Adriano Oliveira

Adriano Oliveira

Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

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A candidatura Serra e o novo xadrez

Adriano Oliveira, | ter, 28/02/2012 - 10:21
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Os gestos de Kassab ameaçaram a hegemonia do PSDB em São Paulo. Caso Kassab apoiasse Haddad, o petista poderia vencer a disputa municipal no primeiro turno. Diante deste perigo iminente, Serra fez uma escolha estratégica, a qual terá repercussões em 2014.

Serra escolheu ser candidato a prefeitura de São Paulo. Apesar da rejeição eleitoral que recente pesquisa do Datafolha revela – cerca de 30% -, o candidato do PSDB tem condições de vencer a disputa eleitoral em São Paulo e caso vença, possibilitará que a base aliada de Dilma sofra turbulências visíveis, já que as que ocorrem não são tão.

Caso Serra vença a eleição em São Paulo, o PSDB se fortalece para a disputa presidencial de 2014. Pois, as peças do xadrez eleitoral no Brasil irão se movimentar intensamente, já que um novo pólo de poder alternativo ao PT e a expectativa de poder surgirão.

A vitória de Serra fortalece Aécio. O senador mineiro tem condições, junto com Serra, Alckmin e Sérgio Guerra de construir alianças amplas para 2014. O PSD, do sábio Kassab, deve ser prioridade. Assim como o DEM, o PPS, o PV e o imprevisível PSB.

Por que o PSB é imprevisível? Eduardo Campos deseja ser candidato a presidente e tem condição para tal. É claro que o governador de Pernambuco ainda não conquistou, assim como Aécio já fez, a grande imprensa nacional. Mas ainda tem tempo para tal.

Eduardo Campos trabalha também com mais duas hipóteses: ser vice de Dilma ou ser vice de Aécio. A consolidação da primeira hipótese depende, neste instante, de duas variáveis (cenários), quais sejam: 1) Chalita desiste da candidatura a prefeito de São Paulo e apóia Haddad; 2) O governo Dilma chega 2014 com reduzida avaliação.

Caso o primeiro cenário ocorra, o PMDB não será dispensado pelo PT na disputa presidencial. Se o segundo cenário ocorrer, o PMDB pode rumar para Aécio na eleição presidencial. Observem que os cenários não são excludentes.

Uma aliança entre PSDB e PSB em 2012 no município de São Paulo poderá representar a união de ambos os partidos em 2014, caso Eduardo Campos não viabilize a sua candidatura à presidente e o governo Dilma não esteja tão bem junto aos eleitores.

A possível vitória de Serra desarticula o jogo que parte do PT e analistas já dava como jogado, ou seja: Dilma seria reeleita em 2014.

A construção de cenários e as estratégias

Adriano Oliveira, | sex, 10/02/2012 - 12:48
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As pesquisas eleitorais importam para a construção de cenários eleitorais. Através destes, é possível criar estratégias políticas e eleitorais. As estratégias políticas representam a ação do ator no âmbito político – alianças, busca de apoios. E as estratégias eleitorais têm o objetivo de conquistar o eleitor.

Variados atores políticos e, em particular, candidatos, não utilizam das pesquisas eleitorais para construir cenários. A não utilização das pesquisas ocorre em razão do desinteresse por parte dos candidatos ou das incipientes informações trazidas por dadas pesquisas eleitorais.

A construção de cenários não representa o ato de adivinhar o futuro. Mas de construir hipóteses plausíveis quanto ao que pode ocorrer no futuro. Cenários eleitorais são construídos a partir de informações, as quais são advindas de pesquisas eleitorais, de informações presentes na imprensa e de fatos informais publicizados por atores políticos.

O estrategista e o candidato têm a missão de reunir as informações disponíveis e por meio da Teoria dos Jogos e do exercício lógico construir cenários eleitorais. A construção dos cenários deve partir do cenário mais plausível ao implausível.

