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O vice-presidente Hamilton Mourão saiu em defesa do presidente Jair Bolsonaro, criticado por ter demorado muito a decidir pela demissão do ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, prorrogando a crise pelo fim de semana. "Ele agiu com a cautela necessária", declarou, ao deixar o Planalto, depois de o porta-voz da Presidência, Otávio Rego Barros, ter anunciado a saída de Bebianno do cargo.

Mourão evitou, também, ligar a demissão às pressões dos filhos do presidente, particularmente o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), do Rio, desafeto do ex-ministro desde os tempos de campanha. "Foi uma decisão do presidente e não tem nada a ver com questões familiares", afirmou.

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Em outro momento, mais uma vez, Mourão elogiou a forma como Jair Bolsonaro conduziu o processo, evitou falar do PSL e elogiou a capacidade do presidente de promover o entendimento com os partidos da base aliada. "O PSL não é meu partido. Não posso emitir opinião sobre algo que não tem nada a ver comigo, apesar de ser do governo e o PSL ser o principal partido da base aliada", declarou Mourão.

E acrescentou: "O presidente tem habilidade e capacidade para superar qualquer crise dessa natureza". Questionado se esse problema todo, às vésperas do envio ao Congresso da reforma da Previdência e do pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, o vice-presidente amenizou as consequências dos embates dos últimos dias. Sobre a diferença de tratamento dado por Bolsonaro a Bebianno e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que também foi acusado de irregularidades no patrocínio de candidatos-laranjas, mas que foi poupado pelo governo, o vice-presidente respondeu: "Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Então, acho que a questão entre o presidente e o ministro Bebianno tem mais, vamos dizer assim, tem mais problemas do que a questão dos laranjas".

Diante da insistência dos repórteres sobre quais seriam esses problemas, Mourão disse não saber e ressaltou que essa "foi uma decisão de foro íntimo" do presidente. Ao ser perguntado se existia algum desgaste anterior entre os dois, emendou: "Não sei, o presidente nunca comentou isso comigo. Então, o que eu julgo é que, como eles se conhecem há algum tempo, talvez já tivessem alguns problemas aí que nunca foram ventilados".

Às vésperas de enviar a proposta de reforma da Previdência ao Congresso, o presidente Jair Bolsonaro tentou ontem encerrar a grave crise que há quase uma semana abala o governo e anunciou a demissão do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. A queda de um de seus principais auxiliares, no entanto, está longe de representar o fim da turbulência no momento em que o Palácio do Planalto precisa fortalecer a articulação política no Congresso.

Em uma tentativa de amenizar o impasse, o presidente gravou um vídeo, que postou ontem nas redes sociais, agradecendo a "dedicação e o comprometimento do senhor Bebianno". Foi uma estratégia combinada para evitar que o ex-auxiliar saísse "atirando". Como revelou ao jornal O Estado de S. Paulo, o general da reserva Floriano Peixoto substituirá Bebianno, que era até hoje o único interlocutor do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no Planalto. Atual secretário executivo da pasta, Peixoto será agora o oitavo ministro militar na Esplanada.

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Na mensagem para as redes sociais, em tom de trégua, Bolsonaro disse ter havido divergências entre ele e o ministro sobre "questões relevantes", mas não especificou quais. "Comunico que desde a semana passada diferentes pontos de vista sobre questões relevantes trouxeram a necessidade de uma reavaliação", afirmou o presidente no vídeo. "Avalio que pode ter havido incompreensões e questões mal entendidas de parte a parte, não sendo adequado prejulgamentos de qualquer natureza", completou, desejando ao ex-auxiliar "sucesso em sua nova jornada". Antes, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que a exoneração de Bebianno ocorrera por "razões de foro íntimo."

Ex-coordenador da campanha de Bolsonaro e responsável por levá-lo para o PSL, Bebianno caiu após um ruidoso embate público com o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente. Na semana passada, Carlos chamou o então ministro de "mentiroso" por ele dizer que havia conversado três vezes com seu pai sobre a crise.

O clima azedou de vez após Bolsonaro ser informado de que o ministro deixara vazar para interlocutores mensagens de áudio com conversas privadas entre os dois. Antes disso, o nome de Bebianno foi citado em denúncias sobre um esquema de desvio de dinheiro do Fundo Partidário do PSL para patrocinar candidaturas laranjas, em 2018.

A agonia de um dos ex-homens fortes do governo se arrastou por dias. Para evitar que a crise contaminasse votações consideradas prioritárias para o governo no Congresso, como a reforma da Previdência, ministros do núcleo político, militares e até Maia tentaram convencer Bolsonaro a manter Bebianno no cargo.

O plano não surtiu efeito e, então, os "bombeiros" políticos fizeram de tudo para construir uma "saída negociada", que não deixasse o ex-ministro na "chuva".

Emissários do presidente chegaram a oferecer a Bebianno uma diretoria de Itaipu Binacional e até uma embaixada em Roma ou em Portugal, para que ele saísse do Brasil. Bebianno, porém, não aceitou. "Trabalhei e fiz o que fiz por garra, não foi por emprego ou para ganhar dinheiro", disse o ex-ministro À reportagem. "O tempo é o senhor da razão".

O receio de auxiliares de Bolsonaro é de que, mesmo com os agradecimentos feitos pelo presidente, Bebianno seja o que no jargão político se chama de "homem bomba" e aja para detonar o governo e o filho do presidente. A oposição, por exemplo, vai convidá-lo para prestar depoimento.

"Preciso pedir desculpas ao Brasil por ter viabilizado a candidatura de Bolsonaro. Nunca imaginei que ele seria um presidente tão fraco", afirmou Bebianno a interlocutores no fim de semana.

Áudio

Na prática, a gota d'água que levou à demissão do ministro, na sexta-feira, foi a divulgação de uma gravação na qual o presidente dizia a ele que não queria "aproximação com a TV Globo".

