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O desmatamento na Amazônia Legal cresceu 370% na comparação de maio com o mesmo mês de 2012. Os dados levantados pelo Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter) mostram que a retirada de floresta nativa alcançou 464,96 quilômetros quadrados, enquanto há um ano havia sido de 98,85 km². No acumulado de agosto a maio, o desmatamento alcança 2.337,78 km², 35% a mais que no período anterior.

O aumento drástico entre um ano e outro aparece mesmo com a cobertura de nuvens menor. Em 2012, a visibilidade era de 68%. Em 2013, de 59%. Em toda a região, apenas Acre e Amapá aparecem como tendo reduzido as áreas de desmatamento. Mais uma vez, as maiores áreas desmatadas são em Mato Grosso - apesar da ressalva feita pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de que o Estado não tinha cobertura de nuvens durante a captação. Os maiores crescimentos, no entanto, aparecem no Maranhão, que aumentou em 123% as áreas desmatadas, e no Amazonas, com 77%.

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O coordenador-geral de Desmatamento do Ibama, George Ferreira, considera os dados preocupantes, mas afirmou acredita que não devem se confirmar como desflorestamento corte raso, aquele que é considerado para as estatísticas finais do governo federal, porque, na maior parte, são áreas degradadas e não totalmente derrubadas. "Mais de 70% das detecções representam degradação."

O Deter, usado para dados mensais de desmatamento, funciona como um sistema de alerta para a fiscalização e capta somente áreas superiores a 25 hectares. Já O Prodes - outro sistema de detecção de desmate - é mais preciso, pega áreas de 20 a 30 metros e é usado para o cálculo final do desflorestamento.

Áreas degradadas são aquelas onde a vegetação nativa foi alterada. Uma verificação in loco do Ibama mostra que, na maior parte delas, essa degradação foi causada por fogo, seja para limpar a área e proceder depois ao desmatamento, seja porque "escapou" de área próxima que era queimada. "Uma área degradada se recupera muito mais fácil que o corte raso. O cuidado que precisamos ter é para que essa degradação não se transforme em corte raso", afirmou Ferreira.

O diretor de Fiscalização do Ibama, Luciano Evaristo, afirma que o desmatamento que se concentrava nos períodos de seca tem se estendido à época das chuvas, quando os desmatadores acreditam que a fiscalização não será tão rígida. "Só que estamos mantendo o trabalho durante todo o ano. De agosto a maio já foram aplicados R$ 1,7 bilhão em multas e foram embargados 236 mil hectares de áreas com desmatamento ilegal", disse ele.

Dois vazamentos de óleo na Bacia Amazônica, uma no Rio Negro, nas proximidades de Manaus, e outra no Napo, na selva equatoriana, deixaram o governo brasileiro em alerta. A Capitania dos Portos do Amazonas abriu inquérito para apurar o derramamento de diesel nas instalações da Transpetro na última segunda-feira, 3. Em outro acidente, de maior proporção, no dia 31, da Petroecuador, o rompimento de uma tubulação formou uma mancha negra que atinge dezenas de comunidades nativas no Equador.

A Capitania dos Portos do Amazonas deverá divulgar nota na quinta-feira, 6, para dar detalhes do acidente no Rio Negro, que já estaria controlado. Antes mesmo que a informação sobre o vazamento na Transpetro chegasse a Brasília, o governo montava uma força tarefa para impedir que o rompimento do oleoduto da Petroecuador, na amazônia equatoriana, atingisse as águas do Rio Solimões, no Estado do Amazonas.

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A embaixada brasileira em Quito foi informada pela empresa que 6.800 barris de óleo vazaram de uma tubulação, nas margens do Napo, afluente do Solimões, após a queda de uma barreira durante as chuvas que atingiram o País no último dia 31.

Na noite desta quarta-feira, 5, representantes da Marinha, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Petrobras avaliavam, no Rio, medidas para conter a entrada da mancha de óleo na parte brasileira da bacia amazônica.

Após quatro dias de ocupação do principal canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, as lideranças do protesto indígena aceitaram a proposta feita pelo governo federal. Um grupo de índios viajará a Brasília na próxima quarta-feira (5) para se reunir com representantes da Secretaria-Geral da Presidência da República e dos ministérios da Justiça e de Minas e Energia. Os indígenas, no entanto, permanecerão no interior do canteiro até, pelo menos, o dia do encontro.

A decisão de deixar ou não o local vai depender do resultado da conversa com os representantes do governo. O acordo foi fechado ontem (30) à noite, ao fim de uma reunião de mais de cinco horas. A proposta, que já havia sido apresentada às lideranças em carta, pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, voltou a ser submetida nesta quinta-feira pelo coordenador-geral de Movimentos do Campo e Territórios da secretaria, Nilton Tubino.

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O transporte dos índios entre Jacareacanga e Brasília vai ser custeado pelo governo federal. Desde o início da ocupação, os índios exigiam que um representante do Executivo fosse ao canteiro negociar as reivindicações. Entre outras medidas, eles querem a suspensão de todos os empreendimentos hidrelétricos na Amazônia até que o processo de consulta prévia aos povos tradicionais, previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), seja regulamentado. O governo, contudo, argumenta que será mais fácil negociar em Brasília, após o canteiro ser desocupado, pois na capital federal há como consultar outros ministros e membros da equipe.

Ao contrário da vez anterior, os índios ontem aceitaram a proposta com a condição de poderem permanecer no escritório central do canteiro Sítio Belo Monte até o fim da reunião com o governo federal. Com isso, a ordem de reintegração de posse concedida pela subseção da Justiça Federal em Altamira na terça-feira (28) não será cumprida até segunda ordem.

