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Um túnel ainda em fase inicial de escavação foi descoberto no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) em Manaus-AM, na segunda-feira (18). Essa já é a quarta tentativa de fuga descoberta pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) nos últimos 40 dias.

O túnel estava sendo escavado dentro de uma das celas da unidade. Durante a revista, foram descobertos ainda cinco celulares e um modem móvel.

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Segundo a Seap, há indícios de que um funcionário estaria levando os celulares. Um inquérito policial será aberto para investigar o caso.

O local do túnel foi isolado para manutenção e 24 internos transferidos para outras celas. Eles vão responder a um Procedimento Administrativo Disciplinar.

Em 7 de abril, a Seap flagrou o momento em que um túnel era escavado do lado de fora da Unidade Prisional do Puraquequara (UPP). Um homem foi detido.

Em 17 de abril, um novo túnel foi descoberto no Centro de Detenção Provisória Masculino 1 (CDPM 1). Em 2 de maio, houve a descoberta de um túnel por onde os presos planejavam fugir durante a rebelião na UPP.

Os ataques em cadeias de Manaus desde o domingo (26) nos quais morreram 55 presos, colocou em lados opostos presos antes considerados aliados. Três detentos agora assassinados eram acusados de, no massacre de 2017, terem matado com crueldade colegas presidiários do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). Nessa unidade, houve 56 mortes em 1º de janeiro de 2017. Nesta semana, mais 19 óbitos de presos foram registrados no local.

Por outro lado, entre os presos apontados como mandantes dos ataques mais recentes nas cadeias, ao menos dois já apareciam com papel de protagonistas no massacre de 2017. Isso mostra que eles continuam a desempenhar cargo de influência no Compaj e na Família do Norte (FDN), maior facção da Região Norte do País, que controla a rota de escoamento de cocaína pelo Rio Solimões.

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Na chacina de 2017, os presos haviam atacado rivais do Primeiro Comando Capital (PCC), grupo com o qual disputavam o comando do tráfico de drogas na região. Desta vez, eles miraram antigos aliados da FDN, que está rachada.

Nesta semana, o governo transferiu nove detentos para presídios federais com o intuito de isolá-los e de interromper a onda de assassinatos nas cadeias. Entre eles está Janes Cruz, o Caroço. Segundo o governo do Amazonas, ele teve papel decisivo nos crimes cometidos no Compaj nesta semana.

O nome dele já aparecia em denúncia do Ministério Público (MP) à Justiça em 2017 como um dos líderes da rebelião daquele ano. O processo que denunciou 213 presos pelo massacre ainda tramita na Justiça.

Aponta o documento da época que Cruz foi indicado por 25 testemunhas como um dos líderes da FDN no Compaj. "Foi visto atirando contra o policial que fazia a guarda da portaria e participando do grupo de internos que invadiu a inclusão. Teve ação decisiva nas mortes e esquartejamentos ocorridos na quadra do Pavilhão 3", descreve o documento do MP.

"O que aconteceu depois de 2017 foi uma relativa calmaria. O grupo criminoso dominante tinha usado uma ação cruel e exibicionista para mostrar quem mandava ali. Com isso, houve o recuo de grupos rivais, amedrontados", diz o promotor Edinaldo Medeiros, que apresentou a denúncia contra 213 presos em 2017.

Já entre os mortos desta semana, está Naelson Picanço, o "Pulguinha". Segundo o MP, com base no relato de testemunhas de 2017, ele foi responsável naquela época por esquartejar vários corpos, "inclusive arrancou o olho de uma vítima e passou a brincar com ele".

Segundo Medeiros, na investigação de 2017, testemunhas já apontavam o Compaj como a "célula mater" do crime organizado no Amazonas. O promotor pediu afastamento do MP após uma lista ser divulgada pela FDN com nomes de alvos que deveriam ser executados.

90 dias

A força-tarefa de intervenção penitenciária do Ministério da Justiça e da Segurança no Amazonas vai ficar no Estado por 90 dias, contados a partir de terça-feira, 28. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma briga interna na organização criminosa Família do Norte (FDN), que teve início no domingo (26) e continuou na segunda-feira (27) deixou um total de 55 mortos em presídios de Manaus. As execuções ocorrem em meio a uma disputa entre os líderes da facção José Roberto Barbosa, o Zé Roberto da Compensa, e João Pinto Carioca, o João Branco, pelo comando do grupo, conforme fontes do governo amazonense.

