais diversas idades, ambientes, classes sociais e posições políticas, comportamentais e sexuais. A mostra foi dividida em três partes: "Mulheres Contemporâneas", "Mulheres Políticas" e "Mulheres de Vanguarda", todas retratando o olhar de cineastas pernambucanos sobre o papel e vivência das mulheres.

Num primeiro momento, os Olhares sobre Lilith entram em foco sobre as "Mulheres Contemporâneas". Não poderia ser diferente, já que a videoinstalação baseada em poemas de Cida Pedrosa teve apenas mulheres na direção, olhares pernambucanamente femininos. Ao todo, 26 personagens femininas – que dão nome às tramas – vivenciam situações que deixam seus sentimentos à flor da pele. Patrícias, Rosanas, Luizas e outras mulheres se identificarão com personagens homônimas que dão nomes aos filmes que retratam as dores e felicidades do “eu feminimo”, sem eufemismo. Após a exibição, os espectadores participam de debates com a jornalista Geórgia Alvez, das Cineastas Kátia Mesel e Hanna Godoy e da representante do Cedim-PE, Alessandra Nilo.


Em "Mulheres Políticas", segunda etapa da programação, documentários apresentam a realidade da mulher. O primeiro deles, Tereza: cor na primeira pessoa, de Amaro Filho e Marcílio Brandão, traz à tona a vida da artista plástica Tereza Costa Rego. A diretora Tuca Siqueira traz Vou contar para os meus filhos, que reconstitui o cenário existente entre os anos de 1964 e 1985, quando a ditadura regeu o Brasil. Em seguida, Tuca e Tereza, debatem com Margarida Gerônimo, também do Cedim-PE.

A temática "Mulheres de Vanguarda" encerra a programação recriando Clarice Lispector em Clandestina Felicidade, de Marcelo Gomes e Beto Normal; Elisa (um dos curtas de Lilith), de Alice Gouveia; e as cores dos Vitrais, de Cecília Araújo. Após a sessão, Alice Gouveia abre o debate sobre a "Construção do masculino e feminino no cinema pernambucano", com a participação das representantes de Marilia Mendes, Cecilia Araujo e Sula Valongueiro.

Serviço
Espaço Pasárgada apresenta Mostra Mulher - Pensando o feminino
Dias 7, 8 e 9 de março de 2012, das 19h às 21h30
Espaço Pasárgada (Rua da União, 263, Boa Vista) F: 3184-3165
Capacidade: 50 lugares | Entrada gratuita

Em celebração ao mês dedicado à mulher, em março a Prefeitura do Recife programou, por meio da Secretaria da Mulher, diversas atividades comemorativas. Dentre elas, estão incluídas palestras e seminários, passeio de Catamarã, diálogos sobre prevenção à violência contra a mulher e de combate ao crack, além de conclusão de cursos.

A abertura da programação acontece nesta quinta-feira (8), quando se comemora o Dia Internacional da Mulher. A primeira atividade promovida será uma Plenária das Mulheres, das 8h às 14h, com a instalação do Comitê da Dimensão de Gênero, na sede da Empresa de Urbanização do Recife, no bairro da Boa Vista, área Central do Recife.

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Na segunda-feira (12), as integrantes do Fórum Temático de Mulheres do Orçamento Participativo farão um passeio de Catamarã. Denominada “O olhar das Mulheres do Rio Capibaribe”, a atividade terá início às 14h, com saída do píer do Cais de Santa Rita.

Entre os dias 13 e 20, das 14h às 17h haverá em todas as Regiões Político-Administrativas (RPA’s) as “Conversas de Quintal”, nas quais serão abordados diversos assuntos relativos à violência contra a mulher. 

Já nos dia 15 e 16 será promovida a Oficina de Gestores e Gestoras do Nordeste, das 9h às 17h, no Centro de Formação Profissional Paulo freire, na Madalena, Zona Oeste do Recife. O tema

é Enfrentamento ao Racismo.

A programação especial do Mês da Mulher continua no dia 16 com a implementação do Grupo de Trabalho Mulheres de Terreiro, das 9h às 13h, na sala de reuniões do 12º andar da Prefeitura do Recife (Cais do Apolo, 925 – Cais do Apolo).  Às 9h do dia 21, haverá no 9º andar da prefeitura o lançamento da Revista Lilás comemorando o Dia de Combate ao Racismo Institucional.