Foi na terça-feira da semana passada, quando Bolsonaro, ainda internado no Hospital Albert Einstein, mandou o então ministro suspender uma audiência que teria com o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Carvalho.

Na mensagem, o presidente teria perguntado, segundo o site Poder 360: "Como você coloca nossos inimigos dentro de casa?". Para Bolsonaro, a divulgação do áudio foi uma "deslealdade". Um interlocutor de Bolsonaro confirmou o teor da mensagem de WhatsApp ao jornal O Estado de S. Paulo.

Bebianno passou o dia num hotel onde mora em Brasília, a poucos metros do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente. Ele afirmou que recebeu ameaças após virar alvo de Carlos Bolsonaro.

A inimizade dos dois protagonistas da crise começou ainda durante a eleição. Carlos credita a Bebianno o fato de ter perdido a chance de trabalhar ao lado do pai no Planalto. O senador Flávio Bolsonaro também tem Bebianno na mira. Ele acusa o ex-ministro de alimentar a crise envolvendo movimentações atípicas em sua conta bancária apontadas pelo Coaf.

O porta-voz do governo de Jair Bolsonaro, Otávio Rêgo Barros, confirmou nesta segunda, 18, que o ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, será exonerado do cargo. Em seu lugar, assumirá o general Floriano Peixoto de forma definitiva. Ele era o secretário-executivo da pasta.

Bebianno é o protagonista da maior crise nos primeiros meses do novo governo, suspeito de irregularidades em campanhas do PSL e envolvido em rusgas com um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ). Em nota lida pelo porta-voz, Bolsonaro desejou "sucesso na nova caminhada" e agradeceu Bebianno por sua "dedicação à frente da pasta".

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Questionado sobre o motivo da demissão, Rêgo Barros afirmou apenas que a exoneração do agora ex-ministro foi "decisão de foro íntimo do presidente". O porta-voz também negou que Bolsonaro tenha deixado a exoneração assinada desde a última sexta-feira, 15. "O presidente assinou o documento nesta segunda", disse.

Ainda sobre a demora da demissão em ser oficializada - ela já era dada como certa desde sexta-feira -, Rêgo Barros afirmou que o presidente "demandou o tempo necessário para tomar sua decisão considerando vários atores".

O próprio ministro também já havia dito que tinha recebido sinalizações de que sua dispensa sairia no Diário Oficial desta segunda, mas isso não aconteceu. Nesta segunda, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que a situação seria resolvida ainda hoje.

Bebianno vem sendo acusado de supostas irregularidades nas campanhas eleitorais do PSL ocorridas na época em que ele presidia o partido, que também tem o presidente Bolsonaro como filiado. A crise cresceu quando o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, chamou Bebianno de mentiroso, declaração que foi reforçada pelo próprio presidente.

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) afirmou nesta segunda-feira que considera "inadequada" a demora do presidente Jair Bolsonaro em tomar uma decisão a respeito da demissão ou não de Gustavo Bebianno do cargo de secretário-geral da Presidência da República.

"É inadequado que o presidente deixe essa situação se estender por tanto tempo. Decidiu demitir, demite, pra gerar um pouco mais de estabilidade para o País", disse a jornalistas, após participar de almoço da bancada paulista do partido com a Fiesp. "Porque (se tomar a decisão de forma rápida) não fica essa situação desconfortável para todas as partes e de insegurança para o País", disse.

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Janaina evitou afirmar se é a favor ou não da demissão, argumentando que essa não é uma decisão que cabe a ela. No entanto, quis ressaltar, "para ser justa", que Bebianno, enquanto presidente do partido, não tem controle de como o dinheiro do partido é distribuído na ponta final, em referência ao caso de candidatas laranjas.

"Do ponto de vista de uma ilicitude, eu não vejo uma responsabilidade dele. A responsabilidade da assinatura todo gestor tem. Pelo que venho à tona não tem ilicitude, então não justifica muito (a demissão)", disse. "Eu atribuo esse episódio mais a uma questão pessoal do Bebianno com o presidente".

Para ela, parece haver um desgaste na relação dos dois. "Aparentemente não há mais confiança. Ele não está saindo ou vai sair por um caso de ilicitude, mas por perda de confiança", afirmou. A deputada disse também que não acredita que haja um movimento de migração da família Bolsonaro para um novo partido que está sendo criado com a sigla UDN (União Democrática Nacional). "Eu estive com o Eduardo (Bolsonaro, deputado federal pelo PSL de São Paulo) e ele me disse que não existe isso", afirmou. "Se há, eu não estou sabendo", acrescentou. Para Janaina, o ideal seria que o Brasil permitisse a candidatura avulsa, sem necessidade de vinculação partidária.

Era um homem abatido. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, deixou no começo da tarde deste domingo, 17, o hotel em que reside e se isolou desde o início da crise política para almoçar. Ele passou uma hora e meia com amigos próximos numa mesa do Tejo, restaurante de comida portuguesa na Asa Sul, no Plano Piloto.

Na saída, Bebianno relatou ao jornal O Estado de S. Paulo que ainda tenta "equalizar" todo o processo que deverá resultar na sua exoneração do cargo. Cortês, tirou selfie com um eleitor e disse que não era hora de comentar o assunto.

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Quais os próximos passos do senhor?

O tempo é o senhor da razão. Vou falar depois. Por ora, vou ficar quieto, acalmar minha cabeça. Quem sofre uma injustiça dessas não fica com a cabeça boa. Antes dos meus interesses, pode parecer clichê, mas não é, estavam os interesses do País. Trabalhei, fiz o que fiz por garra, não foi por emprego ou para ganhar dinheiro.

O senhor trabalhou nos últimos dois anos para eleger o presidente...

Não sou perfeito, mas (abaixa a cabeça)...

O senhor fez alguma coisa que tenha levado o presidente a optar pela sua saída?

Absolutamente nada. Zero.

