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IPTU, IPVA, matrícula escolar... Apesar de ser sempre igual, as contas de começo de ano tendem a tirar o sono de muita gente. Na prática, essas despesas sazonais podem até triplicar os gastos das famílias e, por isso, especialistas solicitam cautela e organização na hora de pagar os boletos. A recomendação é evitar entrar em janeiro numa ciranda de dívida que pode colocar a perder a organização financeira para todo o ano.

Um levantamento da ONG Bem Gasto realizado a pedido do jornal O Estado de S. Paulo com cinco famílias de diferentes perfis sociais, todas da Grande São Paulo, mostra o peso do começo do ano no bolso do brasileiro. Curiosamente, o único entrevistado que não prevê estourar o orçamento de janeiro, um casal na faixa dos 35 anos, tem justamente o menor poder aquisitivo da amostragem.

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Com renda mensal de R$ 6 mil, eles vão gastar R$ 4.150 em janeiro e guardar o restante para despesas futuras com o filho, que nascerá até abril. O segredo para isso, segundo Francisca Quitéria da Silva Rodrigues, é reduzir o consumo, anotar todas as despesas e sempre reservar algum dinheiro para investimentos.

"Eu era mais 'gastona'. Mas tive problemas com cartão de crédito e cortamos tudo. Antes, a gente saia pelo menos seis vezes por mês para comer fora, agora são duas vezes, no máximo três", diz Francisca, que trabalha com comunicação em Paraisópolis.

"Não é quanto ganha, mas quanto gasta. A regra da organização financeira é anotar tudo e se preparar para o começo do ano", afirma o planejador financeiro pela Planejar Daniel Varajão. "Muita gente usa o décimo salário como uma verba extra para cobrir os gastos de janeiro e dezembro. Quando, na verdade, ele deveria ser usado para investimento."

Segundo os especialistas, o melhor a fazer é aproveitar os dias de folga propiciados pelas festas para preparar um raio X de todas as despesas que costumam ser pagas no começo de cada ano.

Uma dica é recuperar as faturas de cartão de festas passadas e extratos bancários antigos para uma comparação, para compreender o impacto desses gastos no orçamento.

"O maior vilão de desequilíbrio financeiro desse período é o cartão de crédito. É preciso muito atenção", afirma o coordenador do Programa de Apoio aos Superendividados do Procon-SP, Diógenes Donizete. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) põe em xeque a garantia do fiador no contrato de aluguel. A Primeira Turma decidiu que, mesmo com a determinação legal de que o imóvel de família do fiador seja alienado para quitação de dívida locatícia, a regra não vale para todos os casos.

Apesar do processo debatido no STF se tratar de um contrato de locação comercial, especialistas apontam que a lei, para fins de garantia, não faz distinção entre os dois tipos de contratos e, por isso, a decisão implica insegurança jurídica.

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O que estava até então consolidado é que se uma pessoa tem um débito e o único bem para quitação é o imóvel empregado para fins residenciais, ele não pode responder pela dívida, exceto nos casos da dívida de aluguel.

"O STF rasgou essa pacificação que foi construída ao longo de décadas para dizer que se o inquilino está devendo aluguel, se a garantia é a fiança e o fiador tem só um imóvel, esse imóvel não vai mais ser penhorado, o locador tem de satisfazer o seu crédito de outro jeito", afirma Umberto Bresolin, sócio do Bicalho e Mollica Advogados.

O fiador é a garantia mais comum nos contratos residenciais, mas sobretudo é a única que não é onerosa, em que o locatário não precisa desembolsar nenhum dinheiro, explica Moira Toledo, diretora da vice-presidência de Gestão Patrimonial e Locação do Secovi-SP (Sindicato da Habitação). Por isso, ela acredita que a decisão - que ainda não teve seu acórdão divulgado - é um retrocesso.

A lei do inquilinato de 1991 introduziu na Lei 809, que trata do bem de família, a possibilidade de penhorar o imóvel para o caso de fiança prestada em contrato de locação. "A lei de 1991 foi feita para facilitar o acesso à locação, para dar mais segurança jurídica. Se o direito à moradia é um direito social, a locação é uma maneira de viabilizar esse direito", diz.

Essa decisão pode encarecer o processo de locação de um imóvel para o bom pagador, afirma Dariano Secco, sócio do escritório Márcio Casado. "Os locadores podem exigir mais garantias antes de assinarem os contratos de locação comercial ou residencial, já que aumenta o risco de não receberem o aluguel e nem mesmo do fiador."

A imposição de mais custos e mais dificuldade para quem aluga esbarra em um mercado que ainda tenta se recuperar e não vê muito espaço para colocar mais obstáculos e correr o risco de ficar mais tempo com encargos de uma casa vazia. Nos últimos 12 meses, a alta dos aluguéis residenciais foi só de 0,60%, segundo o índice FipeZap.

Importância

Para Fátima Tadea, especialista em Direito Imobiliário do escritório Machado Meyer, talvez essa seja uma oportunidade para os locadores perceberem que o fiador não é tão importante assim, já que quando o locatário não paga o aluguel e não há garantia, a lei permite ordem de despejo e liberação do imóvel em até 15 dias, prazo bem mais ágil do que no caso de garantias, que pode levar meses ou até anos.

"Como a garantia de pessoa física tem diminuído, em casos comerciais é quase zero, e tem outras formas de garantia e contratos sem garantia têm processos mais céleres, não acho que essa decisão pontual é um problema", avalia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Apesar de todos os avanços tecnológicos nos pagamentos nos últimos anos e dos recentes debates sobre criptomoedas, o uso do dinheiro "antiquado" ainda cresce na maioria dos mercados. Segundo levantamento do Banco de Compensações Internacionais (BIS), o montante de dinheiro em espécie em circulação aumentou de 7% para 9% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2000 a 2016. Já os pagamentos com cartão de crédito ou débito quase dobraram no período - de 13% para 25% do PIB.

"Alguns comentários sem fôlego dão a impressão de que o dinheiro na forma de notas e moedas estará fora de moda rapidamente. Mas, o dinheiro físico está vivo e bem, e continua forte na maioria das jurisdições", afirmou o consultor econômico e chefe de pesquisa da instituição, Hyun Song Shin.

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Quanto ao uso do "dinheiro plástico", a constatação do estudo é a de que as pessoas possuem mais cartões e os utilizam em transações mais frequentes e de menores quantias.

Essa característica é bem clara nas economias emergentes, conforme os autores, com destaque para o Brasil. "A demanda contínua por dinheiro tem sido especialmente notável nas economias avançadas desde o início da crise financeira internacional e, provavelmente, é conduzido por motivos de reserva de valor em vez de necessidades de pagamento", diz o texto.

Ao longo da última década e meia, o valor médio de um pagamento com cartão (em termos nominais) caiu de US$ 60 para menos de US$ 40. Esse declínio, de acordo com o trabalho, foi mais pronunciado no Brasil, na Coreia do Sul e na Rússia.

Os pesquisadores identificaram que, em 2016, o menor valor médio de um pagamento por cartão foi de cerca de US$ 8, no Brasil e na Rússia. Para eles, uma das razões pelas quais os cartões estão sendo usados por um número cada vez maior de pessoas e para menores quantias é a melhora da infraestrutura, já que as "maquininhas" deixaram de ser fixos e tornaram-se mais acessíveis.

Os autores também ressaltam que o dinheiro é um tema perpétuo para os bancos centrais. "À luz do debate atual em torno de moedas digitais, a compreensão dos custos e dos impulsos da demanda é mais importante do que nunca", enfatizaram.

Volatilidade

A volatilidade, mais concentrada em ações e menos em títulos e câmbio, mostrou que está de volta desde o início do primeiro trimestre deste ano, conforme constatou no domingo o chefe do Departamento Econômico e Monetário do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), Claudio Borio. "E não sabemos por quanto tempo ela vai ficar. Mas está de volta, e alguma volatilidade é saudável."

No artigo que acompanha o relatório trimestral da instituição, o autor salienta que há poucas coisas mais traiçoeiras nos mercados do que a ilusão de calma permanente. "Como a experiência indica, essa ilusão pode definir o estágio para algumas das perdas maiores e mais prejudiciais."

O padrão que estava em vigor há algum tempo era, de acordo com o economista, uma fase arriscada de risco, com preços de ações flertando com novos títulos, volatilidade em baixa e atingindo mínimas de várias décadas em algumas classes de ativos.

