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Na última quarta-feira (27), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou a primeira versão do gabarito oficial da edição impressa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, já com duas questões anuladas no segundo dia de provas. 

Após a divulgação das respostas, houve questionamentos a alguns itens, o que levou o Inep a divulgar uma primeira correção e, mais tarde, uma segunda retificação. Ao todo, foram modificadas as respostas de quatro questões: uma de biologia, uma de matemática e duas na prova de Linguagens, sendo uma de português e outra de inglês. 

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As duas últimas foram, inclusive, motivo de polêmica e acusações de racismo ao Inep. Uma falava sobre seleções de emprego feitas por softwares que evitavam nomes comuns entre pessoas negras e ex-presidiários, afirmando que o texto versava sobre “linguagem” quando a resposta era “preconceito”. 

A outra trazia um trecho do livro Americanah em que a protagonista, uma mulher negra, se recusa a alisar seu cabelo afirmando que gosta dele “como Deus fez” e a questão, ao perguntar sobre a atitude da jovem, apontava “imaturidade” como motivo da recusa. No gabarito atualizado, a resposta é “atitude de resistência”. 

Pressionado, o Onstituto que organiza o exame veio a público se explicar por meio de uma nota oficial. "A autarquia verificou que uma modificação feita no gabarito após o retorno das provas para o Inep não foi salva no banco de dados. Em função disso, a área técnica providenciou uma revisão no material e o Instituto já disponibilizou as versões corrigidas no seu portal", disse o Inep. 

Mesmo após a declaração, o órgão seguiu sendo criticado por internautas e movimentos estudantis, como a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), que afirmou por meio de sua conta no Twitter que “o racismo não pode ser tolerado” e “somente alterar o gabarito não é retratação”. 

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O LeiaJá ouviu professores das matérias que tiveram questões anuladas ou modificadas na atualização dos gabaritos oficiais do Enem 2020 para saber como avaliam essas mudanças pós-prova e se consideram normal ou não o número de retificações realizado no gabarito desta edição do certame. 

Anulações corretas

Edu Coelho é professor de matemática e, para ele, a decisão de anular o item foi acertada. “Ao acompanhar a maioria das resoluções disponíveis, via que estavam sendo feitas umas considerações que deixavam alguns detalhes de lado. Uma análise mais atenta realmente mostra que a questão não possuía alternativa correta”, disse o professor. 

Sobre o número de atualizações nos gabaritos em um curto espaço de tempo, Edu afirma que é normal ter mudanças em seleções. Contudo, falando especificamente do Enem 2020, ela afirma que achou “um pouco mais que o normal e com um grande grau de discordâncias em relação a algumas respostas”. Ele encerrou afirmando que o Enem 2020 “parece que estava fadado a ser problemático”.

O professor de biologia Carlos Bravo tem uma posição semelhante à de Edu. A disciplina teve uma questão anulada ainda na primeira versão do gabarito oficial e, segundo Carlos, “tinha um erro conceitual em relação ao tipo de meiose que acontece nas plantas”, tornando a decisão, portanto, acertada.

Apesar de não considerar o feito uma falha gravíssima diante do número de anulações, o professor também criticou o Inep. “Não deveria ter nenhuma questão anulada nem trocar gabarito, mas duas questões num universo de 180… Não deveria ter nenhuma, porém o número é pequeno e o aluno não perde porque o ponto é redistribuído”, disse o professor.

Respostas incorretas

A questão modificada na prova de inglês foi uma das que mais causou revolta, polêmica e reações quando foi divulgada antes de sua correção. Para o professor João Gomes de Andrade Neto, a prova do Enem vem sofrendo com problemas internos há muito tempo. 

“Erros vêm aparecendo cada vez mais e isso vai fazendo os candidatos perderem a fé nesse sistema que já não é justo desde a premissa”, disse ele. João destaca também um agravamento dos erros do Inep no Enem 2020, com uma demonstração de racismo na prova. 

“Este ano foi absurdo, é importante reiterar que não foi somente a questão de inglês que teve o gabarito modificado. Outra questão de Linguagem também foi modificada com basicamente o mesmo objetivo de apagar o racismo”, argumentou o professor.

Falando especificamente da questão de inglês que cuja resposta foi alterada, João conta que foi “uma surpresa” ver questões tão conectadas à atualidade e também “tão complexa com um vocabulário tão rico quando essa questão de Americanah, de Chimamanda, o que pode ter sido injusto principalmente para alunos que não têm acesso a ensino de língua estrangeira”.

