Três pessoas morreram e 43 foram resgatadas em uma operação nesta quarta-feira (14) no Canal da Mancha, entre França e Reino Unido, após o naufrágio de uma "pequena embarcação" que transportava migrantes sem documentos.
A Guarda Costeira britânica havia anunciado algumas horas antes uma "operação de busca e resgate após um incidente com uma pequena embarcação nas costas de Kent", sudeste da Inglaterra.
França e Reino Unido registram há vários dias uma onda de frio intenso, com temperaturas que chegaram a 10 graus negativos em algumas regiões, o que provocava o temor de um balanço elevado de vítimas em um naufrágio nas águas gélidas que separam os dois países.
Navios e equipes de emergência de várias cidades da região foram mobilizados, assim como dois helicópteros britânicos e um francês. As autoridades do norte da França também informaram que uma patrulha da Marinha foi enviada como reforço.
O serviço de emergência da região informou que recebeu um alerta da Guarda Costeira às 3h40 (0h40 de Brasília).
Quase seis horas depois, a operação conseguiu resgatar 43 pessoas e encontrou três corpos, informou a imprensa britânica, com base em fontes governamentais, sem revelar a idade e a origem dos migrantes.
- 27 mortos em novembro de 2021 -
O termo "pequena embarcação" é utilizado no Reino Unido como referência aos botes com migrantes que tentam cruzar de maneira clandestina o Canal da Mancha da França em direção à costa da Inglaterra.
Desde o início do ano, quase 45.000 migrantes tentaram fazer a travessia perigosa, contra 30.000 no ano passado.
Um naufrágio matou 27 migrantes que atravessavam o Canal da Mancha no ano passado.
Na madrugada de 24 de novembro de 2021, 27 migrantes com idades entre 7 e 46 anos - 16 curdos do Iraque, um curdo do Irã, quatro afegãos, três etíopes, um somali, um egípcio e um vietnamita - morreram no naufrágio de um bote inflável na costa francesa quando tentavam chegar à Inglaterra.
Apenas dois passageiros, um curdo iraquiano e um sudanês, foram resgatados com vida.
O jornal francês Le Monde afirmou que os migrantes fizeram 15 ligações para as autoridades francesas para pedir ajuda, mas sem sucesso.
Ao menos 205 migrantes morreram ou desapareceram ao atravessar o Canal da Mancha desde 2014, de acordo com o Projeto Migrantes Desaparecidos da ONU.
- Tensão entre Londres e Paris -
As travessias de migrantes sem documentos pelo Canal da Mancha, da França em direção ao Reino Unido, são motivo de tensão entre os governos de Paris e Londres.
E um tema particularmente delicado para os conservadores britânicos, que prometeram reforçar o controle de suas fronteiras após o Brexit - que entrou em vigor no início de 2021 -, mas não conseguiram e observam o aumento do número de migrantes sem documentos.
Para tentar reduzir a tendência, os dois países assinaram em novembro um acordo que inclui um pacote de 72,2 milhões de euros que os britânicos pagarão à França em 2022-2023, com o objetivo de aumentar de 800 a 900 o número de policiais nas praias francesas a partir das quais zarpam os migrantes.
O naufrágio desta quarta-feira aconteceu um dia depois de o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, anunciar um novo acordo com a Albânia para frear o fluxo de imigrantes que atravessam o Canal da Mancha a partir da Europa continental.
Um terço de todos os que chegaram às águas britânicas este ano - quase 13.000 - eram albaneses, segundo o governo do Reino Unido.
Sunak afirmou que, com o acordo, os albaneses que chegarem em botes pelo Canal da Mancha, uma das rotas marítimas mais utilizadas por grandes cargueiros, serão imediatamente devolvidos ao seu país.