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A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, admitiu no domingo (24) que a legislação para licenciamento e fiscalização de barragens no Brasil deverá passar por mudanças. Segundo ela, isso deverá acontecer após a análise das causas que levaram à ruptura da barragem da mineradora Samarco.

"Temos primeiro de identificar as causas do acidente. Eu não conheço o relatório final por parte da empresa. Especialistas foram contratados e um conjunto deles está avaliando as causas. Somente com base nas causas vai se poder dizer efetivamente o processo de aperfeiçoamento de fiscalização", afirmou.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A mineradora Samarco pressionou o projetista da barragem de Fundão, Joaquim Pimenta de Ávila, a emitir um documento fora das especificações na etapa inicial da construção da represa, que ruiu em Mariana em 5 de novembro. A tragédia resultou em 17 mortes; ainda há dois desaparecidos.

Em depoimento ao Ministério Público Estadual, Ávila afirmou que em 2007 foi contratado pela Samarco para emitir um relatório chamado "as built", requerido para construção da barragem, que começou a operar em 2008. Aos promotores, Ávila afirmou que o relatório "informa a condição final implantada para as estruturas após sua execução", que "deve refletir a situação das estruturas após a sua implementação, que difere da do projeto naqueles aspectos que foram modificados durante a execução".

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Segundo Ávila, a Samarco pediu que o documento fosse entregue antes da conclusão da obra. O projetista, conforme consta no depoimento, afirmou então que o documento não poderia ser chamado de "as built" (como construído, em português), já que as obras não haviam sido concluídas. A empresa, então, pediu a Ávila que emitisse o documento "com as ressalvas que entendesse pertinentes, pois necessitava apresentá-lo no processo de licenciamento ambiental".

Drenagem

Ávila disse também que o projeto inicial da barragem de Fundão previa um modelo de drenagem que apresentou problemas em 2009, provocando pressão excessiva na barragem. Isso obrigou a represa a ser esvaziada por bombeamento, com a construção de um aterro próximo. Na investigação feita pela empresa, ficou constatado, conforme Ávila, que um dos drenos havia entupido. O modelo foi abandonado.

A represa passou a funcionar, conforme Ávila, com liberação de água feita com um "tapete drenante de 130 metros de comprimento e em toda a extensão do dique 1" da barragem - estrutura que ajuda na redução do volume de água. As obras, ainda segundo o projetista, foram feitas entre 2009 e 2010 com autorização do comando da Samarco.

Ávila disse ainda ao MP que a partir de 2014 fez seis inspeções na barragem de Fundão. Em uma delas, em 4 de setembro daquele ano, foram encontradas trincas na represa cuja geometria "caracterizava uma grande extensão com movimento típico de escorregamento o que, muito provavelmente, teria sido ocasionado pela ocorrência de liquefação (aumento na quantidade de água)".

Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Minas, o "as built" não é necessário para a concessão do licenciamento ambiental, mas, por ser uma alteração de projeto, é obrigatório que seja comunicado à Superintendência Regional de Regularização Ambiental.

Procurada, a Samarco afirmou que "o manual do consultor Joaquim Pimenta de Ávila sempre foi observado pela Samarco, assim como foram consideradas todas as suas recomendações técnicas como consultor contratado". "A Samarco espera que a apuração técnica do evento apresente a provável causa (da ruína), pondo fim às especulações ou tentativas simplistas de afastar ou impor culpa a pessoas, sobretudo porque a barragem estava estável."

Reconstrução

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmou ontem que o conselho de administração da Samarco determinou que todas as casas do distrito de Bento Rodrigues e da cidade de Barra Longa sejam reconstruídas até o fim do ano. As declarações foram dadas no Palácio do Planalto, após reunião entre representantes da Vale e BHP (controladoras da Samarco), a presidente Dilma Rousseff e os ministros Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e Luís Adams (Advocacia-Geral da União). Ferreira ressaltou também que seis pontes em Barra Longa serão reconstruídas até o fim do mês e lembrou que todas as famílias recebem assistência financeira. (Colaboraram Igor Gadelha, Daniel Carvalho e Tânia Monteiro)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pescadores acusam a Samarco de não pagar os valores previstos no termo de ajustamento de conduta (TAC) fechado com o Ministério Público depois do rompimento da barragem da empresa em Bento Rodrigues, Mariana, em 5 de novembro. Pelo acerto, os pescadores receberiam um salário mínimo, mais 20% por dependente e uma cesta básica por mês. O TAC foi fechado em 10 de dezembro.

Com o rompimento da barragem, rejeitos de minério de ferro atingiram o Rio Doce, destruindo flora e fauna, inviabilizando a pesca. Segundo Lélis Barreiros, presidente da Associação dos Pescadores de Conselheiro Pena (Aspec), município do Leste de Minas, dos 110 associados da entidade, 39 não receberam nada até hoje.

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A superintendente do Ministério da Pesca e Aquicultura em Minas Gerais, Vanessa Gaudereto, afirmou que pescadores dos municípios de Periquito e Rio Casca também estão sem receber os recursos. "Estamos fazendo um monitoramento sobre quem não recebeu os recursos", afirmou Gaudereto. Segundo Barreiros, os associados estão vivendo "da ajuda dos vizinhos".