O acordo permite ao Consórcio Construtor Belo Monte retomar as atividades paralisadas por motivo de segurança, o que já está sendo providenciado. A previsão do consórcio é que, até o turno da noite, os trabalhos já tenham sido normalizados. Segundo a assessoria do consórcio, com o acordo, os índios devolveram todos os veículos e radiocomunicadores da empresa. Além disso, os manifestantes liberaram as portarias e desobstruíram todas as rotas de fuga, usadas em caso de emergência.

O acordo entre índios e governo federal foi fechado horas depois de um índio terena ter sido morto a tiros durante a desocupação de uma fazenda localizada na cidade de Sidrolândia, em Mato Grosso do Sul. A operação foi coordenada pela Polícia Federal e contou com o apoio de policiais militares sul-mato-grossenses. Um inquérito foi instaurado para apurar se houve abuso dos policiais. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, prometeu rigor na apuração.

Depois de um período de seis meses com registro de alta do desmatamento na Amazônia, o bimestre março/abril teve queda da perda florestal em relação ao mesmo período de 2012. Os dados, divulgados nesta segunda-feira, 06, pelo Instituto de Pesquisas Espaciais, apontam que as áreas de desmatamento e degradação somaram 175 quilômetros quadrados neste período, contra 292 quilômetros quadrados nos mesmos meses do ano anterior. Mato Grosso liderou, com 83,57 quilômetros quadrados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

De agosto de 2012 a fevereiro deste ano, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) registrou um aumento de 26,8% no número de alertas de degradação ambiental na Floresta Amazônica, em razão de incêndios, retirada seletiva de árvores ou de corte raso. A medição foi feita com base no sistema Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), que funciona a partir de imagens de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os Estados do Mato Grosso e Pará lideraram o ranking, concentrando cerca de 70% do total desses alertas.

Os dados foram divulgados em entrevista, nesta quinta-feira, pelo presidente do Ibama, Volney Zanardi. Ele disse que o sistema permitiu a apreensão recorde de madeira na região e subsidiou mudanças radicais na fiscalização, que agora é feita de forma mais ágil nos 365 dias do ano, inclusive na estação das chuvas, pegando os desmatadores de surpresa. Só no Pará foram apreendidos 22 mil metros cúbicos de madeira em fevereiro, 50% mais que no ano passado. Desse montante, 16 mil metros cúbicos de toras foram apreendidas nas regiões de Anapu e Aruará.

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Apesar do crescimento significativo dos alertas em relação ao ano anterior, o Ibama acredita que não houve aumento de desmatamento. "Esperamos que tenha havido estagnação, ou mesmo redução na taxa de desmatamento, que será conhecida em julho", observou o diretor de Proteção Ambiental do órgão, Luciano Meneses Evaristo. Essa taxa é calculada com base no Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), divulgado pelo Inpe anualmente. Com imagens de alta resolução, ele mede o corte raso e mostra o quanto da floresta foi de fato destruída pelos devastadores.

Já o Deter, segundo Evaristo, traz um componente de degradação florestal que pode se transformar ou não em desmatamento. "Só depois que o Inpe fizer o monitoramento da imagem de alta resolução, vai ficar claro se aquela degradação foi para o desmatamento, com corte raso, ou se foi causada, por exemplo, por queimadas ou incêndios, que ocorrem de forma cíclica no Brasil, mas que após as chuvas a vegetação volta a se recompor", explicou.

O Deter, conforme explicou Evaristo, é um sistema de alerta fundamental para as ações de fiscalização do Ibama. "O dado é direcionado à fiscalização para que ela possa chegar a tempo no local devastado; apreender os equipamentos; autuar o infrator e tomar todas as medidas para que esse desmatamento não avance", observou. Em Anapu, município onde foi assassinada em 2005 a missionária americana Dorothy Stang, foram apreendidas em fevereiro oito balsas, 12 tratores e seis rebocadores, usados por madeireiros na estação das chuvas, quando tradicionalmente não havia fiscalização.

A partir do novo sistema de alertas, o Ibama montou ao longo do arco do desmatamento (linha que vai do Acre ao Maranhão, cortando a Amazônia pela borda sul) a Operação Onda Verde, integrada por mais de três mil homens dos batalhões ambientais do órgão, da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública. "Nós chegamos ao local do crime ambiental e pegamos os desmatadores com a calça nas mãos, de surpresa", disse o dirigente.

Com bases fixas e móveis, a operação ocupa seis áreas críticas, ao longo do arco, que respondem hoje por 54% de todo o desmatamento da Amazônia Legal. Essas bases dispõem de grande logística, com serviço de inteligência e comunicação próprias, além de aeronaves e boa capacidade de mobilidade na floresta. "Para onde o desmatador caminhar, através dos alertas que o Deter nos passa, nós caminhamos com essas bases para conter o desmatamento", enfatizou.

O Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), financiará com R$ 65 milhões o Inventário Florestal Nacional no Bioma Amazônia, que será concluído em 48 meses. O diretor da Área de Meio Ambiente do BNDES, Guilherme Lacerda, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, assinaram nesta quinta-feira o contrato de repasse dos recursos para o Serviço Florestal Brasileiro.

Os recursos são não reembolsáveis, ou seja, não se trata de operação de crédito. Segundo o BNDES, o inventário possibilitará o monitoramento e o aprimoramento da gestão dos recursos florestais e, sobretudo, acesso às informações necessárias para subsidiar a definição de políticas florestais e de seus planos de uso e de conservação. Ademais, permitirá o conhecimento dos estoques de biomassa e carbono, da biodiversidade, da vitalidade e saúde das florestas e, adicionalmente, o modo como vive a população que habita a floresta.

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De acordo com o banco, o Fundo Amazônia já aprovou 36 projetos, no valor de R$ 440 milhões, voltados para atividades produtivas sustentáveis, desenvolvimento institucional de órgãos ambientais, regularização ambiental e fundiária e pesquisa e desenvolvimento. Os projetos aprovados abrangem 302 municípios.

