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Na tarde desta quinta-feira (19), durante coletiva de imprensa concedida pelo Governo do Estado de Pernambuco, o secretário estadual de Saúde, André Longo, declarou que no momento não há necessidade de adotar novas medidas restritivas contra a pandemia de Covid-19 no estado. De acordo com Longo, no momento Pernambuco não está enfrentando uma segunda onda de contágios, mas sim uma oscilação dentro da mesma onda.

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“É fato que completado o nosso plano de convivência com todas as etapas e com o cansaço natural das medidas restritivas por parte da população, há uma maior exposição de alguns grupos de pessoas. A gente tem visto relatos nos atendimentos com profissionais que muitas dessas exposições têm se dado em reuniões familiares, reuniões de amigos, as pessoas passaram a interagir mais e isso as expõe mais, então nós temos uma maior incidência de casos leves e algumas semanas de casos graves. Mas configura-se um processo que não é de uma segunda onda, mas de oscilações leves para mais ou para menos  no decorrer das semanas”, avaliou o secretário. 

André Longo também afirmou que após algumas semanas de aumento de casos, na semana 46, encerrada no último sábado, os números voltaram a mostrar um leve recuo. “Nesse momento não vislumbramos necessidade de retrocesso no nosso plano de convivência. Nós estamos acompanhando os dados, mas não há necessidade de retrocesso no nosso plano de convivência”, disse ele. Apesar disso, o secretário de Saúde é taxativo ao afirmar que a pandemia não acabou e os cuidados contra a transmissão precisam ser mantidos. 

“Precisamos da compreensão e do senso de responsabilidade de todos. O relaxamento dos cuidados de forma recorrente poderá trazer aumento da contaminação, gerar aumento de casos e propiciar mais perda de vidas no nosso estado. A pandemia ainda não acabou, por mais dura que essa mensagem possa ser todos os cuidados precisam ser mantidos”, disse o secretário.

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Os Estados Unidos superaram nesta quarta-feira (18) as 250.000 mortes pelo novo coronavírus, enquanto Nova York anunciou que voltará a fechar as escolas públicas para conter a segunda onda e na Europa a taxa de mortalidade aumenta.

O país totaliza agora 250.029 óbitos pelo novo coronavírus, segundo balanço da Universidade Johns Hopkins, referência no acompanhamento da pandemia. E detém de longe o maior registro nacional de falecidos com a doença, à frente de Brasil (com 167.455 mortos), Índia (com 130.993) e o México (99.026).

Na falta de uma estratégia nacional, estados e cidades americanos impuseram diferentes restrições, que vão do 'lockdown' à proibição de reuniões sociais ou fazer refeições dentro de restaurantes.

Devido ao aumento de casos, a cidade de Nova York decidiu voltar a fechar as escolas públicas esta semana e retomar algumas restrições a bares e restaurantes.

O fechamento de escolas na maior cidade dos Estados Unidos ocorreu apesar do anúncio animador das farmacêuticas americana Pfizer e alemã BioNTech de que sua vacina contra a covid-19 tem 95% de eficácia, próxima à da concorrente Moderna (94,5%).

Esta resposta é melhor do que os resultados parciais publicados na semana passada e que mostraram "mais de 90%" de eficácia.

Em Nova York, porém, o prefeito Bill de Blasio disse que as 1.800 escolas públicas da cidade vão oferecer aulas apenas online a partir desta quinta-feira por tempo indeterminado, pois o índice de positividade para a covid-19 superou a média de 3% ao longo de sete dias.

"Devemos lutar contra a segunda onda", ressaltou ele.

O vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, alertou para o recorde de internações nos Estados Unidos (quase 77 mil), lembrando que só na semana passada o país registrou mais de um milhão de novos casos do vírus.

"Já sabemos que quando nossas instalações de saúde estão sobrecarregadas, nossa capacidade de tratar aqueles que estão gravemente doentes se torna limitada", acrescentou.

As vacinas não são uma fórmula mágica e os países terão que "subir a ladeira" por enquanto sem elas, alertou o diretor de emergência da Organização Mundial da Saúde, Michael Ryan.

"Acho que teremos de esperar de quatro a seis meses" antes de atingirmos "um nível significativo de vacinação", observou Ryan em uma sessão de divulgação realizada nas redes sociais.

Apesar das restrições, o mundo registra até agora 55,8 milhões de casos da covid-19, com mais de 1,3 milhão de mortes, de acordo com a última contagem da AFP.

- A corrida pelas vacinas -

Os Estados Unidos, Europa e outros países já reservaram centenas de milhões de doses da vacina da Pfizer e BioNTech. O grupo espera conseguir produzir 50 milhões de doses ainda este ano, permitindo vacinar 25 milhões de pessoas (devido ao protocolo de duas doses). Em 2021, sua meta é fabricar 1,3 bilhão de doses.

A Rússia também anunciou ter uma vacina com eficácia de mais de 90%.

Vários laboratórios internacionais estão em fase final de testes de suas vacinas, o que permite aguardar o lançamento das campanhas de vacinação para as últimas semanas de 2020 nos Estados Unidos e o início de 2021 em outros países.

A vacinação de 20% da população da América Latina e do Caribe (cerca de 126 milhões de pessoas) contra o novo coronavírus custará mais de US$ 2 bilhões, disse Barbosa, da Opas.

- Mais mortes na Europa -

Embora a taxa de infecção na Europa tenha caído, a OMS disse que a taxa de mortalidade aumentou 18% na semana passada, em comparação com a anterior.

Segundo a organização, 46% dos novos casos e 49% das mortes na semana passada ocorreram na Europa.

O velho continente é a região com mais casos de covid-19 no mundo, mais de 15 milhões de acordo com uma contagem da AFP, embora a América Latina e o Caribe seja a que registra o maior número de mortes, com mais de 426.000 mortes de um total de 12,1 milhões de casos.

A pandemia parece fora de controle em vários lugares, como no sul da Itália, por exemplo, onde há a ameaça de sobrecarregar o sistema de saúde.

Na Suíça, um dos países europeus mais afetados, uma associação médica alertou que as unidades de terapia intensiva estão quase todas saturadas.

