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Com a maioria de deputados islamitas, o Parlamento do Egito realizou sua primeira sessão no período pós-Mubarak nesta segunda-feira e elegeu como líder Saad al-Katatni, político da Irmandade Muçulmana. Katatni obteve 399 votos dos 496 do Parlamento. A prioridade do novo Parlamento será a eleição de um painel de 100 legisladores que redigirão uma nova Constituição para o Egito, a qual depois precisará ser aprovada pelo povo em referendo. Outro grande passo deverá ser a realização das eleições presidenciais, previstas para antes de junho.

"A era da exclusão política acabou no Egito", disse el-Katatni, A Irmandade Muçulmana do parlamentar foi banida da vida política oficial do Egito durante grande parte dos seus 84 anos de existência. O grupo só saiu da clandestinidade após a revolução de 18 dias que derrubou o mandatário Hosni Mubarak em 11 de fevereiro de 2011. As eleições no Egito foram realizadas em três etapas a partir de 28 de novembro do ano passado. O partido da Irmandade Muçulmana obteve sozinho quase a metade dos votos e foi seguido por um partido da linha-dura islâmica, salafista, que obteve 28 % dos votos. Os partidos seculares e liberais, grupos que organizaram os levantes que derrubaram Mubarak, obtiveram pouco mais de 10% dos votos.

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A Irmandade Muçulmana, construída durante décadas na clandestinidade, adquiriu um alto grau de disciplina e organização, o que explicou parte do seu triunfo nas urnas.

O predomínio dos islamitas era óbvio na sessão desta segunda-feira, com muitos parlamentares usando barbas, turbantes de clérigos ou vestimentas tradicionais árabes.

Milhares de manifestantes protestaram contra os militares na frente do Parlamento e também pediram que os deputados islamitas sejam moderados no governo. "Nós estamos aqui porque a Assembleia do Povo (Parlamento) é toda islamita", disse Mina Samir, manifestante na faixa dos 20 anos. "Agora nós temos um poder militar que apoia um poder conservador. É por isso que estou aqui protestando", disse. "Abaixo, abaixo a ditadura militar. Sem militares e sem Irmandade Muçulmana", gritaram manifestantes.

Mas a primeira sessão parlamentar foi um sucesso para a Irmandade. Seus partidários enfrentaram detenções, torturas e o exílio durante os longos anos do regime de Mubarak. Os parlamentares da Irmandade foram escoltados ao Parlamento por partidários e cabos eleitorais. Outras pessoas esperaram a saída dos parlamentares e entregaram flores aos legisladores.

As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

Um promotor do julgamento do ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, exigiu nesta quinta-feira a pena de morte para o líder por acusações de cumplicidade no assassinato de manifestantes durante o levante contra seu governo.

Mustafa Khater, um dos cinco promotores do caso, também pediu que o juiz sentencie à morte o chefe de segurança de Mubarak e mais seis comandantes da polícia que são alvos da mesma acusação.

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"Retribuição é a solução. Qualquer julgamento justo deve estabelecer a pena de morte para esses réus", disse Khater, no terceiro dia e último dia da abertura de instruções.

Os dois filhos de Mubarak, Gamal - que era considerado seu herdeiro - e Alaa são acusados por corrupção, assim como seu pai, e são réus no mesmo julgamento.

Um levante de 18 dias forçou Mubarak, de 83 anos, a deixar a presidência do Egito em 11 de fevereiro de 2011, após quase 30 anos no poder. Um conselho militar, liderado por um general que atuou como ministro da Defesa de Mubarak por 20 anos, está agora no poder. As informações são da Associated Press.

Eleitores egípcios comparecem às urnas nesta quarta-feira, o segundo dia da última rodada das eleições que escolherão o primeiro Parlamento após o levante que derrubou Hosni Mubarak em fevereiro. As urnas foram abertas às 8h (horário local, 4h em Brasília) nas províncias de Qaliubiya, Gharbiya e Daqahliya, no delta do rio Nilo; na província do Vale Novo e ao sul, em Minya e Qena. Também votam os eleitores da província fronteiriça de Matruh e em Sinai do Sul e Sinai do Norte.

Partidos islamitas conquistaram uma vitória esmagadora nas duas primeiras fases do pleito, que começaram em outras partes do país em 28 de novembro, espelhando um padrão registrado na região desde que os levantes da Primavera Árabe derrubaram regimes seculares autoritários.

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A terceira etapa das eleições teve um início lento na terça-feira, com pequenas fila se formando do lado de fora das zonas eleitorais durante o dia.

