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O ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, foi libertado às 16h26 desta sexta-feira da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro, onde estava preso desde o último dia 5.

A liberdade foi obtida pela 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), na tarde da quinta-feira. A decisão determinou a substituição da prisão preventiva de Nuzman por medidas cautelares.

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De acordo com o alvará de soltura, expedido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, Nuzman está proibido de ir às sedes ou filiais do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Rio-2016 e deve suspender qualquer atividade ligada aos dois órgãos.

Também está obrigado a se apresentar todo mês na Justiça Federal e justificar suas atividades. Além disso, Nuzman não poderá manter contato com os demais corréus no processo criminal do qual responde nem viajar, entregando assim o seu passaporte.

Dois dos principais cartolas do esporte brasileiro - Ricardo Teixeira e Carlos Arthur Nuzman - tinham algo em comum: usavam o mesmo doleiro para fazer seus pagamentos secretos na Suíça e em outras contas sigilosas.

Em sua denúncia contra Nuzman, o Ministério Público Federal revela que o operador Willy Kraus foi usado para realizar pagamentos para Lamine Diack, o homem que teria vendido os votos africanos para o Rio-2016, em troca de US$ 2 milhões.

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A informação foi colhida inicialmente pelo Ministério Público Francês que identificou o depósito "realizado por Willy Kraus à empresa Pamodzi, em um total de US$ 250 mil". A Pamodzi era a empresa do filho de Lamine, Papa Diack, e que tinha a incumbência de pressionar Nuzman e sua secretária para que os pagamentos fossem realizados.

Pelo levantamento dos investigadores, diversos pagamentos foram encontrados entre Kraus e Diack. "Dois desses depósitos coincidem exatamente com os valores e períodos apontados na mensagem encaminhada em 6 de janeiro de 2010 por Papa Diack a Maria Celestre Pedroso (secretária de Nuzman)", disse o MPF. Nessas mensagens, ele deixava claro que o pagamento precisava ser feito e que outros "amigos" que tinham fechado um "compromisso em Copenhague" estavam aguardando.

A mensagem seria uma evidência de que os pagamentos ocorreram em troca de votos africanos para a escolha do Rio, realizada em outubro de 2009, em Copenhague.

No dia 22 de dezembro de 2009, Kraus usaria uma conta secreta no Banco Cantonal de Aarau, na Suíça, para transferir o dinheiro a uma conta no Senegal, de Diack. Outros dois depósitos foram realizados em 2010.

Em dezembro de 2015, o Estado revelou com exclusividade que Kraus era o doleiro também sob investigação pelo FBI por ser a pessoa que fazia pagamentos a Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, nas investigações sobre a compra de votos para a Copa de 2022, no Catar.

A reportagem mostrou como o FBI havia identificado contas controladas por Teixeira em pelo menos três bancos na Suíça: UBS, Banca del Gottardo e BSI, comprado pelo banco brasileiro BTG Pactual.

Em apenas duas destas contas, um total de US$ 800 mil foram transferidos de contas nos Estados Unidos para a Suíça, envolvendo a Somerton, empresa controlada pelo também brasileiro José Margulies. Ele é suspeito de agir como testa de ferro para o empresário J. Hawilla e realizar os pagamentos de propinas para dirigentes do futebol mundial. A empresa de fachada de Hawilla, portanto, também teria abastecido as contas suíças de Teixeira.

A suspeita do FBI é de que Teixeira usaria um nome de fachada para não ter sua identidade revelada. Mas aparecia como beneficiário das contas. O "laranja" seria Willy Kraus, dono da Kraus Corretora de Câmbio, no centro do Rio de Janeiro.

Numa das transações suspeitas, o FBI registrou como a empresa Blue Marina, com contas nos EUA, pediu para transferir seus ativos para a Suíça. No dia 25 de setembro de 2008, a conta em território americano foi fechado e o dinheiro enviado a uma conta de Kraus, na Banca del Gottardo. O valor transferido era de US$ 478,2 mil.

