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Na noite da última quarta-feira (4), os 20 alunos-atletas participantes do Programa Ganhe o Mundo Esportivo 2017 desembarcaram no Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes. Os jovens esportistas voltaram a Pernambuco depois de dois meses de intercâmbio educacional e esportivo a cidade de Quebéc, no Canadá.

Na temporada em Quebéc, os alunos-atletas estudaram a língua inglesa e treinaram em centros de excelência esportiva. No desembarque, os intercambistas foram recepcionados pelas suas famílias e pela equipe da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco, além do secretário executivo de Esportes e Lazer do Estado, Diego Pérez. Esta foi a terceira turma do Ganhe o Mundo Esportivo e a primeira leva de estudantes do Programa Ganhe o Mundo que viajou nesta temporada. 

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Confira a lista dos alunos-atletas intercambistas:

1 Henrique Pereira Silva – Atletismo, 16 anos - Escola Poeta Carlos Drumond de Andrade/ Petrolina

2 Maria Raiara Souza dos Santos – Atletismo, 16 anos – Escola Poeta Carlos Drumond de Andrade/Petrolina

3 Tamires da Silva Alves – Atletismo, 17 anos – Erem Santos Dumont/Recife

4 Eduardo da Silva Tavares de Lima – Atletismo, 16 anos – Escola Nossa Senhora de Fátima/Ouricuri

5 Anne Carolenne Ordonio da Silva – Karatê, 16 anos – Escola Técnica Estadual Maria José Vasconcelos/Bezerros

6 Lucas Matheus Vitor Silva de Melo – Luta Olímpica, 17 anos – Escola Rosa de Magalhães Melo/Recife

7 Júlia Leticia de Melo Ratis – Atletismo, 17 anos –Escola Professora Isaura de França/Abreu e Lima

8 Emannuel Clemente Magalhães – Judô, 17 anos – Escola Monsenhor José Kehrle/Arcoverde

9 Ingrid Gomes da Cruz – Atletismo, 17 anos – Escola Manoel Borba/Recife

10 Tarciele dos Santos Pinto – Natação, 16 anos – Escola José Glicério/Jaboatão dos Guararapes

11 Vitória Lídia Clemente da Silva – Luta Olímpica, 16 anos – Erem Senador Paulo Pessoa Guerra/Recife

12 Fransueldes Mendonça de Sá Filho – Atletismo, 15 anos – EREM Governador Muniz Falcão/Trindade

13 Rayssa Alessandra Barbosa Venceslau – Judô, 15 anos – Erem Augusto Severo/ Jaboatão dos Guararapes

14 Israel Isaac Monteiro de Souza  – Atletismo, 15 anos – EREM Santos Dumont/ Recife

15 Ryan Vinicius Lucena de Amorim – Judô, 15 anos – Escola João Matos Guimarães/Paulista

16 Rayssa Cavalcanti da Silva – Luta Olímpica, 15 anos – Erem Engenheiro Lauro Diniz/Recife

17 Vanessa Renata de Souza Duarte – Ciclismo, 15 anos – Escola João Carlos Lócio de Almeida/Bodocó

18 Iasmin Hevellin Ribeiro – Natação, 15 anos – Escola José Glicério/Jaboatão dos Guararapes

19 Mário Victor Macedo de Carvalho Angelim – Atletismo, 15 anos – Colégio da Polícia Militar de Pernambuco Anexo I/Petrolina

20 Alfredo Ferreira Lima Neto – Atletismo, 15 anos -  Colégio da Polícia Militar de Pernambuco Anexo I/ Petrolina

[Programar para domingo]

A experiência que os estudantes que participaram do Programa Ganhe o Mundo (PGM), do Governo do Estado, não se restringe à viagem de intercâmbio. Durante os jogos da Copa do Mundo em Pernambuco, pós-intercambistas do PGM foram convocados para atuar em alguns setores como tradutores. Foram selecionados sete jovens que trabalharão como intérpretes de língua inglesa e espanhola. Do total, quatro auxiliarão as tapioqueiras que foram capacitadas para vender a iguaria nordestina no evento, e três alunos recepcionarão a imprensa no estande do Governo do Estado. 

