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O Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse neste sábado (27) que tem pressa para retomar a reforma agrária. “O tempo político nosso é o tempo da pressa. A bandeira política nossa é a reforma agrária”, enfatizou ao discursar no encerramento do encontro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

O encontro reuniu ao longo da semana os dirigentes do movimento na Escola Nacional Florestan Fernandes em Guararema, na Grande São Paulo. O espaço é um centro de formação do MST, que comemora 40 anos de fundação. Em entrevista coletiva mais cedo, os representantes dos sem-terra reclamaram dos poucos avanços na redistribuição de terras durante o primeiro ano de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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O ministro afirmou, no entanto, que está preparado para superar os obstáculos e conduzir um programa que garanta terras para as famílias camponesas. “Sobre a reforma agrária, nós vamos tocar em todos esses pilares da dificuldade histórica do Brasil. Nós já estamos preparados para desencadear esse processo de reforma agrária”, disse.

Conflitos agrários

A violência no campo foi outro tema que Teixeira prometeu enfrentar. Nós estamos mapeando todos os conflitos no campo e vamos denunciar essa milícia que se forma no Brasil e que matou uma indígena no sul do Bahia, nesta semana. Não vamos admitir que os movimentos indígenas, os movimentos quilombolas e os movimentos pela reforma agrária sofram violência. E nós vamos continuar lutando contra elas e contra aqueles que as praticam”, destacou.

No último domingo (21), uma comunidade pataxó hã-hã-hãe foi atacada por um grupo de homens que tentou retomar à força uma fazenda ocupada pelos indígenas e reivindicada como território tradicional. De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) o ataque, que resultou na morte de uma mulher, foi planejado por um grupo autointitulado “Invasão Zero”.

Também participaram do evento os ministros dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio de Almeida; do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho; da Secretaria de Governo, da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo.

Após uma série de ocupações feitas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (13), que "não precisa mais invadir terra" no Brasil e pregou que a reforma agrária seja feita de maneira "tranquila e pacífica, sem guerra".

O petista afirmou que cabe ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) fazer o levantamento de terras improdutivas no Brasil. A partir destas informações, o governo pretende fazer os assentamentos necessários para prosseguir com a reforma agrária.

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"Eu disse para o Paulo Teixeira (ministro do Desenvolvimento Agrário) esses dias: não precisa mais invadir terra. Se quem faz o levantamento da terra improdutiva é o Incra, o Incra que comunique o governo quais são as propriedades improdutivas que existem em cada Estado brasileiro e, a partir daí nós vamos discutir a ocupação dessa terra. É simples, não precisa ter barulho, não precisa ter guerra", defendeu o presidente durante a "live" "Conversa com o Presidente", transmitida na manhã desta terça-feirea nas redes sociais.

Lula afirmou ainda que a população brasileira quer uma reforma agrária "tranquila e pacífica". "É essa reforma agrária que vamos fazer no País. não tem porque haver lutar, porque a haver guerra."

'Abril Vermelho'

As ocupações do MST no chamado "Abril Vermelho" criaram desgaste para o governo federal. De um lado, a gestão se viu pressionada a não desagradar o movimento popular, base do petismo; do outro, precisou lidar com a insatisfação do agronegócio. As ocupações viraram alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados.

Neste sábado (3), o Armazém do Campo Recife segue em ritmo de comemoração pelos quatro anos de resistência na capital pernambucana com a Feira da Reforma Agrária de Pernambuco. 

Organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a feira terá dezenas de barracas dos assentados e assentadas de todo o estado expondo os alimentos in natura e também os processados pelas agroindústrias da agricultura familiar, além de carnes, queijos e mais.

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Além disso, haverá diversas opções de comida para o café da manhã e, para o almoço, o prato é a já tradicional feijoada do Armazém. O microfone estará aberto para quem desejar fazer intervenções ou se apresentar.

A Feira acontece a partir das 6h, em frente ao Armazém do Campo, na Avenida Martins de Barros, nº387 - Santo Antônio, Recife.

Do Brasil de Fato

A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (9) a convocação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. A pedido do deputado Tenente coronel Zucco (Republicanos-RS), o ministro deve falar sobre ocupações de terra ocorridas nos últimos meses. 

"Recentemente estamos lidando com um aumento de invasões por diversos movimentos que se valem do discurso de promoção de reforma agrária para invadirem propriedades rurais e urbanas", disse Zucco. Segundo ele, só neste ano já foram mais de 20 ocorrências, "número completamente maior se comparado às quatorze ocorridas durante os quatro anos anteriores". 

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O deputado quer saber por que esses números aumentaram tanto e quais providências o ministério está tomando para conter essa "onda crescente de invasões." 

Zucco afirma que o argumento de que a propriedade tem que cumprir sua função social não justifica a invasão de terras. "Muito menos permite que esses movimentos se valham de tal justificativa para invadirem terras produtivas." 

A comissão ainda não marcou a data da oitiva do ministro. 

Debate na Comissão de Agricultura

Na semana passada, em audiência na Câmara, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que é dever do Estado apoiar, por meio da reforma agrária, quem tem o sonho de ser produtor rural, mas condenou as ocupações de terras praticadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). 