Outro nome registrado pelos americanos era a da sociedade Summerton, usada também pelo dirigente. Para o FBI, Teixeira mantinha o "efetivo controle" sobre essas contas. Os investigadores apontam que acreditam que Kraus "permitia que Teixeira usasse suas contas como forma de esconder sua verdadeira fonte".

Os documentos oficiais do FBI obtidos pelo Estado revelam que Teixeira teria passado mais de uma década recebendo propinas em contas em Zurique, a mesma cidade da sede da Fifa e para onde o dirigente viajava com frequência para reuniões da entidade, para eventos do mundo do futebol e mesmo para defender a candidatura do Brasil para receber a Copa de 2014. Mas era na mesma cidade, segundo o delator, que também ficava sua conta secreta.

Segundo o FBI, Teixeira teria recebido mais de 20 milhões de francos suíços (cerca de US$ 20 milhões) entre 1992 e 2000. Os depósitos, porém, continuaram mesmo depois.

O presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG), Eric Maleson, disse aos procuradores do Ministério Público Francês que o Rio de Janeiro "praticamente não possuía condições de sediar a Olimpíada". A declaração foi reproduzia na denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio, nesta quarta-feira, contra o ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman.

Maleson afirma que a constatação foi feita a partir de um ranking divulgado, em março de 2008, pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), com a avaliação de cada cidade concorrente para sediar a Olimpíada de 2016, levando em consideração diversos aspectos, como infraestrutura e apoio dos governos. Nesta lista, Tóquio ficou em primeiro lugar, com 8.3, Madrid ficou com 8.1, Chicago com 7.0, Doha com 6.9 e Rio de Janeiro com 6.4, na quinta colocação.

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Em seu depoimento, Maleson afirma que "diante desse resultado, ficou evidente para a comunidade internacional que a disputa final seria entre Tóquio e Madri, as duas primeiras colocadas e que o Rio de Janeiro, em razão dessa nota, praticamente não possuía condições de sediar a Olimpíada, em razão do curto espaço de tempo que teria para reverter sua colocação, já que as eleições finais seriam realizadas em outubro de 2009", diz o trecho, reproduzido pelo MPF do Rio.

O testemunho de Maleson também indica ter havido ajustes e efetivo pagamento a membros africanos do COI para escolha do Rio de Janeiro como sede para os Jogos Olímpicos de 2016. Ele declarou que "era muito comum, em conversas de bastidores travadas no âmbito do CO-Rio (Comitê Organizador do Rio-2016), serem tratados assuntos relacionados à compra de votos dos dirigentes africanos que participariam da futura eleição".

Nuzman foi denunciado pelo MPF do Rio, nesta quarta-feira, pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Já o seu braço direito e diretor de marketing do COB, Leonardo Gryner, foi denunciado por corrupção passiva e organização criminosa.

O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), foi denunciado por corrupção passiva e, o empresário Arthur Soares, conhecido como "Rei Arthur", por corrupção ativa. Papa Massata Diack e Lamine Diack, membros do COI (Comitê Olímpico Internacional), também foram denunciados por participação no esquema. Ela foi encaminhada nesta manhã ao juiz da 7º Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas, responsável por julgar os processos relacionados à Lava Jato no Rio.

A denúncia do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF) contra o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, nesta quarta-feira, pediu a reparação por danos morais no valor de R$ 1 bilhão e materiais no valor de R$ 6,34 milhões. O MPF denunciou Nuzman pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O seu braço direito e diretor de marketing do COB, Leonardo Gryner, foi denunciado por corrupção passiva e organização criminosa.

Já o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), foi denunciado por corrupção passiva e o empresário Arthur Soares, conhecido como "Rei Arthur", por corrupção ativa. Papa Massata Diack e Lamine Diack, membros do COI (Comitê Olímpico Internacional), foram denunciados por corrupção passiva.

