Tópicos | O que pensam os estudantes do Recife?

A expectativa dos recifenses ingressar na faculdade e conseguir concluir um ensino superior através do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) é revelada em avaliação realizada pelo Instituo de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN). Dados mostram que parte das pessoas entrevistadas ainda não sabem da iniciativa do Ministério da Educação, mas os que têm conhecimento desejam que a proposta exista também a nível municipal.

O IPMN entrevistou 522 estudantes de ensino médio de escolas públicas do Recife no dia 3 de junho e identificou que o Fies já é visto como uma opção de egresso nas instituições de nível superior, mesmo que os dados ainda sejam regulares. De todos os participantes, 41% disseram que já ouviram falar da iniciativa, 57% afirmaram não e apenas 1,3% não sabem ou não responderam.

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Apesar de ter ainda, um número médio de conhecimento por parte dos entrevistados, a alternativa para os que conhecem é bem aceita. Dos 41% que já ouviram falar do Fies, 74,2% concordam com a ideia, contra 17,8% que responderam não. O restante dos 8% não soube ou não quis opinar.

Os dados também demonstraram o conhecimento das pessoas em relação a quem criou o Fundo de Financiamento Estudantil. No questionário foi lançada a pergunta: “O Fies é um programa do governo?”. Nesse quesito 58,1% responderam do governo federal, 27,6% ainda não sabem ou não responderam e 14,3% disseram não.

Na pesquisa, os estudantes mostraram interesse por um programa semelhante a nível estadual e também municipal. De todos os entrevistados, 65,1% e 63,8% acham que a Prefeitura do Recife e o governo do Estado, respectivamente, deveriam criar um programa semelhante.  

Sobre o desejo dos recifenses, o portal LeiaJá questionou o secretário de Educação do município, Valmar Corrêa de Andrade, mas ele confirmou que essa proposta não está nos planos do executivo municipal. “A ideia é fazer apenas o programa do Prouni municipal”, respondeu o gestor.

Em pleno século XXI ainda é difícil conviver com as diferenças das outras pessoas. Nas escolas, onde os jovens tenderiam a ser mais “cabeça aberta”, aceitar as diversidades dos colegas ainda é algo a ser discutido e muito bem trabalhado.

Essa realidade foi apontada em número pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN). Conforme o levantamento realizado em 26 escolas públicas, mais da metade dos jovens - entre 14 e 20 anos - não são favoráveis à união homossexual, enquanto 30,9% são a favor e 14,8% são indiferentes ao tema.

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Apesar da constatação, na Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Trajano de Mendonça, localizada em Jardim São Paulo, na Zona Oeste do Recife, a situação é diferente. Professores das diversas disciplinas e alunos de várias séries formaram o Grupo Margarida Maria Alves de Estudos de Gênero.

O grupo surgiu em 2011 e hoje trabalha em parceria com a Secretaria da Mulher. Pelo menos uma vez por mês os participantes do projeto se reúnem para debater sobre assuntos como diversidade sexual, promoção da igualdade de gêneros, violência doméstica e contra a mulher. 

“O nosso objetivo com o projeto é trabalhar temas transversais, que permeiam o conjunto da escola. E são temas que nós devemos trabalhar no dia a dia, pois não tem dia pra você declarar ou se contrapor ao preconceito”, explicou a coordenadora do grupo, Rosário Leite, professora de português da instituição.

O grupo também desenvolveu a “Semana em Rosa e Lilás”, quando no mês de março todos os alunos e funcionários são convidados a utilizar as duas cores, além de ornamentarem toda a escola. “Com isso pretendemos demonstrando para colegas, familiares e toda a comunidade que não é a cor que determina o seu gênero”. 

As reuniões auxiliam no desenvolvimento dos alunos e na formação deles enquanto sociedade. Dentro do grupo eles se sentem mais a vontade de conversar e expor opiniões sobre os diversos tipos de temas abordados. E quando o assunto é casamento entre pessoas do mesmo sexo, apesar de opiniões distintas, todos afirmam respeitar a vontade do outro.

Para a estudante do 3° anos, Helena Sales, 17 anos, todas as pessoas tem o direito de fazer escolhas e serem respeitadas independente da orientação sexual. “Nós temos que pensar que eles são seres humanos como nós e não interferir. Afinal de contas é a escolha deles e não nossa”, argumentou. 