*Da Agência Câmara de Notícias

O dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, disse neste sábado, 29, durante evento com participação dos ministros do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que os sem-terra não são inimigos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

"Nós elegemos o governo Lula e vamos defender o governo Lula", declarou Stédile, apontando o Banco Central (BC), o capital financeiro e o "agronegócio predador" entre "os verdadeiros inimigos" do governo. Ele ponderou, no entanto, que o MST tem autonomia ideológica.

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Stédile deu as declarações em discurso no lançamento da IV Feira Nacional da Reforma Agrária, que aconteceu no centro de São Paulo junto com a inauguração de uma escola de cozinha comunitária, cujos equipamentos foram doados pela empresária Luiza Helena Trajano, dona do Magazine Luiza.

A cerimônia aconteceu neste sábado na esteira das ocupações de terra, realizadas ao longo deste mês, criticadas pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para quem as ações recentes do MST podem ser comparadas às invasões a sedes dos Três Poderes da República no dia 8 de janeiro.

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Durante o evento, Stédile falou da mudança do papel do movimento nos últimos 40 anos. "No início, a gente achava que bastava conquistar terra que os problemas estariam resolvidos. Agora, nós compreendemos que a função da reforma agrária, da agricultura, é produzir alimentos para todo o povo."

Programa emergencial de reforma agrária

Pouco antes, Teixeira prometeu ao MST que o "próximo passo" do governo Lula é lançar um programa emergencial de reforma agrária. Ele também criticou as movimentações no Congresso para instalação da CPI do MST.

"Não tem objeto para investigar o MST", disse Teixeira em seu discurso, expressando solidariedade ao movimento.

O ministro defendeu que se existe algo a ser investigado é a grilagem de terra ocorrida durante a administração do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) em regiões como o sul do Pará e do Amazonas, bem como o norte do Acre.

Além de mencionar a política de valorização do salário mínimo e a atualização da tabela do imposto de renda para que brasileiros que ganham até dois salários mínimos tenham direito à isenção, o ministro do Desenvolvimento Agrário frisou que o grande desafio do governo é tirar o Brasil do "mapa da fome".

Nesse ponto, apontou também retrocessos nas políticas públicas que devolveram brasileiros à miséria nos últimos seis anos. "Trinta e três milhões de brasileiros precisam ser alimentados", assinalou Teixeira.

A sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Recife recebeu, na manhã desta terça-feira (18), cerca de 400 famílias agricultoras posseiras, que reivindicam o direito pelas terras que habitam há mais de 50 anos. Elas foram acompanhadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pela Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do estado de Pernambuco (Fetape).

De acordo com a CPT, as famílias reivindicam a desapropriação imediata de todas as áreas das usinas falidas que têm débito fiscal com o estado e com a União, e que têm débito trabalhista.

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Os grupos também pedem que sejam reativados a Comissão Estadual de Acompanhamento aos Conflitos Agrários de Pernambuco (CEACA/PE) e o Programa de Prevenção de Conflitos Agrários Coletivos (PPCAC), que estão suspensos desde o início do governo de Raquel Lyra. Os órgãos funcionavam como meios para garantir a segurança e a aquisição de terras de maneira pacífica.

A expectativa das famílias é de serem atendidas pelo superintendente do Incra Pernambuco, Givaldo Cavalcanti Ferreira, que foi noemado oficialmente na última sexta-feira (14), e que retornem para suas comunidades com a garantia de medidas que lhes permitam seguir produzindo alimentos saudáveis no campo, com dignidade e justiça social.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou, no último final de semana, a ocupação de oito latifúndios em Pernambuco, abrigando 2.280 famílias nos acampamentos. A movimentação faz parte das ações da Jornada de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, no mês de abril. Conforme explicado pela organização, os assentamentos não estão ligados a nenhuma mobilização nacional, mas sim como forma de marcar o mês em que se relembra a chacina de Eldorado dos Carajás, quando 21 integrantes do MST foram assassinados no Pará, em 1996.

Os acampamentos são localizados na Região Metropolitana, Zona da Mata, Agreste e Sertão. Confira a lista abaixo:

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Engenho Cumbre, Timbaúba - 200 famílias, área pública que pertence ao governo estadual desde 2012;

Engenho Juliãozinho, Timbaúba - 150 famílias, terras do governo de Pernambuco, mas que estão sendo arrendadas de maneira irregular pela Usina Cruangi;

Engenho Pinheiro, Jaboatão dos Guararapes - 400 famílias ligado à falida Usina Bulhões, que além de não cumprir a sua função social também possui irregularidades tributárias perante à União;

Barra de Algodão, Tacaimbó - 80 famílias, área com situação irregular em relação à impostos;

Santa Terezinha, Caruaru - 350 famílias, área está com suas terras ociosas e tem implicações na Receita Federal;

Fazendo Boa Esperança, Glória do Goitá - 200 famílias, área que está sob controle de uma tradicional família da região, os “Paes”;

Engenho Barreirinha, Goiana - 300 famílias, as terras foram desapropriadas pelo Governo do Estado desde 2013, mas a Usina Santa Tereza mantinha sob seu controle;

Petrolina - 600 famílias ocupam área da Empresa de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

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De acordo com a equipe de comunicação, o MST também reivindica que o Governo do Estado assente, em 2023, todas as famílias acampadas no período dos últimos 8 anos, que somam um total de 65 mil, localizadas em 140 acampamentos. Reivindica também Crédito à Reforma Agrária para produção de mais alimentos para resolver de vez o problema da fome no país. O movimento reforça a importância da atuação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Pernambuco no processo de negociação com o governo estadual.