A Floresta Amazônica pode demorar vários anos para se recuperar dos efeitos de uma grande seca, colocando em risco a sua própria sobrevivência caso esses eventos passem a ocorrer com mais frequência - como preveem alguns modelos de mudanças climáticas para a região nas próximas décadas. O alerta é de um estudo publicado na última edição da revista PNAS, que avaliou, pela primeira vez, os efeitos a longo prazo da grande seca de 2005 na Amazônia.

Segundo os pesquisadores, os impactos da estiagem ainda eram perceptíveis no dossel (cobertura) da floresta quatro anos depois, em 2009, na véspera de uma outra grande seca, em 2010, apesar de um aumento de precipitação no período intermediário. O estudo foi feito por meio de imagens de satélite no espectro de micro-ondas, que permitiram analisar variações nos parâmetros de umidade e biomassa sobre grandes áreas florestais.

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Os resultados indicam que a floresta ainda sofria com os efeitos da seca de 2005 (com redução de biomassa e ressecamento do dossel) quando foi atingida pela seca de 2010. Segundo os cientistas, se as estiagens continuarem a acontecer numa frequência de 5 a 10 anos, o efeito cumulativo poderá alterar significativamente e permanentemente a estrutura biológica da floresta.

A pesquisa foi liderada por pesquisadores da Nasa, nos Estados Unidos, em colaboração com os brasileiros Luiz Aragão, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, e Liana Anderson, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no interior paulista.

Os dados do estudo vão até 2009, mas os pesquisadores preveem que os efeitos observados se repetiram - e provavelmente se intensificaram - nos últimos anos, desde a seca de 2010, que foi a maior já registrada na Amazônia. As informações são do jornal o Estado de S.Paulo.

O desmatamento na Amazônia Legal entre agosto e setembro foi de 804 quilômetros quadrados, o maior nível do período nos últimos três anos, puxado pela seca intensa de 2012 e a expansão das áreas para plantio de soja, garimpo e pecuária. Apenas em agosto, o desflorestamento foi de 522 quilômetros quadrados (mais de duas vezes o tamanho da cidade do Recife), um aumento de 220% em relação ao mesmo período de 2011. Na série histórica, o pico só não foi mais alto que em julho de 2009, quando o total destruído chegou a 835 quilômetros quadrados.

Os dados foram apresentados na terça-feira (09) pelos ministros do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, que anunciaram um pacote de medidas para intensificar a prevenção e o combate ao desmatamento. A atuação do governo se dará em cinco ações principais, sendo a mais importante a fiscalização permanente na região. Parte delas será oficializada até o fim da semana em decreto da presidente Dilma Rousseff.

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Atualmente, os agentes federais trabalham principalmente no período de seca, de abril a outubro, quando os desmatadores atuam com mais facilidade e a falta de nuvens favorece o monitoramento por satélite. Porém, a derrubada de floresta vem ocorrendo mesmo em período chuvoso, apesar das dificuldades para a retirada de madeira, o que forçou uma reorientação na repressão.

A Força Nacional de Segurança criará uma companhia ambiental na Amazônia. As atividades de inteligência vão contar com o background militar. Será criado ainda o Proteger Ambiental, que voltará a estrutura e o efetivo das Forças Armadas para ações de proteção da mata. O governo classificou o pacote como um forte reforço, mas se negou a divulgar números. "Se eu disser o efetivo, dou munição para o bandido", disse Cardozo.

Queda de árvores

Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas foram os Estados com maior desmate em agosto.

Apesar dos dados negativos, a ministra ponderou que o reforço na fiscalização já possibilitou a redução do ritmo da destruição em setembro, com 282 quilômetros quadrados. "Houve o aumento do preço do ouro (o que estimula a abertura de garimpos) e da soja internacional. As pessoas estão desmatando por soja, pecuária, madeira e ouro", disse Izabella. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O comércio de madeira extraída ilegalmente na Amazônia, na África Central e no Sudeste Asiático movimenta de US$ 30 bilhões a US$ 100 bilhões por ano e é responsável por até 90% do desmatamento de florestas tropicais no mundo. O alerta foi feito na quinta-feira (27) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela Interpol, durante divulgação do relatório Carbono Verde: Comércio Negro.

De acordo com o levantamento, de 50% a 90% da exploração madeireira nos países daquelas três regiões é realizada pelo crime organizado, respondendo por até 30% do comércio global.

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A atividade, aponta o relatório, conta com velhas táticas, como suborno e falsificação de licenças, e tecnologias modernas de invasão de sites do governo. No total, foram descritas 30 formas de obtenção de madeira e "lavagem" de madeira ilegal.

Casos assim foram identificados no Brasil. Em 2008, diz o trabalho, hackers que trabalham com madeireiros ilegais no Pará acessaram licenças de corte e transporte de madeira, possibilitando o roubo de 1,7 milhão de m³ de floresta. A história envolveu 107 empresas, que acabaram sendo processadas em US$ 1,1 bilhão.

Segundo a Interpol, a retirada ilegal de madeira está associada também ao aumento de violência em geral, assassinatos e agressões a populações indígenas. A Polícia Internacional alerta que é necessário um esforço global coordenado para lidar com o problema.

"A exploração madeireira ilegal pode minar esse esforço, roubando as chances de um futuro sustentável de países e comunidades, caso as atividades ilícitas sejam mais rentáveis do que as atividades legais de Redd (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação)", afirmou o diretor executivo do Pnuma, Achim Steiner, durante a divulgação do relatório. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Na manhã quente e úmida de Paricatuba, no Amazonas, dezenas de fuzileiros, com apoio aéreo de aviões de ataque leve A-29 Super Tucano e helicópteros armados, tomaram em menos de 10 minutos um Pelotão Especial de Fronteira. Camuflada, a tropa chegou pelo rio, a bordo de lanchas rápidas e pouco antes das aeronaves. A guarnição "inimiga" bateu em retirada, abrigada pela selva.