Há uma injustiça?

100%. O presidente sabe.

Sabe?

Sabe, não é maluco.

Qual a posição do senhor em relação ao vereador Carlos Bolsonaro? Ele passou dos limites?

Vou falar depois que sair. Na hora certinha eu falo. Estou equalizando a minha cabeça.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro convidou o general da reserva Floriano Peixoto a assumir interinamente o ministério ocupado por Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral), que deve ser exonerado nesta segunda-feira (18), após entrar na mira do seu filho, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC). Se executado, o plano vai reforçar a presença dos militares no Planalto. O chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, será o único civil entre os quatro ministros que despacham no palácio.

No sábado à tarde, Bolsonaro chamou ao Palácio da Alvorada, residência oficial dos presidentes da República, Floriano Peixoto e o também general Maynard Santa Rosa, que atuam na equipe de Bebianno. Na ocasião, explicou a eles seus motivos para afastar o ministro e os convidou a permanecer. Assim como Peixoto, Santa Rosa também aceitou ficar na Secretaria de Assuntos Estratégicos, cargo subordinado à Secretaria-Geral. A opção por Peixoto foi revelada pelo Estado no domingo.

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Peixoto assumirá interinamente porque um setor do governo vê na saída de Bebianno uma oportunidade para Bolsonaro reduzir o número de ministérios, hoje em 22. Sua promessa de campanha era ter apenas 15. A Secretaria-Geral tem entre suas atribuições modernizar a administração do governo e tocar os grandes projetos.

A escolha de Floriano Peixoto conta com o apoio de Onyx Lorenzoni, que trabalha para que ele seja efetivado no ministério. Com isso, ele evitaria dividir o comando do núcleo político com alguém do PSL. Por outro lado, Onyx viraria uma vidraça fácil. Ele já foi alvejado no início do governo por suspeitas de caixa 2 e não conta com a simpatia de Carlos Bolsonaro.

Interlocutores do presidente relataram que Bebianno perdeu as chances de continuar no cargo após chegar a Bolsonaro a informação de que ele deixou vazou mensagens de áudio com ordens que recebeu de Bolsonaro. A estratégia tinha o objetivo de desconstruir a versão de Carlos Bolsonaro de que o ministro e o pai não se falaram enquanto ele estava internado no hospital Albert Einstein.

Por ter afirmado ao jornal O Globo que havia conversado três vezes com Bolsonaro, Carlos o chamou de mentiroso. Antes disso, o nome de Bebianno foi citado em esquema de desvio de dinheiro do Fundo Partidário do PSL, o que ele nega.

O ato de exoneração do ministro foi assinado por Bolsonaro ainda no fim de semana e deve ser publicado no Diário Oficial da União desta segunda-feira. O objetivo foi ganhar tempo para construir uma saída política para o caso e evitar que Bebianno "saia atirando" contra desafetos.

'Chumbo'

O Planalto foi avisado de que está sendo preparado "chumbo grosso" contra Carlos Bolsonaro, a quem Bebianno só se refere com adjetivos que desqualificam sua capacidade intelectual. Em conversas, o ministro diz que o "ciúme exacerbado" que Carlos tem do pai foi posto acima do País.

O empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), passou as últimas horas em Brasília ao lado de Bebianno e resumiu: "O melhor seria que cada filho se ocupasse de suas funções parlamentares em vez de ficar o dia inteiro na internet".

O episódio ajudou os militares a advertirem Bolsonaro sobre os problemas que os filhos podem causar para o governo. O Planalto está paralisado desde sua volta a Brasília. Os militares, que não estão acostumados com troca de farpas por redes sociais, evitavam o tema família com o presidente. "Não dá mais para prosseguir isso", desabafou um deles, justificando que a crise atrapalha a governabilidade e cria situações insustentáveis. "É muita confusão. Nunca imaginei que seria assim", observou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Magoado, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, se sente traído e abandonado e não deve poupar o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, caso se concretize sua exoneração nesta segunda-feira.

A interlocutores, Bebianno tem deixado clara sua mágoa com a atitude do vereador do Rio de Janeiro que tentou lhe cunhar a pecha de mentiroso. Em conversas, o ministro diz que o "ciúme exacerbado" que Carlos tem do pai foi posto acima do projeto de melhorar o País, ao qual ele se empenhou nos últimos anos, como coordenador e incentivador da campanha de Bolsonaro desde os primórdios.

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Ao conquistar a empatia de Jair Bolsonaro, Bebianno virou automaticamente um alvo de Carlos, avaliam o ministro e seus interlocutores.

O ministro, por sua vez, enxerga no vereador uma pedra no sapato do presidente, e só se refere a Carlos com adjetivos que desqualificam sua capacidade intelectual. O ministro pode guardar cartas na manga com o potencial de expor Carlos, inclusive com consequências para o pai.

Pessoas próximas dizem que ele não terá receio em fazer isso. "Ele vai atirar", aposta um interlocutor diário. Mas o alvo não é o presidente, embora a artilharia possa respingar em Jair. O ministro nega que tenha qualificado o presidente como "louco, um perigo para o Brasil", como relata o colunista Lauro Jardim, no Globo. "Não, não disse isso", afirmou Bebianno, quebrando o silêncio que se impôs neste domingo em conversa com o Estado.

Por enquanto, no entanto, Bebianno está se resguardando. Ele quer aguardar o desfecho oficial de seu papel no governo, com a publicação de sua saída no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira.

"Preciso esfriar a cabeça", disse Bebianno neste domingo a interlocutores.

O ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, disse neste sábado, 16, que "quando acabar" sua participação no governo, "se sentir vontade", vai "dar satisfações". A frase foi dita em resposta ao ser questionado sobre seu desafeto, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.