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Segundo Fabiola Lucena, coordenadora do PGM, a escolha dos estudantes foi uma solicitação da Secopa. Entre os requisitos, estava ser maior de 18 anos, ter fluência na língua estrangeira e ter afinidade com a Copa do Mundo. “A situação social também foi levada em conta. Como os alunos vão receber uma bolsa, privilegiamos aqueles que têm mais necessidade financeira”, comenta a coordenadora. Cada pós-intercambista vai receber um auxílio de R$ 200 por jogo. 

O interesse de trabalhar na Copa também é uma reivindicação dos próprios estudantes, que procuram oportunidades para treinar o que aprenderam na viagem. “Eles voltam do intercâmbio querendo praticar, e a copa é uma ótima chance. Além de que a experiência pode ser utilizada no futuro, no currículo”, afirma Fabiola. 

Para Marina Araújo, 18 anos, a troca de experiências é um grande motivador para o trabalho. A jovem, que passou quatro meses no Canadá através do PGM, vai trabalhar com as tapioqueiras no estande da Fan Zone, na ala de alimentação da Arena Pernambuco, como intérprete de inglês. “Vai ser muito legal, mais uma experiência cultural com as pessoas de fora. A convivência vai ser proveitosa”, conta. 

Foi a vontade de demonstrar o aprendizado obtido durante o intercâmbio que incentivou o estudante Joaldi Soares, 18 anos, a aceitar a proposta de trabalho na Copa do Mundo. “Estou esperando ganhar experiência. A gente sempre espera fazer valer o que aprende na viagem”, admite o jovem. Joaldi também vai trabalhar com as tapioqueiras na Arena Pernambuco. Sua viagem foi para o Chile, onde passou cinco meses.

Os pós-intercambistas do PGM vão passar por um programa de treinamento antes do início do mundial. O Programa Ganhe o Mundo, nos seus três anos de atividade, já levou para cursos de língua estrangeira mais de 2 mil estudantes. Em 2014, até o final de fevereiro, 465 pessoas já viajaram, de um total de 1.600 previstos até o fim do ano. Os beneficiados com o programa têm como destino países como Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália. Conheça as experiências de uma pós-intercambista aqui, no Portal LeiaJá.

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Quando se pensa em um intercâmbio para o exterior, logo nos vêm à cabeça as tradicionais viagens aos Estados Unidos, ou ao Canadá, a países da Europa. Através de agências de viagens que enchem colégios com propagandas e oportunidades, esses intercâmbios oferecem os serviços mais comuns de mobilidade estudantil. Na contramão do conforto e da comodidade, instituições alternativas e agências tradicionais buscam percursos para os estudantes conhecerem uma nova realidade. 

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No mercado há mais de 60 anos, a Aiesec é um exemplo de como boas ideias de estudantes podem criar oportunidades diferentes. Com o objetivo de promover o desenvolvimento dos estudantes a partir da troca de experiências e do choque cultural entre países, a instituição, que é formada por jovens com até 30 anos, oferece intercâmbios para 120 países. “Todos chegam aqui pela curiosidade. Veem que têm a possibilidade de fazer um intercâmbio fora do convencional, de ser levado a culturas que você não tem tanto acesso com facilidade. Eles vêm buscando isso: "quero conhecer algo diferente”, explica Tennily Pessoa, 20 anos, diretora de intercâmbios da Aiesec Recife. Na capital pernambucana há 11 anos, mais de 800 intercambistas, entre estrangeiros e nativos, participaram do programa de mobilidade estudantil. 

Tennily Pessoa ajuda os estudantes na escolha pelo país

Foi através da Aiesec que Mariana Rangel, de 20 anos, conheceu um país que nunca imaginaria estar: a Bulgária, um dos países mais pobres da Europa. Mariana passou seis semanas em Sófia, capital do País, trabalhando com crianças. “Foi a melhor experiência da minha vida. Nessa viagem eu conheci não só a cultura búlgara, mas a do mundo todo, porque lá a gente convivia com muita gente”, conta a estudante, que ficou em uma casa com vários intercambistas de vários países. “Independentemente da língua, quando há um bem em comum, é muito fácil se sentir acolhido. Não tive problemas”, diz. 

A diretora de intercâmbios da Aiesec, Tennily, só entrou na empresa após seu primeiro intercâmbio, para a Sérvia. Na época com 18 anos, Tennily passou três meses em Belgrado, trabalhando com crianças ciganas dentro de um contexto de tráfico de pessoas. “Nós trabalhávamos com crianças que vinham de contextos de muita pobreza, e com muito cuidado para abordar temas tão complicados como o tráfico”, conta. Apesar de estar em um dos países turísticos mais procurados da Europa, a realidade que Tennily conheceu não tinha nenhum luxo. “A gente tem uma visão muito estigmatizada da Europa, de que lá não tem pobreza, não tem miséria. Conhecer essas realidades nos faz valorizar mais o país natal”, explica a diretora. 