Os representantes do ministério e da associação dos pescadores de Conselheiro Pena participam desta segunda-feira, 25, de reunião da Comissão Extraordinária das Barragens criada pela Assembleia Legislativa para investigar as causas do rompimento da barragem da Samarco e os impactos sociais e ambientais da tragédia. A mineradora ainda não se posicionou sobre as declarações do presidente da Aspec.

A Samarco foi convidada para a reunião mas não enviou representante. A justificativa foi que o funcionário que iria à Assembleia estava participando das negociações sobre as ações do plano de emergência que está sendo discutido entre a União, governos de Minas e Espírito Santo, os dois estados cortados pelo Rio Doce, a empresa e suas controladoras, Vale e BHP Billiton. Segundo o relator Rogério Correia (PT) ainda não há previsão para conclusão do relatório final da comissão extraordinária.

Os custos potenciais para a BHP Billiton relacionados aos negócios da Samarco no Brasil podem levar a um rebaixamento nos bônus da BHP, afirma a corretora Kepler Cheuvreux. A Samarco é uma joint venture da BHP e da Vale.

A Kepler mantém a recomendação de "manter" para a dívida sênior não segurada da BHP Billiton, no momento. A Samarco pode ter de pagar, porém, uma grande indenização ao governo brasileiro, após o rompimento da barragem em Mariana (MG).

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Na terça-feira (19), a Advocacia-Geral da União (AGU), os governos de Minas e Espírito Santo e a Samarco fecharam um acordo que estende por mais 15 dias o prazo para a empresa depositar R$ 2 bilhões da ação judicial de R$ 20 bilhões movida pela União e pelos dois Estados contra as mineradoras e suas controladoras, informou o jornal O Estado de S. Paulo. (com informações da Dow Jones Newswires)

Responsáveis por barragens de mineração de todo o País têm, a partir desta segunda (18), 15 dias para comprovar ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) que entregaram cópias físicas dos Plano de Ação de Emergência de Barragem de Mineração (PAEBM) para as prefeituras e Defesas Civis municipais e estaduais. A determinação do DNPM está presente em portaria publicada noDiário Oficial da União.

Caso a regra não seja cumprida,  o DNPM poderá determinar, como medida preventiva, a interdição provisória das atividades de acumulação de água ou de disposição final ou temporária de rejeitos de mineração. Além da interdição, ficam mantidas, também, as sanções administrativas cabíveis.  O DNPM promoverá a desinterdição mediante o atendimento integral do comprovante de entrega do plano de emergência ou a apresentação ao DNPM da Declaração de Condição de Estabilidade da Barragem, conforme o caso.

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"Os empreendedores que operam barragens de mineração inseridas na Política Nacional de Segurança de Barragens, conforme definidas no parágrafo único do art. 1º da Lei 12.334, de 20 de setembro de 2010, deverão, em 15 (quinze) dias, contados da entrada em vigor desta Portaria, apresentar ao DNPM comprovante de entrega das cópias físicas do Plano de Ação de Emergência de Barragem de Mineração (PAEBM) para as Prefeituras e Defesas Civis municipais e estaduais", cita a portaria.

Fonte: Portal Brasil, com informações do Diário Oficial da União

 

O monitoramento de barragens de rejeitos de minério de ferro deixará de ser feito pelas empresas do setor e será transferido para órgãos estatais ambientais como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e secretarias estaduais. Hoje, o acompanhamento das estruturas fica exclusivamente a cargo das mineradoras.

A mudança está sendo discutida em reunião em Brasília de ambientalistas, Ministério Público, representantes dos governos estaduais com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

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A informação é do subsecretário de Licenciamento Ambiental de Minas Gerais, Geraldo Abreu, que participa da reunião. "Pela proposta, as empresas continuariam encarregadas de implantar o sistema de monitoramento, mas o acompanhamento ficará a cargo do poder público", afirmou. "Em pleno século 21, quando qualquer cidadão pode ser monitorado em qualquer lugar que esteja, é complicado pensar que isso não pode ser feito com represas de rejeitos de minério de ferro."

Modificações na legislação ambiental passaram a ser discutidas depois do rompimento da Barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana, que destruiu o distrito de Bento Rodrigues, em 5 de novembro. Até o momento, foram confirmadas 17 mortes na tragédia. Duas pessoas ainda estão desaparecidas.

Uma das causas do rompimento pode ter sido colapso da estrutura, conforme investiga o Ministério Público Estadual de Minas Gerais. Depois da queda da barragem, ficou constatado nas apurações dos promotores que outra represa da mineradora no município, a de Germano, que vem passando por reparos, apresentava rachaduras.

A Polícia Federal indiciou na quarta-feira (13) a Samarco, a Vale (controladora da empresa), a VogBr e mais sete executivos por crime ambiental provocado pelo rompimento da barragem de Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, no dia 5 de novembro. O diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, além do responsável pelo monitoramento de represas da mineradora e gerentes da área estão entre os indiciados. A VogBr emitiu parecer atestando a estabilidade da barragem que rompeu, matando 17 pessoas - duas estão desaparecidas.