Na Operação Amazônia 2012, o dia nesta quarta-feira (26) foi dedicado a ações combinadas. Os 5 mil militares envolvidos no exercício, que termina nesta sexta-feira (28), devem simular situações de defesa de área, interdição do espaço aéreo e deslocamento rápido, para missões múltiplas. Nas vilas e cidades, estão sendo oferecidos atendimento médico e assistência social.

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Embora seja um treinamento, o primeiro balanço do ensaio revelou resultados objetivos. Na rede fluvial da região foram apresadas, pela Marinha, sete embarcações irregulares - todas transportavam passageiros em excesso e sem recursos de segurança.Em ao menos três delas, havia armas. Nas outras quatro, a maior parte das pessoas encontradas a bordo estava sendo levada para participar de comícios eleitorais.

Pente grosso

A Operação Amazônia 2012 abordou 159 barcos e identificou estradas não mapeadas nos Estados do Pará, Amazonas, Acre e Rondônia. Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, que esteve nesta quarta-feira (26) na região, o programa "destina-se a preparar a tropa para a defesa, enquanto aplica um pente grosso nos locais por onde passa - é diferente da série Ágata, que faz um patrulhamento armado e real da linha de fronteira: é o pente fino". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Por Juliana Gomes

BELÉM - O Pará apresenta a maior perda absoluta de floresta original na região Norte. O estado amazônico foi considerado o maior com redução florestal das Áreas de Preservação Ambiental (APAs) entre 2009 e 2011 e nos últimos anos, ainda corre elevado risco de ter essas àreas reduzidas.

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Contidos no relátorio "Áreas protegidas críticas na Amazônia legal", do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), os dados apontam os dois grandes motivadores da redução: degradação ambiental e mudança na legislação que constitui as APAs. As áreas degradadas e ameaçadas incluem Unidades de Conservação(UCs) e Terras Indígenas(TIs).

A região Centro-Oeste do Pará, onde estão incluídos os municípios como Itaituba, Jacareacanga e Novo Repartimento, são uma das três com maior vulnerabilidade na Amazônia. A área de proteção recordista é a Floresta Nacional (Flona) de Jamanxim, em Novo Repartimento, Sul do Pará, que teve uma taxa de desmatamento de 43 km²/ano.

No caso das terras indígenas, a situação é crítica. No ranking das dez unidades com maior desmatamento, cinco são reservas, sendo que quatro delas estão no Pará.

Já na desafetação, que trata a redução através de mecanismos jurídicos, das áreas de proteção, o estado novamente possui a maior parte das reservas ameaçadas. São pelo menos dez ações judiciais ou projetos em andamento no legislativo que propõem extinção, redução ou permuta das unidades de conservação.

O principal motivador é a construção de usinas hidrelétricas. De acordo com o estudo, a Amazônia legal já perdeu cerca de 20.600 km² de APAs através de desafetação, a maioria (83%) ocorreu no últimos anos, entre 2009 e 2012.

O relátorio do Imazon aponta os desdobramentos esperados com as desafetações, como o estímulos a novas ocupações e maior degradação de APAs para forçar mudanças nas unidades. O estudo ainda aponta 17 APAs que serão impactadas de alguma forma por futuras desafetações. O Pará lidera novamente a lista por ser a principal rota da hidrelétricas previstas pelo PAC da Amazônia. Das 17, nove estão em territórios paraenses.

Dados divulgados nesta segunda-feira (24) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que no mês de agosto foi registrada a maior área de desmatamento da Amazônia Legal nos últimos três anos, Alavancada por altos índices nos Estados de Mato Grosso e Pará, a devastação do bioma foi de 522 km² no período.

Recorde no ano, a degradação representa aumento de 220% em relação a agosto do ano passado. Desde julho de 2009, quando foram registrados 836 km² de áreas desmatadas, a Amazônia Legal não havia atingido um nível tão alto - em 2012, o índice mensal não havia passado de 306 km², em fevereiro.

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Estados tradicionalmente com os maiores níveis de desmatamento da região amazônica, o Mato Grosso e o Pará tiveram uma variação drástica em relação a julho. No Pará, passou de 93 para 227 km². No Mato Grosso, a alta foi ainda mais brusca e quadruplicou: de 50, chegou a 208 km².

"Existe um afrouxamento deste controle do desmatamento em meio a questões como as mudanças no Código Florestal. E esses Estados são áreas de maior pressão para o desmatamento, pois é onde avança o agronegócio", explica Miguel Scarcello, presidente da ONG S.O.S. Amazônia. "Em outras regiões, como no Acre, existem políticas públicas mais desenvolvidas para diminuir a degradação", acrescentou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

A queda no desmatamento da Amazônia de 2004 até 2011 permitiu uma redução de 57% nas emissões de gases estufa brasileiras provenientes da região. O dado foi anunciado nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com base em um novo sistema de análise das emissões, o Inpe-Em.

O modelo, que começou a ser desenvolvido há três anos, oferece um detalhamento maior da situação por região e também ao longo do tempo. Ele combina informações de satélite do sistema Prodes do Inpe, que oferece anualmente as taxas de desmatamento, com mapas do total de biomassa que tem na região.

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A diferença em relação ao modelo tradicional é que esse trabalha com um cálculo simples: taxa de desmatamento versus biomassa média versus porcentagem de carbono da biomassa. "O novo sistema não só considera que as regiões são muito heterogêneas como o fato de que todo o carbono presente naquela biomassa não é emitido no instante do desmatamento. Parte é queimada, parte fica ainda um tempo no solo, na raiz, na madeira que foi retirada. A inovação foi incorporar esse processo ao arcabouço espacial", explica Ana Paula Aguiar, pesquisadora do Centro de Ciência do Sistema Terrestre, coordenadora do projeto.