NEGÓCIO DA CHINA

Há seis anos, o Santander Universidades promove um intercâmbio para o outro lado do mundo, literalmente. O programa Top China tem ligação com 24 universidades brasileiras e oferece 102 bolsas de estudo, para alunos de graduação e professores, em duas grandes instituições de ensino do país asiático: a Peking University e a Shanghai Jiao Tong. 

O programa tem como objetivo promover o contato entre a cultura brasileira e a chinesa, ambas com importância fundamental na economia contemporânea. Com viagem programada para agosto deste ano, os selecionados irão passar três semanas em uma das faculdades aprendendo sobre a cultura da China. As aulas são em inglês e as inscrições para o programa vão até o dia 25 de maio, pela internet.

TROCA DE EXPERIÊNCIAS

A Aiesec Recife vai promover, na próxima terça-feira (29), às 14h, no auditório do terceiro andar do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o evento “Cinco por Cinquenta”, onde cinco intercambistas recifenses irão contar como foi a experiência de conhecer países como Lituânia, Camboja e Marrocos. A entrada é gratuita.

 

A agência Experimento Intercâmbio Cultural oferece, na próxima terça-feira (11), uma palestra sobre a Nova Zelândia. O evento, que será ministrado pela educadora, empresária e Cônsul Honorária do Brasil em Auckland, Kátia Mackenzie, tem como objetivo mostrar para os estudantes os motivos pelo qual o país vem se tornando um dos principais destinos de intercambistas brasileiros. 

A palestra é gratuita e aberta ao público. Será realizada no Colégio Marista São Luiz, que fica na Avenida Rui Barbosa, 1.104, no bairro das Graças, no Recife. Para outras informações, ligue para (81) 3426.9050.

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Viajar é uma das maneiras mais fáceis de ganhar o mundo. Esse proveito, em um sentido metafórico, significa absorver das melhores formas tudo o que o contato com outras culturas pode proporcionar. No âmbito da educação, os programas de intercâmbio oferecem aos estudantes essa oportunidade de troca de experiências e é uma das alternativas mais procuradas por quem procura crescer na carreira profissional.

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Entretanto, a realidade de maioria dos estudantes do Brasil impede que eles possam ser beneficiados com um intercâmbio. Pensando nisso, o governo de Pernambuco, desde 2011, oferece aos alunos da rede pública de Pernambuco a oportunidade de viajar para outros países através do Programa Ganhe o Mundo (PGM). Nos três anos em atividade, já embarcaram para cursos de língua estrangeira cerca de 2,2 mil estudantes. Em 2014, até o final de fevereiro, 465 pessoas já viajaram, de um total de 1.600 previstos até o fim do ano. Os beneficiados com o programa têm como destino países como Canadá, Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália, Argentina, Chile, Espanha e Uruguai.

A estudante Karla Godoy, 17 anos, foi uma das pessoas que viajaram através do Programa. Em 2012, ela embarcou para Washington, Estados Unidos, para um curso de inglês de seis meses. De volta ao Brasil há mais de um ano, Karla descreve a experiência da viagem como inesquecível. “O Ganhe o Mundo foi o que realmente me fez decidir o que queria, foi um divisor de águas. No intercâmbio você se desenvolve em todos os aspectos que pode como humano, como pessoa. Foi maravilhoso”, comenta.

Karla se formou no ano de 2013 na Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães (Etepam), em design de interiores, e foi aprovada no vestibular para o curso de ciências políticas da Universidade Federal de Pernambuco. A escolha pela graduação veio a partir da experiência da viagem. “Eu gostei muito de ter contato com outras culturas, com outras pessoas, então eu pensei em fazer algo que me desse essa oportunidade. Antes do intercâmbio eu não sabia o que fazer”, diz.

Recentemente, a estudante teve um artigo aprovado na 25ª Conferência Internacional de Ensino e Aprendizagem Universitária, que acontece em março na Flórida, Estados Unidos. O artigo é sobre a Life Up, célula empreendedora desenvolvida por alunos da Etepam que, no ano de 2014, foi campeã da Imagine Cup, torneio mundial de computação promovido anualmente pela Microsoft. O time da escola foi o primeiro colocado na categoria Cidadania Mundial com o jogo Can Game, desenvolvido para auxiliar no aprendizado de crianças autistas.