Limites para o deslocamento, comércio e restaurantes não são facilmente aceitos em todos os lugares.

Em Berlim, a polícia alemã usou canhões d'água nesta quarta-feira para dispersar uma manifestação de cidadãos contra as medidas restritivas.

Os manifestantes disseram que as medidas os lembravam da era nazista, enquanto gritavam "vergonha, vergonha!".

O protesto aconteceu um dia depois de confrontos com a polícia em Bratislava, capital da Eslováquia, que contou com a presença de manifestantes da extrema direita.

- Medo no Brasil -

No Brasil, segundo país com mais mortes por coronavírus no mundo (mais de 167 mil óbitos) atrás somente dos Estados Unidos, o aumento das internações desperta o temor de uma segunda onda como a que atinge a Europa e os Estados Unidos.

A média de mortes, que havia ultrapassado as 1.000 por dia entre junho e agosto, caiu para menos de 350 no início da semana passada. No entanto, desde sábado ultrapassou os 500 novamente.

O estado de São Paulo, o mais populoso e com maior número de casos e óbitos, teve aumento de 18% nas internações na semana passada.

burx-mm/sg/mar/mb/lbc/rsr/bn/mvv

Enquanto atravessa o pico da segunda onda da pandemia do novo coronavírus, a Itália viu a letalidade do Sars-CoV-2 cair quase 75% em relação à primeira onda da crise sanitária.

Entre os dias 9 e 30 de junho, quando os italianos já iniciavam a retomada das atividades após um rígido lockdown, as mortes causadas pela Covid-19 representavam 14,5% do total de casos confirmados do vírus Sars-CoV-2.

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No entanto, com a evolução dos tratamentos e o aumento da capacidade de testagem e dos leitos de UTI, a taxa de letalidade chegou a 3,8% nos últimos três dias - atualmente, a Itália tem 1.238.072 casos e 46.464 mortes na pandemia.

O índice vem caindo de forma consistente desde o fim de junho, o que reflete o crescimento na capacidade de processamento de exames moleculares (RT-PCR) - os únicos usados no país para monitorar a curva epidemiológica - pelos laboratórios e hospitais italianos.

No último dia 13 de novembro, o Ministério da Saúde registrou um recorde de 254.908 testes RT-PCR concluídos em um período de 24 horas, diferença de mais de 200 mil em relação aos 48.273 de 30 de junho.

Em 27 de março, quando a Itália bateu recorde de mortes para um único dia (919), foram processados apenas 33.019 exames. Até o momento, o país já realizou 19,23 milhões de testes RT-PCR para o novo coronavírus.

Idosos e hospitais

Além disso, na primeira onda da pandemia as autoridades sanitárias italianas recomendavam concentrar a testagem nos pacientes que chegavam ao hospital.

No fim de março, a idade mediana dos casos positivos confirmados era de 62 anos, número que caiu para 48 anos, de acordo com o Instituto Superior da Saúde (ISS) - os idosos são o principal grupo de risco da Covid-19.

Outro fator que contribuiu para a queda da letalidade é o aumento dos leitos disponíveis em UTIs: de 5 mil antes da pandemia para cerca de 11 mil atualmente. Contudo, apesar disso, 16 das 20 regiões do país já ultrapassaram a faixa crítica de mais de 30% das vagas em terapia intensiva ocupadas por pacientes da Covid.

A situação é especialmente grave na Lombardia (86,29%) e no Vale de Aosta (85%), no norte italiano, segundo levantamento do jornal Il Sole 24 Ore.

Apesar da redução da letalidade, em números absolutos a Itália já voltou ao patamar de mortes do primeiro pico da pandemia: foram 731 óbitos em 17 de novembro, maior cifra desde 3 de abril, quando foram contabilizadas 766 vítimas.

Para conter a segunda onda, sete das 20 regiões da Itália já estão em lockdown: Abruzzo, Calábria, Campânia, Lombardia, Piemonte, Toscana e Vale de Aosta. Também está em vigor um toque de recolher das 22h às 5h em todo o território nacional. 

Da Ansa

As autoridades de saúde australianas anunciaram que não registraram novos casos de coronavírus nas últimas 24 horas no estado de Victoria (sul), que nos últimos meses virou o centro da segunda onda de epidemia no país.

A Austrália foi relativamente eficaz em conter a primeira onda do coronavírus, mas em agosto Melbourne, capital de Victoria, registrou um aumento de casos devido à negligência nos hotéis onde as pessoas que retornavam do exterior cumpriam a quarentena.

Os cinco milhões de habitantes de Melbourne foram submetidos a restrições drásticas, como um toque de recolher noturno que foi suspenso no fim de setembro, depois de quase dois meses.

Os habitantes precisaram permanecer em casa e eram autorizados a fazer deslocamentos em um raio de apenas cinco quilômetros, para uma série de atividades previamente definidas.

Algumas restrições foram suspensas na semana passada e agora os moradores estão autorizados a organizar partidas de golfe ou frequentar salões de beleza. Mas a pressão é cada vez maior para uma flexibilização ainda maior após a queda do número de casos.

A segunda-feira é o primeiro dia desde junho que o estado não registra nenhum novo caso.

Em julho, o número de novos casos era de quase 190 por dia. Em agosto a cifra subiu para 700.

O uso de máscara continua sendo obrigatório, os restaurantes só podem servir refeições para retirada e os estabelecimentos comerciais não essenciais não foram autorizados a reabrir as portas. Além disso, os moradores estão proibidos de sair de Melbourne e seus arredores ou de fazer deslocamentos a mais de 25 quilômetros de sua residência.

A Austrália, com 25 milhões de habitantes, registra 27.500 casos desde o início da pandemia e 905 mortes por Covid-19.

As medidas para frear a propagação do coronavírus são cada vez mais intensas na Europa, com um confinamento parcial na República Tcheca a partir desta quinta-feira, ao mesmo tempo que duas regiões italianas decretaram toque de recolher, a Irlanda voltou a aplicar o confinamento e a Alemanha registrou um recorde de novos casos.

A esperança de uma vacina eficaz foi abalada pela morte no Brasil de um voluntário que participava nos testes da vacina elaborada pela Universidade de Oxford contra a Covid-19, anunciaram fontes oficiais na quarta-feira.