Além disso, ele salientou que a depreciação do dólar aliviou ainda mais as condições para os muitos tomadores em dólares do setor privado e público em todo o mundo, especialmente os mercados emergentes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, oferece duas palestras gratuitas à população com a proposta de orientar o consumidor sobre seus direitos e dar dicas para o bom uso do dinheiro. As palestras deste mês são: “Dívidas e Dúvidas” e “Direitos Básicos do Consumidor”.

Para participar, é necessário se inscrever pelo site do Procon-SP (http://www.procon.sp.gov.br/cursos.asp ).

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Confira detalhes das palestras:

 

Palestra “Dívidas e Dúvidas”

Dia: 26/2/18 (segunda-feira).

Horário: das 9h às 12h e das 14h às 17h.

 

Palestra “Direitos Básicos do Consumidor”

Dia e hora: 27/2/18 (terça-feira).

Horário: das 9h às 11h.

 

Serviço

Auditório da Fundação Procon

Rua Barra Funda, 930 – 1º andar – sala 111 – Barra Funda – São Paulo/SP.

Telefone: (11) 3824-7069.

Atendimento das 9h às 17h.

A crise econômica tem motivado brasileiros a buscar oportunidades em outros países. Diante dos juros ainda altos praticados no Brasil, manter os investimentos por aqui seria uma opção lógica. No entanto, questões legais, burocracia e taxas envolvidas inviabilizam tal estratégia. Segundo especialistas, essa opção só é válida para quem tem mais de R$ 3 milhões na carteira de investimentos.

O número de brasileiros que foi morar fora este ano já ultrapassou o total do ano passado. Segundo a Receita Federal, até outubro deste ano 21.236 pessoas fizeram a Declarações de Saída Definitiva, documento que libera o contribuinte das obrigações com o Fisco. Em 2016, 20.493 entregaram o mesmo documento.

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No período da crise econômica, a comparação é mais alarmante. De 2014 a 2016, foram entregues 55.402 declarações de saída, crescimento de 81,61% ante os três anos anteriores. De 2011 a 2013, 30.506 pessoas partiram oficialmente do País. E a diferença pode ser ainda é maior, pois muitos simplesmente deixam de comunicar à Receita que estão indo morar em outro país.

Além da Receita, caso o emigrante queira manter seus investimentos aqui, ele precisa informar o banco ou a corretora de valores para que a instituição possa se tornar seu representante legal e custodiante. A exigência é parte da resolução 4.373, do Banco Central.

"Isso demanda uma minúcia gigantesca na manipulação de documentos, que tem seu preço. O investidor pode encontrar taxas de R$ 4 mil a R$ 6 mil ao mês no mercado", diz Marcelo Godke, sócio do Godke Silva & Rocha Advogados.

Fazendo uma conta aproximada, se o investidor tem um patrimônio de R$ 1 milhão, serão 6% ao ano só para os custos de manutenção. Com a taxa Selic (referência para investimentos em renda fixa) no patamar de 7% ao ano, o retorno obtido com a aplicação será quase todo destinado a pagar a conta. Portanto, essa opção passa a ser mais vantajosa a partir de R$ 3 milhões. A vantagem nesse caso é a isenção de Imposto de Renda para operar na Bolsa e em títulos públicos.

O especialista em direito bancário ainda aconselha o investidor a reservar um tempo para trâmites burocráticos, que podem levar até três meses.

Outra opção é abrir uma conta de não residente em um banco do País. Nesse caso, o investidor pode ficar preso ao cardápio de aplicações dos bancos, que tende a ser menos vantajoso. Outra desvantagem é que esse tipo de conta requer monitoramento redobrado e créditos e débitos acima de R$ 10 mil devem ser declarados à Receita, o que gera mais custos.

Pela complexidade, essa opção geralmente é restrita a clientes que possuem renda acima de R$ 1 milhão, explica Roberto Justo, sócio do escritório Choaib, Paiva & Justo.

Ele também explica que, devido à tributação do país de destino e à queda de juros no Brasil, que onera sobretudo os investimentos mais populares e conservadores, como Tesouro e fundos de renda fixa, diante dos custos e da complexidade, muitos clientes acabam preferindo liquidar suas aplicações por aqui.

No exterior. Segundos dados do BC, os brasileiros investiram cerca de US$ 8,9 bilhões em ativos de outros países entre janeiro e setembro de 2017. A principal motivação para as aplicações está a diversificação da carteira.

Para Daniel Pettine, gestor de Fundos e Produtos da Rio Bravo Investimentos, a opção é interessante sobretudo nos dias de hoje, próximo das eleições, por causa da volatilidade que ocorre no mercado. "Por exemplo, os ativos no exterior não sofreram o impacto da gravação de Joesley Batista", conta.

Outro chamariz é a tendência de alta nos juros, sobretudo nos Estados Unidos, e ao viés de queda dos juros por aqui. Mesmo que os juros brasileiros continuem altos, com essa inversão os investimentos lá fora passam a ficar mais vantajosos porque não passam por turbulências.

Entre os principais produtos internacionais estão fundos, títulos de empresas brasileiras no exterior, títulos do governo e ETFs (Exchange Traded Funds, na sigla em inglês), fundos que replicam índices de ações. Outra opção é buscar fundos que investem em ativos estrangeiros e geridos por brasileiros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na sexta-feira, um único bitcoin, a moeda digital mais famosa do mundo, ultrapassou o valor de US$ 6 mil (ou cerca de R$ 19 mil), valorização de 137% desde o primeiro dia de outubro. Esse desempenho, apesar de impressionante, não é novidade para o ativo, que sobe sem parar há cerca de 1 ano e meio. Não é por acaso que a "criptomoeda" tem chamado tanto a atenção dos investidores. Mas, afinal, vale a pena colocar dinheiro em bitcoin?

A reportagem conversou com especialistas e empresários do mercado financeiro, de entusiastas da moeda tecnológica aos mais conservadores. E, de uma forma geral, a recomendação dada aos investidores é de terem cautela. Apesar de reconhecerem a força do ativo, que já dispõe de valor de mercado de US$ 99,7 bilhões (mais que a companhia americana American Express, que vale US$ 82 bilhões na Dow Jones), a alta volatilidade assusta.

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"O problema é a incerteza. O bitcoin ainda é arriscado. Para colocar R$ 50 e ver como é, tudo bem", afirma o coordenador do Centro de Estudos de Finanças da FGV, Willian Eid. "Gosto de investir no que conheço e vejo perspectiva."

Para Adilson Silva, sócio da consultoria financeira Mazars Cabrera, a falta de lastro em um ativo econômico é o principal problema. "Esse é um mercado que você não consegue avaliar economicamente a situação dele, para onde vai, então você pode perder ou ganhar muito dinheiro", avalia.

Ressalvas à parte, o fato é que, embora seja complexo e oscilante, as corretoras estão de olho no bitcoin como um possível ativo a integrar suas carteiras de investimento. Membro do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-RJ), Gabriel Aleixo acredita que isso pode vir a acontecer já em 2018. "Vejo o mercado dando sinais de que está mais aberto para uma mudança nesse sentido, seja para utilização da moeda em si ou da tecnologia blockchain, que é o sistema por trás dela", diz.

O blockchain é a tecnologia que permite autenticar transações na moeda virtual. A XP Investimentos, por exemplo, estuda formas de adaptar a tecnologia para transações do dia a dia, como explica João Paulo Oliveira, especialista da corretora no assunto. "O que o mercado observa é o uso dessa tecnologia, que oferece transações mais rápidas, baratas e seguras", conta.

Hoje o perfil dos interessados em ganhar dinheiro com a moeda são de investidores mais arrojados e experientes, que buscam diversificar a carteira, conta Rodrigo Batista, CEO do Mercado Bitcoin, plataforma para comprar e vender a moeda.

Equilíbrio

No longo prazo, alguns especialistas acreditam que a cotação do bitcoin deve se tornar mais estável e a moeda ainda manterá uma trajetória de alta. "Hoje, o bitcoin é uma moeda 100% especulativa. Mas ela deve passar por evolução natural, porque o mundo caminha para a economia digital", comenta Adilson Silva, da Mazars.