Construindo um exercício simples de construção de cenários, constato, por exemplo, que é plausível o governador Eduardo Campos apoiar João da Costa na disputa eleitoral de 2012. É plausível também, o governador lançar outro candidato. Não vejo como cenário plausível, o governador Eduardo Campos apoiar de modo informal um candidato da oposição – DEM, PPS e PMDB.

Considerando 2014, é possível vislumbrar a candidatura a reeleição de Dilma Roussef contra duas forças políticas, quais sejam: Aécio Neves e Eduardo Campos. E é possível prognosticar também a possibilidade de Eduardo ser vice de Aécio. Embora, o governador de Pernambuco possa a ser vice de Dilma. Mas neste momento, considero improvável este cenário.

Saliento que os cenários mostrados foram construídos com base em pesquisas eleitorais, informações da imprensa e de atores políticos. Com base nos cenários propostos, é possível orientar as escolhas dos atores, pois, as ações dos oponentes ou aliados já foram previamente identificadas. Friso que o ato de construir cenários é uma atividade cotidiana, pois os atores fazem escolhas diárias.

Portanto, a construção de cenários possibilita que candidatos montem estratégias eficientes e conquistem sucesso eleitoral.        

O equívoco da oposição em Recife

Adriano Oliveira, | seg, 06/02/2012 - 09:48
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Diante de um prefeito mal avaliado, os candidatos da oposição (DEM, PSDB, PPS e PMDB) acreditam que podem vencer a disputa eleitoral contra João da Costa. Esta crença é cabível, ou seja, é possível que um candidato da oposição ao PT vença a eleição municipal de 2012. Entretanto, variados atores da oposição estão sendo míopes na análise da conjuntura, na prospecção de cenários e na definição de estratégias.

O tempo da política não é, necessariamente, o tempo do eleitor. Os atores da oposição desejam resolver inicialmente a política. Para depois, pensar em conquistar o eleitor. Este é o primeiro erro da oposição. Antes de definir as alianças políticas, os candidatos da oposição já deveriam saber quem têm chances de vencer a disputa em Recife. Com esta resposta, a qual é fácil de obter por meio de pesquisas adequadas, as discussões políticas seriam iniciadas.

Enquanto o prefeito João da Costa busca conquistar o eleitor, no caso, recuperar a admiração dos eleitores, a oposição discute as alianças políticas e esquece de criar meios para conquistar o eleitor. Lembro que a última pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau revelou que nenhum candidato da oposição tem mais votos do que o prefeito João da Costa. Este é o dado importante, o qual ninguém deseja considerar.

A estratégia de alguns atores da oposição requer justificativa plausível, pois, na minha avaliação, ela irá conduzir ao erro. O que escuto é o seguinte: quanto mais candidatos, melhor, já que a eleição irá para o segundo turno. Lógica que carece de comprovação empírica.

Proponho que os atores da oposição analisem as últimas eleições para prefeito do Recife. Após a análise, observem que existe uma lógica clara nas últimas eleições, qual seja: a eleição em Recife é polarizada – dois atores disputam o eleitor. É óbvio que a regularidade é um indicador importante para a análise política. E é óbvio também que regularidades sofrem inflexão. Porém, a regularidade não deve ser desprezada.

Mais candidatos não significam necessariamente segundo turno. Pois, o candidato da situação pode crescer a tal ponto que o principal candidato da oposição não consiga obter, junto com os demais, votos suficientes para levar a disputa para o segundo turno. Ressalto, ainda, que mais candidatos da oposição podem não chamar a atenção do eleitor, e esta (atenção), por sua vez, rumar para o candidato da situação – esta é a lógica das últimas eleições do Recife. 

A estratégia de alguns competidores da oposição não é plausível e é incoerente com a conjuntura. Se o prefeito está mal avaliado, qual é a razão de defenderem a tese de múltiplas candidaturas, em vez de uma candidatura polarizada, onde a principal estratégia é o debate de quem pode fazer o melhor pelo Recife?      