A surpresa, porém, veio acompanhada por uma decepção três dias depois. “Daí o Enem se propõe a discutir tais questões e no gabarito, de forma covarde, fugir furtivamente de textos que claramente falam sobre raça, resistência e sobretudo racismo só escancara o absurdo que é o atual governo, que não tem mais nem vergonha de esconder”, pontuou o professor. 

Antes das mudanças de resposta, o professor de português e redação Isaac Melo também discordou do gabarito divulgado pelo Inep e considera um ponto positivo que a mudança tenha sido rápida, mas criticou a divulgação de um edital desatualizado no lugar da versão corrigida que deveria ter sido disponibilizada. 

“Foi um erro. Postaram um gabarito errado em algumas questões. Quanto a esses erros, eles corrigiram. Então é um ótimo sinal, isso é uma coisa positiva. Corrigiram em tempo recorde. Nunca o Inep foi tão rápido na hora de fazer uma correção. O problema é que quando se lança um gabarito errado, mexe com o emocional do aluno. Muitos alunos me procuraram para saber que gabarito é esse, e o professor discorda também, então fica essa coisa um tanto quanto fora de controle, por assim dizer”, relatou o professor.

O docente também comentou que, acerca das polêmicas envolvendo a questão sobre discriminação contra negros em processos seletivos, ele não enxerga um ato de racismo do Inep, pois acredita que tenha sido, de fato, uma falha técnica, embora também questione a possibilidade da alegação do Instituto não ser verdadeira. 

“Não acho que teve ato de racismo, acho que foi mesmo um erro do Inep. Acho que eles foram muito corretos em retificar isso em tempo recorde e que isso é comum em processo seletivo, não era comum no Enem. O Enem sempre mandava um gabarito e não corrigia ainda que houvesse questionamentos. É positivo entender que este ano eles ouviram os apelos desse erro, foram lá e jogaram esse discurso que a gente não sabe se é verdadeiro ou falso. Mas corrigiram, e eu concordo muito com as correções que eles fizeram”, disse o professor Isaac.

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A anulação de uma questão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), anunciada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), pegou muitos participantes de surpresa. Diante do ocorrido, é comum que os estudantes se perguntem se há a possibilidade de mais questões da prova serem anuladas. 

O LeiaJá procurou professores para analisar a prova do Enem e os gabaritos oficiais para saber se há questões passíveis de contestação. Na prova de ciências da natureza, o professor de física Carlos Júnior apontou um problema na questão 111 na prova azul - que corresponde à questão 113 no caderno rosa, 107 na prova amarela e 118 no caderno cinza. A questão apresenta um tijolo de 2,5 kg em queda livre atingindo um capacete e pede ao estudante que descubra a força impulsiva média do impacto. O enunciado ainda solicita que o aluno diga a quantos tijolos iguais, em peso, essa força equivale. Segundo o professor, a questão tem um enunciado mal feito e possibilitou erros ao desconsiderar um princípio físico. 

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“Quando se fala de força resultante não se trata apenas de uma única força e sim da soma de todas no sistema. Tratar força impulsiva como sinônimo de resultante, ficaria a pergunta, ‘qual força não é impulsiva?’. Se a questão assumir o valor de 2p poderia assumir o valor das outras alternativas. Como um tijolo cai de uma altura de 5 m, ele irá atingir o capacete com velocidade de 10m/s. Se considerarmos apenas uma dimensão, ocorrerá que certo momento a velocidade relativa tijolo-capacete será nula ou seja não importa o tipo de colisão, o "X" da questão está no tempo de colisão, pois, tal tempo, não seria possível desprezar a força peso. Nesse caso, teríamos como força normal média o valor de 75 N. Então, a razão entre a força normal média com peso daria uma mínima equivalência de 3 tijolos ou mais”, disse o professor. 

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Já na prova de ciências humanas, a professora de filosofia e sociologia Cristiane Pantoja apontou a redação do enunciado da questão 69 da prova branca como problemática por poder levar os estudantes à dúvida. De acordo com ela, o texto apresenta a relação entre ser humano e natureza e questiona a respeito de qual corrente filosófica essa característica remete. O problema, segundo a professora, é que tanto o materialismo dialético quanto o racionalismo cartesiano, que é a resposta correta, estavam entre as alternativas e discutem a relação humana com a natureza. 

