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No ano de 2011, precisamente no dia 31 do outubro, a ONU projetou o nascimento do sétimo bilionésimo habitante do Planeta.

O nascimento de um ser humano é motivo de celebração da vida e da perpetuação da espécie; o nascimento do sétimo bilionésimo ser humano é um dado estatístico preocupante.

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Eis o que diz o renomado cientista e ecologista James Lovelock: “[...] Crescemos em número e em transtornos para Gaia a ponto de nossa presença ser perceptivelmente inquietante [...] Gaia está sofrendo de Primatemaia Disseminada, uma praga de gente”.

De outra parte, há quem afirme que a destruição do mundo natural não resulta das falhas das instituições humanas, mas é consequência do sucesso evolucionário do primata que, ao atingir avanços notáveis, gerou, em grande número, o Homo Rapiens, uma subespécie visceralmente ligada à devastação ecológica.

A associação do crescimento patológico da população mundial com o conceito do homem/rapina é uma atualização aterradora da teoria de Thomas Malthus, pai da demografia, que apontou a incompatibilidade do ritmo de crescimento de duas variáveis – população e meios de subsistência – e, a partir de um fatal desequilíbrio, profetizou a fome apocalíptica.

O paradigma malthusiano exerceu importante influência em vários campos do pensamento, porém subestimou os benefícios da industrialização e do progresso tecnológico. De fato, a tecnologia da produção respondeu ao desafio da escassez; a política, no entanto, falhou diante dos gigantescos passivos sociais e ambientais, ameaças concretas ao futuro da espécie humana.

Saindo do campo da abstração conceitual e reconhecendo realisticamente a necessidade de mudar o rumo do projeto de civilização, é imperioso perceber a mensagem dos dados contidos em recente artigo publicado na revista Science, de autoria de David E. Bloom, Professor de Economia e Demografia do Departamento de Saúde Global e População da Harvard School (aliás, muito bem interpretado por Drauzio Varella no artigo “Superpopulação”, Folha de São Paulo, edição de 22/10/11).

Em milhões de anos, chegamos por volta de 1800 a 1 bilhão de pessoas. A partir de 1960, foram adicionados outros bilhões a cada 10 ou 20 anos. Hoje são sete bilhões e, em 2050, 9,3 bilhões de habitantes.

Por trás dos números absolutos, cabe acrescentar outras leituras: o aumento médio da expectativa de vida mundial de 1950 a 2010 foi de 20 anos e a taxa de fertilidade global diminui de 5 para 2,5 filhos por mulher no mesmo período.

De outra parte, é significativa a diferença do impacto dos números: quanto mais pobre o país e a região, maior é a taxa de natalidade. Consequências: de 1950 para 2050 crescerá a proporção pobres/ricos de 3 para 6 pobres para 1 rico. Razão: quanto mais rico o país mais envelhecida e menor a população, ocorrendo o inverso com o país pobre, logo a composição demográfica determinará (ou não) políticas publicas capazes de enfrentar sérios problemas de saúde, previdência, meio ambiente, tudo agravado com a tendência infrene da urbanização que ratifica a máxima segundo a qual a humanidade nasceu no campo e foi morar nas cidades. Hoje 50% da população mundial vivem em áreas urbanas e, em 2050, seremos 70%.

Com efeito, estes dados e suas tendências lançam densas sombras sobre a possibilidade do “Nosso Futuro Comum”, título do Relatório Brundtland, documento seminal sobre o conceito de desenvolvimento sustentável (ONU, 1987).

Entretanto, não se enfrentam fatos aparentemente irreversíveis, brandindo otimismo ingênuo. O caminho da luta é o alinhamento aos que tem “fé criadora”, entre eles, o grande cientista, René Dubos, um dos redatores do relatório da Primeira Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente (Estocolmo, 1972), precursor das advertências sobre os desastres ecológicos.

Além da magnífica obra, Dubos deixou-nos duas mensagens encorajadoras quanto ao uso responsável da ciência e da tecnologia: “Tendência não é destino” e “Pense globalmente, aja localmente”.       

* Texto opinativo produzido pelo ex-Ministro da Fazenda e ex-Governador de Pernambuco Gustavo Krause. Os textos opinativos são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião por portal.

O Governo do Estado e o Grupo Bertin assinaram, no último dia 13 de setembro, um protocolo de intenções para construir em Pernambuco a maior usina suja do mundo. O Estado comprometeu-se com incentivos fiscais de ICMS e a cessão de 94 hectares de terra para a instalação da usina.

A famigerada usina, denominada Suape III, terá uma potência instalada de 1.452 megawatts, e seu combustível será óleo pesado tipo B1, com enorme teor de enxofre. Sua capacidade poluidora corresponde ao lançamento de 24 mil toneladas de CO2 por dia, o que resulta em aproximadamente oito milhões de toneladas de gases que causam efeito estufa por ano, um terço de toda a poluição causada pelo setor elétrico no Brasil.

Como se não bastassem esses estragos, os mencionados gases podem ainda provocar chuva ácida, com alto teor de ácido nítrico e ácido sulfúrico.