A PF, no indiciamento, aponta apenas cargos, e não seus ocupantes. O indiciamento foi por poluição ambiental em proporção que afete o convívio humano. O rompimento da barragem, além de poluir o Rio Doce, atingido pela lama que vazou da represa, impossibilitando, por exemplo, a pesca, deixou sem água cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo.

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Em comunicado, a Vale diz que recebeu com surpresa a notícia do indiciamento e afirmou que "reflete um entendimento pessoal do delegado e ocorre em um momento em que as reais causas do acidente ainda não foram tecnicamente atestadas e são, portanto, desconhecidas".

A Samarco também destacou que discorda da decisão e ressaltou que "não há uma conclusão pericial técnica das causas do acidente". A VogBR vai esperar a notificação da PF para se pronunciar.

Plano

Somente anteontem a Samarco entregou ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) o plano de emergência em caso de rompimento das barragens de Germano e Santarém, em Mariana. Conforme previsto em ação movida pelo Ministério Público Estadual o plano deveria ter sido entregue na segunda-feira. A multa diária pelo atraso é de R$ 1 milhão.

A mineradora ainda apresentou à Justiça uma petição tentando justificar o atraso. Segundo a Samarco, a empresa contratada para o serviço não teria entregue o material no tempo previsto. A solicitação deverá ser analisada pelo TJ nos próximos dias.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Samarco entregou ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) o plano de emergência em caso de rompimento das Barragens de Germano e Santarém, em Mariana, onde, em 5 de novembro, outra represa da mineradora, a de Fundão, ruiu destruindo o distrito de Bento Rodrigues. Até o momento, 17 mortes foram confirmadas. Duas pessoas estão desaparecidas.

Segundo previsto em ação movida pelo Ministério Público Estadual, o plano deveria ter sido entregue na segunda-feira, 11. O material foi protocolado no TJ-MG nesta terça-feira, 12. A multa diária pelo atraso é de R$ 1 milhão. No entanto, segundo informações do tribunal, ainda não há definição sobre o pagamento da penalidade.

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O motivo é que, ao mesmo tempo em que entregou o plano de emergência, a mineradora apresentou também petição tentando justificar o atraso. Conforme a Samarco, na petição, a empresa contratada para o serviço não teria entregue o material no tempo previsto. A solicitação deverá ser analisada pelo TJ nos próximos dias.

Em nota, o Ministério Público Estadual informou que vai acionar a Justiça com pedido de aumento de R$ 1 milhão para R$ 5 milhões por dia de atraso na entrega do material, além de reiterar a necessidade de aplicação da multa.

Segundo o promotor de Justiça Mauro Ellovitch, que participa das investigações sobre a tragédia em Mariana, "o Ministério Público entende que a sociedade não pode ficar à mercê dos prazos que atendam a conveniência da Samarco". "Esses estudos já deveriam ter sido apresentados há muito tempo. A demora coloca em risco desnecessário vidas humanas", declarou.

A mancha de lama que vinha se espalhando na direção Sul, ao longo do litoral do Espírito Santo, agora está viajando para o Norte, alcançando as proximidades do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no sul da Bahia. A Samarco, responsável pela barragem de Fundão, que se rompeu em 5 de novembro, foi notificada a iniciar a coleta de amostras na região.

Embora de forma pouco concentrada, os sedimentos somam uma área de 6.197 km2. A mancha foi detectada durante sobrevoos realizados na segunda e na terça-feira por técnicos do Ibama e do ICMBio.

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O "desvio de rota" foi possivelmente ocasionado por um intenso vento sul que se observou na região na última semana. Os testes para confirmar a origem do material devem ficar prontos em 10 dias, mas a presidente do Ibama, Marilene Ramos, afirmou que os técnicos têm "praticamente certeza de que se trata da lama da Samarco".

Os sedimentos podem impactar a biodiversidade de fitoplâncton, algas e corais de Abrolhos - um dos principais patrimônios ambientais do Brasil. "Ter essa lama no mar é como colocar uma camada de fumaça em cima da Mata Atlântica", comparou o presidente do ICMBio, Cláudio Maretti.

O órgão informou que o parque não será interditado, pois o monitoramento das águas tem indicado que não há metais pesados ou substâncias tóxicas na água.

Espírito Santo

Três praias de Linhares, na região norte do Espírito Santo, foram interditadas pela prefeitura da cidade, nesta quarta-feira, 6. De acordo com o órgão, as praias de Pontal do Ipiranga, Degredo e Barra Seca estão impróprias para banho. Toda região foi afetada pela lama de rejeitos da mineradora Samarco.

O rompimento de duas barragens da mineradora Samarco em Mariana (MG) no início de novembro representou o principal impacto negativo sobre a indústria extrativa no mês, já que o acidente paralisou a produção da empresa, afirmou nesta quinta-feira (7), André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O efeito do desastre foi maior até do que a greve de petroleiros ligados à Petrobras, que afetou a extração e o refino de petróleo também em novembro.

Ao todo, o setor extrativo registrou queda de 10,9% na comparação com outubro, já descontados os efeitos sazonais. Esse resultado foi crucial para que o resultado total da indústria aprofundasse a queda em novembro. A indústria extrativa responde por cerca de 11% da atividade industrial.

