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A todo tempo procurando corpos, entregando marmitas, carregando cestas básicas e dando atenção e suporte a toda a comunidade que o conhece, Aslan Farias da Costa, de 31 anos, mais conhecido como Ban, e que está desempregado, é morador da Vila dos Milagres, no Ibura, Zona Sul do Recife, desde quando nasceu, e foi um dos principais responsáveis por conseguir salvar as poucas vidas (duas) sobreviventes da tragédia anunciada das barreiras de Vila dos Milagres

À reportagem, Ban contou ter acordado no sábado (28) de manhã com o estrondo da primeira das três barreiras que desabaram devido às fortes chuvas no Recife e a ausência do Estado, que deixou 128 pessoas mortas. "Abri a porta para ver se tinha sido a casa da minha vizinha do lado esquerdo, e com menos de um minuto eu escutei meu amigo gritando pela mãe. Já corri, não pensei duas vezes em ajudar e orientei ele a não pisar nos fios para não levar choque. Fiquei gritando junto com ele e a população chegou junto. Conseguimos retirar a mãe e o padrasto dele, mas já estavam em óbito". Por pouco a sua casa não foi atingida e além dele, a esposa e a filha de 3 anos estão salvas.  

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Invadido pelo sentimento de solidariedade, impulsividade e empatia, ele ressaltou que não tem como explicar o que viveu. "Não tenho como explicar. De imediato, a minha reação e atitude foi pensar em mim mesmo, porque se fosse na minha casa, os meus amigos poderiam fazer a mesma coisa. A turma aqui ia fazer do mesmo jeito que eu tô fazendo e todos estão fazendo pelos soterrados". 

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"No primeiro desabamento foram dois corpos, que foi o casal de idoso. No segundo, a gente retirou logo cedo e com vida a minha amiga Joice, com o braço e um pouco da cabeça para o lado de fora. Quando a gente retirou ela, que botou para fora o barro que estava na garganta, ela falou: 'meu esposo tá ali, tira ele'. A gente tentou, tentou, tentou, mas quando retiramos, ele já estava em óbito. A pancada na cabeça foi muito grande. Em seguida, achamos outro rapaz que também tá vivo", detalhou. 

De acordo com Ban, a barreira e a chuva foram tão devastadoras que não daria tempo do socorro chegar para ajudar. "A barreira veio com muita força e muita chuva. Mesmo se os bombeiros tivessem chegado de imediato não tinha como. É impossível ter pego mais gente com vida lá porque é muito barro, muito escombro. A barreira é grande demais. Se tivessem chegado com 10, 15 minutos, iam encontrar os corpos em óbito mesmo. Os corpos estavam todos machucados, cortados".

"Cena de filme", descreveu ele ao falar do ocorrido. "O sentimento é de tristeza, não tem outro para dizer. É muito difícil, tanto que eu travei total quando fui para o segundo desabamento. Depois, voltei a si e comecei a ajudar de novo. Depois chegou a retroescavadeira e começamos a trabalhar junto com ela em orientação dos bombeiros", disse. 

->> Entre o fogo e a chuva, as palafitas sobrevivem

Todo mundo se conhecia na comunidade, também conhecida como Buracão, pois é o que parece ser vista de cima. "Aqui é muito pequeno, a gente conhece todo mundo e o dia a dia de todo mundo. Tô tirando forças de Deus mesmo, ele que tá me dando força para poder prosseguir. É uma coisa inexplicável, não desejo isso a ninguém. Não tô conseguindo dormir porque qualquer barulho eu já penso que tá caindo casa. Só vou parar quando Deus me disser, 'relaxa, meu filho, descanse". Eu sinto como se fosse comigo o que as famílias estão passando, que a minha vai passar igual", expressou ele, que perdeu vários amigos e conhecidos no mês do próprio aniversário.  

->> Recife não tem recursos para evitar alagamento, diz João Campos

"A gente mora em barreira porque é o que a gente pode fazer", ressaltou, ao afirmar, em recado aos governantes, que as lonas plásticas "não servem de nada". "Esqueça esse negócio de lona, esqueça. Lona não ajuda, não. Lona só faz adiar a morte da pessoa que mora em barreira, só isso. É inexplicável, todas as barreiras tinham lona e mesmo assim caiu. Ela nunca foi eficaz para segurar a força da natureza. Tenho fé que os governantes vão olhar mais para cá, vão. Espero que eles olhem mesmo, pelo o que houve esse fim de semana no Ibura e nos outros cantos. É um apelo que eu faço para que olhem mais para a sociedade pobre. A gente precisa de ajuda, muita ajuda. Tem muita gente que mora em lugares piores", pediu. 

"Pernambuco tá de luto em peso. É um trauma geral. E isso tá marcado. Quando a gente viu os vídeos, a barreira caindo é a mesma situação de Brumadinho", lamentou. 

Após as fortes chuvas desta manhã em Pernambuco, o alerta voltou a ficar laranja, que significa de moderado a alto, de acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC) nesta sexta-feira (3). As regiões da Mata Sul, Mata Norte e Região Metropolitana do Recife podem sofrer, pontualmente, chuvas de intensidade forte na madrugada e manhã do sábado. 

"A previsão indica chuvas moderadas para todo o Litoral até a manhã deste sábado (4), com maior probabilidade na Mata Sul, podendo chegar a intensidade forte em alguns pontos", disse o órgão.

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Após todos os corpos que estavam desaparecidos na Região Metropolitana do Recife devido às fortes chuvas serem encontrados e as buscas cessadas, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (3), o comandante geral do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, coronel Coutinho, deu detalhes sobre a operação realizada nos nas barreiras, e enfatizou que a Operação Inferno da instituição vai até agosto. 

Numa força tarefa para encontrar as vítimas soterradas e que também foram afetadas pelas enxurradas, o Corpo de Bombeiros de 11 estados brasileiros vieram ao Recife auxiliar nas buscas com 85 militares, além dos mais de 500 de Pernambuco. 

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Coutinho deu detalhes sobre o funcionamento da Operação Inverno. "O Corpo de Bombeiros está, desde o início das chuvas, na quarta-feira da semana passada, em prontidão, na fase 4 da Operação. Da quarta para a quinta começamos a montar as equipes, distribuir o cenário e, no sábado, foi quando houve o início da queda das barreiras com as chuvas torrenciais, iniciamos efetivamente o nosso trabalho e contamos com toda a nossa força operacional da RMR. Convocamos os militares que estavam de folga, tivemos o apoio de alguns militares do interior do estado e várias equipes do Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Científica, Corpos de Bombeiros de outros estados para que a gente tivesse realmente a capacidade de autuar nos cenários mais diversos possíveis", disse. 

