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O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, admitiu nesta terça-feira (15) que invadir a fazenda da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Petrolina (PE) "foi um erro". Em depoimento à CPI do MST, ele negou ligação do movimento com o PT, em resposta a insistentes perguntas dos deputados de oposição sobre o assunto, mas disse que o agronegócio que não está com Lula "é burro".

No começo deste ano, como parte de ações do chamado "abril vermelho", o MST invadiu uma área de preservação ambiental e de pesquisas genéticas da Embrapa em Pernambuco. Após a ocupação, a empresa pública divulgou um comunicado dizendo que a ação era "inaceitável". Stédile foi questionado na CPI e acabou reconhecendo que o ato foi um equívoco, mas ainda assim tentou justificar a invasão.

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"Cada acampamento tem autonomia do que faz. Concordo, às vezes eles exageram e erram, mas eles têm o direito de decidir", afirmou Stédile. Ele alegou que a invasão à Embrapa aconteceu porque era "a área pública mais próxima" e que conseguiram chamar a atenção da opinião pública, sem "destruir nada".

Naquela data, cerca de 1.500 integrantes de diferentes movimentos invadiram o centro de pesquisas da empresa, ligada ao Ministério da Agricultura porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cumpriu a promessa de destinar áreas para assentar as família acampadas na região.

No longo depoimento à CPI do MST, Stédile disse que estava mais preocupado em "discutir o Brasil" do que tratar de pequenas questões e fugiu de responder perguntas do relator, deputado Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro da Agricultura do governo Jair Bolsonaro. A sessão foi marcada por um duelo entre os dois.

Stédile foi questionado sobre a existência de uma associação que detém o controle sobre o site do MST, assina convênios e recebe recursos públicos em nome do movimento. Segundo Salles, a Associação Brasil Popular (Abrapo) recebeu R$ 2 milhões de recursos da União, incluindo repasses da Petrobras e do BNDES. Stédile disse que não sabia dos repasses financeiros a essa associação.

Salles também confrontou Stédile sobretudo nas acusações de que lideranças de assentamentos se apropriam indevidamente de recursos e não os distribuem para os demais assentados. Stédile disse se tratar de "casos isolados". O relator contestou. Disse que as falas do depoente não condizem com o que a CPI apurou até o momento. "A descrição que o senhor faz, qualificando isso como exceção, não condiz com as informações que a CPI tem", afirmou. "(Os relatos) demonstram a prática de líderes se valerem dos liderados para o trabalho enquanto esses ficam com casas melhores, carros melhores e ficam com o resultado desses assentamentos"

"Por que que caíram as invasões no governo Bolsonaro?", questionou Salles. Stédile justificou a queda pela pandemia de covid-19 e pela postura do próprio ex-presidente. "Era um governo fascista que quer resolver tudo pelo meio da violência. (A invasão) corria o risco de vida", disse. "Existe MST na China?", também questionou o relator. "Não. Porque em 1949 eles fizeram a reforma agrária.. Façam a reforma agrária que no dia seguinte desaparece o MST."

Stédile tentou usar o depoimento para fazer propaganda as ações do MST e criticar setores do agronegócio que segundo ele ainda não se deram conta dos prejuízos que causam. A Aprosoja foi o principal alvo dos ataques. "O agronegócio está dividido. Há a metade que estuda e apoiou Lula. A outra parcela só pensa em ganhar dinheiro. É o agronegócio burro, financiou o 8 de janeiro", disse. "Aquele agronegócio burro, que só pensa em lucro fácil, está com os dias contados."

O líder do MST afirmou que políticos ligados a partidos de esquerda como PT e PSOL fazem parte do movimento, mas "não têm ingerência" sobre ele. Os parlamentares associados terão sua ligação indicada no relatório de Salles.

Líder do MST foi aplaudido e abraçado por deputados do PT e PSOL

Houve uma recepção incomum para receber Stédile na Câmara dos Deputados. Aplaudido e abraçado por parlamentares do PT e do PSOL e integrantes do grupo, Stédile seguiu o caminho ao plenário da CPI do MST para dar o seu depoimento de braços dados com baianas. O acompanharam militantes, lideranças religiosas, congressistas e três advogados.