Após os massacres, o governo Jair Bolsonaro decidiu enviar um reforço de segurança aos presídios do Amazonas, a pedido do governo estadual. A Força-tarefa de Intervenção Penitenciária servirá para reforçar a atuação dos agentes carcerários. O Estado já tem a presença da Força Nacional de Segurança Pública, que atua no policiamento ostensivo e no entorno das penitenciárias.

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Quinze detentos foram mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, por volta das 12h30 deste domingo (26). Segundo a Secretaria de Comunicação do Governo do Amazonas, os óbitos ocorreram durante uma briga entre os presos. A situação foi controlada por volta das 15h, mas a falta de informações deixou familiares sob tensão na entrada do Complexo. A unidade é a mesma onde em 2017 aconteceu um massacre com 56 mortos.

O ataque começou durante horário de visita e os parentes dos detentos foram retirados às pressas do local. Segundo o secretário de Segurança Pública do Estado, coronel Louismar Bonates, alguns assassinatos ocorreram na presença de parentes das vítimas. Um grupo de mulheres chegou a bloquear o trânsito da BR-174, que fica logo em frente ao Compaj, mas uma equipe do Batalhão de Choque da Polícia Militar desobstruiu a via.

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Ainda de acordo com o secretário, foi determinado o reforço em outras unidades do sistema prisional, por medida de precaução. Helicópteros do Departamento Integrado de Operações Aéreas fizeram sobrevoo no sistema, durante a tarde. Não há informações sobre fugas e não houve agentes penitenciários reféns.

Em coletiva, Bonates comunicou que a secretaria investiga o motim. "As câmeras internas registraram todos os crimes e vamos encaminhar as informações à Justiça", declarou. O jornal O Estado de S. Paulo mostrou que a crise nas penitenciárias ainda era latente, com grande risco aos detentos.

Presídio teve massacre com 56 vítimas em 2017

No dia 1º de janeiro de 2017, o Compaj foi tomado por uma rebelião de detentos, no que seria o início de uma onda de massacres em presídios do País. Em Manaus, detentos encurralaram rivais e os executaram: o total de vítimas chegou a 56. O caso ficou marcado pela crueldade com o que os criminosos agiram.

Em novembro daquele ano, 213 presos foram denunciados à Justiça por ligação com o massacre. O documento detalhou como os integrantes da facção Família do Norte (FDN) perseguiram os integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), que tentaram se proteger do ataque fugindo por dutos e se escondendo em telhados, mas alguns acabaram vários acabaram capturados, torturados e mortos.

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou que a situação no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, voltou à normalidade, após uma briga entre os presos. Uma equipe de peritos do Instituto Médico Legal (IML) foi deslocada para o local.

Informação apurada pela reportagem junto ao IML, mas não confirmada pelo Seap, indica que dez pessoas morreram. Não há informações sobre fuga de presos, nem agentes penitenciários feridos ou feito reféns.

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Conforme nota da Seap encaminhada à Agência Brasil, o Batalhão de Choque da Polícia Militar foi acionado para atuar no Compaj “onde estava acontecendo uma briga entre presos”. O batalhão entrou no complexo por volta do meio-dia deste domingo (26).

O secretário de Segurança Pública, coronel Louismar Bonates, determinou reforço em outras unidades do sistema.

Em janeiro de 2017, uma rebelião de 17 horas resultou na morte de 56 pessoas no Compaj. Em dezembro de 2018, um agente penitenciário foi assassinado dentro do complexo.

No fim da manhã desta quarta-feira (11), um total de 17 detentos do Amazonas embarcaram para presídios federais. Um comboio da Polícia Militar acompanhou o deslocamento dos presos até o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) ainda não divulgou para quais unidades federais os detentos devem ser levados.

O grupo transferido é apontado como responsável por chefiar o massacre que teve como desfecho a morte de 56 internos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no primeiro dia de 2017. Os presos estavam encarcerados no Compaj e no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat).

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Antes de embarcar, peritos do Instituto Médico Legal (IML) realizaram exames de corpo de delito nos detentos, que estavam no Batalhão de Choque da Polícia Militar, em Manaus.