Isso significa que as emissões continuam ocorrendo mesmo depois de ocorrido o desmate. Se fosse feito somente o cálculo simples, por exemplo, a redução de emissões teria sido de quase 74%, em vez dos 57% indicados no novo trabalho. A metodologia foi publicada recentemente na revista Global Change Biology.

O trabalho também conseguiu provar uma suspeita que já existia sobre o avanço do desmatamento - ele está seguindo na Amazônia em direção a áreas com maior biomassa. Isso significa que uma mesma quantidade de desmatamento no cenário atual acaba emitindo mais gás carbônico do que emitia anos atrás. "Tanto que é por isso que o desmatamento caiu numa taxa maior do que o caíram as emissões", afirma o pesquisador Jean Ometto, co-autor do trabalho. Por exemplo, a média de biomassa das áreas totais desmatadas entre 2002 e 2006 foi de 199 toneladas/hectare enquanto a de 2006 a 2011 foi de 214 toneladas/hectare.

"Percebemos isso nos cálculos, mas já era de se imaginar essa situação porque a região do arco do desmatamento é de fronteira com o Cerrado, que tem mesmo menos biomassa. Mas as frentes de desmatamento agora avançam para onde tem mais biomassa. O que nos dá um alerta para o futuro. Se por um acaso essa trajetória que estamos vivendo se inverter e o desmatamento voltar a crescer, seu impacto sobre as emissões será maior do que as emissões históricas", complementa Ana Paula.

Tradicionalmente o desmatamento da Amazônia foi responsável pela maior fatia das emissões de gases estufa do Brasil, contribuindo para deixar o Brasil entre os cinco maiores emissores do mundo. Em 2009, na Conferência do Clima de Copenhague, o então presidente Lula anunciou como meta brasileira a redução do desmatamento até 2020 a fim de, com essa ação, reduzir as emissões brasileiras em 34%.

Ainda não dá para saber quanto a redução já medida está impactando no total brasileiro porque não foi feito um novo inventário das emissões nacionais. No que existe, de 2009, referente a dados de 2005, o desmatamento da Amazônia respondia por 55%. Mas imagina-se que essa composição deve agora mudar porque o País está vivenciando um aumento da contribuição dos setores de transporte e de energia com combustíveis fósseis.

De acordo com Ometto, porém, considerando somente esses dados de 2005, a redução do desmatamento da Amazônia em relação à média histórica já aponta para uma redução de 22% no total das emissões do País. A expectativa do governo federal é lançar o próximo inventário nacional até o ano que vem, trazendo dados referentes até 2010.

Uma medida do governo do Amazonas para regulamentar os garimpos de ouro no Estado está sendo questionada pela comunidade científica local, que teme o agravamento dos altos níveis de mercúrio nos rios da Amazônia. Usada na extração do minério, a substância tóxica é manejada pela crescente leva de pequenos garimpeiros que chega à região.

Publicada em 15 de junho, a resolução 011/2012 tem o objetivo de combater os garimpos clandestinos, estabelecendo normas para as cooperativas locais. Segundo os pesquisadores, porém, a normativa - feita sem que os estudiosos sobre os impactos ambientais fossem consultados - legitima o uso do mercúrio com uma fiscalização pouco eficiente.

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o nível máximo aceitável para o ser humano é de 50 partes por milhão (ppm) de mercúrio no organismo. Os pesquisadores lembram que em regiões amazônicas como o Alto do Rio Negro, com alto grau da substância naturalmente presente no solo, a concentração média em populações ribeirinhas chega a 70 ppm.

"Correr o risco de aumentar esse nível é uma temeridade, especialmente em áreas de alto consumo de peixe", afirma o diretor-geral do Museu da Amazônia, Ennio Candotti, que enviou ao governo estadual uma carta aberta de protesto.

A resolução propõe a fiscalização do uso obrigatório do cadinho, ferramenta que auxilia na extração do ouro e recupera o mercúrio queimado para evitar a contaminação. "Não há notícia de fiscalização eficaz no Estado, o que torna pouco razoável acreditar que isso vá ocorrer. É preciso dizer qual o efetivo e com que frequência será feita a vigilância", afirma Candotti.

Hoje, segundo o Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado do Amazonas, apenas no Rio Madeira cerca de 3 mil famílias dependem da atividade garimpeira. Pesquisadores da região alertam que a forte alta no preço internacional do ouro pode causar um aumento drástico na extração clandestina, que pode se refletir em maior contaminação de mercúrio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As piores consequências do desmatamento sofrido pela Amazônia ao longo de 30 anos ainda estão por vir. Até 2050, podem ocorrer de 80% a 90% das extinções de espécies de mamíferos, aves e anfíbios esperadas nos locais onde já foi perdida a vegetação. A boa notícia é que temos tempo para agir e evitar que elas de fato desapareçam. Essa é a conclusão de uma pesquisa publicada na edição desta semana da revista Science.

Um trio de pesquisadores da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos considerou as taxas de desmate na região de 1978 a 2008 e levou em conta a relação entre espécies e área - se o hábitat diminui, é de se esperar que o total de espécies que ali vivem diminua, ao menos localmente.

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Acontece que os animais têm mobilidade, podem migrar para locais vizinhos ao degradado. Lá vão tentar sobreviver, competindo por recursos com animais que já estavam no local, de modo que o desaparecimento não é imediato, podendo levar décadas para se concretizar.