Um deles, Roberto Podval, teve a entrada barrada, gerando uma confusão generalizada ainda na porta de entrada, antes de a sessão iniciar. A razão do tumulto: a audiência desta terça-feira, 15, era, até o momento, o dia mais importante do trabalho da CPI. Assessores, integrantes do movimento e militantes fizeram fila para tentar entrar. A presidência optou a limitar a quantidade de assessores presentes e restringiu o acesso apenas para funcionários parlamentares que usassem pulseira.

De um lado, a oposição - derrotada após uma articulação do governo com o Centrão que retirou a maioria do grupo - tinha a melhor oportunidade para fazer denúncias sobre o MST na comissão. Cabia então à base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Câmara fazer a defesa.

Como mostrou o Estadão, em reunião com Stédile na segunda-feira, parlamentares do PT e PSOL previram a prisão do líder do MST, já que ele optou por não pedir habeas corpus. Nas redes, o movimento organizou um "tuitaço" com a #TôComMST para mobilizar militantes que começou às 11h. Até às 14h37, foram 5.896 mensagens produzidas.

O dia já foi cercado de acontecimentos simbólicos no Congresso. Pela manhã, o Senado realizava uma sessão solene em homenagem à Marcha das Margaridas, um movimento de trabalhadoras rurais em busca de direitos; na mesma Casa, o relator da CPI do MST, Ricardo Salles (PL-SP), denunciava o trabalho de ONGs ambientais na Amazônia na CPI das ONGs.

A esquerda fez volume na comissão. Os deputados acompanharam a sessão ou vestindo bonés do MST ou os posicionando em suas mesas. A reportagem identificou pelo menos 11 dentro da sala. "Temos orgulho de estar com um movimento como esse", disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR).

Os principais nomes do partido marcaram presença: entre eles, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE), Maria do Rosário (RS) e até o governador do Ceará, Elmano de Freitas, que abraçaram Stédile enquanto Salles o fazia questões.

Os parlamentares mais radicais da oposição falaram e não pouparam os ataques. Delegado Éder Mauro (PL-PA) o chamou de "delinquente que invade terras dos outros", "vagabundo" e bandido"; Evair Vieira de Melo (PP-ES) associou o MST ao narcotráfico. Ambos foram repreendidos por Podval, advogado de Stédile. "Eu não vou aceitar", disse. Stédile apenas ouviu os ataques enquanto comia uma maçã.

Relatório adiado

A apresentação do relatório final da CPI do MST, previsto para esta terça-feira, 15, foi adiado. Deputados da oposição pretendem fazer diligências na região sul da Bahia antes de encerrar os trabalhos. A visita ao Estado está prevista para a próxima sexta-feira, 25.

Neste momento, o plano é que esta seja a última ação antes do fim, que deve ocorrer antes do prazo limite, dia 14 de setembro. O Estado da Bahia é uma principais frentes de investigação da comissão, em que os integrantes apuram o papel da polícia do Estado em desarticular invasões e quais eram os planos do governo para coibi-las. O principal alvo, o ministro da Casa Civil e ex-governador do Estado, Rui Costa, teve a convocação anulada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Nesta quarta-feira, 16, a CPI ouvirá, entre outros, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, e o coronel da Polícia Militar baiana, Paulo José Reis de Azevedo Coutinho. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, recusou o convite e não participará da audiência que estava agendada na quinta-feira.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) aprovou, nesta terça-feira, 20, requerimentos de convocação para o presidente do MST, João Pedro Stédile, e o líder da Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade (FNL), José Rainha Junior.

A decisão foi inicialmente negociada mediante um longo acordo com o governo para não chamar o ministro da Casa Civil, Rui Costa e para derrubar uma auditoria do plano nacional de reforma agrária pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

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Anteriormente, mediante acordo entre membros do governo, o colegiado transformou todos os outros chamamentos em convite. No caso de convocação, os depoentes são obrigados a comparecer sob a pena de poderem estar cometendo um crime.