A mãe de Karla, Marcia Godoy, 41 anos, afirma que a oportunidade oferecida pelo PGM é muito importante. Márcia, que trabalha como técnica de enfermagem, viu a segunda filha viajar e a apoiou em todos os momentos. “Tive muito medo, como mãe, mas eu sempre achei que ela deveria crescer. Eu não poderia dar essa oportunidade a ela, então seria bobagem minha não deixá-la ir. Eu sempre falei que elas podem ir para todo lugar que quiserem, mas não tinha condições de arcar com uma viagem. Quando surgiu a oportunidade eu disse para ela ir”, comenta. “Eu gostaria que outras pessoas pudessem ter essa oportunidade, que minhas outras duas filhas também viajassem. Com certeza a vida de Karla vai ser melhor que a minha, pelas oportunidades que ela teve e eu não tive. Então se outras mães puderem ir em busca disso, com certeza os filhos vão crescer e se tornarem pessoas muito inteligentes”, finaliza.

A experiência posta em prática

Um grupo de 50 ex-intercambistas do Programa, participará da Brazil National Tourism Mart (BNTM 2014), que acontece entre os dias 27 e 30 de março na Arena Pernambuco. Eles vão trabalhar como voluntários de informações bilíngues. Em 2013, nove estudantes do interior do estado que também participaram do PGM trabalharam como agentes bilíngues no Festival Nação Cultural.

Karla também participou de um do Pernambuco no Clima, trabalhando como intérprete bilíngue. No evento, os estudantes que participaram do Ganhe o Mundo tiveram a missão de recepcionar e repassar informações nas línguas inglesa e espanhola aos convidados que participaram da conferência.

Os estudantes também foram chamados para participar de programas na Copa das Confederações. Karla contou que foi chamada para trabalhar como voluntária na Copa do Mundo 2014, mas ainda não sabe se vai participar.

A UNINASSAU – Centro Universitário Mauricio de Nassau realiza, no dia 6 de março, uma série de eventos sobre intercambio. Ás 10h, haverá uma palestra que abordará aspectos importantes para aqueles que pretendem fazer um esse tipo de viagem. A atividade será ministrada por Adalberto Moraga, ex-intercambista que relatará experiências e os conhecimentos adquiridos no exterior. 

Durante a tarde, às 14h, será realizada, no ginásio de esportes da UNINASSAU, no Bloco A, uma partida amistosa de handebol entre os intercambistas. Após a partida, às 16h30, ocorrerá uma aula de zumba, mistura de ritmos como fitness e party dance, oferecida pelo professor Roland Vidal. 

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Todos os eventos são gratuitos e abertos ao público. As inscrições devem ser feitas no setor de relações internacionais da instituição de ensino. A UNINASSAU fica na Rua Joaquim Nabuco, 547, no bairro das Graças. Para outras informações, ligue para (81) 2121.5906.

O número de alunos de outros países no Brasil cresce a cada ano. É o que indicam os dados do Itamaraty. Entre os anos de 2012 e 2013, o número de vistos temporários emitidos para estudantes estrangeiros (Vitem IV) subiu 5%. Para se ter uma ideia, no ano de 2005, o número de Vitem IV emitidos foi de 5.770; em 2013, oito anos depois, esse número subiu para 12.547. A expectativa é que o ano de 2014 traga ainda mais alunos, desde o ensino fundamental até para programas de pós-graduação.

Existem muitas maneiras de ingressar no Brasil para estudar. Uma delas é através dos programas de mobilidade estudantil da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Entre 2011 e 2012, 1.576 estudantes de instituições ligadas ao Ministério da Educação (MEC) deram entrada no país pela Capes. Alguns países, através de programas de convênio, trazem alunos para o Brasil para fazer graduação e pós-graduação. Sulei Mali, 26, está cursando Turismo há 1 ano e 8 meses na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) através do programa Programa de Estudantes Convênio de Graduação (PECG). Natural de Guiné-Bissau, Sulei queria ir para o Marrocos, mas a oportunidade de estudar no Brasil era mais acessível. “O programa PECG oferecia mais vagas para estudar no Brasil”, afirma. 