Os eleitores tem de votar três vezes - duas em candidatos individuais e outra num partido ou coalizão - para escolher os 498 assentos da câmara Baixa do Parlamento. O conselho militar, que governa do país desde a queda de Mubarak, vai nomear os 10 membros restantes do Parlamento.

A poderosa Irmandade Muçulmana, o movimento político melhor organizado do país, assumiu a liderança eleitoral por meio de seu braço político, o Partido Liberdade e Justiça.

Mas a boa votação conquistada pelo partido Nur, que representa o salafismo, ramo ultraconservador do islamismo, provocou temores entre os liberais a respeito das liberdades civis e religiosa.

O Conselho Supremo das Forças Armadas tem reafirmado que as eleições são uma prova de sua intenção de entregar o poder a um governo civil.

Mas o pleito expôs o aprofundamento do atrito entre os egípcios. Alguns veem as eleições como o primeiro passo para um governo democrático, enquanto outros dizem que o novo Parlamento - cuja função ainda não está clara - deixa o controle nas mãos dos militares. As informações são da Dow Jones.

O juiz responsável pelo julgamento do ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, adiou a audiência desta segunda-feira, quando seriam ouvidos os argumentos da promotoria. O ex-ditador foi levado numa maca para o tribunal, onde é julgado pelas mortes de manifestantes durante o levante que o derrubou, em fevereiro. As próximas audiências foram marcadas para terça, quarta e quinta-feira.

Mubarak, de 83 anos, pode ser executado caso seja condenado pela acusação de assassinato. Ele sofre de problemas cardíacos e está detido num hospital militar nas proximidades do Cairo.

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Seu julgamento foi retomado na semana passada após uma pausa de três meses para a realização das primeiras eleições parlamentares desde sua queda. No período ocorreram uma série de protestos contra os generais que tomaram o poder após a saída de Mubarak.

Durante o recesso, os advogados das supostas vítimas de Mubarak tentaram destituir o juiz chefe Ahmed Refaat, a quem acusam de tender para a defesa, mas não conseguiram.

Mubarak, que também é acusado por corrupção, divide a jaula dos réus com seu ex-ministro do Interior, Habib al-Adly, com seis ex-chefes de segurança e seu dois filhos, Alaa e Gamal, que são também são acusados por corrupção. As informações são da Dow Jones.

Um tribunal no Egito proibiu que os militares realizem "testes de virgindade" em mulheres detidas, uma prática que tem mobilizado ativistas e grupos de direitos humanos. A decisão desta terça-feira ocorre após uma das mulheres abusadas apresentar duas ações contra a prática militar, um pedindo que a prática seja banida e a outra acusando um oficial de agressão sexual.

As alegações de testes de virgindade surgiram pela primeira vez após um protesto no dia 9 de março na Praça Tahrir, no Cairo, que se tornou violento quando homens à paisana atacaram manifestantes e o exército tirou as pessoas da praça à força. A organização Human Rights Watch disse que sete mulheres foram submetidas aos testes. Os militares negaram a prática, mas um promotor militar disse que o exército está investigando o assunto. As informações são da Associated Press.

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Um funcionário do aeroporto do Cairo, no Egito, disse hoje que o governo deportou 93 etíopes que entraram no país com esperança de cruzar o deserto do Sinai para chegar a Israel ilegalmente. Segundo o funcionário, 42 etíopes foram repatriados neste domingo e outros 51 foram enviados de volta ao seu país de origem ontem.

Ele afirmou que os migrantes cruzaram o Egito a partir da sua fronteira sul com o Sudão há duas semanas. A maior parte dos migrantes fazem uma longa e perigosa jornada através do Egito para chegar a Israel à procura de emprego. O governo israelense estima que, desde 2006, cerca de 50 mil africanos entraram ilegalmente no sul de Israel através da longa fronteira de 250 quilômetros com o deserto do Sinai no Egito. As informações são da Associated Press.

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Os partidos islâmicos consolidaram sua vitória nas eleições parlamentares no Egito, que têm diversas etapas, ganhando quase 70% das vagas disputadas até agora. O chefe da comissão eleitoral, Abdel-Moez Ibrahim, anunciou os resultados da segunda fase, da qual participaram nove províncias, com quase 7 milhões de eleitores.

Com base no anúncio feito hoje, a Irmandade Muçulmana afirmou que obteve cerca de 86 dos 180 assentos disputados nessa segunda fase, ou 47% do total. O Partido Al-Nour, braço político do movimento ultraconservador Salafismo, obteve cerca de 20% dos votos. Os resultados se assemelham ao observado na primeira fase das eleições, quando os dois partidos juntos ganharam quase 70% dos votos.