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"Foram dias de muitas chuvas torrenciais e que havia o risco das barreiras continuarem caindo, desabando, como realmente aconteceu e por diversos períodos tivemos que recuar as nossas equipes para protegê-las de uma possível tragédia", completou. 

O trabalho dos cães farejadores, conhecidos como binômio, ajudou a encontrar vários corpos que estavam soterrados. Ao todo, foram 22 cães que trabalharam na operação, sendo um de Pernambuco. "Todos especialistas em restos mortais. A vantagem do cão é que ele tem um olfato muito apurado e consegue, diante de um cenário muito extenso que nos deparamos, apontar exatamente qual o local onde provavelmente a vítima estava localizada, e isso fazer com que a gente conseguisse centralizar nossas buscas num perímetro bem menor", ressaltou o comandante. 

O acolhimento e ajuda da própria comunidade também teve destaque na fala de Coutinho, "a gente às vezes se surpreende com a disposição que as pessoas têm de nos receber". "Várias pessoas abriram as suas residências para permitir que o soldado do Corpo de Bombeiros pudesse frequentar a casa, e muitas permitiram que a gente transformasse as casas em posto de comando. A comunidade nos oferecia água e alimentação, mesmo a gente já tendo montado uma equipe de logística de fornecimento de alimentação para as nossas equipes, mas a própria população nos oferecia água, café, alimentação para voltarmos ao trabalho de forma mais rápida", ressaltou. 

"Nas nossas redes a gente sempre veio enfatizar o nosso agradecimento à sociedade pernambucana que, nesse momento de tanto clamor e tanta comoção popular, entendemos que o apoio dela é fundamental", reforçou.

 

Para minimizar os transtornos causados pelas fortes chuvas que atingiram Pernambuco nos últimos dias, será necessária a adoção de medidas emergenciais por parte das cidades afetadas. Dentro deste contexto, o Gabinete de Acompanhamento de Crise do MPPE se reuniu, na tarde desta quinta-feira (2), e recomendou aos promotores de Justiça do Ministério Público de Pernambuco que intervenham junto às prefeituras dos municípios atingidos e suas respectivas secretarias municipais.

O Gabinete de Acompanhamento de Crise recomenda aos promotores a instalação de seus respectivos gabinetes de crise para o enfrentamento dos danos causados, a adoção das medidas administrativas cabíveis junto às comunidades para a garantia de alimentos, colchões, água, absorventes, lonas, materiais de limpeza, de higiene pessoal, vestuário e roupas íntimas novas, entre outros itens de necessidade prioritária.

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Também estão entre as recomendações a adoção de providências junto aos setores públicos de saúde, assistência social e de direitos humanos, garantindo fornecimento de apoio psicossocial às famílias com vítimas fatais ou significativas perdas materiais, a tomada de providências junto aos coordenadores municipais de Defesa Civil para que priorizem buscas, com a mobilização do Corpo de Bombeiros local, além da adoção de medidas urgentes no sentido de viabilizar o sepultamento de cadáveres ainda sem documentos.

É recomendada ainda a expedição de ofícios aos representantes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, para que reforcem a fiscalização e monitoramento das áreas de risco, bem como para que atendam emergencialmente as comunidades necessitadas, a identificação dos locais onde haja imigrantes ou refugiados, além de população de rua, oficiando às Secretarias de Assistência e de Desenvolvimento Social para que possam provê-los de alimentos, materiais de higiene e espaços de abrigamento e a adoção de medidas administrativas junto à Compesa e Neoenergia, para que tratem as questões atinentes à falta de água e de energia elétrica nas comunidades afetadas.

O MPPE recomenda também o cadastramento dos municípios que tiveram áreas afetadas em razão das fortes chuvas no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres – S2ID e a contabilização pelas Secretarias de Saúde das perdas de insumos destinados à assistência à saúde da população, como vacinas, seringas, insulinas e medicamentos, entre outros.

Por fim, o Gabinete de Acompanhamento de Crise também decidiu recomendar aos coordenadores dos Centros de Apoio Operacional (CAOs) do MPPE, de acordo com a respectiva atribuição, para que prestem informações e deem o apoio necessário aos membros ministeriais que atuam nos municípios em situação de emergência ou estado de calamidade pública, garantindo a concretização das medidas indicadas, além da expedição de eventuais notas técnicas, realização de reuniões e adoção de outras ações que entenderem pertinentes, respeitando-se a independência funcional.

O Corpo de Bombeiros confirmou a localização de mais uma vítima das chuvas, no início da tarde desta quinta-feira (2), em Paulista, Região Metropolitana do Recife. O homem resgatado havia sido levado pela enxurrada e foi encontrado no Rio Catolé, próximo ao centro daquela cidade. Com mais essa vítima localizada, sobe para 127 o total de óbitos confirmados. Os bombeiros seguem procurando por uma senhora, soterrada em um deslizamento na comunidade do Areeiro, em Camaragibe.

Com o trabalho de resgate concentrado agora em apenas um ponto, e com os corpos das demais 127 vítimas já registrados pelo Instituto de Medicina Legal, o Governo de Pernambuco divulgou a lista nominal das pessoas mortas em consequência das chuvas.

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1. ROSIMERY SILVA DE OLIVEIRA – 47 ANOS 