O MST justifica que, segundo o artigo nº 184 da Constituição Federal, a União deve desapropriar terras que não cumprem a sua função social e destiná-las à Reforma Agrária.

Com informações da Assessoria.

Nesta terça-feira (4), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD-MT), fez críticas as invasões do MST e afirmou que o governo Lula (PT) não pretende proibir uso de armas de fogo para os proprietários de áreas rurais.

Curiosamente, Fávaro defendeu o armamento para fazendeiros e usou a palavra “bandido” para conceituar invasores de terra, no mesmo discurso no qual estava falando sobre as atuações do MST.  Ele também chegou a afirmar que o presidente Lula compartilha de suas opiniões sobre o assunto.

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‘’É legítimo o homem do campo ter uma ou duas armas lá, pra fazer a primeira defesa, um pouco de munição, porque ele está a 50, 100 km da cidade. Se ele ligar no 190, dá tempo do bandido barbarizar, fazer o que quiser dentro da propriedade: roubar, bater, espancar. Se a criminalidade tiver a certeza que lá no campo não tem nenhuma arma, a vulnerabilidade é certa, e, o risco do homem do campo é eminente”, disse Fávaro.

No discurso, o ministro elogiou o cooperativismo desenvolvido pelo Movimento Dos Trabalhadores sem Terra, porém, fez duras críticas as invasões feitas pelo movimento.

“O programa de apoio a reforma agrária no governo do presidente Lula tem as portas abertas, não se faz necessário através de movimentos radicais, através de invasão de terra produtiva, até porque tem lei que proíbe isso”, pontuou.

 

A Campanha Mãos Solidárias vai doar nesta quarta-feira (23), 10 toneladas de alimentos e cinco mil espigas de milho advindos da Reforma Agrária, por meio da ação São João Solidário. As doações devem reforçar 21 Bancos Populares de Alimentos, em comunidades da Região Metropolitana do Recife. 

Ainda na véspera de São João serão distribuídas 500 marmitas que estarão recheadas de comidas típicas do período junino, e serão entregues pelas ruas do Centro do Recife para pessoas em situação de rua.

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A entrega das 10 toneladas de alimentos e das 5 mil espigas de milho acontece no Armazém do Campo, localizado na área central do Recife, às 10h da quarta (23). 

A campanha depende de voluntários para o trabalho solidário de organização e entrega. Interessados em participar desta e de outras ações podem entrar em contato pelo número (81) 99926-5613.

Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou constitucional a Resolução 458/2013 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que estabelece procedimentos simplificados para licenciamento ambiental em assentamentos de reforma agrária.

Na ação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) sustentava violação ao ordenamento constitucional ambiental e ao dever da União e dos demais entes federados de proteção do ambiente. Segundo a PGR, ao fragmentar o licenciamento ambiental para os assentamentos e determinar, como regra, a realização do procedimento de modo simplificado, a resolução afrontou ainda os princípios constitucionais da vedação ao retrocesso ambiental, da proibição à proteção deficiente e da exigência de estudo de impacto ambiental para atividades potencialmente poluidoras.

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Função socioambiental da propriedade

O Plenário seguiu o voto do relator, ministro Edson Fachin. A seu ver, a simplificação busca afastar a redundância de estudos e tornar o processo de licenciamento mais eficiente, atendendo, assim, à função socioambiental da propriedade.

Fachin apontou que, diante das características da maioria dos assentamentos, a exigência irrestrita burocratiza e atrasa a sua implantação e dificulta a concretização da finalidade social da terra. O ministro frisou que o licenciamento pressupõe algumas etapas, que podem incluir, conforme o caso, o estudo prévio para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação do meio ambiente.

Especificidades

Segundo o relator, é equivocado equiparar a criação de um projeto de assentamento a um empreendimento ou atividade poluidora ou potencialmente poluidora, desconsiderando as especificidades que envolvem a sua criação no âmbito da política de reforma agrária. Esse motivo levou o Conama, em diálogo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a editar sucessivas resoluções para ajustar o procedimento.

“Não há aí qualquer retrocesso, encontrando-se devidamente justificadas as razões que levaram à edição da norma”, afirmou. “Simplificar não é necessariamente vulnerar, mas conformar a técnica de proteção à finalidade socioambiental, atendendo, ademais, ao princípio da eficiência”.

Baixo impacto ambiental

De acordo com o relator, a resolução define como assentamento o conjunto de atividades e empreendimentos planejados e desenvolvidos em área destinada à reforma agrária, de modo a promover a justiça social e o cumprimento da função social da propriedade. Na sua avaliação, essas características, aliadas à função de reordenamento agrário para fins de desconcentração fundiária destinadas à agricultura familiar, indicam baixo impacto ambiental.

Fachin destacou, ainda, que a norma prevê, como regra, o licenciamento ambiental simplificado para os empreendimentos de infraestrutura e as atividades agrossilvipastoris, mas ressalva que, caso o órgão ambiental competente identifique potencial impacto ambiental, deverá exigir o procedimento ordinário. “Deve-se compreender, portanto, o projeto de assentamento não como empreendimento em si potencialmente poluidor. Caberá aos órgãos de fiscalização e ao Ministério Público, concretamente, fiscalizar eventual vulneração do meio ambiente”, concluiu.