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"O setor extrativo foi afetado pela greve de petroleiros, e numa escala bem maior, pelo desastre em Mariana. O acidente afetou a produção de minério de ferro, tanto bruto quanto pelotizado, e traz impacto bastante significativo", disse Macedo. O peso da produção de minério de ferro é maior do que o de petróleo dentro do setor extrativo.

Por outro lado, a paralisação dos petroleiros também interferiu no resultado, pois a produção de petróleo e gás ficou parada por cerca de 20 dias. No auge, afetou as atividades de mais de 50 unidades de produção. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), foram 355 mil barris de óleo equivalente produzidos a menos, segundo a média diária.

A greve também afetou a produção de derivados de petróleo e biocombustíveis. O setor registrou queda de 7,8% em novembro ante outubro, com impacto sobre óleo diesel, gasolina e outros combustíveis.

Na comparação com novembro de 2014, a indústria extrativa recuou 10,5%, enquanto os derivados cederam 12,0%, também reflexo desses eventos. Diante desses resultados, a categoria de bens intermediários recuou 10,8% nesta comparação, a maior retração desde julho de 2009 (-11,1%). "É claro que não podemos tirar dessa conta o comportamento negativo de outros setores que já vinham nesse ritmo", ponderou Macedo.

Alta

Apesar de um novembro ruim para a indústria extrativa, a atividade é a única dentre os 26 setores investigados pelo IBGE que ainda se mantém no positivo no acumulado no ano, destacou o gerente do órgão. A produção tem alta de 4,7% entre janeiro e novembro contra igual período de 2014.

Laudos anuais feitos por auditores externos entre 2011 e 2015 na barragem da Samarco que ruiu no início de novembro, em Mariana, Minas Gerais, apontavam a necessidade da realização de obras principalmente em relação à drenagem de água da chuva para evitar sobrecarga na estrutura de contenção da barragem. Os documentos, assinados por técnicos contratados pela empresa, apontam problemas como trincas nas canaletas utilizadas no escoamento pluvial.

A barragem, chamada Fundão, se rompeu em 5 de novembro. A lama de rejeitos de minério de ferro que desceu da estrutura destruiu o distrito de Bento Rodrigues, matando 17 pessoas. Outras duas estão desaparecidas. A Polícia Federal, Civil, e o Ministério Público investigam as causas do acidente. A lama, via afluentes, atingiu o Rio Doce, percorrendo cerca de 600 quilômetros até o mar, no litoral do Espírito Santo.

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Apesar da necessidade da realização das obras, os auditores, nos cinco laudos, não viram necessidade de interrupção do funcionamento da barragem. A emissão dos documentos por técnicos contratados pela própria empresa está prevista na legislação estadual, conforme explica o presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Diogo Soares de Melo Franco. A manutenção desse sistema está em discussão por um grupo criado pelo estado depois da tragédia em Mariana para discutir o formato do licenciamento ambiental em Minas. Todos os laudos foram encaminhados à Feam.

A necessidade de obras na drenagem consta em todos os cinco laudos, de 2011 a 2015. No primeiro, o texto afirma a necessidade de "desobstruir e limpar as estruturas de drenagem superficial", "reparar as estruturas de drenagem que estão quebradas e ou danificadas. Caso não ocorra tempo hábil anteriormente ao período chuvoso 2011/2012, implantar ações emergenciais suficientes para passar tal período e executar os reparos posteriormente". O relatório é de 26 de agosto de 2011.

No segundo laudo, referente a 2012, é solicitado conclusão e implantação do "projeto de drenagem superficial anteriormente ao período chuvoso de 2012/2013". O documento é de 31 de julho. No seguinte, de 2013, repete-se o pedido da obra e a reparação de "trincas nas canaletas já existentes". O laudo é de 31 de agosto. O pedido de 2014 e 2015 tem exatamente o mesmo texto: "desobstruir, reparar trincas e recompor as canaletas que apresentam problemas". Os laudos são de 21 de agosto de 2014 e 30 de julho de 2015.

Segundo o presidente da Feam o padrão de se exigir a contratação de auditores para a realização de laudos técnicos sobre barragens de rejeito de minério de ferro ocorre em todo o mundo. "É algo, no entanto, que pode ser alterado em Minas Gerais", afirma Franco. Acionada, a Samarco ainda não se posicionou sobre os pedidos de obras feitos pelos auditores.

Resposta

A Samarco informa, em nota, que "as obras recomendadas foram executadas e que as recomendações referentes ao ano 2015 estavam dentro do prazo definido". A mineradora diz ainda que "todas as barragens da Samarco têm Licenças de Operação concedidas pela Superintendência Regional de Regularização Ambiental (SUPRAM) - órgão que, nos recorrentes processos de fiscalização, atesta o comportamento e a integridade das estruturas".

A última fiscalização, de acordo com a empresa, ocorreu em julho de 2015 e indicou que as barragens encontravam-se em condições de segurança. "A Samarco também realiza inspeções próprias, conforme Lei Federal de Segurança de Barragens, e conta com equipe de operação em turno de 24 horas para manutenção e identificação, de forma imediata, de qualquer anormalidade", diz ainda a nota.

