Tópicos | Mandetta

Em entrevista exibida neste domingo (12) pelo Fantástico, da TV Globo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pediu para que as pessoas mantenham o isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus e, em recado ao presidente Jair Bolsonaro, cobrou uma "fala única" sobre o problema para não confundir a população.

Para o ministro, os meses de maio e junho serão os mais duros no enfrentamento da covid-19 no País. A fala de Mandetta contraria a posição de Bolsonaro, que afirmou neste domingo, em videoconferência com lideranças religiosas, que a "questão do vírus está começando a ir embora".

##RECOMENDA##

"Eu espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento dessa situação possa ser comum e que a gente possa ter uma fala única. Isso leva para o brasileiro uma dubiedade. Ele não sabe se escuta o ministro da Saúde, o presidente", disse Mandetta.

"Isso preocupa, porque a população olha e fala assim 'Será que o ministro da Saúde é contra o presidente'? Quem a gente tem de ter foco, esse aqui que é o nosso problema é o coronavírus. Ele é o principal inimigo. Se eu estou ministro da Saúde, por obra de nomeação do presidente. O presidente olha pro lado da economia. O Ministério da Saúde entende a economia, mas chama pelo lado de proteção à vida", disse Mandetta.

Bolsonaro vem manifestando insatisfação com Mandetta por conta da maneira como o ministro lidera a crise. A insistência pelo distanciamento social é um dos pontos que provocaram desavenças entre os dois.

Bolsonaro defende um isolamento seletivo, restrito para pessoas dos grupos de risco, como forma de reduzir o impacto da pandemia sobre a economia.

Os dados atualizados até este domingo apontam 1.223 mortes no País em decorrência da covid-19. No mundo, o total de vítimas já ultrapassou 114 mil.

Pico - Na entrevista, Mandetta voltou a dizer que o período mais preocupante da crise da covid-19 ainda não chegou. "No mês de maio, junho, teremos os dias muito duros. Dias em que seremos tachados. 'Ah, vocês não fizeram o que tinham de fazer, 'deviam ser mais duros', 'menos duros, porque a economia está assim'. Sempre vai haver os engenheiros de obra pronta. Serão dois, três meses de muitos questionamentos das práticas."

Indagado sobre uma projeção de infectados no País ao longo deste ano, Mandetta disse que não existe "absolutamente nada que influencie mais essa resposta do que como a sociedade brasileira vai se comportar nos próximos dias".

Ele também criticou o comportamento de pessoas que têm furado o isolamento social. "Quando você vê as pessoas entrando em padaria, supermercado, fazendo fila, piquenique isso é claramente uma coisa equivocada", avaliou o ministro. "Tem muita gente que gosta da internet. Que vê que é fake news dizendo que é invenção de países para ganhar vantagem econômica ou vê complô mundial."

Em celebração com lideranças religiosas neste domingo, 12, Bolsonaro afirmou que "a questão do vírus está começando a ir embora". O ministério prevê que o pico da doença, ao menos em São Paulo e no Rio de Janeiro, será no final de abril e no início de maio.

Obra. No último sábado, Bolsonaro e Mandetta visitaram obras de um hospital de campanha construído na cidade goiana de Águas Limpas, a 56 quilômetros de Brasília. Após o compromisso, o presidente foi ao encontro de apoiadores, que se aglomeraram para cumprimentá-lo.

Questionado sobre o motivo de não ter acompanhado Bolsonaro na ida aos populares, o ministro respondeu seguir orientações de distanciamento. "Eu procuro seguir uma lógica de não aglomeração", disse.

O desentendimento entre ambos alcançou o ápice após Bolsonaro dizer, no domingo passado, que poderia usar sua caneta contra pessoas do governo que "de repente viraram estrelas". No dia seguinte, sob expectativa de demissão, Mandetta disse que ficaria no cargo, pediu "paz" e reclamou de críticas que, em seu modo de ver, criam dificuldades em seu trabalho.

Uma campanha pela indicação do presidente Jair Bolsonaro ao prêmio Nobel da Paz tornou-se, no começo da tarde desta quinta-feira (9), o assunto mais relevante do Twitter brasileiro. A #JairNobeldaPaz acumulava até as 12h30 mais de 40 mil menções, dividindo usuários entre os que defendem que o entusiasmo do presidente com a medicação hidroxicloroquina é digno de um Nobel e os que ironizam a campanha promovida pelos bolsonaristas.

Entre os defensores do presidente, provocações do tipo "a esquerda está surtada" aparecem ao lado de piadas que reforçam a ligação entre o presidente Bolsonaro e a administração da cloroquina aos doentes da covid-19. A frase "sou a favor de mudar o nome do medicamento para bolsofato de hidroxicloromito" tem sido tuitada muitas vezes.

##RECOMENDA##

Jejum

Os bolsonaristas compartilham da crença do presidente de que a cloroquina pode ser parte da solução do problema gerado pelo coronavírus. Para um dos usuários, "Deus se agradou do nosso jejum, e haverá prosperidade no Brasil e nós iremos liderar o mundo através do nosso presidente Jair Bolsonaro", em referência ao dia de jejum e oração que aconteceu no último domingo (5), incentivado pelo presidente.

Os críticos se referiram à campanha com sarcasmo. "Não tem como levar a sério uma rede social em que o trend é "JairNobeldaPaz", escreveu um usuário. Outra usuária chamou a campanha de "piada do ano". "Só se for o Nobel da Paz do mundo invertido", tuitou.

O presidente Jair Bolsonaro disse, nessa quarta-feira (8), ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que a economia do País vai para o "beleléu" neste ano por causa do coronavírus. Bolsonaro cobrou medidas rápidas para amenizar o impacto da crise e uma mensagem otimista por parte do ministro. Isolado e sem apoio, ele começou a se reaproximar do Centrão.

No pós-crise, Bolsonaro planeja fazer uma reforma na equipe. Em recente conversa com pelo menos dois aliados, o presidente confidenciou que, passada a tormenta, pretende dispensar não apenas Mandetta como "mexer" em outros "dois ou três" auxiliares. Não citou nomes.

##RECOMENDA##

A reunião de ontem com o ministro da Saúde serviu para Bolsonaro estabelecer com ele um pacto de convivência até o fim do estado de calamidade pública em que vive o País. Na prática, porém, Mandetta se tornou um fio desencapado para Bolsonaro e sua demissão é vista nos bastidores da política como questão de tempo.

