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A Justiça Federal em Minas Gerais deu cinco dias à Samarco Mineração para que interrompa o fluxo de rejeitos de minério de ferro que continua vazamento da barragem da empresa que rompeu em Mariana em 5 de novembro. A decisão atende a ação impetrada pelo Ministério Público Estadual (MPE) que, com estudos sobre a qualidade da água em cursos d'água da região, afirma que os rejeitos de minério de ferro ainda descem da represa, mais de cinco meses depois da tragédia, que matou 18 pessoas. Uma continua desaparecida. A multa pelo não cumprimento da decisão é de R$ 1 milhão por dia.

O MP entrou com a ação na segunda-feira, 4. Um dia depois, o presidente da Samarco, Roberto Carvalho, afirmou em Belo Horizonte que não existia mais vazamento de lama em Mariana. O executivo, porém, disse na ocasião que ainda não havia tomado conhecimento da ação.

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Conforme o levantamento feito pelos promotores, em janeiro e fevereiro de 2016, 5 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro do que restou da represa atingiram matas e cursos d'água da região. A estimativa é de que ainda existam 9,7 milhões de metros cúbicos de lama na Barragem de Santarém, que rompeu parcialmente no dia 5 de novembro. Essa represa fica à frente da de Fundão, a que entrou em colapso no dia 5 de novembro.

Segundo o MP, obras realizadas pela Samarco, como a construção de diques para segurar a lama, não vêm surtindo efeito. Na decisão, tomada na quarta-feira, 6, o juiz que acatou o pedido do Ministério Público, Luís Fernando Benfatti, afirmou que, "na verdade, o que se tem inicialmente é que o dano ambiental se agrava dia após dia, sem que as partes envolvidas tomem efetiva medida de contenção e reparação dos estragos vivenciados".

A Samarco é controlada pela Vale e pela BHP Billiton. A empresa afirmou não ter sido notificada da ação e que "os diques estão cumprindo seu papel de conter os sedimentos dentro da área das barragens".

Os atingidos pela lama da barragem da mineradora Samarco em Mariana receberam nesta quinta-feira, 31, R$ 800 mil em doações realizadas por pessoas físicas e empresas depois da tragédia, ocorrida em 5 de novembro do ano passado. Ao todo, 306 famílias moradoras do distrito de Bento Rodrigues, destruído pelos rejeitos que vazaram da represa, receberam os recursos, perfazendo valor de R$ 2.614,38 para cada família, pagos em cheque. O montante arrecadado até o momento é de R$ 1.122,867,19. O restante, R$ 322.867,19, será repassado em 30 dias, conforme informações da prefeitura de Mariana.

Os R$ 800 mil foram liberados por termo de ajustamento de conduta (TAC) fechado entre o município e o Ministério Público Estadual (MPE) em Mariana. A previsão era que o dinheiro fosse repassado antes da Semana Santa. Porém, na quarta-feira, 23, durante votação do projeto de lei que autorizava a prefeitura a fazer o pagamento, dois vereadores, Bruno Mól (PSDB) e Pedro Eldorado (PR) pediram vistas ao projeto de lei. Houve reação da população e do Ministério Público. Em nota, o promotor Guilherme de Sá Meneguin afirmou que investigaria o posicionamento dos dois parlamentares. Na última segunda-feira, 28, em nova sessão da câmara, o projeto foi aprovado.

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A decisão de não repassar todo o dinheiro de uma só vez ocorreu por recomendação do Ministério Público. O objetivo é atender outras famílias que possam vir a ser enquadradas como atingidas pela tragédia. Além de destruir o distrito de Bento Rodrigues, o rompimento da barragem provocou a morte de 18 pessoas. Uma ainda está desaparecida.

Toda a cúpula da Samarco à época, inclusive o então presidente Ricardo Vescovi, foi indiciada pela Polícia Civil de Minas Gerais por homicídio com dolo eventual (quando não há intenção de matar, mas assume-se o risco) e teve pedido de prisão enviado à Justiça. Ainda não houve, porém, posicionamento sobre a solicitação. A Samarco pertence às mineradoras Vale e BHP Billiton.

O corpo encontrado nesta quarta-feira (9) na barragem da Samarco que se rompeu em 5 de novembro do ano passado, em Mariana, é o de Aílton Martins dos Santos, de 55 anos, funcionário da Integral Engenharia, prestadora de serviço da mineradora. A informação é da Polícia Civil.

A identificação foi feita durante a noite pela família no Instituto Médico Legal (IML) da cidade. Santos é a 18ª vítima confirmada da tragédia. Uma pessoa, Edmirson José Pessoa, de 48 anos, continua desaparecida.

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O corpo foi localizado dentro de um caminhão-pipa após escavações das equipes de busca. O ex-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, e toda a cúpula da empresa, que pertence à Vale e à BHP Billliton, foi indiciada pela Polícia Civil por 19 homicídios. Depois da tragédia, todos foram afastados do comando da mineradora.

Em nota, a polícia informou que o reconhecimento do corpo foi possível por sinais de uma cicatriz, o cabelo e roupas. "Além disso, o prefixo do caminhão onde ele foi encontrado é o mesmo que a polícia já tinha como sendo o que ele dirigia no dia da tragédia", diz o texto. Santos será enterrado no município de Catas Altas, Região Central de Minas, onde morava.

O Ministério Público ainda não se posicionou sobre a conclusão das investigações da Polícia Civil. Procuradores e promotores defendem que a aceitação do indiciamento, decisão hoje a cargo da Justiça em Mariana, seja feita pela Justiça Federal.

