A deputada estadual eleita Gleide Ângelo, que foi a mais votada na história de Pernambuco para ocupar uma vaga na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), durante entrevista à CBN, nesta segunda-feira (7), alertou para o fato de que é dever de todos o problema da violência contra a mulher. A delegada também chegou a dizer que os agressores são vítimas da própria violência.
“A gente não pode perder nenhum direito e a gente tem que buscar novos direitos. A gente tem que exigir do Estado quando você pensa na mulher, você não pensa só na mulher, você pensa no homem, pensa nos filhos, pensa na família, você pensa na sociedade. Esses agressores que estão aí nascem de famílias desestruturadas, eles são vitimas da própria violência. Se eu não tenho essa qualidade de vida, essa família organizada dentro de casa, eu vou continuar a ter criminosos e agressores”, declarou.
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Gleide também falou que a violência não é “mimimi”. “Convido as pessoas a passar um dia na Delegacia da Mulher de Santo Amaro. Vá um dia ali para você saber o que é uma violência, a crueldade da mulher que chega espancada, lesionada, com dentes quebrados, braços quebrados ou, melhor, se intere, converse mais com a sua família, preste atenção na sua mãe, veja que a violência está muito mais perto de você do que você pensa, mas você faz de conta que não vê, você prefere fazer de conta que o problema é do vizinho, que não chegou na sua casa, mas se você não fizer nada vai chegar na tua filha, na tua irmã, na tua neta”.
“Quando eu penso na mulher, eu penso naqueles filhos que são órfãs da violência. Quando a mulher morre, destrói toda a família e a gente não pode continuar vendo tudo isso e fazendo de conta que não estamos vendo nada porque, como eu digo, é uma violência invisível para muitos, mas nós não podemos deixar que isso se naturalize dessa forma. Minha proposta na assembleia é o enfrentamento com políticas públicas”, frisou.
A deputada eleita contou que muitos agressores matam as mulheres na frente dos filhos e dos familiares por ser “um crime de ódio”. “E o crime de ódio tem que se executar para destruir todo mundo. Então, gente, vamos parar de fazer de conta que tua vizinha não está apanhando, ela está apanhando. Não vamos fazer de conta que você não tem nada a ver com isso, você tem. Ligue para o 190. Vamos para de achar que o problema é do outro porque um dia esse problema chega na nossa casa como já chegou na casa de muita gente”, falou ainda salientando que a violência é cruel, perversa e covarde”.
Justiça
Durante a entrevista, Gleide Ângelo expôs a necessidade de mudar a cultura da violência por meio da educação. “A cultura se transforma dentro do colégio, dentro de casa, é preciso enfrentar essa cultura”.
“Já passou da hora de passar com essa história de que mulher quer direito, mulher que igualdade e justiça. Não se tem uma sociedade justa sem igualdade. Não existe no mundo justiça sem igualdade. Se eu tenho uma desigualdade histórica eu preciso dar o direito a essa mulher ter igualdade e começar a pensa em justiça. Isso não é mimimi, isso é crime, vão conhecer a realidade de uma mulher que sofre violência, é muito pior do que qualquer um de vocês imagina”.