De um lado, o presidente exige o fim da política de isolamento social para todos e diz que precisa "reabrir o Brasil" para salvar os empregos. De outro, o ministro afirma que uma atitude assim equivale a "navegar sem instrumentos" e pode levar o País ao colapso na Saúde. Há, ainda, a polêmica relativa ao uso amplo da cloroquina no tratamento de pacientes com covid-19. Bolsonaro é a favor, como deixou claro em seu pronunciamento de ontem. Mandetta faz restrições.

Nos últimos dias, Bolsonaro também se queixou do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Disse que Moro é "egoísta" e "não está fazendo nada" para defendê-lo na batalha contra as medidas restritivas de circulação, adotadas por governadores e prefeitos. Uma alternativa em estudo pelo presidente prevê a transferência do ex-juiz da Lava Jato para o Supremo Tribunal Federal (STF). O decano do STF, ministro Celso de Mello, deixará a Corte em novembro, quando completará 75 anos.

Antes da reunião de ontem com Mandetta, no Palácio do Planalto, o próprio presidente já dizia que havia gente "se achando" em sua equipe, falando "pelos cotovelos". A frase foi para o ministro da Saúde, mas a "bronca" e a ameaça de usar a caneta atingem outros integrantes da Esplanada que, na avaliação de Bolsonaro, viraram "estrelas".

Centrão

Bolsonaro recebeu ontem o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (SP), que comanda o Republicanos. E conversou, recentemente, com líderes do PP e do PL, que também compõem o Centrão. A todos, pediu ajuda para enfrentar a crise, já que sua relação com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), anda estremecida. "Bolsonaro ouve mais as redes sociais do que o Congresso", resumiu Maia. Mandetta é do DEM, mesmo partido dos presidentes da Câmara e do Senado.

Alvo do chamado "gabinete do ódio", comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o ministro da Saúde só permanece até hoje na equipe porque seu apoio popular ultrapassa o do presidente.

A crise do novo coronavírus ainda acirrou o confronto entre os militares do governo e a ala ideológica. Na tentativa de evitar um novo embate, o chefe da Casa Civil, general Braga Netto, pediu a Mandetta que evite expor divergências com o presidente. O ministro prometeu não olhar pelo retrovisor. "Daqui a pouco eu sou passado", admitiu. 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira (9), que existe uma "guerra ideológica" em torno da discussão sobre o uso da hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes com covid-19. Na quarta-feira, em pronunciamento em rede nacional, Bolsonaro reforçou seu posicionamento a favor do uso do medicamento, que ainda está em estudo.

"Isso é uma guerra ideológica em cima disso, guerra de poder. Se o pessoal me ajudasse um pouquinho, não me atrapalhasse - não estou me refiro a A, B ou C -, o Brasil ia embora", declarou o presidente para um grupo de apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

##RECOMENDA##

O presidente voltou a mencionar o médico cardiologista Roberto Kalil Filho, que admitiu ter usado a droga em seu tratamento contra o novo coronavírus. No pronunciamento de ontem, Bolsonaro já havia elogiado Kalil. Apesar de nos últimos dias ter defendido o medicamento como um tipo de "cura" para o novo coronavírus, o próprio presidente lembrou que a droga não tem eficácia comprovada.

"Tem médico que usa. Tá usando tem quase dois meses. A gente sabe que não está ainda comprovado cientificamente, mas...", disse sem completar a frase.

Bolsonaro citou novamente a suposta administração de água de coco na veia de soldados feridos na Segunda Guerra Mundial para justificar o uso da hidroxicloroquina em pacientes da covid-19.

"Eu contei uma história bacana da guerra no Pacífico. O soldado chegava sem sangue e não tinha transfusão, não tinha outro para doar. Então, o pessoal lá botou água de coco na veia e deu certo. Serviu como soro, imagina se fosse esperar uma comprovação científica, quantos não morreriam? Aqui a mesma coisa", disse.

Na mensagem à população nesta quarta-feira, Bolsonaro mencionou que o País deve receber até este sábado, 11, matéria-prima vinda da Índia para ser usada na produção da hidroxicloroquina. O material que chegará ao Brasil, segundo Bolsonaro, é fruto de uma "conversa direta" dele com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

Hoje em suas redes sociais, o presidente agradeceu o primeiro-ministro indiano e destacou que ele fez "um gesto honroso que poderá ajudar a salvar a vida de muitos brasileiros, e do qual jamais esqueceremos".

Recomendação

A hidroxicloroquina já tem protocolo de uso aprovado pelo Ministério da Saúde para casos graves e moderados de covid-19. O ministro da pasta, Luiz Henrique Mandetta, tem ressaltado, contudo, que se trata de uma substância que ainda não foi devidamente testada, com contraindicações e que deve ser ministrada apenas pelo médico em casos específicos.

Nesta semana, Mandetta afirmou que o ministério acompanha estudos clínicos sobre a eficácia de medicamentos contra o novo coronavírus, entre eles a cloroquina e a hidroxicloroquina. Os primeiros resultados científicos devem ser conhecidos a partir do próximo dia 20.

Ao defender um "posicionamento técnico" sobre a adoção da cloroquina no combate ao novo coronavírus, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, fez, nesta quarta-feira, 8, uma clara defesa política do governo Bolsonaro sobre o assunto. O ministro também rebateu o governador de São Paulo, João Doria, e disse que "não existe ninguém que é o dono da verdade".

Mandetta não poupou críticas ao posicionamento de Doria, que hoje defendeu o epidemiologista e coordenador do Centro de Contenção do vírus em São Paulo, David Uip, alvo de pressão do presidente Jair Bolsonaro para que revelasse se fez uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19, da qual se curou.

##RECOMENDA##

"Não existe ninguém que é o dono da verdade. Não existe Estado que possa falar que é melhor que o outro. Hoje esse medicamento não tem paternidade. Não tem que politizar esse assunto", disse Mandetta, referindo-se diretamente ao governo de São Paulo.

Como não fazia há muito tempo, Mandetta fez questão de citar o nome de Bolsonaro em sua defesa do governo. "Para todos aqueles com ânimos mais exaltados, aqui está tudo bem", disse o ministro. "Essa estrada vai ter dias muito duros. Quem comanda esse time é o presidente Jair Messias Bolsonaro", acrescentou, mencionando o nome completo do presidente da República.