Durante a sessão, porém houve desacordo. Deputados da base governista alegam que itens de solicitação de informação deveriam ser votados individualmente e não em bloco. A ação provocou obstrução do PSOL.

O presidente da CPI, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), entendeu que houve quebra de acordo e votará, extrapauta, as matérias derrubadas anteriormente - entre elas a convocação de Rui Costa - nesta quarta-feira. Internamente, a base governista espera não haver quórum suficiente para haver sessão na CPI.

As negociações pelo acordo já começaram desde a manhã desta terça-feira. Por volta das 11h, o deputado Alencar Santana (PT-SP) visitou o gabinete do relator da comissão, Ricardo Salles (PL-SP).

Uma reunião entre petistas, Salles, Zucco e o vice-presidente da CPI, Kim Kataguiri (União-SP), atrasou o início da sessão desta terça-feira, em mais de 45 minutos. Fizeram coro na reunião que derrubou a convocação de Rui Costa, parlamentares baianos, como Valmir Assunção (PT-BA) e Lídice da Mata (PSB-BA).

A CPI ainda guarda como próximo movimento um requerimento para participação do ex-ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marco Edson Gonçalves Dias. O texto é de autoria do relator da comissão, Ricardo Salles (PL-SP).

Ele disse que o chamamento não tem ligação com as derrotas da direita na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas, que foi derrotado e não conseguiu aprovar a convocação de G. Dias por lá. Para ele, tanto no caso do general como no de Rui - derrubado mediante acordo - a decisão passa por onde está subordinada a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

"A Abin historicamente faz o monitoramento das ações das invasões de propriedade no Brasil. A Abin esteve subordinada ao GSI de janeiro até março, e, daí em diante à Casa Civil", diz Salles. "O que queremos com Gonçalves Dias? Que ele nos explique que informações ele coletou, que medidas adotou no GSI no 1º de janeiro até a data que foi transferido e depois essas mesmas informações, dali por diante, quem vai prestar é Rui Costa."

Como mostrou o Estadão, a CPI do MST inicia um movimento para associar o governo Lula ao MST. Na quarta-feira, a comissão aprovou requerimento de informação que solicita saber quem estava na tripulação que acompanhou o presidente na viagem à China. Stédile apareceu em imagens ao lado de integrantes do governo brasileiro com o presidente do país asiático, Xi Jinping.

Rainha, líder do FNL, estava detido desde março, acusado de extorquir produtores do Pontal. Ele teve a prisão revogada por ordem do Tribunal de Justiça de São Paulo na semana passada.

Um grupo de deputados participou de uma diligência na região em 29 de maio; visitaram fazendas e se reuniram com delegados do 8º Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-8), que acompanharam a prisão de Rainha e a série de invasões promovidas pela FNL durante o carnaval.

O dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, disse neste sábado, 29, durante evento com participação dos ministros do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que os sem-terra não são inimigos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

"Nós elegemos o governo Lula e vamos defender o governo Lula", declarou Stédile, apontando o Banco Central (BC), o capital financeiro e o "agronegócio predador" entre "os verdadeiros inimigos" do governo. Ele ponderou, no entanto, que o MST tem autonomia ideológica.

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Stédile deu as declarações em discurso no lançamento da IV Feira Nacional da Reforma Agrária, que aconteceu no centro de São Paulo junto com a inauguração de uma escola de cozinha comunitária, cujos equipamentos foram doados pela empresária Luiza Helena Trajano, dona do Magazine Luiza.

A cerimônia aconteceu neste sábado na esteira das ocupações de terra, realizadas ao longo deste mês, criticadas pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para quem as ações recentes do MST podem ser comparadas às invasões a sedes dos Três Poderes da República no dia 8 de janeiro.

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Durante o evento, Stédile falou da mudança do papel do movimento nos últimos 40 anos. "No início, a gente achava que bastava conquistar terra que os problemas estariam resolvidos. Agora, nós compreendemos que a função da reforma agrária, da agricultura, é produzir alimentos para todo o povo."