Oposição, bem-estar e emoção

Adriano Oliveira, | qui, 02/02/2012 - 09:24
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Oposição é o contraditório. Se A é favorável a ação Y, B pode ser contra em razão da ação Y não corresponder aos seus desejos. Entretanto, A e B podem ser favoráveis a ação Y, já que esta ação proporciona a consequência V, e A e B desejam para a sociedade os benefícios da consequência V.

A lógica simples apresentada faz parte das relações de poder no governo federal. Não existe, desde o fim do governo de FHC, oposição ao PT. Atos oposicionistas sugiram no suposto Escândalo do Mensalão. Após isto, os partidos da oposição, PPS, DEM e PSDB, não mais tiveram condições de se contrapor ao governo do PT.

As causas que motivam a ausência de oposição pujante e robusta ao PT são duas. A primeira é de ordem política. Neste caso, variados partidos integram a coalizão partidária que apóia os governos do PT. Diante da oferta de espaços na máquina estatal, partidos passam a apoiar o governo do PT. Não existem razões ideológicas para tal apoio. É possível, e isto é uma hipótese, de que a redução de espaços no estado possibilite o recrudescimento da oposição.

A segunda causa é eleitoral ou mental. O governo Lula foi sábio. E Dilma é sábia, mas também possui convicção. O governo Lula demonizou o governo de FHC, e o PSDB aceitou isto passivamente. Lula não foi contra o Plano Real na campanha eleitoral que lhe possibilitou a conquista da presidência.

Lula em sua era manteve o controle da inflação, continuou a controlar os gastos públicos, manteve a recuperação gradual do salário mínimo. E fez algo mais, em razão das condições herdadas do governo de FHC: criou meios para favorecer o consumo. Por convicção e sabedoria, Dilma mantém as conquistas das eras de FHC e de Lula. 

As ações meritórias de Lula em seu governo proporcionaram bem-estar ao eleitor. E parte deste, assim como variados parlamentares, é desprovida de razões ideológicas. Portanto, o que importa para o eleitor é seu estado mental, no caso, a felicidade e o bem-estar.

Os críticos da oposição ainda não identificaram o ponto central: o PT manteve a agenda do PSDB, e com isto, enfraqueceu o discurso da oposição. Desde a era Lula, a agenda do Brasil é única, a qual foi criada por FHC, qual seja: controle da inflação, controle dos gastos públicos, recuperação do salário mínimo e incentivo do consumo. Então, qual partido da oposição é contra tal agenda?

A oposição não findou no Brasil, ela apenas está enfraquecida em razão das causas apresentadas. Contudo, após as eleições municipais, ela poderá ganhar, lentamente, robustez. Mas isto só será possível se eventos econômicos desfavoráveis ameaçarem o bem-estar dos brasileiros e se surgir um candidato à presidente que emocione o eleitor.  

O que é rejeição?

Adriano Oliveira, | seg, 30/01/2012 - 09:34
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As pesquisas eleitorais revelam corriqueiramente a rejeição dos candidatos. A tese simplória é: quanto mais um candidato é rejeitado, menor as suas chances de vencer a eleição.

Geralmente, os institutos de pesquisas questionam o eleitor se ele votaria com certeza ou de maneira nenhuma em dado candidato. Se a resposta for, por exemplo: 42% não votam no candidato X, políticos e publicitários afirmam logo que ele não tem chances de vencer a disputa eleitoral.

A rejeição a um candidato também é verificada através da Avaliação da Administração. Se o prefeito avaliado é aprovado por 22% dos eleitores, variados atores afirmarão que o prefeito não tem chances de ser reeleito ou o seu apoio para outro candidato é desprezível.

Outra variável, a qual é costumeiramente utilizada em pesquisas da Contexto Estratégia e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau, é se dado candidato merece ser reeleito ou eleito prefeito da cidade Z. Neste caso, busca-se verificar os sentimentos dos eleitores.