De 22 a 31 de março, das 9h às 17h, acontece em todas as RPA’s rodas de diálogos reunindo os integrantes do Comitê Regional do Crack. Entre os dias 26 e 31, das 14h às 17h, ocorrerá nas comunidades os Encontros com as Mulheres Lésbicas. No dia 27, das 14h às 17h, acontece o evento Trilha das Mulheres e a Cidade do Recife; dia 28, das 14h ás 17h, haverá no Presídio Feminino da Colônia do Bom Pastor, no Engenho do Meio, o Encontro com as Mulheres do Sistema Carcerário.

O encerramento das atividades acontece com o seminário final do projeto “A Produção do Trabalho das Mulheres” e o Enfrentamento da Violência da Rede 100 Cidades, nos dias 28, 29 e 30, das 9h às 13h, na cidade de Santos (São Paulo). Também no dia 30, das 9h às 13h, haverá a conclusão do Curso de Formação em Orçamento Publico e as Mulheres da ONU-Mulher. Solenidade será no Auditório Capiba, 15º andar do edifício-sede da Prefeitura.

Nesta quinta-feira (8), data em que se comemora Dia Internacional da Mulher, várias atividades serão realizadas entre as reeducandas da Colônia Penal Feminina do Recife - Bom Pastor - localizada no bairro do Engenho do Meio, Zona Oeste do Recife. 

A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) elaborou uma programação especial para o grupo. Dentre as atrações, está a exibição de filmes, atendimento jurídico, corte de cabelo, oficinas de beleza, ações preventivas e sorteio de brindes.

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Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, nesta quinta-feira (8), é sempre oportuno refletir sobre o tema. Especialmente quando se trata de comemorar o aniversário de 80 anos da conquista feminina ao direito de votar, no Brasil.

Além disso, outros registros agregam valor à data internacional.  Recente pesquisa revela que, no País, nos últimos 30 anos, dobrou o número de mulheres no exercício de profissões antes “reservadas”, apenas, aos homens. E, ainda, que as mulheres já representam quase 50% do quadro de empreendedorismo nacional.

Estatísticas à parte, é visível a crescente ocupação de espaço na política partidária nacional e internacional. No país, temos em Dilma Rousseff a marca histórica da primeira presidenta da República. E o quadro na América Latina não é diferente, só para citarmos algo mais em termos de referência.

No comportamento, o avanço vai além das escolhas profissionais e se revelam, na prática, em opções pessoais que rompem preconceitos de longas datas – como o de manter-se solteira  após os 30, 40 anos de idade, sem medo do velho estigma de “ficar para titia” ou coisa que o valha. Vida que segue!

Donas de casa, profissionais liberais, esportistas, instrumentistas, empresárias... Mulheres que sempre fazem a diferença. Todas homenageadas nesta  reportagem especial multimídia do LeiaJá, recheada de depoimentos ricos de sabedoria, coragem e bom humor. Confira!

 

Mulher

Lara

Klaus

 

Uma jovem de 26 anos que ousou ao escolher como profissão uma área ainda dominada por homens. E que se destaca pela qualidade do seu trabalho, fazendo sumir quaisquer preconceitos ou narizes torcidos assim que começa a tocar seus instrumentos. Se ainda somos acostumados a ver as mulheres apenas como musas inspiradoras, estranhando quando elas não estão à frente da banda cantando, estamos nos rendendo ao óbvio: elas podem ser sim ótimas instrumentistas, fugindo do lugar-comum que as prenderam por muito tempo à função de divas-cantoras.

A dedicação de Lara Klaus à música já fez dela uma referência local quando o assunto é percussão. E a instrumentista também é uma elogiada baterista. Seu trabalho já a levou a outros Estados brasileiros – que ela tem visitado com frequência para tocar – e até mesmo outros países. Hoje Lara Klaus integra as bandas de artistas como André Rio, Zé Manoel e o guitarrista Luciano Magno, e o respeito que tem conquistado colabora para uma aceitação real das mulheres como instrumentistas, função que elas têm exercido com cada vez mais frequência e propriedade.  

Quando você entrou para o mundo da música?

