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No passado, ter um carro era um privilégio de poucos. Hoje, qualquer trabalhador assalariado consegue comprar um. Mas e um barco? Será que é possível que a classe média adentre no mercado náutico? Ao que tudo indica sim. Apesar de ainda ser considerado um luxo ter a sua própria embarcação, há quem acredite que as classes “B” e “C” vêm galgando seu espaço também nas águas.
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A fatia do mercado já chega a pelo menos 30% em Pernambuco. É o que revela José Pinteiro Júnior, diretor do estaleiro Ecomariner, empresa pernambucana que está há 20 anos no mercado e é a quarta maior do ramo no Brasil. “Os barcos grandes que vêm à cabeça quando se fala em mercado náutico podem aparecer na televisão e na posse de celebridades, mas representam apenas 3% do total vendido no país. Por isso, cada vez mais, a economia náutica deixa de vender a ideia de um mercado de posses e passa a investir na infinidade de opções de lazer”, revela o empresário.
Os altos valores que imaginamos quando o assunto é barco são mesmo verdade, mas há opções e formas de pagamento para todos os gostos e bolsos. “Temos barcos com a entrada de 30% a 40% do valor (cerca de R$38 mil) e mais cinco parcelas, aqui na fábrica. Mas temos bancos credenciados, onde o consumidor pode dar um valor menor de entrada e parcelar em mais vezes, similar a um financiamento de veículo”, explica Pinteiro Jr.
Até mesmo sem dinheiro é possível conseguir comprar um barco. “Aqui nós sempre queremos fechar negócio. A pessoa que está interessada em adquirir um barco, e estiver sem recurso, pode trazer uma proposta de troca, seja por um imóvel, carro ou um barco usado. Avaliamos o preço do que é oferecido e fechamos os valores, assim como acontece quando a pessoa vai trocar de carro”, afirma o diretor da Ecomariner.
Então vale a pena comprar barcos como forma de investimento? Depende de que investimento a pessoa está falando. “Como no caso dos automóveis há uma depreciação no valor do barco durante 10 anos. Depois disso, o preço permanece inalterado, desde que o proprietário faça a revisão e manutenção regularmente”, diz o empresário.
Mas se a classe média tem acesso aos barcos mais em conta, a classe dita “A”, passa a investir mais pesado no setor. Segundo a SummerTag, empresa de consultoria de marketing, o luxo inacessível - seja de embarcações enormes ou interiores sofisticados (fotos à esquerda) - tenderá a se tornar ainda mais seleto, o que seria uma oportunidade para o segmento de luxo. “Haverá uma demanda nova e maior por produtos que satisfaçam o desejo da classe A de se deslocarem de uma classe C, ávida por consumo”, diz o comunicado da empresa.
Manutenção – Engana-se quem pensa que pode comprar um barco e simplesmente só olhar para ele na hora de usar. O proprietário tem que se preocupar também com os valores pagos para manter o barco. Dependendo do tamanho – que é medido em pés (1 pé = 0,3048 metros) – o custo pode ser bem alto. Uma marina costuma cobrar 25 reais/mês por pé. Ou seja, uma embarcação pequena, de 14 pés, custaria 350 reais só para ficar guardada, fora manutenção e combustível (gasolina e diesel). Em um barco grande, de 65 pés, por exemplo, o valor subiria para R$ 2.275 por mês.
Cultura que eleva o custo – Se o custo já começa a ficar assustador, uma outra cifra deve ser contabilizada por conta de uma cultura brasileira: o marinheiro. Ao invés de se prepararem ou realizar o treinamento necessário para pilotar suas próprias lanchas e barcos, os brasileiros que tem barco preferem contratar alguém para fazer isso. Pelo menos nas águas, a figura do “chofer” ainda tem muita força. “Nos Estados Unidos os proprietários conduzem as embarcações, mas aqui eu diria que 99% das pessoas que tem barco pagam um marinheiro que faz isso. É um costume aqui”, conta Pinteiro Jr.
Economia – A crise econômica do País também afetou o ramo náutico. Além disso, a falta de incentivos do governo de Pernambuco fez com que a empresa deslocasse boa parte de sua estrutura para outro estado. “Em um bom ano vendemos 130 embarcações. Em 2014 foram 86. Toda a nossa linha de fabricação e montagem ficava aqui, mas como não obtivemos nenhum incentivo fiscal, há três anos montamos a nossa fábrica em João Pessoa (na Paraíba)”, reclama José Pinteiro Jr, cuja empresa emprega cerca de 150 funcionários e vende para todo o Brasil.