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Em Pernambuco, a situação segue favorável. Segundo dados da Diretoria de Relações Internacionais da UFPE, no ano de 1999 apenas um estudante estrangeiro veio para a universidade, contra 137 em 2012, ano com  maior número de alunos de outros países. Alguns intercambistas de ensino fundamental e médio também estão na rede pública de ensino do Estado. Atualmente, 46 alunos de países como Portugal, El Salvador, França, Argentina, Armênia e Japão estudam em escolas estaduais. 

Alcides veio de Cabo Verde para estudar música

Quando veio estudar música no Brasil, em 1997, Alcides Lopes só sabia tocar o que tinha aprendido com uma pequena revista de cifras. Natural de Cabo Verde, chegou ao Brasil através do PECG, oferecido pelo governo cabo-verdiano para os estudantes do país. Escolher o Brasil foi quase natural. A começar pela língua, portuguesa, Cabo Verde tem uma afinidade cultural muito grande com o Brasil. Lá se vê novelas produzidas aqui, escuta-se música brasileira. “Existem muito mais coisas em comum entre Brasil e Cabo Verde do que a gente desconfia”, comentou. 

Somente em 2006, nove anos após começar a graduação na UFPE, Alcides se formou. "Esse atraso teve várias razões. Uma delas foi porque os estudantes africanos que vêm para o Brasil sofrem muito com o atraso de bolsas. Eu já fiquei três meses sem receber, tive que trancar um semestre todo para poder trabalhar, pra me virar na vida", conta. Permaneceu no Brasil até o ano de 2010, trabalhando como professor de música e de inglês. Ao ensinar em escolas públicas e particulares, presenciou parte dos problemas do Brasil. "Quando eu trabalhei em escola pública, existia um descaso muito grande. As escolas eram muito sucateadas, havia muita criminalidade em certas áreas. Eu já tive que ficar trancado dentro de uma escola porque tinha alguém atirando do lado de fora querendo matar um aluno", lembra Alcides, que voltou ao Brasil em 2012 e agora faz mestrado em Antropologia. “Acredito que o que me fez voltar para o Brasil foi ter conhecido minha atual esposa. Eu tinha planos de ir para a Noruega, que oferece programas de apoio a estudantes africanos, mas acabei preferindo ficar no Brasil. Hoje, não tenho planos para voltar nem tão cedo”, completa.

Ao ser questionado sobre a forma com que Brasil o acolheu, Alcides afirma que a “Afinidade com o Brasil e a receptividade do brasileiro foi muito grande. Eu não tive dificuldade de me integrar à cultura brasileira, muito pelo contrário. Fiz uma banda, conheci o Nordeste inteiro, aprendi muito da cultura local. As pessoas eram muito receptivas, principalmente quando eu dizia que era da África”. Ser negro e vindo de um país africano nunca trouxe para ele problema ou motivo para discriminação ou racismo.  “Uma coisa interessante é que quando eu cheguei todo mundo queria me levar em um terreiro, mas eles não entendiam que no meu país a religião era católica, não temos essas manifestações religiosas. A formação da África na consciência coletiva brasileira é meio mitológica, se cultiva uma África que já não existe”, avalia o mestrando.

A cultura brasileira também atraiu o jovem franco-suíço Quentin Jaques, de 19 anos. Natural de Genebra, Suíça, morava em Lyon, na França, onde estudava cinema na Université Lumìere Lyon 2. Veio ao Brasil atraído pelo cinema brasileiro. “Desde que entrei na faculdade, eu queria sair da França e já gostava da cultura brasileira porque conheci alguns brasileiros lá”, relembra Jaques, que está no Brasil há quatro meses estudando cinema na UFPE. 

Estudante de Cinema, Quentin quer aprender mais sobre a cultura brasileira

Para o estudante de cinema, as principais dificuldades foram a língua e problemas para se estabelecer na cidade. “Para resolver os meus documentos, o CPF, a matrícula da faculdade, não me deram muitas informações, não explicaram muito bem. Eu tinha que me deslocar muito de um lado para o outro sem saber para onde ir.”

O Brasil recebeu bem Quentin, que tem planos de voltar após o intercâmbio. “Fui surpreendido. Os brasileiros são muito calorosos, muito receptivos. Eu rapidamente fiz muitos amigos por aqui. Pretendo voltar, gostei muito do país”, diz. O franco-suíço também comentou a atitude de algumas pessoas quanto a França. “Geralmente as pessoas têm uma imagem supervalorizada de lá. É verdade que é um país mais desenvolvido, mas nem tudo lá é tão bom quanto se pensa”, completa.

