Tópicos | Profissionais do Sexo

Uma operação coordenada por quatro órgãos públicos, realizada em Itapira-SP, no mês de junho, resultou em um feito histórico. Pela primeira vez, um acordo possibilitou o reconhecimento de vínculo de profissionais do sexo, segundo o Ministério Público do Trabalho. O acordo entre as partes ocorreu na quinta-feira (20) e beneficiou três mulheres.

Ministério Público do Trabalho da 15 região (MPT-15), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Federal (PF) atuaram juntos na operação que fiscalizou dois estabelecimentos na cidade, após receberem denúncia de trabalho análogo a escravidão.

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A investigação constatou que as profissionais trabalhavam de forma informal, todavia não achou qualquer situação de trabalho escravo, tráfico de pessoas ou exploração sexual.

Após constatar a relação de trabalho informal, foi proposto aos estabelecimentos a assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), onde eles estariam se comprometendo a contratar formalmente as profissionais, conforme a Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) nº 5198, “profissional do sexo”.

Segundo a procuradora do Ministério Público do Trabalho Andréa Tertuliano de Oliveira, representante do Órgão na operação, “a Classificação Brasileira de Ocupação elenca o profissional do sexo como ocupação válida; assim, acordos como esse minimizam a vulnerabilidade da profissão e permitem sua regularização, com acesso aos direitos trabalhistas”.

Um dos estabelecimentos já assinou a carteira das funcionárias. Já o outro ainda não o fez, tendo prazo de 30 dias, sob pena de R$2 mil por trabalhador em caso de descumprimento.

Por Eduarda Esteves e Marília Parente

Violência física, sexual ou doméstica, abandono da família, preconceito e sobrevivência econômica. Situações de hostilidade como essas perpassam o ambiente da prostituição em que estão inseridas as travestis no Brasil. Para muitas profissionais, no trabalho com o sexo, além da questão financeira, elas buscam amor, atenção e o acolhimento que faltou em casa ao assumir sua travestilidade.

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Aos 40 anos, a pernambucana Cláudia Morena passou boa parte da vida trabalhando com o seu corpo. Ela relembra que se descobriu travesti aos 12 anos e por conta da não aceitação da família e falta de dinheiro, entrou na prostituição por achar que era o único caminho possível. “Durante muitos anos me prostitui nas avenidas, nas BRs. Já levei carreira, fui jogada em um açude, apanhei, e também tomei tiro. Um cliente fez de tudo comigo e no fim mandou nem olhar para trás e disse que iria atirar. Eu não acreditei e dei as costas para ele. Alguns segundos depois comecei a andar, ele sacou a arma e disparou. A minha sorte foi que eu, maloqueira de rio e criada nas comunidades, fiz um zigue-zague e pulei dentro dos matos. Não fui atingida e fiquei por horas escondida com medo dele me achar”, relembra Cláudia, ainda com calafrios ao pensar sobre o fatídico dia.

Em 2002, ela descobriu que era soropositiva, estava infectada com o vírus HIV, após ser socorrida e internada. “Eu não me protegia e não tinha muito conhecimento sobre proteção”. Cláudia foi encaminhada para o Hospital Otávio de Freitas, no Recife, e o diagnóstico era pneumonia. “Tinha juntado um trocado bom com a prostituição e ia construir a minha casa. Mas a doença me pegou de jeito e tive que me tratar com o dinheiro”, disse. De acordo com a estudiosa Lidiana Diniz, na pesquisa “Silenciosas e silenciadas: descortinando as violências contra a mulher no cotidiano da prostituição”, a prostituição para as mulheres oriundas de camadas sociais mais baixas não é algo transitório e temporário. Se torna uma alternativa em busca da sobrevivência.

Na profissão, ela diz ter ganho dinheiro, mas também muita desgosto pela vida, vícios no álcool e nas drogas e o ódio dos homens com quem se relacionava. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

“Eu pensava que eu ia morrer e estou viva há 16 anos e não sinto quase nada. Pensei muito em sair da prostituição porque muitos clientes não querem usar camisinha e eu não queria prejudicar ninguém e também me proteger. Estava vulnerável”, diz.

