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O Ministério Público Federal (MPF) recomendou a retificação do edital do concurso nacional unificado, publicado em 10 de janeiro, para garantir a reserva de 2% das vagas do cargo de auditor fiscal do trabalho para pessoas trans.

A recomendação foi enviada à Comissão de Governança e ao Comitê Consultivo e Deliberativo, responsáveis pela organização e condução do concurso público unificado, que têm prazo de 72 horas para informar se acatam ou não o documento, tendo em vista que o período de inscrição para o certame será iniciado na próxima sexta-feira (19).

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De acordo com a recomendação, assinada pelos procuradores regionais dos Direitos do Cidadão Martha Figueiredo e Lucas Costa Almeida Dias, a previsão de cotas para pessoas trans no concurso para a carreira de auditor fiscal do trabalho foi publicamente anunciada pelo Ministério do Trabalho e Emprego em junho do ano passado. No entanto, a seleção para o cargo não prevê essa ação afirmativa de reserva de vagas.

Para os procuradores, tal situação se mostra contraditória, tendo em vista que as declarações das autoridades foram feitas de forma pública, em canais de divulgação da imprensa nacional e geraram legítima expectativa da população LGBTQIAPN+ brasileira quanto à implementação das cotas no concurso.

O MPF aponta que a quebra da confiança depositada pela população nas declarações das autoridades públicas gera consequências jurídicas para o Estado, já que a vedação de comportamentos contraditórios alcança a Administração pública. Nesse sentido, o poder público também se sujeita às limitações criadas em razão da sua própria atuação, por meio da prática de condutas que devem ser cumpridas no futuro.

Dessa forma, o MPF recomenda que a irregularidade seja corrigida administrativamente por meio da retificação do edital do concurso com a previsão da reserva de 2% das vagas para o cargo de auditor fiscal do trabalho para pessoas transgênero.

No documento, os procuradores destacam que a implantação de cotas para pessoas trans tem respaldo no ordenamento jurídico, já que o Estado brasileiro é signatário da Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, que foi introduzida no país com caráter de emenda constitucional. Essa normativa obriga o Brasil a adotar ações afirmativas para assegurar o exercício dos direitos  fundamentais de pessoas ou grupos submetidos a quadros de violência e discriminação histórica. No caso da população trans, essa medida se torna ainda mais importante, pois o Brasil é o país que mais mata travestis, mulheres e homens transexuais no mundo, há 14 anos consecutivos, de acordo com o relatório desenvolvido pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

Com isso, o MPF sustenta que a Administração federal pode implementar as cotas para pessoas trans em concursos públicos por ato próprio, sem prévia necessidade de lei específica. A questão já foi decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, quando reconheceu a constitucionalidade de cotas étnico-raciais criadas pela Universidade de Brasília (UnB) por meio de ato administrativo, mesmo antes da previsão em lei. Além disso, os procuradores citam exemplos de órgãos que já instituíram cotas para pessoas trans em seus concursos por meio de atos próprios, como é o caso da Defensoria Pública do Estado de São Paulo e do Ministério Público do Trabalho nos concursos para os cargos de defensor público e procurador do Trabalho, além do Ministério Público da União, que adotou a medida nas seleções de servidores e estagiários.

Da assessoria do MPF

O Centro Integrado de Referência Darlen Gasparelly de Camaragibe, no Grande Recife, em parceria com a prefeitura de São Lourenço da Mata, município vizinho, realizou, nesta quinta-feira (16), uma cerimônia de casamento coletivo voltada para pessoas da população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Queer, Intersexo, Assexuais, Pansexuais, Não-binários e mais (LGBTQIAPN+). O evento oficializou, civil e religiosamente, a união de 17 casais, no total. 

Os casórios têm reconhecimento jurídico além da garantiam-se direitos civis, sociais e econômicos. 

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A prefeita de Camaragibe, Doutora Nadegi (Republicanos), esteve presente no evento, acompanhada de seu filho, o deputado estadual João de Nadegi (PV). “Estamos felizes por estas pessoas que hoje celebram a união. É um momento de realização de sonhos e materialização da resistência que elas representam. Na nossa gestão, iremos sempre buscar a viabilização de políticas públicas que alcancem todas as pessoas, independentemente de orientação sexual, política ou religiosa. Agradecemos ao prefeito de São Lourenço da Mata, Vinícius Labanca, pela sensibilidade e parceria para a efetivação deste momento”, afirmou a gestora municipal. 