O ministro, que deve ser demitido nesta segunda-feira, 18, passou o dia num hotel de Brasília. Bebianno não recebeu visitas ao longo do dia, mas, em conversas com pessoas próximas, deixou claras a frustração e a mágoa com Carlos Bolsonaro. O ministro desabafou que considerou uma covardia o fato de Jair Bolsonaro não ter tido coragem para demiti-lo e considerou inaceitável assumir um cargo em Itaipu, apesar do salário três vezes maior - pouco mais de R$ 1 milhão por ano. A amigos disse que não veio para o governo para ganhar dinheiro e que será leal até o último minuto em que permanecer ministro.

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Nas conversas, Bebianno tem avisado que não cai sozinho, pois tanto a ala política, quanto a ala militar do governo, estão decididas a afastar Carlos da Presidência. Nos últimos dias o vereador tem sido mais comedidos nas redes sociais, compartilhando mensagens institucionais do governo e assuntos do Rio, como a venda da bebida em blocos de carnaval.

O ministro soube de parte das informações sobre sua demissão pela imprensa, na noite de sexta, o que o deixou chateado. Na madrugada deste sábado, publicou nas redes sociais um texto sobre lealdade e amizade. A jornalistas, afirmou que compartilhou porque "teve vontade" e que foi algo "conceitual".

Também na fala à imprensa questionou o tratamento "diferenciado" em relação ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. No início do mês, Álvaro Antônio também foi alvo de suspeitas sobre o uso de candidaturas laranjas em Minas Gerais em 2018. Na época, o ministro do Turismo era presidente do Diretório Estadual. Ele foi mantido no cargo.

"Minha consciência está tranquila. Trata-se de bom senso, trata-se da lei, trata-se do estatuto do partido. Tanto é assim que, no caso do Marcelo Álvaro Antônio, por que eu não sou culpado, então?", questionou, pois, segundo ele, os dois casos são semelhantes e só em um o culpam. Álvaro Antônio era presidente do PSL em Minas, no ano passado. No caso de Pernambuco, o presidente do diretório era o hoje deputado Luciano Bivar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro já assinou a demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. A dispensa do auxiliar deverá ser publicada no Diário Oficial da União na próxima segunda-feira, dia 18. A informação foi confirmada pelo jornal O Estado de S. Paulo com dois interlocutores de Bolsonaro.

Nos últimos dias, políticos e militares tentaram interceder a favor de Bebianno, mas o presidente está irredutível e, segundo apurou o Estado, planeja nomear um general para o lugar do ministro. Se isso ocorrer, será o nono militar a ocupar o primeiro escalão. O mais cotado para o cargo é o general Floriano Peixoto, secretário-executivo da pasta, que esteve neste sábado (16) com o presidente.

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Em conversas reservadas, Bolsonaro avaliou que o chefe da Secretaria-Geral quebrou a relação de confiança com ele ao "vazar" áudios de diálogos entre os dois. O ministro nega o vazamento.

Preocupados com a alta temperatura da crise, auxiliares do presidente observam, por sua vez, que Bebianno ainda pode criar muitos problemas para o governo, se a demissão não for revertida, porque seria o que se chama no jargão político de "homem bomba". Um desses interlocutores, que conversou recentemente com Bolsonaro, disse ao Estado, porém, que a situação é insustentável e a decisão do rompimento, "irreversível".

Segundo esse auxiliar, que falou sob a condição de anonimato, a decisão de Bolsonaro não se deve à interferência do vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ). O filho de Bolsonaro chamou Bebianno de "mentiroso" logo após o ministro ter concedido entrevista ao jornal O Globo, na terça-feira, dizendo que não estava isolado no Palácio do Planalto depois da denúncia, publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, de que teria patrocinado candidaturas laranjas do PSL em 2018, para desviar recursos do Fundo Eleitoral. À época, Bebianno presidia o PSL.

Na tentativa de mostrar que não havia crise, o ministro afirmou a O Globo que, no dia anterior, falara três vezes com o presidente, então internado no Hospital Albert Einstein, recuperando-se de cirurgia para reconstrução do trânsito intestinal. Carlos Bolsonaro desmentiu essas conversas no Twitter e o presidente endossou a atitude do filho, horas depois, em entrevista à TV Record.

Mais tarde, no entanto, Bolsonaro também mandou Bebianno cancelar viagem para o Pará, com outros ministros, porque não gostou de saber que ele havia convidado um veículo de comunicação para acompanhar a comitiva. A partir daí, o chefe da Secretaria Geral da Presidência teria mostrado a amigos arquivos de áudio com a voz de Bolsonaro ordenando que ele suspendesse a viagem, além de outras conversas.

Ao tomar conhecimento dessa atitude, o presidente - que havia resolvido manter Bebianno no cargo - ficou furioso e decidiu dispensá-lo. Na sexta-feira, 15, em conversa ríspida com o ministro, chegou a oferecer a ele uma diretoria na Itaipu Binacional, mas Bebianno recusou. "Não estou no governo por causa de cargos. Sou uma pessoa leal", afirmou o chefe da Secretaria-Geral.

Depois de dois dias na "geladeira", o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, foi recebido ontem pelo presidente Jair Bolsonaro, mas sua permanência no cargo ainda é incerta. Interlocutores do governo não descartam que Bebianno seja demitido do cargo até segunda-feira. A reunião foi descrita como "ríspida". Porém, nas palavras de um amigo do ministro, "foi um encontro necessário".

Pessoas próximas a Bebianno afirmaram que caso a demissão se confirme o ministro sairá "atirando". Ele era presidente do PSL durante a campanha presidencial e coordenou a candidatura de Bolsonaro.

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Como compensação à saída do governo, a Bebianno foi oferecido um cargo na máquina federal fora do Palácio do Planalto. Ao desabafar ontem com integrantes do governo, o ministro disse que "não se dá um tiro na nuca do seu próprio soldado".

"É preciso ter o mínimo de consideração com quem esteve ao lado dele o tempo todo", afirmou Bebianno, segundo o site G1.