2. SÉRGIO PIMENTEL DOS SANTOS – 53 ANOS 

3. JOSÉ CLÁUDIO DA SILVA – 62 ANOS 

4. AUREOGILDO ANTÔNIO DE VASCONCELOS JÚNIOR – 36 ANOS 

5. ALEX RODRIGO DA LUZ – 41 ANOS 

6. MARCELO ANDRE DA SILVA – 34 ANOS 

7. MIKAEL ANDRE OLIVEIRA DA SILVA – 12 ANOS 

8. LEONARDO PEREIRA DE LEMOS – 32 ANOS 

9. JOSE FELIPE DOS SANTOS – 35 ANOS 

10. EZEQUIAS JOSÉ DE OLIVEIRA – 42 ANOS 

11. FABRICIA REGINA XAVIER GOMS DA SILVA – 11 ANOS 

12. LUANNA BEATRIZ SILVA DE OLIVEIRA – 19 ANOS 

13. JOSÉ FELIPE DE SOUZA – 20 ANOS 

14. PEDRO HENRIQUE LUIZ DOS SANTOS – 13 ANOS 

15. FLÁVIA JAQUELINE CARLOS NEVES - 36 ANOS 

16. ANDREZA CARLA DO NASCIMENTO AGUIAR – 31 ANOS

17. RAYSSA MARIZE DE SOUZA SILVA - 25 ANOS

18. ANDERSON DO NASCIMENTO AGUIAR – 28 ANOS 

19. ROSENILDA MARIA DE OLIVEIRA DA SILVA - 42 ANOS 

20. RAYONARA RIBEIRO DE OLIVEIRA – 31 ANOS 

21. ELIZANGELA DA SILVA ROCHA - 35 ANOS 

22. THAYS LUCIA OLIVEIRA DA SILVA - 22 ANOS

23. BEATRIZ SANTOS DA SILVA – 1 ANO 

24. JOSE ESTEVÃO DE AGUIAR - 71 ANOS 

25. THAYS THAYANA SOARES DOS SANTOS – 13 ANOS 

26. EMILY MARQUES ROCHA DE LIMA - 4 ANOS 

27. KAIQUE MARQUES ROCHA DE LIMA – 7 ANOS 

28. HELENA BEATRIZ SOUZA DOS SANTOS – 4 ANOS 

29. MARIZE MARIA DE SOUZA SILVA - 43 ANOS 

30. FABIO AGUIAR DOS SANTOS – 32 ANOS 

31. CLAUDEMIR BARBOSA DE SÁ FILHO – 18 ANOS  

32. MARIA JOSE GOMES SILVA – 81 ANOS  

33. ROSANA SILVA DE OLIVEIRA - 27 ANOS 

34. IRANILDA MARIA JOSE DA SILVA – 43 ANOS  

35. ELIZA BEATRIZ DE SOUZA – 1 ANO 

36. ANTONY MIGUEL DE SOUZA SILVA - 0 ANO 

37. RICHARLYSON ANDRE AGUIAR DA SILVA - 11 ANOS 

38. JOSE AILTON OLIVEIRA DOS SANTOS - 34 ANOS

39. FRANCISCA AGUIAR DOS SANTOS - 63 ANOS 

40. VILMA MARIA XAVIER - 53 ANOS 

41. LUCAS RICARDO AGUIAR DA SILVA - 9 ANOS 

42. IVANDEQUE CARLOS DE LIMA – 47 ANOS  

43. MARIA VANDEILZA RAMOS DE AGUIAR – 59 ANOS  

44. RUMANY CANDIDO DA SILVA JUNIOR - 7 ANOS 

45. OTAVIO DA SILVA VIEIRA - 49 ANOS 

46. MIGUEL ANDRÉ OLIVEIRA DA SILVA - 4 ANOS 

47. MAURO JORGE CARDOSO - 61 ANOS 

48. YASMIM ROCHA DA SILVA - 9 ANOS

49. ADRIELE SANTOS ROCHA - 33 ANOS

50. CAMILY FERREIRA DE LIMA - 8 ANOS

51. RUBEM ROCHA ALBERTO DA SILVA - 12 ANOS

52. PAULO GAEL SILVA DE ALMEIDA - 1 ANO

53. ARTHUR TOMÉ DA SILVA – 19 ANOS 

54. MARIA DE LOURDES DA SILVA - 62 ANOS

55. CELSO ALEXANDRE DE FRANÇA - 37 ANOS

56. JOSEILDO ANTÔNIO DA SILVA FILHO – 25 ANOS 

57. MARIA CRISTINA DA SILVA – 55 ANOS 

58. LUIS CARLOS DOS SANTOS - 39 ANOS

59. MARCOS ANTONIO DA SILVA - 51 ANOS

60. ROSILEIDE DA SILVA - 46 ANOS

61. MARIA DE LOURDES SILVA CORREIA - 69 ANOS

62. LUCIANO JOSÉ DE SANTANA - 47 ANOS

63. EDSON PEREIRA DOS SANTOS - 63 ANOS

64. SHIRLEIDE RONILDA SILVA DOS SANTOS - 54 ANOS

65. ALICE REBECA DA SILVA - 6 ANOS

66. MAURICÉIA RUFINO DA SILVA - 38 ANOS

67. ROBERT RODRIGO DA SILVA - 13 ANOS

68. ISRAEL CECILIO DA SILVA SEBASTIÃO - 28 ANOS

69. JOSÉ SEVERO FILHO - 75 ANOS

70. LANA BEATRIZ DA SILVA - 6 ANOS

71. MANOEL JORGE DA HORA - 84 ANOS

72. GELMINIA MARIA DA SILVA SEBASTIÃO - 33 ANOS

73. MAURÍCIO LUIZ DA SILVA - 43 ANOS

74. PAULO JOSÉ DA SILVA - 47 ANOS

75. FELIPE GABRIEL LIMA FARIAS - 4 ANOS

76. ALDERICE MARIA DA SILVA - 61 ANOS

77. HADASSA LIMA DA SILVA - 3 ANOS

78. VICTOR HENRIQUE SILVA DE LIMA - 1 ANO

79. JAIDETE LIMA DE FRANÇA - 39 ANOS

80. REGINALDO ROMÃO PAIXÃO - 81 ANOS

81. SEVERINA MARIA DA SILVA - 43 ANOS

82. EMILY MARIA SILVA DO NASCIMENTO - 20 ANOS

83. CLEIBSON GOMES DOS SANTOS - 25 ANOS

84. IZAQUE JOSE DA SILVA - 30 ANOS

85. LUCI MARIA DA SILVA - 48 ANOS

86. MATHEUS DA SILVA RAMOS - 16 ANOS

87. ELAINE MARIA DA SILVA - 26 ANOS

88. KEVEN DEYVSON DA SILVA GOUVEIA - 16 ANOS

89. SAMUEL HEYTOR NERY MORAES PEREIRA - 14 ANOS

90. FRANCISCO CLAUDINO DE OLIVEIRA -  61 ANOS

91. GERSON VICENTE DA SILVA - 60 ANOS

92. PAULO FIRMINO ABREU DOS SANTOS FILHO - 3 ANOS

93. ALYSSON FERREIRA BARROS -  43 ANOS

94. Identidade desconhecida – masculino 

95. DJALMA DOS SANTOS ALMEIDA - 70 ANOS

96. KETLLYN MANUELLE ROCHA DA SILVA - 23 ANOS

97. LUCAS ANDRE NEVES DA SILVA - 14 ANOS

98. MARIA JOSE DA SILVA  - 56 ANOS

99. GILVAN SEVERINO DA SILVA - 35 ANOS

100. NADINE FENELON VALLOIS - 26 ANOS

101. ANDREZA FRAGOSO DA SILVA  - 30 ANOS

102. TELMA MARIA MACIEL ABREU DOS SANTOS - 40 ANOS

103. GEORGE GASPAR BISPO  - 40 ANOS

104. WANDERSON FERREIRA COSTA - 27 ANOS

105. LEANDRO SEVERINO FRANCO - 37 ANOS

106. ASLAN CABRAL DA SILVA - 20 ANOS

107. FLÁVIO DE SOUSA FERREIRA - 48 ANOS

108. RUTH SOARES DA CONCEIÇÃO - 49 ANOS

109. LUCINALVA MARIA DE SOUZA - 57 ANOS

110. EDMILSON DANTAS DA SILVA - 55 ANOS

111. ROSIMAR CANDIDA PEREIRA - 57 ANOS

112. THAIS REGINA RAMOS FEITOSA - 31 ANOS

113. RN DE EDNA JOSE DA SILVA - 0 ANO

