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O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu a 10 anos e 10 meses de prisão pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa. Com isso, Dirceu terá de iniciar o cumprimento de pena em regime fechado, o que ocorre quando a punição é superior a 8 anos.

Dirceu foi condenado a 2 anos e 11 meses por formação de quadrilha e a 7 anos e 11 meses por corrupção ativa por ter atuado na compra de apoio político no Congresso Nacional. Também foi aplicada a sanção de 260 dias-multa, o que supera os R$ 600 mil.

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O relator afirmou que o ex-ministro se valeu do cargo para praticar os crimes e que sua atuação foi contrária a princípios democráticos. "Foi um crime de lesão gravíssima à democracia, que se caracteriza pelo diálogo e opiniões divergentes dos representantes eleitos pelo povo. Foi esse diálogo que o réu quis suprimir pelo pagamento de vultosas quantias em espécie a líderes e presidentes de partidos".

Barbosa afirmou que a ação de Dirceu "colocou em risco a independência dos poderes". "Restaram diminuídos e enxovalhados pilares importantíssimos de nossa sociedade", afirmou o relator.

No crime de quadrilha, todos os seis ministros que condenaram apoiaram a pena sugerida por Barbosa. No caso da corrupção ativa, foram oito os ministros que condenaram e apenas dois, Cármen Lúcia e Marco Aurélio Mello, sugeriram punições mais baixas.

O revisor do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, irritou-se com o fato de o relator ter iniciado seu voto na sessão desta tarde com a aplicação de pena ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Lewandowski afirmou que esperava votar sobre o núcleo financeiro, que se refere à cúpula do Banco Rural. O revisor deixou o plenário após o bate-boca.

"Vossa Excelência toda hora traz uma surpresa. Está surpreendendo a Corte e a todo mundo", disse o revisor. Barbosa reagiu: "A surpresa que está havendo é a lentidão, esse joguinho".

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Lewandowski reclamou da insinuação. Barbosa acusou o colega de obstruir o julgamento para tentar atrasá-lo. "Eu é que estou surpreendido com a ação de obstrução de vossa excelência. Leu até artigo de jornal", disse o relator. O revisor disse considerar grave a acusação e se retirou do plenário.

Barbosa, em seu primeiro voto, propôs pena de 2 anos e 11 meses de prisão a José Dirceu pelo crime de formação de quadrilha. Ele ressaltou que foi a mesma punição imposta ao empresário Marcos Valério. Os demais ministros seguiram o relator e concordaram com a pena imposta a Dirceu por esse crime. Agora, está sendo analisada a acusação de corrupção ativa por parte de Dirceu.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux rebateu nesta sexta-feira a afirmação do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu de que a decisão de apreender os passaportes dos réus condenados no processo do mensalão "é puro populismo jurídico". Fux afirmou que "o julgamento tem sido técnico" e que "não há nenhum enfoque político no julgamento do processo". "Certamente vai haver recorribilidade", comentou, em evento organizado pela Escola de Advocacia Geral do União (EAGU) em São Paulo.

"A defesa tem sido exercida na plenitude até então", comentou o ministro, em referência ainda a texto publicado na quinta-feira (8) por Dirceu em seu blog e no qual o ex-ministro reclama de cerceamento do direito de defesa.

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Questionado sobre a possibilidade de o julgamento terminar antes da aposentadoria do atual presidente da corte, ministro Carlos Ayres Britto, Fux respondeu: "Eu já fui mais otimista." Ayres Brito deixará o STF no próximo dia 18. Quem assumirá a presidência da corte será o ministro relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, que tem sido criticado pelo estilo de liderar o julgamento e já teve desavenças com outros colegas no plenário. Sobre a performance de Barbosa, Fux afirmou que o relator é um homem que "tem o seu estilo". E disse ainda que não há problema um ministro ser presidente do STF e relator de processo ao mesmo tempo.

Fux comentou ainda que, após a definição das penas, todos os ministros deverão passar "um pente fino" nas decisões com o intuito de evitar embargos e recursos. "Temos o compromisso de fazer a revisão geral das penas fixadas e das premissas adotadas para não deixar que escape nenhuma brecha e deixar tudo bem claro", afirmou.

O ministro do STF avaliou que o fato de o julgamento do mensalão ter ocorrido durante o período eleitoral foi uma "coincidência". "O julgamento nem terminou ainda, então não se arrastou até as eleições", afirmou.

O ex-ministro José Dirceu afirmou nesta quinta-feira que a decisão do relator Joaquim Barbosa de apreender os passaportes dos 25 réus condenados no processo do mensalão "é puro populismo jurídico e uma séria violação aos direitos dos réus ainda não condenados". "É tentativa de intimidar os réus, cercear o direito de defesa e expor os demais ministros ao clamor popular", ataca Dirceu, no mais duro pronunciamento feito por ele sobre a ação penal 470, desde que começou o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).

O principal acusado no mensalão afirmou, em seu blog, que é "exagerada" a medida, uma vez que "todos os réus estão presentes por meio de seus advogados legalmente constituídos". Os condenados, inclusive o ex-ministro, terão 24 horas após a intimação para entregar os documentos e estão impedidos de sair do País.

