Atingido por declarações reiteradas do ministro da Economia, Paulo Guedes, o PSDB divulgou, nesta quarta-feira (8), uma carta aberta assinada pelo presidente do partido, Bruno Araújo, com uma dura resposta ao chefe da equipe econômica.
Recentemente, em entrevista à CNN Brasil veiculada no último domingo (5), Guedes afirmou que, "se o Plano Real fosse tão extraordinário", o PSDB não teria perdido diversas eleições presidenciais consecutivas nas últimas duas décadas.
##RECOMENDA##"Parece coisa de gente que até agora não conseguiu ser parte relevante de um único momento memorável sequer da história do nosso país. Só isso, ou alguma absoluta amnésia, explica a tentativa do atual ocupante do Ministério da Economia de tentar diminuir a relevância do Plano Real ou de outras conquistas econômicas e sociais promovidas pelo PSDB em seus governos", respondeu Araújo, na carta.
O presidente do PSDB lembra que antes do Real o Brasil lidava com a hiperinflação, que corroía o poder de compra, sobretudo, da população mais pobre. "Paulo Guedes talvez não se importe com coisas desta natureza", continuou.
Araújo ainda recomenda que o ministro se ocupe com uma agenda que busque melhorar a vida das pessoas, citando a atual crise decorrente da pandemia de covid-19. Ele critica também as promessas da equipe econômica sobre o envio das reformas tributária e administrativa ao Congresso - sempre adiadas -, além da demora na privatização de estatais.
"Até agora, passados 18 meses, o ministro da Economia continua no vermelho, continua devendo. Até agora, Paulo Guedes foi apenas o ministro do 'semana que vem nós vamos', ministro de uma semana que nunca chega", completou.
O presidente do PSDB ataca ainda o fraco resultado do crescimento econômico em 2019, com alta de apenas 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB). "Mesmo antes da pandemia, o tão esperado crescimento econômico - aquele que Paulo Guedes vivia dizendo que 'estava decolando' - nunca ocorreu. Agora não passa de miragem, sabe-se lá para quando", acrescentou.
A carta do PSDB segue citando medidas adotadas nos governos chefiados pelo partido, como as privatizações de telefonia, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a criação de programas de transferência de renda, a universalização da Educação e a criação dos medicamentos genéricos.
"No período em que o PSDB fazia tudo isso, Jair Bolsonaro, o chefe do atual ministro, mantinha-se gostosamente abraçado ao Partido dos Trabalhadores na trincheira contra a modernização do País. Votava contra todas as reformas, contra o Plano Real, contra as privatizações e sempre pela manutenção e pela ampliação de privilégios e interesses corporativos. Talvez seja isso que explique a raiva que Paulo Guedes sente pelo PSDB", concluiu Araújo.