As variáveis apresentadas possibilitam verificar a rejeição dos atores políticos. Entretanto, a compreensão da variável rejeição não deve se limitar apenas a ela. A variável rejeição deve ser compreendida a partir da sua relação com a variável Nível de Conhecimento. Sendo assim, quanto mais um candidato é conhecido, mais plausível é a sua rejeição observada. O contrário também é verdadeiro.

Candidatos podem, de acordo com os sentimentos dos eleitores, não merecerem ser eleitos ou reeleitos. Mas como já frisei em outro artigo, eleitores não são árvores. Eles não estão presos ao solo. Portanto, os candidatos que hoje não merecem ser eleitos, amanhã poderão vir a ser. Desse modo, estratégias eleitorais e políticas podem mudar os sentimentos dos eleitores e, especificamente, a rejeição que estes têm em relação a dado candidato.

A variável rejeição é importante, pois ela representa o ato de rejeitar alguém. Contudo, assim como as diversas variáveis presentes num questionário de pesquisa, o seu valor não é constante. Portanto, os rejeitados de hoje podem não ser os de amanhã.

O ponto da virada e as epidemias eleitorais

Adriano Oliveira, | qua, 25/01/2012 - 09:17
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O fantástico livro de Malcolm Gladwell, O ponto da virada, precisa ser lido por estrategistas políticos e candidatos. Gladwell não aborda especificamente o tema eleições. Porém, a sua abordagem incentiva os candidatos e estrategistas a refletiram sobre a dinâmica do processo eleitoral.

Malcolm Gladwell trabalha com dois termos que fornecem indícios explicativos quanto às possibilidades de sucesso eleitoral dos candidatos. O primeiro termo é o ponto da virada. O autor afirma que o ponto da virada representa a ruptura com uma ordem presente. Neste caso, candidatos mal avaliados ou com reduzido percentual de intenção de votos podem vir a vencer a eleição, pois num dado instante, ocorreu o ponto da virada.

O outro termo abordado por Malcolm Gladwell é o de epidemias. Segundo Gladwell, epidemias surgem nas sociedades, as quais se caracterizam pelo envolvimento de variados indivíduos em um fenômeno social. Ou seja: a partir da ação de diversos indivíduos, um fenômeno social surge. O ponto da virada é provocado por um conjunto de atores. Então, a virada ocorre em razão do início da formação de uma epidemia. Após a virada, constata-se de modo nítido a epidemia.

Tenho a hipótese de que existem o ponto da virada e epidemias em eleições. Deste modo, prefeitos mal avaliados poderão vencer a disputa eleitoral em razão de estratégias eficientes, as quais possibilitam a formação de epidemias eleitorais e que proporcionam o ponto da virada. Após a virada, a epidemia eleitoral em torno de um candidato se consolida e este vence a competição eleitoral.

De modo semelhante, é possível que candidatos da oposição animem o eleitor e possibilitem a formação da epidemia eleitoral. Por consequência, o ponto da virada ocorre, a epidemia eleitoral se consolida e o candidato vence a disputa eleitoral.

Ressalto que a formação de epidemias eleitorais e viradas estão a depender da interpretação correta de pesquisas eleitorais e da criação de estratégias. Sem pesquisas e estratégias, epidemias não surgem, muito menos a virada.

Não despreze os fracos e descubra os que podem crescer

Adriano Oliveira, | seg, 23/01/2012 - 09:57
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A segunda rodada de pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau na cidade do Recife não traz novidades em relação à anterior. O quadro eleitoral diagnosticado em dezembro permanece, apesar de alguns candidatos apresentarem mobilidade ascendente nos cenários pesquisados.

Os candidatos Raul Jungmann, Fernando Bezerra Coelho e Raul Henry cresceram eleitoralmente. Entretanto, este crescimento pode não representar uma tendência.

O eleitor recifense reprova majoritariamente o prefeito João da Costa – 75% dos eleitores afirmam que João da Costa não merece ser eleito prefeito do Recife. Mas, apesar desta reprovação, nenhum candidato da oposição tem, neste momento, mais votos do que o prefeito João da Costa. Em razão disto, indago: a longo prazo, é possível algum candidato da oposição conquistar mais votos do que João da Costa? Sim, pois campanhas importam. Mas as campanhas importam também para o prefeito. Neste caso, João da Costa pode se recuperar?