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De acordo com a denúncia, Cabral, Nuzman e Leonardo Gryner solicitaram diretamente a Arthur Soares e aceitaram promessa de vantagem indevida aos senegaleses Papa Diack e Lamine Diack, no valor de US$ 2 milhões (cerca de R$ 6,3 milhões) para garantir votos para o Rio de Janeiro na eleição da cidade-sede para os Jogos Olímpicos de 2016, o que, segundo o MPF, configura corrupção passiva.

A denúncia equipara Nuzman e Gryner a funcionários públicos, uma vez que tanto o COB quanto o Comitê Organizador dos Jogos receberam e eram gestores de verbas públicas e exerciam, por delegação, uma atividade típica de Estado: o desporto. O MPF também citou a Lei Pelé (Lei nº 9.615/98), que determina que compete ao COB representar o país em eventos olímpicos, pan-americanos e outros de igual natureza.

"A despeito de tratar-se de uma 'pessoa jurídica de direito privado', o Comitê Olímpico do Brasil, por meio de seus dirigentes, representa a República Federativa do Brasil em eventos esportivos internacionais, recebe verba pública (que representa a maior parte de seu orçamento) e, ainda, exerce uma atividade típica da Administração Pública Federal ao fomentar e organizar as atividades desportivas olímpicas no Brasil", explicam na denúncia os procuradores da República integrantes da Força Tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro. "Onde existe verba pública, existe dever de probidade e existe a responsabilidade daqueles que a gerem, podendo, portanto, ser responsabilizados quando atuarem em contrariedade ao que determina a lei", completam.

Segundo os procuradores, Nuzman e Gryner também teriam infringido dever funcional ao conceder desconto, mesmo diante de descumprimento de contrato, do hotel LSH Barra Empreendimentos Imobiliários SA (LSH Barra Hotel). O ex-presidente do COB ainda é acusado de dissimular a propriedade e a origem de 16 quilos de ouro, no valor de R$ 1.495.437,63, mantidos em cofre na Suíça.

O MPF revelou que, em agosto de 2009, pouco mais de um ano após o Comitê Olímpico Internacional anunciar as quatro cidades que concorreriam para sediar os jogos de 2016 e há cerca de dois meses para o anúncio final, Nuzman, Gryner e Cabral se encontraram com Lamine Diack durante o Mundial de Atletismo de Berlim, oportunidade em que o senegalês indicou seu filho para tratar de pagamentos por "patrocinadores".

"No final de agosto, Gryner foi apresentado por Cabral a Arthur Soares, aproximando-os para acertar o pagamento aos Diack. Em setembro de 2009, aconteceu em Paris o episódio que ficou conhecido como "Farra dos Guardanapos", que contou com a participação de vários integrantes da organização criminosa chefiada por Cabral, inclusive Nuzman", explicou o MPF.

Dez dias depois, teria sido feita a primeira tentativa de depósito dos valores acordados entre Cabral, Soares, Nuzman, Gryner e Diack, por meio de transferência bancária feita a partir da conta Matlock, de Arthur Soares. A transferência foi rejeitada pelo banco por não haver razão econômica para o pagamento. No final de setembro, foi feita nova tentativa de transferência do pagamento a partir da conta Matlock, desta vez bem sucedida.

Em 2 de outubro, o Rio foi anunciado como cidade-sede da Olimpíada de 2016 e, em dezembro de 2009, e fevereiro de 2010, Para Diack encaminhou uma série de mensagens para Nuzman e Gryner cobrando o restante dos pagamentos devidos aos seus amigos, o que indica que houve distribuição de vantagens indevidas a outros africanos.

Foram registradas transferências bancárias de outros patrocinadores para Pamodzi Consulting no fim de 2009 e início de 2010. Já em dezembro de 2016, Nuzman e Gryner concedem ao LSH Barra Hotel, da qual Arthur Soares é sócio, o perdão da multa contratual e desconto de 30% sobre o valor que o hotel deveria devolver por ter descumprido acordo firmado como o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de 2016.