O evento foi realizado no bairro de Varzea Fria, em São Lourenço da Mata, com a oficialização civil da Juíza de Direito Dra. Marinês Marques Viana. A parte ecumênica contou com a presença de representantes de diferentes religiões. 

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Com a justificativa de que eventos LGBTQIAPN+ "agridem as famílias tradicionais brasileiras", a Câmara de Vereadores de João Pessoa, na Paraíba, aprovou, nesta última terça-feira (7), um projeto de lei que proíbe a presença de crianças nesses atos. Alegando que a decisão da Casa é inconstitucional, o Ministério Público do estado pede que o prefeito da cidade, Cícero Lucena (PP-PB), vete o PL.

O texto, do vereador Tarcísio Jardim (PP-PB), foi aprovado às vésperas da Parada do Orgulho Gay na capital paraibana, que será realizada no próximo dia 19 de novembro. Neste ano, o evento irá para a sua 22ª edição.

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O projeto fixa punições para as empresas organizadoras de eventos LGBTQIAPN+ que descumprirem a norma, como advertências e multas de até R$ 1.000. No entanto, o texto afirma que o PL não tem interesse de "afrontar a essência do movimento".

“As Paradas do Orgulho Gay inicialmente tinham o condão de expor a liberdade sexual de todos através da conscientização da população em geral dos problemas sofridos por esta comunidade, mostrando o orgulho dos seus estilos de vida. Contudo, observamos nos dias atuais a desvirtuação deste importante movimento social, no qual a vulgarização e a agressão às famílias tradicionais, religiões, aqueles de opiniões políticas diferentes e, principalmente, a erotização precoce de crianças e adolescentes são as bandeiras mais expostas”, diz um trecho da justificativa.

Ministério Público identifica inconstitucionalidade

"Um ato de homofobia". Foram com essas palavras que o Ministério Público da Paraíba (MPPB) classificou o projeto de lei 1527/2023 aprovado pela Câmara Municipal de João Pessoa.

O MPPB expediu recomendação ao prefeito Cícero Lucena, para que no uso de sua atribuição legal, não aprove o PL. A recomendação é assinada pela 46ª promotora de Justiça da Capital, Fabiana Lobo, com atribuição na defesa da cidadania e direitos fundamentais; e pela coordenadora do Núcleo de Gênero, Diversidade e Igualdade Racial (Gedir), promotora Liana Espínola.

Autor do projeto

O vereador Tarcísio Jardim, que também é policial civil, é conhecido nas redes sociais por posar para fotos portando armas de alto calibre.

Nas eleições de 2022, o político, que apoiou a reeleição do ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL), tentou ocupar uma vaga na Assembleia Legislativa da Paraíba, porém saiu derrotado da disputa, alcançando apenas 12.081 votos. Dias após o resultado, Tarcísio fez publicações associando eleitores de Lula ao crime, tráfico e prostituição.

"Apologia ao crime. Apologia as drogas. Apologia a prostituição. Apologia ao tráfico. Se vc apoia tudo isso, realmente seu presidente tem que ser Lula", escreveu o vereador.

Entre os projetos apresentados por ele na Câmara de Vereadores, está o que cria o Dia do Orgulho da Família, a instituição do programa municipal de vigilância e monitoramento da rede de ensino de João Pessoa e outro que autoriza entidades de tiro desportivo a se instalarem e funcionarem dentro do perímetro urbano sem se sujeitarem a distanciamento mínimo para quaisquer estabelecimentos.

A prefeitura do Recife, nesta quinta-feira (28), anunciou o lançamento de um edital de Chamamento Público para selecionar projetos voltados para a formação profissional e empregabilidade da população de pessoas trans e travestis da cidade do Recife.

Os projetos devem visar auxiliar na redução da vulnerabilidade social da população trans e travesti da cidade, contribuindo para reduzir o desemprego e ajudando na permanência do grupo no mercado de trabalho.