Da assessoria do STF

A Advocacia-Geral da União (AGU) obteve na Justiça o cancelamento de precatórios de desapropriação de fazendas localizadas no município de Santana do Araguaia (PA), evitando o "pagamento indevido" de mais de R$ 768 milhões. A AGU atuou no âmbito de execução provisória de terras desapropriadas para fins de reforma agrária em 1999.

As informações foram divulgadas pela Assessoria de Comunicação da AGU.

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Santana do Araguaia, com cerca de 70 mil habitantes, fica no sudeste do Pará, a 1.060 quilômetros de Belém.

O valor pleiteado pelos antigos donos da terra era de R$ 1,5 bilhão - o que foi questionado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) por meio de pedido de impugnação.

O juízo de primeira instância entendeu pela expedição de precatório de R$ 768 milhões, "considerando o valor incontroverso".

Mas a Procuradoria-Regional Federal da 1.ª Região (PRF-1) e a Procuradoria Federal Especializada junto ao Incra (PFE/Incra) questionaram a decisão em recurso.

As unidades da AGU apontaram que a ordem judicial era nula, porque: "não houve a intervenção obrigatória do Ministério Público no processo, não houve análise de impugnação apresentada e não caberia execução provisória contra a Fazenda Pública diante da ausência de trânsito em julgado da ação de conhecimento".

A AGU advertiu, ainda, que não havia qualquer parcela incontroversa a legitimar o cumprimento provisório da sentença, uma vez que está pendente de julgamento recurso - Resp nº 1.692.051 - interposto pelo Incra no qual são discutidos os parâmetros temporais para avaliação do imóvel, dedução do passivo ambiental, aplicação do fator de ancianidade da posse, área a ser indenizada, prazo de resgate dos títulos e juros compensatórios.

"Ou seja, ainda paira incerteza sobre a própria existência de complementação da indenização", assinala a AGU.

Por unanimidade, a 3.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1) acolheu os argumentos da AGU e deu provimento ao recurso interposto pelo Incra, suspendendo o pagamento dos precatórios.

Após acatar o veto do conselho atuante no Parque da Água Branca, que fica na zona oeste da capital paulista, o Poder Executivo Estadual decidiu que o local não será liberado para a realização da 4ª edição da Feira da Reforma Agrária, programada para acontecer de 2 a 7 de maio. O evento, organizado todo ano pela Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), deve ser remarcado para o mês de agosto.

Em entrevista ao site Rede Brasil Atual, o coordenador do MST, João Paulo Rodrigues, estranhou o fato da negação do Governo informando que, nos anos anteriores, o Conselho também havia vetado a realização da Feira da Reforma Agrária. Entretanto, como essa não era uma decisão deliberativa, a gestão estadual liberou a utilização do Parque.

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Em negociação com a Prefeitura de São Paulo na tentativa de definir local do evento, o MST investirá na possibilidade de transferir a realização da feira para o Anhembi. A feira, frequentada por 260 mil pessoas em sua última edição, já faz parte do calendário cultural dos visitantes que comparecem para prestigiar atrações que vão desde debates a shows de artistas consagrados, além da praça de alimentação que conta com pratos típicos brasileiros.

O secretário especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Luiz Antônio Nabhan Garcia, afirmou nesta quarta-feira (9), ao jornal O Estado de S. Paulo, que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não tem recursos para fazer a reforma agrária no País. A oficialização de Nabhan no cargo foi publicada em edição extraordinária do Diário Oficial da União.

Segundo Nabhan Garcia, as atividades de reforma agrária tocadas pelo Incra não foram paralisadas. O secretário também negou que tenha havido neste começo de governo o congelamento dos processos que estavam em andamento na gestão do ex-presidente Michel Temer. "É claro que o Incra vai continuar funcionando, só que dentro da lei. A realidade hoje é que não tem mais dinheiro no Incra, não tem dinheiro para fazer a reforma agrária", afirmou o secretário.

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No mandato anterior, o governo Temer deu prioridade na área a programas de regularização fundiária, entregando títulos de posse de terra para famílias. Em 2017, por exemplo, o Incra liberou um volume recorde de empréstimos - R$ 97 milhões - para assentados se instalarem nas terras.

Alterações

Na gestão do presidente Jair Bolsonaro, segundo Nabhan Garcia, haverá mudanças na avaliação da reforma agrária no País. O secretário disse que essas alterações só poderão começar a ser implementadas a partir do dia 25 deste mês, data que foi estabelecida em decreto para que os atos de sua secretaria tenham efeito legal.

Ruralista e amigo pessoal de Bolsonaro, Nabhan Garcia aproveitou para criticar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). "Não é mais o MST que vai determinar o que fazer em reforma agrária no Brasil. Não é mais o Cimi que vai dizer o que tem de ser feito sobre as demarcações de terra indígenas, nenhuma ONG", disse.

Nesta quarta-feira, o Estado não conseguiu contato com representantes do MST para falar sobre o assunto. Em texto divulgado no site do movimento na terça-feira, Alexandre Conceição, da direção nacional, citou a concentração de terra no Brasil, dizendo que o País "é o segundo nesse quesito, ficando atrás apenas do Paraguai".

O secretário executivo do Cimi, Cleber Buzatto, afirmou que o órgão nunca fez demarcação de terra indígena no Brasil. "Isso é uma responsabilidade do Estado brasileiro. Esse tipo de declaração só demonstra ignorância ou má-fé por parte do secretário", disse Buzatto.