114. JEFFERSON MENDES DE LIMA - 38 ANOS

115. WESLEY SEBASTIÃO DA SILVA - 27 ANOS

116. WILDLANE MARIA SILVA DE SANTANA - 26 ANOS

117. GABRIELLE SOPHYA CALAÇA DA SILVA - 6 ANOS

118. GABRIELA MENDES DA SILVA - 24 ANOS

119. FABIO LUIZ CALAÇA GOMES - 41 ANOS

120. ARTHUR CABRAL DA SILVA - 7 ANOS

121. JOSÉ MELO DA SILVA - 70 ANOS

122. JOSÉ PEDRO DE SOUZA - 56 ANOS

123. TERESA BEZERRA DE SOUZA -  81 ANOS

124. MARIA HELENA RIBEIRO - 45 ANOS

125. ULISSES VINÍCIUS BEZERRA DOS SANTOS - 21 ANOS

126. MARIA JOSE DA SILVA - 61 ANOS

127.    ÉRICO JOSÉ DE ARAÚJO – 35 ANOS.

Ainda que, sobretudo neste ano de 2022, as fortes chuvas na Região Metropolitana do Recife e o descaso da gestão estadual e municipal tenham causado vários desastres com, pelo menos, 127 pessoas mortas entre soterradas pelos deslizamentos das barreiras ou em decorrência das fortes enxurradas, as palafitas também são afetadas pelas chuvas. 

No dia 6 de maio deste ano, as palafitas de uma comunidade do Pina, Zona Sul do Recife, mais conhecida como Beco do Sururu, foram atingidas por um incêndio que deixou cerca de 180 famílias desabrigadas. Sem ter para onde ir e até para conseguir ter acesso ao programa de habitação da Prefeitura do Recife, muitas famílias tiveram que ficar e se alojar na casa de alguém. 

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A diarista Verônica Maria, de 47 anos, que mora no Beco do Sururu, local que foi incendiado, há 10 anos, contou que a comunidade não tem recursos e que a chuva é "devastadora". "As consequências das chuvas aqui são muito fortes e é devastador. Tem um muro aqui e nessa última chuva que deu e encheu tudo, o muro cedeu, veio terra e tudo na casa de Dani [uma moradora] e graças a Deus não aconteceu coisa pior com ela e os cinco filhos. A água devasta mesmo, e ainda correndo o risco de ter mais incêndio", disse. 

->> ‘Pai, por que a gente mora aqui?’: O enredo das palafitas

Verônica contou que tem um barraco no Pier que foi afetado pela chuva e caiu. "A prefeitura tá indenizando, estão faltando pessoas que têm barraco, são donos e estão fora desse programa [de Habitação]. Eu sou uma dessas pessoas que estão fora e eu não sei porquê. Na segunda-feira nós vamos na Câmara dos Vereadores para ver como fica isso, porque indeniza uns e outros não", contou. 

"A chuva aqui é um caos, só vendo mesmo", relatou a diarista. "Quando a minha casa caiu eu perdi um fogão, mesa, geladeira, e mesmo sem condições eu tive que ir morar num apartamento; deixei meu barraco aí, mas tem muita gente aqui sem condições de fazer a mesma coisa, tem gente que vive na casa de parente". 

Iaramir Oliveira ficou desempregada após o incêndio das palafitas pela necessidade de estar em casa quando "a prefeitura passa pra fazer o cadastro". "A minha patroa não permitiu que eu fosse lutar pelo meu barraco". Ela contou que molha tudo quando chove, e se a maré estiver cheia, não se pode entrar e/ou sair de casa. "Quando a maré enche e chove quem está aqui dentro [do barraco] não pode sair, porque a maré chega até ali em cima [altura do píer] e a gente tem que ficar esperando ela descer para poder sair ou entrar. Já perdi móvel, televisão, com as chuvas. Teve uma que derrubou um móvel e eu aproveitei as tábuas dele para fechar a parece que abriu toda por conta da água", contou. 

Iaramir expressou nunca ter visto uma chuva como a que aconteceu no último fim de semana, quando houve os deslizamentos das barreiras. "Essa chuva foi uma experiência muito ruim para todo mundo, porque foi a que mais marcou esses anos todos que eu tenho vida. Essa foi a pior. Tenho dois netos que estão desabrigados por conta da chuva e está todo mundo comigo na casa da minha irmã, que mora nos prédios". Ela teve que sair do barraco que mora porque não há condições de ficar nele quando chove. 

->> Medo e incerteza marcam pós-incêndio nas palafitas do Pina

Rosineide Maria, que está desempregada, mora há oito anos nas palafitas, mas perdeu o barraco no incêndio e agora está junto com a amiga, Iaramir. "Já vi muita chuva, mas nunca igual a essa. Quando ela [a amiga] vai embora [para a casa da irmã], eu fico e durmo aqui e quando enche eu vou para outro canto. Dá muito medo de o barraco cair com tudo aqui dentro", lamentou. 

A doméstica Maria das Dores, de 53 anos, contou que precisava sair de casa quando chovia forte, antes da sua casa pegar fogo no incêndio. "Quando cheguei já tava tudo queimado. Perdi tudo e agora eu tô dormindo lá no trabalho. Quando eu tava aqui e chovia, molhava tudo. Essa chuva de vento molhava a cama, enchia tudo. A parede ficava balançando com o vento. Quando a maré tava muito cheia, às vezes, eu saia para dormir na casa das colegas com medo", relatou.