Segundo o comandante geral da PM, Augusto Sérgio, o trajeto até o aeroporto recebeu forte esquema de segurança, ao todo 80 policiais participaram da operação.

Os internos embarcaram em uma aeronave da Polícia Federal por volta de 13h. o Ministério da Justiça afirmou que apura, junto ao Departamento Nacional (Depen), o local para onde o grupo será encaminhado.

Veja a lista com os nomes dos detentos transferidos:

Adailton Farias da Silva – Homicídio

André Said de Araújo - Tráfico de drogas, associação para o tráfico e roubo

Cláudio Dayan Felizardo Belfort - Tráfico de drogas, roubo, e posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito

Demetrio Antônio Matias – Homicídio

Eduardo Queiroz de Araújo - Tráfico de drogas e associação para o tráfico

Fábio Palmas de Souza  - Homicídio e Tráfico de drogas

Gileno Oliveira do Carmo - Tráfico de drogas

Heuliton Cabral dos Santos  - Tráfico de drogas e associação para o tráfico

Janes do Nascimento Cruz  - Tráfico de drogas e associação para o tráfico

João Ricardo Santos da Costa -Tráfico de drogas

José Bruno de Souza Pereira – Latrocínio

Lenon Oliveira do Carmo - Tráfico de drogas e associação para o tráfico

Márcio Ramalho Diogo - Roubo e Tráfico de drogas

Reginaldo Muller Neto - Tráfico de drogas

Rivelino de Melo Muller - Tráfico de drogas

Wilson Guimarães Fernandes – Homicídio

Florêncio Nascimento Barros - Roubo

Dezenove dias antes de serem mortos na chacina em que 56 presos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) foram assassinados por outros internos, dois detentos enviaram cartas à Justiça do Amazonas em que denunciaram que diretores da unidade prisional recebiam dinheiro de organizações criminosas para permitir a entrada de armas, drogas e celulares no presídio.

Duas cartas com denúncias semelhantes foram assinadas pelos presos Alcinei Gomes da Silveira e Gezildo Nunes da Silva e entregues à Defensoria Pública do Amazonas no dia 10 de dezembro. Segundo a defensoria, os documentos foram anexados ao processo de Gezildo no dia 14 de dezembro, para conhecimento do juiz Luis Carlos Valois, titular da Vara de Execuções Penais.

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Nas cartas, Gezildo e Alcinei afirmaram que estavam sendo ameaçados de morte. Gezildo chegou a afirmar que tinha medo de ser assassinado. Já Alcinei foi mais incisivo nas denúncias. “Eles são corruptos e recebem dinheiro da facção criminosa facilitando a entrada de drogas e celulares e [também] a última fuga no Compaj”, referindo-se a diretores da unidade prisional.

A gestão do Compaj compete à empresa terceirizada Umanizzare, que administra outros cinco estabelecimentos prisionais no Amazonas e dois em Tocantins. Em nota, a empresa informou que o comando das unidades cabe a servidores públicos indicados pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). Em 2016, o governo amazonense pagou R$ 302,2 milhões à Umanizzare pela gestão do Compaj.

No site do Tribunal de Justiça do Amazonas, há registro de uma petição (pedido) às 12h36, de 14 de dezembro, que foi reunida ao processo. Os detalhes do processo não podem ser acessados eletronicamente. Mas, segundo o defensor público Arthur Sant’anna Ferreira Macedo, que defendia Gezildo, trata-se de um pedido para que a Justiça determine que as denúncias sejam apuradas e que Gezildo seja transferido para o Centro de Detenção Provisória (CDP) como forma de o Estado protegê-lo e assegurar sua integridade física.

O Poder Judiciário entrou em recesso seis dias depois, no dia 20 de dezembro, e os pedidos do defensor público não foram analisados. Gezildo (que cumpria pena por furto) e Alcinei (condenado a 60 anos de prisão por matar a própria mãe, um irmão e tentar assassinar o pai) foram mortos no Compaj, nos dias 1º e 2 de janeiro.

Na quinta-feira (5), após retornar de Manaus, onde foi verificar a situação do sistema prisional amazonense, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, declarou que a “responsabilidade visível e imediata” do massacre ocorrido no Compaj é da Umanizzare.

“Basta verificar os fatos para ver que houve falha da empresa. Não é possível que entrem armas brancas e armas de fogo, e que todos saibam antes, pela internet, por meio de selfies de presos. Quem tinha a responsabilidade imediata para verificar essa entrada e a festa de final de ano é a empresa que faz a segurança”, disse o ministro.