Na semana passada, Nabhan Garcia havia afirmado ao jornal que o governo vai "passar a limpo todas as questões fundiárias no Brasil". "Vai ser feito um levantamento amplo para ver a situação real da regularização fundiária. Você acha que tem irregularidades só no Incra? Tem irregularidade em muitos outros setores também."

O Movimento dos Sem Terra (MST) mudou o foco de sua atuação e, da explosão de invasões de propriedades rurais, no auge da pressão fundiária, nos anos 1990, passou a concentrar suas ações em mobilizações em áreas urbanas, com, por exemplo, ocupações de prédios públicos. A estratégia agora é buscar apoio da população para bandeiras que, na avaliação dos líderes, têm apelo na opinião pública, como o combate ao desemprego e à corrupção, a oposição à política agrária do governo Michel Temer e as críticas às reformas trabalhista e da Previdência.

O número de invasões de propriedades rurais caiu 83% se comparado com o registrado há 20 anos. Em 1997, foram 502 ocupações, ante 83 no ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

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A tomada de prédios públicos - como as recentes ocupações do Ministério da Fazenda, e das sedes da Cemig e do Incra -, pedágios, estradas e ferrovias subiu de 87 ações no ano passado, entre janeiro e outubro, para 126 neste ano, no mesmo período, como forma de pressionar pelas "novas" pautas do MST e para se opor à Lei 13.465/2017 - apresentada pelo governo Temer ao Congresso como a Medida Provisória 759/2016 - que trata do Programa Nacional de Regularização Fundiária.

O dirigente nacional do MST Alexandre Conceição afirmou que o aumento no número de ocupações de prédios públicos, marchas e bloqueios de rodovias se deu em razão dos contingenciamentos de verbas para a reforma agrária e da pauta econômica do atual governo.

"Já vínhamos sofrendo cortes desde 2015, no governo Dilma (Rousseff), ano em que ela não assentou ninguém. Em 2016, com Temer, além de não assentar, ele cortou as políticas públicas que davam respaldo aos assentados e reduziu drasticamente o orçamento da reforma agrária", disse Conceição. "Junto a isso, aconteceu o desemprego de quase 14 milhões de pessoas. Daqui para frente (o número de manifestações) só vai aumentar", afirmou o dirigente. "A crise e o desemprego provocam um aumento na procura pelo movimento", acrescentou Kelli Mafort, uma das coordenadoras do MST em São Paulo.

Nesse cenário, marchas políticas, como as de Curitiba, durante os depoimentos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, réu na Lava Jato, em maio e setembro deste ano, e protestos contra corrupção, por exemplo, foram de 72 (2016) para 139 (2017). O total de atividades do movimento subiu de 235 (2016) para 337 (2017). As invasões de terras no ano, porém, caíram de 76 para 72, de janeiro a outubro.

O MST invadiu fazendas de suspeitos de envolvimento em esquemas de corrupção como o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira, o empresário Eike Batista, em Minas, além de área em Duartina, em São Paulo, do coronel da PM João Baptista Lima Filho, ex-assessor de Temer. Depois dessas invasões, o MST comemorou em vídeos de propaganda na internet.

Segundo João Paulo Rodrigues, também dirigente nacional do MST, a mudança de estratégia e atuação do movimento se deve ao "impacto na renda no campo" que, na sua avaliação, será provocado pela reforma da Previdência. Para o líder, a lei que dispõe sobre a regularização fundiária proposta pelo atual governo, anunciada em julho deste ano, "vai permitir a privatização e internacionalização das terras no País".

Lula

Passado o período de encolhimento de ações nos governos petistas, o MST deve se contrapor à gestão Temer. "Agora temos de recompor a base de apoio à reforma agrária", disse Rodrigues. Apesar desse engajamento contra o peemedebista e das ações em defesa de Lula, Rodrigues argumentou que houve distância do PT durante os 13 anos nos quais o partido esteve no poder. Segundo ele, o MST se beneficiou de políticas sociais petistas, como programas de acesso à habitação, Bolsa Família, ProUni e Fies. "Mas o MST não participou (dos governos petistas)", disse.

"Você sabe quantas vezes o Lula recebeu o MST?", emendou: "Três vezes, juntando os dois mandatos". E Dilma? "No primeiro mandato, nenhuma vez. Fomos recebidos duas vezes, no segundo mandato", lembrou, quando a presidente cassada estava à beira do processo do impeachment. A média de invasões nos governos petistas foi bem abaixo da média das duas últimas décadas (315 por ano). No governo Lula, foram 190 ocupações por ano, em média, e 114,6 por ano, com Dilma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A gestão Michel Temer acelerou o ritmo das regularizações fundiárias no País, depois de três anos de paralisia durante o governo da presidente cassada Dilma Rousseff. Só nos sete primeiros meses de 2017 foram concedidos a agricultores mais títulos definitivos (TDs) e Contratos de Concessão de Uso (CCUs) do que na comparação com os melhores anos dos governos do PT.

Para especialistas e entidades ligadas à reforma agrária, a regularização da posse de terras dá segurança jurídica aos pequenos produtores rurais e contribui para diminuir a tensão no campo. Eles afirmam, porém, que essa política fundiária ocorre num período em que o governo corta verbas - assim como em diversas áreas - que dão suporte ao desenvolvimento da agricultura familiar.

