O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) disparou críticas contra a presidente Dilma Rousseff (PT), nesta terça-feira (6), durante seu pronunciamento no Senado Federal. O peemedebista questionou o discurso feito pela presidente na última quarta-feira (30), véspera do Dia do Trabalhador. Para Jarbas, Dilma tem pautado os posicionamentos políticos no “desespero”. O parlamentar ressaltou como “correta” a atitude dos partidos de oposição, em denunciar a petista para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e pontuou que os anúncios feitos pela presidente não significam “um pacote de bondades”.
“Em queda contínua e acentuada nas pesquisas de intenção de voto e de avaliação do Governo, a presidente perdeu completamente a compostura. (...) O pronunciamento do presidente da República não deve ser vulgarizado; não pode ser usado como parte da propaganda eleitoral de um determinado partido”, observou.
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O senador pernambucano, no entanto, não acredita em punição por parte do TSE. “Não tenho muitas esperanças de que o TSE tome alguma providência contra Dilma, pois o seu antecessor, o Presidente Lula, usou e abusou desses e de outros recursos ilegais – impunemente – para manipular a opinião pública a seu favor”.
De acordo com Jarbas Vasconcelos, ninguém em sã consciência é contra o aumento do valor do Bolsa Família e da correção da tabela do Imposto de Renda. “A presidente Dilma não está fazendo favor a ninguém, pois a inflação que ela implantou no País nos últimos anos vem corroendo assustadoramente o poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras”, argumentou.
Para Jarbas, chega a ser um “acinte à classe trabalhadora que paga imposto” um reajuste de apenas 4,5% na tabela do Imposto de Renda, bem aquém da inflação de 6,5% projetada pelo próprio governo para o ano de 2014.
“O mesmo raciocínio se aplica ao Programa Bolsa Família. O reajuste de 10% anunciado por Dilma Rousseff não repõe as perdas causadas pela inflação, especialmente a inflação dos alimentos, que atinge os brasileiros mais pobres de uma forma devastadora”, afirmou Jarbas. Para o senador do PMDB, não existe ganho real para os beneficiários do programa, pois a inflação acumulada entre o último reajuste, em 2011, e o último mês de maio chegou a 19,5%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, o INPC.
“O eleitor brasileiro não é bobo. Ele não vai se iludir com essas medidas populistas, que visam apenas tentar barrar a derrocada da popularidade do Governo petista”. Ironizou Jarbas Vasconcelos. “O Governo deveria era propor regras claras e definitivas para a correção do Bolsa Família e da tabela do Imposto de Renda. Dilma não o faz porque pretende continuar usando esses reajustes para politicagem, como se os recursos não fossem públicos, mas viessem da sua conta corrente”, disse.
Confira o pronunciamento na íntegra:
Tanto na vida quanto na política, o desespero é um dos piores conselheiros que podem existir. Pois é o que está acontecendo atualmente com a Presidente da República, a Senhora Dilma Rousseff. Em queda contínua e acentuada nas pesquisas de intenção de voto e de avaliação do Governo, a Presidente perdeu completamente a compostura, na sua fala à Nação que foi ao ar no último dia do mês de abril, véspera do Dia do Trabalhador.
A oposição está correta em recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral, pois um instrumento de Estado, que é o pronunciamento do Presidente da República não deve ser vulgarizado; não pode ser usado como parte da propaganda eleitoral de um determinado partido, no caso o PT. Pois foi isso que ocorreu na noite da última quarta-feira.
Infelizmente, Senhor Presidente, não tenho muitas esperanças de que o TSE tome alguma providência contra Dilma, pois o seu antecessor, o Presidente Lula, usou e abusou desses e de outros recursos ilegais – impunemente – para manipular a opinião pública a seu favor.
Ninguém em sã consciência é contra o aumento do valor do Bolsa Família e da correção da tabela do Imposto de Renda. A Presidente Dilma não está fazendo favor a ninguém, pois a inflação que ela implantou no País nos últimos anos vem corroendo assustadoramente o poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras.
Discordo de que a fala da Presidente signifique um “pacote de bondades”. Na verdade, o pronunciamento foi um atestado de incompetência assinado, registrado em cartório e transmitido para todo o território nacional. Afinal de contas, chega a ser um acinte à classe trabalhadora que paga imposto um reajuste de apenas 4,5% na tabela do Imposto de Renda, bem aquém da inflação de 6,5% projetada pelo próprio governo para o ano de 2014. Tão pífio e ridículo foi o reajuste concedido que a Sra. Dilma Rousseff não teve coragem de anunciar o índice em seu pronunciamento, mas vendeu-o para a população como se fosse algo grandioso, tal como costuma fazer os anúncios políticos do Governo do PT, deixando a tarefa posterior de expor o valor real da correção para seu Ministro das Comunicações.
A Ordem dos Advogados do Brasil calcula que a defasagem acumulada na tabela do IR chega a 61%, na comparação com a inflação oficial – que, por sua vez, está muito distante da realidade das feiras e dos supermercados, da boca do caixa, onde os brasileiros e brasileiras deixam, cada vez mais, grande parte dos seus salários.
O mesmo raciocínio se aplica ao Programa Bolsa Família. O reajuste de 10% anunciado por Dilma Rousseff não repõe as perdas causadas pela inflação, especialmente a inflação dos alimentos, que atinge os brasileiros mais pobres de uma forma devastadora. Não existe ganho real para os beneficiários do programa, pois a inflação acumulada entre o último reajuste, em 2011, e o último mês de maio chegou a 19,5%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, o INPC. Entretanto, ainda que saiba que não recupera as perdas dos beneficiários do Bolsa Família, por acreditar que poderia se beneficiar politicamente do índice anunciado de correção, ao contrário do que fez com a tabela do imposto de renda, dessa vez Dilma Rousseff fez questão de anunciar o índice exato de reajuste.
