O desenvolvimento tecnológico e as mudanças que essa “revolução” vem causando nos processos, principalmente industriais, não é novidade para nenhum de nós. O conceito de profissional qualificado mudou bastante e, atualmente, não basta apenas ter uma graduação ou pós-graduação para ser diferenciado no mercado de trabalho. Empatia, colaboração, empolgação, responsabilidade e equilíbrio emocional são apenas algumas das características que os profissionais precisam ter para consolidar suas carreiras.
No comando de mais de 11 mil profissionais no grupo Ser Educacional, o empreendedor Janguiê Diniz conhece bem os perfis de destaque. “As empresas têm mudado seu jeito de produzir e, como consequência, vemos a oferta e postos de empregos tornarem-se cada vez mais escassos. Os profissionais precisam pensar em adaptação. A adaptação implica em inovação, e esta é interativa. São essas adaptações que farão o ambiente mudar e o medo não é uma opção para quem quer ter realização profissional. É preciso evoluir”, explica.
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Para Janguiê, inúmeros fatores se tornaram fundamentais na construção de uma carreira de sucesso. Em um papo com a nossa redação, ele respondeu sobre questões de empreendedorismo, inovação, empregabilidade e futuro político.
Como será o profissional do futuro?
No início dos anos 2000, surgiu a Carreira 3.0, onde o próprio individuo é responsável pela gestão de sua carreira, buscando o trabalho mais colaborativo e conectado. Essa é, sem dúvidas, a transição da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento – que já estamos vivendo. Muito mais que profissionais tecnicamente qualificados, os profissionais dessa nova era possuem pensamento crítico, criatividade, sabem resolver problemas complexos, tem resiliência, buscam aprendizado sempre e tem empatia com o cliente. São profissionais colaborativos, que pensam em conjunto. A cooperação, facilmente, dá mais frutos do que a competição – inclusive quando se trata de aprendizado.
Nesse novo mercado, não há mais espaço para a empregabilidade?
São muitas incertezas no mercado e, para os profissionais, resta buscar seu desenvolvimento e estar preparado para quando as oportunidades surgirem. Apenas estudar para ter um bom emprego é um pensamento do passado. Não se deve pensar somente em emprego, mas em trabalho. A trabalhabilidade em todas as suas alternativas de produzir e gerar renda. Em breve, a empregabilidade deve ficar na lembrança. Pensando na evolução do processo, a carreira 1.0 trouxe as empresas como a realização de todo profissional, que tinha a sua vida cuidada pela organização até a aposentadoria. A evolução do conceito veio com a carreira 2.0, onde o desafio era ser atrativo para o mercado, pensando em outras empresas, mas ainda assim, falando-se de emprego.
O que é trabalhabilidade?
Trabalhabilidade é a capacidade de adaptação e de geração de renda a partir de habilidades pessoais. A trabalhabilidade refere-se à capacidade de gerar trabalho, mais além do emprego. É como a pessoa se vê produzindo economicamente, seja como empregado, consultor, empreendedor, enfim, todas as múltiplas formas de trabalho. A trabalhabilidade amplia o conceito de empregabilidade para outras fontes de renda e possibilidades de trabalho, porque o emprego tem limitações e não deve ser encarado como única opção.
Como o profissional sabe que tem trabalhabilidade?
Quem possui trabalhabilidade é aquele profissional que, por competência, é capaz de gerar o seu próprio posto de trabalho e também, em muitos casos, gerar trabalho para outros. É capaz de gerar renda, prestar serviços e se manter em atividade colaborando para o bom funcionamento do sistema. Entramos na era do talento, um cenário que privilegia os profissionais capazes de desenvolver um modo próprio de fazer algo da melhor maneira possível. Os jovens se veem em uma época onde dinamismo é vital, a multifuncionalidade é essencial. No entanto, dominar os instrumentos tecnológicos e o conhecimento profundo sobre mais de um tema, aumenta as chances, mas não garante a ascensão da carreira. Focar na trabalhabilidade permite que o profissional tenha autonomia sobre sua carreira, pois assume a capacidade de gerir seu próprio destino e individualiza a responsabilidade sobre seu sucesso.
Então, podemos dizer que acabou o empreendedorismo?
De forma alguma. O Brasil é quinto lugar, em uma lista de 15 países quando o assunto são os empreendedores mais determinados do mundo. Além disso, dois em cada três jovens sonham em ser empreendedores. Após o início da crise econômica brasileira e o alto índice de desemprego que atinge mais de 13 milhões de pessoas no Brasil, muitos brasileiros viram no empreendedorismo uma forma de sobreviver. O brasileiro tem um talento nato para empreender. Para empreender é preciso percorrer um longo caminho. O sucesso de um negócio dificilmente acontece da noite para o dia e grande parte das empresas declara falência com menos de dois anos de atividades. Um empreendedor precisa ter um sonho, transformar seu sonho num projeto de vida, traçar metas e com metas e disciplina trabalhar muito para realiza-lo, ser ousado, corajoso, ter conhecimento, força de vontade, ambição, persistência e dedicação.