Esta foi a primeira morte de um voluntário que participava nos testes de um dos vários ensaios clínicos ao redor do mundo.

Mas Oxford assegurou que a fase 3 dos testes da vacina, desenvolvida em parceria com o laboratório AstraZeneca, vai prosseguir, após a conclusão de um comitê independente de que não acarreta riscos para a saúde dos voluntários.

O brasileiro morto, que segundo a imprensa era um médico de 28 anos, estava na linha de frente do combate à epidemia e teria falecido por complicações relacionadas com a Covid-19. Formado no ano passado, o jovem médico trabalhava em dois hospitais do Rio de Janeiro.

Quase 20.000 voluntários participam nos testes da vacina, incluindo 8.000 pessoas no Brasil.

Diante da segunda onda do vírus, a Europa se fecha cada vez mais, como a República Tcheca, onde o governo limitou os deslocamentos de pessoas e decretou o fechamento de estabelecimentos comerciais - com exceção de lojas de alimentos e farmácias - e de serviços para frear a propagação do vírus. As medidas entram em vigor nesta quinta-feira e prosseguirão até 3 de novembro.

"O governo vai limitar os deslocamentos e os contatos com outras pessoas, com exceção das saídas para trabalhar, fazer compras e procurar médicos", anunciou na quarta-feira o ministro da Saúde e epidemiologista Roman Prymula.

Na terça-feira, os tchecos registraram o maior número de novos casos e de mortes por 100.000 habitantes em duas semanas.

Toque de recolher em regiões da Itália

A Lombardia, norte da Itália, adota a partir desta quinta-feira um toque de recolher das 23h00 às 5h00 durante as próximas três semanas.

Na região da Campania (sul), onde fica a cidade Nápoles, o presidente da região, Vincenzo De Luca, anunciou a proibição de sair de casa a partir de sexta-feira às 23H00, mas não revelou o horário final do toque de recolher nem o tempo de duração da medida.

A Itália registra desde sexta-feira um forte aumento de casos de covid-19, com mais de 10.000 infectados por dia. A Lombardia, onde fica Milão, é a região mais afetada do país, como aconteceu no início da pandemia, em fevereiro e março.

A situação também é cada vez mais grave na Alemanha, que superou pela primeira vez desde o início da pandemia mais de 10.000 casos em 24 horas (11.287), um recorde.

"A situação é globalmente muito grave", afirmou em uma entrevista coletiva Lothar Wieler, presidente do instituto de vigilância epidemiológica Robert Koch (RKI).

"O vírus pode estar se propagando sem controle em algumas áreas desde setembro", declarou Wieler, antes de explicar que os "jovens são atualmente os mais expostos ao vírus".

"Quanto mais pessoas são infectadas em círculos privados, mais o vírus se espalha para outros lugares", disse.

Na Irlanda, as medidas mais duras entrarão em vigor nesta quinta-feira, com um novo confinamento.

Com a esperança de "celebrar o Natal corretamente", nas palavras do primeiro-ministro Micheal Martin, os irlandeses terão que permanecer em casa durante seis semanas, mas as escolas permanecerão abertas.

As lojas não essenciais serão fechadas e os irlandeses só poderão sair de casa para praticar esporte em um raio de cinco quilômetros.

A situação também é grave na Espanha, o primeiro país da UE e o sexto do planeta a superar a marca de um milhão de contágios.

As autoridades espanholas adotaram novas restrições, com o fechamento parcial de algumas cidades e regiões.

Polônia quer endurecer restrições

A pandemia provocou ao menos 1.126.465 mortes no mundo desde o fim de dezembro, 254.300 delas na Europa, segundo um balanço da AFP; O número de infectados acumulados diagnosticados se aproxima de 41 milhões.

A lista de países com mais vítimas fatais é liderada pelos Estados Unidos (221.930), seguido por Brasil (155.403), Índia (115.914), México (86.993) e Reino Unido (43.967).

A Polônia também cogita endurecer as medidas, segundo o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki, que deseja ampliar as restrições que entraram em vigor na semana passada em quase metade do território, declarado "zona vermelha", ante o aumento de casos.

"Vou recomendar que a partir de sábado toda a Polônia seja considerada 'zona vermelha'", declarou Morawiecki.

O governador Andrew Cuomo anunciou nesta segunda-feira (5) o fechamento de escolas em nove bairros de Nova York a partir desta terça-feira (6), na tentativa de impedir que a cidade seja atingida por uma segunda onda de contaminações da covid-19.

Cuomo adiantou em um dia a data definida pelo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que no domingo anunciou a intenção de fechar as escolas de diversos bairros da cidade a partir de quarta-feira.

Os alvos são alguns bairros do sul do Brooklyn e algumas áreas do leste e do sul do Queens, onde a taxa de testes positivos encontra-se acima de 3% há sete dias seguidos.

A medida irá afetar as escolas públicas e privadas, explicou Cuomo em coletiva de imprensa.

O plano revelado no domingo pelo prefeito prevê também o fechamento temporário de todos os comércios não essenciais, como os restaurantes, que reabriram as portas em Nova York em 22 de junho para entregas e atendimento de clientes ao ar livre.

Cuomo, porém, preferiu não fechar os restaurantes destes bairros e pediu que pontos mais específicos dentro das zonas delimitadas pela prefeitura fossem afetados.

"Os comércios destes bairros não têm uma capacidade de propagação [do vírus] importante. Estamos falando de pequenos comércios", justificou o governador.

Muitos comércios destas áreas se viram obrigados a fechar as portas definitivamente devido ao confinamento. Os que permanecessem abertos atravessam sérios problemas financeiros.

Dois dos bairros alvos tiveram uma taxa de testes positivos superior a 8% nos últimos sete dias. A maioria dos bairros têm uma forte população judia ortodoxa, que não vê com bons olhos o distanciamento social e o uso de máscaras.

No conjunto do estado de Nova York, a taxa de testes positivos segue baixa, em 1,22%.

A Itália, duramente atingida na primeira onda do coronavírus, é hoje a exceção da Europa - onde o ressurgimento da Covid-19 é quase geral - com um número limitado de novos casos graças às rígidas medidas contra a doença, que foram elogiadas pela OMS na sexta-feira.