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Dirceu acusa Barbosa de cercear a liberdade de expressão, quando alega que os réus "adotaram comportamento incompatível e desrespeitoso com o Supremo". "Os argumentos cerceiam a liberdade de expressão e são uma tentativa de constranger e censurar, como se os réus não pudessem se defender e, mesmo condenados, continuarem a luta pela revisão de suas sentenças", escreveu Dirceu, no artigo "O que justifica?".

Apontado no processo como mentor do esquema de compra de apoio no Congresso, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, Dirceu ressalta no texto que nunca se manifestou sobre o "mérito dos votos".

O ex-ministro, desde que começou o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 2 de agosto, decidiu se afastar dos holofotes e combinou com seu advogado e equipe de assessoria que não daria entrevistas sobre o assunto, até o término das sessões.

"Nenhum ministro encarna o Poder Judiciário - não estamos no absolutismo real. Nenhum ministro encarna a Nação ou o povo - não estamos numa ditadura. Mesmo acatando a decisão, tenho o direito de me expressar diante de uma tentativa de intimidar os réus, cercear o direito de defesa e expor os demais ministros ao clamor popular instigado, via holofotes de certa mídia, nestes quase quatro meses de julgamento", atacou o ex-ministro.

"Nada vai me impedir de me defender em todos os foros jurídicos e instituições políticas. Mesmo condenado e apenado, não abro mão de meus direitos e garantias individuais - do direito de me expressar e contraditar o julgamento e minha condenação", encerra Dirceu.

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu disse nesta quarta-feira (7) que o pedido feito pela oposição para que a Procuradoria-Geral da República investigue o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma tentativa de "judicializar o embate político" após as eleições. "Derrotada nas urnas, a oposição apela para um pedido tecnicamente inconsistente e desesperado", escreveu em seu blog. Dirceu destaca o fato de a representação não contar com a adesão das direções nacionais do PSDB e DEM.

Dirceu desqualifica o fato de a oposição basear seu pedido em reportagens do Estado e da revista Veja. Segundo Dirceu, a oposição se vale da teoria do domínio de fato - principal ferramenta usada pelo STF para condenar Dirceu por corrupção - para envolver Lula no caso.

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O ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, também condenados pelo STF, já se manifestaram sobre o assunto. Genoino disse que misturar negociações e alianças com o mensalão "significa criminalizar a política". Delúbio afirmou que "a judicialização da vida política e a politização da Justiça foram marcas indeléveis do processo político-eleitoral" deste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

A família do ex-ministro José Dirceu (Casal Civil) já se prepara para o pior: sua condenação em regime fechado por envolvimento com o mensalão. Enquanto o Supremo Tribunal Federal não decide a pena, parentes já planejam como serão as visitas na cadeia. A refeição da penitenciária é uma das preocupações, pois ele é reconhecido como um sujeito bom de garfo. "Meu medo é que ele se mate na prisão", chora Clara Becker, 71 anos, sua primeira mulher e mãe de seu filho mais velho, o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR).

Casados por apenas quatro anos na época da ditadura militar, ela é amiga próxima do ex-marido há mais de três décadas e tem certeza de que "Dirceu não é ladrão". "Se ele fez algum pecado, foi pagar para vagabundo que não aceita mudar o País sem ganhar um dinheiro (...) Se ele pagou, foi pelos projetos do Lula, que mudou o Brasil em 12 anos", afirma, referindo-se ao pagamento a parlamentares da base aliada que receberam dinheiro para votar a favor de propostas do governo do ex-presidente Lula, segundo a denúncia do Ministério Público.

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Para ela, militantes do PT como Dirceu e José Genoino, ex-presidente do partido, estão sendo sacrificados. "Eles estão pagando pelo Lula. Ou você acha que o Lula não sabia das coisas, se é que houve alguma coisa errada? Eles assumiram os compromissos e estão se sacrificando", indigna-se.

"Sabe, é muito sofrimento. Uma vez peguei meu filho chorando de preocupação com o pai. E minha neta, Camila, também sente muito." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

O ex-ministro José Dirceu declarou "integral apoio" à pauta que o PT definiu como prioridades partidárias para 2013, inclusive regulamentação da mídia e reforma política, anunciadas pelo presidente do partido, Rui Falcão.

"Quando acabamos de sair de eleição feita pelas antigas regras de financiamento privado de campanha, está certo o partido quando decide que vai dar prioridade à discussão sobre financiamento público", avalia Dirceu em seu blog.

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"Nós, que defendemos e vemos a necessidade urgente de o País fazer reforma política, não podemos esquecer que há um projeto pronto contemplando todas as mudanças fundamentais." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Um dia depois de o PT mobilizar uma agressiva militância para escoltá-lo a um colégio da zona sul, onde votou, José Dirceu postou em seu blog que "o tumulto é de total responsabilidade da imprensa". "Votei normalmente. Mas certa imprensa faz questão de forçar a barra, criando um clima que de fato não existiu. Com que objetivo?"

Para ilustrar o texto, o ex-ministro anexou cinco fotos, tiradas por sua equipe, em que ele posa com aparência descontraída. "Nas fotos, vocês (leitores do blog) podem conferir que o clima foi de absoluta normalidade. Na sessão de votação não houve nenhum problema."