Ao comentar sobre a renúncia de Carlos Arthur Nuzman da presidência do Comitê Olímpico do Brasil (COB), o senador Romário Dias (Pode-RJ) disse que, apesar do "olimpismo" patinar na mesma há anos, o esporte já recebeu muita verba pública, principalmente no governo do PT. 

“Os tempos são outros, estamos vendo. Com certeza o movimento olímpico no Brasil terá novos rumos. Nuzman estava no poder desde 1995, 22 anos. Seus atos tornaram-se rotina enquanto o olimpismo patinava na mesmice, apesar de o esporte ter recebido muita verba pública, principalmente no governo do PT, entre 2003 e 2015”, escreveu em sua página do Facebook. 

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Nuzman foi preso acusado de participar de um esquema internacional de compra de votos para que o Rio de Janeiro fosse escolhido como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. “Depois de ter a prisão prorrogada pela Justiça, hoje ele encaminhou carta de renúncia à assembleia do COB. Será que esse exemplo de Nuzman não motiva a cartolagem da CBF a seguir o exemplo? Será que essa prisão de Nuzman não alerta Marco Polo Del Nero que ele pode ser o próximo?", indagou o parlamentar. 

Romário aproveitou o contexto para criticar o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Marco Polo Del Nero. “A mesma coisa acontece com o nosso futebol. Saiu Ricardo Teixeira, saiu José Maria Marin, que vai a julgamento nos Estados Unidos, em novembro, também por corrupção, e aí está Del Nero, sem inovar. A Seleção Brasileira não conta. Evoluiu pela capacidade técnica de Tite. Mas a estrutura do futebol e o sacrifício a que os jogadores são submetidos participando de vários campeonatos em poucos meses, não muda. Sai daí, Del Nero, a Polícia tá chegando”, avisou.

 

Menos de duas semanas após encerrar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) anunciou nesta sexta-feira (2) a saída de Marcus Vinícius Freire de sua diretoria executiva de Esportes. O dirigente foi o principal responsável por definir a meta de colocar o Brasil no Top 10 do quadro de medalhas do Rio-2016, mas a equipe brasileira encerrou a competição na 12º colocação, empatada com a Holanda.

Nos Jogos do Rio, o Brasil conquistou 19 medalhas, duas a mais do que em Londres-2012. O resultado ficou abaixo da meta estipulada pelo próprio Marcus Vinícius, que em 2014 considerou que o País precisaria conquistar pelo menos 27 medalhas para ficar entre os dez melhores no número de pódios. No ano passado, esta meta foi revista para 23 medalhas, mas mesmo assim o Brasil não conseguiu alcançar o objetivo.

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Segundo comunicado divulgado pelo COB nesta sexta, a saída de Marcus Vinícius, que estava há 18 anos no comitê, foi realizada "em comum acordo". Na nota, o presidente da entidade, Carlos Arthur Nuzman, afirma que "a missão desenvolvida por Marcus Vinícius e sua equipe, na preparação e na condução do Time Brasil, durante os Jogos Olímpicos Rio-2016, foi excelente e cumpriu os objetivos estabelecidos".

Freire também falou em "missão cumprida". O agora ex-dirigente disse que "os resultados foram superiores a todos os anteriormente conquistados em Jogos Olímpicos" e que iria seguir novos caminhos. Marcus Vinícius afirmou que irá tirar um período de descanso e, no início do próximo ano, deverá fazer um curso na Singularity University, no Vale do Silício, nos Estados Unidos.

As principais federações esportivas internacionais declararam que os organizadores do Rio-2016 "não fizeram o suficiente" e que "sérios problemas" ainda existem na preparação para os Jogos Olímpicos, em agosto. As entidades também apontam que são "vítimas" de decisões políticas de levar as competições para a América do Sul.

Faltando apenas três meses para o evento, o Comitê Olímpico Internacional (COI) vai enviar um grupo para permanecer na cidade brasileira na esperança de resolver a crise que, segundo os dirigentes, afeta "todos os campos de jogo".