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Uma terceira fase das eleições será realizada entre os dias 3 e 4 de janeiro do ano que vem. As informações são da Associated Press.

Dezenas de milhares de pessoas marcharam ontem na Praça Tahrir, centro do Cairo, e em outras cidades do Egito, para exigir que os militares entreguem o poder e denunciar a violência contra os manifestantes. Os egípcios ficaram especialmente ultrajados com as imagens de uma mulher, com a blusa arrancada, sendo espancada e chutada por tropas do governo interino.

"Qualquer um que viu a imagem e viu a dor da mulher viria para a Praça Tahrir", disse Omar Adel, de 27 anos, que participava do protesto. "Quem fez isso deveria ser julgado. Não podemos suportar tal humilhação e abuso." Alguns manifestantes exigem que o Exército realize as eleições presidenciais até 25 de janeiro, o primeiro aniversário do início do levante que levou à deposição do presidente Hosni Mubarak.

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Pelo menos cem pessoas foram mortas em confrontos e na violência sectária desde que uma junta militar assumiu o poder. Na semana passada, 17 manifestantes foram mortos em choques com as forças de segurança, que dispersaram à força um protesto que já durava três semanas para exigir que os militares entreguem o poder a um governo civil.

A manifestação de ontem, batizada de "Defendendo a revolução e reavendo a honra", teve o apoio de mais de uma dúzia de grupos, entre eles partidos formados após o levante popular. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cairo, 17 - Tropas do Exército do Egito atacaram manifestantes pró-democracia pelo segundo dia consecutivo na praça Tahrir, no Cairo. Manifestantes foram espancados com bastões e câmeras de jornalistas foram destruídas. Não há informações sobre mortes nos confrontos de hoje, mas ontem, nove manifestantes haviam sido mortos pelos soldados e cerca de 300 ficaram feridos, de acordo com o Ministério da Saúde.

As cenas de violência indicam que os militares egípcios estão determinados a não permitir a transferência do poder aos civis, poucos meses depois da derrubada do regime do general Hosni Mubarak, que havia governado o país desde 1981. Imagens de televisão, fotografias e relatos de testemunhas mostram que as tropas intensificaram a violência contra os manifestantes.

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Vídeos mostram policiais militares espancando mulheres; testemunhas relataram que soldados aplicaram choques elétricos em manifestantes já detidos. A manifestante Mona Seif, detida brevemente na sexta-feira, disse ter visto um oficial dar uma série de tapas no rosto de uma idosa e exigir que ela pedisse desculpas por ter participado dos protestos. "Foi uma cena humilhante. Nunca vi nada parecido em minha vida", acrescentou.

A escalada de violência começou poucos dias depois das primeiras etapas da primeira eleição parlamentar realizada depois da derrubada de Mubarak. Em novembro, a repressão a uma outra série de protestos havia deixado mais de 40 mortos, mas naquela ocasião tratava-se da polícia; nos confrontos iniciados nesta sexta-feira, quem está reprimindo os manifestantes é o próprio Exército.

Entre os manifestantes mortos na sexta estava o respeitado xeque Emad Effat, 52, membro da Al-Azhar, a instituição religiosa muçulmana mais respeitada do Egito. Baleado no peito, ele foi sepultado neste sábado. Centenas de manifestantes participaram do funeral; depois disso, aos gritos de "retribuição, retribuição", eles caminharam em passeata até a praça Tahrir.

Em volta da praça, as ruas que levam às sedes do Congresso e do governo pareciam zonas de guerra. Chamas podiam ser vistas no prédio da Sociedade Geográfica do Egito, que fica diante da praça; manifestantes atiraram bombas incendiárias no prédio porque tropas usavam o telhado para jogar pedras e bombas de gás contra os participantes do protesto.

Em um hotel à beira da praça, soldados ameaçaram espancar uma funcionária para que ela revelasse em qual quarto havia uma equipe da rede Al-Jazeera filmando os conflitos. "A mulher chorava, gritava e dizia: 'Eu não sei'", disse um funcionário da rede. Os soldados descobriram a equipe da emissora e jogaram câmeras, baterias e equipamentos de iluminação na rua abaixo, atingindo um carrinho de um vendedor de batata-doce; parte do equipamento caiu sobre o fogareiro, iniciando mais um incêndio.

Segundo o manifestante Islam Mohammed, soldados também atacaram uma enfermaria improvisada pelos manifestantes, jogando medicamentos e material de primeiros socorros por toda a calçada.