A Samarco, dona da mineradora onde houve rompimento de uma barragem, em Mariana (MG), que causou o maior desastre ambiental da história do país, assinou nesta tarde um acordo para recuperação da Bacia do Rio Doce. Nos próximos três anos, a empresa destinará R$ 4,4 bilhões para compensar os prejuízos sociais, ambientais e econômicos da tragédia.

Fechado com o governo federal e os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, estados afetados pelo acidente, o acordo foi assinado também pelas empresas acionistas da Samarco, Vale e BHP, que terão que arcar com os pagamentos, caso a Samarco não honre o acordo.

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O dinheiro será usado por uma fundação, formada por especialistas indicados pela mineradora, que desenvolverá 38 projetos voltados para a recuperação ambiental e socioeconômica dos municípios atingidos, indenização e assistência à população. O valor previsto é parcial e, após os três anos iniciais, novos cálculos determinarão o volume de dinheiro que deverá ser empregado até 2018.

Ao todo, o acordo está estimado R$ 20 bilhões, além de mais R$ 4,1 bilhões a serem aplicados em ações compensatórias pelo prazo de 15 anos. Embora a fundação que vai gerir o acordo seja privada, o controle público será feito por meio da do comitê interfederativo formado por representantes dos governos federal, estaduais, municiapais e do Comitê de Bacia do Rio Doce.

No dia 5 de novembro do ano passado, uma barragem de rejeitos da Samarco rompeu-se e derramou 32 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de mineração no Rio Doce. O episódio causou a morte de 17 pessoas e deixou dois desaparecidos no distrito de Bento Rodrigues; destruiu e prejudicou o abastecimento de água em diversos municípios e continua causando impactos ambientais graves no rio Doce e no oceano atlântico, onde o rio desemboca.

Uma cerimônia no Palácio do Planalto marcou a assinatura do acordo. Além da presidenta Dilma Rousseff e dos governadores de Minas, Fernando Pimentel, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, participaram do evento os presidentes da Samarco, Roberto Lúcio Nunes de Carvalho, da Vale, Murilo Ferreira, e da BHP, Andrew Mackenzie, além do vice-presidente Michel Temer.

Após a tragédia, a Advocacia-Geral da União e o Ministério Público dos estados atingidos moveram uma ação civil pública contra as empresas pedindo um valor mínimo de R$ 20 bilhões, a serem pagos em dez anos, para reparação dos estragos socioambientais e econômicos. Após ajuizar a ação, o Poder Público passou a negociar o acordo com as mineradoras com o objetivo de evitar uma lenta disputa judicial.

Depois de abrirem dois processos contra a Vale na Corte de Nova York, investidores dos Estados Unidos entraram agora com uma ação coletiva contra a sócia da mineradora na Samarco, a anglo-australiana BHP Billiton, por causa do desastre com a barragem em Mariana, Minas Gerais.

A ação coletiva contra a BHP foi aberta pelo fundo de pensão dos aposentados do Condado de Jackson, no Estado de Missouri. Além da empresa, aparecem como réus quatro executivos da mineradora, incluindo o diretor Jac Nasser e o presidente, Andrew Mackenzie. O processo foi aberto pelo escritório Robbins Geller Rudman & Dowd, com sede na Filadélfia.

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Os advogados acusam a BHP de desrespeitar as leis do mercado de capitais dos EUA ao produzir comunicados "falsos e enganosos" sobre a situação "precária" das instalações da Samarco em Minas. A BHP "sabia ou ignorou de forma negligente" estas operações deficientes e divulgou uma série de comunicados ressaltando o comprometimento da companhia com a "segurança" e de constante monitoramento dos locais de extração de minério. Com isso, levou os investidores a tomarem decisões erradas.

O processo usa uma citação da BHP apresentada no formulário 20-F, que contém todas as informações financeiras e precisa ser arquivado no regulador do mercado de capitais dos EUA, a Securities and Exchange Commission (SEC). "A segurança e saúde de nosso time e das comunidades em que nós operamos são centrais para o sucesso da nossa organização", afirma a BHP no documento.

Assim como a Vale, a BHP tem American Depositary Receipts (ADRs), que são recibos de ações, listados na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). "Quando a verdade sobre o acidente foi revelada, entre 5 e 30 de novembro, os ADRs da BHP tiveram queda expressiva, prejudicando os investidores", afirmam os advogados no processo. O preço de um dos ADRs do grupo, que valia US$ 33 no dia 4, um dia antes do rompimento da barragem, fechou novembro em US$ 26.

O processo ressalta ainda que a BHP está sujeita a despesas judiciais altas, por conta de processos na Justiça, e outros passivos, o que pode afetar os números da empresa e o desempenho dos papéis na bolsa.

Os investidores interessados em serem líderes do processo, ou seja, representar todos os demais na Corte, têm até o dia 24 de abril para se inscreverem. Podem participar os que têm papéis da empresa entre 25 de setembro e 30 de novembro de 2015. No caso do processo da Vale, o juiz está neste momento escolhendo o investidor líder da ação.

Mariana

Em Mariana, a juíza Marcela Oliveira Decat de Moura negou pedido feito pelo Ministério Público Estadual (MPE) de Minas e pelo Ministério Público Federal (MPF) para que enviasse à Justiça Federal o inquérito da Polícia Civil que pede o indiciamento e a prisão da cúpula da Samarco pelo rompimento da barragem da empresa no município.

O pedido dos procuradores e promotores foi feito na sexta-feira, sob o argumento de que os crimes pelos quais os representantes da Samarco foram indiciados - homicídio, inundação e poluição de água potável - têm relação com os impactos da lama no Rio Doce, que corta Minas e o Espírito Santo, o que colocaria o processo sob responsabilidade da Justiça Federal.