É essa diferença, que os pesquisadores chamam de "débito de extinção", que foi calculada no trabalho. Grosso modo, é uma dívida que teria de ser "paga" - em espécies animais - pelo desmatamento do passado. A ideia por trás do termo é tanto mostrar o que poderia acontecer se simplesmente o processo de extinção seguisse o seu rumo, quanto estimar qual pode ser o destino dessas espécies que dependem da floresta, considerando outros cenários de ações.

Mas em vez de calcular para toda a Amazônia - o que seria problemático, porque há uma diferença de riqueza de biodiversidade no bioma -, os autores mapearam os nove Estados em quadros de 50 quilômetros quadrados, a fim de estimar os impactos locais. Uma espécie pode deixar de ocorrer em uma dada área, mas isso não significa que ela desapareceu por completo.

Tanto que a literatura ainda não aponta a extinção de nenhuma espécie na Amazônia, explica o ecólogo Robert Ewers, do Imperial College, de Londres, que liderou o estudo. "Uma razão para isso é que o desmatamento se concentrou no sul e no leste na Amazônia, enquanto a mais alta diversidade de espécies se encontra no oeste da região. Mas não há dúvida de que muitas estão localmente extintas onde o desmatamento foi mais pesado."

Na pior hipótese, a do "business as usual", considera-se a continuidade do modelo da expansão da agricultura; na melhor, que o desmatamento zere até 2020. Os pesquisadores propõem, no entanto, que o cenário mais realista é o que considera a permanência da governança, ou seja, das ações governamentais que levaram à queda do desmatamento nos últimos anos.

Mas mesmo nessa situação é de se esperar que espécies sumam. Em 2050, os pesquisadores estimam que localmente (nos quadros de 50 km² podem desaparecer de 6 a 12 espécies de mamíferos, aves e anfíbios em média; enquanto de 12 a 19 podem entrar na conta do que pode ser extinto nos anos seguintes.

Eles reforçam que isso ainda não aconteceu e defendem que ações que aumentem as unidades de conservação e promovam a restauração de áreas degradadas têm potencial de evitar o danos. Os mapas mostram em quais áreas esse esforço poderia promover mais benefícios.

Em outro artigo na Science que comenta o trabalho, Thiago Rangel, da Universidade Federal de Goiás, pondera que a conjuntura atual é incerta. "O governo vai investir pesado em infraestrutura, estão previstas 22 hidrelétricas de grande porte, estão sendo reduzidas as unidades de conservação e o Código Florestal vai ficar mais frouxo. A trajetória dos dez anos que passaram dava uma sinalização otimista, mas são os próximos dez anos que vão dizer o que vai acontecer." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O ritmo das motosserras no Mato Grosso dobrou desde a apuração da última taxa oficial de desmatamento da Amazônia. Satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectaram 637 quilômetros quadrados de desmatamento no Estado entre agosto e março, segundo dados preliminares. Isso representa um aumento de 96% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O corte de grande extensão de floresta aconteceu apesar da presença de fiscais na região. Em dois meses e meio, até 16 de março, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) embargou 4,3 mil quilômetros quadrados de áreas para a produção em Mato Grosso, por desmatamento ilegal. As multas aplicadas no Estado somaram R$ 31,6 milhões até essa data. O valor equivale a 64% das multas por desmatamento ilegal em toda a Amazônia no período.

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"É inegável que temos um pico de desmatamento no Mato Grosso", disse a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) ao comentar os números, após reunião com integrantes da área de inteligência do governo. O ministério cobra explicações do Estado sobre autorizações de desmatamento concedidas no período.

"Ainda não temos as explicações, mas sabemos que tem gente lá dizendo que pode desmatar porque o sujeito vai ser anistiado", afirmou a ministra, apontando entre as hipóteses para explicar o pico de corte de floresta do Mato Grosso expectativas falsas criadas pelo debate do Código Florestal, em votação no Congresso. A lei estadual de zoneamento econômico-ecológico, que ampliava os casos de anistia a desmatadores, teve seus efeitos suspensos recentemente.

Izabella Teixeira também considerou o efeito de lei sancionada em dezembro pela presidente Dilma Rousseff e que supostamente esvaziaria o poder de fiscalização do Ibama. "Não existe nada na lei que impeça a atuação de órgãos federais", insistiu a ministra. A lei determina que cabe aos estados fiscalizar as áreas em que têm competência para licenciar o corte de vegetação. Ainda de acordo com a lei, prevalece o auto de infração estadual, o que pode levar a que proprietários de terra recorram das multas de R$ 49,4 milhões aplicadas pelo Ibama desde janeiro.

O novo surto de desmatamento em Mato Grosso foi detectado em fevereiro por conta da baixa cobertura de nuvens na região. As nuvens atrapalham a visão dos satélites. De qualquer forma, o desmatamento aconteceu em período de chuvas, quando a atividade das motosserras tradicionalmente cai na Amazônia. No ano passado, Mato Grosso já havia provocado a convocação de um gabinete de crise no governo, por conta do ritmo acelerado do desmatamento.

Demais estados da Amazônia

Nos últimos meses, o satélites do Deter (mais rápidos, mas menos precisos) também detectaram aumento de 363% do abate de árvores em Roraima. O governo federal ainda apura os motivos de a taxa no Estado ter aumentado 363% entre agosto em março, comparado ao mesmo período do ano passado.

Embora seja proporcionalmente maior do que o aumento do desmatamento no Mato Grosso, o abate de árvores em Roraima somou 56 quilômetros quadrados, menos de 9% do que foi desmatado no Estado governado por Silval Barbosa (PMDB). O governo acredita que a migração da atividade madeireira do Pará possa explicar o abate de floresta em Roraima. Rondônia também registrou aumento, de 9,7%.