Um jornalista egípcio que havia sido detido disse à Associated Press que foi levado a um anexo do Parlamento, situado junto à praça Tahrir, onde foi espancado. "Eles me insultaram, disseram: 'Vocês da imprensa são traidores, vocês são partidários e prejudicam nossa imagem'".

O mesmo jornalista afirmou ter visto um grupo de homens e uma jovem sendo espancados; cada um deles foi cercado por seis ou sete soldados, alguns uniformizados, outros à paisana; os militares usaram barras de ferro e bastões elétricos. "O sangue cobria o chão, e um oficial ordenou aos soldados que limpassem", disse o jornalista, que pediu que seu nome não fosse revelado.

Fotografias postadas por ativistas nas redes sociais mostram militares arrastando mulheres capturadas pelo cabelo e espancando idosas.

Depois da derrubada de Mubarak, em fevereiro do ano passado, o poder foi assumido pelo Conselho Militar Supremo, que procurou ser visto como aliado do movimento popular vitorioso e guardião da democracia. Mas as tensões entre os militares e o movimento se intensificaram nos meses que se seguiram, em meio a exigências de transferência imediata do poder aos civis.

Em comunicado divulgado hoje, os militares negaram ter atacado "os revolucionários do Egito" e afirmando que seu alvo eram "bandidos que haviam atirado bombas incendiárias perto da sede do governo". O primeiro-ministro interino, por sua vez, negou que os militares tivessem disparado contra os manifestantes na sexta-feira.

Já o manifestante Mustaf Ali, que havia sido ferido a bala durante os confrontos de novembro, acusou os integrantes do Conselho Militar de instigarem a violência "para encontrar justificativas para permanecer no poder e dividir o povo em facções". (AE-AP)

Os partidos de orientação islâmica que venceram a primeira etapa das eleições parlamentares do Egito buscam consolidar sua vantagem na segunda rodada eleitoral, a partir desta quarta-feira. Há 18,8 milhões de egípcios habilitados para votar dessa vez, nas primeiras eleições legislativas desde que um levante popular acabou com o regime de 30 anos de Hosni Mubarak, em fevereiro.

A votação deve ocorrer durante dois dias, com um segundo turno uma semana depois. Os eleitores devem votar três vezes, duas em candidatos individuais e uma no partido ou coalizão, para a assembleia de 498 cadeiras.

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O primeiro estágio eleitoral, em 28 de novembro, teve os partidos islâmicos superando com folga seus rivais liberais. O padrão é similar ao ocorrido na Tunísia e no Marrocos, após uma série de levantes populares na região.

Os partidos afiliados à Irmandade Muçulmana e os movimentos ultraconservadores salafistas ficaram com 65% dos votos. As siglas liberais ficaram com apenas 29,3% até agora. A segunda rodada ocorre na cidade de Gizé, Beni Sueif, ao sul da capital, e as províncias do Delta do Nilo de Menufiya, Sharqiya e Beheira, nas cidades de Ismailiya e Suez e nas cidades ao sul de Sohag e Aswan.

O Partido Justiça de Liberdade (PJL), ligado à Irmandade Muçulmana, afirmou que obteve 32 das 56 cadeiras individuais na primeira fase da disputa. Outras quatro cadeiras foram para seus aliados.

Em votação partidária separada, que terá mais de 100 cadeiras distribuídas, o PJL ganhou 36,6% dos votos, enquanto o fundamentalista islâmico Al-Nur ficou em segundo, com 24,4%.

A vitória da Irmandade Muçulmana era prevista, já que é o grupo político mais organizado no país, com décadas de um trabalho de caridade e resistência à repressão da ditadura de Mubarak.

O processo eleitoral para a Câmara dos Deputados termina em janeiro. Em seguida, os egípcios elegem o Senado em três rodadas. As informações são da Dow Jones.

O Conselho Militar que governa o Egito informou nesta quarta-feira que o parlamento, que será eleito em três etapas eleitorais, não será representativo o suficiente para supervisionar de forma independente a confecção de uma nova Constituição e que os militares vão indicar um conselho para gerir o processo e proteger a carta magna da influência de extremistas religiosos.

O Egito acabou de encerrar o estágio inicial de suas primeiras eleições desde a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro. Partidos islamitas conquistaram a grande maioria dos votos. Na teoria, o novo Parlamento terá a função de formar uma Assembleia Constituinte com 100 integrantes que vai escrever a nova Constituição.

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Mas liberais e militares temem que extremistas religiosos exerçam muita influência sobre esse processo. "O Parlamento não representa todos os setores da sociedade", disse o general Mukhtar Mulla, integrante do Conselho Militar que tomou o controle quando Mubarak foi derrubado durante um levante popular.