Dezessete pessoas morreram na tragédia. Duas estão desaparecidas, mas foram consideradas mortas pela Polícia Civil, pelo tempo passado desde o rompimento, ocorrido em 5 de novembro.

Argumentos

A juíza argumentou, citando o Artigo 5o da Constituição Federal, que a competência é da Justiça no município "para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida".

A magistrada mencionou ainda o Código de Processo Penal, que dá competência, conforme a magistrada, à Justiça local para julgamento de crimes conexos.

E acrescentou, por fim, que o artigo 109 da Constituição Federal dá à esfera federal competência nos crimes contra a vida "apenas quando os crimes dolosos" forem praticados contra "agentes públicos federais, no exercício de suas atividades".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e o ex-advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, se reuniram nesta segunda-feira (29), em Belo Horizonte com representantes do governo do Estado de Minas Gerais para apresentação do acordo que será fechado na sexta-feira (4), com a Samarco, para compensação pelos danos provocados pelo rompimento da barragem da empresa em Mariana.

Prefeitos de cidades que ficam na bacia do Rio Doce, poluído pela lama que vazou da represa, também participaram do encontro. Apesar de restar poucos dias para o prazo previsto de fechamento do documento, outras reuniões ainda vão ocorrer essa semana. A presidente do Ibama, Marilene Ramos, também participou da reunião, que aconteceu na Cidade Administrativa.

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Um dos obstáculos para a conclusão das negociações, que envolvem os governos federal, de Minas e do Espírito Santo, onde deságua o Rio Doce, envolve o reflorestamento das áreas afetadas pelos rejeitos de minério de ferro. A União e Estados pressionavam pelo reflorestamento de uma área de 120 mil hectares ao longo da bacia do Rio Doce. A Samarco não admitia mais que 8 mil hectares. Pelo acordo, ficou estabelecido que a empresa terá que gastar R$ 1,1 bilhão com esse tipo de ação.

Na Samarco, as informações são que a empresa não vai se posicionar sobre o fechamento do acordo. Conforme o termo, a empresa se comprometerá a repassar cerca de R$ 5 bilhões para compensações ambientais até 2018. O restante seria repassado ano a ano de acordo com o volume de recursos necessários para recuperação da bacia e condições econômicas da população que perdeu parentes e casas.

Para Adams, o termo é a melhor saída para União, Estados e população. "O acordo é a forma mais célere e efetiva para a resolução. Ele nos dá a garantia que de que tudo o que está planejado vai ser realizado", disse, em comunicado enviado pelo governo do Estado.

O acordo será fechado dentro de ação civil movida pela União e os governos de Minas e Espírito Santo que previa pagamento de R$ 20 bilhões pela empresa como compensação dos danos provocados pela empresa. Não há, porém, garantia de que esse valor será alcançado, conforme revelou o advogado-geral de Minas Gerais, Onofre Batista, ao jornal O Estado de S.Paulo no último dia 26. Segundo o representante do governo de Minas, o valor poderá ser menor caso a empresa comprove que consiga fazer tudo o que for necessário com menos recursos.

A tragédia na Samarco acendeu o sinal de alerta na Vale. A mineradora está fazendo uma nova auditoria de todas as suas 168 barragens no País. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a varredura atende a uma recomendação de seu conselho fiscal, como decorrência do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG), que deixou 17 mortos e dois desaparecidos há pouco mais de três meses. O trabalho deve ser encerrado em março. A ideia é que no futuro a companhia estenda a auditoria externa às barragens de suas operações internacionais.

Logo após o rompimento da Barragem de Fundão, em 5 de novembro, a Vale divulgou a verificação detalhada das condições estruturais de 115 das barragens mais relevantes da empresa. Segundo a mineradora, na época nenhuma alteração foi detectada. Essa foi uma auditoria extraordinária, já que uma verificação anual havia sido concluída em setembro.

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A nova inspeção, mais abrangente, está sendo feita por especialistas externos. O objetivo é também verificar se há melhorias que possam ser feitas nos processos de acompanhamento das barragens. À exceção do acidente da controlada Samarco, a Vale nunca enfrentou problemas em suas barragens próprias. Procurada, a mineradora não se pronunciou.

As barragens de rejeitos da Vale são divididas por níveis de risco, que determinam a periodicidade em que devem ser auditadas. Diante da dimensão do acidente ocorrido com a Samarco - sociedade entre Vale e BHP Billiton -, entretanto, o conselho insistiu que a companhia fizesse um mapeamento conjunto de todas elas.

Carajás

O principal investimento da Vale em curso, o S11D, em construção em Carajás, no Pará, não usará barragem de rejeitos. O projeto orçado em US$ 14,4 bilhões é o maior da história da companhia, produzirá 90 milhões de toneladas de minério por ano e entra em operação no fim de 2016. Nele o beneficiamento do minério será feito a seco, ou seja, sem necessidade de usar água no processo industrial.

Com a adoção do processo a seco o ultrafino de minério com alto teor de ferro, que iria para a barragem, não será descartado, permitindo que, em três décadas de vida útil da mina, 300 milhões de toneladas sejam incorporados à produção. Ou seja, quase um ano de produção da Vale - em 2015, a mineradora teve produção de minérios de 345 milhões de toneladas - deixará de virar rejeito da exploração em Carajás. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Vale foi citada em ação na Justiça do Espírito Santo, em trâmite perante a 3ª Vara Cível da Comarca de Colatina, ajuizada pelo Ministério Público estadual contra a Samarco Mineração. À causa foi atribuído o valor de R$ 2 bilhões, informa a mineradora em fato relevante ao mercado.