Os demais estados da Amazônia tiveram queda do desmatamento nos oito primeiros meses de coleta da nova taxa oficial da Amazônia. No Pará, as nuvens ainda atrapalham a visão dos satélites. Por isso, o diretor do Inpe, Gilberto Câmara, admite que o resultado apurado até aqui pode não corresponder à realidade. "O Pará ainda está sob nuvens", comentou. No Estado, os fiscais já embargaram neste ano 2,3 mil quilômetros quadrados de áreas desmatadas para a produção. As multas aplicadas ultrapassam R$ 15,5 milhões.

No conjunto dos Estados da Amazônia Legal, o desmatamento somou 1.398 quilômetros quadrados entre agosto de 2011 e março deste ano, contra 1.371 quilômetros quadrados em igual período anterior. "Não temos crise de desmatamento, estamos procurando nos antecipar a qualquer tendência de aumento", disse a ministra.

Brasília - A taxa anual de desmatamento da Amazônia, divulgada hoje (5) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de 6.238 quilômetros quadrados (km²), mantém a tendência de queda da derrubada e é a menor desde o início do levantamento, em 1988. Com a devastação em queda, o governo quer agora investir na recuperação de áreas do bioma que já foram desmatadas e estão abandonadas.

“O que está em debate hoje não é só coibir o desmatamento, temos que avançar em relação ao que está em regeneração na Amazônia. É preciso avançar no monitoramento dessas áreas em regeneração”, disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, durante a apresentação dos dados.

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Cerca de 20% de toda a área já desmatada na Amazônia são ocupadas por vegetação secundária, áreas que se encontram em processo de regeneração avançado ou que tiveram florestas plantadas com espécies exóticas, de acordo com levantamento feito pelo Inpe e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

De acordo com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, essas áreas poderão ser utilizadas como sumidouros de carbono, porque funcionam como absorvedoras de dióxido de carbono, principal gás de efeito estufa.

“Se aumentarmos a fiscalização, e aumentarmos a produtividade da pecuária – que ocupa 62% das áreas desmatadas – poderíamos, sem desmatar mais, transformar a Amazônia em um grande instrumento de sequestro de carbono, mudando totalmente o balanço brasileiro de emissões”, avaliou.

O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, calcula que essa mudança do papel da Amazônia no cenário brasileiro de emissões de gases de efeito estufa deve ocorrer nos próximos anos. “A recomposição da floresta junto com as medidas do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que prevê meta contínua de redução do desmatamento, vão fazer com que a Amazônia, a partir de 2015, possa de transformar em um centro de absorção de carbono”.

Brasília - Entre agosto de 2010 e julho de 2011, a Amazônia perdeu 6.238 quilômetros quadrados (km²) de floresta. É a menor taxa anual de desmate registrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desde o início do levantamento, em 1988.

O número é calculado pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), que utiliza satélites para observação das áreas que sofreram desmatamento total, o chamando corte raso.

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A taxa de 2011 é 11% menor que a devastação registrada pelo Inpe em 2010, de 7 mil km². Apesar da queda, a área desmatada na Amazônia Legal em um ano ainda é maior que o Distrito Federal ou quatro vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

De acordo com o diretor do Inpe, Gilberto Câmara, quase todos os estados da Amazônia registraram queda no desmatamento entre 2010 e 2011. Apenas em Mato Grosso e Rondônia os satélites verificaram aumento das derrubadas. Mato Grosso desmatou 1.126 km² no período, aumento de 20% em relação a 2010. Em Rondônia, o Inpe registrou 869 km² de novos desmates em um ano, área o dobro da desmatada no período anterior.

No Pará, houve queda de 15% em relação a 2010, mas o estado ainda lidera o ranking anual de desmatamento, com 2.870 km² de florestas a menos entre agosto de 2010 e julho de 2011.

O governo atribui à queda do desmatamento anual às ações de fiscalização e combate, reforçadas a partir de abril, quando o sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), também do Inpe, mostrou aumento significativo do desmatamento, principalmente em Mato Grosso e Rondônia.

“Os alertas do Deter desencadearam operações significativas que reduziram muito a incidência do desmatamento em Mato Grosso. Por causa dessa ação, verificamos que o desmatamento que em abril tinha indícios de que iria crescer, manteve-se por mais um ano em queda”, avaliou o diretor do Inpe, Gilberto Câmara.

De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Curt Trennepohl, somente em Mato Grosso, as operações resultaram no embargo de 38,5 mil hectares de áreas desmatadas irregularmente. Em toda a Amazônia Legal, o número chega a 79 mil hectares embargados, além de 8 mil autos de infração aplicados, 350 caminhões apreendidos e 42 mil metros cúbicos de madeira em tora apreendidos.

A pesquisa foi organizada pela Articulação Regional Amazônica (ARA) e divulgada durante o encontro Cenários e Perspectivas da Pan-Amazônia, organizado pelo Fórum Amazônia Sustentável.

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio propõem metas para melhorar indicadores de pobreza, educação, saúde, desigualdade de gênero, mortalidade infantil e materna e de meio ambiente. Estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000, os ODM têm metas a serem cumpridas até 2015.

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Desde a década de 1990, a Amazônia registrou melhoria na maioria dos indicadores, mas os avanços não foram significativos e ainda deixam os índices regionais abaixo das médias nacionais. Dos oito objetivos estabelecidos até 2015, apenas um já foi alcançado na parte amazônica de todos países analisados no estudo: a eliminação da desigualdade de escolaridade entre homens e mulheres.

“Faltam poucos anos para o prazo estabelecido pela ONU para o cumprimento das Metas do Milênio e ainda há muito trabalho para que sejam cumpridas na Amazônia. Há muita diferença de resultados entre os países que compõem a Amazônia, assim como variações internas”, diz o relatório.

Com Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 330 bilhões, a região abriga desigualdades e desafios que dificultam a superação da pobreza, uma das principais metas da ONU. De acordo com o estudo, cerca da metade da população que vive na região amazônica desses países encontra-se abaixo da linha de pobreza, com situação crítica no Equador e na Bolívia.