Comecei a estudar música aos oito anos, estimulada pelos meus pais. Minha irmã quis fazer balé, mas eu preferi música. Eu comecei tocando violão e fiz aula de teclado por vários anos. Aos 11, 12 anos comecei a me interessar pela bateria e meu pai comprou uma para mim. Na mesma época entrei no Conservatório de Pernambuco estudando violão e tendo a bateria como instrumento auxiliar, que eu estudava com o professor Maurício Chiapetta.

O fato das mulheres serem ainda exceção como instrumentistas no mercado musical influencia de alguma forma sua carreira?

As portas sempre estarão abertas pra quem acredita e, de alguma forma, se destaca no seu trabalho. Creio que consegui me inserir no meio musical após persistência, estudo e amor pelo que faço, motivos pelos quais eu sigo trabalhando, não apenas pelo fato de ser mulher.

O que significa ser mulher pra você em 2012? Fatores como maternidade ainda são determinantes, ou a vida profissional tem mais importância?

Esse privilégio cabe apenas a uma parte da população! A mulher, nos dias de hoje, é fator determinante para a evolução do mercado de trabalho e para o desenvolvimento da sociedade moderna. Sem perder, claro, seu papel importantíssimo de mãe, coisa na qual só pretendo pensar mais pra frente. Neste momento, sem dúvida, a carreira vem em primeiro lugar.

Que barreiras ainda precisam ser derrubadas para a superação dos preconceitos em relação à mulher?

Sinto que alguns homens ainda são meio receosos em trabalhar e dividir responsabilidades com as mulheres. Primeiro, devemos mostrar serviço, depois, seremos respeitadas. Mas isso também acabada acontecendo com todo mundo, independente do sexo.

Qual seu objetivo maior na vida e no trabalho?

Só sei que quero ir longe e pretendo trabalhar bastante pra isso.

 

Mulher

Dona

Nilza

“A minha mãe nunca trabalhou na vida. Ela sempre dependeu dele (do pai). E aquilo ali me angustiava. De vê-la pedir e ele perguntar aquela clássica pergunta: ‘pra quê? ’. Aí eu disse: esse ‘pra quê’ não vai ter na minha vida”. 

 

A angústia que dona Adilza sentiu dentro de sua própria casa, enquanto adolescente, foi a motivação que a levou a buscar sua própria identidade e independência. Em meados da década de 60, quando em Barreiros, sua cidade natal, a sociedade patriarcal dominava e regia as famílias, ela optou por fazer seu próprio caminho.

Aos 23 anos Adilza Machado Freire, recém formada em técnico agrícola, mudou-se com sua família para a cidade. Seus pais, Iracema e Manoel, acreditavam que em Recife os cinco filhos teriam mais possibilidades de vencer na vida. A capital pernambucana oferecia a possibilidade de estudo e emprego para ela e pros seus irmãos. O sonho de Adilza era fazer odontologia, porém o curso de secretariado pareceu mais acessível, já ela tinha que trabalhar para garantir o sustento. O curso de odontologia necessitava de dedicação integral, enquanto  que o Secretariado a permitia mesclar estudo e trabalho.

Foi assim que trabalhando como secretaria na IBM Brasil, empresa localizada no centro do Recife, Adilza lutou por sua idependência. Comprou carro e apartamento. Nessa época ela tinha se apaixonado pelo homem que viria ser o pai de suas filhas. Para morar com ele, fez questão de que o apartamento fosse comprado por ela. Seria uma garantia de segurança para o futuro incerto. Aos 35 anos engravidou da primeira filha, Érica, e o relacionamento familiar era excelente. Na segunda gravidez se separou. Não aguentou conviver com o marido, que era alcoólatra. Sozinha e com duas meninas ela foi a luta e hoje se sente realizada.

A senhora veio de Barreiros, uma cidade pequena, numa época que as mulheres não se viam ainda como autossuficientes. Como você avalia isso?

Poucas pessoas em Barreiros saíam para estudar. Ficavam por lá, casavam, os filhos ficavam ali... e daquele marasmo da vida não saiam. Naquela época que eu vivi a independência era difícil. Hoje é mais fácil, você tem sua independência, ganha seu dinheiro. Todo mundo trabalha novo, os locais para trabalhar já estão mais abertos pras mulheres, não é difícil como meu tempo. Mas aí eu fui à luta pra vencer, eu não aceitava estar dependendo de ninguém.