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Ele diz que fez questão de dar seu voto para o "nosso candidato vitorioso Fernando Haddad". Segundo Dirceu, "a militância se fez presente, de forma espontânea". "Dezenas de jornalistas, cinegrafistas com suas câmeras, fotógrafos, todos tentando entrar ao mesmo tempo na escola, só pode gerar uma situação de aperto." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Condenados por formação de quadrilha e corrupção ativa no processo do mensalão, José Dirceu e José Genoino apresentaram neste domingo (28) à cidade uma nova característica em comum: para votar, eles se fizeram acompanhar de uma militância convocada para impedir a qualquer custo manifestações de repúdio a ambos e, de quebra, afastar os jornalistas dos dois.

"Dirceu, guerreiro do povo brasileiro", entoou a turba logo que o ex-ministro-chefe da Casa Civil, empalidecido, desembarcou da Hilux preta, às 15h40, em frente à Escola Estadual Princesa Isabel, no Bosque da Saúde.

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Genoino votou em um colégio no Butantã pouco depois das 16h. Vestido com uma camisa vermelha, levantou os braços em sinal de vitória e, em seguida, foi envolvido por um grupo de militantes que atacou os repórteres a socos, pontapés e empurrões. Na confusão, empurraram eleitores, repórteres, cadeiras e mesas. Uma mulher idosa, de bengala, foi derrubada e ali ficou sem que ninguém lhe prestasse socorro.

Como no 1.º turno, Dirceu não falou com os jornalistas. "Vou falar depois do julgamento, só vim votar", disse o ex-ministro, referindo-se à Ação Penal 470, que chegou à sua etapa derradeira - os ministros do Supremo Tribunal Federal deverão fixar a pena para ele e para Genoino em novembro.

A chegada do ex-ministro fez ferver a Rua Ibirarema, que quase se transformou no palco de um entrevero, ante a inércia de dois policiais militares. De um lado, um grupo menor recepcionou Dirceu a seu modo. "Pega ladrão! Mensaleiro quadrilheiro!"

A reação foi imediata. Um contingente ruidoso e truculento, em número bem maior que o antagonista, entrou em cena. Eram os "amigos do Zé", como se identificaram os militantes vestidos com camisetas vermelha, umas com a estrela do PT e muitas com a foto do ex-ministro estampada e os dizeres: "Dirceu, estamos com você".

Dirceu partiu às 15h45. Mais tarde, na quadra do sindicato dos bancários, com Genoino e dirigentes da CUT, ele acompanhou a apuração.

Do outro lado da cidade, seu colega de banco dos réus do mensalão, Genoino, chegou para votar e também foi blindado por uma turma arredia. Eles hostilizaram a imprensa com a mesma frase que o ex-deputado dedicou aos jornalistas no 1.º turno: "Vocês são uns urubus".

Genoino estava envolto em uma bandeira do Brasil, que lhe foi dada por um militante. Cerca de uma hora antes de o ex-presidente do PT votar, seus aliados e correligionários do PSDB entraram em conflito em frente ao colégio. "Vamos enterrar o Serra", provocaram os petistas. "A quadrilha chegou", devolveram os tucanos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

As penas impostas nesta quarta (24) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao publicitário Marcos Valério, operador do mensalão, nos crimes cometidos em conjunto com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, indicam, segundo especialistas que acompanham o julgamento do processo, que o homem forte do primeiro governo Lula e acusado de chefiar o esquema terá de cumprir parte da pena na cadeia.

Dirceu foi condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa por comandar a compra de votos de parlamentares do Congresso Nacional no primeiro mandato do governo Lula. Por esses mesmos crimes, Marcos Valério foi condenado pela maioria dos ministros a 10 anos e 7 meses de prisão, sendo 7 anos e 8 meses por corrupção ativa e 2 anos e 11 meses por formação de quadrilha.

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Como a Corte já decidiu que Marcos Valério atuou sob o comando do então ministro da Casa Civil, os especialistas avaliam que o tribunal deve impor penas semelhantes ou até maiores para Dirceu. Nesta quarta, o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, chegou a afirmar que "Marcos Valério aceitou participar da empreitada criminosa comandada por José Dirceu para dominar o poder político".

Além disso, apontam os especialistas, três fatores aumentam a probabilidade de ser aplicada a José Dirceu uma pena de prisão acima de 8 anos, o que, pela legislação em vigor, o obrigaria a cumprir parte da punição em regime inicialmente fechado. Em primeiro lugar, o relator Joaquim Barbosa indicou, ao longo do julgamento, que fixaria penas maiores aos chefes do esquema. O mesmo critério será usado pelos demais ministros. O ex-chefe da Casa Civil foi apontado, pelo Ministério Público, como o líder da quadrilha, mentor e mandante do esquema.

Um segundo ponto é que os ministros aplicaram, no caso da corrupção ativa cometida por Marcos Valério, a mais recente lei para esse crime, aprovada pelo Congresso em novembro de 2003. A norma elevou a pena mínima de prisão de 1 para 2 anos e a máxima, de 8 para 12 anos. A justificativa é que o esquema atuou entre os anos de 2003 e 2005, sendo apenas desmontado a partir das revelações do delator do mensalão, Roberto Jefferson (PTB-RJ). A mesma regra deve ser usada pela Corte para o ex-chefe da Casa Civil.