Programa emergencial de reforma agrária

Pouco antes, Teixeira prometeu ao MST que o "próximo passo" do governo Lula é lançar um programa emergencial de reforma agrária. Ele também criticou as movimentações no Congresso para instalação da CPI do MST.

"Não tem objeto para investigar o MST", disse Teixeira em seu discurso, expressando solidariedade ao movimento.

O ministro defendeu que se existe algo a ser investigado é a grilagem de terra ocorrida durante a administração do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) em regiões como o sul do Pará e do Amazonas, bem como o norte do Acre.

Além de mencionar a política de valorização do salário mínimo e a atualização da tabela do imposto de renda para que brasileiros que ganham até dois salários mínimos tenham direito à isenção, o ministro do Desenvolvimento Agrário frisou que o grande desafio do governo é tirar o Brasil do "mapa da fome".

Nesse ponto, apontou também retrocessos nas políticas públicas que devolveram brasileiros à miséria nos últimos seis anos. "Trinta e três milhões de brasileiros precisam ser alimentados", assinalou Teixeira.

O coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, avisou que onze “companheiros” da Via Campesina irão iniciar por tempo indeterminado, em Brasília, no próximo dia 31 deste mês, uma greve de fome em defesa do ex-presidente Lula. O objetivo, segundo Stédile, é que o Supremo Tribuna Federal (STF) julgue de forma favorável o caso de Lula.

“Cada companheiro vai ter no peito uma placa dizendo ‘Eu estou aqui por causa do Fachin’, ‘Eu estou aqui por causa da Cármem Lúcia’, ‘Eu estou por aqui por cauda dos juízes que não são juízes’ no TRF-4”, detalhou o dirigente.

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Stédile também contou que, no próximo dia 2 de agosto, uma caravana vai sair de Caetés, município pernambucano onde nasceu Lula, para se juntar ao acampamento em Curitiba. “Serão 4 ônibus que virão trazer a energia do povo nordestino, dos pernambucanos. Espero que vocês recebam nossos companheiros do Nordeste com um grande abraço e hospitalidade. Eles vão ter que dormir aqui e comer aqui junto com vocês e trazer solidariedade”, ressaltou.

No dia 7 de agosto, ainda de acordo com o líder do MST, será promovido um ato inter-religioso na frente do STF com lideranças de todo o país.

 

Foi a vez do coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, visitar o ex-presidente Lula, que está preso desde o dia 7 de abril passado, em Curitiba, na sede da Polícia Federal. Após o encontro, que aconteceu nessa quinta (5), ele contou com detalhes como encontrou Lula ressaltando que foi um momento de muita emoção. Também participou da visita o ex-presidente do PT Rui Falcão.

Stédile disse que ficou impressionado por ter encontrado uma pessoa muito serena. “A gente fica emocionado, a gente faz perguntas, se ele está bem de saúde, se está mais magro, o que faz em tal hora, como está a família e aquelas coisas de compadre que vem do coração. Nós encontramos uma pessoa muito serena, é impressionante como ele está com clareza, próprio de quem é inocente, ele não está lá deprimido perguntando quando vai sair, ele está lá com dignidade, ou seja é o comportamento de uma pessoa que está sendo injustiçada”, expôs. 

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Ele também falou que Lula está “revoltado’’com tudo que está assistindo na televisão e lendo nos jornais sobre a situação do país e teria reafirmado que será candidato até as últimas consequências. “A gente nem encontra as palavras certas para dizer a situação do nosso país e ele ta p... com todo esse entreguismo que o governo quer fazer coma Eletrobrás, Petrobras e citou as crianças que foram separadas das famílias nos Estados Unidos. Nós encontramos um homem muito indignado com a situação do país e disse quando eu sair e se eleger presidente e pediu para anotar o nome de todo mundo que ficou na vigília porque eu faço questão de dar uma medalha para cada um”, continuou relatando João Stédile. 