Na Vila do Capuí, também no Pina, Zona Sul do Recife, dona Maria Geilza, moradora do local há mais de 15 anos, explicou ter ido parar numa palafita por falta de condições e falou das dificuldades de quando chove. "Eu não tenho condição de pagar um apartamento, um teto. Eu sou sozinha. Se tivesse condição a gente não morava aqui com rato, chuva. A gente mora numa comunidade dessa porque precisa. Se não precisasse, ninguém morava, porque só sabe as condições quem mora", afirmou. 

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Morar em palafita é para além da maré alta, envolve falta de saneamento básico, sujeira. É viver em meio ao crime, aos ratos, muitas vezes sem ter o que comer e a falta de atenção da gestão. É ter medo do fogo, da chuva e até do vento. "Meu barraco já caiu duas vezes. Uma vez foi por causa da chuva, e a outra, os paus tudo podre por causa da água. Nem posso ficar muito onde lavo os pratos [fora de casa] porque as pontes estão caindo, tenho que arrumar dinheiro, pedir ajuda aos outros para poder fazer. Agora, nessa chuva, a minha casa tá toda molhada. Meu menino já botou um plástico na cama e eu tenho que comprar madeira para colocar, porque tá tudo molhado dentro da minha casa", relatou, preocupada.

->> Moradores do Beco do Sururu se amparam na fé

"Já perdi documentos e várias outras coisas por conta da água que invade o barraco da gente, invade a casa, o barraco da gente cai. A gente não tem dinheiro e vai pedir ajuda a um, a outro. Tem muitos que ajudam como podem. É uma luta só morar num lugar desse, só mora quem precisa", completou. "Quando a maré tá cheia enche os barracos de água, é muito mosquito de noite, muito rato. Cada rato em tempo de carregar uma pessoa. É muita coisa aqui dentro para quem mora em palafita, e agradeço a Deus porque tenho esse pedacinho de maré que me deram para eu morar, porque tem gente que nem onde morar, tem".

Ela também falou sobre o medo da chuva: "Eu fico com muito medo quando chove, quando dá aqueles trovões, aqueles relâmpagos. Às vezes é um vento tão grande que dá nos barracos que eles até balançam, arrasta telha, arrasta tudo".

A maior vontade de dona Geilza é "ganhar o meu cantinho para sair daqui do meio dos ratos". "Agora a gente pede a Deus que saia o nosso apartamento. Eu vivo de um trabalho aqui, outro acolá, um bico ali, e também vivo de ajuda".

O Corpo de Bombeiros encontrou o corpo da vítima desaparecida na Rua Meia Lua, em Paratibe, Paulista, desde o dia 29 de maio. De acordo com os bombeiros, o corpo foi encontrado no bairro de Catolé, também em Paulista, em avançado estado de decomposição. O corpo foi entregue ao Instituto de Medicina Legal para ser reconhecido e identificado. 

O corpo da vítima que foi levado pelas enxurradas estava sendo procurado por mergulhadores do Corpo de Bombeiros e da Marinha do Brasil.

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Por conta da ausência da Prefeitura na região, sobretudo após as fortes chuvas e os deslizamentos, os moradores de Jaboatão dos Guararapes fecharam a Estrada Eixo da Integração (PE-017), em frente ao Restaurante O Gonzagão, na manhã desta quinta-feira (2). 

Dezenas de pessoas se reuniram e queimaram pneus, colchões e sofás velhos, interditando o trânsito na localidade. Os manifestantes afirmam que estão sem água, que suas casas continuam cobertas por lamas e que não há o apoio da prefeitura no local. 

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A Compesa, por sua vez, informou que o abastecimento de água foi retomado na localidade na quarta-feira (1º). Na segunda-feira (30), a prefeitura declarou que o governo federal liberou R$ 2,3 milhões para o custeio dos abrigos no município. 

De acordo com a gestão, mais de 20 toneladas de cestas básicas já foram entregues e as equipes continuam indo às comunidades para realizar a distribuição dos alimentos. Ela também informou que os moradores que foram atingidos pelas chuvas estão recebendo colchões, roupas, fraldas descartáveis, produtos de higiene pessoal, limpeza, e até rações para animais.

"Essas pessoas continuarão sendo cuidadas pela gestão municipal até que possam retornar às suas casas. Quem perdeu os imóveis nos desabamentos de barreiras ou alagamentos sera cadastrado para ter direito ao auxílio-moradia". O órgão afirmou que acolhe 961 desabrigados em 17 abrigos. 

Pernambuco registra, nesta quarta-feira (1º), 120 mortos em decorrência das fortes chuvas no estado. O Corpo de Bombeiros localizou mais cinco vítimas dos temporais registrados no fim de semana na Região Metropolitana do Recife e no interior do Estado. Duas pessoas foram encontradas na Vila dos Milagres, no Recife, duas em Jaboatão dos Guararapes (uma no Curado IV e outra que havia sido levada pela enxurrada) e uma na cidade de Limoeiro, no Agreste.

Além disso, após investigação social, o Instituto de Medicina Legal constatou que mais nove corpos que deram entrada no serviço, vindos de unidades de saúde, também eram de pessoas que morreram em consequência dos temporais registrados desde o dia 25 de maio. 

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As buscas por desaparecidos em deslizamentos continuam na Vila dos Milagres, no Curado IV e na comunidade do Areeiro, em Camaragibe. Uma pessoa levada pela enxurrada em Paratibe, Paulista, permanece sendo procurada por mergulhadores do Corpo de Bombeiros e da Marinha do Brasil. Já o número de desabrigados subiu para 7.312 pessoas, que estão em 66 abrigos distribuídos em 27 municípios.

 

A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) renovou o alerta de chuvas nesta terça-feira (31). De acordo com a previsão, existe a possibilidade de pancadas de chuva de intensidade moderada na noite de hoje e na madrugada de quarta-feira (1º) na Mata Sul, Região Metropolitana do Recife e Mata Norte.

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O alerta emitido é amarelo, o que indica risco moderado de chuva. Até a publicação desta matéria, o número de mortos em decorrência das fortes chuvas em Pernambuco é de 106 pessoas.

