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A Secretaria de Saúde de Olinda montou um esquema para estimular os moradores da cidade que ainda não tomaram a segunda dose da vacina contra a Covid-19. No sábado (25), chamado de Dia "D" de Vacinação Contra a COVID-19, os postos do Shopping Patteo (Drive) e na Vila Olímpica, em Rio Doce, estarão disponíveis para este público. Para isso não é necessário fazer o agendamento.

No mesmo dia, será montado uma unidade móvel na Feira Livre de Rio Doce. Das 6h30 às 11h, equipes de saúde estarão de prontidão para receber todos que precisam completar o ciclo de imunização. Até o momento, o município aplicou 394.923 doses, das 466.386 recebidas.

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Após ser encontrada em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, na última sexta-feira (24), Julia Nascimento, de nove anos, disse à Polícia Civil que fugiu de casa porque não queria "deixar os pais tristes". Na manhã desta segunda-feira (27), o delegado Frederico Castro deu detalhes sobre a investigação e informou que a própria criança ligou para os pais adotivos pedindo para ser resgatada.

As imagens do circuito interno do edifício onde mora, em Rio Doce, Olinda, Região Metropolitana do Recife (RMR), mostram a garota saindo por volta das 5h, da última terça-feira (21), com apenas uma mochila nas costas. Segundo o delegado, Júlia levou consigo apenas um pacote de biscoito, R$ 10 e o celular do pai, que tomou um susto ao acordar e não encontrar a filha. Ela foi adotada junto com o irmão mais velho, há cerca de dois anos. "Ela esperou a mãe sair para trabalhar e o pai, ao acordar, percebeu que ela não estava, só tava o irmão", disse Frederico.

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Segundo a Polícia Civil, a garota não se desentendeu com a família e, aparentemente, não sofre maus tratos. A princípio, havia a suspeita que o desaparecimento estivesse relacionado com tráfico internacional, mas os pais garantiram que o uso das redes sociais era supervisionado. Sem muita precisão, Júlia não deu esclarecimentos sobre o motivo da sua fuga. "Como uma criança de nove anos, ela simplesmente diz 'eu não queria deixar meus pais tristes'", reforça o delegado.

Ela conta que caminhou em direção à orla de Olinda e se manteve através de doações, até ser abordada por uma família de carroceiros que mostrou-se preocupada com a condição enfrentada pela menina. Júlia mentiu ao dizer que havia fugido de um abrigo e recusou ser levada de volta pelo casal, que a convidou para seguir com eles até a cidade vizinha.

Após cerca de três dias desaparecida, já em Boa Viagem, a menina ligou para os pais e informou que estava na altura da Avenida Domingos Ferreira. "Quando nós chegamos ao local, a criança já havia sido resgatada. Estava bem, assustada, mas aparentemente não tinha sequelas físicas", explicou o delegado.

Júlia já está em casa, ao lado dos pais, e o inquérito será concluído após o resultado dos exames traumatológico e sexológico. "A gente não descarta [um possível envolvimento dos pais]. O relatório que a gente tem não aponta indício de maus tratos", complementou.

A Prefeitura de Olinda, na Região Metropolitana do Recife, afirma que diariamente higieniza 800 coletivos diariamente nos Terminais Integrados de Rio Doce e Xambá - ação completa um mês na próxima sexta-feira (17), sendo realizada também durante os domingos e feriados.

De acordo com a prefeitura, são 15 pessoas trabalhando todos os dias nos turnos da manhã e noite, sendo divididas em três equipes de cinco pessoas. O tempo de higienização dura em torno de três minutos. Corrimãos, bancos, puxadores, catracas e acessos dos veículos são os locais que são limpos pelas equipes.

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A Vila Olímpica de Rio Doce, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, será novamente palco para uma boa programação gratuita. Tradicional evento na Marim dos Caetés, a 11ª edição do Alterna Olinda acontecerá neste sábado (15), a partir das 16h. Voltado para o público gospel, o evento terá a participação das cantoras Fernanda Brum, Gabriela Rocha e Karol Araújo, conhecidos nomes na cena cultural religiosa.

Os artistas Ricardo Sorriso, Anderson Batista e Ednaldo Ayres também subirão ao palco da Vila. A expectativa é de que 15 mil pessoas acompanhem a programaço organizada pela Prefeitura de Olinda.

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Novas Daianes dos Santos, Diegos Hypólito, Jades Barbosa e Arthurs Zannetti podem surgir de Olinda a partir de agora. A Vila Olímpica, em Rio Doce, passa a oferecer aulas de ginástica artística, toda sexta, das 9h às 10h. As atividades são coordenadas pelo professor de educação física Adelmo Andrade.

Podem participar alunos a partir dos 6 anos. Os interessados devem se inscrever na própria Vila (av. Cel. Frederico Lundgren, 467), basta levar o comprovante de matrícula escolar, registro de nascimento, comprovante de residência e carteira de identidade do responsável (caso seja menor de idade).

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Um rapaz de aproximadamente 18 anos morreu atropelado por um ônibus, em Olinda, Região Metropolitana do Recife. De acordo com o Corpo de Bombeiros de Pernambuco, o caso aconteceu por volta das 14h deste domingo (10), na Avenida das Garças, quinta etapa do bairro de Rio Doce, após a vítima ter se pendurado e caído da porta do veículo.

A assessoria de comunicação dos Bombeiros informou que a corporação foi acionada, mas não chegou a atuar, uma vez que o rapaz já estava morto. O ônibus fazia a linha TI/PE-15-TI Rio Doce.