Ao coordenador do MST, o líder petista ainda teria dito que quer ser presidente de novo não por vaidade pessoal, mas por querer mudar o Brasil e devolver as riquezas do país ao povo brasileiro. “Ele falou: ninguém mais aguenta essa sujeira dos políticos porque a política brasileira virou uma sujeira, uma esculhambação apodrecida, foi essa a expressão que ele falou, que os políticos brasileiros apodreceram”, ressaltou também antecipando que em um possível novo governo Lula uma assembleia constituinte seria convocada para mudar o contexto político atual.

O coordenador nacional do Movimento dos Sem Terra (MST) João Pedro Stédile respondeu com ironia às hostilidades sofridas no aeroporto de Fortaleza (CE). Em palestra durante o Congresso dos Servidores Públicos do Ceará nesta quarta-feira, 23, o líder sem terra disse que o MST já está "há muito tempo em Cuba". Na véspera integrantes de um grupo antipetista o cercaram aos gritos de "MST, vai pra Cuba com o PT". "Eles não sabem mas já estamos em Cuba há muito tempo", disse Stédile.

Segundo ele, 78 integrantes do MST estão entre os 580 brasileiros formados na Escola Latino Americana de Medicina, sediada em Havana, nos últimos 10 anos. "Saí de lá convencido que mais médicos brasileiros negros foram formados em Cuba do que nas universidades brasileiras", disse ele. Segundo Stédile, as hostilidades praticadas na terça-feira à noite em Fortaleza fazem parte da "raiva" da burguesia. "Eles ainda não saíram da casa grande. Não conseguem conviver com a senzala", afirmou. O líder sem terra arrancou gargalhadas da plateia ao dizer que os manifestantes tentaram ofendê-lo chamando de "comunista".

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Stédile foi recebido com apitaço, vaias e xingamentos ao desembarcar no aeroporto de Fortaleza, por cerca de 40 pessoas do Instituto Democracia e Ética (IDE). Ligado à Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, o IDE encabeça, no Ceará, as manifestações que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Aos gritos de "MST, vai pra Cuba com PT", os manifestantes seguiram Stédile e a professora Adelaide Gonçalves, do Curso de Ciência Sociais da Universidade Federal do Ceará, do desembarque até a área do estacionamento do aeroporto. A professora Adelaide, que foi recepcioná-lo até tentou conversar com os manifestantes, que respondiam com frases como "a nossa bandeira jamais será vermelha". Os mais exaltados aparecem no vídeo chamando o líder do MST de "comunista safado".

O episódio teve grande repercussão entre movimentos sociais, partidos e políticos de esquerda. A direção nacional do MST divulgou, nesta quarta-feira, 23, uma nota repudiando o ato por considerá-lo "agressivo e constrangedor". De acordo com a nota, o fato reflete o atual momento político pelo qual passa o País, "em que se vê crescer a cada dia o ódio contra os movimentos populares, migrantes e a população negra e pobre", e o comparou aos recentes acontecimentos no Rio de Janeiro.

"Em que a juventude das favelas está sendo impedida, com risco de sofrer agressão, de ir às praias da zona sul da capital fluminense". E prossegue: "Estes atos de violência e ódio propagados intensamente nas redes sociais, e que reverberam cada vez mais nas ruas, é mais uma demonstração da violência dos setores da elite brasileira dispostos a promover uma onda de violência e ódio contra os setores populares".

Outras 29 entidades, entre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE), Central dos Trabalhadores Brasileiros (BTB), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Levante Popular da Juventude, Juntos, União da Juventude Socialista (UJS), Fora do Eixo, além do PT, PDC do B, PSOL, cerca de 20 parlamentares destes partidos e do assessor especial da Secretaria Geral da Presidência, Renato Simões, divulgaram uma nota na qual acusam o empresário Paulo Angelim, dono de uma imobiliária em Fortaleza, de ser o responsável pela ação.

"Temos convicção de que a agressão sofrida pelo companheiro Stédile não se limita a um ataque individual, ou somente ao MST. Esta agressão só pode ser compreendida como parte de uma ofensiva conservadora da direita na sociedade que busca criminalizar e intimidar todos/as aqueles/as que lutam por um Brasil justo e soberano", diz a nota.