Com o mercado global se voltando para plataformas digitais e se o bitcoin for regulamentado, é possível que a moeda deixe de ser especulativa e volte a ser usada principalmente para compra e venda, avalia.

Regulação

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que o bitcoin é um ativo sem lastro e as pessoas compram porque acreditam na valorização. "Isso é a típica bolha ou pirâmide que existe na economia há centenas de anos", disse.

Em setembro, o banco central chinês disse que tornaria ilegal a moeda. Na ocasião, a cotação do bitcoin caiu mais de 10% no mercado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Conseguir descontos nas compras à vista pode ficar mais fácil com a regulamentação de uma prática que já era adotada - de forma irregular - pelos lojistas. A Medida Provisória 764/2016, aprovada pelo Senado no final de maio, permite que comerciantes façam um preço diferente de acordo com o meio de pagamento, seja dinheiro, cartão de débito ou crédito.

A nova regulamentação também obriga os estabelecimentos a informar os clientes, em local visível, sobre essas ofertas. Em caso de descumprimento, as lojas estarão sujeitas às penalidades previstas no Código de Defesa do Consumidor, que incluem multas e, em último caso, até mesmo a cassação do alvará de funcionamento.

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Idealizada principalmente para liberar capital de giro para os comerciantes, que demoram até 45 dias para receber o dinheiro das compras feitas no cartão de crédito, a medida é considerada um estímulo para reaquecer o setor varejista, que apresenta um recuo de 5,3% nos últimos 12 meses terminados em março, segundo o IBGE.

Para entrar em vigor, a MP aguarda a aprovação do presidente Michel Temer, o que deve ocorrer até o dia 26 de junho. Entre comerciantes e consumidores, no entanto, ainda há dúvidas a respeito da efetividade prática da medida.

O varejista Levon Desmendjian, que é proprietário de uma loja de sapatos e bolsas instalada há 35 anos na Avenida Brigadeiro Luis Antonio, em São Paulo, espera que a regulamentação o ajude a não perder mais clientes. Ele diz que, muitas vezes, deixou de vender seus produtos porque as pessoas insistiam em conseguir descontos que as lojas não eram obrigadas a dar.

"Colocando os avisos de descontos, podemos atrair tanto o cliente que não abre mão de pagar com cartão quanto aquele que prefere sacar dinheiro no banco e voltar aqui para conseguir seus 5% de desconto - que é a margem que conseguimos para os pagamentos sem a maquininha", diz Desmendjian.

A gerente de uma loja de roupas na Vila Mariana, Renée Falco, acredita que a medida pode representar um alívio para o comércio. "Espero que assim as pessoas passem a usar mais o pagamento à vista. O cartão de crédito, que é muito usado, acaba sendo a pior opção para nós por causa na demora do pagamento", conta.

Para o diretor de fiscalização do Procon, Osmario Vasconcelos, a adequação das lojas às novas regras deve levar algum tempo, mas os consumidores devem ficar atentos desde já às variações de preços. "A loja deverá estar bem sinalizada e o consumidor não poderá ficar com nenhuma dúvida sobre o preço final do produto desejado."

Status

Apesar de parecer um comportamento óbvio, pedir um desconto pode não ser tão simples. Para a especialista em economia comportamental e planejadora financeira pela Planejar, Paula Sauer, o brasileiro, de modo geral, ainda tem vergonha de tentar baixar o preço de uma mercadoria porque acredita que isso o coloca em uma situação de fragilidade e desigualdade.

"Escondemos nossos salários, mas adoramos esbanjar o que compramos", aponta Paula. Para ela, o ato de barganhar depende muito do ambiente em que o consumidor está. "É mais difícil ver um cliente pedindo desconto durante a compra de um celular de última geração, por exemplo."

É o que acontece, por exemplo, com a pedagoga Gisela Mello. Ela conta que se sente constrangida em pedir descontos em lojas de shoppings. "O ambiente mais sofisticado e até mesmo a postura das vendedoras te pressionam para que aceite o preço que está ali", diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Conta de luz, condomínio e gás encanado de graça por dois anos a partir da entrega das chaves. Joias e carros como itens de permuta para reduzir até 70% do valor total do apartamento. As incorporadoras estão se esforçando para atrair o consumidor e desovar o estoque de imóveis novos que, segundo dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), chegou a 118,7 mil unidades em fevereiro. Esse patamar é equivalente a 17 meses de vendas. No ano anterior, o nível correspondia a 16,6 meses de comercialização.

Agora, para alavancar as vendas, as empresas passaram a assumir diversos custos que antes eram repassados aos consumidores. No Feirão Caixa da Casa Própria, realizado neste último final de semana em São Paulo (e que ocorrerá até o dia 25 de junho em outras 13 cidades do País), construtoras como MRV, Tenda e Econ ofereceram aos clientes entrada zero, isenção da taxa do ITBI, da corretagem e dos documentos para formalizar a escritura, além de descontos que chegavam a até R$ 30 mil para algumas unidades.

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A estratégia agradou a alguns clientes. Com R$ 22 mil para sacar do FGTS, o casal Zesérgio Marques e Vionei Soares viu uma oportunidade para, enfim, sair do aluguel. Na barganha com uma corretora da incorporadora Plano & Plano durante o Feirão, o benefício foi um trunfo para obter um financiamento mais favorável de um apartamento enquadrado no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). "Não nos planejamos, mas conseguimos fechar pagando prestações equivalentes ao valor do nosso aluguel atual", afirma Vionei.

Especialistas alertam, entretanto, que ter mais dinheiro poupado pode garantir melhores condições de financiamento. Fundador do Canal do Crédito, que compara diferentes condições de financiamento, Marcelo Prata recomenda que o consumidor já tenha pelo menos 50% do valor do imóvel no ato da compra.

Além disso, afirma Lucas Vargas, presidente da VivaReal, muita gente pensa que o preço é a principal variável para decidir sobre a compra, quando, no entanto, o prazo da compra deveria ser determinante. Uma operação mais longa, quitada em cinco anos ou mais, pode diluir os custos adicionais, como impostos e manutenção, explica. "A pessoa não pode correr o risco de não conseguir arcar com despesas no futuro", alerta.

Mimos

Sem poder contar com as linhas de crédito subsidiadas oferecidas pelo MCMV, oferecer presentes ou realizar feirões com descontos agressivos é a estratégia das empresas que vendem apartamentos acima de R$ 240 mil.

A incorporadora Setin, por exemplo, garante dois anos de isenção de IPTU, condomínio, água e luz para a linha Downtown, focada no Centro de São Paulo. Uma vez por semestre, a Even realiza um saldão, com descontos de até 40% dos seus imóveis.

Mas são os imóveis de alto padrão, novos ou usados (acima de R$ 2,5 milhões) os que apresentam os piores resultados de vendas nesse momento de recessão econômica e incerteza política. Sem querer se identificar, uma corretora que trabalha com a venda deste tipo de imóvel nas zonas oeste (Jardim Europa) e sul (Brooklin e Morumbi) da capital paulista afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que a estratégia das construtoras e das incorporadoras para tentar alavancar as vendas é aceitar a permuta de bens nas negociações. Os valores variam de 30% a 70%, e são aceitos de veículos a joias.

A construtora Cyrela, por exemplo, passou a aceitar recentemente permutas de 30% para todos os seus empreendimentos, muitos deles localizados nos bairros de Moema, Campo Belo e Itaim.

Limite

A permuta é uma alternativa de flexibilizar a negociação em um mercado que já vem trabalhando com preços no limite dos custos. Exemplo disso são os dados de abril do índice Fipezap, que mostram que o valor dos imóveis residenciais ficou estável na comparação com março (-0,01%) e teve leve alta no acumulado dos últimos 12 meses (+0,69%).

"Os preços caíram relativamente pouco perto do tamanho da crise no mercado imobiliário", diz Eduardo Zylberstajn, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quatro dos cinco principais bancos brasileiros de varejo - Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander - já anunciaram as novas regras para uso do rotativo do cartão de crédito. Antes do novo sistema entrar em vigor, em 3 de abril, as instituições financeiras correm para comunicar as mudanças e tirar dúvidas dos clientes. O pagamento mínimo da fatura poderá incluir parte ou todo o saldo do rotativo. Na prática, a depender do banco, o valor ficará mais alto.