A Vale informou que irá recorrer da decisão da Justiça de Minas Gerais que determinou o bloqueio de seus bens e os da BHP Billiton. Em nota de esclarecimento, divulgada no começo da noite deste domingo, 20, a mineradora disse ter tomado conhecimento da decisão do Juízo da 12ª Vara Federal de Belo Horizonte, que decretou a indisponibilidade das suas licenças para a lavra de minério, sem contudo limitar as suas atividades de produção e comercialização. A mineradora afirmou que ainda não foi intimada para a ciência dessa decisão e nem citada para a ação na qual ela foi proferida, mas já avisou que recorrerá da ordem judicial, "demonstrando o descabimento da providência e contestará a ação no prazo legal".

A decisão da Justiça de Minas Gerais, publicada na noite de sexta-feira, 18, determina o bloqueio dos bens da Vale e da BHP Billiton, por conta dos danos gerados com o rompimento das barragens da Samarco, em Mariana, da qual são acionistas.

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O bloqueio dos bens das acionistas da Samarco é necessário, conforme a decisão assinada pelo juiz federal Marcelo Aguiar Machado, pelo fato de o patrimônio da mineradora Samarco, responsável pelo acidente, ser insuficiente para arcar com os danos socioambientais estimados em mais de R$ 20,2 bilhões. A liminar atende à ação civil pública movida pela União, Ibama, Agência Nacional de Águas (ANA), Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Estado de Minas Gerais, do Espírito Santo e outros.

"A efetiva garantia financeira da reparação integral do dano ambiental causado depende de outras garantias, sendo pertinente, tendo em vista a gigantesca extensão dos danos socioambientais e socioeconômicos causados, que se aplique, com base no artigo 461, parágrafo 5º, do CPC, a medida prevista no artigo 7º da Lei 8.429/92, de indisponibilidade de bens dos réus a fim de se assegurar o integral ressarcimento do Dano", ressalta a decisão.

Vale e BHP terão de adotar medidas "urgentes de natureza cautelar" e voltadas à contenção do dano ambiental, sob pena de multa diária no valor de R$ 150 mil, conforme a decisão.

Já a Samarco terá de fazer depósito inicial de R$ 2 bilhões em 30 dias para custear um plano de recuperação integral dos danos a ser elaborado por suas acionistas. Para que essa determinação seja eficaz, a Justiça de Minas Gerais estabeleceu ainda que a multa seja majorada para R$ 1,5 milhão por dia de atraso.

Foi decretada também a indisponibilidade das licenças e concessões para a exploração de lavras existente em favor da Samarco, Vale e BHP.

O relatório de análise de ruptura (dam-break) da barragem de rejeitos de minério do Fundão, em Mariana, encaminhado em abril de 2014 pela Samarco à Secretaria Estadual do Meio Ambiente de Minas traz documentação defasada e imprecisa. Há 45 dias aconteceu o rompimento do reservatório, deixando pelo menos 16 mortos - há mais três corpos não identificados. Uma enxurrada de rejeitos também comprometeu a Bacia do Rio Doce

O estudo de potencial de risco de acidentes na região, entregue no ano passado, foi elaborado para uma estrutura que, em 2008 (ano de realização do estudo), não tinha mais do que 45 metros de altura, a metade do registrado quando da tragédia. O documento de 47 páginas só considera a possibilidade de vazamento por excesso de chuva, ignorando fatores como acomodações de terreno e pequenos tremores. No pior cenário simulado no estudo, realizado pela Pimenta de Ávila Consultoria (que acompanhou a barragem até 2012, quando chegou ao fim o contrato com a Samarco), seriam atingidas 84 construções e 336 pessoas, bem menos do que se verificou efetivamente. O estudo foi divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo.

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Além disso, foi adotado, por recomendação dos especialistas, um raio de 58 km potencialmente em risco, tomando por base as dimensões do reservatório e a extensão do Córrego Santarém e do Rio Gualaxo, principais cursos d’água do entorno. Não há qualquer referência à possibilidade de a lama chegar mais longe, o que efetivamente aconteceu. O dam-break é o estudo que deveria dar base à elaboração de um plano de emergência para tragédias como a de Mariana e era considerado condicionante para que a licença de operação da barragem fosse renovada por quatro anos.

Pagamento

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) aceitou parcialmente agravo de instrumento impetrado pela Samarco e ampliou o prazo para que a mineradora deposite a segunda parcela de um total de R$ 1 bilhão acordado com os Ministérios Públicos Federal (MPF) e Estadual de Minas Gerais (MPE-MG) para as ações iniciais de reparação das áreas atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão. Por decisão do desembargador Afrânio Vilela, a empresa terá 30 dias a mais, a partir da data da intimação, para quitar o valor - originalmente o prazo se encerraria nesta quarta-feira.

Também nesta quarta, quatro observadores do Alto Comissariado das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, que estiveram em Mariana para avaliar a tragédia e acompanhar o socorro às vítimas, apresentam, em Brasília, um pré-relatório. O grupo conversou com lideranças dos moradores das regiões atingidas, ouviu diretores da Samarco e chegou às primeiras conclusões (mais informações nesta página).

A água do Rio Doce não está contaminada por metais tóxicos, segundo um relatório divulgado na terça-feira (15) pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que monitoram os impactos do rompimento da Barragem do Fundão, da mineradora Samarco, ocorrida em 5 de novembro. Foram analisadas amostras de água e sedimentos de 25 pontos, desde o epicentro do desastre, em Mariana (MG), até a foz do Rio Doce, em Linhares (ES).