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Ainda segundo os Bombeiros, informações dão conta de que o homem tentou pegar uma carona pendurado no coletivo. Ao cair, foi atingido pelo veículo

A Secretaria de Transporte e Trânsito de Olinda informou ao G1 que agentes isolaram a área do acidente. Testemunhas teriam informado que o condutor não parou o coletivo por não perceber a queda do rapaz que não teve a identidade revelada.

A Vila Olímpica de Rio Doce receberá em janeiro, sempre de segunda a sexta, das 8h às 11h, o evento Férias na Vila. Futsal, vôlei, basquete, handebol e futebol de campo e academia do bairro (ginástica aeróbica) serão as modalidades à disposição da população, gratuitamente.

As atividades são destinadas aos jovens de 7 a 18 anos, exceto a Academia do Bairro, que é liberada para todas as idades. A programação começa na segunda-feira (7), e segue até o dia 31.

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Dois especialistas em cada esporte irão acompanhar as respectivas modalidades para orientar as crianças e adolescentes. Para as Férias na Vila, não há necessidade de inscrição, é só chegar ao local e se divertir.

“As férias serão um aquecimento do que vamos realizar a partir de fevereiro. Teremos essas e outras modalidades oferecidas permanentemente para os jovens. As escolinhas vão ter acompanhamento de especialistas de cada esporte. No futebol, por exemplo, um dos professores será o técnico Nereu Pinheiro”, explicou o secretário executivo de esportes, Chiquinho.

 

Nesta quinta-feira (20), a Compesa vai realizar obras emergenciais no bairro de Rio Doce. Por isso, a Secretaria de Transporte e Trânsito de Olinda vai interditar parcialmente a Avenida México, próximo ao cruzamento com a Av. Rio Doce. A previsão é de que o serviço seja finalizado na próxima segunda-feira (24). Enquanto durar o bloqueio, o Grande Recife Consórcio vai alterar o itinerário de quatro linhas.

Confira as linhas afetadas:

Linha 882 TI Xambá/Rio Doce (Carlos de Lima Cavalcanti) - Via Av. Chico Science 

Desvio de itinerário: …Avenida Rosa Silvestre, giro à esquerda na Avenida Nápoles, giro à direita na Avenida Tiradentes, giro à esquerda na Avenida das Garças, Rua da Amora, Rua 37, Avenida Nápoles, Avenida México, Avenida Tiradentes, Avenida das Garças, Avenida Brasil, Avenida México, Av. Rio Doce, Avenida Brasil, Avenida das Garças, Avenida Tiradentes, Avenida Nápoles, Avenida Rosa Silvestre...

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Linha 1907 - Paulista/Rio Doce (Via Bultrins)

Desvio de itinerário: ...Avenida Rosa Silvestre, giro à esquerda na Avenida Nápoles, giro à direita na Avenida Tiradentes, Avenida das Garças, Avenida Brasil, Avenida Jules Rimet, Rua Fenelon Átilo Leite, Rua 01 (Rua Clídio de Lima Nigro), Avenida Coronel Frederico Lundgren,  Avenida Brasil, Avenida México, Av. Rio Doce, Avenida Brasil, Largo de Jardim Maranguape (Maranguape Zero)...

Linha 1907 - Paulista/Rio Doce (Via PE-22)

Desvio de itinerário: ...Largo de Jardim Maranguape (Maranguape Zero), Avenida Brasil, Avenida das Garças, Avenida Tiradentes, retorno no cruzamento da Avenida Tiradentes com Av. Nápoles, Avenida Tiradentes, Avenida das Garças, Avenida Brasil, Avenida Coronel Frederico Lundgren, Rua 01 (Rua Clídio de Lima Nigro), Rua Fenelon Átilo Leite, Avenida Jules Rimet,  Avenida Coronel Frederico Lundgren, Avenida Brasil, Avenida México,  Av. Rio doce, Avenida Brasil, Avenida das Garças, Avenida Tiradentes, Avenida Nápoles, Avenida Rosa Silvestre...

Linha 1960 - Maria Farinha/Casa Caiada 

Desvio de itinerário: TI Rio Doce, Avenida Tiradentes, retorno no cruzamento da Avenida Tiradentes com Av. Nápoles, Avenida Tiradentes, Avenida das Garças, Avenida Brasil, Avenida Coronel Frederico Lundgren,  Rua São João Batista...

Linha 1987 - Rio Doce (Príncipe) (Sentido subúrbio/cidade)

Desvio de itinerário: TI Rio Doce, Avenida Tiradentes, retorno no cruzamento da Avenida Tiradentes com Av. Nápoles, Avenida Tiradentes, Avenida das Garças, Avenida Brasil...

 Linha 1987 - Rio Doce (Príncipe) (Sentido cidade/subúrbio)

Desvio de itinerário: ...Avenida Coronel Frederico Lundgren, Avenida Brasil, Avenida México, Av. Rio Doce, Avenida Brasil, Av. das Garças, Avenida Tiradentes, Terminal Integrado de Rio Doce. 

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Três anos depois do rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG) - que matou 19 pessoas e destruiu o distrito de Bento Rodrigues -, relatores da Organização das Nações Unidas (ONU) denunciam que ainda não existe no Brasil uma avaliação completa dos danos gerados nem uma resposta adequada às comunidades afetadas.