Vale e BHP Billiton são acionistas da Samarco e rés na ação que postula, entre outras providências, medida liminar para o bloqueio de bens e, ao final, condenação ao pagamento de indenização por dano moral difuso, "em razão de supostos prejuízos" decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, de propriedade da Samarco, explica a nota. O rompimento da barragem de Fundão ocorreu no início de novembro de 2015.

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No fato relevante, a Vale afirma que "adotará todas as medidas para assegurar seu direito de defesa".

Na segunda-feira (22) outra ação civil, desta vez movida pelo Ministério Público de Minas Gerais, determinava o bloqueio de R$ 500 milhões da Samarco e suas controladoras Vale e BHP. Os recursos devem garantir medidas para a recuperação do meio ambiente urbano do município mineiro de Barra Longa. A decisão é da juíza Denise Canêdo Pinto, da comarca de Ponte Nova.

A liminar determina que Samarco, Vale e BHP Billiton apresentem, em 30 dias, os projetos básicos, estruturais e executivos para integral recuperação de todos os bens públicos e de infraestrutura danificados em Barra Longa e seus distritos. Caso contrário as empresas serão penalizadas com multa diária de R$ 500 mil. A reparação deverá ser executada em no máximo seis meses.

A Justiça determinou o bloqueio de R$ 500 milhões da Samarco e suas controladoras Vale e BHP, em uma ação civil pública movida pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Os recursos devem garantir medidas para a recuperação do meio ambiente urbano do município mineiro de Barra Longa. A decisão é da juíza Denise Canêdo Pinto, da comarca de Ponte Nova.

Segundo o MP, o rompimento da barragem de Fundão no dia 5 de novembro de 2015 provocou a devastação total do distrito de Gesteira, e alcançou a sede do município, destruindo todos os tipos de equipamentos públicos, como obras de infraestrutura, rede de saneamento público de esgotamento sanitário e abastecimento de água, escolas, praças, edifícios públicos e campos de futebol.

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A liminar, divulgada nesta segunda-feira, 22, no site do MP de Minas, determina que Samarco, Vale e BHP Billiton apresentem, em 30 dias, os projetos básicos, estruturais e executivos para integral recuperação de todos os bens públicos e de infraestrutura danificados em Barra Longa e seus distritos.

Caso contrário as empresas serão penalizadas com multa diária de R$ 500 mil. A reparação deverá ser executada em no máximo seis meses. Foram determinadas, ainda, a elaboração e a execução de obras de contenção de todo o leito do Rio do Carmo, atingido pela onda de rejeitos da barragem, no trecho que cruza a cidade de Barra Longa.

A decisão pede ainda que sejam adotadas medidas de monitoramento e alerta para pronta evacuação da população de Barra Longa na hipótese de ocorrência de novos eventos. Segundo os promotores de Justiça Thiago Fernandes de Carvalho e Bruno Guerra de Oliveira, autores da ação, o município de Barra Longa foi o mais atingido e destruído pelo desastre.

A Justiça Federal no Espírito Santo proibiu nesta sexta-feira, 19, por tempo indeterminado a pesca na foz do Rio Doce, contaminado pela lama da Samarco, nos limites entre Barra do Riacho, em Aracruz, até Degredo, em Linhares, no litoral norte do Estado. A decisão atende a pedido do Ministério Público Federal.

Os procuradores alegaram que "a medida visa a preservar a saúde da população que consome os pescados da região e a sobrevivência das espécies já impactadas pelos rejeitos de mineração provenientes do rompimento da barragem, ocorrido em novembro de 2015". A represa de Fundão, da Samarco, em Mariana, ruiu em 5 de novembro e, além de poluir o Rio Doce e o mar, destruiu o distrito de Bento Rodrigues, matou 17 pessoas e deixou outras duas desaparecidas.

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Com a decisão, que vale a partir de segunda-feira, 22, somente está liberada a pesca para fins científicos. A Justiça mandou ainda que a Samarco divulgue a determinação em seu site e na imprensa. Foi fixada multa de R$ 30 mil por dia para caso de descumprimento. Ao mesmo tempo em que proibiu a pesca, a Justiça negou pedido do MPF para que a empresa pague os custos de operações de fiscalização a serem realizadas pelo poder público e o trabalho de identificação de pescadores para pagamento de auxílio-subsistência conforme termo assinado entre a Samarco e o Ministério Público Federal. Os procuradores vão recorrer.

Para a força-tarefa montada pelo MPF-ES para apurar os impactos da lama da Samarco, "a ação é necessária porque nenhum estudo realizado até o momento garante que os peixes, moluscos e crustáceos que habitam a área da foz do Rio Doce não estão contaminados por substâncias nocivas à saúde humana depois do rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG). Além disso, o ecossistema marinho, que já se encontra fragilizado pelos rejeitos de mineração, teria um novo impacto causado pela pesca sem haver um diagnóstico preciso dos danos até então verificados".

A decisão pela proibição da pesca foi tomada pelo juiz Wellington Lopes da Silva, da Vara Federal de Linhares. A determinação para que o posicionamento entre em vigor somente na segunda-feira foi para, conforme o magistrado, evitar que a comunidade seja tomada de surpresa.

Em nota, a Samarco informou que não foi oficialmente notificada da referida decisão. Mas reforça que "realiza monitoramento constante da qualidade da água no litoral capixaba, inclusive na foz do Rio Doce, onde são colhidas, diariamente, amostras da água e de sedimentos para a análise, a pedido do Ministério Público". Segundo a empresa, todos os parâmetros estão dentro do limite legal estabelecido no Brasil e os laudos são disponibilizados para as autoridades.