Mas não é só isso. Para o funcionamento dessa térmica é necessário um terminal de armazenamento para 200 mil toneladas de óleo pesado, em pleno litoral sul de Pernambuco, onde se localizam as mais belas praias do estado, como é o caso de Porto de Galinhas e da Praia dos Carneiros. Em linha reta, Suape fica a aproximadamente 8 km de Porto de Galinhas. Qualquer acidente ambiental degradará irreversivelmente o maior cartão postal e o maior ativo turístico do povo de Pernambuco, que são as praias do seu belo litoral.

Quais são os benefícios de tão hediondo empreendimento?

Os argumentos do Governo do Estado e dos investidores é o aporte de dois bilhões de reais, a geração de 500 empregos diretos e a arrecadação de mais impostos.

São argumentos pífios e injustificáveis.

O próprio representante do Grupo Bertin afirmou querer concentrar esses investimentos em Pernambuco porque a licença ambiental está extremamente difícil em Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte. Daí a intenção de concentrar cinco usinas em uma só, e fazer de Pernambuco a localização desse Cavalo de Tróia, arruinando a imagem internacional do Complexo Industrial e Portuário de Suape como projeto ambientalmente sustentável.

Hoje, o mundo inteiro caminha para produzir energia limpa. No Nordeste, principalmente, onde há excelentes jazidas de vento e elevado grau de irradiação solar, essas novas energias têm um potencial privilegiado. Para dar um exemplo da viabilidade dessas novas energias, no último leilão da ANEEL a energia eólica foi vendida a 140 reais por megawatt/hora, enquanto o preço estimado para a energia desse “monstrengo” é de 332 reais por megawatt/hora. 

Como representante do povo de Pernambuco, no último dia 3 de outubro, protocolei uma representação no Ministério Público Federal, solicitando investigação do impacto ambiental deste empreendimento. E, no dia 10 do mesmo mês, o MPF anunciou a abertura de inquérito civil público para apurar o caso.

Vamos nos mobilizar para não permitir que Pernambuco caminhe na contramão da história e comprometa, irreversivelmente, a ideia de desenvolvimento sustentável e um futuro melhor para o seu povo. 

 

A federalização das investigações do brutal assassinato do advogado e dirigente do PT Manoel Bezerra de Mattos Neto completa um ano nesta quinta-feira, 27 de outubro. Essa importante data será relembrada em debates programados no Recife e em João Pessoa.

A federalização foi um passo fundamental para a apuração do caso, que estarreceu toda a sociedade: a morte brutal de um defensor dos direitos humanos que dedicou sua vida ao fim dos grupos de extermínio na região entre os estados da Paraíba e Pernambuco.

Esses grupos se diziam responsáveis por uma “limpeza social” na região e matavam covardemente meninos de rua, supostos marginais, homossexuais e trabalhadores rurais. O fato, inclusive, ganhou notoriedade internacional, sendo analisado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Em 2002, a OEA constatou a urgência e a necessidade de proteção da vida e integridade física de Manoel Mattos e de outros cidadãos ameaçados, após encaminhamento da ONG Justiça Global e do então deputado Luiz Albuquerque Couto, que era presidente da CPI do Narcotráfico. Infelizmente, no dia 24 de janeiro de 2009, Mattos foi assassinado. Esse é um caso triste e vergonhoso para o Brasil e, portanto, merece a atuação firme das autoridades federais.

Aproveitando essa data emblemática, reforço a importância de a Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Federal continuarem empenhados na investigação e no julgamento dos criminosos. Não podemos aceitar a impunidade.

 

As negociações com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) para a Copa do Mundo de 2014 podem sair favorecidas com a nomeação de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para o Ministério do Esporte, em substituição a Orlando Silva, que deixou a pasta ontem (26). Na avaliação de cientistas políticos que atuam na área de esporte, a troca também não trará prejuízo ao calendário das obras.

O pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) Tulio Velho Barreto , autor do estudo Os Espaços Físicos e o Habitus dos Torcedores Brasileiros em Estádios de Futebol: o Que Pode Mudar com a Adoção do Padrão Fifa para a Copa de 2014, vê em Aldo Rebelo um interlocutor político mais qualificado e com possibilidades de “recolocar o ministério em uma posição importante na Fifa”.

“Aldo Rebelo é um político de outro patamar, já foi presidente da Câmara [dos Deputados], tem mais habilidades com negociador, é de outra importância”, disse Barreto, que participa do 35º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), em Caxambu (MG).

Para o cientista politico pernambucano, as denúncias de corrupção que levaram Orlando Silva a deixar a pasta podiam “enfraquecer posições do Brasil que desagradavam a Fifa”, como a meia-entrada para idosos. “Já existe uma certa tensão em função do que a Fifa exige e do que o governo acredita que deve ser mantido por uma questão de autonomia do país”, disse.

O pesquisador se refere à Lei Geral da Copa. Em discussão no Congresso Nacional, o texto permite que a entidade estabeleça os valores dos ingressos para os jogos. Até então, a posição do governo era de que só havia a possibilidade de vender meia-entrada para idosos e não para estudantes.

Coordenador de pesquisas na área de antropologia do esporte, Luís Henrique de Toledo, da Universidade Federal de São Carlos (UFScar) compartilha do mesmo pensamento do colega pernambucano. Para ele, como ambos os ministros são do mesmo partido não há, por enquanto, nenhum indício de mudança nas políticas do ministério, na condução de negociações e das obras para o Mundial.