Cláudia conta que a vida deu uma guinada quando conheceu o Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+), organização não governamental que auxilia pessoas vivendo com o vírus HIV e doentes de Aids em Pernambuco. “Eu era muito humilhada na rua, todo mundo me chamava de frango. Foi quando me deram um cartão do GTP e eu aprendi meu nome social, eu sou Cláudia. Também ganhei uma profissão, sou auxiliar de cozinha e de recepcionista, além de fazer faxinas para me manter”, pontua a ex-garota de programa.

Na profissão, ela diz ter ganho dinheiro, mas também muita desgosto pela vida, vícios no álcool e nas drogas e o ódio dos homens com quem se relacionava. Apanhou, apanhou, foi roubada, enganada e só teve novamente esperança em viver quando encontrou o homem de sua vida. “Eu o achei em um barzinho. Eu estava do outro lado da rua e o avistei. Ele tinha um porte e os cabelos lisos. Era lindo. Pensei logo, achei o amor da minha vida. E foi dito e feito. Ele me viu e achou que eu era mulher mesmo, de cara. Eu gostava de beber também e a gente se dava muito bem. Fomos morar juntos, ele me aceitou como travesti e também portadora do HIV. Mas, foi uma luta porque a mãe dele não aceitava ele namorar um homem que virou mulher e nos expulsou da casa dela. Fomos morar em um barraco no meio do mato”, relembra Cláudia.

Em meados de 2012, ela ainda trabalhava com prostituição quando o conheceu, mas detalha que relação dos dois era muito além da cama, até porque a doença do Marcelo, o seu marido, prejudicava a sua vida sexual. “Ele bebia muito e muitas vezes nem conseguimos ter relações sexuais. Mas a gente trocava carinho, se ajudava em casa, ficava na cama. Era um casal de verdade”, orgulha-se Morena.

"Eu chorava muito sentindo falta dele, ainda choro. Perdi o amor da minha vida”. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Ela estava feliz com a nova vida e relata que ele entendia a profissão dela na época porque trazia renda para casa. Cláudia já tinha se relacionado com outros homens, mas eles a batiam e não queriam nada além de sexo. “É muito complicado encontrar o amor para uma travesti. Muitos homens são interesseiros e pensam na nossa casa, na comida no prato, na lavagem de roupa e no sexo. Alguns me diziam que eu dava de dez a zero nas mulheres que eles já tinham morado, mas era um elogio falso porque só éramos boas se a gente fosse dona de casa e transasse com eles. Dizem que amam por dinheiro. Muitas vezes eu precisei de um amor na vida toda. Não tive isso da minha família”, lamenta ao contar um pouco sobre a trajetória de vida.

Cláudia Morena viveu com Marcelo por pouco mais de três anos e foram muitas dificuldades, financeiras e familiares. “Eu cuidei dele a vida toda e ele caiu muito doente. Em uma época, ficou internado grave. Eu ia visitá-lo no hospital e ele dizia às enfermeiras que eu era a mulher dele e era travesti. Eu me orgulhava disso, ele dizer que a esposa dele era grande e bonita”. Mas, em 2015, Marcelo morreu nos braços dela dentro da casa dos dois, por causa da bebida. “Eu chorava muito sentindo falta dele, ainda choro. Perdi o amor da minha vida”.

Para ela, o amor só chegou mais tarde, mas valeu a pena esperar e viver três anos felizes. "Quem me ensinou a amar foi Marcelo. Ele me botou dentro de uma casa, enfrentou a família e fez tudo por mim. Morreu nos meus braços o meu eterno amor”.

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Comércio ou afeto? Os dois

O suor ainda escorre pelos poros da profissional do sexo A.B quando ela se lembra do primeiro espancamento. Aos 24 anos de idade, a gigante de um metro e noventa dois centímetros de altura volta se parecer com o adolescente de quinze anos exasperado que apanhou de mais de dez colegas de sala. “Meu pensamento era dizer que eu era inútil. Desisti de ir à escola”, conta. Irredutível em ser quem era, A.B largou o nome civil e passou a se apresentar com o nome que escolheu aos comércios em que buscou emprego. Após inúmeros currículos enviados e nenhuma admissão, viu na prostituição o único espaço de trabalho possível. Entre as performances quentes na internet e o perigo das ruas, conta com os clientes fixos para manter alguma segurança física e financeira, cultivando com eles uma complexa relação afetiva e comercial. 