A senhora contou que sonhava em ser independente. Como planejou sua vida?

Eu não queria depender de ninguém. Eu sempre fui à luta. Casamento de pedir não era pra mim. Eu queria ter. Então primeiro me estruturei, pra depois ter a pessoa, paquerar... Quando me estruturei, que eu podia ter minhas filhas, ser independente, qualquer filho que eu tivesse eu podia sustentar independente da outra pessoa ajudar ou não, eu podia manter as minhas filhas.

Quando eu me separei estava grávida de cinco meses da segunda filha. Eu disse ‘não dá mais’. Naquela época eu não entendia muito, mas Deus me ajudou e o levou pra Manaus. Eu me livrei dele estar na minha porta todo dia, me criando problemas. Na época morávamos os três. E eu com Fabíola na barriga. Ele tinha esse problema, bebia muito. Eu não bebo, nem fumo. Na minha casa não tem bebida. Não gosto de fumo, nem de bebida e ele fazia as duas coisas: bebia e fumava, chegava tarde. Eu não tinha a segurança, ele tinha muitos amigos, eu me via como segunda opção. No começo tudo era fácil, eram flores. Depois as flores começam a cair, os espinhos começam a nascer.

Depois que a senhora se viu sozinha. O que pensou?

Eu tinha duas filhas e me garantia. Eu sabia que poderia cuidar delas e sustentá-las. Dali pra frente era impraticável ter mais filho. Principalmente pela idade. Já fui ter filho madura pra eu poder ter direito, nasci no interior, numa vida muito presa. Eu não conhecia tudo, então eu precisava viver primeiro. Fui trabalhar, comprei carro, apartamento, fiz minhas economias para ter o meu lugar... fui trabalhando e vivendo. Então, quando ele se foi não podia me ver no mundo perdida, por mais que eu estivesse sem eixo. Eu tinha que olhar por mim e pelo que eu tinha. Se eu botei no mundo, eu tinha que assumir. Eu não ia num lado nem do outro da família buscar nada. Eu me virava com o que eu tinha.

Como foi pra senhora sustentar as duas filhas, sozinha? Teve alguma dificuldade?

Menina gasta muito mais do que menino. E ainda tive problemas na época de Collor, de meu dinheiro ficar retido e eu tive que me virar. Até bolo, empada. Eu fiz salgadinho e fui vender no Parque da Jaqueira com elas (as filhas) pequenas. Em alguns momentos batia a dúvida e eu pensava ‘será que dá ou não dá?’. Mas tinha que dar. Se não acreditasse em mim eu podia contar com quem? Não podia contar com ele. Felizmente tinha meu emprego e minha casa.

Hoje a senhora é aposentada. Goza de tranquilidade na vida. Está satisfeita e se sente feliz?

Isso pra mim é uma vitória. Hoje se me perguntarem "como é que a senhora se sente?", eu digo ‘realizadíssima. Por lutar, por ter duas filhas e hoje as duas estarem formadas. Fazer as coisas que elas quiseram fazer. Fizeram exatamente o que elas escolheram. Eu disse ‘cada uma vai fazer o curso que quer fazer e não aquilo que eu gostaria de ter feito. Eu preciso de profissionais realizadas e não frustradas’. Fiz secretariado porque eu tinha que ter como me sustentar. E elas não, cada uma fez aquilo que queria fazer. Criei minhas filhas com independência. Hoje eu digo pra elas: ‘Vocês primeiro trabalham, se autossustentam. Depois vocês casam’. Foi o que deu certo pra mim. Depender de pensão alimentícia pra mim era a pior coisa do mundo.

 

Mulher

Ana

Karina

 

Falta, impedimento, escanteio, pênalti e tiro de meta. Esses termos, entre outros do mundo futebolístico, passaram a fazer parte da vida de Ana Karina Marques, nos últimos dez anos. A árbitra de 32 anos, que atualmente apita o Campeonato Pernambucano, deixa de lado a timidez e a delicadeza e assume uma postura firme durante os 90 minutos de jogo – fora os acréscimos. Além do uniforme, apito e cartões amarelo e vermelho, ela não dispensa o batom e o lápis de olho antes de entrar em campo. Se pudesse, continuaria a usar brincos, mas os itens foram proibidos dentro das quatro linhas.