Os sentimentos dos eleitores revelam que João da Costa tem uma árdua tarefa, qual seja: reverter os sentimentos negativos dos eleitores em relação à sua pessoa – 75% dos eleitores afirmam que ele não merece ser reeleito, 77% não o admiram e apenas 8% dos eleitores frisam que ele, dentre um conjunto de vários candidatos, é o mais preparado para ser prefeito do Recife.

Eleitores não são árvores. No caso, eleitores não possuem raízes fincadas ao chão. Portanto, eles podem mudar de opinião e fazerem novas escolhas. Diante desta premissa, afirmo: João da Costa pode sim, através de estratégias eficientes, reverter os sentimentos negativos dos eleitores. Com isto, adquirir condições de ser reeleito prefeito.

É importante salientar que Mendonça Filho, o candidato da oposição mais bem colocado na pesquisa, está, em vários cenários, em empate técnico com João da Costa. Então, mesmo diante de um prefeito mal avaliado, nenhum candidato da oposição consegue ter mais votos do que o atual prefeito do Recife.

Diante desta realidade óbvia, embora poucos enxerguem, sábios irão sugerir múltiplas candidaturas como a melhor estratégia para derrotar João da Costa. Lembro aos sábios, que os vários cenários testados pela pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau, revelam considerável percentual de eleitores que ainda não sabem em quem votar. – votos brancos e nulos e não sabe/não respondeu. Portanto, os eleitores, diante de um prefeito mal avaliado, não fizeram, neste instante, a opção pela oposição.

Qual candidato da oposição tem mais condições de conquistar os eleitores? Esta é a pergunta que os sábios estrategistas precisam fazer. As variáveis contidas na pesquisa revelam que são estes candidatos. De antemão, friso: este candidato poderia ser João Paulo, caso este estivesse em outro partido.

A melhor estratégia para a oposição – PMDB, PSDB, PPS e DEM – é lançar dois candidatos. Com isto, eles adquirem condições políticas para obter, casos sejam sábios, condições eleitorais para derrotar o PT.

O melhor candidato para o PT é João da Costa, pois 20% dos eleitores consideram que João Paulo é o melhor candidato que representa a oposição ao atual prefeito do Recife. Neste sentido, João Paulo não pode ser o candidato do PT, pois os candidatos da oposição provocarão os eleitores, e estes poderão refletir em torno dos seguintes dilemas: Por que João da Costa não é o candidato do PT? João Paulo aprova ou desaprova a gestão de João da Costa? Deste modo, caso João Paulo dispute a eleição, a sua candidatura poderá se tornar, com o decorrer da campanha eleitoral, frágil.

Os últimos eventos sugerem que o candidato do governador Eduardo Campos será João da Costa. Escolha política sábia do governador. Mas, diante da fragilidade da candidatura de João da Costa e da falta de norte da oposição, é prudente o governador lançar duas candidaturas para prefeito. Com isto, ele adquire condições reais de manter sobre o seu controle a prefeitura do Recife.

Ressalto que a pesquisa revela que os atores Eduardo Campos, João Paulo e Jarbas Vasconcelos, caso sejam adequadamente utilizados, contribuem para o sucesso eleitoral de candidatos. E, neste instante, João Paulo, caso opte por apoiar um candidato fora do PT, tem condições de dificultar a recuperação eleitoral de João da Costa.

O que poderá vir a acontecer? A expectativa que tenho é que João da Costa, caso consolide o apoio do governador Eduardo a sua candidatura, além de outros fatores, tende a se recuperar. E duas candidaturas atreladas ao governador Eduardo Campos poderão vir a disputar o segundo turno

Portanto, a oposição precisa se precaver. Neste caso, o PMDB, o PSDB, o PPS e o DEM precisam descobrir, urgentemente, qual candidato tem mais condições de derrotar o PT. 