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Podem participar do edital organizações da sociedade civil que atuem ou sejam sediadas em Recife, entidades privadas sem fins lucrativos, sociedades cooperativas e organizações religiosas que se dediquem a atividades ou projetos de interesse público e social diferentes dos fins exclusivamente religiosos. As propostas podem ser entregues entre 16 e 23 de outubro, exclusivamente no email: recifeglos@gmail.com.

Serão selecionadas duas propostas, que irão receber R$ 110 mil cada. No caso da previsão orçamentária ultrapassar o valor, a diferença será de responsabilidade da instituição. O período para executar os projetos será de quatro meses.

Cada organização poderá apresentar apenas uma proposta. A divulgação do resultado preliminar está prevista para 30 de outubro. A homologação e publicação do resultado definitivo, juntamente com as decisões recursais, se houver, serão divulgadas no dia 23 de novembro.

Para mais informações, acessar o edital no diário oficial da Prefeitura do Recife, do dia 16 de setembro página 21.

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) através do seu núcleo de políticas LGBT, nesta quarta-feira (27), se manifestou em solidariedade à servidora que sofreu caso de transfobia em terminal de ônibus de Recife. Geovana Borges foi constrangida na última segunda-feira (25), ao tentar usar o banheiro feminino do Terminal Integrado da CDU. 

Em vídeo gravado pela própria vítima é possível ver um funcionário pedindo que ela saia do banheiro feminino e vá para o masculino. Contudo, mesmo antes do vídeo ela já havia sido abordada pelo funcionário e que falou que ela devia se retirar do banheiro feminino, mesmo ela explicando ser uma mulher trans.

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Devido ao ocorrido ela começa a gravar com seu celular e mostra sua CNH ao funcionário para provar sua identidade de gênero. Após a gravação do vídeo e de mostrar o documento, ele se retira e deixa ela utilizar o banheiro. 

Na manhã da terça-feira (26), Geovana Borges foi até o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, onde prestou queixa na Divisão de Apoio a Testemunhas e Vítimas de Intolerância. Em nota da polícia civil enviado ao G1, a polícia civil informa que instaurou inquérito para investigar o caso. 

Já em nota da UFPE, a instituição afirmou que, “O uso do banheiro de acordo com autoidentificação de gênero é um direito assegurado a todas as pessoas trans no Brasil e que deve ser plenamente respeitado”. Ainda completando com, “o direito de acesso aos banheiros independe do nome e ou gênero em documento oficial”.

Nesta terça-feira (19), data em que foi adiada a votação do projeto de lei contrário ao casamento civil homoafetivo, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) revelou que acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a proposta do deputado bolsonarista Pastor Eurico (PL-PE).

“Inconstitucional e carregado de preconceitos, esse é um projeto que fere a liberdade e a existência de famílias e indivíduos. Amor nunca será o problema, a intolerância, sim”, escreveu a psbista em suas redes sociais.

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O projeto estava na agenda de hoje para ser votado na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família, porém após uma discussão acalorada entre governistas e parlamentares da extrema direita, a análise foi adiada para a próxima semana.

Além do bate-boca, a sessão foi marcada por protestos de ativistas. Antes da audiência, manifestantes entoaram cânticos em defesa dos direitos da população LGBTQIAPN+.

Atualmente, não existe lei no país que permita e regularize o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. No entanto, por decisão do STF, a união estável é possível desde 2011. Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), determinou aos cartórios a obrigatoriedade de realizar também o casamento.

 

A Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e família da Câmara dos Deputados decidiu, nesta terça-feira (19), adiou pela terceira vez a votação do projeto de lei (PL) que visa proibir o casamento homoafetivo no Brasil. A sessão foi marcada pela presença de lideranças do movimento LGBTQIAPN+ e pelo bate-boca entre parlamentares da base do governo e políticos da extrema direita.

Aparentemente abalado pela morte do seu pai, que faleceu na segunda-feira (18), o deputado federal Fernando Rodolfo (PL-PE), foi chamado ironicamente de "bonzinho" pelo deputado André Fernandes (PL-CE), por permitir os protestos dos ativistas LGBTQIAPN+. Já a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), acusou Fernandes de "apontar o dedo para a cara de uma mulher", fala acompanhada pelo coro de "machista".