Na tentativa de tentar afastar de vez o clima ruim com o presidente, Mandetta disse ainda que Bolsonaro "em nenhum momento fez qualquer movimento de imposição" em relação à adoção da cloroquina no tratamento das pessoas. Bolsonaro defende o medicamento, disse Mandetta, mas também "sabe que precisamos que os conselhos de medicina avaliem esse uso."

A polêmica em torno da cloroquina diz respeito a quem deve tomar o remédio, e em qual momento. O Ministério da Saúde tem defendido desde o início que se trata de uma substância que ainda não foi devidamente testada, com contraindicações sérias e que deve ser ministrada apenas pelo médico, em casos graves ou críticos de pacientes com covid-19.

Bolsonaro, porém, sempre defendeu o medicamento usado no combate à malária como um tipo de "cura" do coronavírus, e que deve ter seu uso massificado a toda a população. Os primeiros testes com paciente com sintomas leves da doença, porém, sequer tiverem início.

Na manhã desta quarta-feira, Bolsonaro recorreu às redes sociais para dizer que "dois renomados médicos" recuperados da doença se recusaram a divulgar se usaram a hidroxicloroquina durante o tratamento, referindo-se a David Uip e ao cardiologista Alexandre Kalil, que pouco depois disse que usou o medicamento.

A postura do presidente motivou ataques virtuais de apoiadores de Bolsonaro aos dois médicos, em especial à Uip, por sua ligação com o governo de São Paulo, comandado por João Doria (PSDB), que protagoniza atritos com o chefe do Planalto durante a crise do coronavírus.

David Uip reagiu e, em entrevista coletiva, pediu ao presidente que ele respeitasse seu direito enquanto paciente de não revelar o que usou durante seu tratamento, afirmando que respeitou Bolsonaro quando ele preferiu não mostrar os resultados de seus exames para covid-19. O médico disse ainda que os ataques que recebeu serão levados à Justiça. "Tomarei providências legais por essa invasão à minha privacidade e à dos meus pacientes", disse o infectologista, ao afirmar que a privacidade de sua clínica particular também foi agredida.

Uip ainda lembrou que, durante reunião com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi ele quem recomendou ao governo que autorizasse o uso da hidroxicloroquina para pacientes internados com covid-19, mas sempre sob receita médica e autorização formal do paciente. A recomendação foi acatada pelo Ministério.

João Doria também reagiu, com repúdio ao "gabinete do ódio em Brasília" e seus ataques aos médicos, técnicos e autoridades da saúde "Nós precisamos de paz e não de confronto. Que País é esse onde o confronto através das redes sociais é feito para destruir as pessoas e a reputação?", disse o governador.

Durante entrevista no Palácio dos Bandeirantes, Doria ainda voltou a fazer referência ao presidente Jair Bolsonaro. "Não foi nenhum médico no Brasil que disse, por várias vezes, que a gravíssima crise do coronavírus era uma gripezinha ou um resfriadinho", disse o governador. "Portanto, respeito com os médicos do Brasil", disse.

Em sinal de alinhamento, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reforçou nesta quarta-feira, 8, que o presidente Jair Bolsonaro é o comandante do País e fez acenos pela união no governo. Mandetta disse que teve duas reuniões com Bolsonaro ao longo do dia e que o clima foi "bom".

"O presidente passou as suas orientações, tivemos uma boa reunião de trabalho, com um bom clima, toda a equipe está tranquila, todo mundo trabalhando", contou Mandetta durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.

##RECOMENDA##

O ministro também elogiou o presidente da República, a quem chamou de "parceiro". Ele disse, ainda, que Bolsonaro é alguém "voluntarioso" e tem "um pensamento muito forte no Brasil". "A gente vai dando passos rumo a uma unidade muito boa por parte do governo", declarou.

Como mostrou o Broadcast Político, após a conversa entre Bolsonaro e Mandetta, a expectativa do Palácio do Planalto é que o ministro da Saúde se alinhe ao discurso defendido pelo presidente sobre o novo coronavírus e mantenha perfil mais discreto.

A visibilidade do ministro da Saúde durante a crise tem incomodado Bolsonaro, que chegou a ameaçar tomar providências em relação a integrantes do governo que "viraram estrelas".

Antes do balanço desta quarta sobre a covid-19, a assessoria de imprensa do Planalto informou que não seriam permitidas perguntas. Mandetta, no entanto, quebrou o protocolo e autorizou os questionamentos. A primeira pergunta foi justamente sobre a relação com o presidente após os recentes desentendimentos.

O presidente Jair Bolsonaro se reuniu, nesta quarta-feira (8), com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no Palácio do Planalto. O encontro durou pouco mais de duas horas, bem além da previsão de meia hora que constava da agenda oficial do presidente.

Mandetta saiu pela garagem do Planalto evitando a imprensa. Antes das rusgas com Bolsonaro, o costume do ministro era chegar e sair a pé do Planalto. No trajeto até o ministério, Mandetta costumava responder a perguntas de jornalistas que o acompanhavam. Hoje, ao chegar no ministério, ele também não fez declarações à imprensa.

##RECOMENDA##

Cerca de 40 minutos após a saída do ministro, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), chegou ao Planalto. O nome de Osmar Terra não consta da agenda pública de Bolsonaro desta quarta-feira.

Na terça-feira, Terra negou ter sido convidado pelo presidente para substituir Mandetta no Ministério da Saúde. Na segunda-feira, ele participou de um almoço com o presidente Jair Bolsonaro e os ministros que despacham no Planalto.

O ex-ministro da Cidadania afirmou que o tema do encontro foi o uso de hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com covid-19. Terra é médico por formação e tem defendido o uso experimental do medicamento. Na mesma linha do presidente, Terra também é a favor do afrouxamento de medidas de isolamento social. Os dois temas são pontos de divergências entre Mandetta e Bolsonaro.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso da hidroxicloroquina e da cloriquina em pacientes com covid-19. Os medicamentos ainda não têm resultados cientificamente comprovados para o tratamento da doença. Nesta quarta-feira (8), Bolsonaro recebe o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para reunião no Palácio do Planalto, com início às 9h.

O uso dos medicamentos é uma das divergências entre Bolsonaro e Mandetta. O encontro ocorre dois dias depois da ameaça de demissão do ministro ter sido quase concretizada.