Todo jogador ou jogadora de futebol sonha em participar de uma Copa do Mundo. O mundial também é o alvo da juíza, que integra o quadro da Fédération Internationale de Football Association (Fifa). Antes disso, o próximo passo é apitar jogos dos campeonatos nacionais. Do desafio, ela não tem medo. Dá um cartão vermelho para o preconceito e segue mostrando ritmo e segurança na profissão que não é lá muito adorada pelos torcedores. Fora de campo, ela revela que os jogadores mantêm o mesmo respeito que o demonstrado durante o jogo. “Nunca levei nenhuma cantada. Devido a minha postura em campo, eles têm respeito”.

Você sempre gostou de futebol?
Na verdade, eu não acompanhava os campeonatos. Só via os jogos da Seleção Brasileira. Mas não tinha noção das regras. Falta, impedimento... Não fazia ideia da diferença de cada um. Diferente do que as pessoas pensam, eu nunca joguei futebol. Já joguei vôlei, mas futebol, nunca.

E como e por que você se tornou árbitra?
Tudo começou quando um colega de infância convidou a mim e ao meu irmão para fazer o curso. Resolvi arriscar e comecei o curso. Ao poucos, fui gostando e sempre recebia incentivo dos colegas de turma. Minha família também sempre me apoiou, inclusive meu irmão, que fez todo o curso, mas hoje não apita mais. De início, eu queria ser assistente, mas a demanda por juíza principal era grande, porque havia apenas duas - Maria Edilene e Andrea Amorim – e a Edilene estava se aposentando.

Como foi a sua estreia?
Foi uma roubada [risos]. O primeiro jogo foi em um campeonato amador na Iputinga. Foi uma prova de fogo. Um grupo de árbitros foi escalado para apitar o campeonato. Eu era a única mulher. Durante a partida, o jogador, puxou meu cabelo. Eu o expulsei e tive que me impor. Depois desse dia, fiquei pensando: “Isso não é para mim. Não vou apitar mais”. Minha família me ajudou a seguir em frente e hoje estou mais acostumada. Hoje, vejo que o campeonato amador me ensinou muito. É relativamente mais fácil apitar um jogo oficial, que há seguranças para agir quando for necessário. Nos jogos de várzea, isso não existe. Os jogos de várzea me deram coragem e ritmo.

O juiz não é muito admirado pela torcida, que geralmente pega no pé e xinga antes mesmo do início da partida. Como você lida com isso?
Eu já me acostumei. Futebol é assim mesmo. Um pode sair satisfeito e outro não. Entramos em campo querendo fazer o melhor. Nem sempre, todo mundo sai satisfeito. Da torcida recebo até elogios. Acho os torcedores criativos. Às vezes, fico rindo das coisas que os torcedores fazem. A resistência diante de uma árbitra tem diminuído, mas acredito que a imprensa e os torcedores se apegam demais aos erros. Quando acerta, não fez mais que a obrigação. Quando erra, as críticas são grandes. E se o erro for de uma mulher, a repercussão é maior.

Fora de campo, quem é Ana Karina Marques?
Eu sou uma mulher tímida [risos]. Tive que lutar muito para perder a timidez na vida profissional. Ou eu perdia a timidez ou não ia dar certo. Eu me sentia estranha, parecia outra pessoa. Mas me acostumei. Também não abro mão da minha vaidade. Hoje, consegui um uniforme um pouco mais feminino e uso sempre batom e lápis.

 

Mulher

Léa

Lucas

 

Fugindo dos padrões de uma avó, Léa da Silva Lucas, uma personagem da vida real, contradiz todas as definições da terceira idade. Amante do carnaval, das cores e da alegria, ela transborda vitalidade em plena 83° primaveras. Teve uma criação rígida dos seus pais, assim como era ditado na época. Carioca de nascença, Léa mudou-se para o Recife quando os filhos eram crianças. Há dois anos ganhou o título de cidadã pernambucana e não mede elogios ao Estado que considera de coração.

Casou nova e também ficou viúva nova. Aos 30 anos Léa perdeu o marido, criou e educou os filhos sozinha. Batalhou para lhes dar a devida educação. Fala com orgulho dos dois filhos, dos dois netos e dois bisnetos. Vive cantarolando pelos cantos e não consegue parar um minuto quieta. Não se considera uma pessoa velha. Justifica suas ações todo o tempo ressaltando que é uma pessoa jovem de espírito. Costuma dizer que passa por cima da idade. “Feliz é quem tem idade, é um sinal de que se está vivendo”, ressalta.