Antes da reunião com Bolsonaro, ele chegou a ser comunicado ontem pelos ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo) de que permaneceria no cargo. Não houve, no entanto, qualquer manifestação oficial sobre o assunto.

No encontro estavam alguns dos principais defensores de Bebianno nos últimos dias: o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, Onyx e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.

Integrantes do governo e do Legislativo argumentavam que a saída de Bebianno neste momento poderia atrapalhar a tramitação da reforma da Previdência no Congresso, prioridade de Bolsonaro no momento. Colegas de partido de Bebianno também defendem a permanência dele no cargo com o argumento de que ele é fiel ao presidente e bom interlocutor.

Outro motivo que reuniu militares e civis em defesa de Bebianno é o receio de que um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, ganhasse mais poder e influência dentro do governo.

Após reuniões com ministros e auxiliares, o presidente concordou ontem com a avaliação da necessidade de afastar o seu filho de questões do governo. Carlos foi o pivô da crise ao acusar Bebianno de mentir sobre conversas que teria tido com Bolsonaro, na terça-feira passada. A publicação foi compartilhada por Bolsonaro.

Na ocasião, Bebianno tentava afastar os rumores de indisposição com o presidente por causa das acusações de que teria participação em um suposto esquema de candidatos laranjas do PSL, quando ele presidia a sigla.

Antes da reunião desta sexta, durante evento na cidade de Sorriso, no Mato Grosso, Mourão disse que Bolsonaro vai "botar ordem nos filhos". "Essas questões são internas. Os filhos são um problema de cada família. Tenho certeza que o presidente, em momento aprazado e correto, vai botar ordem na rapaziada dele", declarou o vice.

No Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro retomou nesta sexta os trabalhos na Câmara Municipal do Rio. A Casa só voltou hoje do recesso. No plenário, tirou foto de um requerimento de outro vereador para homenagear Mourão e compartilhou as imagens nas redes sociais. Pelas redes, ele já escreveu que a morte do pai interessaria a pessoas que estão muito perto dele. O que foi entendido no Planalto como recado a Mourão.

Carlos manteve silêncio sobre o assunto nesta sexta, assim como Bebianno e os ministros. Alguns dos aliados do filho do presidente, por outro lado, não pouparam Bebianno de críticas.

Agenda

Desde ontem, a avaliação de aliados de Bebianno era de que após o desgaste provocado pelos ataques de Carlos seria difícil que os dois permanecessem juntos no governo, o que faria com que o presidente tivesse que escolher entre um deles. Apesar do cargo de vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos possui aliados no Planalto e influência nas decisões. Bolsonaro chegou de surpresa ao Palácio do Planalto no meio da tarde, apenas poucos minutos depois de Bebianno deixar o prédio. O desencontro, segundo aliados de Bebianno, não teria sido proposital. De acordo com eles, o ministro não sabia que o presidente estava a caminho quando saiu.

Diante do clima de incerteza em torno da permanência no cargo, Bolsonaro chegou a cogitar fazer um pronunciamento público sobre o assunto, mas desistiu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de passar cerca de três horas no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro deixou o local e retornou ao Palácio da Alvorada, sem ter conversado com o ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno.

Bolsonaro foi no início da tarde, de surpresa, para o Planalto, já que a ida dele não estava prevista na agenda oficial. Como está em fase de recuperação, a expectativa inicial era de que o presidente só voltasse a despachar no Planalto na próxima semana.

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Quando Bolsonaro chegou ao Palácio, o ministro Bebianno tinha deixado o prédio cerca de 15 minutos antes. Bebianno não tem agenda oficial nesta sexta-feira. Seu único compromisso no Planalto foi a reunião com os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Secretaria de Governo, Alberto Santos Cruz.

Pivô de uma crise no governo, aberta por uma briga sua com o secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, retomou nesta sexta-feira (15) seus trabalhos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A Casa só voltou nesta sexta do recesso parlamentar.

Carlos foi ao plenário para acompanhar as primeiras votações do ano. Compartilhou em suas redes sociais a foto de um requerimento de outro vereador para homenagear o vice-presidente, Hamilton Mourão, na Câmara Municipal. Carlos apoiou a proposta. "Assinando pedido de colega para oferecer a Medalha Pedro Ernesto para o general Mourão", escreveu.

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Mourão tem demarcado diferenças em relação ao presidente Bolsonaro, em entrevistas diárias. Carlos já insinuou no Twitter que o vice gostaria de substituir seu pai na Presidência.

A homenagem foi proposta pelo vereador Jimmy Pereira, do PRTB, partido de Mourão. Carlos não quis falar com a imprensa ao chegar à Câmara.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) está abusando da desorganização desde seu início, há um mês e meio. "Início de governo é desordenado. O atual está abusando", escreveu o tucano em sua conta no Twitter.

Segundo FHC, a interferência da família do presidente Bolsonaro no governo é um fator de desestabilização que afeta o País como um todo. Para o ex-presidente, "familiares" estão pondo "lenha na fogueira" ao invés de se ocuparem em debelar as dificuldades. "Problemas sempre há, de sobra. O presidente, a família, os amigos e aliados que os atenuem, sem soprar nas brasas", tuitou o tucano.

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A publicação de FHC surge no contexto de uma crise que envolve o presidente Jair Bolsonaro, um dos seus filhos, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Pelo Twitter, Carlos desmentiu declarações do ministro e ainda publicou um áudio do pai - compartilhado depois pelo próprio presidente - no qual o chefe do Executivo dispensa um diálogo com Bebianno.

As atitudes dos Bolsonaro têm gerado instabilidade no governo e críticas de parlamentares, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que julgam o imbróglio como prejudicial a andamento da reforma da Previdência, que deve ser levada ao Congresso na próxima semana.

Em seu tuíte, Fernando Henrique também alertou para a possibilidade da crise se espalhar para além do núcleo do governo. "O fogo depois atinge a todos, afeta o país. É tudo a evitar", concluiu o ex-presidente.