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Pressionados, os organizadores brasileiros admitem: as expectativas não foram atendidas de forma suficiente. Mas garantem que todos sairão satisfeitos. Agberto Guimarães, diretor esportivo do Rio-2016, assumiu que nem todas as federações tiveram suas "expectativas atendidas". "Mas agradeço a paciência e garanto que sairão felizes".

Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Organizador da Olimpíada de 2016, justificou o fato de que, em 2009, o cenário da escolha do Brasil para sediar o evento era "completamente diferente".

Numa reunião nesta terça-feira em Lausanne, as federações debateram a situação do evento no Brasil e admitem que até o presidente do COI, Thomas Bach, está "preocupado" com o futuro dos Jogos. Nuzman vai apresentar os avanços na preparação durante o dia.

Marius Vizer, presidente da Federação Internacional de Judô, deixou claro que o evento apenas foi para o Rio por "uma decisão política". "Hoje, somos uma vítima disso", atacou. "Com todo o respeito, fomos vítimas de votos e de uma decisão política e agora precisamos limpar a história com falta de recursos. Para a próxima vez que uma sede for escolhida, as federações precisam ser consultadas", afirmou.

Francesco Ricci Bitti, presidente da Associação de Federações Esportivas, respondeu alertando que "todos nós fomos vítimas". "Cada uma das federações tem dificuldades. Fizemos o que pudemos", afirmou.

Nuzman rebateu a crítica. "Não concordo", declarou ao ser questionado pelo Estadao.com. Mas o brasileiro foi alvo de duras cobranças. Uma das críticas veio da Federação Internacional de Ginástica (FIG), claramente insatisfeita com o evento-teste no Rio. "Temos sérios problemas com os Jogos", disse Ron Frohlich, representante da FIG durante o encontro nesta manhã ao apresentar um informe do testes realizados nos últimos dias na capital carioca.

Segundo ele, não existe abastecimento suficiente de luz diante da "falta de recursos". "Essa é uma questão de segurança", alertou, criticando também o centro de treinamento. Para ele, o lado positivo foi o "entusiasmo dos voluntários diante da situação difícil".

Ricci Bitti concordou que o que o Rio tem feito "não é suficiente". "Eles fizeram bastante. Mas perderam detalhes muito importantes em todos os campos de jogo", disse.

Segundo Ricci Bitti, o presidente do COI, Thomas Bach, também não está satisfeito. "Ele está preocupado, como eu e você", disse o italiano ao representante da federação de ginástica. De acordo com ele, o COI informou às federações que vai designar um grupo "de alto escalão" para viajar ao Rio para acompanhar a preparação e tentar resolver cada uma das crises de maneira pontual.

Ricci Bitti chegou a recomendar às federações nesta manhã que nem tentem conseguir respostas de Nuzman. "Eu acho que ele não sabe desses problemas particulares", admitiu.

Um dos membros da missão enviada ao Rio será Christophe Dubi, diretor de Esportes do COI. "Ele permanecerá no Rio por algumas semanas", disse Ricci Bitti ao Estadao.com, um dia antes da eclosão da crise. Dubi admitiu que "o que tira o sono é a quantidade de trabalho que temos até agosto".

Um dos problemas é o velódromo. Sem um evento prévio pelos atrasos nas obras, a opção em debate é a realização de um teste no final de junho entre atletas de alto nível.

O presidente da World Rugby - a federação internacional de rúgbi -, Bernard Lapasset, também aponta para a necessidade de melhorias das condições para o seu esporte no Rio. Segundo ele, a grama, a arquibancada e a iluminação do local onde ocorre sua modalidade, em Deodoro, ainda preocupam.

A reportagem ainda presenciou como técnicos da federação de rúgbi alertavam para os "enormes desafios" que ainda contam e da necessidade de pressionar Eduardo Paes, o prefeito do Rio, por soluções.