##RECOMENDA##

"Há 40 dias venho falando do uso da hidroxicloroquina no tratamento do COVID-19. Sempre busquei tratar da vida das pessoas em 1º lugar, mas também se preocupando em preservar empregos", escreveu Bolsonaro.

O presidente disse ter feito contato com "dezenas de médicos" e alguns chefes de Estado de outros países para falar sobre os medicamentos. "Cada vez mais o uso da cloroquina se apresenta como algo eficaz", argumentou.

Na publicação, o presidente também citou que dois médicos brasileiros se negam a divulgar se utilizaram os dois remédios em seus tratamentos contra o novo coronavírus. Bolsonaro faz referência ao coordenador do Centro de Contenção para o novo coronavírus no Estado de São Paulo, David Uip. O médico precisou ser internado após testar positivo para a covid-19. Uip tem sido pressionado para revelar se utilizou ou não cloroquina e hidroxicloroquina durante seu tratamento.

"Dois renomados médicos no Brasil se recusaram a divulgar o que os curou da COVID-19. Seriam questões políticas, já que um pertence a equipe do Governador de SP?", questionou. "Acredito que eles falem brevemente, pois esse segredo não combina com o Juramento de Hipócrates que fizeram. Que Deus ilumine esses dois profissionais, de modo que revelem para o mundo que existe um promissor remédio no Brasil", declarou.

Nesta terça-feira, em coletiva de imprensa, o ministro da Saúde afirmou que o órgão acompanha estudos clínicos sobre a eficácia de medicamentos contra o novo coronavírus, entre eles, a cloroquina e a hidroxicloroquina. Os primeiros resultados devem ser conhecidos a partir do próximo dia 20.

No Brasil, a droga já está disponível nos hospitais para pacientes com quadros moderados e graves. Fora desse grupo, o ministério não recomenda a utilização.

"Já liberamos cloroquina e hidroxicloroquina tanto para os pacientes críticos, aqueles que ficam em CTIs, quanto para qualquer paciente em hospital, o moderado. O medicamento já é entregue, já tem protocolo", disse o ministro.

Na segunda-feira, Mandetta havia afirmado ter sido pressionado por dois médicos a editar um protocolo para administração dos medicamentos, após reunião com o presidente Bolsonaro. Ele se recusou alegando ausência de embasamento científico.

Na semana passada, Bolsonaro chegou a dizer que Mandetta "extrapolou" e que faltava "humildade" ao chefe da pasta da Saúde. E destacou que não o demitiria no "meio da guerra", apesar de ninguém em seu governo ser "indemissível".

Em resposta, Mandetta afirmou: "Trabalho, lavoro, lavoro", repetindo a palavra que significa "trabalho" em italiano. Durante coletiva na segunda-feira, depois dos rumores sobre sua eventual demissão, Mandetta afirmou que não deixaria o cargo e reiterou que um "médico não abandona o seu paciente".

Bolsonaro e o ministro também têm discordado sobre a manutenção de medidas de isolamento social no combate ao novo coronavírus. Além disso, o presidente está incomodado com o ganho de popularidade do chefe da Saúde em vista de sua relativa perda de apoio apontada por pesquisas recentes.

Desde a situação envolvendo a saída de Mandetta, Bolsonaro tem mantido silêncio e evitado a imprensa. Nesta terça, chegou a faltar dois compromissos previstos em sua agenda.

Escalado para coordenar as ações do governo sobre o coronavírus, o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, é tratado em alas militares como "interventor" do Palácio do Planalto. Um dos generais que convenceram o presidente Jair Bolsonaro a não demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, Braga Netto agiu nessa terça-feira para baixar a temperatura do atrito.

"A palavra união é a posição do governo", disse ele, em entrevista ao lado de Mandetta. "Vamos tocar esse barco chamado Brasil juntos", concordou o titular da Saúde.

##RECOMENDA##

Bolsonaro chegou a planejar demitir Mandetta anteontem, mas recuou diante de pressões de militares, do Congresso e até do Supremo Tribunal Federal. Isso sem contar o apoio obtido pelo ministro nas redes sociais.

Militares do governo avaliam que a dispensa de Mandetta, neste momento, fortaleceria governadores que travam uma queda de braço com Bolsonaro, como João Doria (São Paulo) e Wilson Witzel (Rio).

Nesse cenário, o chefe da Casa Civil assumiu a função de "gerente" do governo. "Braga Netto é o homem certo, no lugar certo, na hora certa", disse ao Estado o vice-presidente, Hamilton Mourão, alvo de críticas do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e de seus seguidores nas redes sociais.

A ala ideológica do governo e o chamado "gabinete do ódio", comandado por Carlos, "filho 02" do presidente, desaprovam o poder concedido aos militares na equipe e, agora, na administração da crise. Braga Netto, no entanto, disse não se aborrecer com os ataques e continua dando ordens aos colegas, até mesmo em bilhetinhos que passa para ministros durante entrevistas no Planalto.

Diante de novo fogo amigo, coube ao general Mourão defender Braga Netto. "Ele não está enquadrando ninguém, apenas fazendo a verdadeira governança. Assim, a Casa Civil passa a atuar como um verdadeiro centro de governo", resumiu o vice. "Braga Netto está fazendo o que sabemos: colocar ordem na casa."

Na semana passada, circularam rumores de que o ministro da Casa Civil seria o nome escolhido por uma Junta Militar para assumir o comando do País, deixando Bolsonaro como uma espécie de "rainha da Inglaterra". A versão ganhou força nas redes sociais, a ponto de usuários alterarem o dicionário online colaborativo Wikipédia para apontar Braga Netto como o 39.º presidente do Brasil. A mudança, porém, foi desfeita assim que o site a identificou.

A tese da "conspiração" é alimentada por filhos do presidente, que têm Mourão entre seus alvos. Ao jornal O Estado de S.Paulo, porém, o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Boas foi enfático: "Ninguém tutela Bolsonaro".

'Freio'

Ex-interventor na segurança pública do Rio em 2018, nomeado pelo então presidente Michel Temer, Braga Netto é conhecido pelo estilo "durão". Nos últimos dias, tem tratado de assuntos diversos: da crise com Mandetta a discussões econômicas.