“Tem um cliente meu que desde os 16 anos mantenho contato. Conheci através de um amigo e já deixei claro que era garota de programa, fui para cima dele e pedi dinheiro. Eu estava precisando muito e ele me deu”, conta. Com um ano de “batalha”, conforme as profissionais do sexo denominam as jornadas de trabalho, veio o primeiro casamento. “Passamos quatro anos juntos. Ele era mais velho e muito possessivo. Não queria que eu saísse de casa e ficava me mandando cuidar da vida doméstica. Um dia, ele chegou em casa bêbado com uma crise de ciúmes e me bateu, puxei um facão para ele e acabei o casamento”, lembra. Divorciada e emocionalmente fragilizada, A.B. voltou à rotina de prostituição. 

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Se, durante o casamento, a mínima estabilidade financeira era dada pelo companheiro, com o fim dele, no primeiro aperto, era ao mais antigo cliente que ela recorria. “Até hoje, peço para ele comprar um gás, pagar uma conta ou até depositar dinheiro para mim se faltar algo em casa. Sou como uma amante, uma rapariga”, relata. Na cama, ele lamenta pela diabetes e os problemas de pressão. Depois do sexo, ou até mesmo sem deixar tempo para que ele seja praticado, por vezes os encontros são marcados por desabafos íntimos sobre a esposa e os filhos, que nem sequer sabem da existência do relacionamento extraconjugal. “Ele se abre sempre comigo e, independentemente da gente acreditar ou não, está sendo paga pra isso”, completa A.B.

Quando um namorado ou affair se apresenta na vida pessoal, precisa dividir os carinhos e atenção com os clientes. Os caminhoneiros, garante A.B., são os mais carentes. “Acontece de eles quererem passar até um pernoite com a gente só pra estar falando, nem tanto pelo sexo. Falam muito sobre os locais que estão indo e as viagens e me perguntam sobre a minha vida”, afirma. A.B. precisa ainda ouvir as esposas, quando desconfiam da traição. “Elas pegam o telefone e ligam para dizer coisa comigo. Vão mais em cima de mim do que do marido delas. Acho que têm que ir atrás deles”, opina. 

A.B. sobre desabafos e lamúrias dos clientes: "A gente está sendo paga para isso". (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Com os rendimentos do trabalho, A.B. constrói uma casa para ela e outra para sua mãe, acometida por infecção causada pela bactéria H.Pylori, que ocasiona fortes dores de estômago e pode aumentar o risco para o desenvolvimento de um câncer. “Tudo que faço é pela minha mãe, penso muito em dar conforto para ela e poder ir viver minha juventude. Quando ela passa mal, sou eu que cuido”, lamenta. Orientada pelas colegas de trabalho mais experientes, A.B. acredita que mulheres transexuais têm “prazo de validade” no mundo da prostituição. “Trinta anos. Depois disso, a gente fica velha. Ninguém mais quer”, opina. Inspirada pela irmã graduada em enfermagem, A.B. acaba de voltar ao ensino médio, que espera concluir para realizar o sonho de sair da prostituição. “Acho que nessa área tem mais espaço para as trans e travestis. Quero entrar na faculdade e fazer um concurso público. Meus clientes não são meus amigos: quando ele deixa de pagar, para mim, não tem valor nenhum. Da mesma forma que não tenho para ele”, divide.

De uma juventude conflituosa, muito se guarda na memória. É difícil esquecer-se de uma época em que sair de casa em nome de uma identidade de gênero foi a única alternativa diante do preconceito e da rejeição familiar. Aos 14 anos de idade, Francine Correia revelou-se à família como transexual e acabou sendo expulsa do próprio lar; saiu da cidade de São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife, e descobriu as realidades das ruas do Centro da capital pernambucana, tornando-se profissional do sexo antes mesmo de completar a maioridade.

Em frente à Casa da Cultura fez os primeiros contatos com os clientes. A escolha pelo local, segundo Francine, se deu pela facilidade de chegar ao Centro do Recife, além do conhecimento construído com outros profissionais do sexo que atuavam na área. "Saí de casa muito cedo porque dividi minha sexualidade com meus pais. A gente não saía das nossas casas como travesti, trans ou homossexual, a gente saía como gay. Até trabalhei em casas como doméstica, mas quando ficava desempregada, ia para a rua; fui aprendendo a partir dos 14 anos, conversando com os clientes", recorda. 