O rapper Gabriel Pensador e a banda de forró Falamansa lançaram a música "Cacimba de Mágoa", que conta a história e o drama das vítimas da tragédia da barragem de Fundão, em Mariana, que ruiu e deixou 17 mortos e dois desaparecidos. De acordo com os músicos, o vídeo foi disponibilizado no Youtube e todo o dinheiro arrecadado com a peça será revertido às vítimas.

A música fala sobre a destruição do Rio Doce, sua fauna e flora, assim como das pessoas que morreram e aqueles que perderam tudo com o desastre provocado pela mineradora Samarco, em novembro do ano passado.

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Lançado na segunda-feira, 15, o videoclipe já tem mais de 276 mil visualizações e conta com a participação de famosos, como Neymar, Grazi Massafera, Paolla Oliveira, Anitta e Michel Teló.

A Polícia Federal suspeita que a Samarco esteja escondendo dados sobre o monitoramento da barragem da empresa de Fundão, que se rompeu em Mariana em 5 de novembro destruindo o distrito de Bento Rodrigues, matando 17 pessoas e deixando dois desaparecidos. Em busca de mais informações, a corporação cumpriu na quarta-feira (17) mandado de busca e apreensão na Samarco em Mariana, na unidade de Ubu, localizada em Anchieta (ES), e na residência, em Viçosa (MG), de um engenheiro que prestou serviço para a mineradora. Ainda ontem, a mineradora entregou ao governo federal um novo plano de recuperação ambiental.

Segundo os delegados Alexandre Leão, chefe da delegacia regional de combate ao crime organizado, e Roger de Lima Moura, chefe do inquérito que investiga o rompimento da barragem, a apuração da queda da represa levantou a possibilidade de a empresa não ter repassado todos os dados que teria, o que pode ser punido com prisão dos responsáveis. Conforme eles, já foram constatadas divergências nos depoimentos de representantes da empresa, sobretudo em relação ao número de piezômetros (equipamentos usados para verificar o volume de água na barragem) e sobre as informações que esses medidores apontavam. A PF já concluiu também que os alteamentos da represa, obras realizadas para aumentar a capacidade, vinham sendo realizados em ritmo superior ao recomendado.

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Procurada, em nota oficial a Samarco disse que "está colaborando com a diligência policial, assim como vem fazendo desde o início das investigações das causas do acidente com a barragem de Fundão".

Plano

Apesar de ter sinalizado, em reuniões técnicas, a necessidade de mais tempo para aprofundar o plano de recuperação ambiental para as áreas afetadas pela lama, a Samarco acabou cumprindo o prazo dado e entregou documento ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ontem. A primeira versão do plano havia sido rejeitada pelo órgão, que a considerou "genérica".

A mineradora, agora, afirma ter entregado algo "robusto", que "compreende um processo dinâmico, sob permanente revisão e aperfeiçoamento à medida que as ações evoluem", diz o diretor de Projetos e Ecoeficiência da Samarco, Maury de Souza Júnior. Ele destaca que o documento tem "uma característica adaptativa".

A nova versão, desenvolvida pela consultoria de engenharia, meio ambiente e emergências ambientais Golder Associates, "contém informações relacionadas aos impactos já identificados e às ações recomendadas para a recuperação ambiental".

As propostas estão distribuídas entre três trechos, que vão desde a barragem de Fundão até a região costeira. A Samarco cita a reconstituição das margens e calhas de cursos d’água, a dragagem do reservatório de Candonga, plantio inicial de gramíneas e leguminosas, monitoramento da qualidade da água e avaliação dos impactos da lama nas áreas de manguezais, e de reprodução de tartarugas-marinhas.

Nesta quinta-feira, 18, o Ibama iniciará uma vistoria em Barra Longa, uma das áreas mais atingidas pelo desastre de 5 de novembro do ano passado. Na próxima segunda, o órgão pretende verificar o término das principais obras de contenção dos rejeitos remanescentes de Fundão.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Civil de Minas Gerais pediu à Justiça, pela terceira vez, mais prazo para a conclusão do inquérito que apura as causas do rompimento da barragem da Samarco em Mariana no dia 5 de novembro. Há dez dias, o delegado responsável pelo caso, Rodrigo Bustamante, adiantou que vai indiciar a direção da mineradora, que pertence à Vale e à BHP Billiton, por 19 mortes ocorridas na queda da represa. O prazo para o término do inquérito se encerrou nesta segunda-feira (15). O novo pedido é por mais 30 dias. A Justiça atendeu à solicitação na sexta-feira (12).

Os outros dois pedidos foram feitos em dezembro e janeiro. Bustamante não revelou os motivos da necessidade de mais prazo para o fim das investigações.

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Na tragédia já foram confirmadas 17 mortes. Duas pessoas estão desaparecidas, mas, segundo o delegado, pelo tempo desde o rompimento da represa, já é possível incluir ambos no indiciamento por homicídio. As declarações foram dadas pelo delegado em 5 de fevereiro, data em que a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão nos escritórios da Samarco em Belo Horizonte e Mariana.

Bustamante não citou quais os integrantes da cúpula da mineradora serão indiciados. O diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, e o diretor de operações da mineradora, Kleber Terra, já foram indiciados pela Polícia Federal por crime ambiental. Os dois estão afastados da empresa. A Samarco e outros cinco executivos da mineradora também foram indiciados pelo mesmo motivo pela corporação.

Segundo disse Bustamante à época, em relação ao indiciamento a ser feito pela Polícia Civil falta apenas decidir se será por dolo, quando há intenção de matar, ou culposo, quando não há a intenção, mas assume-se o risco de que isso ocorra. Para homicídio doloso, a pena varia de seis a 20 anos de prisão, por morte. Para homicídio culposo, a pena varia de um a três anos de prisão, mas que pode ser ampliada em casos, por exemplo, "de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício", conforme previsto no Código Penal.