Apesar de as novas regras visarem a reduzir o juro pago pelo cliente, órgãos de defesa do consumidor cobram mais clareza sobre os novos padrões de cobrança. O rotativo é acionado quando o cliente paga qualquer valor entre o mínimo da fatura e o total. Antes, havia o risco de o consumidor cair numa ciranda de juros e ficar superendividado. O juro do rotativo, de cerca de 500% ao ano, é hoje a mais cara linha de crédito.

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Agora, o Conselho Monetário Nacional (CMN) determinou um limite de uso do rotativo: 30 dias. Passado o período, haverá uma migração automática para o parcelado do cartão, que também tem um juro alto, embora menor do que o do rotativo.

O CMN não determinou como deve funcionar o sistema e por isso cada banco definiu um padrão de cobrança. Como o uso do rotativo será limitado, os bancos diminuíram a taxa de juros desta modalidade. Algumas instituições financeiras também baixaram o custo do parcelado.

No Banco do Brasil, o primeiro a anunciar a nova regulamentação, o cliente poderá parcelar em 24 vezes o valor devido. É possível também fazer o pagamento mínimo, composto de todo o saldo rotativo e de pelo menos 15% dos novos gastos.

O Itaú Unibanco também colocou o valor integral do rotativo no mínimo da fatura. Ou, se quiser, o correntista do banco pode quitar algum valor entre uma parcela já calculada e o valor mínimo da fatura para entrar automaticamente no parcelado - fixado em 12 vezes - a partir do mês seguinte.

No BB e no Itaú, não há parcelamento em caso de pagamento do mínimo. O restante fica "rotativado" para o mês seguinte.

No Santander, o pagamento mínimo passa a representar, ao menos, 15% da soma entre o saldo remanescente do mês anterior e os novos gastos, se existirem. O restante é automaticamente parcelado - de 4 a 18 vezes - na próxima fatura.

Também é possível, no Santander, quitar somente o saldo do rotativo de uma vez, não entrando, assim, no parcelado. Com exceção deste último detalhe, o sistema do Bradesco, que usa parcelamento em 12 vezes, é semelhante ao do Santander.

Assim como já é hoje, quitar qualquer cifra abaixo do valor mínimo deixa o consumidor inadimplente e exclui o acesso ao rotativo ou parcelamento.

Clareza

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) está elaborando uma carta ao BC para apontar os pontos que considera falhos na mudança. "A norma está muito solta e é difícil de entender. Isso é prejudicial ao consumidor", diz Ione Amorim, economista-chefe do Idec. A especialista diz que, da maneira como serão as aplicadas as regras, a tendência é que o consumidor recorra mais ao mínimo. "O risco é replicar a dinâmica atual do rotativo."

Executivos dos quatro bancos acreditam que a medida pode ajudar a melhorar a educação financeira dos clientes. Também apostam que a inadimplência deve cair, porque haverá maior controle dos gastos e incidência de juro menor.

Procurada, a Caixa Econômica Federal informou que ainda trabalha na definição das novas regras de uso do rotativo do cartão de crédito e que irá divulgá-las antes de o modelo começar a ser obrigatório. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As campanhas de conscientização sobre os males causados pelo cigarro diminuíram o consumo, mas o peso dos gastos com o produto ainda é alto no bolso das famílias brasileiras. O cigarro leva uma fatia de 1,08% do orçamento mensal das famílias, participação mais de três vezes superior à da batata, por exemplo.

Os dados são da metodologia de cálculo da inflação oficial no País, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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A fatia do orçamento mensal das famílias destinada ao fumo praticamente equivale à da despendida com o tradicional arroz com feijão carioca (1,12% do IPCA), ou a tudo o que se gasta no mês com manicure, cinema e médico juntos (1,1% do IPCA). O gasto dos consumidores com cigarro é ainda 13,5 vezes superior ao do cafezinho, a bebida predileta do brasileiro.

Por ter um peso relevante, qualquer movimento no preço do cigarro mexe com a inflação no País, mas Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, lembra que a influência já foi maior. Há vinte anos, o peso do cigarro na cesta de produtos consumidos pelos brasileiros chegava a 1,4%. Como o item ficou 448,17% mais caro desde então, contra uma alta de 252,08% da inflação oficial, o movimento mostra que as famílias cortaram despesas com o item.

"Isso é principalmente aumento de imposto. Não só para aumentar a arrecadação, mas, por ser considerado um item supérfluo e prejudicial à saúde, aumentou muito a tributação como uma política mesmo. Mais de 70% do preço do cigarro são impostos", ressaltou Eulina.

Tributação

Segundo Leonardo Senra, diretor financeiro da fabricante de cigarros Souza Cruz, os impostos variam entre 75% a 88% do preço do produto, dependendo do Estado e das alíquotas locais de tributação. "Ou seja, se um maço de cigarro custa R$ 10, o consumidor está pagando entre R$ 7,50 e R$ 8,80 só de imposto", explicou Senra.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgou recentemente que o número de mortes por câncer de pulmão entre homens caiu pela primeira vez, saindo de 18,5 a cada 100 mil, em 2005, para 16,3 por 100 mil em 2014. O resultado seria decorrente de políticas para redução do tabagismo, como proibição de propaganda, aumento de impostos e Lei Antifumo, que proíbe o fumo em locais fechados.

"A literatura mostra que o aumento dos impostos é o maior determinante para a redução do tabagismo. E no Brasil o preço do cigarro é 'zilhões' de vezes mais barato do que em outros lugares do mundo. Na Irlanda, o maço custa € 12. Aqui, R$ 4 ou R$ 5. A indústria está desesperada porque seus lucros estão caindo. Infelizmente, a gente ainda não conseguiu convencer o mundo de que essa é uma indústria que deveria fechar", defendeu a epidemiologista Liz Almeida, gerente da Divisão de Pesquisa Populacional do Inca.

Contrabando

Embora faça parte de uma política para desestimular o consumo, a elevação da tributação acabou também por reduzir a competitividade do produto brasileiro ante os cigarros que entram no País por meio do contrabando. Segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física, a indústria nacional de fumo acumula uma queda de 48,3% nos últimos 10 anos (até agosto de 2016, último dado disponível).

Na indústria do fumo, o cigarro responde por aproximadamente 60% do volume produzido, enquanto o fumo processado detém os 40% restantes.

A linha de produção do setor está operando atualmente 69,1% abaixo do pico da série histórica da pesquisa, registrado em agosto de 2006. O resultado ainda está apenas 6,3% acima do piso da série histórica, iniciada em janeiro de 2002 pelo IBGE.

O diretor da Souza Cruz lembra que, nos últimos dez anos, o imposto que incide sobre o cigarro aumentou 450%. Em cinco anos, a alta foi de 140%, uma das principais razões para que a fatia do produto ilegal no mercado brasileiro avançasse de 21% em 2011 para 35% em 2016.

Economia é percebida por quem para de fumar

O susto com a elevação de preços e a perspectiva de economizar um bom dinheiro acabaram por incentivar muitos fumantes a abandonar o vício. Só em 2016, os cigarros já estão 12,62% mais caros, segundo o IPCA.

A especialista em finanças pessoais Carolina Ruhman, fundadora do site Finanças Femininas, conta que economizou R$ 40 mil após decidir deixar o vício. Ao completar dez anos sem fumar, ela calculou quanto teria gastado se tivesse mantido o hábito de consumir dois maços por dia.

"No curto prazo não faz muita diferença. Você vai deixar de gastar entre R$ 5 e R$ 10 por dia, não dá para perceber no bolso. Para um fumante parece um dinheiro bem gasto. Mas, quando você coloca esse custo no longo prazo, você consegue ver o tamanho do rombo", diz Carolina.

Ela só lamenta que não tenha se organizado para juntar o dinheiro economizado. "Quando parei de fumar estava com 22 anos, morava com meus pais, infelizmente não pensava em economizar. Continuei gastando tudo", disse.

Já a cozinheira Daniele Borges usa um aplicativo no telefone celular para ajudá-la a contar os dias livre do vício e o montante economizado. Em 491 dias sem fumar, ela evitou 19.654 cigarros e poupou R$ 5.896. Vítima de depressão e síndrome do pânico, ela encontrou forças nos resultados e num grupo de apoio para conseguir se libertar.