Em uma carta confidencial de 11 páginas enviada ao governo brasileiro, seis relatores especiais da Organização das Nações Unidas (ONU) criticaram as medidas adotadas pelas autoridades e pelas empresas, a suposta falta de transparência no processo de avaliação dos danos e a limitada participação da sociedade civil nos órgãos criados para tratar da crise. O governo brasileiro respondeu a carta, mas nos bastidores a ONU afirma que manterá a pressão.

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Em 5 de novembro de 2015, a barragem da Samarco rompeu e um rastro de lama desceu, destruindo flora e fauna. A lama atingiu o Rio Doce e alcançou o Oceano Atlântico pelo litoral do Espírito Santo, onde está a foz do curso d'água.

"Gostaríamos de expressar nossa preocupação em relação à falta de progresso em remediar a situação afetada pelo desastre, que é o resultado, de certa forma, da falta de uma avaliação robusta dos danos socioambientais e socioeconômicos, incluindo as consequências sobre a saúde", alertaram na carta os relatores Leo Heller, que é brasileiro, Baskut Tuncak, David Boyd, Dainius Puras, Victoria Lucia Tauli-Corpuz e Anita Ramasastry. "Estamos preocupados diante da suposta manutenção das violações de direitos humanos das comunidades afetadas pela bacia do Rio Doce."

Os relatores também se referem à qualidade da água. Segundo eles, a Fundação Renova insiste que as águas do Rio Doce atendem aos padrões da Agência Nacional das Águas (ANA), "mas essa análise se contradiz com estudos independentes sobre o assunto". Eles citam pesquisas conduzidas pelas Fundação SOS Mata Atlântica que identificaram metais pesados, com impacto para a saúde.

A carta menciona também que o reassentamento da comunidade está "longe de ser concluído". Os relatores lembram que a Renova estimava que teria concluído a construção dos novos bairros - Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira - até março de 2019 para receber as pessoas que tiveram suas casas destruídas. Mas, em fevereiro de 2018, as obras sequer tinham sido iniciadas.

Um dos questionamentos centrais dos relatores se refere ao acordo assinado em 25 de junho de 2018, que levou à extinção de ação civil pública de R$ 20 bilhões e à suspensão da tramitação de outra, de R$ 155 bilhões, movida contra a empresa e as controladoras, a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton.

Por fim, segundo a carta, os representantes das comunidades afetadas não estão sendo "suficientemente representados" nos órgãos que tomam decisões na Fundação Renova.

Resposta

Em resposta à ONU, a Advocacia-Geral da União (AGU) escreveu, em 16 de novembro, que o novo acordo tem o objetivo de ampliar a participação das comunidades

Mas a AGU reconhece que há estudos que apontam para a necessidade de "fortalecer a avaliação ambiental, especialmente no que se refere à qualidade da água e de peixes". Sobre reassentamentos, diz que as obras começaram em agosto e serão entregues em 2020.

Fundação destaca investimentos

O procurador-chefe de Meio Ambiente da Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais (AGE-MG), Lyssandro Norton Siqueira, afirma que, se existe atraso, não é por conta do governo. "Eventuais demoras se dão por conta de ações individuais entre atingidos e as empresas. O Estado não tem interferência nestas ações."

Segundo ele, dias após a tragédia, a AGE conseguiu na Justiça bloqueio de R$ 1 bilhão, para uso em ações pós-desastre.

Procurada, a Renova nega que não tenha havido avanços e diz que ações de reparação foram executadas desde as primeiras horas depois do rompimento da barragem. "Foram investidos R$ 4,5 bilhões nas ações de recuperação. Até o momento, cerca de mil obras foram concluídas, como praças, alamedas e escolas, além da reforma de mais de cem residências e propriedades rurais", diz a Renova.

Segundo a fundação, "projetos e iniciativas com aporte de R$ 120 milhões estão desenvolvendo o biomonitoramento aquático do Rio Doce". A Renova diz ainda que há frentes de trabalho na área da saúde, como estudos epidemiológicos e toxicológicos.

O Ibama disse que a reparação dos danos ocorre sob orientação e fiscalização do Comitê Interfederativo (CIF). Segundo o órgão, foram recuperadas nascentes e áreas degradas, e o CIF aplicou quatro multas à Renova, que somam R$ 34 milhões. A maior delas é por descumprimento da dragagem da Usina Hidrelétrica de Risoleta Neves.

O Estado também procurou a Samarco e a Secretaria de Meio Ambiente do Espírito Santo, que não se manifestaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Igreja Matriz de São Francisco de Rio Doce, em Olinda, Região Metropolitana do Recife (RMR), foi arrombada na madrugada da sexta-feira (13). Segundo o padre da paróquia, Givanildo da Silva, a Eucaristia foi profanada, porque o Sacrário, objeto que guarda as hóstias, foi jogado em frente à igreja.

Na noite da sexta-feira, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, fez o ato de desagravo da matriz, que é recomendado para reparar alguma injúria cometida contra templo católico. Não há indícios de que o invasor tivesse tentando roubar algo, já que nada foi revirado ou levado.

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"É difícil saber o motivo. Pode ter sido um ato de maldade. Não dava para confundir com o cofre, porque jamais um cofre ficaria exposto assim", disse o padre ao LeiaJá. A igreja prestou um boletim de ocorrência.

Ainda segundo o pároco, outra capela em Paulista, na RMR, foi arrombada há cerca de um mês. Após o ato de desagravo, a matriz de São Francisco já pode receber cerimônias religiosas normalmente.

Sebastião Pereira Duque tem 62 anos. Para os amigos e principalmente entre as crianças, ele é conhecido como “Titio”. Nascido em um sítio do município alagoano de Água Branca, Seu Sebastião vive em Olinda desde 1973.

Ele já vendeu sorvete vestido de palhaço (atividade que lhe rendeu o apelido de “magrelo fantasiado”) e hoje trabalha como catador de material reciclável no mangue. Apesar de todas as dificuldades e privações de uma vida com poucos recursos financeiros e vários desafios, como a morte de três dos seus dez filhos, Sebastião se preocupou com o próximo. Há 34 anos, fundou a Escola Nova Esperança, na segunda etapa de Rio Doce, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife.

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A motivação para criação da escola veio quando ele percebeu a dificuldade de famílias da região, que não tinham com quem deixar as crianças no horário de trabalho, uma vez que as creches eram muito distantes e as escolas municipais só aceitam estudantes a partir dos seis anos de idade. “O ensino é onde está nossa luz, nosso caminho. Eu só penso no futuro das crianças, que Deus ilumine o caminho delas como até hoje, mesmo com todas as dificuldades, está iluminando o meu”, explica Seu Sebastião.

Hoje, são atendidas 97 crianças dos dois aos cinco anos de idade na escola que funciona em uma construção que apesar de muito simples, como o próprio Seu Sebastião, é sólida, feita de cimento e tijolos, com duas salas de aula e espaço para recreação. No entanto, nem sempre foi assim: tudo começou em um terreno vazio, passou para um galpão e atualmente, com a colaboração da população que leva doações, a sede da escola foi erguida. “O que eu tenho a dizer que a gente trabalhe olhando o próximo, com as possibilidades que a gente tem”, diz o fundador da escola. 

Perguntado se tem vontade de retomar os estudos, Seu Sebastião explica que não pretende voltar a estudar porque poderia fazer algum curso e arrumar um emprego, mas não se acostuma a regimes de trabalho formais. “Não tenho interesse de ser empregado, desde 1979 que eu trabalho pela minha conta e acho que Deus vai me dar até o dia que ele quiser, que seja pela minha conta mesmo. Não vou me acostumar a ser um funcionário de alguém, eu sou um funcionário do povo, de todos”, relata.

As famílias dos alunos pagam apenas uma taxa de R$ 30 que é utilizada para fornecer uma ajuda de custo a quatro professoras voluntárias da escola, que atendem a quatro turmas de até 25 alunos. Os demais custos ficam a cargo de Seu Sebastião. “Eu só tenho o que eu construí com luta minha do dia-a-dia. Aqui, para botar um tijolo eu pago, botar um reboco, tudo eu pago com o que eu tiro do meu trabalho com a minha reciclagem”, conta ele. 

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Construção de casas 

“Não satisfeito” com a oferta de educação infantil que supre uma necessidade da população onde o poder público não fornece esse serviço, Seu Sebastião foi além do ensino, preocupando-se também com a qualidade de vida, segurança e bem-estar das crianças da escola e de suas famílias. O projeto “1 kg de cimento e 1 tijolo é minha casa” é desenvolvido pelo “construtor da esperança”, como Seu Sebastião também se intitula, há cerca de três anos. Ele arrecada doações de material de construção (portas, janelas, cimento, tijolos, areia, etc.) para erguer casas a baixo custo para pessoas carentes da segunda etapa de Rio Doce. 

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Questionado sobre qual é a parte mais complicada de manter os dois projetos (escola e construção de casas) funcionando, Seu Sebastião explica que precisar pedir e contar com a solidariedade das pessoas é o maior desafio. “A maior dificuldade é pedir, Deus me abriu os canais e hoje o povo está me ajudando. A gente recebe doações, faz as casas e o morador dá uma cesta básica para o pedreiro que constrói. Eu pego só na matéria prima para a gente produzir, para ninguém dizer que eu estou comendo dinheiro, quem me fiscaliza é quem está me ajudando, tudo é notificado e comprado com nota fiscal”, afirma ele.

A escola e o projeto de construção de casas sobrevivem com recursos de Seu Sebastião e de caridade. Quem quiser pode contribuir levando qualquer tipo de doação até a Escola Nova Esperança, que fica na Rua cinco, segunda etapa de Rio Doce, em Olinda.

"Aqui é a casa que recebe tudo, que a gente precisa de tudo, é a base, o eixo. Areia, cimento, telha, cesta básica, fralda. Traz uma garrafa pet, um ventilador velho, que tá quebrado na sua casa, não vá pensar que é lixo, não é, de tudo a gente recebe, tira um pouco, tem um futuro", diz o trabalhador. 

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--> Eles acreditaram na educação

Nesta manhã de sexta (28), um homem foi encontrado morto pelo Corpo de Bombeiros, na praia de Rio Doce, em Olinda. O cádaver ainda não foi identificado, mas aparenta ser de um homem por volta dos 35 anos. O corpo estava boiando no mar, na parte da praia próxima à Igreja de Sant'Ana, por volta das 5h30 da manhã. 

Não há informações exatas sobre a hora da morte ou suas causas, mas no corpo havia uma série de mordidas de animais marinhos e na coxa esquerda foi encontrado um grande ferimento que aparenta ser resultado de uma mordida de tubarão. 

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Não há outras notícias sobre outros ataques de tubarão por essa praia de Olinda. O último e mais próximo registrado foi em março de 2015, na Praia de Del Chifre, que fica a aproximadamente nove quilômetros de distância da Praia de Rio Doce.

Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com o Greenpeace, revelou que, além do Rio Doce, as águas subterrâneas da região estão contaminadas com altos níveis de metais pesados. A água dos poços artesianos locais apresentaram níveis desses metais acima do permitido pelo governo brasileiro. Os pequenos agricultores são os mais prejudicados, já que não têm outra fonte de água para a produção e para beber.

As águas do Rio Doce foram contaminadas pelo rompimento da Barragem de Fundão, pertencente à mineradora Samarco, no município mineiro de Mariana, em 5 de novembro de 2015. O incidente devastou a vegetação nativa e poluiu toda a bacia do Rio Doce, atingindo outros municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo. Dezenove pessoas morreram e diversas comunidades foram destruídas. O episódio é considerado a maior tragédia ambiental do país.

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Após o desastre, agricultores familiares recorreram a poços artesianos para irrigar suas plantações e ter água para beber. As amostras coletadas pela equipe da UFRJ apresentaram altos níveis de ferro e manganês, que prejudicam o desenvolvimento das plantações e oferecem riscos à saúde, no longo prazo, segundo os pesquisadores.

Um dos objetivos do estudo do Instituto de Biofísica da UFRJ, em parceira com o Greenpeace, foi avaliar se os agricultores, impossibilitados de utilizar em suas plantações as águas do Rio Doce contaminadas pelo desastre, poderiam empregar com segurança os poços artesianos como fonte de irrigação e consumo.

Resultados

Pesquisadores analisaram a presença de metais pesados na água em 48 amostras coletadas de três regiões diferentes da bacia do Rio Doce: Belo Oriente (MG), Governador Valadares (MG), e Colatina (ES). As amostras foram coletadas em poços, em pontos do rio e na água tratada fornecida pela prefeitura ou pela Samarco.

A cidade de Belo Oriente apresentou cinco pontos de coleta com níveis de ferro e manganês acima do estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão do Ministério do Meio Ambiente. Em Governador Valadares foram identificados 12 pontos e, em Colatina, dez pontos com os valores acima do permitido. Segundo o estudo, a água desses locais não é adequada para consumo humano e, em alguns casos, também não é recomendado o uso para irrigação de plantas – situação de alguns pontos de Governador Valadares e Colatina.

A contaminação do Rio Doce se deu pelos rejeitos que vazaram com o rompimento da barragem. No entanto, os pesquisadores disseram não poder afirmar que os poços sofreram a contaminação por conta da lama vinda da barragem, por falta de estudos prévios na região. “Contudo, podemos afirmar que a escavação dos poços e sua posterior utilização se deu por conta do derramamento da lama na água do rio, que porventura, a inutilizou”, diz o relatório.

No longo prazo, para a saúde, a exposição ao manganês pode causar problemas neurológicos, semelhantes ao mal de Parkinson, enquanto o ferro, em quantidades acimas das permitidas, pode danificar rins, fígado e o sistema digestivo.

“A contaminação por metais pesados pode ter consequências futuras graves para as populações do entorno, que necessitam de suporte e apoio pós-desastre. Isso deve ser arcado pela Samarco e suas controladoras, Vale e BHP Billiton, e monitorado de perto pelo governo brasileiro”, defendeu Fabiana Alves, da Campanha de Água do Greenpeace.

Agricultura

No curto prazo, o grande impacto tem sido na agricultura, identificou a pesquisa. O estudo buscou pequenos produtores locais para analisar como seus modos de vida foram atingidos pela lama. Muitos dos que não abandonaram suas terras enfrentaram dificuldades financeiras por não conseguir mais produzir com o solo e a água que têm.

De acordo com o relatório, 88% dos entrevistados afirmaram ter alterado o tipo de cultivo e/ou criação realizada pela família após o incidente. A produção de cabras foi bastante afetada pelo desastre e as atividades de pesca e criação de peixes praticamente desapareceram na bacia.

Dados apresentados pelos pesquisadores após entrevistas com os agricultores demonstraram também que, antes do desastre, 98% dos entrevistados utilizavam água do Rio Doce para atividade econômica do dia a dia. Após a tragédia, somente 36% continuaram usando a mesma água. Destes, 87% utilizam a água para irrigação. Cerca de 60% dos entrevistados considera a água imprópria para uso, o que demonstra a insegurança no uso desse recurso fundamental para as populações que vivem à beira do rio.

A orla de Olinda receberá uma operação de reordenamento, com aumento de Guarda Municipal na área e a proibição de ocupações irregulares nas calçadas e ciclovias. A ação contempla as praias de Bairro Novo, Casa Caiada e Rio Doce. 

A Prefeitura de Olinda garantiu que haverá um aumento de seis para 12 guardas aos sábados e domingos na orla. Uma unidade móvel com câmeras de videomonitoramento será instalada na Praça Duque de Caxias, em Bairro Novo. 

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Já com relação ao comércio, a gestão municipal promete o mapeamento de quiosques e ambulantes. Para cada permissionário será estabelecida a quantidade de dez mesas e 40 cadeiras. 

O preparo de alimentos com o uso de botijões e fogareiros será proibido nas praias. Inspeções também vão verificar as instalações indevidas de água, eletrecidade e a instação de banheiros químicos sem autorização.

De acordo com a Prefeitura, no primeiro momento, o trabalho terá caráter educativo e só depois passará a gerar medidas punitivas. A expectativa é que a fiscalização seja um trabalho rotineiro. 

Um ano após a maior tragédia socioambiental do país, a equipe de reportagem do LeiaJá voltou aos povoados atingidos pela lama do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). E ao contrário do que talvez a opinião pública dos centros urbanos do resto do país poderia imaginar, as principais vítimas do acidente querem a volta das atividades da empresa e criou o movimento “Fica Samarco”, um abaixo assinado que já conta com 60 mil assinaturas de pessoas de Minas Gerais e Espírito Santo, pedindo pelo reestabelecimento das atividades da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela BHP.

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Nos últimos doze meses, houve um aumento de 31,38% no índice desemprego na cidade de 58 mil habitantes, somente na área extrativa mineral. Segundo relatório mensal do CAGED, o saldo no setor é de menos 520 vagas de emprego: sendo 652 demissões contra 132 admissões no último ano.

A crise econômica é a principal motivação para que os habitantes de Mariana peçam o retorno da empresa: “Todos esperam a volta da Samarco brevemente. Mariana deseja muito isso. A Samarco é uma das empresas que nos dá muita cobertura, principalmente trabalho. Tem muita gente desempregada e isso não é bom para cidade de Mariana”, comenta José Mario Camilo, 60. Mas a paralisação da mineradora afetou também as pessoas que não viviam diretamente da mineração, como conta outro morador da cidade, Valmir dos Santos, 44: “Eu acho que a Samarco deve sim atuar em Mariana. Sem a Samarco, está um Deus nos acuda. A cidade para, a cidade vive do minério. Ainda mais pra (sic) mim que trabalho com vendas na rua, está horrível”.

Os movimentos “Fica Samarco” e “ Justiça sim, desemprego não” são liderados por Poliane Freitas, 29, cujos pais e avós moravam no povoado de Bento Rodrigues, o primeiro povoado a ser atingido e destruído em menos de uma hora pelos rejeitos. “Mariana tem 320 anos de existência e não tem diversidade econômica. Não adianta agora querer mudar e viver do turismo. Se você buscar no Google a palavra “Mariana”, só vai aparecer um resultado: lama. Hoje não se mostram as belezas da cidade, sua história”. E acrescenta: “ Vamos juntos aprender com o acidente e fazer uma diversidade econômica, voltar a minerar e paralelamente a isso ter mais respeito com o dinheiro público”. Poliane tinha uma loja de roupas na rua Direita, a principal via no centro da cidade antes do acidente. Mas teve que fechar as portas do comércio, diante da ausência de vendas e de dinheiro circulando na cidade.

Mariana é extremamente dependente da atividade mineradora. A cada R$ 10 que circulam no município, R$ 8 são provenientes da mineração. Para o sociólogo Paulo Niccoli, 33, os problemas sociais vão além do desemprego e podem futuramente aumentar índices de alcoolismo, criminalidade e suicídio. Para ele, a responsabilidade social da Samarco com a região vai além do pagamento de alugueis e auxílio financeiro para os desabrigados.  “Além de indenizar a região financeiramente, a Samarco tem obrigação de pensar nas atividades econômicas em torno da mineração. Ou seja, fazer com que a sociedade local não seja tão dependente dessa atividade econômica”, explica. 

O acidente

No dia 05 de novembro de 2015, por volta das 15h, a barragem de Fundão da mineradora Samarco, se rompeu e despejou aproximadamente 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos no Rio Doce, formados principalmente por óxido de ferro, água e lama. A quantidade é equivalente a 20 mil piscinas olímpicas de lama liberados na natureza.

Três vilarejos foram os mais afetados. Bento Rodrigues teve 82% das edificações destruídas. O tsunami de lama também se deslocou até os subdistritos de Paracatu de Baixo (pertencente a Mariana) e Gesteira (pertencente a Barra Longa), chegando até o centro urbano de Barra Longa.

Boa parte da Bacia do Rio Doce, uma das mais importantes do país foi contaminada. Mais de 660 km de rio foram tomados pela lama.  O acidente suspendeu momentaneamente o abastecimento de água de várias cidades do interior de Minas: Governador Valadares, Periquito, Galiléia, Tumiritinga e Alpercata (até hoje algumas delas continuam com o suprimento de água potável prejudicado). Em alguns dias, a onda de rejeitos alcançou a foz do Rio Doce e chegou até o litoral, na praia de Regência, no norte do Espirito Santo. Com o acidente, 11 toneladas de peixes morreram - oito toneladas em Minas Gerais e três no Espírito Santo.  Após um ano da tragédia, a contagem oficial confirma 19 mortos e uma pessoa que permanece desaparecida.

Até hoje a Samarco e a Vale já receberam mais de 50 multas que, somadas, chegam a mais de R$ 300 milhões pelo rompimento da barragem, mas não pagaram nenhuma. 

LeiaJá / Gabriela Guiselini

Um ônibus que fazia a linha Rio Doce/CDU e seguia no sentido do centro foi assaltado por dois homens armados com revólveres na noite da quarta-feira (17). De acordo com o relato dos passageiros, por volta das 21h45 os assaltantes subiram no coletivo na altura da Avenida General Polidoro, na Várzea, Zona Oeste do Recife, e anunciaram o assalto. 

Um dos passageiros, o estudante Eric Alves, contou que um dos homens rendeu a cobradora para roubar o dinheiro do caixa e o outro levou quase todos os pertences dos 35 passageiros. "Eu estava lá trás, na última cadeira, e tive o tempo de jogar o celular pra baixo das cadeiras e ele não viu. Algumas outras pessoas se livraram também", relatou em uma postagem no Facebook. Eric disse ainda que um dos assaltantes ameaçou atirar em quem olhasse para ele.

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Os passageiros e o motorista do ônibus seguiram para a Delegacia do Cordeiro, mas informaram que por volta das 22h já estava fechada. Para prestar queixa e realizar o boletim de ocorrência, os passageiros tiveram que se dirigir até a Delegacia de Campo Grande, na Zona Norte da capital pernambucana. 

Mais cedo, por volta das 17h, outro ônibus também foi assaltado no bairro da Várzea. Três homens armados com facões entraram no coletivo que fazia a linha Barro/Macaxeira Várzea, na Avenida Afonso Olindense, Zona Oeste, e roubaram os pertences dos passageiros. Os homens também levaram o dinheiro da renda do ônibus. De acordo com Karina Nascimento, uma das passageiras, ninguém ficou ferido.

A situação da insegurança dentro dos coletivos do Grande Recife só cresce. De acordo com a contagem e registros do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, nas últimas 24 horas foram oito ocorrências de roubos. Com esse número, só no mês de agosto já são 91 assaltos a ônibus. De janeiro até agosto de 2016, os rodoviários cravam que o número de assaltos chegou 1088.

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Após fortes chuvas terem acometido a Região Metropolitana do Recife, vários bairros de Olinda ficaram embaixo d’água nesta segunda-feira (30). Os estragos motivaram um protesto feito por moradores das localidades atingidas pela chuva. 

De acordo com a Polícia Militar, moradores do bairro de Rio Doce estão realizando uma manifestação. Os manifestantes fecharam a Avenida Brasil no cruzamento com a Avenida México, na II etapa de Rio Doce. Eles cobram providências da Prefeitura de Olinda. 

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A Justiça Federal no Espírito Santo proibiu nesta sexta-feira, 19, por tempo indeterminado a pesca na foz do Rio Doce, contaminado pela lama da Samarco, nos limites entre Barra do Riacho, em Aracruz, até Degredo, em Linhares, no litoral norte do Estado. A decisão atende a pedido do Ministério Público Federal.

Os procuradores alegaram que "a medida visa a preservar a saúde da população que consome os pescados da região e a sobrevivência das espécies já impactadas pelos rejeitos de mineração provenientes do rompimento da barragem, ocorrido em novembro de 2015". A represa de Fundão, da Samarco, em Mariana, ruiu em 5 de novembro e, além de poluir o Rio Doce e o mar, destruiu o distrito de Bento Rodrigues, matou 17 pessoas e deixou outras duas desaparecidas.

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Com a decisão, que vale a partir de segunda-feira, 22, somente está liberada a pesca para fins científicos. A Justiça mandou ainda que a Samarco divulgue a determinação em seu site e na imprensa. Foi fixada multa de R$ 30 mil por dia para caso de descumprimento. Ao mesmo tempo em que proibiu a pesca, a Justiça negou pedido do MPF para que a empresa pague os custos de operações de fiscalização a serem realizadas pelo poder público e o trabalho de identificação de pescadores para pagamento de auxílio-subsistência conforme termo assinado entre a Samarco e o Ministério Público Federal. Os procuradores vão recorrer.

Para a força-tarefa montada pelo MPF-ES para apurar os impactos da lama da Samarco, "a ação é necessária porque nenhum estudo realizado até o momento garante que os peixes, moluscos e crustáceos que habitam a área da foz do Rio Doce não estão contaminados por substâncias nocivas à saúde humana depois do rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG). Além disso, o ecossistema marinho, que já se encontra fragilizado pelos rejeitos de mineração, teria um novo impacto causado pela pesca sem haver um diagnóstico preciso dos danos até então verificados".

A decisão pela proibição da pesca foi tomada pelo juiz Wellington Lopes da Silva, da Vara Federal de Linhares. A determinação para que o posicionamento entre em vigor somente na segunda-feira foi para, conforme o magistrado, evitar que a comunidade seja tomada de surpresa.

Em nota, a Samarco informou que não foi oficialmente notificada da referida decisão. Mas reforça que "realiza monitoramento constante da qualidade da água no litoral capixaba, inclusive na foz do Rio Doce, onde são colhidas, diariamente, amostras da água e de sedimentos para a análise, a pedido do Ministério Público". Segundo a empresa, todos os parâmetros estão dentro do limite legal estabelecido no Brasil e os laudos são disponibilizados para as autoridades.

A água do Rio Doce não está contaminada por metais tóxicos, segundo um relatório divulgado na terça-feira (15) pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que monitoram os impactos do rompimento da Barragem do Fundão, da mineradora Samarco, ocorrida em 5 de novembro. Foram analisadas amostras de água e sedimentos de 25 pontos, desde o epicentro do desastre, em Mariana (MG), até a foz do Rio Doce, em Linhares (ES).

"Os resultados confirmam que, depois de adequadamente tratada pelas companhias de saneamento de forma a torná-la compatível com os padrões de potabilidade da Portaria 2.914 do Ministério da Saúde, a água pode ser consumida sem riscos", diz um comunicado das duas agências.

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"Com relação à presença de metais pesados dissolvidos em água (cátions): arsênio, cádmio, mercúrio, chumbo, cobre, zinco, entre outros, os resultados de 2015 são, de modo geral, similares a levantamentos da CPRM em 2010. Os valores obtidos nas coletas indicaram condições em conformidade com a Portaria 2.914 do Ministério da Saúde, exceto para o manganês dissolvido que, no entanto, também pode ser tratado para padrões adequados ao consumo nas Estações de Tratamento."

Dois relatórios detalhados foram publicados: um sobre o deslocamento da onda de lama gerada pelo rompimento da barragem e outro sobre o monitoramento da qualidade da água nos rios por onde essa onda passou.

Curiosamente, as concentrações mais altas de arsênio, manganês e ferro encontradas nesse monitoramento estavam no Rio do Carmo, em locais não afetados pelos rejeitos da barragem. "Esses valores anômalos são compatíveis com as características geológicas de áreas do Quadrilátero Ferrífero, como na região entre Ouro Preto e Mariana", diz o Relatório 2. "As amostras de água coletadas ao longo do Rio Doce não evidenciaram a presença de metais dissolvidos em quantidades que possam ser consideradas como contaminadas", conclui.

Composição da lama

 

Também não foram detectadas concentrações tóxicas de metais pesados em amostras da lama coletadas no entorno da barragem e no distrito de Bento Rodrigues. A mortandade de peixes ao longo dos rios teria sido causada não por toxicidade dos rejeitos, mas pela elevada concentração de sedimentos (turbidez) na água durante a passagem da lama, que reduziu a concentração de oxigênio dissolvido na água e também "entupiu" as guelras dos peixes, fazendo com que morressem asfixiados.

Algumas análises contratadas por municípios e realizadas por cientistas independentes, porém, detectaram concentrações elevadas de alguns metais (como arsênio e chumbo) em alguns pontos da Bacia do Rio Doce. Segundo Manoel Barretto da Rocha Neto, diretor-presidente do CPRM, a diferença deve-se ao fato de os cientistas terem medido a concentração total de metais (em suspensão e dissolvidos), enquanto o CPRM mede apenas a porção dissolvida. "É uma sistemática de trabalho que usamos há mais de 40 anos, no Brasil inteiro", explicou ele, em entrevista. O valor total, segundo o geólogo, depende da turbidez, que ficou extremamente elevada com a passagem da onda de rejeitos, mas que tende a cair e voltar à normalidade à medida que os sedimentos forem carregados para o oceano.

A Samarco sempre negou que os rejeitos fossem tóxicos. Mesmo posicionamento foi adotado pelas donas da mineradora, Vale e BHP. Esta publicou o seguinte posicionamento no dia 26: "Os rejeitos que entraram no Rio Doce são compostos de materiais de argila e lodo, provindos da lavagem e processamento de terra contendo minério de ferro, que é naturalmente abundante na região."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um clima de indignação e comoção. Assim foi o dia 05 de novembro e os dias subsequentes ao rompimento de duas barragens de uma mineradora que liberou uma enxurrada de lama contaminada e causou grande destruição no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais. Este era apenas o começo do que pode ser considerada uma das maiores catástrofes ambientais já vistas no Brasil.

Quase um mês após a tragédia, os 62 milhões de metros cúbicos da lama percorreram mais de 650km e chegaram ao mar. Os resíduos de mineração atingiram três áreas de conservação marinha e deixaram uma mancha, que de acordo com o Ibama é composta principalmente por óxido de ferro e areia, no litoral do Espírito Santo.

Os danos ao ecossistema causados pelo rompimento das barragens foram drásticos e irreversíveis. A restauração total de fauna e flora são tidas como impossíveis, segundo ambientalistas; A lama "cimentou" o bioma e pode até ter causado a extinção de animais e plantas que só existiam ali; O Rio Doce, o mais importante de Minas Gerais, possivelmente está morto - a água, que virou lama em todo o curso do rio, não tem mais utilidade nenhuma, sendo imprópria para irrigação, consumo animal e humano.

Para o rio voltar à vida, é essencial restabelecer a oxigenação da água. O solo de Bento Rodrigues também está inutilizável. Ainda é tecnicamente impossível dizer quanto tempo e dinheiro custará a tentativa de recuperá-los. A grande pergunta que fica é: uma tragédia como esta pode ser evitada? E quem são os culpados do ocorrido em Mariana?

O desastre é resultado de uma combinação de negligência e descaso. Há no país 401 barragens de rejeito enquadradas na Política Nacional de Segurança de Barragens, 317 delas estão localizadas em Minas Gerais. A verdade é que barragens precisam ser monitoradas integralmente. Não há como acontecer um rompimento repentinamente. Uma estrutura gigantesca como a de barragens dá avisos, sinais de problemas. A questão é se havia monitoramento para captar esses sinais.

Pelo grande número de mineradoras em Minas Gerais, rompimentos de barragens de rejeitos acontecem ao menos uma vez por ano no estado, causando danos localizados. A lei de segurança para as barragens determina que a empresa tenha um plano de ação emergencial para lidar com desastres. Parte desse planejamento consiste numa “estratégia e meio de divulgação e alerta para as comunidades afetadas”.

Especialistas afirmam que a legislação brasileira está dentro dos padrões internacionais, mas é muito recente e não foi regulamentada. A lei não exige, por exemplo, o uso de mecanismos modernos de aviso, como sirenes e envio de mensagens pelo telefone celular para avisar em casos de acidente, comuns em países como o Canadá.

Infelizmente, no caso das duas barragens, de grande porte, não havia sequer um alarme sonoro para alertar os cidadãos. Da mesma forma, falta fiscalização para o cumprimento das normas básicas de segurança para esse tipo de construção – apenas Quatro órgãos, subordinados a ministérios diferentes, fiscalizam todo tipo de barragem no Brasil.  O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), por exemplo, tem apenas 220 fiscais para cuidar de 27.293 empreendimentos.

O Ministério Público de Minas Gerais afirma que a empresa proprietária das barragens, tem culpa. Entretanto, apenas uma investigação poderá dar uma resposta definitiva. Enquanto isso, pelo menos meio milhão de pessoas devem ser afetadas pela tragédia.

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