“A Fifa promove um evento privado. Relaciona-se com as empreiteiras, com os times. Lucra com isso, e nós aceitamos. Por isso, não importa o indicado do Estado. Mas como Aldo tem mais estofo como político, talvez, as coisa até andem mais rapidamente”, disse Toledo.

As marchas contra a corrupção realizadas nos dias 7 de setembro e 12 de outubro revelam dois importantes sinais: primeiro, a onda de protesto sai do espaço virtual e entra no mundo real, revelando, de um lado, a latente indignação da sociedade brasileira e, de outro, o enfraquecimento dos canais de expressão da democracia representativa frente à capacidade de mobilização das redes sociais; o segundo é o silêncio ensurdecedor dos movimentos sociais, prova evidente de descarada submissão aos encantos do governismo.

Porém, a mais importante lição a ser extraída desses eventos é a ampliação do exercício da cidadania. Não basta ser o cidadão-eleitor que a cada pleito cumpre o poder-dever de eleger representantes e logo, logo, se desgarram do pacto político celebrado nas urnas. O exercício da cidadania não se esgota no ato de votar. Nasce de uma conquista penosa, cruenta, tendo por base a desconfiança congênita dos detentores do poder, se estende e permanece no estado de alerta que é vigiar; se reforça na prerrogativa de denunciar; se consolida na função de controlar.

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Desta forma, a sociedade de cidadãos é mais influente, participante e dona do seu destino ao exercer os papeis, acima mencionados, e, quando necessário, a resistência, a rebeldia e a dissidência. A este fenômeno, o grande pensador e economista indiano Amartya Sen denominava de “impaciência construtiva” que outra coisa não é, senão, a política da sociedade.

Portanto, queiram ou não queiram, as pessoas que estão mobilizadas, indo às ruas, clamando por ética e decência, estão fazendo política, por maior que seja a descrença, a desilusão a aversão à política, praticada em meio às contradições de grandezas e misérias.

A propósito, teço essas considerações por conta da reação dos participantes da marcha realizada em Boa Viagem, ao vaiarem o deputado federal Paulo Rubem Santiago (PDT-PE). A vaia, independente de qualquer tipo de juízo de valor sobre o referido parlamentar, é uma forma extremada de condenação generalizada da política e da democracia cujo aperfeiçoamento está exatamente nas mãos e na força da cidadania.

Com efeito, a experiência histórica demonstra que a cesta básica para uma vida digna e com sentido social contém democracia política e riqueza distribuída com equidade. As duas coexistem inseparavelmente e somente são alcançadas pelo exercício da política que, como dizia Weber, é como furar “tábuas duras”, mas ao fim e ao cabo, “vale a pena”.

Revoluções? São momentos melancólicos da história; falência das soluções políticas; partos com a dor da violência que dá a luz aos rebentos que geram a violência.

Bernard Crick, no seu livro intitulado Em defesa da política (Ed. UNB), ensina: “A política representa, quando menos, alguma tolerância para verdades diferentes, algum reconhecimento de que é possível governar, aliás, melhor, através do debate de interesses opostos”.

Não surpreende, pois, que os ditadores maiores detratores da política sejam ou tenham sido ditadores a exemplo de Salazar: “Detesto a política do fundo do meu coração essa confusão de idéias sem fundamentos e planos impraticáveis”; Mussolini: “A Itália só pode produzir porque não há mais políticos; Fidel Castro: “Nós não somos políticos. Nós fizemos uma revolução para ver-nos livres dos políticos”.

Neste clima de descrédito, desilusão e, porque não dizer, de justificada irritação com os políticos, merece serena atenção o conceito de Afonso Arinos de Melo Franco: “Não existe a boa ou a má política. Existe a política ou a não-política”.

A favor das marchas, vou remar contra a corrente da condenação generalizada dos políticos. Não faltarão boas e sensatas companhias.

 

* Texto opinativo produzido pelo ex-Ministro da Fazenda e ex-Governador de Pernambuco Gustavo Krause

 

 

  

Uma das formas mais danosas e caras de pirataria é aquela que inclui produtos usados no tratamento de doenças ou prejudiciais à saúde humana, sem que isso reduza a importância que deve ser dada ao combate às demais formas de contrabando. Esse é um assunto que interessa a toda população, às autoridades e também às empresas autorizadas a fabricar remédios e produtos de saúde.

Semana passada, no dia 17 de outubro, a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) e o jornal O Globo promoveram o seminário “A Informalidade e seus Impactos na Sociedade”, no Rio de Janeiro, do qual tive a honra de participar. Fui chamado para o painel “Os impactos da falsificação e distribuição de medicamentos sem registro”,  mediado pelo jornalista George Vidor, comentarista da GloboNews, e com o  diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano.

Ainda que alguns órgãos se empenhem na fiscalização e nas operações de apreensão de medicamentos e produtos para a saúde falsificados, o Brasil ainda precisa aprimorar alguns mecanismos de combate a essa prática criminosa. Sou autor de projeto de lei que cria a Política Nacional de Combate à Falsificação de Produtos Submetidos à Vigilância Sanitária.

O Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 162/2011 cria um conjunto de ações articuladas entre os órgãos da administração pública federal, estadual e municipal. Ele permite que a inteligência desses órgãos converse entre si e planeje práticas mais efetivas. Existe ainda um vácuo na legislação que permite a fabricação, distribuição, transporte e comércio de produtos sujeitos à vigilância sanitária. Entre eles estão não somente os medicamentos como também próteses, saneantes, cosméticos, fitoterápicos, entre outros.