Para ele, a Constituição deve representar todo o Egito e não apenas uma maioria parlamentar. "Estamos nos primeiros estágios da democracia", declarou ele. "Não se trata de desconfiança em relação ao Parlamento. O que vemos são eleições livres e justas...mas certamente (o resultado) não representa todos os setores da sociedade."

Perguntado se o novo conselho é uma tentativa de limitar a influência dos salafistas, que conquistaram um quarto dos votos, Mulla disse: "absolutamente. Não (o conselho militar). O povo egípcio não vai permitir que isso aconteça." Os salafistas querem impor uma rígida versão da lei islâmica, a sharia, no Egito.

O órgão que será criado pelos militares será composto por membros de partidos políticos, intelectuais e candidatos presidenciais, assim como artistas e membros de organizações, disse Mulla.

Não está claro como o novo conselho vai negociar com o Parlamento as diretrizes para a escolha dos integrantes da Assembleia Constituinte. Mas quando o Conselho Supremo das Forças Armadas levantou a ideia de nomear 80 dos 100 membros do grupo para proteger o papel político da Constituição no futuro, a ideia provocou repercussão entre islamitas e liberais.

Mulla disse que o novo conselho vai atuar com o Parlamento e o gabinete para assegurar que a Assembleia Constituinte escreva uma Constituição que represente todas as religiões, profissões e partidos políticos. As informações são Associated Press.

Os egípcios realizam nesta segunda-feira o primeiro de dois dias de mais uma fase das eleições parlamentares, as primeiras desde a queda do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro. Na primeira rodada, os partidos de orientação islâmica conseguiram uma folgada vantagem.

A vantagem dos partidos islâmicos não deve ser revertida, o que é um revés para os liberais que estão por trás do levante que derrubou Mubarak há dez meses. Há ainda mais duas rodadas da eleição pela frente, marcadas para as próximas semanas.

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Resultados divulgados no final de semana mostram a Irmandade Muçulmana e o Partido Justiça com 36,6% dos 9,7 milhões de votos. O partido ultraconservador salafista Al-Nour, mais linha-dura, ficou com 24,4% dos votos, e o secular Bloco Egípcio obteve 13,4% dos votos.

O processo eleitoral mescla disputas individuais com listas partidárias. Os resultados de domingo refletem apenas o desempenho da lista partidária para menos de um terço das 498 cadeiras do Parlamento.

Na segunda-feira, o comparecimento parecia menor que durante a primeira rodada, na semana passada, quando ele ficou em 60%. O forte desempenho dos partidos islâmicos fez os liberais temerem que uma agenda religiosa seja imposta sobre o país. As informações são da Associated Press.

Partidos de orientação islâmica capturaram 65% dos votos nas eleições parlamentares que ocorreram em nove das 27 províncias do país no final de novembro, mostrou a contagem oficial dos votos neste domingo, colocando em evidência uma disputa pelo poder entre religiosos muçulmanos, moderados ou não, e partidos e políticos laicos que ajudaram a derrubar o regime de Hosni Mubarak em fevereiro deste ano. A Alta Comissão Eleitoral disse que o Partido da Liberdade e Justiça (PLJ), da Irmandade Muçulmana, agora considerada islamita moderada, capturou 36,6% dos 9,7 milhões de votos. Já o Partido Nour, um grupo islamita linha-dura de doutrina salafista, obteve 24,4% dos votos. O islamita moderado Al-Wasat obteve 4,3% dos votos. O Bloco Egípcio, secular, obteve apenas 13,4% dos votos.

O primeiro turno ocorreu no Cairo, Alexandria e nas províncias do Delta do Nilo. Ainda ocorrerão eleições parlamentares em 18 das 27 províncias do país, em dezembro e nos primeiros dias de janeiro do próximo ano. A população está elegendo 498 parlamentares do futuro Congresso. A junta militar indicará mais 10 parlamentares, chegando a um total de 508.

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A Irmandade Muçulmana emergiu como o grupo político mais organizado após a queda de Mubarak. Mas sem um histórico no governo, ainda não está claro como a Irmandade governaria. O PLJ tem se posicionado como moderado, um grupo que deseja implementar leis islâmicas mas sem sacrificar liberdades individuais. O PLJ disse que não fará alianças com o Partido Nour, que é formado pelos muito mais conservadores salafistas.