A direção da Samarco será indiciada pela Polícia Civil de Minas Gerais pelo homicídio de 19 pessoas no rompimento da barragem da empresa em Mariana, há três meses. A informação é do delegado Rodrigo Bustamante, responsável pelo inquérito que investiga a queda da represa.

Até o momento foram confirmadas 17 mortes. Duas pessoas estão desaparecidas. Porém, segundo o delegado, pelo tempo decorrido já é possível considerar os dois desaparecidos como mortos. Conforme Bustamante, falta definir apenas se o indiciamento será doloso ou culposo.

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O delegado não quis fala sobre os nomes dos diretores que serão indiciados. Em 13 de janeiro, a Polícia Federal indiciou o então diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, o diretor de operações da mineradora, Kleber Terra, e outros cinco executivos por crime ambiental. Ambos se afastaram da empresa.

A Polícia Civil de Minas Gerais cumpre na manhã desta sexta-feira (5) mandados de busca e apreensão nos escritórios da mineradora Samarco em Belo Horizonte e Mariana. Na capital, agentes chegaram à empresa às 7h. A Polícia Civil investiga as causas do rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana, que nesta sexta-feira completa três meses.

Dezessete pessoas morreram na tragédia e duas estão desaparecidas. A mineradora também é investigada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual. O escritório da mineradora em Vitória, no Espírito Santo, também estaria sendo alvo da operação.

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Em nota, a Samarco confirmou a operação da Polícia Civil em seus escritórios de Belo Horizonte e Mariana e reiterou que "está colaborando com o trabalho dos policiais, assim como vem fazendo desde o início das investigações das causas do acidente com a barragem de Fundão".

Os rejeitos de minério de ferro da barragem da Samarco que se rompeu em Mariana provocou prejuízo de R$ 1,2 bilhão ao Estado de Minas Gerais e aos 35 municípios banhados pelo Rio Doce, atingido pela lama. O valor consta em relatório divulgado nesta quinta-feira (4) pela força-tarefa montada pelo governo de Minas para apurar prejuízos causados pela tragédia. O valor será cobrado da Samarco, que pertence à Vale e à BHP Billiton. No total não estão incluídos danos ambientais e recursos que serão utilizados para o pagamento de indenização a famílias.

Conforme o relatório, 320 mil pessoas foram atingidas pela tragédia, que já tem 17 mortes confirmadas. Duas pessoas ainda estão desaparecidas. Nesta sexta, 5, completam-se três meses do desabamento da represa, que vem sendo investigado pela Polícia Federal, Polícia Civil, Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual.

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O levantamento do governo do Estado levou em consideração dados coletados entre as cidades de Mariana e Aimorés, na divisa com o Espírito Santo, onde o Rio Doce deságua. Na conta estão incluídas a reconstrução do distrito de Bento Rodrigues, destruído pela lama, recuperação de estradas e gastos com saneamento e saúde pública feitos pelo Estado e municípios, além da paralisação de atividades comerciais, industriais e agropecuária pela iniciativa privada.

"É um valor inicial. Sempre teremos recortes semanais e mensais em que aparecerão novos gastos. O ponto final está longe de ser alcançado", afirmou o secretário estadual de Desenvolvimento Regional Política Urbana e Gestão Metropolitana, Tadeu Martins Leite.

Conforme o relatório, a cadeia produtiva da região registrou prejuízos ao setor privado de R$ 540.466.816,00, segundo informações repassadas pelos municípios. As perdas foram por morte de animais, destruição de lavouras, pastagens, máquinas e construções. Os prejuízos públicos totalizaram R$ 146.066.455,33, principalmente com a prestação de serviços como abastecimento de água, que ficou prejudicado com a lama no Rio Doce. Em relação à infraestrutura pública, a lama da Samarco consumiu R$ 513.755.631,00, com a destruição de estradas, postos de saúde, escolas, e comunidades, total ou parcialmente, como Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana.

Segundo o secretário Tadeu Leite, o próximo passo será negociar com a Samarco o ressarcimento dos danos. Na avaliação do Estado, o R$ 1,2 bilhão poderá ser cobrado dentro da ação judicial de R$ 20 bilhões movida pela União e os governos de Minas e Espírito Santo contra a Samarco, Vale e BHP, para pagamento de prejuízos provocados pela lama. Existe a possibilidade ainda de que o valor faça parte do acordo que os governos tentam fazer com as empresas há 15 dias, mas ainda sem sucesso.

A ação judicial movida pela União e os dois governos estaduais previa o depósito de R$ 2 bilhões pelas empresas em janeiro. Por acordo entre as partes foi dado 15 dias para o repasse. Nesta quarta, a Samarco pediu a suspensão do processo. A justificativa apresentada à Justiça é que as negociações ainda estão ocorrendo e que precisam de mais tempo para conclusão. Para o advogado-geral do Estado de Minas Gerais, Onofre Alves Batista Júnior, que participou nesta quinta da reunião da força-tarefa para divulgação do relatório sobre os danos provocados pela lama da Samarco, é preciso definir a questão judicial entre o poder público e as empresas. "Se não houver um acordo rápido, que se faça o depósito", disse. Não há prazo para que a Justiça decida sobre a suspensão do processo.

Em nota, a Samarco afirmou que vem dialogando com o Governo de Minas um acordo envolvendo União, Estado do Espírito Santo, dentre outros atores. A empresa afirma que desconhece o valor apresentado.

O Ministério Público Estadual (MPE) na comarca de Ponte Nova, região atingida pela lama da Samarco, acionou a Justiça com uma ação civil pública contra a mineradora e suas controladoras, Vale e BHP Billiton, para o pagamento de indenização a vítimas da tragédia nos municípios de Barra Longa, Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado.