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Um universo profissional globalizado e a necessidade de comunicação são alguns dos fatores que estimulam a busca pelo conhecimento de mais de um idioma. O inglês, como muito se comenta, é a língua universal, e quem tem o domínio possui mais chances de se dar bem no mercado de trabalho. Entretanto, hoje em dia esse idioma não é mais visto por muitas pessoas como um diferencial, mas sim, como uma habilidade obrigatória, e daí, é importante ter o domínio de outras línguas.

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Há quem diga que o espanhol já é considerado um dos idiomas mais falados depois do inglês. Além disso, para quem tem interesse em aprender mais sobre esse dialeto fora do Brasil, existem pacotes de intercâmbios mais baratos, como para a Argentina que tem uma moeda com valor equivalente ao real.

A delegada de polícia Maria do Socorro Veloso, de 42 anos, há 20 reside no Recife, porém, desde 2010 cursa um mestrado em segurança pública na Universidade da Polícia Federal da Argentina, em Buenos Aires. Já na infância, Maria do Socorro começou a estudar inglês, e, apenas atentou para aprender o espanhol pela necessidade de viajar para uma nação que fala o idioma.

“Eu não tinha conhecimento em espanhol. Fui sem noção nenhuma para a Argentina, onde de início passei 21 dias e percebi que eu tinha a necessidade de me aprofundar na língua”, conta a delegada. Como o curso de mestrado é feito parte na Argentina e parte no Brasil, ela começou a cursar espanhol no Instituto Cervantes da capital pernambucana. “No começo, tive mais dificuldade para escrever e falar na Argentina. Até dava para entender as pessoas falando. Ouvia falar no Brasil que o espanhol era fácil, uma vez que é parecido com o português, mas, isso é um engano”, comenta.

No final deste ano, Maria do Socorro testará seu domínio do espanhol. Ao final do mestrado, a delegada terá que defender a tese, e todo o procedimento deverá ser realizado em espanhol.

Argentina é a opção

De acordo com tradutora pública e professora de espanhol, Andrea Baylé, grande parte dos interessados em aprender ou aperfeiçoar o idioma fora do Brasil procura a Argentina, seguido da Espanha. “Acredito que a procura pelos cursos na Argentina vem aumentando por motivos econômicos (câmbio favorável) e também pelas opções de cursos com propostas bem atraentes, como é o caso dos cursos “sanduíche”, em que o aluno pode fazer seu mestrado ou doutorado na modalidade semipresencial, tendo aulas intensivas nos meses de janeiro e julho (que aqui são considerados meses de férias)”, explica Andrea.

A professora destaca que não apenas Buenos Aires é procurada para os cursos. Cidades, como Rosário e Córdoba, também estão na lista de preferência dos intercambistas. “Antes a única opção que ouvia era a Espanha, mas com as mudanças no cenário mundial, hoje, economicamente, é mais acessível fazer um intercâmbio em um país da America do Sul, inclusive no Chile”, completa.

Sobre as pessoas que não têm uma boa base no espanhol, existem vários programas de intercâmbio, conforme as instituições de ensino que os oferecem. Porém, segundo a tradutora pública, geralmente, o nível mínimo exigido para inscrição nos programas é o B1. Para um aluno que está no Brasil alcance o nível B1, são necessárias aproximadamente 210 horas de estudo. Mas, para se comunicar e interagir com outras pessoas, o nível básico (A1 – 90 horas) já permite um bom nível de comunicação informal”, explana Andrea.

Em relação a teoria de que o espanhol é um idioma muito fácil de se aprender para quem fala português, a professora frisa que por existirem algumas aproximações entre as línguas, as pessoas que iniciam o estudo do espanhol levam menos tempo, se comparado aos outros idiomas, para se comunicarem. Todavia, ela alerta que “isso não quer dizer que o espanhol seja mais fácil”. “Quando os alunos se propõem a aprender realmente o idioma, para se expressar bem, empregar adequadamente os tempos verbais, usar conectores e construir textos elaborados, percebem que o espanhol merece mais dedicação do que imaginavam. Esse idioma também precisa de atenção com os falsos cognatos (palavras que são escritas iguais em ambos os idiomas, mas com significados diferentes) que podem causar muita confusão e atrapalhar a comunicação”, finaliza a tradutora pública. 

