A chanceler alemã, Angela Merkel, disse neste sábado acreditar que uma parceria estável com o presidente eleito da França, François Hollande, é possível, mesmo tendo apoiado o seu rival Nicolas Sarkozy durante a corrida presidencial. Em resposta à pergunta feita por um jornalista, Merkel disse: "Sim, acho possível, porque sabemos que...boas relações franco-alemãs são simplesmente muito importantes para ambos os países."
Hollande, eleito em 6 de maio, viajará para Berlim no mesmo dia em que tomará posse no cargo de presidente, após nomear o seu primeiro-ministro. Os líderes devem discutir a crise na zona do euro e as relações bilaterais, informou o porta-voz da chancelaria alemã.
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O socialista prometera que sua primeira visita seria para a capital alemã, onde Merkel disse que ele seria recebido de "braços abertos", embora tenham visões divergentes sobre o pacto europeu de estabilidade. O porta-voz da chanceler alemã informou na sexta-feira que ela "está certa de que a cooperação tradicionalmente estreita com a França continuará sendo a base de seus trabalhos conjuntos na Europa, para garantir garantir prosperidade, paz e democracia no longo prazo."
Em uma entrevista publicada neste sábado pelo jornal alemão Die Welt, o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, também expressou confiança em uma "excelente parceria" com Hollande. "Não é a primeira vez que teremos governos de diferentes orientações", disse Westerwelle, lembrando como o democrata-cristão Helmut Kohl e o socialista François Mitterrand negociaram os termos para unificação alemã, em 1990.
França e Alemanha, as maiores economias da Europa, tradicionalmente são vistas como aliados próximos e o motor da unificação europeia. Mas a relação de ambos ficou tensa durante a crise de dívida, com Sarkozy pressionando para que a Alemanha concordasse com uma maior partilha dos encargos dentro da zona do euro, antes de ceder e aceitar tacitamente a liderança de Merkel.
Durante a campanha, Hollande prometeu renegociar o pacto fiscal da zona do euro, que está vinculado às medidas de austeridade tomadas pelos Estados membros e, de acordo com Merkel, é essencial para estimular uma eventual recuperação do bloco.
Autoridades alemãs e francesas fizeram ruídos conciliatórios desde a eleição de Hollande, mas a reunião deve ser tensa, com Berlim já insistindo em que o pacto não pode ser reaberto. O presidente do banco central da Alemanha (Bundesbank), Jens Weidmann, rejeitou a ideia em entrevista publicada neste sábado no Sueddeutsche Zeitung, dizendo: "É claro que deve ser recusado."
Mas observadores preveem que algum tipo de compromisso pode ser alcançado, talvez por meio de um tratado paralelo ou anexo ao pacto, que incluiria iniciativas para favorecer o crescimento junto com as medidas anteriores de corte de déficit. Mesmo assim, contudo, as divisões persistiriam, com Hollande a favor de investimentos conjuntos em grandes projetos da UE e Merkel pedindo ajustes estruturais para os mercados de trabalho e pensões. As informações são da Dow Jones.