A França, por exemplo, registrou na quinta-feira um número recorde de 16.096 novos casos de covid-19 em 24 horas, enquanto o número de contágios diários na Itália, que realiza mais de 120.000 testes diários (180.000 na França), se mantêm há semanas abaixo dos 2.000.

Como explicar essa especificidade italiana?

Em entrevista com a AFP, o professor Massimo Andreoni, especialista renomado em infecções no hospital romano de Tor Vergata, adianta "várias razões".

"A epidemia atingiu a Itália mais cedo, o que sensibilizou este problema e fez com que um plano de confinamento muito severo fosse implementado imediatamente. A Itália foi o primeiro país a realizar um confinamento total que durou várias semanas (...) e ainda estamos nos beneficiando disso", destaca. Ele também menciona "a reabertura muito progressiva e muito lenta do país, que nem terminou ainda!"

"Os estádios estão fechados, as casas de festa voltaram a fechar, as escolas não estão todas abertas..." lista ele, apesar de a volta às aulas ter começado em 14 de setembro.

"Além disso, os italianos respeitam muito bem as regras. Quando vejo as imagens de outras cidades europeias, vejo muito mais gente sem máscara do que na Itália", comenta.

"Bons alunos"

Outro exemplo da mobilização na Itália, um país criticado por sua organização caótica e pelo peso de sua burocracia, é o aeroporto de Roma-Fiumicino - o primeiro do mundo a receber a nota máxima de cinco estrelas, concedida pelo órgão de qualificação Skytrax, devido à sua gestão sanitária da Covid-19.

O aeroporto romano é elogiado por seus controles de temperatura, pelo uso obrigatório de máscara, pela disponibilização de álcool em gel, distanciamento físico e pelo controle do número de visitantes nas lojas.

"Acredito que os italianos tentam seguir as normas da melhor forma possível" confirma Giacomo Rech, proprietário do Green Tea, um restaurante de cozinha chinesa, a dois passos do Panteão, em pleno centro de Roma.

No entanto, apesar desta situação tranquilizadora, o professor Andreoni quer ser "prudente":

"Em duas ou quatro semanas, quando todas as escolas estiverem abertas (...) veremos qual será o impacto e se a Itália conseguirá manter esses níveis baixos (de contágios) ou se irá se aproximar dos níveis da França ou Espanha", destaca.

"Para saber se realmente fomos bons alunos, é preciso esperar ainda um mês", conclui.

Da França ao Canadá, passando pelo Reino Unido e China, o mundo multiplica medidas sanitárias para conter a segunda onda da pandemia da Covid-19, que nesta terça-feira deu uma folga à Austrália, onde não foram registradas novas mortes pela primeira vez em dois meses.

Os números avançam lenta, mas inexoravelmente: a pandemia do coronavírus causou pelo menos 929.391 mortes no mundo desde que apareceu na China em dezembro, de acordo com uma contagem da AFP nesta terça-feira com base em fontes oficiais.

Além disso, 29.329.390 pessoas contraíram a doença, a uma taxa de mais de 300 mil casos por dia nos últimos dias, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que registrou no domingo um novo recorde de quase 308 mil novas infecções em 24 horas.

"O que estamos vendo nos números atuais deveria preocupar a todos", disse o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, cujo país registrou mais de 1.300 novos casos no fim de semana, algo que não era visto desde o início do verão (hemisfério norte).

"A última coisa que queremos é reviver um confinamento como na primavera", alertou Trudeau, lembrando a importância de seguir as regras de saúde pública.

O objetivo em todo o mundo é evitar um novo confinamento generalizado, como Israel decretou a partir de sexta-feira por pelo menos três semanas, pois teme-se que isso exacerbe as já severas consequências econômicas da pandemia.

A alternativa no momento é adotar medidas mais rigorosas no nível sanitário, incluindo confinamentos limitados a um foco ou cidade.

- Mais controles na Europa -

No Canadá, a província de Quebec (leste), uma das mais populosas do país, foi a primeira no sábado a sancionar as pessoas que se recusam a usar a máscara em espaços públicos fechados.

Na França, por exemplo, onde mais de 6.000 novas infecções foram relatadas na segunda-feira após um pico de 10.561 casos no sábado, festas estudantis, passeios escolares ou encontros de mais de dez pessoas foram proibidos em várias grandes cidades, incluindo Marselha (sul) e Bordeaux (sudoeste).

Birmingham, a segunda cidade mais populosa do Reino Unido, proibiu todas as reuniões entre familiares ou amigos a partir desta terça-feira. Em toda a Inglaterra, já é proibido nesta segunda-feira reunir mais de seis pessoas de diferentes casas.

A taxa de desemprego está começando a subir no Reino Unido e, apesar de ainda estar baixa em 4,1% em julho, os economistas esperam que uma aceleração no outono, o que pressiona o governo a agir para preservar empregos.

Segundo a OMS, a pandemia vai piorar na Europa nos próximos dois meses e a mortalidade vai aumentar. "Vai ser mais difícil. Em outubro, em novembro, veremos uma mortalidade maior", disse à AFP o médico belga Hans Kluge, diretor para a região da organização.

- Alívio na Austrália -

Na América Latina e Caribe, a região mais afetada do mundo, com mais de 8,3 milhões de casos e mais de 312.000 mortes, o Peru registrou na segunda-feira o menor número de mortes diárias (102) em quase quatro meses. O total de casos confirmados de coronavírus subiu para 733.860, e as novas infecções para 4.241 nas últimas 24 horas.

O Brasil é o país mais atingido da região, com mais de 132 mil mortes e 4,3 milhões de casos. Apenas os Estados Unidos superam, com 194.545 óbitos.

Do outro lado do planeta, a Austrália pode comemorar uma boa notícia, pois não registrou nenhuma nova morte por coronavírus pela primeira vez em dois meses. Apenas 50 novos casos foram registrados em todo o país, abaixo dos picos de mais de 700 no final de julho e início de agosto.

Na China, onde a doença surgiu no final de dezembro, os 210 mil habitantes da cidade de Ruili, na província de Yunnan, na fronteira com Mianmar, foram confinados após o aparecimento de três casos de Covid-19, informou nesta terça a prefeitura.