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Segundo a gestão Temer, de janeiro a agosto foram concedidos 7.356 títulos definitivos de posse, mais do que os 6.821 lavrados em 2006, na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - melhor ano dos governos petistas (mais informações nesta página).

Os números do atual governo também são superiores na concessão de contratos de concessão de uso da terra. Nos sete meses de 2017, foram assinados 58.837 contratos desse tipo, ante 47.073 em 2010, quando o governo do PT, também com Lula, teve seu melhor desempenho.

"Agora esses pequenos agricultores podem tirar Darf (Documento de Arrecadação de Receitas Federais), pleitear empréstimos bancários e inclusão em outros programas do governo voltados para a agricultura familiar", disse o coordenador-geral de Regularização Fundiária da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (Sead), Humberto Thomé Pereira.

De acordo com o governo, a meta é chegar a 120 mil títulos definitivos - entre 2003 e 2016 foram concedidos 41 mil - e 340 mil contratos de concessão - nos governos petistas foram 255 mil - além de outras 120 mil regularizações até o fim de 2018, quando termina o mandato de Temer.

'Reconcentração'

Apesar do ritmo acelerado, o Programa Nacional de Regularização Fundiária é alvo de críticas. Segundo o geólogo Bernardo Mançano Fernandes, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a concessão dos títulos de posse, aliada ao corte orçamentário em programas voltados para a agricultura familiar, pode fazer com que os beneficiários futuramente vendam suas propriedades.

Segundo Fernandes, um exemplo é a diminuição de verba do governo para Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), uma espécie de mercado fixo para a produção dos pequenos agricultores. "Com uma população fragilizada e empobrecida, essas terras podem ser colocadas para o mercado e provocar uma reconcentração fundiária."

Para o coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Paulo César Moreira, a regularização deveria ser acompanhada por um processo de estruturação dos assentamentos. "Sem discussão, a titularização torna a terra de mais fácil acesso ou de fácil venda para o agronegócio", afirmou.

O governo reconhece que os contingenciamentos orçamentários reduziram os recursos para a agricultura familiar, mas afirma que a política de regularização vai ser complementada com outras ações nas áreas de financiamento, assistência técnica e organização de cooperativas, que podem melhorar as condições de comércio. "A regularização fundiária é só a porta de entrada", afirmou Pereira.

De acordo com o coordenador-geral de Regularização Fundiária do governo Temer, a Sead firmou convênios com os governos da Paraíba, de Pernambuco, do Rio Grande do Norte, do Ceará e da Bahia. São Paulo e Rio devem ser os próximos. Em São Paulo, por exemplo, a legislação proíbe a venda das terras provenientes de reforma agrária até 20 anos depois da titulação.

Segundo o coordenador da Secretaria de Regularização Fundiária na Amazônia Legal, José Dumont, a legalização da posse ajuda a reduzir os conflitos agrários em regiões conflagradas. "O processo histórico de emissão de títulos e em grande parte dos conflitos são decorrentes justamente da insegurança jurídica."

ADI

A Amazônia Legal (área instituída para fins administrativos e de planejamento econômico com nove Estados brasileiros) concentra boa parte das titulações. Em setembro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal ação direta de inconstitucionalidade (ADI) pedindo a cassação da Lei 13.465/2017, que flexibiliza a alienação de terras da União e normatiza a regularização fundiária na área (mais informações na página A5).

Segundo a PGR, a lei originária da Medida Provisória 759/2016 "representa grave distorção do sistema democrático e desrespeito à função legislativa". A ação foi motivada por representações apresentadas por 61 entidades segundo as quais a lei permite a "privatização de terras públicas, florestas, águas e ilhas federais" tanto na Amazônia Legal como na costa brasileira.

A Advocacia-Geral da União (AGU) contestou a argumentação da PGR. Em nota, a Sead afirmou que "prestou informações, nos autos do processo, que comprovam o alinhamento da lei com as disposições da Constituição Federal". O caso está nas mãos do ministro Luiz Fux.

'Se quiser, posso pedir empréstimo', afirma agricultor

O agricultor Rodolfo Pereira da Silva nasceu há 42 anos no Sítio Floriano, em Lagoa Seca, cidade próxima a Campina Grande, na Paraíba. Na época o sítio pertencia à mãe dele, que havia herdado do avô. Porém, somente há cerca de um mês a família recebeu o título definitivo de posse da propriedade. "Agora tenho a escritura lavrada. Se quiser, posso pedir empréstimo no banco", disse Silva.

O agricultor não faz parte de nenhum movimento de reforma agrária e aderiu ao Programa Nacional de Regularização Fundiária por meio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lagoa Seca, que ajudou no cadastramento dos beneficiários.

Silva acredita que a partir de agora será possível aumentar a produção da propriedade de apenas 1,1 hectare onde ele, a mulher e os dois filhos criam porcos e galinhas e cultivam maracujá. "Aqui não tem perigo de ninguém querer vender terra, não. O pessoal está nessa terra faz tempo", disse o agricultor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Desde o início da manhã desta segunda (7), cerca de 1.000 trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra ocupam o prédio do Incra, no Centro de Maceió. Vindos de todas as regiões do estado e Alagoas, eles exigem da superintendência a retomada dos acordos já firmados com o movimento na garantida de infraestruturas sociais e produtivas para as áreas de Reforma Agrária.