O vice-chefe do PLJ, Essam el-Erian, disse à Associated Press em entrevista por telefone no sábado que o grupo não está interessado em impor os valores islâmicos no Egito, onde existe uma minoria cristã de oito milhões de habitantes, numa população total de 80 milhões, e muitos muçulmanos seculares são contra se sujeitarem aos duros códigos islâmicos.

"Representamos um partido moderado e justo", disse el-Erian sobre o seu partido Liberdade e Justiça. "Queremos aplicar o básico da Sharia de uma maneira justa, que respeite os direitos humanos e pessoais", completou ele, referindo-se à lei islâmica.

Já os ultraconservadores salafistas do Nour deram indicações de que pretendem, se puderem, impedir o consumo de bebidas alcoólicas e criar uma agência policial para punir muçulmanos que não respeitem o jejum durante os dias do Ramadã, mês considerado sagrado no islamismo. Os salafistas defendem a adoção de uma versão ultraconservadora do Islã, próxima à praticada oficialmente na Arábia Saudita, que impõe uma forte segregação de gênero e o uso de véus às mulheres. Os cristãos egípcios temem que sob um possível governo do Nour serão tratados como cidadãos de segunda classe.

As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

Resultados preliminares da primeira eleição no Egito após a queda do ditador Hosni Mubarak mostram que os partidos islâmicos devem obter a maioria dos votos, com os partidos seculares derrotados em muitas áreas. Os números parciais das áreas do país que foram às urnas na segunda e terça-feira confirmam previsões de que os partidos islâmicos devem conseguir pelo menos dois terço dos votos.

Na cidade de Port Said, no norte do país, a aliança moderada liderada pela Irmandade Muçulmana obteve 32,5% dos votos, enquanto o radical Al-Nur ficou com 20,7%, segundo informações do jornal estatal Al-Ahram. O partido liberal Wafd ficou com 14% dos votos, enquanto outro partido islâmico, o Al-Wasat, teve 12,9%. Já no distrito Red Sea, a aliança da Irmandade Muçulmana ficou com 30% dos votos, enquanto a coalizão secular Egyptian Bloc obteve o segundo lugar, com 15%.

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"O povo escolheu candidatos que representam sua identidade islâmica e nos quais confia", disse Mahmud Ghozlan, porta-voz da Irmandade, que espera ganhar 40% do total de votos no país. Ele destacou que o braço político do grupo, o Partido Liberdade e Justiça, é diferente dos salafistas, que segundo ele tiveram um sucesso surpreendente nas eleições. "Nós esperamos que as pessoas saibam distinguir movimentos diferentes e não coloquem todos os islâmicos no mesmo saco", comentou.

Os resultados integrais do primeiro turno, que teve uma taxa de comparecimento de 62%, deveriam ter sido publicados inicialmente na quarta-feira, mas foram adiados pela comissão eleitoral.

O movimento secular liberal obteve algumas pequenas vitórias isoladas, apesar de ter tido um papel essencial no levante que derrubou Mubarak, em fevereiro. O movimento acabou dividido e foi superado pela Irmandade Muçulmana, que é mais organizada e melhor conhecida dos egípcios, por conta das décadas de oposição ao regime de Mubarak e seu amplo trabalho social.

Mohammed Abdel Ghani, um candidato liberal, disse que seu movimento precisou combater propagandas de que "os candidatos não islâmicos eram infieis". No Cairo, um dos membros mais conhecidos do movimento, Amr Hemzawi, conquistou um assento no distrito de Heliopolis, mas em outras regiões as lideranças liberais não obtiveram o mesmo sucesso. Segundo o jornal independente Al-Masry Al-Youm, nenhuma mulher foi eleita no primeiro turno.

Essa foi apenas a primeira fase de uma eleição parlamentar que acontece em três etapas. Para a Câmara Baixa do Parlamento, o restante do país vai votar em duas novas fases realizadas este mês e em janeiro. A Câmara Alta será eleita em outra etapa, também com três fases. Os eleitores podem votar três vezes: duas para candidatos individuais e uma para um partido ou coalizão. As informações são da Dow Jones.

Os partidos islamitas ultraconservadores do Egito planejam aumentar a pressão para impor leis religiosas no país, após reivindicarem uma surpreendente vitória na primeira etapa das eleições parlamentares, em nove das 27 províncias do país. Resultados oficiais serão divulgados mais tarde nesta sexta-feira, mas o partido Nour, dos salafistas, uma corrente ultraconservadora do Islã, calcula que obteve 30% dos votos, disse o porta-voz do partido, Yousseri Hamad. O Partido Nour parecia liderar na província de Kafr el-Sheik, no Delta do Nilo, uma região conhecida pelas altas taxas de analfabetismo e pobreza, e até na metrópole mediterrânea de Alexandria, onde os salafistas são fortes.