Segundo as entidades, o organizador da ação, Paulo Angelim, empresário do setor imobiliário em Fortaleza, é militante do PSDB.

Nas redes sociais, Angelim, coordenador do IDE, disse que Stédile não teve sua integridade física ameaçada. "Para aqueles que estão sentindo peninha pela recepção que Stédile recebeu ontem em Fortaleza, tenho a dizer que aquilo foi um beijo comparado aos impropérios que esse fora-da-lei vocifera livremente pelos quatro cantos do Brasil, incitando o ódio, a violência, a luta de classes, o desrespeito ao patrimônio privado e público e, ainda, prometendo colocar exércitos nas ruas", afirmou Angelim.

"Parem de se esquivar da verdade. Esse elemento, da mais alta periculosidade, apenas está recebendo de volta do mundo o que tem plantado em sua vida: asco", completou. De acordo com ele, em nenhum momento Stédile ficou acuado. "Estava era achando tudo um saco. Ele sabia que não iríamos agredir, porque somos ordeiros, Desdenhou da gente", comentou o coordenador do IDE.

Angelim confirmou ao jornal O Estado de S.Paulo, por telefone, ser filiado ao PSDB mas disse que o IDE é um movimento suprapartidário. "Isso não tem nada a ver com o partido. Tinha gente de vários partidos na manifestação, inclusive do PMDB", disse ele.

Em conversa com a imprensa durante manifestação realizada nessa terça-feira (7) contra o Projeto de Lei 4330, no Recife, o dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, criticou o ministro da economia, Joaquim Levy. O militante social também analisou a postura do PMDB e a interferência de Lula pedindo que os petistas compareçam nas mobilizações. 

Para o dirigente nacional a manifestação ocorrida em todo o Brasil não é penas contra o PL 4330, mas sim, para conscientizar a população da existência de uma crise política grave. “A direita está se aproveitando deste momento para impor retrocessos na Petrobras porque eles querem privatizar o petróleo, retrocessos nos direitos dos trabalhadores e coma a ousadia de propor a saída da presidente. Nós dos movimentos populares temos propostas para o Brasil e achamos que há outras maneiras de sair da crise”, garantiu.

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Sugerindo algumas ações como a defesa da Petrobras , regras democráticas e a permanência de Dilma Rousseff na gestão, Stédile, aproveitou a entrevista para fazer fortes críticas a Levy. “Nós somos contra essa política burra de ajuste neoliberal que o Levy está aplicando no governo Dilma, que fere os direitos dos trabalhadores e não resolve o problema do orçamento. O que vai resolver o problema é se o governo tiver a coragem de suspender o superávit primário e unitizar os recursos que hoje vão para os juros do banco, que esse dinheiro seja redirecionado para o BNDS, para a Caixa, para que haja grandes investimentos sociais”, pontuou

João Pedro também revelou ter conversado com Dilma e sugerido que o ministro Joaquim Levy ouça os movimentos sociais. “Nós temos propostas e eu disse pessoalmente a presidenta Dilma que se o Levy fosse um pouquinho mais esperto, ele deveria criar uma mesa de diálogo com as Centrais Sindicais e os movimentos, para nós apresentarmos  a ele as nossas propostas de saída para 15 (2015) e a primeira delas  é abandonar o superávit primário como Lula fez em 2008”, propôs. 

Questionado se Dilma deferia substituir o ministro Joaquim Levy, Stédile defendeu a autonomia da presidente na escolha de seus representantes, mas voltou a criticar a postura do ministro. “A presidente tem autoridade política nas eleições para escolher quem ela quiser nos ministérios, quem são de confiança (...). Agora, nós achamos, repito, que as propostas que o Levy estão apresentando para a sociedade brasileira são burras. Primeiro porque não resolve  a questão do equilíbrio orçamentário. Segundo porque a asa que ele apresentou até agora penaliza os trabalhadores e não os mais ricos. Portanto, aumenta a desigualdade na nossa sociedade. Terceiro porque é tão pouco o que ele está querendo cobrar aos trabalhadores que não equilibra o orçamento”, disparou.