De acordo com José Roberto, da direção nacional do MST, a ocupação do Incra em Maceió com Sem Terra de todo o estado, demonstra a insatisfação dos camponeses com a paralisia da Reforma Agrária. “Não temos hoje uma política séria para o campo e se a gente não fizer luta para pressionar pelo que é nosso por direito, eles serão cada vez mais negados para quem vive no campo”, destacou.

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Segundo o dirigente, consequência de diversas lutas do MST no estado, uma agenda de atividades e ações do Incra para a resoluções de antigos problemas nas áreas de Reforma Agrária em Alagoas tinha sido firmada, mas nada avançou até o momento. “Desde demanda de água nos acampamentos e assentamentos, estradas, demarcação topográfica e uma série de necessidades que nós temos em nossas áreas já são de conhecimento da superintendência e nossa vinda aqui é para reafirmar nossa disposição de defender uma vida digna no campo e fazer a cobrança da responsabilidade do Incra com todas essas pautas”.

Os 1.000 Sem Terra montam acampamento no prédio do Incra, ocupando todos os andares onde funcionam os escritórios da superintendência, onde devem permanecer até terem respostas para as demandas apresentadas.

“Esse governo quer acabar com a Reforma Agrária"

Durante a ação, os sem terra também denunciam as ações do Governo Federal com a Reforma Agrária, em especial no que diz respeito à titulação dos assentamentos que apontam para um caminho de privatização das áreas. “Aqui fazemos a defesa da titulação em concessão de uso real nas áreas de assentamento, que dão segurança ao assentado e assentada para que ele viva em seu lote e que essa área seja garantia para os filhos e netos, sem endividar as famílias e responsabilizando o governo no cumprimento nas políticas públicas que viabilize os aspectos econômicos, sociais e produtivos das famílias, diferentemente do que defende o governo golpista de Temer”, disse José Roberto.

“A proposta do governo é acabar com a Reforma Agrária. Mais um golpe nos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, agora, em especial com os que vivem no campo, mas que trará consequências diretas para os que vivem na cidade. Por isso continuamos ocupando terra, fazendo luta e organizando nossa resistência”.

Do site do MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou comunicado no qual informa ter ocupado terras do Grupo Amaggi, pertencente à família do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e a fazenda Esmeralda, registrada como sede da empresa Argeplan (Arquitetura e Engenharia Ltda), do empresário João Baptista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer

No mesmo dia, mais de 300 famílias ligadas ao grupo ocuparam a fazenda Santa Rosa, no município de Piraí, região Sul Fluminense, propriedade que pertenceria ao ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira.

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Segundo o MST, a ocupação das terras faz parte da jornada nacional de luta pela reforma agrária com o lema "Corruptos, devolvam nossas terras!". O membro da coordenação nacional do MST, Alexandre Conceição, afirma em comunicado que "estamos lutando pela desapropriação de terras para assentar mais de 130 mil famílias e nela produzir alimento saudável na agroecologia e gerar empregos no campo".

A ocupação à Fazenda Esmeralda, em Duartina, no oeste de São Paulo, aconteceu madrugada desta terça-feira (25), Dia dos Trabalhadores Rurais e contou com a participação de 800 integrantes do MST. O movimento exige que a área seja destinada à reforma agrária, diz o MST em seu site.

As terras, que levam o nome da antiga estação ferroviária, chamada Esmeralda, tem 1.500 hectares. Esta é a segunda vez que o movimento ocupa a Fazenda Esmeralda. Na primeira ocupação foram encontradas cartas endereçadas a Temer e materiais de sua campanha à Deputado Federal de 2006.

Conforme o MST, Temer e João Batista Lima Filho, o Coronel Lima, se conheceram nos anos 80, quando o peemedebista ocupava a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e Lima trabalhava na Assistência Militar da pasta.

Na fazenda Santa Rosa, que seria de propriedade de Ricardo Teixeira, cerca de 300 famílias participaram da ação. Teixeira é investigado por um esquema de corrupção envolvendo a realização de jogos de futebol.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta segunda-feira, 24, que seja encaminhada ao Brasil a investigação conduzida por autoridades espanholas sobre o cartola. Ele é acusado de ser o principal responsável por um esquema de desvio de dinheiros de jogos da seleção brasileira.

Conforme o jornal O Estado de S. Paulo revelou em 2013, acordos secretos permitiram que a renda dos jogos da seleção fosse desviada para uma empresa em nome de Sandro Rosell, aliado de Teixeira e ex-presidente do Barcelona. No mês passado, Rosell foi preso e a Justiça espanhola apontou que parte do dinheiro que ia para sua empresa, a Uptrend, terminava com o próprio Teixeira.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) realiza manifestações em áreas rurais e urbanas nesta segunda-feira (17) em memória aos 21 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará. O grupo reforça a cobrança por punição aos policiais militares responsáveis pelo assassinato de 19 agricultores, em 1996.

O MST também pressiona o governo federal a cumprir metas para desapropriação de terras consideradas improdutivas em todo o País. O dia 17 de abril ficou conhecido como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

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Em ao menos quatro capitais - Teresina, Fortaleza, Curitiba e Porto Alegre -, famílias de agricultores estão acampadas em sedes regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Na capital gaúcha, além do Incra, outro grupo de centenas de pessoas está no pátio do prédio do Ministério da Fazenda.

No interior de São Paulo, há registro de uma nova ocupação em terras reivindicadas pelos sem-terra, próximo ao município de Borebi.