Em linguagem direta: vendida como medida redentora, a correção do Bolsa Família e da tabela do Imposto de Renda não chegam nem perto de corrigir as perdas causadas pela inflação de Dilma. O eleitor brasileiro não é bobo. Ele não vai se iludir com essas medidas populistas, que visam apenas tentar barrar a derrocada da popularidade do Governo petista.
O Governo deveria era propor regras claras e definitivas para a correção do Bolsa Família e da tabela do Imposto de Renda. Dilma não o faz porque pretende continuar usando esses reajustes para politicagem, como se os recursos não fossem públicos, mas viessem da sua conta corrente.
Ainda no seu pronunciamento do Dia do Trabalho, a Presidente não fez qualquer menção de uma categoria: os aposentados, constante vítimas de injustiças governamentais. Essa classe de trabalhadores, tão esquecida pelo Governo do PT, e que tanto contribuiu para o desenvolvimento desta Nação, amarga ano a ano o achatamento de seus salários justo na época da vida em que mais precisam deles, quando os remédios são mais numerosos e caros, quando os planos de saúde, em decorrência da péssima qualidade do serviço público de saúde, tornam-se mais onerosos. O índice de reajuste das aposentadorias sempre inferior ao do salário mínimo tem feito que o trabalhador que se aposentou com mais de um salário veja seu poder de compra ser reduzido continuamente diante da insensibilidade e da indiferença da Sra. Dilma Rousseff e do Partido dos Trabalhadores.
Estamos vendo o ocaso de um Governo que está desarrumando as contas públicas do Brasil e permitindo que o fantasma da inflação volte a assombrar os brasileiros, 20 anos após o Plano Real colocar o País no caminho certo.
Nenhum de nós esqueceu a fala na qual a Presidente anunciou, no dia 23 de janeiro de 2013, que iria reduzir a conta de energia. Mas na verdade nua e crua, o que assistimos, de lá para cá, foram as tarifas de todos os Estados subirem bem acima da inflação, aumentos que, nas últimas semanas, chegam a quase 20%. Este Governo é uma fraude atrás da outra, uma fraude continuada. No próximo ano, teremos novos reajustes elevados no preço da conta de luz, decorrentes da política equivocada e errática da “ex-gerentona” das Minas e Energia.
É simbólico e sintomático que os dois principais sustentáculos da área energética brasileira, a Petrobras e o setor elétrico enfrentem crises após crises. Afinal de contas, a Presidente da República controla essa área desde que assumiu o Ministério de Minas e Energia no primeiro Governo Lula. Não existe pior atestado de ineficiência para a pessoa que foi apresentada ao Brasil como uma gestora altamente qualificada. Sem deixar de considerar que a maior trapalhada na gestão de uma empresa pública foi cometida pela própria Dilma Rousseff quando Presidente do Conselho de Administração da Petrobrás ao causar prejuízo de mais de 1 bilhão de reais quando autorizou que a estatal comprasse a refinaria sucateada de Pasadena, nos Estados Unidos, e assinasse um contrato recheado de cláusulas leoninas prejudiciais à saúde financeira da empresa. Se trabalhasse na área privada, Dilma Rousseff, além de demitida sumariamente, por incompetência e imperícia, nunca mais seria considerada com seriedade para qualquer cargo de direção depois de tão desastroso episódio.
A fala da Presidente da República é uma peça típica do marketing embalada pelo desespero. A Senhora Dilma deixou claro para todos que está acuada pelo “volta Lula” dentro do PT e pela desaprovação popular crescente em todas as regiões do Brasil. Mas ela deveria encerrar esse ciclo sem perder a dignidade, sem se deixar levar pelos conselhos dos marqueteiros de plantão e dos transtornados dirigentes do PT, que temem perder os milhares de cargos que ocupam na administração pública federal.
Quero aqui repetir um trecho do discurso da Presidente da República, que seria cômico, não fosse transmitido em rede nacional para toda a Nação, abre aspas:
“Meu Governo também será sempre o Governo do crescimento com estabilidade, do controle rigoroso da inflação e da administração correta das contas públicas”. Fecha aspas.
Trata-se de uma frase cínica, mentirosa e que não tem nada a ver com a realidade que acompanhamos diariamente pela Imprensa. Não há crescimento, muito menos estabilidade e o falso “controle rigoroso” pode ser percebido com toda sua força nos escândalos que atingem a imagem do patrimônio nacional que é a Petrobras.
A alternância de poder é extremamente saudável para a democracia. Isso ocorre com naturalidade nos países que contam com democracias estáveis e seculares. O mundo não acaba quando um determinado partido perde o poder para outro. A vida continua.
Vimos isso em 2002, quando o PT chegou à Presidência da República e veremos isso novamente no próximo mês de outubro. Também creio que será muito bom para o PT voltar à oposição, rever seus conceitos e purificar suas ideias.
O que não posso aceitar é que nesse processo o Brasil abra mão das conquistas obtidas nas últimas três décadas. Conquistas que não são do PT, do PSDB, do PMDB, do PSB ou de qualquer outro partido político. A democracia, a estabilidade da moeda, a distribuição de renda e o desenvolvimento são conquistas do povo brasileiro. E delas não devemos nos desviar um centímetro sequer.
Era o que tinha a dizer.”