PMDB - Em virtude das posições do PMDB, inclusive, o desejo de aprovação do PL 4330 por parte do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB), o dirigente nacional analisou a postura do partido e disse que a legenda favorece a burguesia. “Desde a queda da ditadura, sempre mandou no Brasil. É um partido que representa os interesses da burguesia. Estão fazendo o papel deles. Mas nós temos que denunciar nas ruas que essa democracia que temos aí é fajuta. (...) Estamos lutando para que seja criada a Assembleia Constituinte, onde as pessoas passem a votar nos partidos, e não em pessoas. Que tenha também uma alternância de homem e mulher”, ressaltou. 

Outro assunto abordado por João Pedro foi o chamamento de Lula. Segundo o líder petista, os militantes deveriam participar das mobilizações. O Lula faz parte da política brasileira. Ele tem o cuidado de não criticar o governo Dilma e os ajustes que o governo dela está fazendo contra os trabalhadores. Porque se Lula critica o governo, ele vai para a oposição. Porém, nós os movimentos populares, queremos ver autonomia do Lula, dos partidos, das igrejas, do Estado e do governo, para defender única e exclusivamente os interesses da classe trabalhadora e é isso que nós estamos fazendo”.

Indagado sobre a frase de Lula em referência a ele, o dirigente afirmou que houve uma manipulação. “A fala do Lula foi manipulada. No ato da Petrobras, ele disse em tom jocoso: “Graças a Deus que agora, para defender a Petrobras, tem até o exército de Stédile”. A frase dele foi bonita porque ele reconheceu que agora, os trabalhadores em geral, os sem terra, que só ocupavam terras e se preocupavam com a reforma agrária, percebemos que é importante defender a Petrobras. É esse o sentido da fala”, esclareceu pontuando ainda ser contra o pedido de impeachment da presidente e a volta da Ditadura Militar. 

A Comissão de Direitos Humanos aprovou nesta quarta-feira (18) convite para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ir à Câmara para explicar a declaração que fez sobre "exército de Stédile". O gaúcho João Pedro Stédile é um dos fundadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e forte líder no setor.

Nas últimas semanas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que queria "paz e democracia", mas que também "sabia brigar", ainda mais quando o João Pedro Stédile "colocasse o exército dele nas ruas". Stedile respondeu e pediu: "Engraxem as botas e as chuteiras, que o jogo só está começando. Quem não tiver barraca compre uma. Compre um tênis. Estamos aqui no vestiário, só nos preparando", apontou.

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O convite dirigido a Lula foi aprovado por seis votos. A deputada Érica Kokay (PT-DF) tentou impedir a aprovação, pedindo vista enquanto o requerimento era debatido. No entanto, regimentalmente esse tipo de pedido só pode ser feito no momento da votação. Com isso, o PT foi derrotado e o pedido aprovado. Trata-se de um convite, portanto não há obrigação de o ex-presidente comparecer. Até por depender de um sinal verde de Lula, não há data previamente agendada para o compromisso.

Pouco depois de se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde desta segunda-feira (9), na sede do Instituto Lula, no Ipiranga, João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST, confirmou que o movimento vai participar em peso do ato do dia 13 de março em defesa da Petrobras e contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Chamado por Lula, há duas semanas, no Rio, de chefe de "exército", Stédile fez questão de deixar claro que a participação no ato é uma defesa das instituições democráticas e não do governo Dilma, do qual é crítico. "Não é problema de defender governo, não. Nós vamos defender a democracia, a institucionalidade. Houve uma eleição legítima, uma maioria clara e essa institucionalidade para o bem do país e da democracia deve ser defendida", afirmou.