"Os resultados confirmam que, depois de adequadamente tratada pelas companhias de saneamento de forma a torná-la compatível com os padrões de potabilidade da Portaria 2.914 do Ministério da Saúde, a água pode ser consumida sem riscos", diz um comunicado das duas agências.

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"Com relação à presença de metais pesados dissolvidos em água (cátions): arsênio, cádmio, mercúrio, chumbo, cobre, zinco, entre outros, os resultados de 2015 são, de modo geral, similares a levantamentos da CPRM em 2010. Os valores obtidos nas coletas indicaram condições em conformidade com a Portaria 2.914 do Ministério da Saúde, exceto para o manganês dissolvido que, no entanto, também pode ser tratado para padrões adequados ao consumo nas Estações de Tratamento."

Dois relatórios detalhados foram publicados: um sobre o deslocamento da onda de lama gerada pelo rompimento da barragem e outro sobre o monitoramento da qualidade da água nos rios por onde essa onda passou.

Curiosamente, as concentrações mais altas de arsênio, manganês e ferro encontradas nesse monitoramento estavam no Rio do Carmo, em locais não afetados pelos rejeitos da barragem. "Esses valores anômalos são compatíveis com as características geológicas de áreas do Quadrilátero Ferrífero, como na região entre Ouro Preto e Mariana", diz o Relatório 2. "As amostras de água coletadas ao longo do Rio Doce não evidenciaram a presença de metais dissolvidos em quantidades que possam ser consideradas como contaminadas", conclui.

Composição da lama

 

Também não foram detectadas concentrações tóxicas de metais pesados em amostras da lama coletadas no entorno da barragem e no distrito de Bento Rodrigues. A mortandade de peixes ao longo dos rios teria sido causada não por toxicidade dos rejeitos, mas pela elevada concentração de sedimentos (turbidez) na água durante a passagem da lama, que reduziu a concentração de oxigênio dissolvido na água e também "entupiu" as guelras dos peixes, fazendo com que morressem asfixiados.

Algumas análises contratadas por municípios e realizadas por cientistas independentes, porém, detectaram concentrações elevadas de alguns metais (como arsênio e chumbo) em alguns pontos da Bacia do Rio Doce. Segundo Manoel Barretto da Rocha Neto, diretor-presidente do CPRM, a diferença deve-se ao fato de os cientistas terem medido a concentração total de metais (em suspensão e dissolvidos), enquanto o CPRM mede apenas a porção dissolvida. "É uma sistemática de trabalho que usamos há mais de 40 anos, no Brasil inteiro", explicou ele, em entrevista. O valor total, segundo o geólogo, depende da turbidez, que ficou extremamente elevada com a passagem da onda de rejeitos, mas que tende a cair e voltar à normalidade à medida que os sedimentos forem carregados para o oceano.

A Samarco sempre negou que os rejeitos fossem tóxicos. Mesmo posicionamento foi adotado pelas donas da mineradora, Vale e BHP. Esta publicou o seguinte posicionamento no dia 26: "Os rejeitos que entraram no Rio Doce são compostos de materiais de argila e lodo, provindos da lavagem e processamento de terra contendo minério de ferro, que é naturalmente abundante na região."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O corpo de mais uma vítima foi encontrado na terça-feira (15) pelos bombeiros, na cabine de um caminhão soterrado nas proximidades da barragem, em Bento Rodrigues. A hipótese mais provável é que se trata de um dos funcionários da mineradora Samarco que trabalhavam na região, quando houve o rompimento de Fundão.

O corpo foi conduzido para o centro de Mariana, onde seria feito o trabalho de identificação. Outros dois corpos já foram resgatados pela equipe de buscas, mas ainda não foram identificados pelas famílias no Instituto Médico-Legal de Minas (IML-MG).

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Três funcionários terceirizados da Samarco, responsável pela mina, continuam desaparecidos. São eles: Ailton Martins dos Santos, de 55 anos; Vando Maurílio, de 37; e Edmirson José Pessoa, de 48.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A mineradora Samarco não é a única que deve ser responsabilizada pelo desastre ambiental em Mariana, em Minas Gerais, e o governo também precisa assumir seu papel na proteção às vítimas. O alerta foi feito nesta terça-feira, 15, pela principal autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre direitos humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein.

O alto Comissário da ONU para Direitos Humanos usou seu discurso anual aos governos em Genebra para destacar o desastre em Minas Gerais, como um dos temas de preocupação do ano, ao lado da guerra na Síria, a crise em determinados países e a situação dos refugiados.

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Ao explicar que esteve com autoridades brasileiras na semana passada, Zeid indicou que fez questão de tocar no tema do "recente desastre em Minas Gerais". "Apelei por uma investigação profunda e imparcial", disse o comissário.

Para a ONU, porém, não basta apenas colocar a culpa na empresa Samarco. "Recordei (as autoridades) para a responsabilidade compartilhada que Estados e empresas devem ter na proteção e respeito pelos direitos humanos", insistiu.