Outro ponto que reforça a tendência de alta na pena a ser fixada para José Dirceu é o fato de o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo, não participar da dosimetria do ex-ministro da Casa Civil por tê-lo absolvido dos dois delitos. Na sessão de ontem, Lewandowski contrariou as penas propostas por Joaquim Barbosa, obteve apoio da maioria no plenário e conseguiu baixar, em duas oportunidades, as penas aplicadas a Marcos Valério. José Dirceu não contará com os votos do revisor.

Pela legislação brasileira, um réu que venha ser condenado a uma pena superior a 8 anos de prisão não ficará na cadeia por todo esse tempo. Depois de cumprir um sexto da pena, ele terá direito à progressão de regime, passando do fechado para o semiaberto, pelo qual tem de dormir na prisão, tendo direito a trabalhar. Contudo, o ex-ministro da Casa Civil só saberá qual seu destino no processo depois do segundo turno das eleições municipais, marcado para o domingo, dia 28.

Nos últimos dois dias, o tribunal já aplicou oito penas para o operador do mensalão pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. As penas impostas a Marcos Valério, se somadas, chegam a 40 anos, 1 mês e 6 dias e quase de R$ 3 milhões em multas. Para concluir a apreciação das penas impostas ao publicitário, falta apenas o voto do ministro Marco Aurélio Mello, que pediu para se manifestar esta tarde quanto aos crimes de corrupção ativa, no caso da compra de votos dos parlamentares, e evasão de divisas.

Na punição que impôs a maior pena a Marcos Valério por um crime, de 7 anos e 8 meses de prisão por corrupção ativa, o relator Joaquim Barbosa destacou que o envolvimento do publicitário na compra de parlamentares é uma conduta "mais reprovável". "Os motivos dos crimes são extremamente graves. Os fatos e provas dos autos revelam que o crime foi praticado porque o PT, cujos correligionários vinham beneficiando as empresas às quais estava vinculado Marcos Valério, não detinham maioria na Câmara", concluiu.

Os ministros do STF já admitem ser impossível cumprir o cronograma traçado por Barbosa e encerrar a análise da dosimetria da pena nesta semana. O julgamento será interrompido na próxima semana, pois Joaquim Barbosa já anunciou que viajará para Dusseldorf, na Alemanha, a fim de se submeter a um tratamento de saúde. E só será retomado no dia 5 de novembro.

Condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, jantou na terça-feira (23) na casa do prefeito de Osasco (SP), Emídio de Souza (PT). À mesa, bacalhau, vinho, eleições, José Serra e mensalão. No diagnóstico de Dirceu, o Supremo "leva a situação para o pior cenário possível".

Entre uma e outra recordação das disputas para deputado estadual e federal - a primeira delas em 1987, quando se tornou constituinte de São Paulo -, o ex-todo-poderoso ministro do governo Lula comentou que, se for para a cadeia, vai se declarar "prisioneiro político de um julgamento de exceção".

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Depois do 2.º turno da eleição, o PT divulgará um manifesto em tom duro, com críticas ao Judiciário. A estratégia do partido também prevê a cobrança do julgamento dos réus do "mensalão tucano", por parte do Supremo.

À espera de sua pena, que a Corte máxima vai impor, Dirceu disse estar "preparado" para o pior. Na sua avaliação, o Supremo "não vai aliviar em nada" no cálculo da punição, a chamada dosimetria - em tese, ele pode pegar de 3 a 15 anos de reclusão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Um dia após ser condenado por formação de quadrilha no processo do mensalão, o ex-ministro José Dirceu voltou a atacar o candidato a prefeito de São Paulo José Serra (PSDB), que segundo ele estaria desesperado diante da "iminência da derrota" para o candidato Fernando Haddad (PT), neste segundo turno.

"Todos nós sabemos que é puro desespero, ante a iminência da derrota dentro de menos de uma semana, o uso que o candidato tucano a prefeito José Serra faz do tema das parcerias com Organizações Sociais (OSs) na saúde pública em São Paulo para atacar Haddad", escreveu Dirceu, em seu blog, nesta terça-feira, em três artigos em que critica o PSDB.

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"Não funciona em termos eleitorais, não é o que o eleitor quer ver e ouvir. Não funcionou em 2010, quando José Serra concorreu à Presidência da República e foi derrotado por imprimir linha semelhante àquela campanha. Mas ele e os coordenadores de sua campanha ainda não descobriram isso até agora", escreveu Dirceu, que dez anos atrás foi o principal homem da campanha que elegeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela primeira vez.

O ex-ministro, apontado como líder do esquema de compra de apoio do mensalão, tem sido citado por Serra para atacar o adversário petista.

Sem dar entrevistas por causa do processo do mensalão, ele tem usado seu blog para opinar nas campanhas eleitorais e para atacar o PSDB.

Segundo Dirceu, "a três dias do encerramento da campanha eleitoral, o candidato tucano pensa ter encontrado o mote para atacar Haddad", afirmando que ele vai acabar com as parceria com organizações sociais(OSs) na área de saúde em São Paulo - uma bandeira do PSDB.