Todos os residentes devem permanecer em suas casas e fazer um teste. As lojas devem permanecer fechadas, exceto supermercados, mercearias e farmácias.

Uma vacina contra a Covid-19 desenvolvida na China pode estar pronta para aplicação em larga escala a partir de novembro, afirmou um alto funcionário do governo à imprensa estatal, enquanto se intensifica a corrida mundial para alcançar a fase final de testes clínicos.

Os cientistas chineses estão muito otimistas com os avanços - as empresas Sinovac Biotech e Sinopharm inclusive exibiram durante este mês as vacinas "candidatas" em um evento comercial em Pequim.

O epidemiologista Wanderson Oliveira, ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, participou de coletiva de imprensa do Governo de Pernambuco nesta sexta-feira (11) sobre os seis meses de combate à pandemia. Prestando consultoria para a Secretaria Estadual de Saúde por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Oliveira apresentou dados da pandemia no estado e discutiu o cenário atual.

O ex-secretário disse que a probabilidade de uma segunda onda da Covid-19, ou seja, um novo momento de grande ocorrência de casos, existe. Ele acredita que o cenário visto nas praias no feriado de segunda-feira (7) torna a probabilidade alta.

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"A possibilidade de chegada de segunda onda vai estar diretamente relacionada com a capacidade de cada um que está nos assistindo de manter o distanciamento social. (...) Vai ser tão mais alta quanto menos máscaras a gente conseguir ver as pessoas usando na rua", disse o epidemiologista.

Oliveira ressaltou que, apesar da queda no número de casos, a pandemia não está sob controle no país e a maior parcela da população ainda não foi infectada. "Hoje, ela [probabilidade de 2ª onda] é maior no Sul do país, onde está mais frio, pessoas estão mais aglomeradas. Aqui em Pernambuco onde está? Na praia, naquele ambiente em que todo mundo estava aglomerado", disse o ex-secretário. Ele teme que as pessoas continuem repetindo as aglomerações registradas no feriado até resultar num crescimento de infecções.

Segundo o ex-secretário, Pernambuco tem mais êxito do que insucesso no combate à pandemia do novo coronavírus. "É uma referência para toda região Nordeste e para o país", elogiou.

Wanderson Oliveira pediu demissão do cargo no Ministério da Saúde em abril deste ano. Ele era secretário de Vigilância em Saúde desde janeiro de 2019, mas tinha uma carreira de 15 anos no Ministério da Saúde.

O temor cresce na Europa com a chegada de uma segunda onda de coronavírus e vários países, como França e Reino Unido, intensificaram neste sábado a imposição de novas restrições com o objetivo de frear a propagação da pandemia, que já superou 21 milhões de contágios no mundo.

O conjunto de medidas marca uma desaceleração abrupta no processo de flexibilização do confinamento iniciado em meados de maio em grande parte do Velho Continente, após a primeira onda letal de coronavírus que atingiu sobretudo Espanha, Itália, França e Reino Unido.

A prefeitura de Paris ampliou neste sábado o número de zonas da cidade com uso obrigatório de máscara, poucos dias depois de adotar pela primeira vez esta restrição que já estava em vigor em várias cidades europeias.

"A circulação da Covid-19 em (região parisiense) Ile-de-France desacelerou fortemente após o fim do confinamento, mas, desde meados de julho, todos os indicadores mostram que o vírus circula novamente de maneira mais ativa na região: quase 600 pessoas testam positivo diariamente para Covid-19", afirmou a prefeitura ao justificar a medida.

A celebração de Nossa Senhora da Assunção, que reúne habitualmente 25.000 fiéis em Lourdes (sudoeste da França), uma das peregrinações mais importantes da cristandade, acontece neste sábado com 10.000 pessoas, todas obrigadas a usar máscara.

Em consequência da nova onda de contágios na França, o Reino Unido passou a aplicar a partir deste sábado uma quarentena de 14 dias aos viajantes procedentes deste país, assim como da Holanda e Malta. A medida já estava em vigor para Espanha, Bélgica, Andorra e Bahamas.

Milhares de britânicos se apressaram nas últimas horas para retornar ao país. "Voltamos para casa para evitar (a quarentena) porque minha mulher trabalha e eu tenho que cuidar da nossa neta", disse à AFP Paul Trower, um aposentado que cancelou as férias e voltou de balsa de Calais, norte da França.

Na Espanha, com 3.000 infecções diárias nos últimos dois dias, o governo decretou na sexta-feira a proibição de cigarro nas ruas, exceto quando for possível observar a distância de segurança de dois metros, medida que já estava em vigor na Galícia e nas Canárias. Também foram fechadas discotecas, bares noturnos e outros locais. Os restaurantes e outros bares devem fechar as portas às 1H00.

O aumento dos contágios não é acompanhado no momento por um crescimento no mesmo ritmo do número de mortos, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Bolsonaro em alta

O novo coronavírus matou mais de 755.000 pessoas em todo o planeta e mais de 21 milhões foram infectadas, segundo balanço mais recente da AFP com base em fontes oficiais.

América Latina e Caribe permanecem como a região com mais casos, com 5,9 milhões, e também lamenta o maior número de mortos, com 235.339.

No Brasil, o país da região mais afetado, com 105.463 vítimas fatais e mais de 3,2 milhões de casos, a popularidade do presidente Jair Bolsonaro, que minimizou a doença e depois contraiu Covid-19, registra os melhores índices desde sua chegada ao poder, com uma forte aprovação entre os beneficiários dos auxílios para enfrentar a pandemia.

Uma pesquisa Datafolha mostra que o índice de aprovação do presidente subiu cinco pontos percentuais desde junho, de 32% a 37%, enquanto a rejeição caiu de 44% a 34%.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, ampliou o isolamento social até 30 de agosto, com alguma flexibilidade em Buenos Aires e mais rigor nas províncias em que o vírus está em aceleração.

O Equador, que se aproxima de 100.000 casos de coronavírus, prorrogou até 13 de setembro o estado de exceção em vigor desde março.