Solidária, Léa faz trabalhos sociais em asilos. Joga de vez em quando na mega-sena, mas garante, ficando milionária ou não, pretende comprar uma casa bem grande e abrigar todos os idosos que moram nas ruas, abandonados por suas famílias. Essa é sua meta de vida. Trabalhou na AACD, fez terapia do riso e não abre mão de ajudar as pessoas. Gosta e fala com todo mundo. Não tem inimizades e não sabe o que é ódio nem rancor. Irá receber uma homenagem da Câmara dos Vereadores pelo Dia Internacional da Mulher (8 de março), nesta quinta-feira. Chamou blocos e amigos para participar da homenagem. Guarda em casa oito faixas de concursos que venceu. Já foi miss simpatia e musa da boa idade, diversas vezes. Para ela nunca tem tempo ruim. Diz que não sabe o que é tristeza. Felicidade para ela é viver.

Quem é a Léa Lucas?
Eu sou Léa da Silva Lucas, viúva, tenho dois filhos maravilhosos. Sou top model, bailarina e cantora. Posso dizer que sou uma pessoa muito alegre, muito feliz, que tem muitos amigos e uma família maravilhosa. Eu sou felicíssima!

O que é o carnaval para você?
Sou fanática por carnaval. Desfilo no galo da madrugada, faço parte do bloco das ilusões e amo carnaval. Eu não paro um minuto.  Pra mim a vida inteira é um carnaval.

O que faz você feliz?
Eu sou muito feliz, sou uma mulher feliz, graças a Deus. O que me deixa feliz é estar com saúde, porque não tem nada melhor. Meus filhos estarem bem isso me deixa muito bem. E tudo o que a gente gosta e se sente bem, pra mim isso é felicidade. Felicidade é um estado de espírito.

O que te deixa chateada, triste?
Não sei o que é tristeza nem mau humor. Eu sou explosiva, quando eu não gosto de uma coisa eu grito, berro, faço um circo, mas depois fica tudo bem. Mas não guardo raiva nem ódio, eu não sei o que é isso.

Uma mulher que você admira muito?
Minha filha! Porque ela é uma mulher maravilhosa. Uma ótima filha, uma ótima mãe, uma ótima esposa e excelente profissional. Sou fã número um da minha filha.

O que você espera para os próximos anos?
Eu espero só coisas boas, uma vida longa. Espero que meus filhos, meus netos e o mundo estejam numa boa. Só espero coisa boa, nada ruim. 

É certo que as mulheres são presença constante na música brasileira desde a construção como identidade e sonoridade únicas no mundo, a partir da segunda metade do século XIX. Essa presença, porém, determinada por fatores sociais e históricos, deu-se quase sempre do lado de fora da produção artística. As mulheres surgiram, ao longo da história, majoritariamente como musas, inspiração para autores e intérpretes homens.

Em diferentes fases, passando pela mulher inacessível e idealizada, eternizada nos versos de “Rosa”, de Pixinguinha, no começo do século XX, às responsáveis pelo sofrimento masculino nas canções "dor de cotovelo" das décadas de 1940 e 50; das musas da bossa nova, que despertavam inspiradas paixões platônicas, às divas – cantoras capazes de arrebatar a todos por sua beleza e força expressiva –, as mulheres sempre foram reféns do gênero e, mesmo quando musicistas de talento inegável, foram vistas antes de tudo como mulheres.

Até muito pouco tempo, o papel de instrumentista coube exclusivamente ao homem. A elas, o único instrumento permitido foi a voz, a partir da “época de ouro do rádio”, quando surgiram cantoras famosas nacionalmente, mas que interpretavam, com poucas exceções, canções escritas por homens.  Nas décadas de 1960 e 70, intérpretes femininas surgiram com toda força e muitas deixaram um legado importantíssimo para a musicalidade brasileira. Mas quando se trata de instrumentistas, é necessário muito conhecimento da história de nossa música e uma memória invejável para citar uma lista de mulheres.