"Comprei uma geladeira, um jogo de mesa, uma televisão e paguei a cirurgia da minha gata", conta. "Nunca parei para ver quanto gastava, nenhum fumante quer fazer isso. Fumei por 20 anos", acrescentou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A melhora esperada para a economia a partir do último trimestre deste ano já começa a render apostas em títulos privados cujos rendimentos são isentos de Imposto de Renda, como as debêntures de infraestrutura e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). Outras aplicações que também podem ganhar atratividade são os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).

O volume de debêntures de infraestrutura emitido pelas companhias este ano até agora é de R$ 1,2 bilhão, o que representa apenas 40% do valor oferecido a investidores no mesmo período de 2015. Só nos últimos dois meses, porém, as emissões somaram mais de R$ 700 milhões, segundo dados da Cetip.

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Já o estoque de CRAs saltou de R$ 3,7 bilhões no fim do segundo trimestre de 2015 para R$ 10,4 bilhões ao fim de junho deste ano. Enquanto isso, o de CRIs passou de R$ 61,7 bilhões para R$ 65 bilhões nesse período. "Exceto os CRAs, mais resistentes à crise, não vimos muito crescimento este ano", diz Fabio Zenaro, superintendente de Produtos da Cetip. Ele considera, porém, que as captações tendem a aumentar com a recuperação da economia.

A diminuição da oferta de Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), lastreadas no financiamento de imóveis e cujos ganhos também são livres de IR, ajudou a impulsionar a procura por produtos de renda fixa similares. "Hoje, há mais demanda do que oferta de LCIs", diz Paulo de Paula Abreu, diretor presidente da Barigui SEC, que atua com securitização de crédito imobiliário.

Ele explica que, no caso dos CRIs, a demanda só não cresce por causa da falta de disposição do investidor para correr risco, uma vez que esses papéis, ao contrário das LCIs, não têm a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Oferta.

A disponibilidade desses produtos para o investidor depende das emissões das empresas, que financiam projetos nesses recursos.

De olho na demanda, o banco Brasil Plural lançou o seu segundo fundo focado em debêntures de infraestrutura. "Com a crise, as empresas pararam de emitir esses papéis", diz Leonardo Breder, sócio do banco. As expectativas para o longo prazo, porém, incentivaram a retomada das captações este ano e confirmaram a atratividade do produto junto a investidores, explica o executivo.

Analista da corretora Rico, Roberto Indech afirma que as concessões planejadas pelo governo devem aquecer o mercado de debêntures no ano que vem. "É uma alternativa para a diversificação", diz. Ele lembra, no entanto, que essas aplicações são voltadas para o investimento de longo prazo.

Considerando também os CRIs e os CRAs, vender esses títulos antes do vencimento pode resultar em perda. "O investidor pode ser penalizado na taxa", diz Priscila Fracari Vargas, diretora comercial da corretora Planner. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compre um, pague dois: essa é a realidade de quem escolhe o crediário como forma de pagamento no comércio. A possibilidade de parcelar em mais vezes e a maior facilidade de aprovação de crédito podem fazer o carnê parecer um bom negócio à primeira vista, mas é preciso prestar atenção às taxas de juros, que superam 110% ao ano.

Como comparação, essa taxa é quase quatro vezes maior do que os juros cobrados no financiamento de veículos, de 30,8% ao ano, de acordo com os últimos dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). No caso de empréstimo pessoal em bancos, a taxa está em 67,8%.

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Por isso, o educador financeiro Vinicius Azambuja, da Novi Soluções Financeiras, acredita que o crediário deve ser a última opção. "A parcela do carnê acaba sendo menor por causa do prazo mais longo. Mas não se engane: quanto maior o prazo, maiores os juros", diz. Na Casas Bahia, por exemplo, é possível comprar eletrodomésticos e eletroeletrônicos em até 18 vezes no carnê, ao custo de 115,07% ao ano. No Magazine Luiza, a taxa está em 112,9%.

Segundo Azambuja, a cultura do parcelamento no Brasil é muito forte e prejudica o planejamento. Se não há urgência em comprar uma televisão, a pessoa pode poupar, mês a mês, e depois comprar o equipamento à vista, com desconto. "Mas o brasileiro faz o contrário: em vez de ganhar juros em uma aplicação, gasta com juros no parcelamento", diz.

Com uma análise de crédito menos rigorosa, o carnê se torna opção para trabalhadores informais que têm dificuldade para comprovar renda, mas também atrai consumidores que já esgotaram outras formas de financiamento, como o cartão de crédito.

Na Casas Bahia, os níveis de aprovação do carnê chegam a ser três vezes superiores aos do cartão da loja, segundo a empresa, que pede RG, CPF e comprovante de renda para análise. O Magazine Luiza pede apenas RG e CPF.

Inadimplência

A facilidade na liberação de crédito se reflete na inadimplência. Segundo a Boa Vista SCPC, pela primeira vez desde 2012, o carnê ultrapassou o cartão de crédito como meio de calote na cidade de São Paulo.

O cartão de crédito da própria loja também é oferecido como meio de pagamento. É preciso estar atento, pois esses cartões cobram taxas e encargos, como anuidade, e os juros do rotativo - quando consumidor paga apenas o valor mínimo da fatura e rola a dívida - são altíssimos.

O jornal O Estado de S. Paulo teve dificuldades para descobrir essas taxas nas duas redes varejistas. Na primeira visita às lojas, os vendedores não souberam informar as taxas do rotativo.

O Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) também não informou as taxas, alegando que elas variam com frequência. Em uma segunda tentativa em lojas físicas, após muita insistência e espera, os funcionários informaram as taxas: na Casas Bahia, o juro do rotativo está em 12,99% ao mês (333% ao ano) e no Magazine Luiza, em 19% ao mês (706% ao ano).

Segundo o Procon-SP, essa taxa não precisa estar no contrato, mas o consumidor deve ter acesso prévio aos custos cobrados na utilização do cartão, como juros, parcelamentos ou atrasos, multas e outros encargos.

A Casas Bahia afirmou que as taxas de juros variam de acordo com diversos fatores, como promoções periódicas e análise de risco do cliente, e que segue rigorosamente o Código de Defesa do Consumidor. O Itaú Unibanco, responsável pelo crédito do Magazine Luiza, não se manifestou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em São Paulo, uma metrópole de transporte público limitado, horas perdidas no trânsito e carros populares que custam R$ 40 mil, o veículo cada vez mais perde a característica de propriedade para se tornar um serviço. Calculadora desenvolvida pelo DataCustos e Zilveti Advogados, a pedido do jornal O Estado de S. Paulo, confirma essa tendência. Os números mostram os novos sistemas de transporte como uma opção econômica para quem pretende vender o veículo e morar perto do trabalho.

Na ferramenta, disponível no site do jornal, foram calculados os custos por quilômetro para carro, moto, táxi, Uber, bicicleta e transporte público. Em um percurso de 10 quilômetros por dia, o custo de um carro popular (Gol) fica empatado com o do táxi na bandeira 1, em R$ 40. Já o UberX, modalidade de veículos compactos da empresa, é cerca de 30% mais barato. Na versão compartilhada, chamada de UberPool, o custo cai ainda mais, para R$ 19,90.

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"Carro não é investimento. Em termos econômicos, quem compra só perde dinheiro", diz Nelson Beltrame, sócio diretor do DataCustos e autor da pesquisa.

O levantamento leva em consideração diversos custos para calcular o preço por quilômetro do veículo particular: depreciação, manutenção (pneus, óleo, filtro de óleo, filtro de ar e filtro de combustível), seguro, seguro obrigatório, IPVA e combustível. Beltrame explica que quanto menos o carro é usado, maior é a parcela dos custos fixos por quilômetro. Por isso, para quem anda pouco, ter um carro é um péssimo negócio.

Para o veículo valer a pena em relação ao UberPool, é preciso rodar ao menos 24 km por dia. Mas, considerando o preço inicial do veículo, o gasto para mantê-lo e o tempo perdido no trânsito, o educador financeiro Rafael Seabra recomenda a venda. "Uma opção para economizar é organizar caronas com colegas e, em alguns casos, até morar próximo ao trabalho." Alternar o carro compartilhado com o transporte público - cuja oferta é maior no centro expandido - também é uma opção.

No ano passado, segundo pesquisa da Rede Nossa São Paulo, a percepção em relação ao trânsito piorou e mais paulistanos disseram que iriam para outra cidade se pudessem.