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Hoje, aos 43 anos de idade, Francine mostra que superou o atrito familiar. No entanto, ainda tenta passar por cima de um cenário de crise, em alguns momentos desolador, que corresponde à vivência como profissional do sexo nas ruas. De acordo com ela, além dos riscos de violência nos espaços públicos, a escassez de clientes se apresenta como o principal problema enfrentado por travestis e transexuais que tentam conquistar uma renda ou complementá-la. Nos finais de semana, insiste em aguardar companhias na Avenida Mário Melo, área central da cidade, cobrando inicialmente R$ 50 por programa. "Hoje você pede R$ 50 e o cliente oferece R$ 30, e olhe lá. Quem vive hoje de prostituição de rua morre de fome", comenta.

Francine não consegue definir ou até mesmo descrever o perfil de seus clientes, além de garantir que nunca perguntou quem é ou não comprometido. Segundo a profissional do sexo, é praticamente impossível somar uma renda fixa mensal com o dinheiro oriundo da prostituição, e por isso, ela ainda trabalha como cabeleireira no bairro do Curado, no Recife, onde reside sozinha. "Já teve noite de eu não pegar cliente. Se em um final de semana aparecerem três, cinco pessoas, já é muito para os dias de hoje", conta.

Assim como Francine, a travesti Roberta Paris (foto), 42 anos de idade e com quase duas décadas como profissional do sexo, também enxerga diminuição na clientela. De acordo com ela, há cerca de cinco anos sua renda oriunda dos programas sexuais era em torno de R$ 1 mil. "Hoje só consigo ganhar mais ou menos R$ 100 por semana. Trabalho na Imbiribeira, a partir das 20h, mas está muito complicado. Há poucos clientes, são contados a dedo. É muita violência na rua e aumentou o consumo de drogas", diz Roberta, justificando a ausência da clientela.

Roberta revela que a maioria de seus clientes corresponde a homens adultos, muitos deles envolvidos em problemas de relacionamento. Ela afirma que, em algumas ocasiões, não chega nem a praticar sexo, pois o cliente se contenta apenas com uma boa conversa e troca de conselhos. "Às vezes somos até um pouco de psicóloga", brinca.  Para a profissional do sexo, esse tipo de trabalho está acabando, principalmente para as transexuais e travestis com anos e anos de atuação. "Só vou para as ruas porque sou vivida, mas preciso ainda trabalhar como auxiliar de cozinha para complementar minha renda", fala. 

Em uma das esquinas da Avenida Mascarenhas de Morais, no bairro da Imbiribeira, Zona Sul do Recife, ao menos cinco profissionais do sexo se reuniram em busca de clientes. O calendário marcava uma sexta-feira, o relógio apontava para quase nove da noite e até então, nenhum centavo ganho. Uma das profissionais, 36 anos, que preferiu não ter a identidade revelada, confirma a escassez de clientes. Ela afirma que começou a fazer programas aos 16 anos e nunca presenciou uma realidade tão ruim como a atual. “Praticamente não recebemos clientes. A salvação são os mais antigos, que nos conhecem e sempre que podem nos procuram”, conta. 

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Valorização da saúde e o fortalecimento do respeito

O Recife recebeu, no dia 25 de agosto, um evento voltado a profissionais do sexo. O seminário, cujo título foi "Do que nos fala a rua", focou nas mulheres travestis e transexuais, além de homens, e procurou discutir o cotidiano desse público e os desafios existentes no mundo da prostituição. Entre os assuntos abordados, formas de violência, dificuldade no acesso aos serviços de saúde e a diminuição da clientela.

O evento foi promovido pelo Grupo de Trabalho Prevenção Posithivo (GTP+), organização não governamental que há 17 anos realiza ações de prevenção de HIV/Aids, tuberculose, formação em direitos humanos e redução de danos. Coordenador da ONG, Wladimir Reis detalhou ao LeiaJá o contexto dos profissionais do sexo no Recife e Região Metropolitana, alertando para a importância de preservar o respeito a essas pessoas.

"A gente trabalha com uma população de profissionais do sexo ainda mais invisível diante da sociedade: são mulheres travestis e mulheres transexuais. Para esse público, é mais difícil e complexo, porque já não há oportunidades de trabalho formal, então, consequentemente, elas aparecem mais no trabalho sexual. Se a gente entende que as regiões Norte e Nordeste são as mais vulneráveis do Brasil, então, esses são locais abertos a quem busca o sexo barato. Geralmente, recebemos muitos turistas estrangeiros em busca desse profissional mais barato", explica Reis.