Sou autor também de outros dois projetos de lei de combate à pirataria. O PLS nº 368 permite à Policia Federal apurar o crime de falsificação, corrupção e adulteração de remédios. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que esse órgão só cabe atuar nos casos de delito internacional. Apresentei ainda o PLS nº 464, permitindo o fechamento da empresa envolvida no crime. Hoje, o órgão só pode apreender o contrabando, mas a empresa continua aberta.

São três projetos que, no seu conjunto, permitirão uma atuação mais rigorosa e efetiva, para que a população corra menos riscos ao tratar da sua saúde. Esse debate precisa ser mantido. 

Os novos líderes da Líbia iniciaram nesta segunda-feira a difícil tarefa de formar um governo de unidade interino, após 42 anos de ditadura de Muamar Kadafi, prometendo uma administração orientada pelas leis islâmicas. "Hoje começamos a nos preparar para uma nova fase, a fase da liberação, a fase em que iremos planejar e trabalhar duro pelo futuro da Líbia", afirmou Abdel Hafiz Ghoga, vice-presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT).

"Vamos começar a trabalhar na adoção da Constituição", afirmou Ghoga no fim do domingo, após ser decretada a "liberação" da Líbia do regime de Kadafi, em uma cerimônia com dezenas de milhares de pessoas em Benghazi, no leste do país, onde começou o levante contra o ditador há oito meses.

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A declaração é feita em meio à controvérsia em torno das circunstâncias da morte de Kadafi, após ele ser capturado com vida em sua cidade natal, Sirta, na quinta-feira. A Grã-Bretanha afirmou que o incidente "maculou" o CNT.

O CNT prevê a formação de um governo interino em um mês e eleições para uma Assembleia Constituinte dentro de oito meses. Será a primeira eleição livre no país em mais de quatro décadas.

Haverá eleições parlamentares e presidenciais dentro de um ano após esse voto para a Constituinte, ou dentro de 20 meses após a declaração deste domingo.

O líder do CNT, Mustafa Abdel Jalil, insistiu que a lei muçulmana (sharia) prevalecerá. "Como um país islâmico, adotamos a Sharia como nossa lei principal", disse Abdel Jalil em Benghazi.

O primeiro-ministro interino, Mahmoud Jibril, disse que a formação do novo governo deve ocorrer "dentro de uma semana a um mês". "Isso pode levar mais ou menos", disse ele a repórteres, durante o Fórum Econômico Mundial na Jordânia. Segundo ele, o CNT será então dissolvido.

Abdel Jalil disse à rede Al-Jazeera que há uma investigação em andamento sobre as circunstâncias da morte de Kadafi. Vídeos de celulares mostravam o ex-ditador vivo após a captura, mas líderes do CNT afirmam que ele foi morto por um tiro na cabeça durante um tiroteio. As informações são da Dow Jones.

A polícia italiana realizou nesta segunda-feira várias operações ao redor do país contra supostos anarquistas e extremistas de esquerda, após os protestos realizados no final de semana em Roma que levaram à detenção de pelo menos 12 manifestantes na capital. O governo declarou hoje que os 12 detidos, todos com menos de 30 anos, se arriscam a serem condenados a sentenças entre 3 anos e 15 anos de prisão. Eles ainda não foram formalmente denunciados.

Os 12 detidos, três das quais são mulheres, são acusados de terem respondido com violência à polícia. Segundo a agência Ansa, outras 6 pessoas foram detidas em Florença. Dos detidos em Roma, todos são italianos da capital ou do sul do país. Apenas um detido é estrangeiro e natural da Romênia. Os tumultos ocorreram no sábado quando milhares de pessoas tentaram fazer uma manifestação pacífica contra a crise econômica e o sistema financeiro, numa versão local do movimento "Ocupe Wall Street" que acontece nos EUA e no Canadá.

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Em Roma, manifestantes destruíram vitrines e caixas automáticos, saquearam lojas e também depredaram o transporte público. Muitos manifestantes agiram mascarados.

O subsecretário do Ministério do Interior, Alfredo Mantovano, disse que as operações policiais de hoje tinham em vista suspeitos da extrema esquerda. Segundo a Ansa, a polícia fez operações de busca em Florença, Ancona, Palermo, Milão e Turim.

As informações são da Associated Press e da Ansa.

Dezenas de milhares de sírios ocuparam a praça principal de Damasco, capital da Síria, em uma demonstração de apoio ao presidente Bashar Assad. O líder enfrenta protestos por mais democracia e por sua saída do poder há sete meses, e os oposicionistas afirmam que os atos pró-Assad são obra do governo.

Assad sofre pressão internacional para que pare de reprimir os manifestantes pacíficos. As Nações Unidas afirmam que cerca de 3 mil pessoas já morreram na violência. O regime afirma que os oposicionistas são terroristas, não reformadores.

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Participei nesta quinta-feira, 6 de outubro, da abertura do 3º Fórum Nacional sobre Políticas de Saúde no Brasil, realizado pelo Instituto Brasileiro de Ação Responsável, quando tive a oportunidade de expressar algumas questões que considero cruciais.

O Brasil precisa ampliar o debate sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) que queremos. E entendo que o país não pode discutir políticas de saúde sem colocar o tema das novas fontes de financiamento na ordem do dia.

