Os sul-coreanos comparecem às urnas nesta quarta-feira (9) para escolher o novo presidente, em uma votação marcada pela crescente desigualdade social e na qual a ameaça da Coreia do Norte foi relegada ao segundo plano.
O índice de participação era de 65% às 14h locais (2h de Brasília), o que confirma o interesse dos eleitores, apesar de uma campanha marcada por ataques entre os dois favoritos: o candidato da esquerda Lee Jae-myung, do Partido Democrático - atualmente no poder -, e o conservador Yoon Suk-yeol, do Partido do Poder Popular (PPP).
Lee e Yoon aparecem empatados nas pesquisas. Os dois somam 90% das intenções de voto, o que deixa uma pequena margem para os outros dez candidatos.
Os locais de votação, que exigiram o uso de máscara e de álcool gel, fecharam às 18h (6h de Brasília), mas os pacientes de covid-19 poderiam depositar seus votos até 19h30 (7h30 de Brasília).
O país, de 52 milhões de habitantes, vive atualmente uma onda da variante ômicron do coronavírus, com 342.446 novos casos registrados nesta quarta-feira.
Mais de um milhão de sul-coreanos que testaram positivo recentemente estão isolados em suas casas, de acordo com as autoridades de saúde. A lei eleitoral foi modificada no mês passado para permitir que votassem de maneira separada na última hora do dia.
O país também criou a possibilidade do voto antecipado nos dias 4 e 5 de março: 37% dos 44 milhões de eleitores optaram por este modelo.
Os dois principais partidos na disputa estão muito afastados ideologicamente e, segundo analistas, a incógnita é saber se os eleitores darão as costas ao pacifista Partido Democrata em favor do mais beligerante PPP.
"O que o país precisa agora é de mudança", disse à AFP Hong Sung-cheon, de 71 anos, em um local de votação de Seul. "Não podemos continuar assim".
- Renda universal -
De acordo com as pesquisas, os preços dos imóveis em alta em Seul, as desigualdades e o desemprego entre os jovens são as principais preocupações dos eleitores.
O novo presidente também terá de enfrentar uma Coreia do Norte mais agressiva, que executou uma série recorde de testes de armas este ano, incluindo um no sábado passado.
Lee, de 57 anos, que foi governador da província de maior população do país, propôs medidas como renda básica universal e uniformes escolares gratuitos.
Mas ele está no centro das atenções por um negócio imobiliário suspeito, um caso em que duas testemunhas-chave cometeram suicídio.
Lee começou a campanha, pedindo desculpas por ter ofendido parentes em uma ligação telefônica. Sua mulher foi acusada de desvio de recursos públicos, e ele foi alvo de boatos sobre supostos vínculos com a máfia.
Seu rival, Yoon Suk-yeol, de 61 anos, propõe flexibilizar as leis trabalhistas, incluindo o salário mínimo e a jornada de trabalho.
Sua proposta mais controversa é a de acabar com o Ministério da Igualdade de Gênero, alegando que, apesar das evidências em contrário, as mulheres sul-coreanas não sofrem "discriminação sistêmica de gênero".
A lei proíbe o atual presidente Moon Jae-in de concorrer a um segundo mandato de cinco anos. Até hoje, todos os ex-chefes de Estado vivos cumpriram pena por corrupção depois de deixar o cargo.