Imagens divulgadas após a barbárie mostram presos com armas e aparelhos telefônicos.

Procurado pela reportagem, o juiz Luís Carlos Valois informou, por meio da assessoria do Tribunal de Justiça do Amazonas, que não recebeu em mãos o pedido da Defensoria Pública e os documentos citados, e nem sequer foi procurado pela defesa dos presos para tratar do assunto.

“A Vara de Execuções Penais recebe centenas de documentos diariamente, inclusive de forma eletrônica e, no caso de informações sobre risco de vida de detentos, estes documentos são encaminhados pela Justiça também ao Ministério Público para ciência e manifestação, bem como à Secretaria de Administração Penitenciária do Estado, visando a obtenção de dados relacionados ao apenado. O trâmite jurídico segue o que determina a Lei de Execução Penal”, afirma o juiz em mensagem enviada à Agência Brasil.

A Presidência do Tribunal de Justiça do Amazonas determinou que os fatos sejam apurados pela Corregedoria-Geral de Justiça, que instaurou procedimento nesta terça-feira (10).

A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária e a Umanizzare ainda não responderam.

Três corpos foram encontrados na manhã deste domingo na mata ao redor do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no km 8 da BR-174, em Manaus. A Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas não confirmou se são de internos do Compaj ou do Instituto Penal Antônio Trindade, de onde 184 detentos fugiram na noite do massacre.

Segundo o Comitê de Gerenciamento de Crise do Sistema de Segurança do Amazonas, os três corpos foram encontrados às 9h40 (horário local), em avançado estado de decomposição. Somente uma perícia, nos próximos dias, poderá identificá-los e indicar a causa das mortes. Ainda se investiga a ligação das vítimas com a chacina nas cadeias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Líder do PT no Senado, Humberto Costa afirmou, neste sábado (7), que o presidente Michel Temer (PMDB) tem sido “omisso” diante dos problemas de segurança pública no país. Para ele, uma prova disso são as recentes chacinas que ocorreram em presídios nos estados do Amazonas e de Roraima. Sob a ótica do parlamentar, Temer e seus assessores “tentaram se eximir da responsabilidade” sobre o caso e culpar as próprias vítimas pelo “banho de sangue” que teve repercussão internacional.

“A gente sabe com que tipo de governo a gente está lidando por quem faz parte dele. Mesmo após toda essa barbárie, o secretário de Juventude nomeado por Temer foi aos jornais para defender que tinha que acontecer ‘uma chacina por semana’. Foram 93 mortos em seis dias. É com a pregação deste discurso de ódio, que só gera mais violência e que não respeita nem mesmo a dor das famílias das pessoas assassinadas, que este governo que aí está quer disfarçar a sua responsabilidade sobre estas chacinas”, afirmou Humberto. As declarações do secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio (PMDB), geraram repercussão negativa e o assessor peemedebista acabou demitido nessa sexta-feira (6).

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O senador também classificou como “irresponsável” o fato de Temer ter negado o pedido de socorro do governo de Roraima para controlar rebeliões e briga entre facções. A solicitação havia sido feita em novembro de 2016. Nessa sexta, 33 detentos morreram assassinados dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, no estado. Dias antes, no Amazonas, outros 60 presos foram mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). Esta foi a maior chacina em número de vítimas desde o massacre do Carandiru, em São Paulo, em 1992.

“Temer perdeu o controle sobre a questão da segurança pública no Brasil. É impensável que depois do que ocorreu no Amazonas, o governo Temer não tenha tomado as providências necessárias para conter a situação em outras localidades. Foram duas chacinas em menos de uma semana, em um episódio brutal e que repercutiu no mundo inteiro”, salientou o senador.

Para Humberto, a resposta do governo peemedebista ao massacre nos presídios, além de "descabida", foi “lenta e insuficiente”. “Durante os três dias que sucederam à primeira tragédia, o que se ouviu foi um silêncio sepulcral de Temer. Só depois de muita pressão é que finalmente ele decidiu falar sobre o massacre e mesmo assim para classificar a chacina como ‘acidente’. Uma fala infeliz e, mais uma vez, irresponsável. Assim como as medidas anunciadas pelo governo para solucionar o problema: uma compilação de projetos requentados e que não chegam a resolver em nenhum dos aspectos os problemas dos presídios brasileiros”, afirmou.