É fundamental tratar de novas ferramentas de gestão pública da saúde, mas esse debate não pode se sobrepor ao do financiamento. O Brasil tem um sistema universal abrangente que não se compara a de outro país do mundo, oferecendo desde simples atendimento ambulatorial a um transplante de órgão para todos os seus cidadãos. É também, segundo o Ministério da Saúde, o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes que possui um sistema universal. Não há gestor no mundo, por mais qualificado que seja, que consiga fazer render os recursos hoje existentes para a saúde no Brasil.

Tenho batido nesta tecla reiteradamente, pois esse assunto não pode ser deixado de lado caso queiramos modernizar o SUS. E mesmo assim, apesar dos gargalos e problemas de atendimento enfrentados no SUS, o Brasil ainda é referência mundial em algumas políticas públicas de saúde. Somos o sistema que mais transplanta órgãos no planeta e dificilmente vamos encontrar, no mundo, um país com uma política de acesso a medicamentos, inclusive remédios caros e para doenças raras, como no Brasil.

O cobertor é curto. E os desafios são grandes.

Depois de meses de mistério e muita negociação, o deputado federal e ex-prefeito do Recife João Paulo (PT) decidiu permanecer no Partido dos Trabalhadores. Rompido politicamente com o atual prefeito, João da Costa (PT), o parlamentar avaliava a possibilidade de mudar de partido e lançar-se candidato na sucessão municipal, em 2012. Porém, agora há pouco, o petista anunciou sua decisão, em seu perfil no Twitter. "Acabo de conversar com a pres Dilma e atendendo ao seu apelo e do ex-pres Lula e companheiros decidi ficar no PT! (sic)", escreveu.

João Paulo havia sido cortejado por vários partidos, como PV, PCdoB, PTB e PDT, que viam no seu capital eleitoral uma chance de chegar à administração municipal no ano que vem. No começo de setembro, havia ganhado força a hipótese de que o petista aportaria nas hostes verdes. Caso quisesse ser candidato por outra sigla no pleito de 2012, João Paulo teria que se filiar até o dia 5 de outubro.

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Com mais de 700 milhões de usuários, a maior rede social do mundo agora quer entrar para uma área polêmica: a política. De acordo com o jornal The New York Times, o Facebook formou um comitê de ação política que será usado para distribuir apoio e dinheiro para candidatos nas eleições dos Estados Unidos que acontecem em 2012.

Em entrevista ao jornal, um porta-voz do site confirmou que o comitê de ação política (PAC, em inglês) foi incorporado nesta segunda-feira (26) e que “o comitê PAC dará aos nossos funcionários uma maneira de fazer sua voz ser ouvida no processo político ao suportar candidatos que compartilhem de nossos objetivos de promover o valor da inovação para nossa economia, enquanto dão ao povo o poder de compartilhar e tornar o mundo um local mais aberto e conectado.”

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Como aponta o NYT, a iniciativa do site de Mark Zuckerberg chega numa hora em que as empresas de tecnologia estão buscando cada vez mais aumentar sua influência em Washington. Na semana passada, o Google, por exemplo, co-patrocinou um debate presidencial Republicano com a emissora Fox News, conhecida por seu apoio aos candidatos desse partido. Já o Facebook realizou recentemente um encontro com nomes importantes do partido Republicano, enquanto que a rede social profissional LinkedIn organizou um evento semelhante com o presidente Obama, do partido Democrata.

O Facebook se recusou a fornecer mais detalhes ao New York Times sobre o seu comitê político, que usará os domínios Fbpac.org e Fbpac.us, registrados recentemente pela companhia.

Presença e gastos cada vez maiores

O site de Zuckerberg tem aumentado sua presença em Washington desde 2007, quando contratou seu primeiro funcionário no distrito de Columbia. Atualmente, o escritório local da empresa já possui mais de dez pessoas, incluindo quatro lobistas registrados em esfera federal nos EUA.

De acordo com o porta-voz do Facebook, Andrew Noyes, “o aumento representa uma continuação dos nossos esforços em explicar como nosso serviço funciona, assim como as importantes ações que tomamos para proteger os nossos usuários e promover o valor da inovação para a nossa economia.”

Além de aumentar a presença, o Facebook também aumentou seus gastos com lobistas, de acordo com documentos de julho, informa o NYT. No 2º trimestre deste ano, a rede social gastou US$ 320 mil com lobistas, contra US$ 230 mil gastos nos primeiros três meses de 2011, um recorde para a companhia, de acordo com números do site Center for Responsive Politics.

Quem também nunca gastou tanto com a prática foi a Google. De acordo com o jornal,  no último trimestre a gigante de buscas, que possui um comitê de ação política e um escritório em Washington desde 2006, gastou nada menos que US$ 2,06 milhões com lobistas no último trimestre — no primeiro trimestre o valor gasto foi de US$ 1,4 milhão.

A companhia também aumentou consideravelmente seus investimento em seu comitê de ação política que distribuiu US$ 345 mil em campanhas do congresso no ano passado, contra distantes US$ 36 mil em 2006, número quase 10 vezes maior, segundo dados do site OpenSecrets.Org, que mantém registros de gastos de campanhas.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, nomeou na noite de terça-feira seu novo ministro do Interior, Wilfredo Chávez, em substituição a Sacha Llorenti Solíz, que apresentara sua demissão horas antes, informa o site do jornal La Prensa. Evo Morales também anunciou Rubén Saavedra como o novo titular da pasta da Defesa, que estava vazia deste a renúncia, na segunda-feira, de Cecilia Chacón, que deixou o cargo em protesto à repressão contra um grupo de indígenas no domingo.