 

As fortes chuvas na Região Metropolitana do Recife do último fim de semana ocasionou vários desastres, como a queda de barreiras que vitimou várias pessoas. Em Milagres, no Ibura, Zona Sul do Recife, uma família espera encontrar o corpo de dona Tereza Raimundo Bezerra, de 84 anos, e do seu neto, Ulysses Bezerra, de 22 anos, que estão soterrados desde a manhã do último sábado (28) com a queda da barreira.

Aguardando qualquer sinal para que a mãe possa ter um velório e um enterro que represente a "mãe guerreira" que dona Tereza foi, Adriana Bezerra, moradora de Coqueiral, está no Ibura desde o ocorrido. "A minha mãe e meu sobrinho estão desaparecidos, e por conta de três minutos o meu irmão que tinha saído de casa também não está. Ele saiu e quando olhou para trás já estava tudo desabando. A minha mãe ia fazer o café da manhã", disse à reportagem dLeiaJá nesta segunda-feira (30)

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De acordo com Adriana, já foram encontrados o RG, cartão do SUS e um outro pertence da mãe. "E uma correntinha que vieram me entregar para ver se eu identificava. É dela a correntinha [disse, olhando para uma foto em que a mãe estava com a mesma corrente]. Não tenho palavras, é muita dor. No começo dá esperança de que sobreviva, há esperança, mas devido às consequências que estamos vendo, a gente tem que aceitar a realidade. Eu só quero que encontre o corpo da minha mãe para que ela tenha um enterro decente e um velório como o ser humano bonito que a minha mãe foi, e guerreira. São dias de angústia e desespero, porque são dois seres humanos, e as outras famílias. A minha mãe é a minha mãe. Aquela dor. Ela estava com toda a saúde do mundo, minha mãe foi uma mulher guerreira, não tinha um problema de saúde que não fosse normal", expressou. 

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Neto de dona Tereza e primo de Ulysses, Richardson, de 26 anos, estava ajudando os militares do Corpo de Bombeiros e do Exército a encontrar os corpos. "A casa da minha avó foi levada pela avalanche que acabou destruindo tudo aqui. Estou aqui desde sábado. Quando recebemos a notícia eu vim pra cá ajudar os Bombeiros e o pessoal que está se movendo para tentar localizar os corpos. Estamos auxiliando aqui, junto com os bombeiros daqui e de outros estados. Acredito que se não encontrar hoje, no máximo, amanhã vão encontrar o corpo do meu primo, da minha avó e dos outros familiares que estão aí também", disse. 

Andreia Bezerra é sobrinha de dona Tereza e contou à reportagem que está aguardando os corpos dos familiares perdidos junto com a família. "Até agora não nenhum foi encontrado, mas estamos tendo toda assistência. A filha dela [de dona Tereza], Adriana, e as filhas dela [de Adriana] estão aqui comigo aguardando. Eu vim hoje, mas a minha prima e a filha estão desde ontem aqui, e o meu primo que mora com ela está desde sábado. Ele [o primo], tinha acabado de sair de casa e em três minutos desceu todo o barro, aí não deu tempo de fazer nada. É tristeza. Muita dor. Foi muita chuva. É muito barro e muita areia lá dentro. Está todo mundo ajudando a família como voluntário, mas tudo o mais rápido possível para que encontre hoje, não só o corpo dela, mas todos. Outras pessoas que estão com parentes soterrados também estão sofrendo", afirmou. 

Trabalho do Corpo de Bombeiros

O Cel do Corpo de Bombeiros Robson Roberto e diretor de Operações da Região Metropolitana do Recife explicou que a região de Milagres teve cerca de 10 casas desabadas. "Desde então o Corpo de Bombeiros se fez presente no local, não só de Pernambuco, mas também da Paraíba e da Bahia. A maior dificuldade aqui é o acesso. O volume de massa a ser retirado é grande, apesar de termos voluntários que estão ajudando muito, inclusive com fornecimento de água e alimentação. Temos também um binômio, como a gente chama, que é a composição do militar com o cão, e já fez alguns indicativos que acredito que estejamos próximos de encontrar possíveis pessoas".  

O indicativo é de seis a oito pessoas ainda desaparecidas no local, sendo quatro crianças. "A gente precisa resgatar e o bombeiro só sai quando acabar. A trégua da chuva ajuda muito e tenho certeza que vai ajudar bastante com essa retroescavadeira, eles estão tentando abrir mais acessos porque o trabalho é braçal, volumoso, que tem que ser feito no braço e é muito demorado, mas assim que essa retroescavadeira conseguir fazer esse avanço, vamos ter ainda mais sucesso na operação", afirmou Robson Roberto

Nenhum corpo havia sido encontrado até a saída da reportagem do LeiaJá do local. 

A Secretaria de Educação de Olinda suspendeu as aulas da próxima segunda-feira (30), por conta das fortes chuvas. Em nota, a pasta detalhou a previsão de mais chuvas para os próximos dias, visando a impossibilidade das famílias e alunos terem acesso às unidades de ensino.

A Região Metropolitana do Recife (RMR) sofreu com fortes chuvas neste sábado (28). Ao total, a Defesa Civil contabiliza 34 mortes durante a semana. Todos os óbitos foram ocasionados por deslizamentos de barreiras.

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O governador Paulo Câmara (PSB) sobrevoou, no final da tarde deste sábado (28), as áreas mais atingidas pelas chuvas na Região Metropolitana do Recife. Câmara pôde conferir a extensão dos estragos e os trabalhos dos mais de 1,2 mil profissionais do Corpo de Bombeiros, Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe), Polícia Militar e Assistência Social que estão mobilizados no atendimento às vítimas. Três helicópteros da Secretaria de Defesa Social, além de embarcações e veículos pesados participaram dos salvamentos.

Paulo Câmara frisou que o Grande Recife registra várias ocorrências ao mesmo tempo e que a força-tarefa será intensificada com as Forças Armadas. “Sobrevoamos as cidades da Região Metropolitana, inclusive a localidade de Jardim Monteverde. Temos várias ocorrências em diferentes locais ao mesmo tempo e nossas equipes estão todas empenhadas. Já chamamos todo mundo que estava de folga para o serviço e o nosso efetivo está nas ruas. Vamos procurar intensificar isso com essas ajudas que estamos solicitando, desde as nomeações dos novos bombeiros, como também Forças Armadas e profissionais dos estados vizinhos”.