Preocupados com as crises geradas pelos filhos do presidente Jair Bolsonaro que interferem no dia a dia do governo, ministros se uniram nesta quinta-feira, 14, em defesa da permanência de Gustavo Bebianno à frente da Secretaria-Geral da Presidência. O núcleo militar resistia a conversar com o presidente sobre o tema família, mas, após a última polêmica protagonizada pelo vereador Carlos Bolsonaro, o ministro Santos Cruz, da Secretaria de Governo, foi indicado para a tarefa. A intenção é que o ministro, general da reserva e um dos mais próximos do núcleo familiar do presidente, o alerte sobre os riscos para a governabilidade.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também entrou no circuito dando declarações públicas em defesa do ministro. "A impressão que dá é que o presidente está usando o filho para pedir para o Bebianno sair. E ele é presidente da República, não é? Não é mais um deputado, ele não é presidente da associação dos militares", disse Maia à GloboNews.

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Bebianno ajudou na eleição de Maia para o comando da Casa, contrariando o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), que preferia um nome do PSL. "Ele é um ótimo interlocutor, mas quem escolhe ministro é o presidente", afirmou o presidente da Câmara. A preocupação é de que o ambiente conturbado do Executivo contamine o Legislativo e atrapalhe a tramitação da proposta de reforma da Previdência, que deverá ser enviada na próxima semana ao Congresso (mais informações no caderno de Economia). Menos enfático, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse que Bebianno não tinha "obrigação" de acompanhar "tantas candidaturas" no País.

A operação segurou Bebianno no cargo pelo menos até o fim da noite de quinta. Apesar disso, o presidente mantém o ministro na geladeira e não o recebeu, como estava previsto. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, chegou a preparar um encontro entre os dois, o que não ocorreu. Em entrevista à revista Crusoé, Bebianno reclamou que está "sendo jogado aos leões de maneira injusta" e avaliou que Bolsonaro tem receio de que o caso envolvendo suspeitas de candidaturas laranjas do PSL possa "respingar" nele.

Bombeiro

A relação entre Onyx e Bebianno é conflituosa, mas ele estaria atuando como bombeiro porque também já ficou sob fogo cruzado quando vieram à tona suspeita de que usara caixa 2. O cinturão de apoio uniu vários nomes do governo que temem ser o próximo alvo dos tuítes de Carlos ou de seus irmãos, Flávio e Eduardo, todos respaldados pelo pai.

Foi pela rede social que veio o ataque mais duro a Bebianno. Carlos o chamou de mentiroso e divulgou pelo microblog mensagem de áudio enviada por Bolsonaro ao ministro como prova. Ele ficou contrariado por seu desafeto ter afirmado ao jornal O Globo que falara três vezes com Bolsonaro, enquanto o presidente ainda estava internado.

A quebra do sigilo da mensagem do presidente foi considerada "inadmissível" no Planalto porque está ligada à violação da segurança das comunicações do presidente da República. Os interlocutores do presidente vão tentar mostrar a ele que existe uma liturgia do cargo e que ela precisa ser respeitada.

Na mesma quarta-feira, o próprio presidente disse à TV Record que Bebianno mentiu ao O Globo. A entrevista foi gravada antes de Carlos disparar sua ira pelo Twitter. No Planalto, não há dúvidas de que Carlos apenas aproveitou a oportunidade para atacar o ministro mais uma vez, a quem acusa de atuar para prejudicar o governo.

Na entrevista à Record, o presidente colocou mais lenha na fogueira da crise, ao afirmar que pediu à Polícia Federal investigação sobre suspeitas de desvio de dinheiro na campanha eleitoral de candidatos do PSL e avisou que, caso Bebianno estivesse envolvido, poderia voltar "às origens". O ministro presidia o partido na época.

Mais do que proteger Bebianno, interlocutores do presidente estão convencidos de que "é preciso estancar" essa ação dos filhos de Bolsonaro. Destacam que misturar família e governo nunca deu bons resultados e citam o envolvimento dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em vários escândalos.

Do núcleo militar, além de Santos Cruz, o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, estão agindo para conter a crise. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com o cargo ameaçado, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, passou a quinta-feira, 14, num hotel, em Brasília, recebendo aliados. Ignorado pelo presidente Jair Bolsonaro, que não o recebeu, chegou a ter um pico de pressão no meio da tarde.

O ministro convocou para seu front o empresário Paulo Marinho, amigo de longa data e suplente de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) no Senado. Marinho estava em São Paulo e voou para a capital tão logo foi chamado, ainda na tarde de quarta-feira.

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Os dois se encontraram no hotel já tarde da noite e tiveram pelo menos duas conversas, segundo relato de uma pessoa próxima. Uma das reuniões foi com um integrante do Judiciário e a outra com um parlamentar. Os dois encontros foram agendados para que Bebianno pudesse compreender melhor "o cenário", disse essa fonte.

A pedido do ministro, Marinho permaneceu em Brasília na quinta. Ele atuou em duas frentes: dando conselhos a Bebianno sobre como reagir à crise e em conversas pontuais com integrantes do governo por telefone. Não houve contato, porém, com Flávio Bolsonaro. A interlocutores, Marinho dizia não acreditar que Bebianno deixaria o governo e que ele logo se entenderia com o "capitão", como costuma se referir a Jair Bolsonaro.

Marinho também é visto com desconfiança pelos filhos de Bolsonaro. Nos bastidores, atribuem a ele uma articulação, em conjunto com Bebianno, para cassar o mandato de Flávio no Senado. Assim, Marinho assumiria.

Agenda

No início do dia, Bebianno tinha diversos compromissos previstos na agenda. Entre eles, participaria de uma reunião interministerial no Planalto e da cerimônia de transmissão do cargo de chefe do Centro de Comunicação do Exército. Acuado, cancelou todos os compromissos no meio da manhã.