"Mais do que uma questão de custo de vida, é uma questão de horas de vida", diz a coordenadora do curso de economia criativa e cidades criativas do Programa de Educação Continuada da FGV, Ana Carla Fonseca.

Alternativas

A produtora de locação Isabella Alves, de 24 anos, uniu a falta de vontade de dirigir no trânsito caótico de São Paulo ao baixo preço do Uber e colocou seu carro à venda. "Como moro em um bairro central, boa parte das empresas e locais de filmagem que vou são próximos da minha casa. Muitas vezes a corrida não chega nem a R$ 10", diz Isabella, que calcula rodar por volta de 10 quilômetros diariamente.

O advogado tributarista e também autor da calculadora Fernando Zilvetti, questiona, no entanto, a falta de equilíbrio competitivo no mercado - a principal questão de conflito entre Uber e taxistas. Segundo ele, o aumento da concorrência é positivo, mas também depende de igualdade tributária para crescer e oferecer preços sem distorções.

Sem isso, é difícil afirmar que os baixos valores do Uber, por exemplo, serão sustentáveis. A regulamentação definida pela Prefeitura de São Paulo prevê pagamento de créditos de R$ 0,10 para cada quilômetro rodado.

A própria Prefeitura tem tomado ações para incentivar o uso do carro compartilhado e a intermodalidade. Segundo Ciro Biderman, diretor de inovação da São Paulo Negócios, já está sendo discutida a ideia de um Bilhete Único que integre vários modais, incluindo os compartilhados. "Já imaginou você sair de casa pela manhã, pegar uma bicicleta com seu Bilhete Único, depois um ônibus e voltar de Uber?"

Além disso, uma resolução liberou um "bônus" para as empresas de compartilhamento: para cada quilômetro percorrido, é descontado 1 quilômetro do limite que as empresas têm para operar.

Apesar da vantagem do preço, dividir um carro com um desconhecido ainda esbarra em barreiras comportamentais. Reticente no início, a produtora Isabella decidiu lutar contra a timidez e hoje é usuária do serviço. "É impressionante ver quantas pessoas estão se movendo exatamente para o mesmo lugar, ao mesmo tempo", diz. Colaborou Nathália Larghi, Especial para a AE

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Enquanto quase 63% da população aposentada recebe do governo uma previdência pública de um salário mínimo, apenas 6% do total planeja complementar o benefício investindo em fundos de previdência privada. Para especialistas, a indústria ganhou fôlego em um período recente, nos últimos 20 anos, mas ainda é baixa a porcentagem de pessoas que consegue se planejar para o futuro.

A partir desta quarta-feira, porém, o mercado passará a contar com mais opções na indústria de previdência. Entrará em vigor a resolução 4.444 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que permite que fundos de previdência do varejo comprem fundos de índice (os chamados ETFs), Certificados de Operações Estruturadas (COE) ou mesmo apliquem um porcentual de até 70% em ações (antes o limite era de 49%).

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A medida é importante porque, segundo especialistas, um dos erros na hora de escolher a previdência é se considerar muito conservador. "Deve-se ter clareza dos objetivos. Se a pessoa quer realizar um projeto no curto prazo, talvez a previdência nem seja o produto ideal", diz o superintendente de produtos da Brasilprev, Sandro Bonfim. Já se o interessado tem um prazo maior, pode buscar opções mais sofisticadas, fundos que não aplicam só em títulos de renda fixa.

O planejamento da aposentadoria tem ganhado importância no debate econômico. "Não só o Brasil, mas o mundo todo discute o ajuste previdenciário, a ideia do Estado como provedor de todo o benefício. Cada vez mais se caminha para um modelo no qual a previdência pública garanta um salário base e haja necessidade da complementação", afirma o vice-presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) e presidente da BrasilPrev, Paulo Valle.

Repensar o futuro se tornou necessário à medida que a expectativa de vida aumenta. "A notícia boa é que o jovem vai viver mais. A ruim é que, se não estiver preparado, não vai ter como arcar com os custos", diz o superintendente de produtos de previdência da Icatu Seguros, Felipe Bottino. Gastos com saúde, por exemplo, que somam R$ 1 mil por ano para pessoas com menos de 18 anos, sobem para R$ 1 mil por mês para quem tem mais de 80 anos, aponta uma pesquisa do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

O arrependimento de não ter poupado mais vem depois. Oito em cada dez aposentados lamentam não ter guardado mais dinheiro, segundo estudo do HSBC. A poupança, lembram especialistas, pode ser feita em outros produtos diferentes de fundos de previdência, desde que o investidor mantenha o hábito de aplicar constantemente.

"Gosto da previdência privada no sentido da disciplina. Muita gente começa a fazer investimentos por conta própria para economizar a taxa de administração cobrada nos fundos, mas não mantém a regularidade. Inventam uma desculpa para parar", diz o professor do Instituto Educacional da BM&FBovespa Arthur Vieira de Moraes.

Como escolher

Por ser um investimento indicado para o longo prazo, na previdência vale a regra de quanto mais cedo o início, melhor. Para ter R$ 1 milhão aos 60 anos, por exemplo, investindo a um juro real de 4,5% ao ano, seria preciso guardar R$ 586 por mês caso o plano fosse iniciado aos 15 anos. Se começar com 45 anos, a quantia sobe para R$ 3.915 por mês, calcula a BrasilPrev.

O custo dos planos é um dos pontos a serem observados. "Com os juros elevados, as pessoas ficaram menos preocupadas com a taxa de administração. Como a tendência agora é de queda, o investidor vai voltar a olhar melhor o custo", diz o diretor da Rio Bravo, Julio Ortiz.

No fundo de previdência de renda fixa, em geral com gestão mais passiva, recomenda-se que a taxa seja de, no máximo, 1% ao ano. Em fundos com uma gestão um pouco mais ativa, como multimercados, é aceitável pagar até 2%.

A taxa de entrada dos fundos hoje está quase extinta. A maioria não cobra mais a tarifa, que funciona como um pedágio na entrada do investimento: se for de 5% e o investidor aplicar R$ 100, por exemplo, na verdade só alocará R$ 95 no fundo. A taxa de saída ainda é cobrada em alguns planos, no momento do resgate. "É aceitável para inibir a saída no curto prazo, mas deve zerar em algum momento, senão penaliza a rentabilidade", diz Bottino.

Taxas elevadas, porém, sempre devem ser contrastadas com o histórico de retorno do fundo. Por vezes, a taxa pode ser alta, mas o desempenho do gestor é muito acima da média do mercado. Histórico bom não é garantia de futuro rentável, mas é um indicador. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Se a primeira regra para o investimento em previdência privada é a aplicação com objetivos de longo prazo, o segundo conselho mais dado por especialistas é que os planos só devem entrar no radar dos investidores se forem acompanhados de um planejamento tributário. Com tarifas que variam de zero a 35%, a depender da tabela de Imposto de Renda escolhida, os planos devem ser selecionados cada vez mais com foco no prazo de resgate e no valor do benefício.

Se o modelo de previdência é o regressivo, quanto maior o tempo da aplicação, menor é o IR. A alíquota cai a 10% após dez anos de investimento. Já na progressiva, o que vale é o valor resgatado: quanto menor a quantia, menos imposto. Se o benefício for de até R$ 1.710, o investidor cai na faixa de isenção.

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"Por vezes, o cliente nem terá a opção dos dois tipos de tabela, pois a indústria oferece mais a regressiva, mas é bom se planejar", diz o superintendente de produtos de previdência da Icatu Seguros, Felipe Bottino, ao lembrar que a tabela regressiva é muito mais usual.

Ainda que caia na segunda faixa, dos 7,5%, o porcentual é menor que o mais baixo da tabela regressiva (10%). Quando comparadas a produtos de renda fixa, como fundos e títulos públicos, do ponto de vista tributário e pensando no longo prazo, ambas as tabelas oferecem vantagens. Isso porque, na renda fixa, o IR chega a no mínimo 15%, após dois anos de aplicação.

"Pode parecer fácil, mas não é tão trivial imaginar como será a sua vida e a sua renda daqui a 20 anos, quando se aposentar", afirma o diretor da Rio Bravo, Júlio Ortiz, ao dizer que a pessoa pode contar com uma renda e ser surpreendido negativamente ou, pelo contrário, achar novas formas de remuneração e precisar sacar valores menores do que o imaginado.