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A Região Metropolitana do Recife, a Zona da Mata e o Agreste de Pernambuco registraram das 6h dessa sexta-feira até as 6h deste sábado precipitações acima de 100 mm. Itapissuma e Itaquitinga tiveram mais chuva nesse período do que o total previsto para todo o mês de maio. Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, São Lourenço da Mata, Igarassu e Abreu e Lima registraram precipitações acima de 200 mm em 24 horas.

Da última quarta-feira (25) até o meio-dia deste sábado foram registrados 34 óbitos no Estado. As mortes ocorreram no Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Camaragibe. O total de desabrigados por conta de deslizamentos chega a 1.026. A APAC renovou o alerta de chuvas por mais 24 horas. A orientação é que a população que mora em áreas de risco busque locais seguros para passar a noite, entrando em contato com os serviços de Defesa Civil dos municípios.

Em decorrência do volume expressivo de chuvas registrado nas últimas 24 horas e do alerta vermelho emitido pela APAC, na Região Metropolitana do Recife, a Compesa informa que o abastecimento de água foi suspenso totalmente em alguns municípios da região e, em outros, de forma parcial. Diversas unidades operacionais da Companhia estão paralisadas por falta de energia elétrica ou por medida de segurança, em conformidade com o protocolo de abastecimento em áreas de risco e, ainda, conforme orientações das Defesas Civis dos municípios.

No Recife, o abastecimento dos bairros do Curado 4 e Curado 5 está sendo impactado pelas fortes chuvas registradas e, ainda, por quedas de energia elétrica. Já em Olinda, o abastecimento também está comprometido. A Compesa está atendendo o município com apenas 50% da sua produção normal, o que está ocasionando queda de pressão e falta de água em alguns pontos.

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Já em Jaboatão dos Guararapes, de forma preventiva, foi suspenso, desde a noite de ontem (27), o fornecimento de água em Dois Carneiros, Jardim Quitandinha, Zumbi do Pacheco, UR-11 e Alto Santa Rosa. Em consequência das chuvas das últimas 24 horas, foram paralisadas, neste sábado (28), duas unidades de bombeamento, além das estações elevatórias de Sucupira e de Jardim Jordão. Em virtude dessa situação, outras áreas do município tiveram o fornecimento de água suspenso: Muribequinha, Jaboatão Centro, Santana e Socorro.

Em Paulista, também de forma preventiva, foi suspenso, ontem, o abastecimento de água da Vila Torres Galvão e de Arthur Lundgren I e II, em atendimento ao protocolo de segurança para áreas de morros consideradas de risco pela Defesa Civil do município. Devido à saturação do solo, a previsão de retorno é amanhã (29), no período da manhã, dependendo da intensidade das chuvas e das orientações dos órgãos de defesa. Também se encontra afetado o abastecimento de água do Conjunto Antônio Maria, Lot. Alameda, Jaguarana, Riacho de Prata I, parte de Maranguape 2 e parte do bairro de Pau Amarelo, devido à interrupção do fornecimento de energia nas unidades que atendem essas áreas.

Em Camaragibe, o abastecimento foi suspenso para todo o município. Em Moreno, houve o rompimento de um componente em um conjunto de bombas da ETA Moreno, o que provocou a suspensão do fornecimento em algumas localidades da cidade, cujo calendário de distribuição seria neste sábado (28). As áreas afetadas foram: Bela Vista (parte alta), Galinha D'água, João Paulo II (parte baixa), COHAB, Alto da Estrela e Alto da Liberdade.

Na cidade de São Lourenço da Mata, o rompimento de parte da ponte velha do município arrastou trecho da tubulação que passa no local, responsável pelo atendimento do Parque Capibaribe. Para conter o fluxo de água na tubulação para os devidos reparos, foi necessário suspender a operação da Estação de Tratamento de Água - ETA Várzea Una, fato que impacta no abastecimento de toda a cidade.

Equipes de plantão da Compesa estão atuando nas situações de emergência. A Neoenergia também está sendo notificada para o restabelecimento da energia elétrica nessas unidades. A Companhia pede a compressão dos moradores e informa que todos os esforços estão sendo feitos para a normalização operacional dos seus sistemas, tão logo as condições sejam favoráveis e em alinhamento com as Defesas Civis dos municípios. À medida que o abastecimento seja restabelecido, a população será comunicada.

A Compesa reforça que está à disposição para entendimento pelo 0800 081 0195, no site www.compesa.com.br, e no aplicativo Compesa Mobile.

A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) renovou, novamente, o alerta de chuvas para o estado. De acordo com a Apac, a previsão do tempo indica continuidade de chuvas moderadas a forte, principalmente na noite e madrugada, com redução gradual ao longo do domingo (29), na Mata Norte, Região Metropolitana do Recife, Agreste e Mata Sul.

O alerta da Apac segue vermelho, o que significa risco muito alto de chuva. Só neste sábado, devido aos desabamentos das chuvas, a Defesa Civil já registrou 30 óbitos, totalizando 34 mortes com as que ocorreram ao longo da semana.

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As cidades Olinda, Paulista e Jaboatão dos Guararapes decretaram, neste sábado (28), situação de emergência por conta das fortes chuvas que atingem as cidades desde o início da semana.

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O secretário de Defesa Civil de Olinda, Carlos D’Albuquerque, explicou que o decreto prevê o reforço pelas outras esferas da União e também possibilita a rapidez nos processos de contratação de pessoas e insumos. O decreto tem durabilidade de 120 dias, podendo ser revogado ou prolongado a depender da necessidade. 

Em Paulista, a prefeitura decretou situação de emergência na cidade devido às fortes chuvas. A cidade registrou 141 mm de chuvas nas últimas 24 horas. O decreto autoriza a mobilização de todos os órgãos municipais para atuarem sob a coordenação da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil.

De acordo com publicação no site da prefeitura, a medida foi tomada para dar agilidade às ações do governo municipal considerando os danos decorrentes das fortes chuvas. Também está autorizada a convocação de voluntários para reforçar as ações de resposta aos desastres e a realização de campanhas de arrecadação de recursos junto à comunidade.

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Já em Jaboatão dos Guararapes, com publicação em edição extraordinária no Diário Oficial deste sábado, o decreto garante mais agilidade para que a gestão possa tomar as medidas administrativas necessárias para minimizar os transtornos e apoiar a população. O município já registrou mais de 260mm de chuvas nas últimas 24 horas, sendo o maior índice em 30 anos, de acordo com a gestão municipal. A prefeitura da cidade informou, ainda, que o ministro da Cidadania, Ronaldo Vieira Bento, deverá estar em Jaboatão neste domingo (29), ao lado do prefeito, para anunciar as medidas emergenciais.