O líder ressaltou ainda que no governo do PT foi criado o Sistema Penitenciário Federal, que tem como função isolar criminosos de alta periculosidade em estabelecimentos de segurança máxima. “A gente sabe que o problema da superlotação nos presídios é estrutural e que não vem de agora, mas foi com Lula e depois com Dilma que a situação começou a ser enfrentada. Já existem cinco penitenciárias federais e tem uma em processo de construção. Não é o suficiente, mas é a prova de que os governos do PT estavam buscando lidar com a situação, apresentar uma resposta, coisa que Temer mostrou, mais uma vez, que não tem competência para fazer”, avaliou.

Uma revista realizada no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, na manhã desta sexta-feira, 6, resultou na apreensão de um rifle calibre 32, 42 facas, 24 celulares além de um roteador de internet. Foi no Compaj que na noite do domingo, 1º, e a na madrugada da segunda-feira, 2, 56 presos foram assassinados, no que é considerado o maior massacre em cadeias brasileiras desde o Carandiru, em 1992, que deixou 111 mortos.

Participaram da revista funcionários da Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas e policiais militares. O governo do Estado informou que o procedimento é "parte do planejamento preventivo" desenvolvido por um comitê de crise que acompanha a situação do presídio. "O principal objetivo é a retirada de materiais ilícitos que poderiam ser usados para desestabilizar a unidade e promover alguma alteração", informou a administração por nota.

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Imagens gravadas pelos próprios internos no dia do massacre mostraram que vários deles portavam armas, que podem ter sido usadas para executar rivais. Após o fim da rebelião, quatro pistolas e uma espingarda calibre 12 foram entregues pelos criminosos. A polícia buscava outras armas curtas e ao menos mais uma arma longa que aparecia nas gravações. As imagens do circuito interno de segurança da unidade e as gravações dos próprios detentos devem auxiliar a força-tarefa da Polícia Civil a identificar os presos envolvidos com as mortes.

Além das armas, foram apreendidas 56 porções de drogas, uma balança de precisão e equipamentos como lanternas e martelos. No total, 145 participaram da operação, entre servidores da secretaria e agentes de diversos batalhões da Polícia Militar amazonense. Nesta quinta-feira, uma revista já havia ocorrido na unidade de Puraquequara, onde na segunda-feira aconteceram quatro mortes, também relacionadas a brigas de facções no Estado.

A Polícia Civil do Amazonas afirma já ter identificado sete presos suspeitos de participar da rebelião que deixou pelo menos 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM). As identidades dos sete presos não foram divulgadas para não atrapalhar as investigações.

Segundo a assessoria da Polícia Civil, investigadores ouviram o testemunho de agentes penitenciários e de presidiários e identificaram os sete detentos como possíveis líderes do confronto entre as duas facções criminosas que disputam o controle das atividades ilícitas na região: a Família do Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC).

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"Durante o curso da apuração da ocorrência, os nomes dos sete detentos apareceram de maneira incisiva o que dá indicativo da participação deles nos delitos”, comentou o delegado Ivo Martins, responsável pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).

Na segunda-feira (2), o ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, e o governador do Amazonas, José Melo, anunciaram que os líderes das rebeliões ocorridas em Manaus (AM) serão transferidos para presídios federais em breve. Mas, segundo a Polícia Civil, por ora, os suspeitos de liderar a chacina do Compaj vão permanecer na mesma unidade prisional, onde ainda vão prestar depoimentos.

A Polícia Militar (PM) passou a integrar a segurança de unidades prisionais de Manaus, representando reforço ao trabalho de agentes penitenciários e de uma empresa terceirizada que atua nas unidades. A decisão foi tomada pela Secretaria de Segurança Pública após o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que deixou 56 mortos, ter sido seguido pelo assassinato de outros quatro detentos na cadeia de Puraquequara, também na capital amazonense, na tarde desta segunda-feira, 2.

Nesta terça, o secretário de Segurança, Sérgio Fontes, acompanhou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em inspeção realizada no Compaj e falou sobre a necessidade de reforço. "É como disse: é a única decisão que tinha. Não posso deixar de reforçar as muralhas e de reforçar os presídios depois do que aconteceu", disse. Não foi informado quantos PMs e em quais unidades os policiais passaram a atuar internamente. A reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" presenciou a circulação de agentes armados da corporação no Compaj na manhã desta terça-feira, 3.