Na Casa Civil há quase dois meses, o general ainda faz substituições na pasta, antes chefiada por Onyx Lorenzoni, hoje ministro da Cidadania. O núcleo militar do governo considera que, por não ter aspiração política - ao contrário de Onyx -, Braga Netto vai impor rapidamente um "freio de arrumação" na equipe. 

Ao anunciar na segunda-feira (6) que seguia como ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta pediu "paz" para trabalhar no enfrentamento ao coronavírus, mas ele não terá a tranquilidade que espera. Embora tenha conquistado uma parcela dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, grupos considerados mais radicais e ligados ao guru Olavo de Carvalho intensificaram a ofensiva nas redes sociais contra ele. Na manhã desta terça (7), a claque que aguardava o presidente na saída do Alvorada entoou coro de "Fora, Mandetta."

Durante a tarde, a hashtag #MandettaGenocida ficou entre as mais citadas do Twitter. Os bolsonaristas tentam emplacar a narrativa de que o ministro coloca vidas em risco por não editar um protocolo de hidroxicloroquina para tratamento do novo coronavírus no Brasil por meio de decreto. O uso do medicamento é um dos principais pontos de divergência entre Bolsonaro e Mandetta. O ministro alega falta de embasamento científico, enquanto o presidente é entusiasta do remédio, mesmo sem pesquisas conclusivas.

##RECOMENDA##

A estratégia da ala ideológica, neste momento, é desgastar a imagem do ministro. Para olavistas, o momento não é de trégua, mas de manter acesa a chama da "fritura" do chefe da Saúde, que passou a ser considerado uma "ameaça política". Nos grupos de WhatsApp, Mandetta é acusado de estar a serviço da imprensa e da esquerda. Textos compartilhados por bolsonaristas também questionam a legitimidade do ministro para enfrentar a pandemia, por ele ser ortopedista pediátrico. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Secretaria de Governo, Walter Braga Netto, evitou se comprometer com a permanência do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante todo o período de pandemia do novo coronavírus, mas defendeu união no governo. Indagado sobre o assunto, Braga Netto disse que Mandetta possui "um relacionamento cordial com todos os ministros". "A palavra 'união' é a posição do governo", disse Braga Netto durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.

No mesmo encontro, Mandetta minimizou divergências internas sobre as medidas adotadas pelo governo pelo enfrentamento da covid-19. Ontem, o ministro disse que funcionários chegaram a limpar as suas gavetas na sede da pasta diante dos rumores de que poderia ser demitido pelo presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, Mandetta também reclamou de interferências no seu trabalho e pediu "paz" para continuar.

##RECOMENDA##

"Tudo o que estamos precisando agora é união. Tudo que estamos precisando agora é participação de todos, foco", disse Mandetta. Ele afirmou, ainda, que é "normal" ter visões distintas. "É normal, ninguém consegue em uma situação dessas ter um olhar só de um ângulo. No Ministério da Saúde, a gente tem dúvidas. Eu sei que nada sei, que vamos fazer o nosso melhor. Às vezes as pessoas têm opiniões divergentes, é normal que tenham. Acho que é um conjunto de cabeças muito qualificado que pensam juntas e ontem fez um exercício coletivo."

Mandetta defendeu que, agora, é preciso olhar para frente. "Isso é uma experiência que a gente tem que olhar pelo para-brisa, para frente, usar pouco o retrovisor e vamos olhar para a frente, vamos tocar este barco nosso chamado Brasil juntos", declarou o ministro da Saúde.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que fez contato com o governo da China em busca de um "esforço comum" para trazer equipamentos de saúde ao Brasil durante a pandemia do novo coronavírus.

"Fizemos contato com a China para que cada contrato que fizermos possamos fazer isso contando com o apoio da Embaixada da China no Brasil. A gente sabe da importância desse esforço comum neste momento para garantir que possamos ter esses equipamentos aqui", disse Mandetta durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.

##RECOMENDA##

Ele voltou a dizer que, em alguns casos, será necessário enviar aviões brasileiros para viabilizar o transporte dos equipamentos.

Pouco antes, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, contou, pelo Twitter, que conversou com Mandetta por telefone e que eles concordaram e reforçar a cooperação bilateral entre os países.

"Nesta tarde, na conversa telefônica com Min. Luiz Henrique Mandetta, coincidimos em reforçar a cooperação bilateral, especialmente entre os dois ministérios da saúde, para compartilhar experiências do combate à Covid-19 em prol do enfrentamento conjunto deste desafio global", escreveu o ministro.

Com o nome ventilado para assumir o Ministério da Saúde em pleno avanço da covid-19, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) negou, nesta terça-feira (7), ter recebido convite do presidente Jair Bolsonaro para ocupar o lugar de Luiz Henrique Mandetta. Terra disse que apenas foi chamado ontem por Bolsonaro para almoço no Palácio do Planalto para tratar do uso da hidroxicloroquina.

"É melhor que o ministro Mandetta se afine com o presidente. Acho que não precisa trocar ministro. Não sou candidato. Pode ser qualquer um, se tivesse que trocar. Tem muita gente competente aí, mais competente do que eu", disse Terra em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes.

##RECOMENDA##

Ex-ministro da Cidadania, o deputado concorda com Bolsonaro em relação ao relaxamento de medidas restritivas e defende "experimentar" cloroquina para pacientes com sintomas iniciais da covid-19. Os dois temas - a quarentena e o medicamento - são controvérsias entre Bolsonaro e Mandetta.

"O que tenho afirmado é que essa quarentena não tem sentido. Está sacrificando a população, quebrando o País e não diminui o número de casos", disse Terra.

"O vírus é uma força da natureza. Só vai diminuir o contágio quanto tiver metade da população contaminada. E só vai diminuir a epidemia quando chegar a 70%, 80% da população contaminada. Tem de proteger idosos e doentes. Juntar as pessoas em casa aumenta o contágio", afirmou o deputado, que é médico, mas contraria visões da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde sobre o isolamento social.

A crise aberta entre Bolsonaro e Mandetta cresceu durante a segunda-feira, um dia depois do presidente dizer que iria "chegar a hora" de pessoas que estavam "se achando" no seu governo. À noite, após ser recebido sob aplausos por técnicos do Ministério da Saúde, Mandetta anunciou que permanece no cargo. O ministro pediu "paz" para chefiar a pasta e, sem citar diretamente Bolsonaro, reclamou de críticas que, em sua visão, criam dificuldades para o seu trabalho.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse, na manhã desta terça-feira (7), que tinha certeza que o presidente Jair Bolsonaro não iria demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Na segunda, o ministro foi novamente alvo dos ataques do mandatário e circularam informações de que ele estaria fora do governo.