Já para Ysabele Oliveira apesar de ter amigos homossexuais, opinar sobre a união entre pessoas do mesmo sexo é complicado. “Eu não sou contra o assunto e acho que deve haver o respeito de ambos os lados. Mas hoje, infelizmente, isso não está existindo. Eu sou de uma religião que não é a favor e o direito tem limites. O artigo 5° da constituição tem incisos que defende a liberdade de expressão religiosa e as pessoas precisam respeitar a doutrina das igrejas. Se o civil está aceitando, então eu concordo que o casamento seja feito no civil”, finalizou.

Direitos Humanos – Em 2012, a Secretaria de Educação do Estado (SEE) distribuiu mais de 31 mil cadernos de orientações para educação em Direitos Humanos. O material foi entregue a todos os professores de ensino fundamental e ensino médio das escolas estaduais. 

Com os cadernos, o objetivo da SEE é que as temáticas relacionadas aos Direitos Humanos sejam tratadas de forma transversal nas disciplinas da grade curricular. As cartilhas trazem propostas de atividades, sugestões de filmes, temas para a produção textual a partir de vários temas.

“Meu pai é funcionário público e minha mãe é doméstica. A gente tem em média, por mês, dois salários mínimos. Me considero uma jovem nem pobre e nem rica. Sou classe média, porque tudo que quero compro”. A dona desse depoimento é Marcília da Silva Gomes, de 17 anos. Estudante do 3º ano do ensino médio da Escola de Referência em Ensino Médio Sizenando Silveira, localizada no centro Recife, a jovem é um dos indivíduos que ajudam a formar o perfil dos estudantes da rede estadual de ensino de Pernambuco.

“O que pensa os jovens do ensino médio da rede pública? Valores, crenças e demandas” é o nome do estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau, abrangendo a capital pernambucana. Foram realizadas mais de 520 entrevistas no dia 3 deste mês, em 26 escolas. A pesquisa procurou mostrar também qual a perspectiva de futurodos jovens e o que esperam do poder público para atingir os objetivos.

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Entre os entrevistados, 53,1% são do sexo feminino, enquanto 46,9% são homens. Sobre a faixa etária (idades dos entrevistados variam de 14 a 20 anos ou mais), 32,4% dos entrevistados têm 16 anos. Os mais velhos, acima de 20, são minoria nas escolas da rede estadual de ensino, com 3,3% dos entrevistados.

Letícia Fernandes Pinto, 16, é do 2º ano do ensino médio, série que está em segundo lugar no quesito quantidade de alunos. “Gosto do ensino médio da escola. Só reclamo um pouco da estrutura, porém, o meu 2º ano está sendo muito bem feito”, afirma a estudante. O estudo mostrou que 39,8% dos entrevistados são do 3º ano, 37,8% do 2º, e 22,4% estudam no 1º.

Renda

De acordo com Letícia, ela não possui renda financeira mensal. “Não trabalho porque estudo em tempo integral. Dependo da minha mãe e do meu pai”. A genitora da estudante atua na função de telefonista e o pai é taxista. “Não consigo definir quanto eles (pais) ganham por mês”, completa.

Segundo o estudo, 91,7% dos alunos ganham até um salário mínimo. Os que ganham acima desse valor a até dois salários, correspondem a 1,9% dos entrevistados. Não souberam ou não quiseram responder 6,4% dos avaliados.

Segundo o economista Djalma Guimarães, a grande maioria dos estudantes recebendo até um salário mínimo é fruto do perfil da sociedade recifense. “Cerca de 60% das famílias do Recife ganham até dois salários mínimos. O estudante da rede pública geralmente tem renda mais baixa. Na medida em que a escolaridade dele aumenta, cresce também a remuneração financeira”, comenta Guimarães.

No quesito renda familiar, o estudo 39,% dos entrevistados têm suas famílias ganhando acima de um salário mínimo, até dois. Apenas 2,3% recebem acima de cinco salários até 10.

Educação – Ainda de acordo com o estudo do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau, 42,2% dos avaliados têm ensino médio finalizado ou superior incompleto. Possuem o nível superior completo 10% dos entrevistados e 22,6% têm o ensino fundamental II finalizado/ensino médio não concluído. A pesquisa também apontou que 8,1% % dos chefes de família são analfabetos ou possuem o ensino fundamental I incompleto. Não souberam ou não quiseram responder 6,9% dos analisados.  