"Está mais complicado porque o país vive uma crise. Essa crise é extremamente forte nas populações vulneráveis. Nas regiões mais nobres da cidade, os profissionais do sexo são mais novos e mais bonitos. Quando você vai para os subúrbios e bairros da cidade, a situação fica mais difícil. É importante salientar que esses profissionais fazem programas porque faltam outras oportunidades de trabalho", complementa o coordenador do GTP+.

Uma das mais importantes ações do GTP+ é o Projeto Mercadores de Ilusão. Todas as sextas-feiras, a partir das 22h, integrantes da iniciativa visitam pontos de prostituição no Recife, a exemplo da Avenida Norte, Boa Viagem, Boa Vista, Avenida Mário Melo, Rua da Soledade e Imbiribeira. Durante as visitas, são repassadas informações aos profissionais do sexo sobre prevenção de doenças e valorização dos direitos humanos.

De acordo com a coordenadora do Mercadores de Ilusão, Céu Cavalcanti, na grande maioria das situações, mulheres transexuais e travestis entram no universo da prostituição por problemas sociais, como rejeição familiar e falta de oportunidades de emprego no mercado formal. Ela também destaca que existe uma parcela que realiza programas não por necessidade, mas para complementar a renda financeira.

"Começam a fazer esse trabalho por vulnerabilidades. As meninas travestis, por exemplo, saem muito novas de casa. Mas a gente também encontra pessoas que trabalham para complementar a renda. Aquela ideia de que 'a pobre coitada foi fazer trabalho', é preciso ter cuidado para não estigmatizar", reforça Céu. "No público que a gente atende, a maioria infelizmente nos mostra que está no trabalho sexual por falta de opção. A gente entende que a pessoa não tem outra possibilidade de vida, de comer e trabalhar. A maioria das mulheres transexuais queria fazer outra coisa", complementa.

Em 2013, uma estimativa realizada pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) revelou um dado alarmante. Segundo a instituição, no Brasil, 90% das pessoas transexuais devem ser profissionais do sexo ou ter tido experiência. No que diz respeito ao trabalho do GTP+, interessados em conhecer a ONG podem acessar seu endereço eletrônico.             

Nesta sexta-feira (25), o Recife recebe um encontro que aborda o contexto dos profissionais do sexo. Na ocasião, será realizado o seminário ‘Do que nos fala a rua’, ação idealizada pelo Grupo de Trabalho Prevenção Posithivo (GTP+) e com foco em homens, mulheres transexuais e mulheres travestis.

A organização do seminário pretende discutir a realidade dos profissionais nas ruas da capital pernambucana, principalmente no que tange à violência, diminuição dos clientes e dificuldade no acesso aos serviços de saúde.

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Para um dos coordenadores do projeto, Wladimir Reis, é importante trabalhar a realidade dos profissionais do sexo, muitas vezes à margem de ajuda governamental. “A escolha desse público se deu por perceber uma ausência de políticas públicas que discutissem junto a essa parcela da população questões de prevenção as ISTs, direitos humanos e a cidadania”, comenta o coordenador, conforme informações da assessoria de imprensa.

O seminário também contará com o lançamento da cartilha ‘Conheça Seus Direitos- Mercadores de Ilusão Multiplicar’. O material foi criado pelos próprios profissionais do sexo. 

Ao todo, 80 pessoas, entre ativistas, palestrantes e profissionais do sexo, devem participar do encontro. Interessados podem comparecer ao evento de maneira gratuita, sem a necessidade de inscrição. Confira, a seguir, a programação completa do evento:    

Programação

Hotel Boa Vista, bairro de mesmo nome, Centro do Recife

14:00 Abertura

Facilitadora:   Representante do GTP+ no Fórum LGBT-PE - Thayla Rikman 

GTP+ Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo – Wladimir  Reis  

Coordenação Estadual IST/AIDS e Hepatites Virais – François Figueiroa

Coordenação Municipal de IST/AIDS e Hepatites Virais- Recife – Alberto Enildo 

Coordenação Estadual – LGBTT de  PE – Luiz Valério 

Coordenação Municipal de saúde LGBT de Recife – Airles Neto

Representante TRANS/Trans. Masculinidade CISAN – Cristiano Oliveira 

Projeto Mercadores de Ilusões – Multiplicar: “do que nos fala a rua”