Outro ponto para o qual especialistas chamam a atenção é quanto à opção entre o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). A sugestão é que o primeiro seja escolhido pelas pessoas que declaram o IR pelo modelo completo. Isso porque, das aplicações feitas, a pessoa pode abater até 12% da renda tributável. Ou seja, se recebeu R$ 100 mil de salário no ano e investiu R$ 12 mil em um PGBL, irá "declarar" R$ 88 mil à Receita.

Para investimentos acima de R$ 12 mil já vale a pena ir para o VGBL. Nesta opção, o IR é cobrado sobre o rendimento e não sobre o valor sacado, como é no PGBL. "O benefício de abatimento só é uma postergação do imposto", comenta Ortiz. O VGBL é recomendado para a declaração simplificada de IR. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As classes sociais mais abastadas costumavam responder pela maior fatia do Imposto de Renda (IR) pago no País. Afinal, por ser um tributo de natureza progressiva, faz sentido que quem ganhe mais também pague mais. Só que isso mudou em 2013, segundo o último dado divulgado pela Receita Federal e compilado pelo Sindicato dos Auditores Fiscais (Sindifisco Nacional). Com esse movimento, os estratos intermediários passaram a arcar com a maior fatia do IR.

Em 2013, os brasileiros com rendimento mensal acima de 20 salários mínimos responderam por 47,2% do tributo pago ao Fisco, enquanto as faixas entre dois e vinte salários foram responsáveis por 52,5%. Em 2007, quando tem início a série histórica da Receita, o retrato era bem diferente: os mais ricos respondiam por 60,3% e a classe média, 39,2%.

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"Há uma fuga da tributação nas faixas superiores, com os contribuintes se transformando em pessoas jurídicas, ao mesmo tempo em que ocorre um acúmulo nas intermediárias devido, principalmente, à defasagem da tabela, mas também à formalização do mercado de trabalho no período", explica Álvaro Luchiezi, gerente de estudos técnicos do Sindifisco Nacional.

Isso ocorre, segundo ele, porque os chamados PJs recebem a maior parte de seus rendimentos como lucros e dividendos, que são isentos de IR. Já a classe média é composta em grande parte por assalariados, que têm o imposto retido na fonte de acordo com a tabela progressiva - a qual acumula defasagem histórica de 72% ante a inflação.

Para Luchiezi, a tese sobre a "pejotização" ganha força ao se olhar os dados de rendimentos isentos. Eles mostram que os brasileiros nas faixas acima de vinte salários concentram quase 90% desse tipo de renda. "Quem tem mais rendimentos consegue maior proteção contra os impostos", diz ele, que vê a questão como uma distorção.

É importante destacar que, entre 2007 e 2013, houve uma redução no número de declarantes no grupo de mais ricos (-12,6%), mas que foi acompanhada de uma queda ainda maior (-21,8%) na participação desse estrato no total de impostos pagos. O movimento oposto foi visto na classe média: houve um aumento de 17,6% no volume de contribuintes e uma alta ainda mais expressiva na participação (33,8%).

O Sindifisco Nacional defende a correção da tabela do IR ao longo de dez anos e a tributação de lucros e dividendos a partir de R$ 60 mil.

CPMF

Para os cofres públicos, a defasagem da tabela tem gerado ganhos extras bilionários. Somente em 2014, essa discrepância rendeu um acréscimo de R$ 37,8 bilhões em arrecadação, mais do que a recriação da CPMF proveria (R$ 32 bilhões, com alíquota de 0,2%). Os cálculos fazem parte de levantamento da PUC-RS e do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis (Sescon-RS) e leva em conta apenas os rendimentos do trabalho.

"A defasagem da tabela poderia financiar toda a Olimpíada do Rio", compara Gustavo Inácio de Moraes, professor da PUC-RS. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O brasileiro endividado cortou gastos com lazer, roupas e restaurantes para quitar os débitos, mas, ainda assim, um terço da população que renegociou o pagamento não está conseguindo honrá-lo e voltou à condição de inadimplente. Para quem está nessa condição, é possível encontrar serviços especializados na renegociação ou refinanciamento das dívidas e até auxílio na parte psicológica.

"Falar de finanças é um tabu, ainda mais se for sobre dívida. As pessoas não sentam para olhar o quanto ganham e gastam", diz a economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Marcela Kawauti. Pesquisa da empresa junto com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) apontou que seis em cada dez brasileiros não sabem quanto devem.

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O inadimplente precisa começar pondo no papel todas as dívidas, verificando as mais caras (com maior juro) e checando o salário líquido (após todos os descontos). Desde 2012, a Fundação Procon-SP oferece ajuda profissional a superendividados, aqueles cuja dívida ultrapassa 50% dos ganhos, por exemplo. Após preencher uma planilha financeira e passar por uma triagem, que seleciona os casos mais graves, o devedor recebe orientações. Em audiências, especialistas fazem a intermediação na renegociação da dívida com bancos e outras empresas.

Uma opção é trocar dívidas caras, como a do cartão de crédito, cujo juro foi de 447,5% ao ano em fevereiro, por mais baratas. Há empresas que empacotam todas as dívidas e as refinanciam, como a Novi, onde é possível tomar um empréstimo com garantia imobiliária ou de automóveis. No caso em que o imóvel é a garantia, a taxa de juros atual é de 18,86% ao ano e o empréstimo soma até 50% do valor do bem. As parcelas são de, no máximo, 30% da renda do cliente e o prazo é de até 15 anos.

"O cliente pode tomar nosso empréstimo para vários fins, mas cerca de 60% usam o serviço para consolidar dívidas", afirma o presidente da Novi, Luiz Pedro Albornoz. A vantagem seria o alongamento da dívida, por um juro menor.

Uma das maneiras de trabalhar o problema da dívida crônica e compulsiva é buscar apoio nos Devedores Anônimos. "Eu queria ter o dinheiro, não olhava juro nem quanto devia. Conforme o problema aumentou, acabei recorrendo ao álcool", relata um membro do grupo, que preferiu não se identificar. Em encontros semanais, os participantes recebem o auxílio para falar do problema e aprender a lidar com o que o grupo considera uma doença que não pode ser curada, mas detida.

Desinformação

Desemprego e descontrole financeiro aparecem como os principais motivos para o nome sujo na praça. Na pesquisa, a perda do emprego foi citada por 29,2%. "Não deixa de ser um descontrole, pois indica que, quando estava empregada, a pessoa não fez nenhuma reserva", diz Marcela, do SPC Brasil.

Além da falta de educação financeira nas escolas e de conversa em casa, a desinformação é motivada pelo fato de o amplo acesso ao crédito ser um fenômeno recente, lembra Thiago Alvarez, sócio do aplicativo GuiaBolso, que ajuda os usuários a controlar a movimentação das contas e cartões. "O boom do crédito é recente, depois dos anos 2000. Trata-se de uma primeira geração que está tendo acesso ao crédito e aprendendo a usá-lo", avalia.

A técnica em enfermagem Jéssica Duarte, de 27 anos, teve acesso a cartão de crédito e cheque especial aos 18 anos, após começar a trabalhar. "Eu me descontrolei por vários motivos: era muito nova, não tive aula de finanças na escola pública onde estudei e moro com meus avós e eles não me ensinaram, pois também não sabiam lidar com esses instrumentos. Os cartões de crédito dão a falsa ilusão de que você tem dinheiro."

A saída do vermelho veio em 2014, depois que arranjou um segundo emprego. A dívida havia chegado a seis vezes a renda líquida de Jéssica. "Comecei a me incomodar, pois vi que eu só gastava com bobeiras. Se precisava comprar algo um pouco mais caro, como um celular, por exemplo, tinha de pedir favor a alguém, tinha vergonha, achava desagradável. Foi aí que decidi limpar meu nome", conta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com o juro básico em 14,25% ao ano, o maior patamar em uma década, a atratividade da renda fixa permanece em alta. No mercado de fundos, porém, o que vem se destacando são carteiras que aplicam no exterior. Enquanto os de renda fixa simples tiveram retorno de 13,66% nos últimos 12 meses, os de renda fixa no exterior subiram 21,51%.

Com ações não é diferente: fundos indexados subiram 1,20% em 12 meses, enquanto os de ações no exterior ganharam 6,23%.