O governo dos Estados Unidos, país com o balanço mais grave da doença (mais de 167.200 mortos e mais de 5,2 milhões de casos), anunciou a manutenção das restrições para as viagens não essenciais em suas fronteiras com o México e o Canadá até 21 de setembro.

A esperança de uma vacina

Na Ásia, a Coreia do Sul reforçou as restrições em Seul e seus arredores, no momento em que o país registra o maior número diário de novas infecções em mais de cinco meses.

Nas últimas 24 horas foram registrados 166 novos casos, o maior número desde o início de março, o que eleva o total do país a 15.039 contágios e 305 mortes.

A Nova Zelândia, elogiada pela resposta à primeira onda, prologou até 26 de agosto o confinamento em Auckland para frear os novos focos.

Diante de um vírus que não dá trégua, a esperança passa por uma vacina.

Na América Latina, Argentina e México anunciaram durante a semana um acordo para produzir a vacina em estudo pelo laboratório AztraZeneca e a Universidade de Oxford.

O Brasil não integra o projeto por ter os próprios acordos com laboratórios e universidades.

O governo dos Estados Unidos, que investiu mais de 10 bilhões de dólares em seis projetos de vacinas e assinou contratos que garantem a entrega de centenas de milhões de doses em caso de êxito, prometeu vacinar os americanos de maneira gratuita.

A Alemanha já enfrenta uma segunda onda de infecções pelo novo coronavírus, de acordo com o sindicato de médicos alemão Marburger Bund. O número de novos contágios vem aumentando no país europeu, embora não seja comparável às taxas registradas em março e abril.

"Já estamos em uma segunda onda plana", disse a presidente da associação, Susanne Johna, em entrevista ao jornal alemão Augsburger Allgemeine publicada nesta terça-feira, 4. "Portanto, existe o risco de que os sucessos que alcançamos até agora na Alemanha sejam desperdiçados com uma combinação de repressão e desejo de retorno à normalidade."

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"Mas estamos em uma condição que não é normal", acrescentou, lembrando que, enquanto não houver vacinas ou medicamentos para tratar a Covid-19, a propagação do vírus precisa ser controlada. "Isso só pode ser alcançado com distanciamento social, higiene, máscara no cotidiano e quarentena local", afirmou.

Após um protesto em Berlim ter reunido milhares de pessoas contrárias às medidas de contenção impostas devido à pandemia, Johna comparou o uso compulsório de máscara com a obrigação do cinto de segurança em veículos, contra a qual também houve resistência popular quando foi introduzida. Assim como o cinto salva vidas no trânsito, "a proteção bucal também salva vidas", disse.

A Alemanha registrou, durante várias semanas, uma média de 300 a 500 casos de novas infecções por dia.

Agora, as taxas diárias mais recentes têm estado entre 800 e 1.000.

Nas últimas 24 horas, o Instituto Robert Koch (RKI), órgão alemão de controle e prevenção de doenças infecciosas, confirmou 879 novos casos de Covid-19 no país.

Ao todo, a Alemanha soma 211.281 infecções e 9.156 óbitos relacionados à doença.

A taxa de mortalidade, de 11,04 mortes por 100 mil habitantes, é baixa em comparação com outros países europeus duramente atingidos pela pandemia, como Bélgica (86,24), Espanha (60,94) e Itália (58,19).

O Peru enfrenta uma segunda onda de coronavírus, com um aumento do número de infecções e mortes, um mês após o inicio do desconfinamento gradual para reativar a economia, advertiu o governo nesta segunda-feira.

"Nos últimos dias, observamos um aumento significativo no número de infectados e mortos", declarou o presidente do Conselho de Ministros, Pedro Cateriano, ao comparecer pela primeira vez ao Congresso para pedir um voto de confiança no novo gabinete, que assumiu em 15 de junho.

Cateriano pediu aos 33 milhões de peruanos que respeitem as medidas básicas de segurança, no momento em que o Peru se aproxima dos 430 mil infectados e 20 mil mortos pela pandemia.

Desde que o governo autorizou o desconfinamento, em 1º de julho, em 17 das 25 regiões do país e liberou o transporte nacional aéreo e terrestre, o número de infectados quase dobrou, passando de 3,3 mil a 6,3 mil, segundo cifras oficiais.

A pandemia saturou os hospitais peruanos e matou 105 médicos. Foi realizada hoje uma homenagem aos mesmos em Iquitos, maior cidade da Amazônia peruana.

"Temos que evitar um novo surto maior, para não afetar a reativação do turismo. Não podemos pretender agir como se não houvesse uma epidemia", disse Cateriano.

Nem todos os parlamentares estavam presentes na audiência. Alguns participaram de forma remota, devido à pandemia. O Congresso deve decidir se dá seu voto de confiança três dias depois que o governo prorrogou o estado de emergência sanitária até 31 de agosto e voltou a colocar em quarentena algumas das províncias mais afetadas pelo novo coronavírus, que haviam sido desconfinadas há um mês.

- Trabalho remoto até julho de 2021 -

No campo do trabalho, o chefe de gabinete anunciou a prorrogação por 12 meses do trabalho remoto, até julho do ano que vem, como parte da "nova normalidade". Segundo autoridades, mais de 220 mil empregados estão trabalhando de casa desde que a medida entreou em vigor, em março.

De acordo com cifras oficiais, o confinamento motivado pela Covid-19 deixou entre março e julho 2,7 milhões de desempregados no país.

Boletim semanal produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indica que o risco de uma segunda onda de Covid-19 aumenta nos Estados do Rio de Janeiro, Maranhão e Amapá. Nesses Estados, o primeiro pico de casos da doença foi registrado na primeira quinzena de maio; em junho houve queda constante, mas na segunda quinzena de julho o número de casos voltou a subir.

O aumento atinge também as capitais - Rio de Janeiro, São Luís e Macapá, respectivamente. A análise consta do Boletim InfoGripe referente à Semana Epidemiológica 30 (de 19 a 25 de julho). O estudo tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-gripe) até 28 de julho.

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Segundo o boletim, o número de novos casos semanais de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no país estabilizou, mas os valores semanais ainda estão em nível considerado muito alto. Os dados de SRAG estão associados à covid-19. Entre as ocorrências com resultado positivo para os vírus respiratórios, 96,7% dos casos e 99,1% dos óbitos ocorreram por novo coronavírus.