Céu Cavalcanti

Emerson Diniz

Abertura Perguntas

16:00 Temáticas

Facilitadora: Samantha Vallentine Cabral de Souza – Educadora do Projeto Mercadores de Ilusões

Enfermeira e Subgerente do IMIP- Tema IST/HIV/AIDS e novas estratégias de prevenção PEP e Prep - Sra. Bruna Palha –

NAPHE – Núcleo de Assistência aos Pacientes Hepáticos – NAPHE - Tema:

Hepatites Virais - Sra. Laís Coutinho

Direitos Constitucionais dos Profissionais do sexo – Adv. Pedro Joseph

Abertura Perguntas

17:30 (lanche)

Temas transversais

Facilitadora: Céu Cavalcanti

Família/Empregabilidade/Drogas/Saúde –

Abertura Perguntas

18:30  “Sobre ser profissional do sexo em Recife”

Facilitadora: Fernanda Falcão – Assessora Técnica de Seguimentos Sócias - SDSCJ - Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude   

Profissional do sexo – Francisca Medeiros/ Cláudio Roberto / Jorge

Monteiro/Dayvson Vasconcelos/Roberta Paris e Denise

19:30 Filmes: Vinicius Tavares

20:00  Mercadores de Ilusões – A importância de Participar

Fala de Maria Clara, Fernanda, Alan e Henrique que passaram como Educadoras/es do Projeto Mercadores de Ilusões  entre os anos de (2003 a 2015)

20:30: Entrega dos Certificados e Coquetel de encerramento

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Travestis, mulheres trans e homens participaram, no início da noite desta quinta-feira (12), da abertura do II Seminário Regional dos Profissionais do Sexo. O evento, promovido pela ONG Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+), conta com a presença de profissionais de todo o Nordeste, com o objetivo de discutir a dura realidade do uso do corpo como trabalho em relações sexuais, desafios na prevenção das doenças sexualmente transmissíveis e o tráfico de pessoas. O encontro é realizado no Recife Plaza Hotel, na Rua da Aurora, área central da cidade, e segue com programação até o próximo domingo (15).

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De acordo com coordenador do seminário, André Guedes, a realidade das profissionais do sexo no Brasil é afetada por problemas que vão do preconceito ao tráfico de pessoas. Para Guedes, em muitos eventos que tratam o tráfico, crianças e mulheres são apontados como as vítimas principais, porém, gays e travestis também são alvo do tráfico. “A gente pauta justamente o tráfico de pessoas porque muitos travestis são enganados com propostas milionárias para irem pra fora do Brasil e quando chegam lá se deparam com uma realidade muito diferente. Muitos, inclusive, passam a viver praticamente como escravos”, disse Guedes.

Representante da cidade de Aracaju, Greicy Paula acredita que os profissionais do sexo merecem mais atenção da sociedade e principalmente do poder público. Ela também pretende compartilhar em sua cidade os assuntos discutidos no seminário. “Pra mim é muito positivo, porque quando eu sair daqui, vou levar o que aprendi para as meninas de lá (Aracaju). Sobre o mercado, hoje está ruim, porque algumas meninas não têm mais a visão que isso é um trabalho e começam a se drogar. A população precisa ver a gente não só como profissional do sexo, mas também como pessoas que merecem ter uma boa cidadania e principalmente respeito”, declarou Greicy.

Com 27 anos como profissional do sexo e moradora da Avenida Norte, no Recife, Flávia Ferrari também participa do seminário. Segundo ela, eventos que buscam discutir a realidade dos profissionais devem acontecer com mais regularidade. “A gente precisa de mais eventos desse tipo. Hoje nossa realidade está deteriorada! Somos vítimas de violência, preconceito e muitas pessoas não nos respeitam. A sociedade precisa entender que temos uma profissão como outra qualquer”, declarou. 

Confira outros depoimentos sobre o II Seminário Regional dos Profissionais do Sexo:

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Um dos participantes da abertura do seminário é o Promotor de Justiça do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Marco Aurélio Farias. De acordo com ele, o MPPE está pronto para receber denúncias de violação dos direitos humanos contra os profissionais do sexo. Farias também fez questão de lembrar essa atividade não é considerada crime. Por outro lado, quem promove exploração sexual é apontado como criminoso. “O Ministério Público atua por denúncias em relação às atitudes que impedem o exercício desta profissão. A gente destaca que esse tipo de atividade não é ilegal. Essas pessoas devem ser reconhecidas pela sociedade como qualquer outro trabalhador. A gente só consegue trabalhar para reduzir a discriminação se houver denúncia e precisamos que a sociedade entre em contato com o Ministério Público para denunciar qualquer tipo de violência contra os profissionais do sexo”, destacou o promotor.