Nas eleições da segunda-feira e terça-feira desta semana, os egípcios votaram em nove províncias. O sufrágio determinará a escolha de deputados para 30% das 498 cadeiras do Parlamento. A eleição ocorrerá em mais duas etapas, com final em janeiro, nas outras 18 províncias do Egito. Deputados para as outras 10 cadeiras do Parlamento serão escolhidos pela junta militar que governa o país.

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As informações são da Associated Press.

 

Brasília - O egípcio naturalizado brasileiro Youssef Emile Fadel, de 62 anos, e o filho Emílio Fadel, de 32 anos, votaram hoje (29), pela primeira vez, no Egito. Quando tinha 28 anos, Youssef se mudou para o Brasil, onde casou com uma brasileira e teve o filho Emílio. Depois de se naturalizar brasileiro, em 1979, decidiu voltar para o Egito com a família.

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Ao retornar ao seu país de origem, Yousseff assistiu à ascensão do ex-presidente Hosni Mubarak – que ficou no poder por 30 anos e renunciou em 11 de fevereiro deste ano. As eleições parlamentares que ocorrem desde ontem (28) são as primeiras desde a queda de Mubarak. Na sua gestão, as eleições eram vistas com desconfiança pelos eleitores que suspeitavam de fraudes.

"Até hoje, nunca havia me interessado em votar aqui no Egito porque todos sabíamos que não faria diferença, os resultados sempre eram manipulados", disse Youssef, emocionado. "Essas eleições são diferentes porque, em teoria, o povo terá o poder de controlar as autoridades e monitorar os pleitos", acrescentou ele. "Pela primeira vez neste país, o povo sentiu que tinha o poder do voto nas mãos."

Yousseff destacou que a votação ocorreu de forma “tranquila e limpa”. Segundo ele, havia segurança, sem intimidações. O egípcio disse que gostaria de experimentar, no Brasil, a sensação de votar em uma urna eletrônica. "O Brasil está um passo à frente de muitos países em organização de eleições."

Para Emílio, a motivação para votar pela primeira vez fez com que ele não cogitasse boicotar a eleição. "Fiz questão de votar porque foram a minha geração e a seguinte que tomaram a iniciativa de mudar o curso da história do país com protestos contra o regime", disse ele, contando que ficou quatro horas na fila para votar. "Fiquei impaciente, mas no fim valeu a pena", disse.

Como o pai, Emílio fala em um dia ir às urnas no Brasil e se diz privilegiado em poder votar em dois países democráticos. "Votar em embaixadas para presidente não tem graça. Queria votar em um clima de eleição", disse. "O engraçado é que, no Brasil, muitos reclamam das propagandas eleitorais. Já aqui no Egito, as pessoas sentiam falta disso, um sinal de democracia."

Na primeira eleição depois de 30 anos da ditadura de Hosni Mubarak, os egípcios formaram ontem longas filas na porta dos locais de votação, em muitos casos com espera de horas. Embora o voto não seja obrigatório e fosse um dia normal de trabalho no país, os eleitores compareceram maciçamente na votação para o Parlamento, que prossegue hoje no Cairo e em outros oito Estados do país.

O dia transcorreu sem grandes incidentes, apesar da ocupação da Praça Tahrir por manifestantes que exigem a renúncia da junta militar que governa o Egito, de mudanças na distribuição das zonas eleitorais e da desconfiança por parte de muitos eleitores em relação à Justiça eleitoral, herdada do regime de Mubarak.

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A eleição está polarizada entre islâmicos e seculares. De um lado, a Irmandade Muçulmana, o grupo mais bem organizado e com maior credibilidade que restou do antigo conjunto de partidos, aliado do Al-Nur , novo partido salafista (islâmico radical).

No outro extremo, estão os seculares do Bloco Egípcio, que reúne três partidos liberais, e da Aliança Completando a Revolução, composta por grupos de jovens e socialistas.

Transição

Depois desses dois dias, as eleições para a Assembleia Popular, como é chamada a Câmara dos Deputados do Egito, continuarão em outros dois conjuntos de Estados, terminando no dia 3 de janeiro. A partir daí, começará a eleição para o Conselho da Shura, equivalente ao Senado, que terminará em março.