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Rodolfo, que é presidente da Comissão, chegou a solicitar que a Polícia Legislativa retirasse o movimento civil da sessão, mas reconsiderou a presença após uma conversa com a deputada Erika Hilton (PSOL-SP). Devido a continuidade da discussão acalorada entre os vários parlamentares, a sessão precisou ser paralisada por cinco minutos.

Mesmo com o entrave entre os políticos conservadores e os governistas, os membros marcaram uma audiência pública sobre o assunto para a próxima terça-feira (26). Além disso, decidiram que na quarta-feira (27) será feita a votação do relatório do deputado bolsonarista Pastor Eurico (PL-PE), que altera o entendimento do Projeto de Lei (PL) 580/2007, de autoria do então deputado Clodovil Hernandes, morto em 2009, e propõe estabelecer que nenhuma relação entre casais LGBTQIAPN+ pode equiparar-se ao casamento ou à entidade familiar.

A votação deverá ser realizada sem obstruções, ou seja, sem a inclusão de pautas ou novos requerimentos de retirada e adiantamentos de votação.

Repercussão

Nas redes sociais, o deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), conhecido por ser o único líder religioso que defende as pautas LGBTQIAPN+, considerou a decisão como uma "vitória" para a sociedade civil.

"A decisão será na próxima quarta-feira (27)! Um passo importante para impedir a aprovação da proposta às pressas e garantir a realização da Audiência Pública que conseguimos aprovar e que acontecerá na terça-feira (26). Vitória do deputados e deputadas progressistas e principalmente da sociedade civil, que lotou o plenário da Comissão de Previdência e Família, em defesa do amor, da liberdade e da igualdade", escreveu.

A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) também comentou os rumos da sessão de hoje ao afimar que os governistas conseguiram garantir "uma audiência pública para que nossa comunidade seja ouvida".

Veja a publicação:

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Nos dias 30 de setembro e 1º de outubro, Recife recebe a 2ª edição da Transforma Pride, feira para empreendedores LGBTQIAPN+ de Pernambuco. O evento será no Cais do Sertão, localizado na área central da capital pernambucana. Os interessados em participar da iniciativa gratuita devem se inscrever através do site Even3 até 12 de setembro. 

A feira conta com a presença pequenos negócios desenvolvidos por cerca de 50 expositores entre lésbicas, gays, bissexuais, trans, queers, intersexuais, assexuais, pansexuais, pessoas não-bináries e demais orientações sexuais e identidades de gênero. Além disso, serão expostos peças de roupas de moda agênero, produtos artesanais e ecológicos, além de atividades do comércio, entre outros serviços.

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A Transforma Pride deste ano conta com o apoio do Consulado Geral dos Estados Unidos, do Consulado Alemão e das Secretarias de Turismo (Setur) e Desenvolvimento Social, Criança, Juventude e Prevenção à Violência e às Drogas, através da Secretaria Executiva de Promoção da Equidade Social e Gerência da Política LGBTQIA+.

Nesta terça-feira (29) é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Criada em 1996, durante o 1º Seminário Nacional de Lésbicas, a data marca o combate ao preconceito, à misoginia e à fetichização e sexualização das mulheres devido à orientação sexual. No Recife, o Centro de Referência em Cidadania LGBTI+ vai abrir suas portas para a exibição gratuita, seguida de uma roda de conversa sobre temas que envolvem as mulheres lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis, suas realidades e experiências pessoais. 

Apesar de ainda haver um grande caminho a ser percorrido pela conquista dos plenos direitos de ser, algumas leis existentes reforçam o combate aos preconceitos devido à orientação sexual. No Recife, por exemplo, existem algumas leis, como a 17.025/04, que pune qualquer ato discriminatório aos homossexuais, bissexuais ou transgêneros, ou a lei nº 17.623 /2010, que inclui o dia da luta contra a homofobia no Município do Recife. 