O presidente Michel Temer prepara o lançamento de um programa de reforma agrária que vai interromper a distribuição de terras no País e esvaziar a atuação de movimentos sociais ligados ao PT na política fundiária. A proposta consiste em acelerar a emissão de títulos de domínio das propriedades e transferir às prefeituras a função de identificar assentados aptos a recebê-los.

A medida limita o poder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A organização seleciona as famílias a serem beneficiadas com lotes em novos assentamentos e também aponta aquelas que serão contempladas com o título de domínio. De posse do documento, assentados podem ter acesso a recursos do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) ou vender a propriedade.

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O programa deve ser lançado no dia 22 deste mês, em Mato Grosso, logo após o presidente voltar de viagem internacional pela Ásia. A meta de Temer é entregar 753.933 títulos até 2018. Segundo levantamento do atual governo, na gestão Fernando Henrique Cardoso foram expedidos 62.196 documentos entre 2000 e 2002. Em 13 anos de administrações petistas (Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff), foram 22.729 títulos entregues a assentados.

A estratégia do governo Temer é imprimir uma nova marca no programa de reforma agrária, diferentemente do que fez com o Bolsa Família, em que manteve o modelo criado pelo ex-presidente Lula.

Em meio ao ajuste fiscal, o Planalto, ao interromper a criação de novos assentamentos, justifica que a distribuição de terra realizada até agora precisa ser reorganizada e regularizada. Com isso, o governo pretende corrigir distorções apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que identificou até casos de servidores públicos beneficiados com lotes.

Reações

O modelo, porém, já provoca reação contrária de movimentos sociais. Militantes alegam que a concessão dos títulos de domínio das propriedades pode provocar uma nova concentração de terras, o que enfraqueceria os assentamentos já existentes. A reforma agrária dos governos anteriores tinha como principal objetivo distribuir terras, não priorizando a concessão dos títulos.

Para Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST, o governo Temer segue uma pauta de privatização das terras. "Isso não é plano de reforma agrária, é plano de retrocesso à reforma agrária", disse. Ele também afirmou não ver problema no método como o cadastro das famílias para a distribuição de terras foi realizado até hoje. "O problema é não querer fazer novas desapropriações."

Patrus Ananias, ex-ministro do Desenvolvimento Agrário de Dilma, diz que Temer está fazendo uma "operação de desmonte", para atingir políticas sociais implementadas pelo PT. Apesar do argumento do ex-ministro, Dilma foi duramente criticada pelos movimentos sociais por ter diminuído o ritmo da reforma agrária no País. No ano passado, dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mostraram que o ritmo de famílias assentadas pela ex-presidente foi o pior em 20 anos.

A pesquisadora Mirian Cláudia Simonetti destaca que o MST cumpre um papel importante dentro do Incra. "O MST organiza os assentamentos, as ocupações. Esse diálogo deve ser preservado", disse a professora do Centro de Pesquisa de e Estudos Agrários e Ambientais da Unesp, em Marília (SP), ressaltando que há mais de 100 grupos de interesse em política agrária, não somente o MST, atuantes na defesa do direito à terra.

Mudança

O programa é a segunda mudança de impacto no setor agrário a ser promovida por Temer. Em maio, ele extinguiu o Ministério do Desenvolvimento Agrário e transferiu a administração de cinco setores responsáveis pelas políticas de reforma agrária do governo federal para a Casa Civil, comandada pelo ministro Eliseu Padilha.

Pressionado pelo presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP), o presidente em exercício Michel Temer transferiu cinco secretarias do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário para a Casa Civil. Com a decisão, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) passa a ser vinculado à Casa Civil.

Deixam de fazer parte do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário as secretarias de agricultura familiar e do desenvolvimento agrário; de reordenamento agrário; de agricultura familiar; de desenvolvimento territorial; e a secretaria extraordinária de regularização fundiária na Amazônia Legal.

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O comando destas secretarias deve ser ocupado por representantes indicados pelo Solidariedade. Além disso, Temer aposta em Paulinho para pacificar movimentos sociais, em especial o MST, ligado ao PT. As políticas desenvolvidas pelas secretarias têm interesse direto dos sem-terra.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse apenas que a decisão foi "política". Nesta segunda-feira, 30, o ministro se reuniu com integrantes de sua equipe para tomar conhecimento do tamanho da estrutura e do quadro orçamentário das secretarias.

Orçamento

Segundo auxiliares do Executivo, as secretarias detêm um orçamento estimado em R$ 1 bilhão. Inicialmente, Paulinho da Força pressionava integrantes da cúpula do governo para que as secretarias ganhassem status de ministério, o que, até o momento, não teve aval do governo interino.

O receio do presidente do Solidariedade era de que, com a fusão com o Ministério do Desenvolvimento Social, algumas secretarias fossem extintas. Apesar do esvaziamento, a migração para a Casa Civil foi vista pelo ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, segundo auxiliares, como um "alívio", uma vez que elas representam uma "dor de cabeça" por tratar de questões da reforma agrária, tema que é foco constante de atrito entre governo e movimentos sociais.

Ainda de acordo com o decreto publicado nesta segunda-feira, 30 também passam para a Casa Civil as competências de reforma agrária; de promoção ao desenvolvimento sustentável do segmento rural constituído pelos agricultores familiares; e de delimitação das terra dos remanescentes das comunidades dos quilombos e determinação de suas demarcações, a serem homologadas por decreto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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