O anseio dos estudantes recifenses em cursar o nível superior é crescente segundo os dados divulgados, neste sábado (22), em pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Mauricío de Nassau (IPMN) que entrevistou 522 alunos de 25 escolas da rede municipal de ensino. Porém, nem todos conseguem passar nos processos seletivos para as universidades públicas no estado e optam pela faculdade particular ou para os projetos federais que facilitam o egresso em tais instituições, entre eles o Programa Universidade para Todos (Prouni), em execução desde 2004.

No Recife uma das propostas de campanha do atual gestor, Geraldo Júlio (PSB), tratava da criação do Programa em nível municipal, e dados do IPMN apontam que 74,6% dos entrevistados aguardam ansiosamente pela execução projeto. Do montante total de participantes no levantamento, 64% já ouviram falar no Prouni e destes 20,1% acreditam que o projeto representa uma oportunidade em contrapartida aos 10% que afirmaram não contribuir em nada.

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Questionado sobre o início do Prouni Municipal, o secretário de Educação do Recife, Valmar Correa, afirmou que o projeto deve começar a funcionar no segundo semestre deste ano. "O municipio não trabalha com o ensino médio, mas nós estamos tentando fazer uma remodelagem no sistema e identificar os alunos que passaram pelas escolas públicas no Recife até o 9º ano, e passaram para rede estadual no ensino médio. Com isso vamos permitir que eles caso não entrem na universidade através do ENEM, do vestibular tradicional ou do Prouni nacional, se inscrevam no municipal e tenham os estudos financiados pela prefeitura. No entanto ainda estamos concluindo a adequação do sistema e provavelmente lançaremos o programa agora no segundo semestre", disse. A proposta da gestão é que sejam concedidas cerca de 4.100 bolsas de estudo integrais e/ou parciais, com um custo estimado em 2,05 milhões de reais.

Dos cursos mais cotados entre os estudantes direito é o mais pretendido com 23%, seguido por medicina 7% e administração 6,7%. A pesquisa foi realizada no dia 3 junho, com 27,3% de pessoas da classe B, 68% C e 4,7% D.

 

Estudar, qualificar-se e vislumbrar o futuro. Esse pensamento faz parte da rotina de muitos estudantes da rede pública estadual de ensino de Pernambuco, que estão finalizando o ensino médio. “O que desejam para o futuro” é um dos tópicos do estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Maurício, com abrangência no Recife, denominado “O que pensa os jovens do ensino médio da rede pública? Valores, crenças e demandas”. No dia 3 de junho deste ano, a pesquisa foi realizada com mais de 520 entrevistas com alunos oriundos de 26 escolas. Os entrevistados têm idade que variam de 14 a 20 anos ou mais.

Ingressar numa universidade pública é o principal desejo dos estudantes. Mais da metade dos entrevistados almejam estudar em instituições de ensino públicas. Fazer curso técnico é o objetivo de 22,8% dos avaliados e 7,5% querem cursar em uma instituição privada. “Procuro sempre me preparar, porque meu sonho é estudar psicologia na Universidade de Pernambuco (UPE) ou na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)”, relata a estudante do 2º ano do ensino médio, Danyelle Manuelle Santa, de 15 anos. Ela é aluna da Escola de Referência em Ensino Médio Sizenando Silveira, localizada no centro Recife.

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Cursos mais almejados

De acordo com a pesquisa, a maioria dos estudantes (23,5%) quer cursar direito. Na segunda colocação, com 7%, aparece medicina, seguido de administração, com 6,7. Engenharia ( 5%), pedagogia (5%), engenharia civil (5%) e educação física (4,7%) são os outros cursos mais bem colocados.

Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE), Pedro Henrique Reynaldo Alves, a valorização da profissão é um dos fatores que influenciam os estudantes no momento da escolha pelo direito. “A nossa profissão está sendo cada dia mais valorizada. Todo advogado cumpre um papel importante na sociedade”, opina o presidente.

Sobre a preparação para os vestibulares e para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), grande parte dos estudantes aprova o ensino das escolas. Para mais de 62% dos entrevistados, as instituições os preparam para as provas. Mais de 33% não aprovaram a preparação das escolas e 3,7 não souberam ou não quiseram responder.

De segunda a sexta-feira, às 4 horas da manhã, Franklin Ramos, de 19 anos, acorda e começa uma jornada extensa que envolve trabalho e estudo e encerra somente às 23h. Logo cedo, ele distribui jornais, em seguida, vende planos de consórcio e, no início da noite, vai à escola Joaquim Xaxier de Brito, no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, onde cursa o ensino médio.