Ele citou ainda o aplicativo "Angry Haddad" colocado no Facebook, sátira ao jogo Angry Birds em que o jogador atira contra imagens do candidato petista no computador. "A série de mentiras sobre as parcerias com as OSs num futuro governo Haddad, o game, vai tudo numa mesma linha negativa", afirma Dirceu.

Segundo ele, a linha adotada por Serra não tem surtido efeitos e citou a desfiliação do candidato a vereador do PSDB Luciano Gama e seu apoio a Haddad para dizer que cresce o apoio ao petista nessa reta final.

"Tanto não funciona que, nesta reta final da campanha, cresce o apoio a Haddad em todos setores da sociedade, do esporte a até mesmo dentro do PSDB."

José Dirceu, 66 anos, afirmou nesta segunda-feira (22) que "nunca fez parte nem chefiou quadrilha". Em seu blog, o ex-ministro-chefe da Casa Civil protestou contra a decisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal que, por seis votos a quatro, o condenaram por formação de quadrilha. "Mais uma vez, a decisão da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal de me condenar, agora por formação de quadrilha, mostra total desconsideração às provas contidas nos autos e que atestam minha inocência. Nunca fiz parte nem chefiei quadrilha."

Dirceu acompanhou a sessão do Supremo em São Paulo, no apartamento onde reside. Ele afirma que sua condenação se deu com base em indícios, apenas. "Assim como ocorreu há duas semanas (quando condenado por corrupção ativa), repete-se a condenação com base em indícios, uma vez que apenas o corréu Roberto Jefferson (delator do mensalão) sustenta a acusação contra mim em juízo."

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Segundo ele, as suspeitas desde a CPI dos Correios "foram rebatidas de maneira robusta pela defesa, que fez registrar no processo centenas de depoimentos que desmentem as ilações de Jefferson." "As reuniões na Casa Civil com representantes de bancos e empresários são compatíveis com a função de ministro e em momento algum, como atestam os testemunhos, foram o fórum para discutir empréstimos", escreve Dirceu.

Dirceu afirma que todos os depoimentos confirmam a legalidade dos encontros e comprovam que, até fevereiro de 2004, ele acumulava função de ministro da articulação política. Dirceu diz que, "por dever do ofício, se reunia com as lideranças parlamentares e partidárias para discutir exclusivamente temas de importância do governo na Câmara e no Senado e a relação com Estados e municípios." O ex-ministro acusa o Ministério Público de não apresentar provas. "O que o Ministério Público fez e a maioria do Supremo acatou foi recorrer às atribuições do cargo para me acusar e me condenar como mentor do esquema financeiro. Fui condenado por ser ministro."

Reitera versão que oferece desde o início da ação penal 470. "Fica provado ainda que nunca tive qualquer relação com o senhor Marcos Valério (operador do mensalão)." O ex-ministro diz que a quebra de seu sigilo fiscal, bancário e telefônico "aponta que não há qualquer relação com o publicitário (Valério)". "Teorias e decisões que se curvam à sede por condenações, sem garantir a presunção da inocência ou a análise mais rigorosa das provas produzidas pela defesa, violam o Estado Democrático de Direito", desabafa.

Segundo ele, "o que está em jogo são as liberdades e garantias individuais". O ex-ministro invoca seu passado e profetiza: "Temo que as premissas usadas neste julgamento, criando uma nova jurisprudência na Suprema Corte, sirvam de norte para a condenação de outros réus inocentes País afora. A minha geração, que lutou pela democracia e foi vítima dos tribunais de exceção, especialmente após o Ato Institucional 5, sabe o valor da luta travada para se erguerem os pilares da nossa atual democracia. Condenar sem provas não cabe em uma democracia soberana."

Dirceu disse que vai continuar sua luta, "para provar minha inocência, mas sobretudo para assegurar que garantias tão valiosas ao Estado Democrático de Direito não se percam. Os autos falam por si. Qualquer consulta às suas milhares de páginas irá comprovar a inocência que me foi negada neste julgamento."

Recurso

Dirceu vai recorrer da sentença amparado em um instrumento denominado embargos infringentes. O recurso será apresentado à própria Corte que o condenou, o Supremo Tribunal Federal.

O ex-ministro encontrou uma brecha por causa do placar no plenário. "Em face da maioria apertada que reconheceu a existência da prática do crime de quadrilha, vou interpor, em favor do ex-ministro José Dirceu, embargos infringentes", anunciou o criminalista José Luís Oliveira Lima, que o defende.

Embargos infringentes são previstos no regimento interno do STF. O artigo 333 dessa norma autoriza recurso à decisão não unânime do plenário, mas sua aceitação depende da existência de, no mínimo, quatro votos divergentes, salvo nos casos de julgamento criminal em sessão secreta. O ex-ministro foi condenado por seis votos a quatro.

Na semana em que o julgamento do mensalão no STF chegará ao fim, com a possibilidade de condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu por formação de quadrilha, ex-presos políticos exilados com o então líder estudantil no México e, depois, em Cuba saem em defesa do velho companheiro.

