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Pernambuco gera cerca de 8 mil toneladas (8.314) de resíduos sólidos urbanos por dia, segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2010, editado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). São aproximadamente 900 gramas de resíduos coletados por habitante a cada dia. Mas dessa produção, para onde seguem as garrafas plásticas, papeis, vidros, metais? Há quem transforme em produtos que geram emprego e renda e faça valer, na prática, o discurso da sustentabilidade.
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A artista plástica Thiana Santos desenvolve um trabalho com garrafas pet e consegue até exportar para fora do país parte de sua produção de acessórios de moda e decoração. “Consciente que a garrafa plástica é um componente do lixo contemporâneo, que leva mais de 100 anos para se decompor. Iniciei, desde 2006, um trabalho de pesquisa para desenvolver técnicas e ferramentas adequadas para trabalhar com este tipo de material e hoje consigo até exportar para fora do país”, afirma a artista plástica.
A partir desse trabalho, Thiana diz que consegue gerar renda não só para ela como para outras mulheres. “Eu tenho uma funcionária fixa no meu atelier, mas dependendo da demanda eu consigo trazer mais pessoas para trabalhar comigo”, afirmou. Normalmente, as garrafas são adquiridas em um bar ou através de carroceiros e associações de catadores. “Toda quarta e sexta-feira eu pego garrafas em um bar que frequento e onde consegui implantar a coleta seletiva. Quando preciso de um número maior recorro a pessoas que trabalham com cooperativas de catadores”.
Com o tempo, Thiana também passou a ser convidada para ministrar palestras e oficinas. Nesses momentos ela fala sobre a inserção do seu trabalho na questão ambiental - com abordagem especial em desenvolvimento sustentável. Nos seis anos de trabalho de reciclagem do lixo, Thiana resume em dois pontos o objetivo desse projeto pessoal: “Primeiro é a questão da realização em fazer um trabalho que eu considero legal e bonito, e depois a reflexão do consumo e a responsabilidade com o meio ambiente”.
Rentabilidade - Há quatro anos a artesã Rosangela Cavalcanti uniu arte à conscientização e começou a transformar o “lixo” em objetos de decoração. Numa pequena oficina adaptada em um dos vãos da própria casa, as garrafas pets viram luminárias e os CDs tornam-se móbiles e mandalas decorativas. “Eu busco inspiração na televisão, nas novelas e até nas revistas. Sempre que vejo algo tento recriar a partir de materiais recicláveis”, afirmou.
O trabalho é desenvolvido no Grupo Criando Artes, associado à Rede de Mulheres Produtoras do Recife e Região Metropolitana, onde atuam, além de Rosangela, cinco mulheres. “Eu trabalho com pet, um integrante utiliza garrafas de vidro e outra reaproveita embalagem de queijo do reino”, conta.
Para conseguir os materiais, Rosangela passou a conscientizar os vizinhos e até mesmo os donos de bares e restaurantes, próximos a casa dela. “Eu recolho os objetos nos bares, nas casas dos meus vizinhos, nos canteiros de obras”.
Mensalmente, ela acumula algo em torno de R$ 600 nas vendas dos produtos. Com esse dinheiro, a artesã afirma que consegue complementar o custo de um plano de saúde para ela e para a irmã e, até mesmo, pagar contas de luz, água, e comprar medicamentos. Os produtos produzidos por Rosangela variam de R$ 8, preço do porta incenso, à R$ 45, valor das luminárias.
Mas ao falar do trabalho, também lamenta a falta de apoio da Prefeitura do Recife que, segundo ela, não disponibiliza espaço para a categoria trabalhar. “O prefeito não desenvolve projetos, nem viabiliza verba para que nós possamos expor o nosso trabalho. O investimento vem por parte de Organizações Não Governamentais (ONG’s), que nos ajudam e muito”.
Em recente matéria especial publicada aqui no LeiaJá, intitulada Agenda Recife, o recifense, de uma maneira geral, demonstra a preocupação com o lixo que se acumula na cidade e cobra da Prefeitura uma solução.