“A Amazônia é sempre a parte mais pobre de cada país porque é uma região que tem padrão de desenvolvimento baseado ainda na extração de recursos naturais, com grande impacto ambiental associado. E os modelos de agregação de valor em uma economia mais intensiva são ainda incipientes. Se desmata e continua pobre, a solução não é desmatar para gerar riqueza”, avaliou o coordenador nacional da pesquisa, Adalberto Veríssimo, do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

O Brasil é citado como o único país da região que já cumpriu a meta de reduzir pela metade a proporção da população que sofre de fome. O país tem, por exemplo, taxa de desnutrição infantil de 4%, bem abaixo da média dos países latino-americanos (10%). O Peru e a Bolívia ainda registram taxas altas, com mais de 20% de crianças desnutridas.

A falta de saneamento e baixas taxas de emprego formal também estão entre os obstáculos para a redução da pobreza na Pan-Amazônia, segundo o trabalho.  Os índices de desemprego na região são baixos, mas a informalidade é alta. De acordo com o levantamento, mais da metade da população amazônica economicamente ativa trabalham no mercado informal, sem benefícios e direitos sociais.

“Também persistem problemas sérios como o trabalho infantil e o trabalho forçado”, aponta o relatório. Só no Brasil, mais de 15 mil pessoas foram resgatadas de trabalho análogo à escravidão entre 2003 e 2009 em regiões rurais da Amazônia,  segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) citados no documento.

As taxas de mortalidade materna e infantil – que permanecem altas em alguns países –, a grande ocorrência de doenças como a malária e a tuberculose e o aumento da propagação da aids também rebaixam os indicadores da Pan-Amazônia e distanciam a região do cumprimento dos ODM relacionados à saúde. De acordo com o levantamento da ARA, a mortalidade infantil caiu em todos os países amazônicos, mas não o suficiente para ser reduzida em dois terços até 2015, como previsto nas metas do milênio, com exceção da Venezuela.

Em relação aos indicadores de educação, todos os países avaliados conseguiram aumentar a taxa de matrícula na educação básica, que alcança 90% das crianças em idade escolar.  No entanto, mais de dois terços das crianças que ingressam na escola estão fora da idade adequada. Na Amazônia brasileira, por exemplo, 26% dos estudantes da educação básica em 2008 tinham idade superior à recomendada para a série, segundo dados apresentados na pesquisa.

Além da distorção idade-série, a evasão escolar também compromete melhores resultados nos indicadores educacionais da região. “Ainda que o crescimento da taxa de matrícula seja um avanço importante, os países precisam aumentar esforços e investimentos para que os estudantes completem o ciclo escolar”, destaca o documento.

Os indicadores ambientais na região mostram avanços na criação de unidades de conservação e no reconhecimento de terras indígenas. No entanto, o desmatamento ainda ameaça a floresta e a biodiversidade. O Brasil é apontado como responsável por 72% do desmate anual da Amazônia, seguido pela Venezuela (12,5%) e pelo Peru (4,7%). Os autores reconhecem, no entanto, que a participação brasileira pode estar superestimada pela falta de dados de outros países. “Nem todos os países amazônicos têm um sistema de monitoramento anual do desmatamento”, diz o texto. Até o fim de 2011, a Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg) deve divulgar mapas mais atualizados da floresta, com indicadores de desmatamento, exploração de gás e óleo e outras pressões.

Brasília – O site New 7 Wonders divulgou hoje o resultado da votação que elegeu as Sete Novas Maravilhas Naturais do mundo, e entre elas, estão a Amazônia e as Cataratas do Iguaçu. De acordo com os organizadores, o resultado ainda não é definitivo porque agora os votos serão verificados, validados e depois passarão por uma auditoria.

Os outros locais eleitos são a Baía Halong, no Vietnã; a Ilha Jeju, na Coreia do Sul; a Ilha Komodo, na Indonésia; o Rio Subterrâneo de Porto Princesa, nas Filipinas; e a Montanha da Mesa, na África do Sul. Os locais foram anunciados em ordem alfabética e não por ordem de votação. O concurso recebeu cerca de 1 bilhão de votos.

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Inicialmente, foram inscritos 440 locais de mais de 220 países, filtrados em 28 finalistas, depois a 14, e finalmente aos sete vencedores. A organização ressalta que pode haver alguma mudança nos países eleitos com a recontagem de votos.

As Cataratas do Iguaçu, com seus 275 saltos ao longo do rio, é considerada a maior cortina de água do mundo e teve candidatura binacional franqueada pelo Brasil e pela Argentina. A linha fronteiriça entre os dois países passa pela Garganta do Diabo – o maior de seus saltos.

A Amazônia ocupa cerca de 5,5 milhões de quilômetros quadrados que se espalham por nove países. O Brasil tem cerca de 60% da floresta, e o resto está dividido entre o Peru, Equador, Suriname, a Colômbia, Venezuela, Bolívia, Guiana e Guiana Francesa.

De acordo com a coordenadora-geral de Regionalização do Ministério do Turismo, Ana Clévia Guerreiro, essa conquista vem somar ao momento positivo de exposição mundial que o país vive com a chegada da Copa do Mundo e das Olimpíadas. “Isso dá visibilidade para o Brasil, e não é só o turismo que se beneficia, mas todas as atividades econômicas que envolvem as belezas naturais”.

Ela também ressaltou que a premiação beneficiará o turismo de todo o país, e não só dos locais escolhidos. “Quando a pessoa vem ao Brasil, ela tem um tempo de permanência maior e deseja aproveitar ao máximo para conhecer o que pode do país. Ela faz um roteiro misto onde tem algo principal que motivou a viagem dela e depois aproveita para conhecer outras coisas”.

 

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