"Bolsonaro não vai demitir um ministro popular como ele. A decisão de manter Mandetta não foi política, Bolsonaro ouve mais as redes sociais do que o Congresso", disse Maia, destacando que o mandatário é uma pessoa inteligente, ao contrário do que muitos pensam, e como o ministro da Saúde conquistou a confiança da sociedade, sabe que não pode tirá-lo do posto.

##RECOMENDA##

Maia participa de uma "live" nesta manhã, promovida pela Necton Investimentos, com o tema "Orçamento e saúde fiscal de longo prazo: desafios estruturais", Conduzido por Marcos Maluf, CEO da Necton, e o economista-chefe da corretora, André Perfeito.

Ao falar do presidente Jair Bolsonaro, Maia destacou que seria bom no segundo semestre ele manter uma boa relação com o Congresso Nacional. O presidente da Câmara disse que não apenas o Brasil, mas vários outros países, irão aumentar o seu nível de endividamento. "Me preocupa a segunda onda de gastos que o governo terá que fazer para retomar investimentos", afirmou, destacando que no longo prazo as coisas voltarão ao normal, mas no curto governo terá que retomar investimentos.

Indagado sobre o uso do fundo eleitoral para o combate ao coronavírus, como defendem alguns segmentos, Maia disse: "Eu até acho que o fundo eleitoral já foi usado; debate é só para enfraquecer Parlamento". E voltou a dizer que é o momento de o governo usar os recursos que dispõe em meio à crise. "Só não se pode pensar que eleição - para a democracia - não é importante."

Um dia após o "fico" do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o presidente Jair Bolsonaro evitou, nesta terça-feira (7), responder a um apoiador que o questionou sobre a possibilidade de assinar um decreto liberando o funcionamento do comércio no País. A flexibilização nas regras de isolamento social, adotadas para evitar a propagação da covid-19, é um dos pontos de atrito entre presidente e ministro.

"Você sabe o que está acontecendo na política brasileira? Você sabe o que representa uma resposta para você aqui agora", respondeu o presidente ao apoiador que o questionou em frente ao Palácio da Alvorada.

##RECOMENDA##

Bolsonaro tem criticado governadores e prefeitos que restringiram o funcionamento de shoppings, lojas e escolas com o argumento de que o impacto na economia causará mais danos do que a pandemia de coronavírus. Na semana passada, o presidente afirmou que já tinha um decreto sobre sua mesa autorizando a reabertura de diversas atividades, a despeito de determinações locais para o fechamento. "Eu tenho um decreto pronto para assinar, se eu quiser assinar, considerando ampliar as categorias que são indispensáveis para a economia", afirmou na quinta-feira, em entrevista à rádio Jovem Pan.

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) dizem em conversas reservadas, no entanto, que se o presidente levar adiante sua ideia a medida será barrada pela Corte. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o Supremo não vai autorizar nenhuma ação que confronte as recomendações das autoridades de saúde do Brasil e do mundo com relação ao combate do novo coronavírus. A principal delas é o isolamento social.

Na rápida conversa que teve com apoiadores na manhã desta terça-feira, Bolsonaro também evitou responder sobre a situação do ministro da Saúde. Na segunda, após o acirramento do cabo de guerra com o presidente e rumores de que seria demitido, Mandetta disse que permanece no cargo, pediu "paz" para chefiar a pasta e, sem citar diretamente o presidente, reclamou de críticas que, em sua visão, criam dificuldades para o seu trabalho.

O ministro também destacou que possui uma equipe técnica à frente do Ministério da Saúde e sinalizou que, se for embora, o seu time vai junto.

Apesar de não falar sobre o assunto, o presidente ouviu apelos do grupo que estava em frente à residência oficial para demitir o auxiliar. "Mandetta não merece sua confiança, presidente", disse um apoiador. Quando deixou o local, a claque passou a entoar gritos de "Fora Mandetta".

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reagiu à ameaça de perda do cargo do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e reforçou ação no Supremo Tribunal Federal (STF) em que pede que a Corte obrigue o presidente Jair Bolsonaro a seguir orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Na noite desta segunda-feira (6), o ministro afirmou que permanece no cargo. Outros ministros do governo e os presidentes do Senado, da Câmara e do STF agiram nos bastidores para impedir sua demissão.

Segundo nova petição, apresentada na tarde de segunda ao STF, "a urgência para a concessão da medida cautelar se revela ainda mais nítida diante de notícias que circulam na imprensa na data de hoje (6 de abril), de que o Presidente da República estaria planejando a imediata exoneração do atual Ministro da Saúde, para nomear para a pasta possível titular que já manifestou críticas quanto às medidas de isolamento social". A entidade se referia ao ministro da Casa Civil, Osmar Terra.

##RECOMENDA##

"Assim, no interesse de evitar a lesão a preceitos fundamentais, é de grande importância a atuação desse Pretório Excelso para determinar que a Presidência da República não descumpra as orientações técnicas atualmente apregoadas pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde", diz a OAB.

Na ação, a OAB quer que o STF obrigue Bolsonaro a seguir medidas de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus (covid-19) que contrariem as orientações técnicas e sanitárias das autoridades nacionais (Ministério da Saúde) e internacionais (Organização Mundial da Saúde).

A entidade também requer à Corte que determine que o Planalto que respeite determinações de governadores e prefeitos quanto a aglomerações e não interfira na atividade de técnicos da pasta da Saúde. O ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou que Bolsonaro apresentasse explicações sobre se o governo tem seguido as orientações da OMS.

A nova peça da OAB é uma resposta a um parecer apresentado pela Advocacia-Geral da União (AGU) após a decisão de Alexandre. No documento, a AGU afirma que todos os "atos passíveis de controle de constitucionalidade" de Bolsonaro diante da pandemia do novo coronavírus estão de acordo com "as políticas adotadas no mundo e com as recomendações científicas, sanitárias e epidemiológicas".

O órgão diz ainda que as medidas adotadas pelo presidente "visam garantir as orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde" e, além disso, o "isolamento social necessário para evitar a rápida disseminação do novo coronavírus".