Eles aparecem lado a lado na histórica foto de 6 de dezembro de 1969, no auge da ditadura militar, quando Dirceu e outros 12 foram trocados pelo embaixador americano sequestrado Charles Elbrick. Depois de mais de quatro décadas, recebem com pesar a possibilidade de vê-lo novamente preso, agora em pleno regime democrático.

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"Dirceu é inocente, aquilo não tinha nada a ver com ele", diz o ex-deputado Vladimir Palmeira, defendendo "absoluta ausência de provas" para condenar o antigo companheiro e ainda amigo. Palmeira deixou o PT em junho de 2011, em protesto pela reintegração do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, pivô do mensalão, à legenda seis anos após ser expulso por envolvimento no escândalo.

Ele diz que o PT age como um "partido autocrático, acima da lei", concorda que houve caixa 2, mas poupa Dirceu. "Era evidente que o Delúbio tinha culpa, no processo está claro. Mas quem conhece bem o PT, quem conviveu ali, sabe que o Delúbio nunca foi ligado ao Dirceu", diz, chamando de "piada" a acusação de formação de quadrilha contra o ex-ministro da Casa Civil pelo ministro Joaquim Barbosa.

Na mesma linha, o jornalista e escritor Flávio Tavares, outro companheiro da época, diz-se decepcionado com a degradação política brasileira, da qual Dirceu seria um "bode expiatório". "O mensalão é o fato mais gritante, mas não é o único. E os que exigiram ser subornados para integrar a base ‘alugada’ do governo? Eram de vários partidos!"

"Durante a ditadura tínhamos dois partidos e eleições nas capitais, o mesmo simulacro político que existe hoje, em que os partidos operam por pequenas vantagens e a política é feita visando às eleições. Isso não é democracia, mas partidocracia", diz Tavares.

Para o companheiro, Dirceu ainda "se sacrificou em 2005 ao renunciar para não prejudicar o presidente Lula. Ele blindou o governo do PT em pleno tiroteio e, assim, assumiu toda a responsabilidade sobre o escândalo". "Foi um ato de extrema coragem", diz.

Tavares, porém, não poupa o amigo: "Dirceu é um homem corajoso, valoroso, mas entrou na política e, ao fazê-lo, assumiu todos os vícios graves inerentes à partidocracia, da qual os maiores nomes são Paulo Maluf, Roberto Jefferson, José Sarney, Fernando Collor...".

José Ibrahim, dirigente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e um dos 13 presos políticos na foto com Dirceu, acredita que o companheiro e amigo esteja vivendo "um linchamento político". "Vejo tudo isso com enorme tristeza, mas isso faz parte da política. O Zé (José Dirceu) fez um jogo muito arriscado e está sendo julgado por isso, mas vai saber levar mais essa fase com dignidade, como sempre o fez".

O ex-deputado pelo PT Ricardo Zarattini, outro ex-preso político e ex-funcionário de Dirceu na Casa Civil, também defende o amigo: "Chamá-lo de chefe de quadrilha é inadmissível". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo


O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, rebateu neste sábado (13) as críticas feitas por seu adversário Fernando Haddad (PT), que atacou o tucano ao dizer que seu candidato a vice na chapa, Alexandre Schneider (PSD), é investigado por improbidade administrativa. Serra disse que não trocaria Schneider nem por seis Haddad. "Eu não troco um Schneider por 6 'Fernando Haddad' em matéria de honestidade e de competência", afirmou o candidato do PSDB durante uma visita ao Shopping Interlagos, na Zona Sul da capital.

Ao ser questionado sobre os ataques feitos pelo petista, Serra voltou a associar Haddad ao ex-ministro José Dirceu, condenado pelo Supremo Tribunal Federal na última semana por corrupção ativa. Ele citou um suposto escândalo no Ministério da Educação que está sendo investigado pela Polícia Federal (PF) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que teria ocorrido na gestão de Haddad na pasta.

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"O Fernando Haddad a cada dia fica mais parecido com o José Dirceu. Ele está agora num escândalo que envolveu o Enem. A gente sabe que, na gestão do Haddad, o Enem foi desmoralizado, ele não conseguiu fazer os exames direito", disse Serra, mencionando também uma dupla sertaneja que teria servido de laranja para ganhar a concorrência entre as empresas que disputavam a segurança do exame. "As empresas que ganharam a concorrência para a segurança do Enem fraudaram. Tem uma dupla sertaneja de Minas Gerais que apareceu como laranja para ganhar a concorrência".

Schneider também respondeu a Haddad. Segundo ele, o petista tem feito uma "cortina de fumaça" para esconder aliados condenados pela Justiça. "Ele está usando uma cortina de fumaça sobre os problemas na Justiça que o seu partido, os seus colegas de campanha e seus companheiros de programa de governo têm", disse Schneider. O candidato a vice citou como exemplo o aliado do PT, deputado Paulo Maluf (PP).

O candidato a vice acusou Haddad de não declarar que a ex-prefeita, a ministra Marta Suplicy (PT), teve secretários condenados e com bens barrados pela Justiça. Deu como exemplo a ex-secretária da Educação Maria Aparecida Perez, supostamente envolvida em irregularidades na licitação para a construção, em 2004, de 14 prédios que substituiriam as escolas de lata.