Os indígenas protestavam contra a construção de uma rodovia na amazônia boliviana. Financiada pelo governo brasileiro, a rodovia ligará a fronteira do Brasil ao altiplano boliviano.

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As imagens da repressão provocaram uma crise no governo de Evo Morales, cuja base eleitoral é justamente formada pela maioria indígena que compõe a população boliviana. Na manhã de terça-feira, Evo anunciou que a construção da rodovia foi suspensa até que uma solução para a crise seja negociada.

De acordo com o La Prensa, o presidente pediu desculpas pelos excessos cometidos pelos policiais no domingo, mas condenou os ataques ao governo e exigiu provas sobre a morte de um menino. "Quero que me mostrem o menino morto", disse ele.

Segundo Evo, "o melhor opositor de Evo Morales são os meios de comunicação". Ele responsabilizou duas rádios e um meio impresso pela articulação da reação contra seu governo.

Já o advogado e ativista pelos direitos humanos Waldo Albarracín acusou os meios de comunicação estatais de manipular as informações e de serem parciais em relação ao governo, segundo matéria publicada no site do jornal El Diário. De acordo com Albarracín, as informações divulgadas pelos meios estatais minimizam os acontecimento reais.

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, mais uma vez sobreviveu por pouco a um voto no Parlamento nesta quinta-feira, quando os deputados decidiram não retirar a imunidade de um aliado do premiê investigado por corrupção, Marco Milanese. A Câmara dos Deputados aprovou por 312 votos a manutenção da imunidade de Milanese, que também é deputado. Outros 306 deputados votaram contra. Milanese, em ex-assessor do ministro das Finanças, Giulio Tremonti, foi implicado em um escândalo de corrupção em Nápoles.

A votação foi secreta e significou mais um teste para a frágil coalizão de centro-esquerda de Berlusconi. O premiê se disse satisfeito com a votação mas não fez mais comentários. Milanese renunciou ao cargo de assessor de Tremonti em junho, quando a promotoria de Nápoles o acusou de passar informações confidenciais em trocaq de dinheiro e favores. Milanese negou as acusações.

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Se a imunidade de Milanese caísse, isso seria um sinal de que Berlusconi não possui mais a maioria na Câmara. Além disso, significaria uma quebra na credibilidade do ministro das Finanças.

O próprio Tremonti, arquiteto do plano de austeridade fiscal de € 54 bilhões da Itália, ficou sob suspeitas por ter pago uma soma a Milanese para usar o apartamento do político na capital italiana quando passa suas noites em Roma. Tremonti não é investigado e não foi acusado, e reconheceu publicamente que deveria ter sido mais transparente com os seus problemas pessoais imobiliários.

As informações são da Associated Press.

O deputado estadual, Daniel Coelho, oficializa nesta quinta-feira (15) em um ato público a troca do PV pelo PSDB. A cerimônia de filiação do prefeiturável será realizada no Teatro da Boa Vista, localizado no Colégio Salesiano, no bairro da Boa Vista, no Recife, às 18h30. Cerca de 50 Pré-candidatos a vereador do Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e Moreno também terão a ficha de filiação avalizada pela legenda.

No seu site o Daniel Coelho faz um convite à população para participar da cerimônia. “Convido a todos e a todas para ato de prestação de contas de nosso mandato e de nossa posição política quanto ao cenário estadual e nacional, considerando as divergências existentes no Partido Verde, sobretudo após a saída da Senadora Marina Silva da legenda”.

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Estará presente no evento o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra, bem como prefeitos, vereadores, lideranças da legenda do Recife, Região Metropolitana e interior.

Bons livros nos trazem boas ideias e novas abordagens. Conclui o livro “Radiografia de uma derrota – O cómo Chile cambió sin que La Concertacion se diera cuenta”. O livro é do sociólogo Eugenio Tironi. Recomendo este livro aos estrategistas políticos.

O livro de Tironi analisa a derrota da Concertacion no Chile na última eleição presidencial e o sucesso eleitoral de Sebastian Piñera na disputa. A principal tese de Tironi é que os eleitores do Chile mudaram. Em razão disto, a Concertacion perdeu a eleição para presidente da República.

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Eleitores mudam? Sim, esta é uma tese que infelizmente não é tratada com atenção por parte dos estrategistas políticos. Os eleitores que elegeram FHC em 1994 tinham determinadas demandas. Hoje, estes mesmos eleitores, e outros que surgiram possuem outras demandas. O desenvolvimento econômico e o aumento do nível de instrução possibilitam a mudança dos valores (Novas demandas) do eleitor.

Se os eleitores mudam os seus valores, eles podem modificar as suas preferências. Os candidatos precisam atender as novas exigências do eleitor. Através de pesquisas quantitativas e qualitativas é possível identificar as novas demandas do eleitorado.

Certamente, o PSDB, após a era FHC, não descobriu as novas demandas do eleitor. O PT descobriu e ofertou soluções para as novas demandas. A herança positiva de FHC foi, por sua vez, incorporada também pelo PT. Ou melhor: por Lula. Com isto, nasceu o lulismo.