Nos últimos anos, porém, também dialogando com fatores sociais e históricos, as mulheres têm cada vez mais assumido esse papel. Primeiro, elas começaram a invadir o mundo dos compositores e, aos poucos, vêm se inserindo na função de musicistas de apoio, tocando instrumentos diversos como os de sopro, de cordas e percussivos.

No Recife, uma instrumentista que se destaca é a percussionista Lara Klaus, de 26 anos. Lara, que começou a estudar música aos oito anos, tocando violão, ainda fez aulas de teclado por alguns anos antes de se interessar pela bateria, instrumento que a levou para a percussão. A musicista também se formou em licenciatura em música na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 2009 e, ultimamente, toca com André Rio, Zé Manoel e com o guitarrista Luciano Magno.

“Até hoje eu sou a única mulher na maioria dos grupos em que toco”, afirma Lara, que se profissionalizou em 2003, quando fazia parte da banda Malakaii. “E a expectativa em torno de mim, por ser mulher, às vezes parece ser maior”, comenta a instrumentista, que em seguida passou a acompanhar diferentes artistas na noite recifense, acumulando experiência e recebendo cada vez mais convites para diferentes trabalhos. “Tudo aconteceu muito naturalmente”, resume.

O amadurecimento artístico de Lara Klaus e o reconhecimento de seu talento já apontam para a construção de um trabalho próprio, em que ela surge como protagonista, acompanhada de excelentes músicos. “Tenho planos de gravar e quero pelo menos começar a produzir um disco ainda esse ano”, diz. Ela já tem a companhia de André Macambira, com quem vai para o Festival Espírito Mundo, realizado na Inglaterra, França e Espanha, para tocar e ministrar oficinas de percussão.

Conheça Lara Klaus e confira um pouco do seu talento tocando:

O crescimento da presença feminina entre instrumentistas não significa, porém, que o assunto ainda não seja um tabu para muitos músicos homens, como a aponta a contrabaixista Juliana Santos: “Eu já passei por muitas situações difíceis, já fui várias vezes subestimada”, relata. Juliana despertou para a música aos 10 anos, quando começou a aprender violão de maneira autodidata. O mergulho na musicalidade a fez estudar violão clássico no Centro de Educação Musical de Olinda - CEMO. Há seis anos, descobriu o baixo por motivos práticos (a quase inexistência de mercado local para violonistas clássicos) e se apaixonou pelo instrumento.

Juliana hoje é destaque no meio forrozeiro e já acompanhou artistas como Petrúcio Amorim e Alcymar Monteiro. Atualmente, integra a banda da cantora Nádia Maia e toca na noite e em orquestras de baile. “Eu vivo só de música”, afirma a baixista. Entre as situações difíceis que já teve que passar, ela conta uma no mínimo curiosa: “Chegaram a dizer que eu estava tocando em cima de um playback e a cantora me mandou fazer um solo para que as pessoas acreditassem que eu estava tocando mesmo”.

Outra musicista acostumada a ser exceção é a baterista Karine Vieira, de 27 anos. “Ainda sinto dificuldade por ser mulher. Infelizmente ainda é um meio masculino”, diz Karine, complementando: “A bateria é um dos instrumentos em que ainda há mais preconceito”. Com o11 anos de vivência musical, a baterista conta que desde pequena “batucava em tudo”, hoje ganha a vida tocando em orquestras de frevo e de baile, além da Times Band.

Se ainda há barreiras, elas vêm sendo quebradas com o reconhecimento óbvio da qualidade de muitas instrumentistas, a despeito de seu gênero. E as mulheres vão superando a necessidade de serem musas ou divas para estarem presentes na musicalidade brasileira. “Ultimamente a coisa tem ficado mais comum, as pessoas aceitam mais”, avalia a percussionista Lara Klaus. “Quebrou bem mais o preconceito”, corrobora a baixista Juliana Santos: “Pessoas que antigamente me subestimavam hoje me chamam [para tocar]”.

Assim como em várias áreas profissionais, as mulheres vêm ocupando seu lugar natural no mercado musical, provando que competência e talento inato para música não escolhem gênero. E que a qualidade da música não tem a ver com o sexo dos instrumentistas, mas com a sensibilidade que só os verdadeiros artistas possuem. “A mulher tem uma graciosidade diferente, mas musicalmente não há diferença”, resume a baterista pernambucana Karine Vieira.

Agradecimento:
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