"Haddad não falou sobre os secretários da Marta que estão condenados por improbidade administrativa. Alguns deles, inclusive já têm os bens tornados indisponíveis, como é o caso da ex-secretária Cida Perez", afirmou. Ele disse também que a campanha de Serra não esconde aliados e afirmou que o "candidato do PT não está num momento adequado para falar de ética", fazendo menção à condenação do núcleo político do mensalão decretada na última semana.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello deu o sexto voto pela condenação por corrupção ativa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, formando a maioria no Supremo. Além de Dirceu, também foram condenados pela maioria do tribunal o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. Marcos Valério, seus ex-sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, a ex-diretora financeira da SMP&B Simone Vasconcelos e o ex-advogado da agência Rogério Tolentino também foram condenados pelo mesmo crime. O julgamento deste capítulo será retomado nesta quarta com os votos de Celso de Mello e do presidente do STF, Carlos Ayres Britto.

Responsável por dar o voto que selou a condenação do homem forte do governo Lula, Marco Aurélio iniciou sua abordagem dizendo não ser possível acreditar que Delúbio tivesse montado um esquema dessa proporção sem o conhecimento da cúpula partidária.

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"Tivesse Delúbio a desenvoltura intelectual e material a ele atribuída certamente não seria apenas tesoureiro do partido, quem sabe tivesse chegado a um cargo muito maior", disse. "Apontar Delúbio, e ele parece concordar, como bode expiatório como se tivesse autonomia suficiente para levantar milhões de reais e distribuir esses milhões ele próprio definindo os destinatários sem conhecimento da cúpula do PT, subestima a inteligência mediana", reforçou.

O ministro destacou as relações de Dirceu com os outros réus. Deu especial atenção ao fato de a ex-mulher dele, Ângela Saragoza, ter conseguido um financiamento imobiliário no Banco Rural, ter sido contratada pelo Banco BMG e vendido um apartamento a Tolentino. Todas essas ações ocorreram com envolvidos no esquema.

"José Dirceu valeu-se da estrutura do grupo para resolver problemas particulares da ex-cônjuge", disse. "Restou demonstrado, não bastasse a ordem natural das coisas, que José Dirceu realmente teve uma participação acentuada a meu ver nesses escabroso episódio", concluiu.

Ele destacou que Genoino assinou em nome do PT um dos empréstimos do esquema. Ressaltou que o ex-presidente do partido também participava de reuniões em que eram discutidos temas dos acordos políticos e que também se debatia ajuda financeira. Por esses motivos, para Marco Aurélio, não seria possível que Genoino não soubesse do esquema. "Poupem-me de atribuir a José Genoino, com a história de vida que tem, tamanha ingenuidade".

Dos dez réus julgados neste capítulo, apenas dois foram absolvidos. Anderson Adauto, ex-ministro dos Transportes, foi inocentado pelos oito ministros que já votaram. Geiza Dias, ex-funcionária de Valério, recebeu sete votos favoráveis à sua absolvição. Até agora, apenas Marco Aurélio Mello a condenou por entender que ela seria a autora material da corrupção, ainda que não fosse autora intelectual da ação.

A ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia deu o quarto voto pela condenação por corrupção ativa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu no processo do mensalão. Ela também julgou culpados o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. A sessão foi interrompida para um intervalo e será retomada com o voto dos outros ministros.

Para fundamentar sua decisão sobre Dirceu, a ministra destacou os encontros dele com o empresário Marcos Valério e com outros réus. Ela destacou que Valério tinha ligações próximas com o Banco Rural e inclusive marcou reuniões de Dirceu com dirigentes da instituição. Ressaltou que em seu depoimento Delúbio afirmou que suas ações tinham respaldo. Para ela, Dirceu era um dos que dava esse respaldo ao ex-tesoureiro petista. "Não tenho como descaracterizado os indícios e provas que houve vantagem indevida que tenha sido ofertada e garantida pelo réu José Dirceu", disse.

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Ela afirmou ainda em seu voto que não estava levando em consideração as benesses oferecidas por integrantes do grupo à ex-mulher de Dirceu, Ângela Saragoza. Na visão de Cármen, a atuação nesse caso é típica de lobistas, como Marcos Valério. "Sabemos que os lobistas fazem isso. Pessoas como Marcos Valério fazem isso, procuram uma pessoa em qualquer situação de projeção, verificam alguém que precisa de ajuda, fazem a oferta e se imputa a alguém que detenha o cargo". Apesar de descaracterizar essa parte da acusação, a ministra entendeu que os encontros com Valério e outros integrantes do grupo eram o suficiente para assentar a culpa de Dirceu.

Com o voto de Cármen, já há maioria pela condenação de cinco dos dez réus em julgamento nessa fase: Delúbio Soares, Marcos Valério, os ex-sócios de Valério nas agências Cristiano Paz e Ramon Hollerbach e a ex-diretora financeira da SMP&B Simone Vasconcelos. Estão absolvidos, também com maioria de seis votos, a ex-funcionária da SMP&B Geiza Dias e o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto.

No caso de José Genoino, são cinco votos pela condenação, faltando apenas mais um para se afixar sua culpa. Em relação a Dirceu e ao ex-advogado das agências de publicidade Rogério Tolentino, o placar está em quatro votos a dois pela condenação, faltando mais dois votos para confirmar o juízo de condenação.