A ação pede a condenação das empresas ao pagamento por dano moral coletivo no valor mínimo de R$ 500 milhões, e mais R$ 5 bilhões por "dano social punitivo".

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Os valores, conforme o pedido do MPE, deverão ser divididos entre os municípios "na proporção do volume de danos causados a cada um e depositados em um fundo específico, de forma a garantir que impliquem medidas compensatórias nas comunidades atingidas, que melhorem a qualidade de vida da população". A ação pede também indisponibilidade de bens das empresas no valor de R$ 1 bilhão, em dinheiro.

Conforme os promotores, o total de atingidos na região seria de 1.350 pessoas. Com o valor total requisitado seria possível pagar até R$ 200 mil em danos morais individuais e até R$ 400 mil para cobertura de bens materiais a famílias.

"Com isso se visa a evitar o risco de que ações judiciais de outros entes ou com outro escopo, ou mesmo de que acordos extrajudiciais que não contam com a participação dos atingidos, acabem por minar a capacidade econômica das rés de fazerem frente ao que é mais urgente: o ser humano e suas necessidades", afirmam os promotores.

O MPE requisitou também, em caráter liminar, "o pagamento, a título de verba de manutenção temporária, para cada família atingida, que tenha sido desalojada ou tenha tido repercussão econômica com o evento, o valor de um salário mínimo mensal acrescido de 30% por dependente". Procurada pelo Estado, a Samarco, controlada pela Vale e pela BHP, não foi encontrada na noite de terça-feira, 3.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Samarco ampliou acima do limite anual a barragem do Fundão, que ruiu em Mariana (MG). É o que aponta o despacho de indiciamento sob a acusação de crime ambiental da mineradora e de executivos da empresa feito pela Polícia Federal (PF) em 13 de janeiro. O documento mostra ainda que a leitura de equipamentos que medem o nível de água da represa estava com atraso de dez dias.

A reportagem teve acesso à documentação, assinada pela delegado Roger Lima de Moura, chefe da equipe que investiga o rompimento da barragem, que aconteceu em 5 de novembro e deixou 17 mortos e dois desaparecidos. Além da mineradora, foram indiciados a Vale - controladora da Samarco -, o ex-presidente da empresa Ricardo Vescovi e outros seis executivos e técnicos da companhia, além da Vogbr Recursos Hídricos e Geotecnia.

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Segundo os delegados responsáveis pela investigação, funcionários da Samarco que prestaram depoimento afirmaram que o chamado alteamento anual da barragem chegaria a até 15 metros por ano. O alteamento é a elevação da contenção da represa para que seja possível a colocação de mais rejeito de minério de ferro. Conforme um estudo obtido pela PF, cujo título é Técnicas Para Disposição de Rejeitos de Barragem, para represas como a de Fundão, o alteamento não pode ultrapassar de 5 a 10 metros por ano.

Os delegados apuraram ainda que a última leitura dos equipamentos que medem o volume de água na barragem, que em quantidades acima do permitido pode provocar o colapso da estrutura, foi feita em 26 de outubro, ou seja, 10 dias antes da tragédia. Em depoimento, o então coordenador técnico de planejamento e monitoramento da Samarco, Wanderson Silvério Silva, um dos indiciados no caso, disse que "a leitura era semanal, e que os instrumentos estavam acertados para fazer uma leitura a cada seis horas". A última, de acordo com o técnico, foi feita em 2 de novembro. Ele disse, porém, que "desde agosto ou setembro de 2015 as obras feitas na barragem estavam interferindo nos sinais".

Para os delegados, o envio de rejeitos de minério de ferro da mina da Vale, localizada em Mariana, para a barragem do Fundão também contribuiu para a tragédia. Segundo as investigações, havia "falta de controle da quantidade de rejeitos que eram despejados na barragem de Fundão pela Vale, diferença entre o declarado primeiramente e o que foi constatado posteriormente, diferença entre o declarado pelas empresas Vale e Samarco e a quantidade real de rejeitos de lama despejados na barragem de Fundão".

Além disso, conforme os delegados, não foi repassada a "informação de que rejeitos da Vale eram despejados na barragem de Fundão para os técnicos que iriam fazer a declaração de estabilidade (da represa)".

Para a PF, a prática da Samarco era a de "aumento da produção mineral sem o desenvolvimento simultâneo de um plano para lidar com os rejeitos de forma segura". Os delegados apontam contradições entre os depoimentos do ex-presidente da Samarco Ricardo Vescovi e do então diretor de operações, Kleber Terra. Este disse que relatórios sobre problemas da barragem eram apresentados em reuniões de diretoria, às vezes com a participação de Vescovi.

O ex-presidente, no entanto, negou que isso tenha ocorrido. Após o indiciamento, ele e Terra foram afastados dos cargos. A lama liberada pelo rompimento da barragem destruiu a fauna e a flora do Rio Doce e chegou ao litoral do Espírito Santo.

Defesa

Em nota, a Samarco disse que "a informação de que o alteamento da barragem de Fundão estava acima do permitido não procede. "A cota licenciada da barragem de Fundão era de 940 metros e, no dia do acidente, a cota era de 898 metros." A mineradora afirmou ainda que "a frequência da leitura dos piezômetros (equipamentos que medem o volume da água na barragem) era maior do que a recomendada no manual".

A Vale informou por meio de nota que "os valores reportados no Relatório Anual de Lavra (RAL) são de efluentes líquidos e rejeitos sólidos secos, e que no relatório não é possível fazer a separação entre tipos e destinos dos rejeitos". Ainda segundo a nota, "com relação aos rejeitos finos (lamas), os mesmos foram reportados no RAL e destinados às barragens da Samarco conforme acordo comercial entre Vale e Samarco".