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Fontes ponderou que os policias já atuavam do lado externo das cadeias. "A guarda externa armada sempre foi do Estado. O que o Estado paga pela terceirização é a logística do presídio, inclusive assistência médica e jurídica, reabilitação, a parte armada sempre foi do Estado, o Estado é que pode usar a força de forma legítima." Questionado se o reforço afetaria o policiamento de rua na capital, ele disse que, apesar de "o cobertor ser curto", o remanejamento era necessário.

O titular da pasta de Segurança informou que o trabalho da força-tarefa criada para investigar o caso continua ocorrendo. Questionado se transferências para presídios federais podem ocorrer, respondeu: "Presos só irão a presídios federais quando as investigações terminarem. Sabemos mais ou menos quem são os líderes porque tratamos com eles na hora da negociação. Mas esse saber não é suficiente. É preciso provar, e você só prova com um inquérito formal, que está nas mãos do dr. Ivo Martins."

Mesmo diante de novas agitações de presos, uma delas no Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM), vizinho ao Compaj, na manhã desta terça-feira, Fontes disse que o "sistema está sob controle". O secretário estimou que 50 presos que fugiram já tenham sido recapturados; um total de 184 escaparam de duas unidades durante a rebelião.

Fontes voltou a afirmar que os corpos devem começar a ser entregues aos familiares nesta terça.

A secretária Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, Flávia Piovesan, afirmou à reportagem que a cultura das prisões em massa é um dos motivos para rebeliões. Ela avaliou que o Amazonas, em sua política de encarceramento, foi omisso ao optar por não separar as facções.

Que fatores a senhora avalia que culminaram nesta chacina?

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No Brasil se prende muito e se prende muito mal. Essa frase aponta o problema na sua essência, a cultura do encarceramento em massa com a qual precisamos romper. O Brasil caminha para ser o terceiro com maior população carcerária, perdendo apenas para Rússia, China e EUA. Quando há facções criminosas rivais, estudos apontam que é preciso separá-las, não mantê-las na mesma unidade. (Não separá-las) Acabou sendo explosivo.

Um relatório da SDH sobre prevenção à tortura fez uma série de recomendações para o Compaj no início de 2015, como diminuir a superlotação. Nada foi cumprido. As medidas eram a longo prazo ou algo falhou?

Eram questões que já deveriam ter mudado. O Estado tem dever de assegurar a integridade física, psíquica e moral dos presos, que só têm cerceada a liberdade, mas permanecem com o direito de terem as vidas resguardadas. O que ocorreu em Manaus foi um desperdício evitável de vidas humanas. Dentro dos direitos humanos, 80% dos problemas estão na questão carcerária. Infelizmente, essas mortes não são algo singular, a não ser pelo número.

O Estado do Amazonas foi ausente?

Seguramente houve uma omissão e uma política pública desacertada, insuficiente e ineficaz para prevenir. Seria muito importante que tivessem agido contra a cultura do encarceramento, repensado a política de drogas e combatido a corrupção no sistema carcerário, que alimenta as facções. Essas questões são, fundamentalmente, responsabilidade da unidade de federação, mas acho necessário um pacto federativo envolvendo todos os poderes, inclusive a mentalidade dos juízes. A meu ver, pena de privação de liberdade deveria ser aplicada apenas em crimes que envolvam violência ou grave ameaça. Tentar fazer uma "limpa" carcerária e investir em penas alternativas é algo que envolve as três esferas. Uma voz isolada não vai dar conta.

O que vê de semelhante entre o massacre de ontem e os ocorridos no Carandiru (SP, 111 mortos), na Casa de Custódia de Benfica (RJ, 31 mortos) e em Pedrinhas (MA, 18 mortos)?

A falência do sistema repressivo-punitivo e a cultura de violação maciça de direitos humanos. Temos projetos em implementação que buscam combater isso, como as audiências de custódia, para diminuir a superlotação e contribuir para a prevenção da tortura. É um desafio duríssimo combater as brigas entre as facções. Os presídios são habitados pelo crime organizado. A reincidência dos presos é de quase 80%, e estamos longe de alcançar a ressocialização.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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