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O líder sem-terra disse que o governo até agora está inerte, não cumpriu as promessas feitas na campanha e isso causa "estupefação" entre os movimentos sociais que apoiaram a reeleição. "A presidente foi reeleita com toda legitimidade, o que falta a ela é que nestes dois meses eles ainda não anunciaram nenhuma medida concreta que beneficie o povo. Então é essa estupefação porque Dilma foi reeleita para seguir um programa de melhorias para o povo e até agora o governo está inerte", disse Stédile.

Segundo ele, existe uma "onda conservadora" alimentada pela direita que ganhou a maioria no Congresso nacional e hoje mantém o governo acuado. "O governo foi reeleito em outubro do ano passado para fazer reformas em favor do povo. Os conservadores ganharam a maioria do Congresso e usam essa maioria para manter o governo acuado", afirmou.

Embora aponte a responsabilidade para o Congresso, Stédile criticou a composição do ministério que, segundo ele, "tem muitos conservadores". Para o coordenador do MST, a reação à frase de Lula sobre o "exército do Stédile", foi "exagerada e manipulada".

"A expressão exército é um verbete que se aplica a muitas coisas. É contingente. E naquele ato o Lula animado chamou a gente de exército. O próprio (Karl) Marx chamava os pobres de exército industrial de reserva.

Stédile disse que estava viajando no domingo e, portanto, não viu o panelaço em reação ao pronunciamento de Dilma na TV mas defendeu a manifestação. "Somos um país democrático. Todo mundo pode se manifestar desde que respeite o direito dos outros", disse ele.

Filiado ao PSB desde que deixou o PT, em 2005, o deputado federal reeleito José Luiz Stédile não morre de amores pelos tucanos ou pelo programa de Aécio Neves, mas vai trabalhar pela eleição do candidato do PSDB à Presidência da República por disciplina partidária. A decisão torna ainda mais profundas as divergências políticas com o irmão João Pedro Stedile, que usa o sobrenome sem acentuação. João Pedro é líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que é favorável à petista Dilma Rousseff (PT) e chegou a prometer protestos diários diante da Petrobras caso Marina Silva (PSB) fosse eleita, durante um ato político no dia 15 de setembro, no Rio de Janeiro.

"O bonito em uma relação familiar é que não há uma obrigação de pai e irmãos serem filiados ao mesmo partido", comenta José Luiz, que diz se dar bem com João Pedro. "Ele sabe que não sou homem de direita", destaca, se colocando como político também de esquerda que escolheu caminho diferente do trilhado pelo irmão.

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Na trajetória dos dois irmãos Stédile está a militância, mas por caminhos diferentes. João Pedro, 60 anos, economista pós-graduado no México, optou pela mobilização dos sem-terra pela reforma agrária. José Luiz, 56 anos, metalúrgico formado em Administração Pública pela Universidade de Caxias do Sul, atuou sempre na área urbana, como líder sindical e político. Foi duas vezes prefeito de Cachoeirinha (2001-2008), na região metropolitana de Porto Alegre, fez seu sucessor, Luiz Vicente da Cunha Pires (PSB). É deputado federal desde 2009 e começa a cumprir novo mandato em 2015.

As diferenças políticas ficaram mais evidentes na campanha deste ano. "Quando João Pedro disse que se Marina vencesse eles fariam manifestações diárias para defender a Petrobras, falei que deveriam ter feito para defender a Petrobras agora, porque está sendo destruída", lembra o deputado federal. "Também lamentei que movimentos sociais tivessem se atrelado a partidos políticos".

Agora, no segundo turno, enquanto João Pedro espera eleger Dilma, José Luiz vai trabalhar por Aécio, mas com ressalvas. "Vou fazer campanha porque sou homem de partido", justifica. "Não é mais suportável o índice de corrupção e o aparelhamento do Estado no País, então é um voto contra o PT e não no Aécio". O deputado federal admite que fazer campanha pelo tucano "não é tarefa fácil" porque vê diferenças programáticas entre o PSDB e o PSB. "Mas no segundo turno só sobraram as opções da neutralidade, que seria uma covardia, apoiar o que aí está e referendar o que está acontecendo ou apoiar o Aécio, que é o que aconteceu".

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