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, evitou comentar nesta terça-feira (9) o julgamento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão. Três dos atuais dez ministros do STF já condenaram Dirceu. Conforme informou o jornal O Estado de S.Paulo desta terça-feira, a orientação repetida no Palácio do Planalto é a de respeitar o veredicto do tribunal, evitar manifestações políticas públicas e tocar as medidas do governo.

"O Supremo julga, o governo governa e o povo vota, ainda bem, tá bom?", disse Ideli, ao ser questionada sobre o julgamento.

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Sobre as eleições, a ministra disse que a base do governo "foi majoritariamente muito bem-sucedida". "A oposição ficou restrita a algo em torno de 20% dos prefeitos eleitos em todo o País, a atuação e o resultado eleitoral da base do governo foi extremamente positiva", avaliou.

Questionada se a presidente Dilma Rousseff vai intensificar a participação no segundo turno, Ideli respondeu: "Essa é uma decisão dela".

Congresso

A ministra reuniu-se mais cedo com líderes de governo para tratar da tramitação de medidas provisórias, da redistribuição dos royalties do pré-sal e do Plano Nacional de Educação (PNE).

"Não temos nenhuma MP na iminência de caducar. A única é a 572 (que trata da liberação de crédito para populações afetadas por calamidades na região Nordeste), que é uma medida de crédito sem qualquer polêmica, que votaremos nesta semana na Câmara. Fora essa, todas as outras só vencem a partir de novembro, da metade de novembro, estamos com o calendário bastante razoável", disse Ideli.

"Não tratamos sobre assunto específico de MP nenhuma, apenas fechamos calendário, a instalação das (comissões das) MPs que faltam, acordo de relatorias entre Câmara e Senado, até a 582 está tudo muito bem encaminhado. Deveremos ter na semana que vem a instalação de todas as comissões que faltam até a 582."

 

Na iminência de ser condenado como mentor do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu distribuiu aos ministros do Supremo Tribunal Federal um novo memorial de defesa de 11 páginas em que ataca o voto do relator, Joaquim Barbosa. Subscrito pelo advogado José Luís Oliveira Lima, defensor de Dirceu, o documento é um apelo dramático por sua absolvição.

A peça de defesa foi entregue antes da sessão na qual ficou evidente o destino do principal réu do mensalão. Em conversas reservadas, até mesmo amigos de Dirceu avaliam que ele deve ser condenado por corrupção ativa por oito votos. A expectativa é que, além do ministro revisor, Ricardo Lewandowski, apenas Dias Toffoli vote por sua absolvição. Toffoli trabalhou com Dirceu na Casa Civil e foi advogado do PT.

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Dirceu deverá recorrer da sentença à corte internacional da Organização dos Estados Americanos (OEA). Para amigos do ex-ministro que com ele conversaram, na noite desta quinta-feira (4), o STF virou um "tribunal de exceção".

O documento em defesa de Dirceu ataca 14 pontos da manifestação do relator, a quem é atribuído "valor excessivo" e "exagero" no acolhimento de provas testemunhais contra o ex-ministro. "Importantíssimo observar que tanto a Procuradoria-Geral da República como o voto do relator não apontam um único ato concreto do ex-ministro no intuito de beneficiar os bancos Rural e BMG, ou ainda Portugal Telecom ou Grupo Espírito Santo", afirma o advogado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

O ministro Luiz Fux condenou o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares por corrupção ativa no julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Com o voto de Fux, somam-se três votos pela condenação de Dirceu e Genoino e quatro pela condenação de Delúbio pelo crime de corrupção ativa. O voto do ministro foi o último da sessão desta quinta-feira no Supremo. O julgamento do mensalão continua na próxima terça-feira.

"Concluí que o primeiro réu (José Dirceu) é responsável pelo crime de corrupção ativa", disse o Fux. "Uma das atribuições (de Dirceu) era a formação da base aliada, essa base é a mesma que o plenário da Suprema Corte entendeu ser corrompida", disse o ministro, explicando seu voto.

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O ministro citou os encontros de Dirceu com o empresário Marcos Valério e com os diretores de bancos que participaram do esquema, todos já condenados no julgamento do Supremo. Fux afirmou também que vantagens obtidas por Maria Angela Saragoça, ex-mulher de Dirceu, na venda de um apartamento em São Paulo é mais uma prova da participação do ex-ministro no esquema. "Isso tudo se quer atribuir à obra do acaso. Não é possível", afirmou o ministro do Supremo.

Fux considerou que Genoino emitia cheques e que, portanto, "tinha conhecimento de tudo que estava ocorrendo em relação à receita e às despesas" no partido. "É quase impossível dissociar o apoio político do financeiro, esse apoio financeiro veio em conta de um apoio político", afirmou Fux.

Quanto a Delúbio Soares, o ministro afirmou não crer na atuação isolada de tesoureiro. Fux disse que os fatos comprovaram que Delúbio entregou dinheiro em espécie para o representante do PP, João Cláudio Genú, para o representante do PTB, Emerson Palmieri, no período de 2003 a 2004. "Ele (Delúbio) era um dos comandantes do esquema delituoso", afirmou.

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