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No entanto, o caminho ainda é longo. A capital pernambucana ainda é um ponto único onde os principais equipamentos para a comunidade LGBTQIAPN+ estão disponíveis. Segundo a deputada estadual Rosa Amorim (PT), um dos desafios atuais é descentralizar os equipamentos, “então cabe tanto às prefeituras quanto ao Governo de Pernambuco garantir que essas ações cheguem nas demais regiões do estado”, comentou ao LeiaJá

Onda de ameaças 

Em meio às demandas constantes da população LGBTQIAPN+, e o trabalho de parlamentares que representam a comunidade no Poder Legislativo, deputadas de diversos estados do Brasil vêm sofrendo ameaças de “estupro corretivo”, entre outros tipos de violência. A deputada estadual Rosa Amorim é uma delas, que recebeu no seu e-mail institucional mensagens de teor lesbofóbico e misógino

“Nossa meta é tornar Pernambuco um estado que acolha e permita que as mulheres lésbicas tenham o direito de viver livre de violência. Nosso estado é o terceiro do país onde mais matam mulheres lésbicas, de acordo com Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil. Acredito que garantir o direito à vida é a premissa básica, para que possamos pensar em outras ações”, afirmou a parlamentar. 

Foto: Ashlley Melo 

Representatividade na política 

Uma das principais pautas levantadas pela comunidade LGBTQIAPN+ é a necessidade de aumentar seus acessos nos espaços de tomada de decisão, fato conquistado pela deputada, que incentiva a entrada de mais pessoas da comunidade no debate político, seja a nível local ou nacional. “É essencial termos mais representatividade LGBTQIAPN+ na política, especialmente num contexto onde boa parte dos direitos da comunidade são aprovados pelo Poder Judiciário justamente pela ausência do debate nas casas legislativas. Mais que isso , as câmaras precisam refletir a realidade e a diversidade da população brasileira na sua composição, e isso passa pela entrada da população LGBTQIAPN+ nesse espaço da luta institucional, que é crucial para a garantia de direitos e de cidadania para a comunidade”, disse Rosa Amorim. 

“Acho que o mês da visibilidade lésbica é uma grande oportunidade para que possamos debater a necessidade de garantir os direitos das mulheres lésbicas em suas diferentes realidades, sem esquecer também as questões de raça e gênero que estão diretamente ligadas à pauta”, afirma. 

 

Segundo a 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na manhã desta quinta-feira (20), Pernambuco tem cinco das 50 cidades mais violentas do país. Além disso, o estado teve a quinta maior taxa de assassinatos do Brasil e a terceira da região Nordeste. 

Para chegar aos números, o fórum utilizou informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal, entre outras fontes oficiais como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

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Dessa forma, o levantamento considerou a taxa de Mortes Violentas Intencionais (MVI) nas cidades brasileiras em que há mais de 100 mil habitantes. Com isso, em Pernambuco foram registradas 3.423 mortes violentas em 2022, o que interrompe uma sequência de quatro anos de redução do número de homicídios. 

Foram considerados os números de vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais. 

O Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR), ocupa a quinta posição no ranking nacional, com taxa de 81,2 homicídios para cada 100 mil habitantes, conforme os dados de 2022. Sendo assim, o município ultrapassa a taxa média do país que é de 23,4 mortes. 

Os números sobre a cidade de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata Sul do estado, também chamaram atenção: 51,5 homicídios para cada 100 mil habitantes. 

Outros três municípios pernambucanos aparecem no ranking: São Lourenço da Mata (51,5), Garanhuns (44,9) e Jaboatão dos Guararapes (44,6). 

Vale ressaltar que, a alta de 1,3% vai na contramão da média nacional, que reduziu em 2,4% as mortes violentas no ano passado. 

População LGBTQIAPN+ foi a que mais sofreu violência 

Entre todos os estados, Pernambuco foi o que mais registrou episódios de violência contra pessoas LGBTQIAPN+ no Brasil. O levantamento apontou o maior número absoluto de casos de lesão corporal e de estupro. 

Ao todo, 540 vítimas sofreram com lesões corporais, 52 foram estupradas e 30 foram mortas. Com isso, Pernambuco teve o segundo maior número de assassinatos, atrás apenas do índice do Ceará, que teve 32 homicídios. 