Por fim, recomendo que devemos ficar atentos aos passos do senador Armando Monteiro, pois as suas escolhas poderão interferir no xadrez eleitoral da disputa do Recife. 

O xadrez eleitoral em Recife

Adriano Oliveira, | seg, 16/01/2012 - 09:21
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Os fatos recentes ocorridos na arena eleitoral da disputa municipal mostram que surpresas não estão ocorrendo e, talvez, não venham a surgir. Alguns podem frisar que a surpresa existe, no caso a possível desistência de Fernando Bezerra Coelho da disputa municipal. Outra surpresa é o possível apoio do governador Eduardo Campos à reeleição de João da Costa.

Não será uma surpresa caso Fernando Bezerra não seja candidato a prefeito, pois a sua possível candidatura foi enfraquecida em razão de fatos não previsíveis. Qual sábio preveria fortes chuvas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, as quais possibilitaram que a mídia prestasse atenção às ações do ministro do PSB? Portanto, um Cisne Negro atingiu o ministro e, possivelmente, enfraqueceu a sua condição política para ser candidato a prefeito do Recife.

Para mim não é surpresa, e por várias vezes frisei isto desde 2010, o possível apoio do governador Eduardo Campos a reeleição de João da Costa. Aliás, como sempre frisei: não existem motivos para Eduardo Campos não ter um candidato a prefeito, ou melhor: dois candidatos a prefeito. Muitos sonharam e ainda sonham num possível apoio do governador a candidatura de João Paulo. Neste instante, não acredito nesta possibilidade, pois o deputado federal petista pode vir a atrapalhar os planos eleitorais do governador em 2014.

Mas não desconsidero a seguinte surpresa: Eduardo apoiar João Paulo para prefeito. Mas para esta surpresa acontecer, João da Costa precisa continuar enfraquecido eleitoralmente e João Paulo mostrar para o PSB que a sua aliança política é com o governador e não com Humberto Costa.

O governador Eduardo Campos pode vir a lançar um segundo candidato com o objetivo de garantir o seu sucesso eleitoral em Recife. Neste caso, João da Costa seria um dos candidatos, o outro poderia vir de algum partido aliado, como o PSD.

Neste instante, a oposição, com exceção do PSDB, ainda não definiu a sua estratégia para derrotar o PT. O DEM e o PMDB ofertarão candidatos ao eleitorado? O PPS conseguirá construir aliança, além da já existente com o PMN? O PTB lançará candidato, já que desde o ano passado sinaliza que não apoiará a reeleição de João da Costa?

Na disputa eleitoral em Recife existe um cenário plausível, o qual poderá tornar o resultado da eleição mais do que incerto, qual seja: quem receberá o apoio de João Paulo caso este não seja candidato a prefeito?

Árvores e eleitores

Adriano Oliveira, | qua, 11/01/2012 - 09:54
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O senso comum é algo presente na opinião dos atores políticos. Um exemplo clássico do senso comum é o fato de que candidato à frente de outros em pesquisas eleitorais é de antemão o favorito a vencer a disputa eleitoral. Outro raciocínio é que prefeitos mal avaliados são prefeitos previamente derrotados.

Os analistas eleitorais, dentre estes, estrategistas, politólogos e publicitários, também fazem uso costumeiramente do senso comum e com isto agem de modo semelhante aos candidatos, os quais, como já dito, também utilizam do senso comum.

O senso comum me incomoda, pois ele conduz ao erro e possibilita que estratégias eleitorais equivocadas sejam criadas e colocadas em prática. O senso comum também provoca miopia, com isto, candidatos, por estarem à frente nas pesquisas, acreditam veementemente que vencerão as eleições.

Recomendo aos adeptos do senso comum que leiam o último livro de António R. Damásio – E o cérebro criou o homem. O livro não aborda o objeto eleições, mas ao explicar a relação entre corpo, mente e cérebro, o autor contribuiu para a interpretação do comportamento do eleitor.