Em Paris, ainda em novembro, a presidente Dilma Rousseff (PT) criticou o setor privado. "A ação irresponsável de umas empresas provocou o maior desastre ambiental na história do Brasil, na Grande Bacia Hidrográfica do Rio Doce", afirmou. "Estamos reagindo pesado com medidas de punição, apoio às populações atingidas, prevenção de novas ocorrências e também punindo severamente os responsáveis por essa tragédia."

Em apenas duas semanas, essa é a quarta vez que a ONU se pronuncia sobre o caso de Mariana. Uma equipe de peritos das Nações Unidas chegou a ser enviada à região e anunciará nesta quarta-feira, 16, no Brasil, o resultado do que pode constatar.

Na semana passada, o relator das Nações Unidas para o Direito à Água e ao Saneamento Básico, Léo Heller, criticou o governo por não estar garantindo acesso à água às vítimas do desastre ambiental em Mariana e alertou que análises do Rio Doce revelaram "níveis de elementos tóxicos que superam os níveis aceitáveis".

"Mais de um mês após o evento, centenas de milhares de pessoas dos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo ainda sofrem com interrupções no abastecimento de água", alertou o relator da ONU.

Social

No discurso, Zeid contou que tratou ainda do impacto social da crise econômica no Brasil com as autoridade nacionais. "Reconheci os esforços feitos pelo governo para reduzir a pobreza e desigualdade", disse. "Mas expressei minha preocupação sobre o fato de que o desenvolvimento positivo no Brasil foi recentemente desafiado por uma economia em declínio e a introdução de novos projetos de lei que minam os padrões de direitos humanos em várias áreas."

Entre as críticas está o Projeto de Lei 215, que transferiria o poder de demarcação de terras indígenas do Executivo para o Congresso.

Em sua reunião com o governo, Zeid também se mostrou preocupado com a iniciativa de reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos. Mas também apontou para os desafios relacionados com segurança pública e violência. O comissário falou da situação das prisões, da corrupção, pobreza, exclusão e discriminação.

"Tal discriminação é manifestada na falta de acesso aos direitos econômicos, sociais e culturais básicos para um amplo segmento da sociedade", indicou.

Sobe para 16 o número de vítimas confirmadas pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco no Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana. Segundo informações da Polícia Civil de Minas Gerais, o corpo encontrado na quinta-feira, 10, próximo ao distrito de Camargos, a aproximadamente 7 quilômetros do local do acidente, é de Antônio Prisco de Souza, de 74 anos, morador de Bento Rodrigues.

Familiares fizeram o reconhecimento do corpo. Com a identificação, cai para três o número de desaparecidos depois da tragédia.

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O corpo foi localizado pelos bombeiros em local de difícil acesso, conforme mostram vídeos divulgados nesta sexta-feira, 11, pela corporação. A área, conforme é possível ver nas imagens, está repleta de troncos em meio a um grande volume de lama. Os bombeiros entraram nesta sexta no 36º dia de buscas.

O rompimento da barragem aconteceu em 5 de novembro. Além das mortes, a lama que desceu da represa atingiu o Rio Doce, destruindo fauna e flora ao longo do curso d'água.

Cerca de duas semanas depois da queda da represa, a lama chegou à foz do rio, em Regência, distrito de Linhares, no litoral do Espírito Santo, também afetando flora e fauna marítima.

Equipes dos bombeiros encontraram nesta quinta-feira (10) mais um corpo em Mariana, em Minas Gerais. Segundo a corporação, o corpo foi resgatado em um local de difícil acesso próximo ao distrito de Camargos. Dessa forma, quatro pessoas seguem desaparecidas após o maior desastre ambiental do País, sendo três funcionários e um morador. O corpo achado aguarda identificação no Instituto Médico Legal (IML) de Mariana.

No último sábado (11) o IML identificou os últimos quatro corpos que estavam no local na ocasião, o que fez o número de vítimas do rompimento das barragens da mineradora Samarco subir para 15.

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As quatro vítimas são Claudemir Elias dos Santos, de 41 anos, Pedro Paulino Lopes, de 56, ambos funcionários de empresas terceirizadas da Samarco, Maria Elisa Lucas, de 60, e Maria das Graças Celestino Silva, de 65, moradoras de Bento Rodrigues.

De acordo com os bombeiros, o terreno onde o corpo foi encontrado nesta quinta-feira é "muito perigoso". A corporação afirmou que as equipes têm dificuldade para percorrer o terreno e que as buscas são minuciosas e levam tempo. O trabalho ininterrupto dos bombeiros já dura 36 dias.

A lama de rejeitos da mineradora Samarco, que chegou ao Espírito Santo após o rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais, no dia 5 de novembro, deixou uma mancha vermelha que já se espalhou por 57 quilômetros ao norte, 17,5 quilômetros ao sul e 18 quilômetros mar adentro no litoral norte capixaba, com impactos para ao menos 317 mil pessoas no Estado. O acidente deixou 15 mortos e quatro desaparecidos.

Além disso, três toneladas de peixes foram recolhidas ao longo do Rio Doce, no Estado, e cerca de 20 ninhos de tartarugas foram removidos da foz do rio, na cidade de Linhares.