O ministro tentava articular a sua permanência no governo ou, pelo menos, uma saída honrosa. Para isso, esperava ser recebido por Bolsonaro, o que não aconteceu. No lugar, foi recebido pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, no Palácio do Planalto.

À noite, divulgou uma nota para se defender e ganhar uma sobrevida no cargo. No texto, alega que não foi responsável pelas candidaturas de Pernambuco e destaca que era responsável apenas pelas contas do então candidato Jair Bolsonaro.

"Meu trabalho foi executado com total transparência e lisura. As contas da chapa do então candidato Jair Bolsonaro, que estavam sob minha responsabilidade, foram aprovadas e elogiadas pelos ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)", escreveu.

Antes, em entrevista à revista Crusoé no fim da tarde, Bebianno voltou a negar que deixará o cargo e declarou que foi "jogado aos leões".

"Ele (Carlos Bolsonaro) não é nada no governo. Eu sou um ministro. Tenho de respeitar a liturgia do cargo. Eu respeito o meu presidente. Eu estou sendo jogado aos leões de maneira injusta, mas eu continuo exercendo o meu papel de proteger o presidente da República, de seguir a liturgia. Eu não sou moleque para ficar batendo boca em rede social", disse.

Na avaliação de Bebianno, o presidente tem receio de que o caso envolvendo candidaturas laranjas possa "respingar" nele. O ministro presidiu a legenda durante a campanha eleitoral e recaem sobre ele suspeitas de desvio de verba pública por meio de candidaturas laranjas.

Abatimento

Integrantes do PSL que o visitaram afirmaram que ele estava abatido. A avaliação é de que a crise tem como fundamento as desavenças de Bebianno com o vereador Carlos Bolsonaro. Os desentendimentos vêm ainda do período da transição. O filho do presidente se revoltou quando o então presidente do PSL precipitou uma articulação na cúpula do futuro governo e divulgou que ele, Carlos, comandaria a comunicação do Planalto.

A permanência de Bebianno é vista como difícil mesmo por pessoas próximas ao ministro. A negativa de Bolsonaro para recebê-lo para conversar foi vista como sinal de desprestígio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com a ajuda de aliados, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, elaborou uma nota para expor a sua defesa e ganhar uma sobrevida no cargo. No texto, alega que não foi responsável pelas candidatas de Pernambuco consideradas laranjas e destaca que era responsável apenas pelas contas do então candidato Jair Bolsonaro.

"Meu trabalho foi executado com total transparência e lisura. As contas da chapa do então candidato Jair Bolsonaro, que estavam sob minha responsabilidade, foram aprovadas e elogiadas pelos Ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)", escreveu.

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O documento possui três páginas, duas com um ponto a ponto da sua defesa e outra com gráficos sobre as regras de distribuição de recurso no partido e as competências da Executiva Nacional, da qual fazia parte, e dos diretórios estaduais e municipais.

Bebianno destaca que assumiu interinamente a presidência do PSL entre fevereiro e outubro de 2018 para cuidar da candidatura de Bolsonaro. "Jair Bolsonaro nunca ocupou nenhum cargo de direção no partido, portanto, não tem qualquer relação com outras candidaturas. Responde apenas pela sua própria, como qualquer outro candidato", alega.

O ministro também escreve que a Executiva Nacional distribui os recursos do Fundo Partidário, garantindo o repasse de 30% para candidatas mulheres, mas que cabe ao diretório estadual formar suas chapas locais, incluindo a indicação das candidatas mulheres e respeitando o porcentual.

"Todos os repasses para os candidatos das eleições proporcionais e aos governos dos estados são realizados pela Executiva Nacional POR CONTA E ORDEM dos diretórios estaduais, que recebem diretamente os recursos em suas contas ou indicam os nomes dos candidatos a serem beneficiados. Compete a cada um dos candidatos a prestação de contas de sua própria campanha, cabendo-lhes também a responsabilidade pelos atos praticados."

"Por todas essas razões, reafirmo que não fui responsável pela definição das candidatas de Pernambuco que foram beneficiadas por recursos oriundos do PSL Nacional. Reitero meu incondicional compromisso com meu país, com a ética, com o combate à corrupção e com a verdade acima de tudo", conclui Bebianno.

Para planejar sua reação e elaborar o documento, o ministro convocou para seu front o empresário Paulo Marinho, amigo de longa data que se tornou suplente de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) no Senado. Marinho estava em São Paulo e voou para capital tão logo foi chamado. Os dois se encontraram já tarde da noite da quarta-feira, 13, e tiveram ao menos duas conversas, segundo relato de uma pessoa próxima. Uma das reuniões foi com um integrante do Judiciário e a outra com um parlamentar.

Reportagem da Folha de S.Paulo revelou que o PSL teria financiado duas candidaturas de laranjas em Pernambuco nas últimas eleições, quando Bebianno era o presidente do partido.

Na terça-feira, 12, em entrevista ao jornal O Globo, o ministro negou ser motivo de instabilidade no governo após essa revelação e, para afastar rumores de mal-estar, afirmou que teria falado três vezes com o presidente Bolsonaro naquele dia.

A crise se intensificou quando um dos filhos do presidente, o vereador no Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), disse que Bebianno mentiu ao afirmar que conversou com o presidente. Mais tarde, o próprio presidente retuitou o post do filho e repetiu, em entrevista à RecordTV, que o seu ministro mentiu.

O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que os partidos vão tentar convocar o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, para dar explicações no Senado. A razão é que o próprio presidente Jair Bolsonaro chegou a declarar que, se Bebianno estiver envolvido em esquema de desvios de recursos do Fundo Partidário para candidaturas laranjas, terá de "voltar às suas origens".