E o empreendedorismo social, continua se desenvolvendo?
Todos nós temos responsabilidade com o bem comum. Cada um, da sua maneira, pode e deve contribuir para o desenvolvimento da comunidade e do país em todos os aspectos. Assim, o empreendedorismo tem que ter uma conotação social, cujo preceito ético visa gerar utilidades para a sociedade. O empreendedor social tem inúmeros desafios, entre eles está o processo para escalar o modelo de negócio. Muitos empreendimentos sociais têm nobres missões, porém que dificilmente poderão ser replicadas, seja pela complexidade de recriar a operação ou por outros problemas. Uma vez reconhecido, o empreendedor social é capaz de inspirar cada vez mais representantes a se engajarem em torno de uma causa comum: uma sociedade com oportunidades iguais para todos. Se trabalhamos por um país melhor, um mundo melhor, temos de tomar iniciativa, promover e efetuar a mudança, construindo uma rede solidária capaz de se difundir e prestar apoio a quem precisa.
A revolução tecnológica mudou o mundo e o mercado. Você acredita que as empresas estão conseguindo inovar e acompanhar essas mudanças?
Primeiramente devemos entender o que é inovação. Inovação é muito mais que a utilização de estratégias de marketing ou tecnologias modernas. Isto constitui meros instrumentos ou aspectos da inovação. Inovação pode ser criação de um novo produto, a concepção de uma ideia que pode mudar o destino da empresa, a criação de novos modelos de negócios, entrar em novos mercados, desenvolvimento de novas marcas e brandings, a criação de canais de distribuição, a criação de plataformas tecnológicas. Inovação, hoje, na minha ótica é um modelo de gestão. Consiste numa forma de constatar, de forma rápida e eficaz, as demandas, necessidades, desejos, anseios e desafios apresentados pelos clientes, solucioná-los, equacioná-los e superá-los de forma célere, útil, econômica, efetiva, surpreendente e encantadora. Ou seja, escutar o cliente, identificar suas necessidades e desejos e atendê-lo de forma surpreendente e encantadora. Daí a necessidade de valorizar o capital humano, único capaz de inovar. Com efeito, inovar é necessário. É o que traz fôlego para as empresas e as faz sobreviver no mercado, se transformar e evoluir. Para se diferenciar, as empresas precisam buscar sempre a inovação. A inovação deve, obrigatoriamente, estar no DNA das companhias, mas, sempre em estrita observância da ética, transparência, sustentabilidade, responsabilidade social, diversidade e inclusão. Mas, também na criação de uma cultura de inovação, na contratação de talentos que tenham autonomia, espaço e confiança para desenvolver ideias. Para os profissionais, nos dias de hoje, o talento não é medido com base nos diplomas e nos certificados que eles tem, e sim na sua capacidade de inovação. Eles precisam tentar fazer o que ninguém mais faz, procurar criar mais do que produtos e serviços e procurar fazer a diferença no mundo.
Recentemente, o senhor foi apontado em uma pesquisa como possível candidato para o Governo de Pernambuco. É sua intenção?
Acredito que atuar e ser um representante legítimo do povo requer um trabalho sério e em prol de todos, sem benefícios singulares. Fazer política é estabelecer fundamentos para o futuro a fim de que as próximas gerações sejam beneficiadas, é manter fidelidade ante os compromissos feitos com o povo durante o período eleitoral. Infelizmente, o Brasil de hoje está mais para politicagem do que para política. Por um simples motivo, a impressão negativa inicialmente se mostra mais forte que a positiva, então, os políticos corruptos acabam por sujar a imagem do todo, levando o povo a generalizar. Entretanto, eu percebo que, apesar dos casos negativos que temos acompanhado, ainda é possível enxergar e acreditar em políticos íntegros e que desempenham seus papeis de maneira exemplar. Admiro os políticos que fazem um trabalho sério e em prol da população que os elegeu.
Embora goste de estar por dentro de tudo o que acontece no cenário político, sem levantar a bandeira para ninguém especificamente, meu campo de atuação é outro. Acredito que posso e devo contribuir de outra maneira, com foco na propagação da educação e do conhecimento de qualidade, que permitam uma transição acelerada do desenvolvimento social. Hoje, 70% das matrículas de ensino superior estão concentradas nas instituições particulares, além disso, apenas 13% da população teve a possibilidade de concluir uma graduação. Defendo que a única forma concreta de mobilidade social de um indivíduo e de um país sair de um estágio de subdesenvolvimento para desenvolvimento é através da oferta de educação de qualidade. Acredito que sou muito mais útil educando o povo brasileira através das minhas instituições do que atuando na política partidária. A sociedade como um todo precisa de qualificação e de oportunidades, e é nisto que estou focado. Portanto, não sou candidato.