A OAB rebate e afirma que "a realidade é que o Presidente da República pratica, de forma deliberada, uma conduta disruptiva, que cria conflitos e cisões dentro do próprio governo federal, ao contrariar orientações oficiais, desautorizar e constranger ministros e propagar informações falsas". "Fosse a credibilidade do governo a única afetada, não estaria o Conselho Federal da OAB a provocar a intervenção desse egrégio Tribunal. Não é o caso, infelizmente. No mínimo, o comportamento do Presidente produz uma severa instabilidade política e institucional que atrapalha o avanço das políticas necessárias ao adequado enfrentamento da pandemia", diz a OAB.

Segundo a entidade, "em um contexto que exige o máximo de coordenação e de alinhamento entre todos os setores do governo, o Chefe do Executivo sabota e boicota seus próprios auxiliares, despreza a técnica, duvida da ciência e distorce a realidade". "Mas além de provocar insegurança e atraso na resposta governamental, o Presidente usa da sua autoridade e do seu próprio exemplo para instigar a população a descumprir as ordens oficiais de caráter técnico."

"Não é possível normalizar uma atuação do Presidente abertamente nociva à saúde pública ou aceitar que possa impunemente colocar a população em risco. Não se trata de um menor de idade dependente da tutela dos pais, mas de um Presidente da República, cargo dotado das mais elevadas responsabilidades e funções públicas, que tem o dever de responder e de arcar com as consequências de seus atos", escreve.

Sob "fritura", o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou na noite desta segunda-feira (6) que permanece no cargo, reiterou que "médico não abandona paciente" e, sem citar diretamente o presidente Jair Bolsonaro, reclamou de críticas que, em sua visão, criam dificuldades para o seu trabalho à frente da pasta.

O ministro observou que a crítica construtiva "enobrece" e faz dar passos à frente. "O que temos dificuldade é quando em determinadas situações, ou determinadas impressões, as críticas não vêm no sentido de construir, mas para trazer dificuldade no ambiente de trabalho. Isso tem sido uma constante. Vamos continuar", reiterou.

##RECOMENDA##

Mandetta disse que sua única exigência é "melhor condição de trabalho" e revelou que seus assessores chegaram até a limpar suas gavetas nesta segunda, em meio a boatos de que poderia sair do ministério. "Eu não vou abandonar (o cargo), agora as condições de trabalho dos médicos precisam ser para todos. A única coisa que pedimos é o melhor ambiente para trabalhar", frisou. "Aqui nós entramos juntos, estamos juntos e quando eu deixar o ministério a gente vai colaborar de outra forma a equipe que virá. Entramos juntos e vamos sair juntos", afirmou na sua fala mais contundente desde que a crise com o presidente teve início.

Mandetta acumulou uma série de desgastes com o presidente Jair Bolsonaro ao defender um amplo distanciamento social da população como enfrentamento do novo coronavírus. O ministro, aplaudido pela equipe da pasta ao chegar para a coletiva de imprensa, se colocou como "dono das dúvidas", e não da verdade. Antes de se pronunciar, Mandetta participou de reunião ministerial comandada por Bolsonaro.

O passe de Mandetta passou a ser cobiçado pelos governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), caso deixe o governo federal. A atuação do titular da pasta no combate ao novo coronavírus no País é elogiada pelos chefes dos Executivos estaduais e conta com o apoio dos comandos do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso, que ontem se manifestaram contra a demissão do ministro.

Alerta

Militares insistem que essa é uma guerra que não é boa para ninguém. E alertam para falta de opção. O ex-ministro Osmar Terra, um dos aliados que mais tiveram acesso a Bolsonaro nos últimos dias e que busca assumir o lugar de Mandetta, foi demitido do Ministério da Cidadania porque não dava resultado.

Ontem, diante da possibilidade de saída de Mandetta, houve novos panelaços em alguns bairros de São Paulo. Servidores da pasta da Saúde também desceram dos seus escritórios para aplaudir o ministro.

"Não posso aceitar que um médico da competência do Mandetta vá pra casa. Se sair, já está nomeado em Goiás", afirmou Caiado ao jornal O Estado de S. Paulo.

Já Doria, um dos principais adversários políticos do presidente, evita abordar o tema publicamente, mas disse a auxiliares que gostaria de contar com o ministro em seu time. Em entrevista recente ao jornal O Estado de S. Paulo, o tucano defendeu Mandetta e afirmou que a demissão dele seria "um desastre" para o Brasil.

A avaliação de Bolsonaro, porém, é de que seu ministro adotou uma postura arrogante diante da crise e deveria ouvi-lo mais. "Algumas pessoas do meu governo, algo subiu à cabeça deles. Estão se achando demais. Eram pessoas normais, mas, de repente, viraram estrelas", afirmou o presidente no domingo, ao receber apoiadores no Palácio da Alvorada. Era uma indireta por Mandetta ter participado de uma "live" da dupla sertaneja Jorge e Mateus, quando voltou a defender o isolamento social, um dos pontos de divergência com o chefe do Executivo.

Outra divergência é em relação ao uso da cloroquina em pacientes da covid-19. Bolsonaro é um entusiasta do medicamento indicado para tratar a malária, mas que tem apresentado resultados promissores contra o coronavírus. O ministro, por sua vez, tem pedido cautela na prescrição do remédio, uma vez que ainda não há pesquisas conclusivas que comprovem sua eficácia contra o vírus. Em mais um sinal de desprestígio de seu ministro da Saúde, o presidente voltou a se reunir com médicos ontem para falar sobre o uso do medicamento. "Ciência. Não vamos perder o foco", repetiu o ministro ontem após se reunir com médicos convidados por Bolsonaro para defender o remédio.

Militares

Os generais que assessoram o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, atuam para apaziguar os ânimos e evitar a demissão de Mandetta. Assim como Bolsonaro, os militares também têm reparos à forma como o ministro se comporta. Eles consideram que Mandetta tenta capitalizar as ações da pasta. Mas avaliam que uma demissão, neste momento, fortaleceria os governadores que hoje travam uma queda de braço com o presidente.