O LeiaJá também ouviu os professores José Carlos Mardock (história), Benedito Serafim (geografia e atualidades), Diogo Xavier (linguagens), Ricardinho Rocha (matemática), Gustavo Holanda (química) e André Luiz (biologia). Todos eles afirmaram não ter encontrado nenhuma questão passível de contestação nas provas. 

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A Fundação Getúlio Vargas (FGV) anunciou nesta quarta-feira (10) a anulação de uma questão da primeira fase do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de número XXVIII. A questão (número 37 na prova branca; 36 na prova verde; 41 da prova amarela e 35 da prova azul) falava sobre efeitos sucessórios do casamento.

Além da decisão, a FGV também divulgou o resultado definitivo dos classificados na primeira fase. Com a anulação da questão, parte daqueles que tinham obtido 39 pontos no exame passam a ter 40 pontos, estando classificados para a próxima etapa da OAB, com data marcada para 5 de maio.

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Confira o comunicado de anulação de questão clicando aqui. Veja a lista oficial de classificados para a segunda fase neste link.

Um dia após a anulação de uma questão da prova de Matemática e suas Tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), dúvidas pairavam sobre a cabeça dos alunos: o que acontece com a pontuação dessa questão? Ela é dada para todos os alunos? Redistribuída para outras questões? O LeiaJa.com entrou em contato com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), para responder a esses questionamentos.

Segundo o Inep, a questão anulada deixa de ser considerada durante o cálculo da nota de todos os participantes do exame. Logo, é como se ela nunca tivesse existido. Como o exame não trabalha com uma pontuação específica para cada questão, e sim com o método de Teoria de Resposta ao Item (TRI), que calcula o peso de cada pergunta de acordo com seu nível de dificuldade, a anulação da questão não deve preocupar os feras. Entenda melhor como funciona o TRI.

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Questão anulada já foi aplicada em outro vestibular

Na noite da segunda-feira (12), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciou que uma questão de matemática da prova aplicada no domingo (11) foi anulada. A questão, de número 150 do caderno amarelo, laranja e verde; 170 do caderno cinza; 163 do caderno azul e 180 do caderno rosa, teria sido aplicada em uma prova de vestibular 2013/2014 da Universidade Federal do Paraná.

“O Ministério da Educação (MEC) instaurou sindicância para apurar responsabilidades. O item da prova foi formulado por um professor que compõe o Banco de Elaboradores de Itens do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e, em decorrência do descumprimento dos requisitos de ineditismo e sigilo, a questão está anulada”, informou o Inep em seu site oficial.

Depois da denúncia do professor de biologia Fernando Beltrão, de que a questão 170 da parte de matemática da prova cinza do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), finalizado nesse domingo (11), seria idêntica a um quesito aplicado no Vestibular 2013-2014 da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a organização do Enem anunciou uma decisão. Na noite desta segunda-feira (12), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou que a questão foi anulada. Confira a seguir a anulação conforme cada cor do caderno de questão:

Caderno Amarelo – 150;

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Caderno Cinza – 170;

Caderno Azul – 163;

Caderno Rosa – 180;

Caderno Laranja – 150;

Caderno Verde – 150.

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“O Ministério da Educação (MEC) instaurou sindicância para apurar responsabilidades. O item da prova foi formulado por um professor que compõe o Banco de Elaboradores de Itens do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e, em decorrência do descumprimento dos requisitos de ineditismo e sigilo, a questão está anulada”, informou o Inep em seu site oficial.

O Instituto explicou que a questão foi formulada em 2012 por um docente que, segundo o Inep, estava vinculado à UFPR. Em 2013, o mesmo quesito foi utilizado no processo seletivo da Universidade. “O Ministro da Educação, Rossieli Soares, contatou o Reitor da UFPR, Ricardo Fonseca, que colocou a Instituição à disposição para colaborar com a apuração. A Universidade havia celebrado um Acordo de Cooperação Técnica com o Inep para integrar o processo de elaboração e revisão de itens do Banco Nacional de Itens (BNI)”, acrescentou o Instituto.

Ainda de acordo com o Inep, a Comissão de Sindicância do MEC está investigando o fato que pode resultar em processos, inclusive cível ou criminal. Ao fazer a denúncia por meio do Instagram nesse domingo, o professor Fernando Beltrão criticou veemente o que ele classificou como plágio.

“Foi uma cópia. O Inep paga para fazer uma prova original e faz uma desgraça dessas. Está errado, concurso público não pode ser assim”, declarou o professor de biologia.

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