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Esse cenário foi visto e descrito pelo fotógrafo, ambientalista e presidente do Instituto Últimos Refúgios, Leonardo Merçon, durante uma expedição às margens do Rio Doce e também ao distrito de Regência, em Linhares, onde fica a foz do rio, no litoral capixaba.

Um mês após a tragédia, Merçon, que lança nesta semana o projeto Lágrimas do Rio Doce, exposição de vídeos e fotografias que retratam a atual situação do rio e regiões afetadas, contou que as consequências do desastre são mais graves do que parecem. Segundo ele, a região é berçário de peixes, crustáceos e pássaros - alguns ameaçados de extinção - e, por isso, a preocupação é grande.

"As pessoas não têm noção. É mais grave do que possam imaginar. O grosso dos rejeitos ainda deve chegar ao Espírito Santo e agravar ainda mais a situação", comentou Merçon.

Segundo ele, o problema não se restringe a ambientes aquáticos. Merçon explicou que a lama de rejeitos engoliu o braço do mar onde ocorre a reprodução das tartarugas-marinhas em Regência. Elas tiveram seus ninhos removidos. Os filhotes também precisaram de uma atenção especial e foram realocados para outros pontos do litoral, que não foram atingidos pela lama. Ainda não se sabe o que pode acontecer com esses animais no mar.

Merçon destacou, no entanto, que não apenas as tartarugas foram vítimas da lama de rejeitos. "Jacarés, capivaras, lontras, bois, cachorros, aves migratórias - todos foram afetados. Estive no Rio Doce uma semana antes da chegada dos rejeitos e vi muitos animais. Ir agora e ver todos mortos é desolador."

Para Merçon, além dos impactos ambientais, a vida das pessoas que dependem do rio também foi afetada. "É absurdo que as pessoas vejam a situação da água e façam uso dela para beber. A situação é muito grave", alertou.

Tartarugas

A médica veterinária do Projeto Tamar Cecília Baptistotte explicou que o período de desova das tartarugas da região tem o pico no mês de novembro, justamente na época em que a barragem se rompeu. "Estamos no pico de desova e as tartarugas ficam na frente das praias neste período, porque elas colocam ovos várias vezes. É preocupante o impacto negativo que a lama pode trazer à saúde desses animais."

O médico veterinário Marcelo Renan contou que o sangue das tartarugas vem sendo coletado para a realização de testes que deverão revelar a concentração de elementos tóxicos. "Só assim saberemos como esse material tóxico tem afetado a vida desses animais", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dados criptografados do documento oficial do projeto de lei que institui o novo Código de Mineração revelam que o autor do arquivo é o escritório Pinheiro Neto, que tem como clientes as mineradoras Vale e BHP Billiton. O advogado Carlos Vilhena, sócio do escritório, aparece como a última pessoa que modificou o texto.

Redigido em um notebook do escritório, o substitutivo ao PL do Código tem alterações em pelo menos cem trechos, a maioria relacionada a tópicos socioambientais. O escritório, o advogado e o relator do projeto, o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB-MG), admitiram as mudanças, alegando contribuições voluntárias. O caso foi revelado pela BBC Brasil.

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O valor máximo da "multa administrativa simples" para as empresas, por exemplo, foi mudada três vezes: do R$ 1 milhão original, passou a R$ 5 bilhões e, por fim, foi diminuída para R$ 100 milhões.

Quintão disse à reportagem que o documento não foi criado nas dependências do escritório, mas dentro da Câmara dos Deputados.

Como a sala de reuniões da comissão especial não teria um computador para digitação, explicou o deputado, Vilhena usou o laptop de seu escritório para "escrever o processo legislativo, depois de colhidas dicas e sugestões de movimentos socioambientais". O peemedebista disse que os dois estavam acompanhados de assessores parlamentares e consultores da Câmara.

Por e-mail, Vilhena confirmou que ajudou "na alteração de alguns trechos", mas disse que atuou como pessoa física, e não como sócio do Pinheiro Neto. "Atuei como auxiliar na redação", explicou. Negou ter recebido qualquer pagamento pelas modificações ou beneficiado as empresas que são clientes do escritório. "Talvez pelo fato de tê-lo gravado [O DOCUMENTO]em um laptop do escritório tenha gerado essa informação equivocada", respondeu. Sobre a mudança na multa, disse que o valor foi decidido após debate entre diversos setores.

A polêmica se deu um mês após o desastre em Mariana, onde se rompeu a Barragem de Fundão, da Samarco, cujas acionistas são a Vale e a BHP; 15 pessoas morreram e quatro estão desaparecidas.

A Vale preferiu não se manifestar, salientando que trabalha com mais de cem escritórios de advocacia. O novo Código de Mineração deve ser entregue hoje ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), para definição da data de votação. O escritório Pinheiro Neto informou, em nota, que seus advogados são frequentemente convidados a "contribuir no aperfeiçoamento de textos legislativos, visando à melhoria do sistema econômico-jurídico nacional".

Ética

Deputados financiados por empresas não podem, segundo o Código de Ética da Câmara, relatar "matérias de interesse específico" dessas empresas que contribuíram com as campanhas. Quintão recebeu cerca de R$ 2 milhões de mineradoras nas eleições do ano passado, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). O deputado, no entanto, se justificou, dizendo que as doações foram legais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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