As plantas não possuem neurônios, e na ausência deles não há mente”. Esta assertiva contida no livro de Damásio incentiva um novo olhar para a compreensão do comportamento dos eleitores. Segundo Damásio, o corpo interage com o meio ambiente e este provoca reações nos indivíduos. Estes, por sua vez, procuram se adaptar ao meio ambiente ou buscar outros ambientes que propiciem bem-estar ao seu corpo e organismos, já que possuem neurônios e estes incentivam a reação do corpo.

De modo semelhante, as árvores, apesar de não terem neurônios e possuírem raízes, sentem a influencia do meio ambiente. Entretanto, por não possuírem neurônios e estarem presas por raízes ao solo, as plantas não saem do lugar e continuam a sofrer, caso isto ocorra, a influência negativa do ambiente.

Eleitores são indivíduos. Portanto, possuem neurônios e não estão, necessariamente, presos à raízes. Deste modo, numa trajetória eleitoral, eleitores, em razão de estratégias eficientes advindas dos candidatos, podem mudar ou consolidar as suas escolhas. Então, antes de algum candidato decidir em ser candidato, ele deve ficar atento ao fato de que eleitores podem mudar as suas escolhas eleitorais prévias.

Eventos, crises e mídia

Adriano Oliveira, | seg, 09/01/2012 - 09:14
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As Ciências Sociais buscam identificar e decifrar eventos que ocorrem no ambiente social. Os eventos são criados pelas ações e interações humanas. Crises são eventos, os quais representam o início de uma ruptura com uma ordem X, por exemplo. Ou uma turbulência na ordem X, mas sem ruptura para uma nova ordem - Y.

Crises políticas são comuns em ditaduras e em democracias. Por conta da liberdade da mídia, as crises são mais comuns e mais visíveis em democracias. Crises políticas significam rupturas ou turbulências em torno de um ou vários atores, os quais integram dada instituição.

Crises políticas podem ser evitadas. Mas para tal fato ocorrer, atores precisam prognosticar possíveis crises. Neste caso, os atores devem exercitar a memória cotidianamente. Lembrar das ações do passado e refletir sobre as ações do presente são atitudes que devem guiar atores políticos que desejam disputar uma eleição ou vir a ocupar um cargo público, como por exemplo, um ministério.

Em sociedades democráticas, a mídia exerce intensa função fiscalizadora. Os passos do ator político são vigiados. E os passos deste ator político no passado também. Em razão disto, crises poderão surgir em virtude da ação midiática e não da ação de uma instituição estatal.

A ação fiscalizadora da mídia é um evento que necessariamente precisa ser melhor compreendido por parte dos atores políticos e dos cientistas políticos. Constato que no Brasil, as instituições públicas perdem espaço para a mídia ou esta preenche um dado espaço que deveria ser ocupado pelas instituições públicas.

Desde a era FHC, verifico que as crises políticas não foram motivadas pelas ações das instituições estatais. Mas pela mídia. Foi ela que investigou, publicizou e proporcionou crises governamentais. Em particular, quedas de ministros. No governo Dilma, vários ministros foram sucumbidos em razão da atuação dos órgãos de comunicação. E as turbulências ocorridas em seu governo também foram provocadas pela mídia.

As crises governamentais contemporâneas requerem novas ações por parte dos atores e estrategistas junto à mídia e à opinião pública. A criação de fatos positivos para integrarem a agenda da mídia é necessária, mas não suficiente para evitar crises, independente da sua dimensão.

Atores políticos precisam ficar atentos, caso desejem conquistas futuras, as suas ações do presente, as quais, com o tempo, virarão ações passadas, mas que já estão repercutindo no futuro. As ações presentes dos atores devem vislumbrar as conseqüências. E a mídia não pode ser mais encarada como algo qualquer, no caso, uma instituição que divulga notícias de um dado ator enviadas pela assessoria de imprensa.

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