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Ainda em Jaboatão, de acordo com a Defesa Civil da cidade, já foram atendidos mais de 500 chamados com prioridade aos casos de vítimas de quedas de barreiras. Os imóveis estão sendo interditados e os desabrigados acolhidos em abrigos. As pessoas que estão desalojadas estão sendo orientadas a se abrigarem nas casas de familiares.

Além do Sport e do Náutico, em razão das fortes chuvas na Região Metropolitana do Recife, o Santa Cruz Futebol Clube também se colocou à disposição das autoridades municipal e estadual para abrigar pessoas atingidas pelas fortes chuvas deste sábado (28).

No Twitter, o clube salientou a solidariedade às pessoas atingidas pelas inundações. “O Santa Cruz, em solidariedade às vítimas desabrigadas, coloca à disposição das autoridades do Recife e do Governo do Estado, as dependências do Arruda, para abrigar as pessoas atingidas pelas chuvas que provocaram inundações e quedas de barreiras na capital e cidades”.

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O Grande Recife registrou, até o momento, 34 mortes por deslizamento de barreira neste sábado (28). Destes, cinco óbitos foram contabilizados durante a semana, e os outros 29 somente hoje.

Na capital pernambucana, foi registrada uma morte no Córrego do Jenipapo e outra no Sítio dos Pintos, além de outras 19 pessoas que morreram em um deslizamento no Ibura, em Jardim Monte Verde, Zona Sul do Recife. Em Camaragibe, seis pessoas morreram numa queda de barreira na manhã de hoje, enquanto duas criaças faleceram na comunidade Bola de Ouro, em Jaboatão dos Guararapes.

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As fortes chuvas que atingiram o Grande Recife e a Zona da Mata durante a semana provocaram a morte de cinco pessoas: José Cláudio da Silva, de 62 anos, que morreu soterrado no deslizamento de uma barreira no Córrego do Abacate, em Olinda; Aureogildo Antônio de Vasconcelos Júnior, de 36 anos, que caiu em um canal na Avenida Presidente Kennedy, em Olinda; Alex Rodrigo da Luz, de 41 anos, que foi arrastado pela correnteza enquanto tentava resgatar um cavalo numa rua alagada no Conjunto Muribeca, em Jaboatão, e o casal Rosemary Oliveira da Silva, de 44 anos, e Sérgio Pimentel dos Santos, de 54 anos, que foram soterrados em um deslizamento no Córrego do Abacaxi, em Caixa D’água, em Olinda. 

De acordo com o balanço da Defesa Civil do Recife, das 19h da sexta-feira (27), às 10h deste sábado (28), o órgão recebeu 198 chamados da população, entre pedidos de vistoria e solicitações de lona plástica. O Samu Metropolitano do Recife recebeu 57 chamadas nas últimas horas, sendo 26 para atendimentos na capital pernambucana, 22 para Jaboatão dos Guararapes e nove em Camaragibe.

O corpo de Aureogildo Antônio de Vasconcelos Júnior, mais conhecido como Gildo, foi encontrado nesta quinta-feira (26), no Rio Beberibe, Zona Norte do Recife. O corpo desapareceu com as fortes chuvas da noite de terça-feira (24), ao tentar atravessar a Avenida Presidente Kennedy, em Olinda, que estava alagada. 

O corpo foi encontrado por pessoas que faziam a busca na região por conta própria. Eles retiraram o cadáver da água e acionaram o Corpo de Bombeiros, que foi até o local. 

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O irmão da vítima, Agildo Antônio de Vasconcelos, contou ao LeiaJá que o seu irmão estava voltando para casa na noite de terça após se encontrar com amigos da pelada. "Ele parou em um posto, mas resolveu passar. O pessoal disse que não, mas ele e outro resolveram passar. Por azar do destino, a moto dele caiu e ele também, e acabou sendo levado pela correnteza". A motocicleta foi encontrada dentro do rio na quarta-feira (25). 

Ainda na manhã de hoje, parentes e amigos do homem desaparecido realizaram outro protesto, que iniciou por volta das 6h, pedindo o retorno das buscas pela vítima. Eles já tinham realizado uma outra manifestação no final da tarde para o início da noite de ontem, bloqueando a via e pediam a atenção do Corpo de Bombeiros para procurar a vítima

De acordo com o Corpo de Bombeiros, em nota, não havia condições de segurança necessárias para fazer as buscas na quarta-feira (24). “Os trabalhos só poderiam ser realizados quando o nível da maré baixasse foi então repassada aos familiares da suposta vítima”. 

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Segundo o órgão, as buscas foram retomadas no canal Lava Tripa até a Ilha do Maruim, mas nada foi encontrado. “No início da tarde, populares avistaram e retiraram um corpo do Rio Beberibe, em Cajueiro. A vítima foi posteriormente identificada por sua família, como sendo do motociclista que havia caído no Canal da Presidente Kennedy”, confirmou. 

Aureogildo trabalhava como encarregado da Defesa Civil do Recife, como um dos responsáveis pela colocação de lonas plásticas em barreiras. Ele também era jogador de futebol, tendo atuado em alguns clubes na Paraíba. 

Mortes pelas chuvas

A morte de Gildo aumentou para quatro o número de óbitos confirmados devido às fortes chuvas na Região Metropolitana do Recife. Os Bombeiros encontraram outros dois corpos que estavam desaparecidos em uma barreira que deslizou no Córrego do Abacaxi, também em Olinda, do casal Rosemary Oliveira da Silva, de 44 anos, e Sérgio Pimentel dos Santos, de 54 anos. A outra morte foi num deslizamento de terra no Córrego do Abacate, de um idoso chamado José Cláudio da Silva, de 62 anos. 

Por Alice Albuquerque

Parte do teto do Shopping Caruaru caiu nesta sexta-feira (28), após fortes chuvas no Agreste pernambucano. Ruas e avenidas também ficaram alagadas. A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) informou que choveu cerca de 20mm durante 30 minutos. 

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A reportagem do LeiaJá tentou contato com a assessoria de imprensa do shopping por telefone, mas não conseguiu retorno até a publicação desta matéria. Nas redes sociais, internautas brincaram e fizeram memes com a situação da cidade. Além disso, compartilharam vídeos do teto do shopping caindo e relataram ser uma ocorrência “comum” quando chove forte. 

Confira vídeos do teto caindo:

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