Pesquisa XP mostrou que cresceu o apoio aos governadores na medida em que a pandemia se alastra pelo País. Os militares do Planalto tentam convencer Bolsonaro dos riscos de um desgaste de sua popularidade. Os militares têm consciência que os maiores inimigos são as redes sociais e dezenas de grupos de WhatsApp que alimentam a ira de Bolsonaro. Os discípulos do escritor Olavo de Carvalho, guru da família do presidente, e o vereador e Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) já demitiram Mandetta em seus posts e passam o dia tentando fazer Bolsonaro usar a caneta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Outra reviravolta para a coleção do governo Bolsonaro. Desta vez, o presidente desistiu de exonerar o Ministro da Saúde Luiz Mandetta, pouco mais de uma hora depois de dois funcionários do Planalto confirmarem sua intenção ao jornal O Globo. De acordo com a revista Veja, na tarde desta segunda (6), o presidente foi desencorajado por alguns dos militares que compõem o governo, a exemplo dos ministros Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Governo).

A possibilidade de exoneração, contudo, continua grande. As rusgas entre o presidente e Mandetta aumentaram depois que o Datafolha divulgou, no dia 3 de abril, que a aprovação popular do Ministério da Saúde era de 76%, em contraposição aos 33% do governo. A rejeição de Bolsonaro chegou a 39%. A margem de erro é de três pontos percentuais.

##RECOMENDA##

O presidente, então, chegou a dizer que nenhum ministro era “indemissível” e que alguns membros do governo “viraram estrelas” e “falam pelos cotovelos”. Bolsonaro ainda disse que “falta humildade” a Mandetta. Por sua vez, o ministro comentou que era um médico ao lado de um paciente e só sairia do ministério demitido.

Ao contrário de Bolsonaro, Mandetta respeita as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e vem estimulando o isolamento social preventivo ao novo coronavírus. Talvez a única ponte do governo com a comunidade científica em meio à pandemia, o ministro da saúde parece ter conquistado, por méritos próprios, alguma sobrevida no cargo.

Resta esperar para descobrir se nos próximos dias Bolsonaro irá contra alguns de seus poucos apoiadores no exército para indicar o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) como substituto de Mandetta. Nesta segunda, o presidente chegou a se reunir com o médico gaúcho, que vem agradando o Planalto por suas críticas ao isolamento social e ao próprio Mandetta em seu Twitter, rede social em que, inclusive, divide a foto de perfil com o presidente.

Os rumores de que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pode ser demitido pelo presidente Jair Bolsonaro ainda nesta segunda-feira, 6, levaram rapidamente o sobrenome do ministro a liderar a lista dos assuntos mais comentados do Twitter brasileiro nesta segunda-feira, 6.

Segundo o jornal O Globo, a demissão de Mandetta estaria sendo preparada pelo governo para ser publicada em edição extra do Diário Oficial ainda nesta segunda.

##RECOMENDA##

Além do titular da Saúde, também foi parar nos trending topics do Twitter o nome de Osmar Terra, deputado federal pelo MDB do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Cidadania, tido como potencial substituto de Mandetta.

Às 16h40 desta segunda-feira, "Osmar Terra" ocupava o segundo lugar na lista dos principais assuntos do Twitter.

Na sequência, hashtag #Urgente, usada de maneira associada às publicações que repercutiam a possibilidade de demissão do atual ministro da Saúde.

Após a intensificação das rusgas entre o presidente Jair Bolsonaro com o próprio ministro da Saúde, Luiz Mandetta, o jornal O Globo publicou que Mandetta deve ser exonerado ainda nesta segunda (6). Quando a notícia foi publicada, o presidente já havia se reunido com o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), cotado para assumir a pasta. Mas quem é Osmar Terra? Médico e contrário ao isolamento social, o deputado vem fazendo diversas críticas à estratégia preventiva adotada em todo mundo, o que agrada Bolsonaro.

Ex-prefeito de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, Terra já foi ministro em duas ocasiões. Primeiro, assumiu a pasta de Desenvolvimento Social, no governo Temer. Depois, foi convidado pelo próprio Bolsonaro a assumir o Ministério da Cidadania, sendo substituído por Onyx Lorenzoni. À época, interlocutores palacianos haviam repercutido o desempenho ruim do gaúcho diante da pasta: a fila do Bolsa Família, por exemplo, chegou a 1 milhão de pessoas depois de maio, quando estava zerada.

##RECOMENDA##

Na verdade, antes da exoneração, especulava-se que Terra poderia deixar o Ministério da Cidadania devido às acusações de que a pasta havia contratado uma empresa de informática que, segundo a Polícia Federal, foi usada para desviar R$ 50 milhões dos cofres públicos entre 2016 e 2018. Outro mal-estar, de cunho pessoal, pode ter sido determinante para o rompimento entre Terra e Bolsonaro: correram notícias de que o então ministro manteria uma suposta relação extraconjugal com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Negacionismo?

Terra é visto ainda, por setores mais progressistas, como um negacionista da ciência. “A ideia de fazer quarentena para reduzir a velocidade e ‘achatar’ a curva de aumento de casos,não funcionou em nenhum país do mundo nesta epidemia!  Estão  submetendo a população a enormes sacrifícios por uma teoria sem resultados práticos!”, alardeou o deputado em seu Twitter, em que divide a foto de perfil com o presidente Bolsonaro.

A rede social de Terra, aliás, tornou-se um repositório de questionamentos à política de isolamento social e de contraponto ao trabalho de Mandetta. Também lá, o deputado rasga elogios ao presidente: “Está na hora dos governadores ouvirem o Presidente e acertarem com ele  o fim dessa quarentena sem resultados”, postou em 4 de abril. O deputado, que chama a quarentena adotada pelo país de “radical” e “inócua”, também fez críticas à Organização Mundial de Saúde (OMS), a qual disse estar “colocando o corpo fora” do isolamento horizontal.

Este não foi seu primeiro atrito com a comunidade científica. Em 2019, Terra atacou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e disse que não via “validade científica” em um estudo sobre drogas desenvolvido por três anos pela instituição, com aporte de 500 pesquisadores e 16 mil entrevistas. “Eu não confio nas pesquisas da Fiocruz. Se tu falares para as mães desses meninos drogados pelo Brasil que a Fiocruz diz que não tem uma epidemia de drogas, elas vão dar risada. É óbvio para a população que tem uma epidemia de drogas nas ruas. Eu andei nas ruas de Copacabana, e estavam vazias. Se isso não é uma epidemia de violência que tem a ver com as drogas, eu não entendo mais nada. Temos que nos basear em evidências”, afirmou, sem apresentar tais “evidências”.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando