Videoconferência, chamadas realizadas por aplicativos, redes sociais e conexão 24 horas por dia. Esses são alguns dos requisitos para se adaptar aos novos tipos de relacionamentos atualmente. Uma pesquisa realizada pela “Innovare Pesquisa” mostra que, nos Estados Unidos, aproximadamente três milhões de casais vivem longe um do outro e 75% dos universitários entrevistados afirmam já ter namorado a distância. Essa também é uma realidade dos jovens brasileiros.
O marinheiro Saymon Carvalho atualmente mora e estuda na cidade de Fortaleza, no Ceará. Vivian Barros, estudante de Fonoaudiologia e empreendedora digital, mora em Belém do Pará. Os dois namoram há cerca de oito meses, e precisaram adaptar seu namoro através da mídias digitais e da internet. Dona de uma loja virtual de acessórios chamada “Indie Art”, a estudante de Fonoaudiologia explica que durante o dia tem uma rotina pesada, dividida entre trabalho, estágio e entrega de produtos. Durante intervalos, ou no fim do dia, Vivian mantém contato com Saymon, através de ligações e videochamadas. “A gente basicamente se vê por whatsapp, durante a semana, com ligações e nos finais de semana por vieochamada”, explica.
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Saymon se mudou de Belém para Fortaleza para estudar na Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará (EAMCE), onde tem uma rotina de trabalho e estudo intensa. O marinheiro conta que sempre tenta falar com Vivian durante o dia, mas em algumas ocasiões não consegue ter mais de 40 minutos para falar com ela. “Minha rotina na semana é puxada, de segunda a sexta eu tenho só uma hora pra falar com ela, às vezes só 40 minutos”, conta Saymon.
Os namorados se conhecem desde de criança e se reencontraram três meses antes de Saymon partir para Fortaleza. Começaram a namorar e decidiram manter o namoro virtualmente. “A internet é o único meio que a gente tem de manter o contato diário; na verdade a gente não gosta desse tipo de acesso, mas é o nosso único meio. Como a nossa rotina é pesada, às vezes a gente se fala quase dormindo”, conta Saymon.
Vivian revela que não acreditava em relacionamentos a distância, sempre usando as redes sociais apenas para trabalho. Hoje se surpreende em ver como as ferramentas digitais podem se tornar essenciais para a vida social. “Eu era pregadora de sempre querer ter o contato físico em relacionamentos, e de que relacionamentos a distância não davam certo. E de repente vejo o meio que eu usava apenas para trabalho ser uma grande ferramenta pro meu relacionamento; é algo que eu criticava, e agora eu só elogio”, revela Vivian.
A empresa “Match Group” é uma das maiores empresas de aplicativo de relacionamento, conhecida principalmente pela criação do aplicativo “Tinder”, onde os usuários criam seus perfis e escolhem seus pretendentes através do perfil e foto, ocasionando o famoso “match”, traduzido para o português como “combinação”. A empresa realizou uma pesquisa que mostra que. no Brasil, os aplicativos de relacionamento não são mais tabus, e que é comum pessoas começarem a namorar através da internet.
A nutricionista Amanda Alvino e a estudante de Medicina Marcela Santos se conheceram através das redes sociais. Ambas profissionais da área saúde, as duas começaram a conversar por causa de uma postagem sobre o assunto. “A gente se conheceu pelo Facebook, e depois nos vimos uma vez, paramos de nos falar. Um dia eu fiz um post e ela comentou e isso chamou minha atenção e foi aí que começamos a conversar de verdade, todos os dias”, contou Amanda.
Marcela lembra que durante um mês conversou com Amanda apenas virtualmente e depois conseguiu encontrá-la. “Se a gente não tivesse internet, não teríamos conversado e se conhecido. A gente ficou um mês conversando pela internet, mas era como se eu estivesse com ela presencialmente”, lembra Marcela.
Depois de um ano de namoro, as duas afirmam que agora a internet acaba atrapalhando o relacionamento por conta do hábito de conversar diariamente e da autocobrança em estar presente com a outra pessoa diariamente. “Depois que a gente começou a namorar, a internet atrapalha um pouco, porque ficamos reféns uma da outra pela internet”, explica Marcela. “A gente tinha esse hábito de conversar o tempo todo pela internet, e isso continuou até hoje. O que é bom, porque ficamos sabendo uma da outra, mas também é ruim, porque às vezes nós queremos fazer outras coisas, mas parece que pesa a consciência se não responder logo uma a outra”, completa.
Amanda e Marcela explicam que a partir da percepção de que a conexão do namoro começou a atrapalhar o relacionamento, elas começaram a trabalhar a conexão real e respeitar o espaço privado de cada uma. “Estamos trabalhando nisso, para manter um espaço, até porque quando a gente se encontra a gente não tem muita coisa para conversar, porque a gente já sabe de tudo o que aconteceu”, brinca Amanda.
Por Ariela Motizuki.
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