Com FHC, os eleitores iniciaram o processo de aumento do consumo. Na era Lula, os eleitores aumentaram o consumo e passaram a adquirir bens não antes adquiridos. E com Dilma, o que ocorrerá? Os eleitores que viveram as eras Lula e FHC desejam a manutenção das conquistas econômicas. E mais alguma coisa!

Tenho a hipótese de que a era Dilma será caracterizada pela demanda (Maioria do eleitorado) por beleza (Cabeleireiros, Academias), turismo e produtos mais luxuosos. Além dos produtos e bens já consumidos. O eleitor brasileiro não aceitará que alguém ameaçe o seu bem-estar econômico e o seu poder de consumo. E os que ainda não adquiriram este bem-estar, lutarão por ele.

Existem também outras demandas, quais sejam: melhoria da oferta de bens públicos – segurança, saúde e educação. Além de obras de infraestrtutura. Se Dilma tiver condições – o sucesso do seu governo depende, obviamente, das conjunturas econômicas e políticas – de manter as conquistas do eleitor e atender às novas demandas surgidas, ela será competitiva em 2014.

Precisamos olhar com parcimônia os fatos da realidade brasileira. A pressa impossibilita uma análise apurada. Sem análise apurada, não conseguirmos compreender a realidade e prospectar quanto ao futuro. O futuro, às vezes, é incerto. Outras vezes, não.

Existe uma grande imprensa no Brasil? Acredito que sim. Mas esta grande imprensa não deve ser reconhecida como ruim. Mas como benéfica a democracia brasileira. Costumo afirmar que existem também os grandes articulistas brasileiros, os quais influenciam os leitores atentos – não são muitos – aos eventos políticos, institucionais e eleitorais.

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A grande imprensa escolhe ou expõe a preferência por candidatos. Os grandes articulistas também. A escolha ou a preferência não condena a independência da grande imprensa ou dos grandes articulistas. Ao contrário, leitores e analistas políticos sábios descobrem que eles inserem uma agenda na opinião pública. E isto é legítimo num país democrático.

Não fere a democracia, o fato da grande imprensa e dos grandes articulistas escolherem ou preferirem dados atores políticos. Eles, inclusive, sugerem uma agenda para a opinião pública – função natural da mídia, pois ela informa e concede opinião sobre eventos.

Os candidatos que caminham contra a agenda escolhida tendem a sofrer da grande imprensa e dos grandes articulistas oposição no campo das ideias. E uma constante fiscalização. Os que conjugam com a agenda ofertada, tendem a receber atenção e elogios. Mas isto não significa que estão imunes à constante fiscalização.

Encontro na agenda da grande imprensa e dos grandes articulistas a reforma tributária, o controle inflacionário, a responsabilidade fiscal, a privatização, a defesa por maior investimento estatal em infraestrutura, a educação, a segurança pública, a transparência e a eficiência da máquina pública. Esta agenda foi construída em razão das opiniões dos seguintes atores: acadêmicos, mercado (Este reconhecido como um ator político), e profissionais do mercado.

Os temas apresentados vieram à tona lentamente no Brasil. O início da ebulição destes temas ocorreu na curta era Collor. E se consolidou na era FHC. Alguns dos temas foram incorporados na era Lula pelo PT. Outros não. No governo Dilma ocorre algo semelhante.

Em 2014 a agenda da grande imprensa e dos grandes articulistas não mudará. Os que desejam ser presidentes precisam conquistar a admiração e o respeito da grande imprensa e dos grandes articulistas.

Se não existisse a liberdade de expressão, talvez o lulismo não existisse. Foi através da imprensa que Lula pôde publicizar os seus atos e mostrar o seu carisma, recheado de emoção, para os eleitores. Lula é produto, em parte, do exercício da liberdade de expressão da imprensa.

O PT é também produto da imprensa. O PT ao nascer precisou da imprensa. Através dela, o PT pôde apresentar as suas propostas para a opinião pública. O PT, em razão de Lula, conquistou, por três vezes, a presidência da República. Os méritos e escândalos do PT no exercício da presidência foram divulgados.

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O PT é hoje o partido mais admirado ou citado do Brasil em variadas pesquisas de opinião pública. A admiração, a citação e também a rejeição são provenientes do exercício da liberdade de expressão da imprensa. Então, indago: por que o PT quer regulamentar a imprensa?

Em razão dos méritos do governo FHC e da humildade não declarada do ex-presidente Lula, as transformações socioeconômicas iniciadas por FHC foram continuadas por Lula quando este assumiu a presidência. Em razão de Lula e FHC, o Brasil avançou nos indicadores sociais e econômicos. Hoje, inclusive, são mais pessoas que concluíram o ensino médio e estão no ensino superior.

Os novos indivíduos que melhoraram o seu nível de instrução podem desejar informações sobre a República. Se a imprensa não divulga a informação, já que ela poderá ser controlada, eles irão reclamar. Surveys sobre comportamento revelam que o brasileiro acredita na educação como instrumento de mobilidade social. Portanto, suponho que eles valorizam a liberdade de informação.

O PT cometeu erros com a República. Lula falhou ao não apresentar para os brasileiros um projeto de longo prazo para o Brasil. Por outro lado, reconheço que ambos ampliaram o Bolsa Família, criaram o PROUNI e instituíram instrumentos para o aumento da oferta de crédito. Portanto, o PT e Lula contribuíram para o desenvolvimento do Brasil.