A Câmara dos Deputados nomeará os cem integrantes de uma assembleia que elaborará uma nova Constituição. Cedendo às pressões dos manifestantes, a junta militar prometeu acelerar a transição e antecipou a eleição presidencial para o fim de junho. Antes, elas ocorreriam apenas no fim de 2012 ou em 2013. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mais de 100 mil pessoas ocuparam ontem a Praça Tahrir, no centro do Cairo, na maior manifestação desde o início da última onda de protestos, há uma semana. Foi mais uma eloquente rejeição às medidas tomadas pela junta militar - a última delas a nomeação de um novo premiê, Kamal Ganzouri, de 78 anos, que já ocupou o cargo entre 1996 e 1999, durante o governo de Hosni Mubarak, deposto em fevereiro por protestos semelhantes.

Num forte contraste, uma manifestação de apoio aos militares reuniu apenas 4 mil pessoas. Os manifestantes voltaram exigir a renúncia do comandante do Conselho Supremo das Forças Armadas, marechal Mohamed Hussein Tantawi, e a transferência de todos os poderes para um gabinete civil, formado por dirigentes de todas as tendências políticas.

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O gabinete civil anterior renunciou na segunda-feira, em protesto contra a repressão às manifestações, que deixou ao menos 41 mortos. Na segunda-feira, os egípcios vão às urnas para começar a eleger um novo Parlamento, mas exigem que a transição prossiga sem a tutela dos militares, que prometeram eleição presidencial para até o fim de junho.

Em um pronunciamento pela TV, Ganzouri disse que recebeu "mais poderes" do que o chefe do gabinete anterior, Essam Sharaf, e não teria aceitado se acreditasse que o marechal Tantawi pretende continuar no poder. "Os poderes que me foram dados excedem todos os mandatos semelhantes", afirmou Ganzouri, titubeante e visivelmente desconfortável. "Assumirei autoridade plena e, portanto, sou capaz de servir meu país."

Na Praça Tahrir, a nomeação de Ganzouri, assim como as outras medidas da cúpula militar - o pedido de perdão pelas mortes de manifestantes e as reiteradas promessas de conduzir o país à democracia -, soou como uma repetição do roteiro seguido por Mubarak, que relutou durante três semanas até finalmente renunciar. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Dezenas de milhares de manifestantes, gritando "Fora!, Fora!", se reúnem na Praça Tahrir, no Cairo, no que deve ser um grande protesto contra o conselho militar que comanda o Egito. O protesto por democracia e pelo fim do regime militar no país é chamado pelos organizadores de "protesto da última chance".

Na quinta-feira, o comando militar se desculpou pela violência que matou quase 40 manifestantes, em confrontos nas ruas próximas da Praça Tahrir com as forças de segurança nos últimos dias. Os militares também disseram que as eleições parlamentares marcadas para começar na segunda-feira seguirão como planejado.

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O protesto deve atingir seu pico após as preces semanais muçulmanas. Um repórter da Associated Press viu que o líder pelas reformas e Nobel da Paz Mohamed El-Baradei estava na praça e queria se unir às preces no local.

O xeque Mazhar Shahin, que lidera dezenas de milhares de fiéis rumo à praça, pediu que a junta militar entregue o poder a um governo de salvação nacional. O líder religioso afirmou que as pessoas devem permanecer na praça até que suas demandas sejam atendidas. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

A transferência de poder para um governo civil no Egito precisa ser "justa e inclusiva" e deve ocorrer "o mais rápido possível", afirmou a Casa Branca nesta sexta-feira. "Mais importante, acreditamos que a transferência total do poder para um governo civil deve ocorrer de maneira justa e inclusiva, que responda às aspirações legítimas do povo egípcio, o mais rápido possível", afirmou um porta-voz do governo do presidente Barack Obama, Jay Carney, em comunicado.

Emissoras privadas do Egito informam que a junta militar que governa o país encarregou o ex-primeiro-ministro Kamal al-Ganzuri de formar um novo gabinete. Ganzuri liderou o governo entre 1996 e 1999, durante o regime do ex-presidente Hosni Mubarak. Na terça-feira, o conselho militar que governa o país aceitou a demissão do gabinete interino do premiê Essam Sharaf, em meio a protestos.

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Carney disse que os EUA lamentam muito as mortes durante recentes protestos e pediu que as autoridades egípcias "implementem uma investigação independente sobre as circunstâncias dessas mortes". Mas ele acrescentou que a situação no Egito requer "uma solução mais fundamental, planejada pelos egípcios", que deve ser consistente com os princípios universais. Washington recomendou eleições rápidas e que todas as medidas necessárias sejam tomadas para garantir a segurança e evitar a intimidação.

Nesta sexta-feira, mais protestos estão marcados no Cairo, onde manifestantes afirmam que não sairão as ruas até que a junta militar deixe o comando do país para um governo civil. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.

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