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"Boa parte da variação positiva até fevereiro se deveu à variação do dólar", comenta o gestor de fundos da Guide Investimentos, Erick Scott Hood. Ao investir em fundos que aplicam no exterior, pode-se optar por um gestor que faça o chamado "hedge" (protege a carteira dessas variações), ou escolher algum sem proteção. Este segundo grupo teve alto retorno, porque o dólar se valorizou 12,66% no último ano. Porém, da mesma maneira, o fundo pode perder caso a moeda caia. "Quem não quer correr o risco cambial deve ficar num fundo com hedge", diz Hood.

Além da alta da divisa americana, o desempenho das companhias lá fora ajudou. "Entre 2012 e 2015, o S&P500 (índice da Bolsa americana) quase dobrou", diz Ricardo Almeida, superintendente da Bradesco Asset Management. Quem fugiu das commodities também teve bom retorno. "A queda dos preços afetou moedas de países emergentes e ações de empresas ligadas a esses itens", diz Eduardo Levy, gestor da Rio Bravo Investimentos.

Acesso

Além do retorno elevado, a diminuição da aplicação inicial atraiu investidores. A captação da categoria "Ações Investimento no Exterior" está em R$ 1 bilhão em 12 meses.

A instrução 555 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) extinguiu a exigência de aplicação inicial de R$ 1 milhão. Ainda é preciso ser qualificado (ter R$ 1 milhão ou mais em ativos), mas há fundos com aplicação inicial de R$ 10 mil. A percepção, porém, é de que tais produtos ainda não são tão acessíveis ao público de varejo.

Se tiver pouco dinheiro, o investidor pode optar por multimercados macro. A regra da CVM aumentou de 10% para 20% o limite que esses fundos podem alocar em ativos do exterior ou em fundos que sigam esta estratégia. Para analistas, a volatilidade tende a ser maior, já que fundos macro estão sujeitos tanto à oscilação dos ativos no exterior quanto no Brasil, uma vez que 80% da carteira está em ativos nacionais.

"Antes de investir, deve-se ter em mente o quanto é suportável perder dinheiro", diz Hudson Bessa, gerente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Banco Central recebeu nos últimos 10 meses 7.046 reclamações de cobranças irregulares de tarifa, das quais um quarto corresponde a taxas indevidas referentes ao cartão de crédito.

Entre elas, estão tarifas de emissão de segunda via do cartão sem solicitação do cliente e aumento da anuidade sem aviso prévio - que deve ser de no mínimo 45 dias.

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O Banco Central permite aos bancos cobrarem cinco tipos de taxa: anuidade, emissão de segunda via do cartão, saque em espécie, pagamento de contas e mediante pedido de avaliação emergencial de crédito. O resto, é ilegal.

Outro ponto é que não há regulamentação que defina o valor da anuidade. Portanto, a melhor arma do consumidor contra abusos é a pesquisa. Segundo o Idec, os bancos aumentaram as tarifas bem acima da inflação em um período de 12 meses. O HSBC, por exemplo, subiu o valor da anuidade de um cartão em 136%. "A cobrança deve ser feita dentro dos limites da razoabilidade, e eventuais abusos devem ser apurados", diz o especialista em direito do consumidor Vinicius Zwarg.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A fim de atrair consumidores sem acesso ao cartão de crédito ou que têm receio de fazer uma transação online, o varejo vem investindo em novidades no e-commerce. Agora, já é possível fazer compras pós-pagas, nas quais o consumidor só paga pela mercadoria depois de recebê-la. Além disso, para aumentar a confiança do comprador na transação, lojas têm adotado pagamentos autenticados em que a finalização da compra ocorre no ambiente virtual do banco do consumidor.

Atualmente, mais de 120 milhões de brasileiros têm acesso à internet. Porém, menos da metade (51,5 milhões) fez compras online em 2014. "Milhões de pessoas usam a internet de forma cotidiana, mas não compram nada. Um dos entraves é a questão da segurança", diz Marcos Cavagnoli, CEO da Koin, empresa que está implantando o pagamento pós-pago no Brasil com base no que ocorre na Europa, onde o modelo representa 40% dos pagamentos no e-commerce.

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A ideia é trazer lógica para um negócio feito pelo ponto de vista do comerciante. "É intrínseco ao ser humano pagar depois que consumiu algo. Na loja física é assim, mas a venda online nasceu na lógica inversa ao pensar ‘como vou enviar o produto se eu não conheço quem está comprando’", diz o executivo.

O trabalho de verificação do risco de fraude fica com a Koin. Em lojas virtuais que oferecem o pagamento pós-pago, o consumidor preenche o cadastro básico com os dados e a Koin faz uma pesquisa em mais de 30 bancos de informação para checar o risco de aprovar a transação. Se aprovada, o consumidor recebe o produto e pode optar por pagar à vista ou via boleto.

"Não é só uma experiência pós-paga na compra online. É uma espécie de crédito, pois autorizamos a realização do negócio até um limite financeiro e o pagamento só ocorrerá no futuro", diz Cavagnoli. A empresa não revela a taxa de inadimplência, mas garante que ela fica próxima à do varejo comum.

A solução começou a ser implantada em maio de 2014 e conta com 200 lojas, mas a previsão é encerrar o ano com 10 mil comércios. Como parte da estratégia para alcançar a meta, em março foi fechada uma parceria com a VTEX, plataforma de e-commerce que possui mais de 1,2 mil lojistas. "A expectativa é de que 15% a 20% da base de clientes passem a utilizar a ferramenta", diz Mariano Gomide, co-CEO da VTEX. "Ela não dá acesso só à pessoa que desconfia da internet, mas a quem não tem cartão."

Autenticação

Outro modelo que começou a ser usado mais fortemente a partir da virada do ano é a compra por débito com autenticação no site do banco. "O consumidor coloca os dados do cartão e aparece uma tela do banco para ele pôr a senha e comprovar que está realizando a transação. É uma etapa a mais, mas diminui significativamente a ocorrência de fraude", explica o diretor da Lyra Network, Jerome Pays. Por meio da solução PayZen, a Lyra faz a segurança de dados nesta operação.

Na indústria, o processo é chamado de 3d Secure (três domínios seguros), pois conta com a atuação do banco, da empresa adquirente (como a Cielo) e da bandeira (Visa ou Mastercard). Por serem fortes, as marcas das bandeiras trazem uma imagem de segurança para o consumidor, segundo Pays.

Assim como o pagamento pós-pago, a ideia da solução autenticada é trazer algo do mundo físico para o virtual. "Na loja, para o cartão de débito ser aceito é preciso colocar uma senha do banco. O cruzamento desta com os dados do chip diminui o risco de fraude", diz Pays. Já no caso das vendas online, a maioria das compras é feita no crédito. "Não requer autenticação. Por isso tem tanta fraude."

A loja que utiliza o pagamento autenticado pode optar por também implantá-lo no cartão de crédito, mas no débito ele é obrigatório. Em países como França e Inglaterra, quase um terço das compras já são autenticadas. No Brasil, o pagamento é muito utilizado por companhias aéreas e agora os grandes varejistas estão em fase de implantação. "Não digo que o consumidor hoje consiga comprar só em lojas com autenticação porque assim ele vai se restringir a 50 estabelecimentos, digamos. Mas certamente quando mais varejistas adotarem a solução, ela pode ser um filtro para garantir uma compra mais segura", diz Pays.

Melhora do serviço

Para a Fundação Procon-SP, a desconfiança do consumidor nas compras online passa pelo risco de fraude, mas também é uma mazela do próprio setor. "O comércio eletrônico sofre problemas que ele mesmo causou. O consumidor tem receio de comprar porque não tem certeza que vai receber o produto e se haverá atraso", afirma a assessora técnica Fátima Lemos. No último balanço da fundação, 35% das reclamações foram de problemas de falta de entrega ou atraso.

O Procon-SP diz que, mesmo que procedimentos de maior segurança e facilidade sejam adotados, cuidados básicos não podem faltar. "Sempre devemos checar a página de navegação e não clicar em links recebidos no e-mail", recomenda Fátima. A técnica também lembra da necessidade de guardar os e-mails das ofertas e cópias de toda a compra.

O Código de Defesa do Consumidor prevê um prazo de até sete dias após o recebimento do produto para o consumidor desistir da compra. Fraudes são analisadas caso a caso, mas se o golpe tiver sido realizado no site da loja, a responsabilidade é do comerciante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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