Entre as atividades do seminário, um dos destaques é a caminhada marcada para acontecer nesta sexta-feira (13), a partir das 17h. Os participantes do seminário sairão do Recife Plaza Hotel com destino ao MPPE, mostrando à população desejos de respeito para com a profissão. Interessados em acompanhar a programação do evento como ouvintes podem se dirigir ao hotel, localizado na Rua da Aurora, 225, no bairro da Boa Vista, área central do Recife, e levar três quilos de alimentos não perecíveis. Nesta sexta-feira, as atividades começam às 9h.

O Seminário Regional de Profissionais do Sexo inicia suas atividades nesta quinta-feira (12), no Recife. Organizado pela ONG Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+), o evento promete discutir os avanços e desafios na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, além do tráfico de pessoas. Cerca de 100 pessoas devem participar do encontro, oriundas de todos os estados do Nordeste, entre travestis, mulheres transexuais e homens.

Nesta quinta-feira, representantes governamentais discutirão políticas públicas, bem como os profissionais do sexo denunciarão casos de violação contra os Direitos Humanos. Na sexta-feira (13), está prevista uma caminhada que sairá do Hotel Recife Plaza – onde o seminário será realizado – com destino ao Ministério Público de Pernambuco. A programação segue até o domingo (15).

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Segundo o coordenador do seminário, André Guedes, quem quiser participar como ouvinte poderá se dirigir ao hotel e levar três quilos de alimentos não perecíveis. Guedes espera que o evento sirva para que os profissionais do sexo troquem experiências e discutam a legitimação dessa atividade.

O seminário começará às 16h. O Hotel Recife Plaza fica na Rua da Aurora, 225, no bairro da Boa Vista, área central do Recife.

O Portal LeiaJá publica nesta quarta-feira (4) seu mais novo especial: “Unidiversidade – O Ensino Superior na luta contra o preconceito”. O trabalho debate preconceito e diversidade nas universidades, focando nas consequências da discriminação e na formação dos estudantes.

Negros, profissionais do sexo, deficientes, presidiários e homossexuais são os temas abordados no Unidiversidade. Os personagens contam como vivem em meio ao preconceito e dão uma lição de como é possível driblar os problemas e alcançar uma formação de nível superior qualificada.

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Outra proposta do especial é discutir como as instituições de ensino podem trabalhar seus cursos no contexto da abordagem de disciplinas sobre as diversidades social, racial e de gênero. Estudiosos também apontam ideias que podem ajudar numa melhor formação dos docentes. Confira especial.

A Associação Pernambucana das Profissionais do Sexo (Apps), junto a várias instituições não governamentais, promove nesta sexta (1°) a feira de serviços “Cidadania se Faz com Ação”, um evento para marcar o Dia Internacional das Prostitutas. O festejo acontece das 10h às 17h na Praça do Diário, área central do Recife, e conta com o apoio das Secretarias Especial da Mulher, de Saúde e de Direitos Humanos e Segurança do Recife. 

Os serviços são destinados às profissionais do sexo, como a emissão da Carteira de Identidade, CPF, Carteira do Trabalho e Registro de Nascimento. Também será instalado o Consultório de Rua de Saúde da Mulher, com ações de auto-exame de mama, prevenção e redução de danos do álcool e drogas com o programa Municipal de Redução de Danos. Os demais visitantes também poderão realizar serviços como aferição de pressão e teste de glicose.

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Para as mulheres que sofreram algum abuso ou violência, a Secretaria Especial da Mulher oferecerá serviços de prevenção e colocará uma delegacia móvel. A Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã, por sua vez, terá um posto em que os visitantes poderão tirar dúvidas, orientações técnicas e jurídicas sobre direitos humanos.

A feira será encerrada com shows de Walter de Afogados e Michele Monteiro.

História - Após passarem por muitas perseguições, multas, detenções e assassinatos, foi declarado o dia 2 de junho como o Dia Internacional da Prostituta. Essa data foi marcada pela invasão de 150 prostitutas a igreja de Saint-Nizier, em Lyon, na França, quando protestavam contra o preconceito e a descriminação da classe.

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