Oficialmente, o COI garante que "ótimos progressos" foram feitos pelo Rio. Ricci Bitti, porém, indicou uma realidade diferente e revelou que, durante as visitas na semana passada ao Brasil, as federações deixaram claro que os problemas eram importantes.

Ao Estadao.com, na segunda-feira, Ricci Bitti admitiu que "no Rio, esse número de questões a serem resolvidas é maior que nas edições passadas". Ironizando, ele apontou a "cultura do último minuto está fortemente desenvolvida no Brasil".

IMPEACHMENT - O encontro ainda foi marcado por dúvidas sobre o futuro político do Brasil. "Queremos saber sobre qual é o impacto e possíveis riscos do impeachment para o evento", questionou Matt Smith, da Federação Internacional de Remo.

Nuzman respondeu que "não teremos qualquer tipo de problemas". "Não estamos envolvidos e os Jogos vão ocorrer de forma normal". Após o evento, procurado por uma agência internacional de notícias e o Estadao.com, Nuzman indicou que não falaria do impeachment e seu impacto. Mas questionado sobre quem levaria a tocha olímpica quando ela chegar ao Brasil, fez um silêncio e apenas respondeu: "Isso não me diz respeito".

As construções do campo de golfe dos Jogos Olímpicos de 2016, que está sendo preparado na Barra, zona oeste do Rio de Janeiro, seguem levantando polêmica. Nesta segunda-feira (15), o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Organizador do Rio/2016, Carlos Arthur Nuzman, questionou as críticas em relação às intervenções ambientais causadas pelas obras para a Olimpíada durante palestra para estudantes de uma universidade parceira do Comitê organizador, no Rio.

Na quarta-feira, os responsáveis pelas obras do campo de golfe receberam do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) uma proposta que pede a recuperação e preservação de parte do local onde estão sendo realizadas as obras. Para isso, os construtores precisariam fazer um recuo no desenho original da instalação. A sugestão foi feita em audiência da 7ª Vara de Fazenda Pública do tribunal de Justiça do Rio, conduzida pelo juiz Eduardo Antonio Klausner.

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"Será que, se tivéssemos essa rigidez nas questões ambientais, a gente teria o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor?", declarou o presidente do COB, diante do questionamento de uma estudante sobre a intervenção no meio ambiente causada por obras da Olimpíada de 2016.

Após a palestra, Nuzman concedeu entrevista para alguns jornalistas presentes, mas evitou falar sobre a proposta do Ministério Público. "Não tenho que comentar as ações de ninguém. Tenho apenas que cumprir minha atividade de presidente do Comitê organizador, que é o que faço". Uma nova audiência para apurar o caso foi marcada para o próximo dia 17, às 15 horas.

Reeleito na última sexta-feira como presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), posto que já ocupa desde 1995, Carlos Arthur Nuzman defendeu nesta terça a continuidade no cargo. Segundo ele, a gestão de um dirigente esportivo tem que ser avaliada pelo trabalho feito e não pelo tempo que dura.

"O mérito do trabalho é medido pelo que cada um faz, não pelo tempo", afirmou Nuzman, após participar de evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), nesta terça-feira, em São Paulo, quando fez uma apresentação aos empresários sobre a preparação para a Olimpíada do Rio, em 2016.

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Em entrevista após o evento, Nuzman minimizou as recentes declarações do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que criticou a continuidade dos dirigentes esportivos no Brasil. "Minha relação com o ministro é ótima, não poderia ser melhor e vamos continuar trabalhando juntos", disse o presidente do COB.

Candidato único, Nuzman recebeu 30 dos 33 votos possíveis na eleição do COB - houve também 1 contra e 2 abstenções. Assim, ele garantiu a permanência no cargo por mais quatro anos, até 2016, período em que irá acumular também a presidência do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio.

"Toda eleição é uma experiência nova, pois faz parte da evolução da sociedade. Estou contente com o resultado e com a participação. Acho que saímos da eleição com boas ideias e esperamos chegar na preparação para 2016 na melhor forma", avaliou Nuzman, após o evento na Fiesp.

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