"O presidente Jair Bolsonaro deveria utilizar as prerrogativas de presidente. O presidente tem uma caneta, que ele a utilize ou num processo de investigação ou para demitir o ministro. Se tem alguma dúvida sobre o seu ministro, (Bolsonaro) deve tomar providências de demitir ou apurar as graves denúncias que pesam sobre o ministro", afirmou. "Nós da oposição iremos chamar o ministro para dar explicações; ao que me parece ele tem informações gravíssimas", disse.

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Randolfe explicou que a oposição tentará convocar Bebianno para dar explicações em todas as comissões possíveis do Senado. E disse ainda que, caso o ministro seja demitido, os partidos vão convidá-lo para vir ao Congresso, já que, neste caso, ele não seria obrigado a responder as dúvidas dos parlamentares. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar suspeitas de desvios de recursos do Fundo Partidário destinados ao PSL por meio de supostas candidaturas laranjas nas eleições de 2018. Bebianno presidiu o partido durante o período eleitoral.

O líder da oposição ainda recomendou que o governo separe as atividades palacianas das questões familiares. Isso porque, na quarta-feira, 13, em uma publicação no Twitter, um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), disse que Bebianno mentiu ao afirmar que teria conversado com o presidente e divulgou um áudio com a suposta negativa de Bolsonaro. Mais tarde, o próprio presidente retuitou o post do filho e repetiu, em entrevista à Record TV, que o seu ministro estaria mentindo.

"Esse tipo de crise é muito ruim para a República e para o próprio governo. Não me parece apropriado que o presidente fique fazendo retuíte de tuíte do filho. O governo tem de começar e poderia tomar algumas providências básicas para começar: separar a família do Palácio do Planalto. O Planalto é lugar de governo, a família trata das coisas no máximo no Palácio da Alvorada. Ou o presidente arque com o ônus de nomear o seu filho, vereador no Rio, para algum cargo no governo. O povo elegeu Jair Bolsonaro, não me consta que tenha sido eleito ou nomeado como porta-voz o senhor Carlos Bolsonaro", afirmou Randolfe.

O senador da Rede Sustentabilidade afirmou acreditar que não haja mais condições para Bebianno permanecer no cargo e ironizou o episódio todo, ao dizer que o governo Jair Bolsonaro não está deixando espaço para a própria oposição trabalhar, já que os problemas vieram à tona por iniciativa dos próprio filho do presidente.

"Eu acho que é incompatível a coexistência de um ministro que é chamado de mentiroso por seu chefe. É muito ruim ter um ministro em que pese acusações tão graves. Claramente o filho do presidente chama esse ministro de mentiroso, o presidente reproduz e não toma providência prática", disse. "O próprio governo não está deixando trabalho para nós da oposição", brincou.

A bancada do PSL que reúne 54 deputados na Câmara se calou na sessão desta quinta-feira (14), sobre a crise no governo Bolsonaro. Mesmo questionados pelos deputados da esquerda, os parlamentares do partido do presidente Jair Bolsonaro não citaram o caso ao se pronunciar na sessão. A deputada do PSOL Fernanda Melchionna (RS) chegou a provocar o partido. "Bebianno tem que vir à Câmara para responder os deputados que falta de vergonha é essa com relação à verba pública, com relação a essa investigação", disse, no plenário.

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) disse que Bebianno teve pouca relação com a maior parte dos deputados e que não vê relação da crise com a bancada. Ela disse que é preciso esperar o desfecho do caso.

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Fontes disseram que também quase não houve comentários até o início desta tarde no famoso grupo de Whatsapp do partido sobre o caso.

O vereador Carlos Bolsonaro usou o Twitter para responder às críticas que estaria recebendo por "ter dito a verdade". "Por que focam as baterias para me atacar se simplesmente disse a verdade? Se respondo sou isso, se me calo sou aquilo", escreveu.

Carlos está no centro da crise recente criada em torno do ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebianno. Nesta quarta-feira (14), o filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) recorreu ao Twitter para desmentir uma informação de Bebianno dada ao O Globo de que o ministro teria conversado por três vezes com o presidente, ainda antes que este recebesse alta do hospital onde esteve internado até quarta.

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Depois disso, Carlos ainda publicou um áudio do presidente, endereçado ao ministro, no qual Bolsonaro informa que não poderia conversar com Bebianno. A postagem foi compartilhada pelo presidente.

Embora trabalhe na Câmara Municipal do Rio, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro, tem uma espécie de representante no Palácio do Planalto, onde despacha seu desafeto Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria-Geral da Presidência.

Primo de 1.º grau de Carlos e um de seus auxiliares na estratégia de redes sociais da campanha eleitoral, Leonardo Rodrigues de Jesus, de 35 anos, rodeia o presidente desde a transição. Em Brasília, expandiu o livre acesso aos gabinetes do Planalto, mesmo sem ter cargo na Presidência.

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Sobrinho do presidente, filho de uma irmã de Rogéria Nantes, uma das ex-mulheres de Bolsonaro, ele é conhecido como Léo Índio e é ligado a Carlos. A proximidade com a família presidencial fez com que transitasse sempre muito próximo do tio, chegando a ser confundido como um dos agentes da escolta de Bolsonaro.

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) afirmou que Léo Índio "não ocupa cargo em nenhum órgão da Presidência da República". Apesar disso, ostenta um crachá amarelo da Presidência quando caminha em locais de acesso restrito do Planalto. Nesta quarta-feira, 13, circulava no quarto andar, onde despacha o núcleo duro do governo. A desenvoltura gera desconfiança de assessores presidenciais, que veem no sobrinho do presidente uma espécie de "olhos e ouvidos" de Carlos.

A Secom não esclareceu o motivo de frequentar quase diariamente o Planalto. Ele chegou a participar de reuniões de autoridades com o governo de Minas, após o rompimento da barragem de Brumadinho. Segundo o Planalto, essa foi a única reunião que o "olheiro" de Carlos participou. A exemplo do primo, Leo Índio rechaça jornalistas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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