Intercâmbio pode ser definido como qualquer tempo que se passa em outro país tendo uma experiência de estudos ou trabalho, ou os dois combinados. Normalmente quando falamos desse tipo de viagem, associamos prontamente a brasileiros indo a outro país, contudo, a cada dia cresce o número de estudantes que vem ao Brasil em busca de conhecimento e experiência.

É fácil entender o que levou o estudante americano Fielding Russell, 22 anos, a trocar o conforto da cidade de Boone, nas montanhas da Carolina do Norte, pelo calor do Recife, quando ele conta sua paixão pela capital pernambucana. Segundo Fielding, uma das principais razões para ter escolhido o Brasil é a diversidade cultural. “Nos Estados Unidos, curso Global Studies (Estudos Globais). É essencial ter uma visão geral e diversificada do mundo”, conta o estudante, ainda com o forte sotaque de quem chegou há apenas dois meses no país.

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Assim como Fielding, outros 16 mil estudantes desembarcam anualmente no Brasil a estudo, é o que aponta o Ministério das Relações Exteriores. Ainda é um número pequeno, se comparado aos mais de 280 mil brasileiros que cruzam a fronteira em algum programa de intercâmbio anualmente.

As principais razões, segundo a professora Elizabeth Siqueira, coordenadora do departamento de intercâmbio da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) seria além da dificuldade com a língua portuguesa, a complicada missão de encontrar um alojamento próximo à instituição de ensino. “Quando mandamos brasileiros para outros países, geralmente eles ficam no alojamento das universidades, geralmente baratos e muito confortáveis. Quando os estrangeiros chegam aqui, eles esperam encontrar a mesma coisa, por um preço mais acessível. É bem complicado”, avalia Elizabeth.

Outra dificuldade é falta de padronização entre os currículos brasileiros. Muitos estudantes não conseguem revalidar as disciplinas cursadas quando retornam a seus países. “Sempre alertamos tanto os alunos que estão indo, quanto os que vêm ao país, dessa dificuldade. Por isso eles cursam, normalmente, entre duas e quatro disciplinas”.

Quando perguntado sobre essas dificuldades, Fielding conta que com orientação e algumas pesquisas encontrou um bom lugar para morar durante os seis meses que ficará no país e escolheu bem as quatro disciplinas que cursa atualmente. “Moro perto da praia. É inacreditável poder sair para correr a noite, na areia, com a temperatura perfeita, encontrar os amigos e ao mesmo tempo estar perto da universidade. É bem diferente da minha cidade”, conta o estudante, entre elogios e comparação com a Appalachian State University, onde estuda, na fria cidade do leste dos Estados Unidos.

E ainda completa: “O brasileiro é muito receptivo. Além das cidades serem lindas e do clima ser muito confortável, todo mundo ainda me ajuda, mesmo fora do campus. Fiz várias amizades que espero levar comigo para sempre”

Entre as disciplinas que Fielding escolheu está sua favorita, Cultura Afro-brasileira. Ele compara a aula com a mesma cadeira paga na universidade americana. Segundo ele, uma das principais características que ele destaca do Brasil é a riqueza cultural. “Nos Estados Unidos não temos tantos ritmos, sabores e essa quantidade de raças tão interessante como no Brasil”, lembra Fielding.

Assim como qualquer outro intercâmbio, Elizabeth Siqueira destaca que é importante estar pronto para novas experiências. “Geralmente o Brasil é bem diferente do país de origem deles, mas todos eles sempre voltam maravilhados com nosso país e querendo voltar”, lembra a professora.

A alta temporada de intercâmbio já começou e a AIESEC Recife procura pessoas interessadas em ser Host de intercambistas pelo período de dois a 12 meses. Os estudantes estrangeiros vêm ao Recife para trabalhar em projetos sociais como voluntários ou em grandes empresas parceiras da organização. 

A AIESEC Recife destaca que o Host realiza um intercâmbio sem sair de casa. Entre as vantagens de receber estudantes estrangeiros estão a oportunidade de praticar outras línguas, descobrir costumes e fazer networking internacional. A iniciativa faz parte do programa Host Family. Hospedando-se em casas de famílias brasileiras, o estudante estrangeiro terá a chance de vivenciar de maneira mais aprofundada nosso país e cultura, enriquecendo a experiência do intercâmbio. 

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Os interessados em se tornar Host devem se inscrever no site da instituição e aguardar contato para entrevista. 

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