Entre os demais Estados e municípios brasileiros, Fortaleza apresenta sinal de estabilização, com sinal fraco de possível retomada do crescimento, e Rondônia manteve crescimento lento.

O Paraná indica estabilização após período de crescimento; Amazonas, Roraima e Pará mostram estabilização após período de queda. Apresentam tendência de queda, após período de estabilização, Paraíba, Minas Gerais e Distrito Federal. "Em Minas Gerais e Distrito Federal, o sinal ainda é fraco, sendo recomendada reavaliação no próximo boletim para confirmação", afirmou o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe. "Como sinalizado nos boletins anteriores, a situação nas regiões e estados do país é bastante heterogênea. Portanto, o dado nacional não é um bom indicador para definição de ações locais", disse.

Das quarentenas aos fechamentos de praia e à obrigação de usar uma máscara, mesmo ao ar livre, os governos de todo mundo impõem novas restrições para tentar impedir uma segunda onda do novo coronavírus, que começa a isolar a Espanha mais uma vez.

Inicialmente considerada um exemplo de gestão da crise da Covid-19, a Alemanha ligou o alerta nesta terça-feira (28) com o aumento de novos casos nos últimos dias e desaconselhou viagens não essenciais a três regiões da Espanha (Aragão, Catalunha e Navarra).

Já o Reino Unido defendeu nesta terça-feira sua decisão de impor quarentena a todos os viajantes procedentes da Espanha, um medida criticada por Madri, que a chamou de "desajustada", apesar do aumento de casos de coronavírus.

A Espanha registrou "um aumento de 75% dos casos entre a metade e o final da semana passada, por isso tomamos essas medidas", disse o secretário de Estado do Crescimento Regional e Governo Local, Simon Clarke.

A decisão repentina de Londres chegou de surpresa no domingo para milhares de britânicos que estavam na Espanha de férias.

Nesta terça, o governo espanhol reafirmou que o país é "seguro" para os turistas. "Queremos enviar uma mensagem clara de confiança", disse a porta-voz do governo, Maria Jesús Montero.

A Espanha é "um destino seguro que se preparou e se fortaleceu para lidar com o vírus e novos surtos", acrescentou ela.

O turismo mundial sofreu perdas de 320 bilhões de dólares entre janeiro e maio, devido à pandemia viral, informou a Organização Mundial de Turismo (OMT).

Para a Espanha, a pandemia também tem tido sérias consequências sociais, com mais de um milhão de empregos destruídos no país no segundo trimestre - a grande maioria nos setores de serviço e turismo, conforme dados oficiais divulgados nesta terça-feira.

E, mundialmente, a desnutrição pode afetar cerca de sete milhões de crianças adicionais por causa da crise econômica e social, estimou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

- Avanço contínuo -

Com 16,5 milhões de pessoas infectadas e 654.000 mortes, a pandemia continua seu avanço inexorável, forçando as autoridades a tomarem novas medidas.

A região de Madri reforçou nesta terça-feira o uso obrigatório da máscara e impôs a limitação de reuniões para mais de dez pessoas.

O governo francês decidiu manter um limite de 5.000 pessoas nos estádios até o final de agosto, enquanto a agência de saúde alemã aconselhou usar máscara ao ar livre, se a distância física for impossível de respeitar.

As autoridades na China, onde o vírus apareceu em 2019 e parecia estar controlado agora, anunciaram a disseminação de surtos em cinco províncias, incluindo a da capital, Pequim.

Já o Irã registrou 235 óbitos por coronavírus nas últimas 24 horas, um recorde para este país, o mais afetado do Oriente Médio.

Em Bruxelas, um homem de 36 anos foi preso por tentar lançar um coquetel molotov contra o Parlamento belga. O indivíduo garantiu que queria agir em "retaliação pela má administração da crise da saúde".

E a crise da saúde também continua a ter consequências terríveis no esporte: o Open da Austrália de golfe de 2020, programado para novembro, foi adiado, assim como o Pan Pacific de tênis em Osaka, Japão, um dos torneios mais importantes da WTA da Ásia, também previsto para novembro.

- Outro golpe ao turismo -

Em Washington, onde a Casa Branca anunciou que outro conselheiro do presidente Donald Trump foi infectado, a prefeita Muriel Bowser decidiu que as pessoas que visitarem o distrito federal provenientes de 27 estados com alta prevalência da COVID-19 terão de se isolar por duas semanas, um sinal desanimador para o turismo doméstico.

Na América Latina, região com o maior número de infecções, uma multidão enfurecida incendiou um edifício municipal de um povoado indígena no oeste da Guatemala, em reação a um anúncio sobre medidas para conter a pandemia.

As restrições de movimento continuam sendo uma parte importante da estratégia de muitos países para combater o novo coronavírus, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou na segunda-feira que é inviável manter as fronteiras fechadas.

"As economias devem reabrir, as pessoas devem trabalhar, o comércio deve retomar", afirmou o diretor de Emergências da OMS, Michael Ryan.

Já o presidente americano, Donald Trump, insistiu em que a solução para a pandemia está na rápida descoberta de uma vacina e em novos tratamentos.

Longe de paralisar a economia antes das eleições presidenciais de 3 de novembro, nas quais ele busca um novo mandato, Trump quer resolver a crise da saúde, graças ao "gênio científico americano".

O telefone não para de tocar na central de consulta sobre a Covid-19 de Bishkek, capital do Quirguistão, que, como outros países da Ásia central, enfrenta a segunda onda da pandemia.

"Quando abrimos no início de abril, muitas ligações não eram sobre questões médicas. Mas hoje, praticamente todas tratam dos sintomas do vírus", explica Askhat Adbykerimov, coordenador da central.

De acordo com o governo quirguiz, as ligações multiplicaram por 13 em junho. A central, que tem 60 profissionais da saúde e estudantes, recebe no mínimo 3.000 ligações por semana.

A cidade de Bishkek se tornou o novo epicentro da pandemia na Ásia central, após a flexibilização das medidas de confinamento em maio no Quirguistão, Uzbequistão e Cazaquistão.