Essa realidade é parecida para 15% dos 520 estudantes, entre 14 e 20 anos, entrevistados pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), no estudo “O que pensa os jovens do ensino médio da rede pública? Valores, crenças e demandas”. A pesquisa foi realizada no último dia 3, em 26 escolas do Recife que preparam e formam alunos do ensino médio.

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Para Ramos, encarar essa rotina não é fácil, porque há um desgaste físico e mental que, às vezes, inviabiliza a ida à aula. “Trabalho desde os 16 anos e nem sempre é possível ir à escola depois de enfrentar um dia cansativo de atividades. Inclusive, quando há viagens para cidades, como Vitória de Santo Antão, o trânsito e a distância dificultam a minha chegada no horário”, considerou.

Entre as situações que atrapalham o processo de ensino aprendizagem, segundo a pedagoga Fabiana Nascimento, está o cansaço provocado pela falta de noites bem dormidas, que, em consequência, faz o aluno perder a concentração. A escola, por sua vez, tem um papel importante nesse contexto. Para a pedagoga, é necessário o acompanhamento diário, por parte dessas instituições, desses alunos que precisam conciliar essas atividades. “Sempre que percebemos situações desse tipo, chamamos o aluno para uma conversa e ajudamos no possível, elaborando horários de estudo. E sentimos que os próprios alunos, conscientes da condição, acabam se esforçando mais, dão um pouco mais de si aos estudos”, destaca a pedagoga.

E nesse sentido, segundo o estudante Ramos, a escola tem cobrado a frequência e o tem ajudado para não deixar de estudar. Além disso, ele ainda credita ao apoio da família o fato de continuar na escola. “Os meus pais e minha namorada sempre me incentivam para que eu continue”. A expectativa dele, com a conclusão do Ensino Médio, é conseguir um emprego melhor, ingressar no ensino superior e cursar publicidade.

Apesar de ser considerado um colégio modelo, a Escola de Referência Santos Dumont, localizada em Boa Viagem, na zona sul do Recife, apresenta diversos problemas de estrutura. Armários são apenas para o 2° ano do ensino médio, os ventiladores das salas estão na maioria quebrados, a saída alaga facilmente e ainda falta comida, enquanto os próprios coordenadores proibem os alunos de levarem qualquer tipo de lanche. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) fez uma constatação no dia 3 de junho sobre a satisfação dos pré-vestibulandos quanto as escolas públicas. O estudo partiu da análise de 522 entrevistas no âmbito de 26 instituições de ensino e todos os entrevistados tinham de 15 a mais de 20 anos.

Dentre muitos aspectos, foram feitas perguntas sobre o contentamento com a estrutura da escola, em relação aos professores e se gostavam de frequentar o colégio. Com isso, foi percebido que 49,2% dos jovens estão pouco satisfeitos quanto a estrutura, enquanto 26,8% estão muito satisfeitos. Já quando perguntados sobre os professores as opiniões foram mais divergentes; 41% estão pouco satisfeitos enquanto que 47,3% são muito satisfeitos. E de todos, 82, 1% gostam de ir à escola.

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O aluno do 2° ano do Ensino Médio da Escola Santos Dumont, Augusto Vieira, de 15 anos, entrevistado pela equipe do LeiaJá, falou sobre a insatisfação com a unidade escolar. "De referência só o ensino, porquê de estrutura está tudo muito precário", afirmou o estudante. Quem concorda com Vieira, mas nem o conhece, é a estudante do 3° ano da Escola de Referência em Ensino Médio Sizenando Silveira, a Tayná de Sá, 17. Ela adora ir à instituição de ensino e pensa em conquistar um futuro melhor, porém, "quando chove cria muita pingueira. Tem uns homens trabalhando com madeira perto da sala e fica um cheiro horrível", declara a jovem, ressaltando a dispersão que esses fatores causam. A Sizenando Silveira fica localizada no bairro de Santo Amaro, região central do Recife.

Por esses motivos, estudar em escola pública, mesmo que seja modelo, é muitas vezes considerada uma vergonha para os estudantes. "Não há uma valorização pelas unidades de ensino pública, só pelas privadas", afirma a professora de Ensino Médio de escolas públicas de referência, Rejane Carvalho, 45. Apesar disso, "essas escolas contam com laboratórios, ensinam a deficientes visuais e auditivos e distribuem internet, o que as colocam próximas dos colégios privados", defende a professora.

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