A Vogbr foi procurada pelo reportagem, mas não se manifestou até as 21 horas desta terça-feira.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ibama rejeitou ontem o plano de ações emergenciais apresentado pela mineradora Samarco no dia 18 por considerá-lo "genérico" e por "minimizar todos os impactos ambientais da ruptura da barragem" de Fundão, que voltou a ter vazamento de rejeitos na quarta-feira (27) dessa vez de 1 milhão de metros cúbicos.

A empresa deverá entregar uma nova versão do documento até o dia 17 de fevereiro. Na semana passada, a presidente do Ibama, Marilene Ramos, já havia criticado o documento, afirmando que era "pouco propositivo" e que estava "aquém" do ideal. A Samarco é a responsável pela barragem de Fundão, que rompeu no dia 5 de novembro, matando 17 pessoas e devastando distritos de Mariana.

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De acordo com a nota técnica do Ibama, as ações têm pouco embasamento metodológico e científico. Além disso, a empresa não estimou prazos para cumpri-las, o que impossibilitaria o acompanhamento das metas.

O órgão critica, por exemplo, o fato de a Samarco não citar quais espécies de fauna e flora foram afetadas, quais estão em risco de extinção e quantas têm distribuição restrita nos locais atingidos. "Em relação aos impactos sobre os organismos aquáticos, verifica-se a tendência a subestimar o problema, inclusive se omitindo completamente em relação ao volume e a diversidade de peixes encontrados mortos ao longo da bacia do Rio Doce", declarou.

A Samarco afirmou que os pontos de aprimoramento sugeridos vão ser incorporados ao documento.

Reação

O procurador da República em Minas Gerais Edmundo Antônio Dias Netto Júnior afirmou na quinta-feira, 28, que o novo deslizamento de lama da barragem da Samarco é mais grave do que a empresa admite e diz que a mineradora não tem condições de garantir a segurança ambiental e da população.

Conforme dados da Comissão das Barragens, da Assembleia Legislativa de Minas, 1 milhão de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro vazaram de Fundão na quarta-feira.

Segundo o responsável pela área de licenciamento da Samarco, Marcio Perdigão, e o engenheiro da empresa José Bernardo Vasconcelos, as estruturas não oferecem risco. A mineradora afirma ainda que o material que deslizou era "remanescente" de Fundão e não ultrapassou a barragem de Santarém.

Para o procurador, o plano de emergência precisa ser reavaliado. O plano atual foi enviado pela empresa à Justiça de Minas Gerais ontem e havia sido solicitado dentro de ação movida pelo Ministério Público Estadual. O material deveria ter sido entregue há cerca de 15 dias. À época, no entanto, a empresa entregou plano considerado "insuficiente" pelos promotores. A multa por dia de atraso é de R$ 1 milhão. (Colaborou Leonardo Augusto, Especial para AE)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Piezômetros instalados na barragem da Samarco que ruiu no município de Mariana, em 5 de novembro, já apontavam instabilidade da represa em dezembro de 2014. A informação foi dada pelo projetista da estrutura, Joaquim Pimenta de Ávila, em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE). A empresa nega problemas.

Os piezômetros são equipamentos que medem a pressão que a água pode exercer dentro da barragem. Na queda da represa, rejeitos de minério de ferro atingiram o distrito de Bento Rodrigues, que foi destruído. Dezessete pessoas morreram e duas estão desaparecidas.

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A instalação dos piezômetros foi uma recomendação feita pelo projetista da represa, que também trabalhou como consultor tanto para a barragem de Fundão, que ruiu, como para a de Germano, que hoje passa por reforço. No depoimento, Ávila afirma que teve contato com "seus resultados (dos piezômetros) em dezembro de 2014" e "estes resultados ainda não atendiam às condições ideais de estabilidade".

Depois de tomar conhecimento dos resultados, o consultor afirma ter alertado a Samarco sobre a necessidade do reforço de aterros, como, nesse caso, são chamadas obras para, no jargão do setor, "travar o pé da barragem" para evitar queda. Em 2014, do relatório anual que a empresa é obrigada a apresentar à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) sobre as condições técnicas de represas, o documento relativo à Fundão, assinado pelo engenheiro Paulo Goulart Gontijo, constam 11 recomendações. Entre as quais pedidos para reparação de "trincas nas canaletas já existentes". O laudo é de 21 de agosto. O documento atestava que a barragem estava em condições de funcionamento.

Sem advertências

Procurada, a Samarco informou que "o consultor Joaquim Pimenta de Ávila jamais advertiu sobre risco de rompimento da barragem". "Joaquim Pimenta de Ávila, inclusive, inspecionou a barragem do Fundão em setembro de 2014, tomou conhecimento das providências adotadas pela Samarco em relação às recomendações e não apresentou qualquer advertência sobre a barragem nessas oportunidades", informou em nota.

A empresa disse ainda que "o manual de operações da barragem de Fundão elaborado pelo consultor Joaquim Pimenta de Ávila sempre foi observado pela Samarco, assim como foram consideradas todas as suas recomendações técnicas". Também segundo a mineradora "os instrumentos de monitoramento da barragem de Fundão indicavam sua estabilidade em todas as seções, até a surpreendente ruptura abrupta".

"Por fim, é lamentável que a principal fonte de especulações sobre riscos e causas do acidente seja o próprio projetista e consultor da barragem do Fundão por cerca de uma década. Não parece crível que o próprio autor de várias inspeções, relatórios e recomendações técnicas que serviram de base para toda a operação da barragem esteja simplesmente a negar a excelência que deveria marcar seu trabalho."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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