Na terça-feira, o Quirguistão tinha mais de 5.000 casos ativos, ou seja, 10 vezes mais que antes do fim do confinamento em 25 de maio.

As autoridades declararam 99 mortes provocadas pelo novo coronavírus, mas as redes sociais estão repletas de manifestações de pêsames e pedidos de ajuda para hospitais saturados, o que indica que o balanço real é muito mais grave.

Aigul Sarykbayeva, de 54 anos, espera receber medicamentos no principal ginásio de esportes de Bishkek, transformado em hospital de campanha. Ela ainda não conseguiu fazer o teste da COVID-19.

Depois de uma radiografia dos pulmões, ele foi diagnosticado com uma pneumonia. "Às vezes me pergunto se ainda conheço alguém que não ficou doente", afirma.

- "Celebrar o quê?" -

Os hospitais do Cazaquistão, a mais rica das cinco ex-repúblicas soviéticas da Ásia central, também estão saturados. O número de casos multiplicou por quatro desde o início de junho.

As autoridades cazaques, que lamentam a redução dos estoques de remédios, registravam até terça-feira mais de 49.000 casos e 264 mortes. Na semana passada, o país voltou a impor medidas de confinamento.

Em Almaty, capital econômica da nação, Yevgueni Yeremin espera em uma longa fila para comprar medicamentos como paracetamol.

Ele pensava que o coronavírus era uma "piada" ou "uma história política" até que seu avô morreu em consequência da doença e sua mãe ficou gravemente doente com sintomas da COVID-19.

Nas redes sociais, muitas pessoas criticaram o espetáculo de fogos de artifício organizado na segunda-feira em Nur-Sultan, capital do país, para celebrar os 80 anos do dirigente histórico do país, Nursultan Nazarbayev, que testou positivo para o coronavírus, mas não apresentou sintomas.

"Fogos de artifício para celebrar o quê?", questionou Dimash Kudaibergen, um famoso cantor local, também muito conhecido na China.

"As pessoas não conseguem encontrar cilindros de oxigênio e, enquanto isso, organizam fogos de artifício", completou em sua página do Instagram, que tem mais de 3,3 milhões de seguidores.

- Carências -

No Quirguistão, país pobre da região, as autoridades têm pouca margem de manobra. O governo admitiu que, mais do que reforçar o sistema de saúde, a ajuda repassada pelas instituições internacionais permite sobretudo pagar os salários dos funcionários e compensar os déficits orçamentários agravados pela crise.

As ajudas têm sido muito úteis, no entanto, para a central de ajudas de Bishkek, que a princípio tinha apenas 12 voluntários e conseguiu ampliar o campo de ação.

Shamil Ibragimov, diretor da filial quirguiz da Fundação Soros, que apoiou o projeto, destaca, porém, que uma medida assim tem um impacto muito limitado, pois a central "não criará novas ambulâncias ou leitos de hospitais".

"Por onde você olha há carências em todo o sistema", lamenta.

O comando da Organização Mundial de Saúde (OMS) advertiu que os países que têm reaberto gradualmente suas economias devem estar atentos para o risco de novos casos de coronavírus. "Uma segunda onda de contágios pode ser preocupante", afirmou o diretor-executivo da entidade, Mike Ryan, durante entrevista coletiva virtual nesta segunda-feira, 25. Ryan disse que uma "segunda onda" de casos normalmente ocorre em pandemias, mas não necessariamente um "segundo pico" de casos.

"Todos os países precisam continuar em alerta máximo contra o coronavírus", complementou a líder da resposta da OMS à pandemia, Maria Van Kerkhove.

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Para isso, é preciso fortalecer a estrutura de cada país em testes, rastreamento da doença, isolamento dos casos confirmados e capacidade hospitalar, voltou a recomendar o comando da OMS.

A entidade foi alvo de algumas questões sobre o fato de que o estudo com hidroxicloroquina foi suspenso, após levantamentos mostrarem maior taxa de mortalidade entre os pacientes que faziam uso do medicamento.

Ryan garantiu que não há problema com os estudos em andamento da OMS, mas apenas a necessidade de "garantir sua segurança".

A Coreia do Sul, que havia conseguido reprimir a disseminação do novo coronavírus, está de volta à defensiva, com ordem de fechamento a bares e casas noturnas da capital Seul, após o país registrar o maior aumento diário de casos em um mês.

A Coreia do Sul registrou 34 casos adicionais do novo coronavírus neste domingo (10), em uma série de infecções ligadas a frequentadores de casas noturnas, mas o presidente Moon Jae-in pediu calma, dizendo que "não há razão para ficar paralisado por medo." Os dados foram divulgados pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia do Sul. O número de casos de Covid-19 no país chegou a 10.874, com 256 mortes. O órgão disse que 26 dos 34 novos pacientes eram casos transmitidos localmente, enquanto os outros vieram do exterior. Foi a primeira vez que o salto diário está acima de 30 em cerca de um mês.

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A maioria dos casos nos últimos dias foi vinculada ao bairro de entretenimento Itaewon de Seul. Um homem de 29 anos visitou de três a cinco casas noturnas antes de testar positivo para o novo coronavírus na semana passada. O prefeito de Seul Park Won-soon ordenou que mais de 2.100 casas noturnas, bares e discotecas fechem e instou outros a aplicar as medidas contra a Covid-19. No domingo, o governador da província de Gyeonggi, que circunda Seul, ordenou o fechamento por duas semanas de todas as boates de lá.

"Vai demorar muito tempo até que o surto do Covid-19 termine completamente", disse Moon no domingo. "Não acabou até acabar." Segundo ele, o cluster de infecções, que ocorreu recentemente em instalações de entretenimento, aumentou a conscientização de que, mesmo durante a fase de estabilização, "as situações podem surgir novamente, a qualquer hora, em qualquer lugar em um espaço fechado e lotado". "Nunca devemos baixar a guarda em relação à prevenção de epidemias", afirmou o líder. Moon disse que seu governo concentrará todas as suas capacidades na superação do dano econômico, que ele descreveu como "colossal". "Não podemos sobreviver se não conseguirmos transformar essa crise em uma oportunidade", afirmou.

Fontes: Associated Press e Dow Jones Newswires.

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