Neste instante, diante de uma presidenta que mostra seriedade com a coisa pública (Com dificuldades) e tenta construir, lentamente, um projeto para o País, o PT não pode ir contra a agenda da opinião pública. Garanto ao PT que a opinião pública deseja liberdade e desenvolvimento socioeconômico.

Estrategistas falam o óbvio? Por várias vezes, alguém chegou para mim e disse: “Mas isto é óbvio”. Respondi de imediato: “Mas é óbvio agora, após o evento ter ocorrido e se consolidado”. Analisar os eventos após a ocorrência é tarefa fácil. Mas sugerir a ocorrência de eventos futuros é tarefa árdua. Portanto, algo é óbvio quando ele já ocorreu ou quando alguém mostra.

O óbvio precisa ser dito. E só descobrirmos que ele é óbvio quando alguém revela o óbvio. Nem sempre o óbvio é identificado. Ou vislumbrado. Apesar de o evento ser óbvio, nem todos prevêem ou identificam o óbvio.

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Fenômenos eleitorais são óbvios quando acontecem e, por consequência, são identificados. Ora, mas por que o analista não identificou ou prognosticou o fenômeno eleitoral óbvio antecipadamente? As pesquisas qualitativas e quantitativas quando bem feitas e adequadamente interpretadas possibilitam a identificação ou a previsão do óbvio.

Existe a hipótese óbvia. Por exemplo: Lula será candidato em 2014. Esta assertiva é uma hipótese óbvia, mas que poderá ser falseada. Os autores desta hipótese óbvia partem da premissa de que mutações nas escolhas dos indivíduos não ocorrem. E que o eleitor é passivo. No caso, ele não consegue construir um raciocínio mínimo sobre um candidato. O eleitor, em 2014, irá perguntar: se Dilma vai bem, qual é a razão de Lula voltar? Ou, se Dilma vai mal, a responsabilidade não é de Lula?

Os mentores da hipótese óbvia não têm capacidade preditiva e não desenvolve análise conjuntural. Para ele, o comportamento dos indivíduos e suas escolhas são estanques. No caso, não variam. Engano!

Existe outra hipótese óbvia na praça. Qual seja: João da Costa não tem condições de ser reeleito. Saliento, que toda hipótese óbvia carece de formulação adequada. Por que João da Costa não tem condições de ser reeleito? Os sujeitos que disseminam tal hipótese desconhece o poder da máquina pública e das estratégias de comunicação. Ambas influenciam fortemente na escolha do eleitor.

Em 2014, os formuladores da hipótese óbvia irão dizer: “Lula não é candidato, Adriano. Isto é óbvio”. Se João da Costa for reeleito (A oposição com dois candidatos tem condições de vencer a disputa), alguém vai me dizer: “Também, com a máquina na mão, que não é reeleito? Isto é óbvio”.

Os exemplos acima mostram que o óbvio surgiu após o fato. Proponho que os analistas e estrategistas consigam identificar e prognosticar o óbvio. Pois depois do fato ocorrido, ele passa a ser óbvio. E isto é óbvio!

Colunistas políticos frisam em demasia que a oposição não tem projeto para o país. Complemento: nem a oposição, nem o governo. Mas não posso ser injusto com a História: FHC teve projeto para o país. O Plano Real, as privatizações e o PROER foram instrumentos que mostraram que FHC refletia sobre o futuro do Brasil.

Na era Lula, o imediatismo prevaleceu. Não considero o Bolsa Família como instrumento utilizado para preparar os beneficiados para o futuro. O Bolsa Família é uma ação compensatória. Mas estritamente imediata. Porém, faço justiça a Lula: o PROUNI é um instrumento que contribui para o sucesso dos indivíduos a longo prazo.

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Dilma, até o instante, não apresentou um projeto para o Brasil. Ela fala no trem bala. Obra cara, embora necessária. Mas, ressalto, não é prioritária. Dilma expande o Bolsa Família e tem coragem de discutir a possibilidade de aumento da carga tributária. A presidenta vai contra um eleitorado que lentamente se transforma.

E a oposição? Após FHC, os atores da oposição perderam três eleições. Em todas estas, nada de novo foi apresentado. Atores da oposição e da situação sempre propuseram a mesma coisa em sua plataforma de governo. Aliás, após a era FHC, a agenda de desenvolvimento no Brasil é semelhante e antiga.

O que os atores da situação e da oposição pensam sobre a eficiência do estado brasileiro? Como ofertar bens públicos de modo eficiente e eficaz? É possível criar um novo modelo de Previdência Social? Como limitar os gastos públicos? Quais condições devem ser criadas para possibilitar que o setor produtivo enfrente a concorrência comercial chinesa? Qual deve ser o limite da carga tributária? Criar mais universidades públicas, ou investir nas já existentes? A educação básica deve ser prioridade ou não? De que modo a saúde pública pode atender adequadamente aos mais pobres?

Estes questionamentos não fazem parte da agenda pública da situação e da oposição. O debate que prevalece é sobre juros e consumo. E nada mais. Estamos pobres em termos de estratégias de desenvolvimento. E os eleitores, vale salientar, aparentam felicidade e desdenham do futuro.

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