O anuário não trouxe dados específicos sobre a população LGBTQIA+ em seis estados: Acre, Bahia, Maranhão, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Segundo o mapeamento, a informação não foi disponibilizada pelas unidades federativas. 

Pouco investimento em segurança 

O relatório também aponta que o estado teve um dos menores gastos per capita com segurança pública em 2022. Na prática, o estado gastou, em média, R$ 334,09 com a segurança de cada morador, assumindo o quarto menor investimento do país.  

O Amapá, na região Norte, foi a unidade federativa com maior gasto por habitante, com R$ 1.236,64. Isso equivale a quase quatro vezes o que Pernambuco investe em sua população. 

Em números absolutos, Pernambuco investiu R$ 2,81 bilhões em policiamento e R$1,38 bilhão em informação e inteligência durante o ano passado. Outros R$ 275 milhões foram destinados à defesa civil e R$ 233 milhões com demais gastos envolvendo segurança.

Grupos sociais minorizados, historicamente, têm travado longas lutas por direitos e, principalmente, por respeito. Foi e é assim, por exemplo, com os negros, as mulheres e com a população LGBTQIAPN+. Esta última tem o mês de junho como seu “mês do Orgulho”, que joga luz sobre as demandas e os avanços conquistados pela comunidade. E é dever de todos respeitar as diversas formas de se relacionar, de amar ou se identificar. O direito de ser deve ser preservado.

Na madrugada do dia 28 de junho de 1969, a polícia de Nova York fez uma batida no bar Stonewall Inn, famoso por ser um dos poucos locais a acolher a população LGBTQIAPN+ naquele estado, que possuía leis que criminalizavam a homossexualidade. A batida violenta provocou uma série de protestos, o que ficou conhecido como a Rebelião de Stonewall, marco da luta da comunidade por direitos e respeito. A data seria, posteriormente, definida como o Dia Internacional do Orgulho.

Convenhamos, em pleno século 21, não deveríamos, ainda, precisar lembrar acontecimentos trágicos do passado para falar de humanidade. Evoluímos muito em tecnologia, mas não avançamos o mesmo tanto em dignidade. Pessoas LGBT continuam a ser preteridas nos mais diversos espaços sociais, perseguidas, excluídas e mortas. Muitas vezes, o preconceito vem dos próprios governantes, que, eleitos para atuar em prol de toda a população do país, escolhem agradar apenas a uma parcela, relegando os demais a segundo plano, ou mesmo fazendo “vista grossa” para as violências que sofrem.

Interessa-me também falar sobre mercado de trabalho e empreendedorismo. Nesta seara, é importante destacar a relevância da diversidade. Ter um ambiente corporativo diverso traz inúmeros benefícios, como a variedade de pontos de vista. Esta pode promover mais inovação, ao misturar diferentes visões para chegar a um resultado ainda melhor. Se dizem que “duas cabeças pensam melhor do que uma”, imagine se elas vierem de realidades bem diferentes? O potencial criativo é bastante ampliado.

O esforço pela igualdade e contra o preconceito precisa ser coletivo. Ninguém precisa ser negro para lutar contra o racismo. Da mesma forma, o apoio à comunidade LGBTQIAPN+ deve vir de diversas frentes. Afinal, como a própria sigla indica, a inclusão é o foco. Há que se trabalhar muito para alcançá-la de forma mais plena.

Nesta sexta-feira (7), no Recife, a Livraria do Jardim promoverá um evento em comemoração ao Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. O espaço vai ter um bate-papo aberto ao público, abordando temas com especialistas e ativistas. O encontro está marcado para às 16h.

A ideia do debate é se aprofundar em reflexões, visando a construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa. Participam do evento: Iran Melo, professor de Linguística Queer e Análise Crítica do Discurso da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Odailta Alves, escritora, educadora, atriz e ativista dos Direitos Humanos e Samantha Vallentine, presidenta da Nova Associação de Travestis e Pessoas Trans de Pernambuco (Natrape).

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Quem for ao local vai ter a oportunidade de conferir dicas de obras literárias que serão responsáveis para discussões sobre o tema. Os interessados para o Palavras de Todas as Cores - Vamos Falar do Orgulho LGBTQIA+ podem reservar vagas através do Sympla. A entrada é gratuita. 

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