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O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou que áreas de instabilidade, causadas pelo calor e pela alta umidade, ocasionaram tempestades no sábado, 23, no norte gaúcho, em Santa Catarina, no Paraná, no Mato Grosso do Sul e em parte do Sudeste, incluindo o Estado de São Paulo.

Conforme o Inmet, esse padrão meteorológico, que chegou a provocar vários pontos de alagamento e quedas de árvore na cidade de São Paulo, antecede a formação de um ciclone extratropical e a passagem de uma frente fria entre o fim deste domingo e o decorrer da segunda-feira, 25, pela região Sul do País.

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A previsão indica risco de chuva forte no dia de celebração do Natal, com ventos acima de 70 quilômetros por hora e queda de granizo.

De acordo com informações da Defesa Civil do Rio Grande do Sul divulgadas no sábado, 23, o ciclone extratropical deve se formar sobre o oceano, próximo à costa gaúcha, ao longo desta segunda-feira. "As equipes da Defesa Civil e da Sala de Situação seguem monitorando a evolução desse quadro e, se forem identificados riscos, serão adotadas as providências pertinentes."

Em setembro deste ano, um ciclone atingiu cerca de 70 municípios gaúchos e causou mais de 50 mortes, deixando quase 5 mil desalojados ou desabrigados.

Pontos de alagamento e quedas de árvores em São Paulo

As fortes chuvas provocaram quatro pontos de alagamento e 26 quedas de árvores na cidade de São Paulo, segundo informações do Corpo de Bombeiros.

No Estado paulista, ainda houve registro da queda de um avião de pequeno porte, no município de Jaboticabal, e uma notificação de um homem que morreu eletrocutado, em Ribeirão Preto.

Fenômeno se intensifica sobre o Oceano Atlântico no RS

O fenômeno se intensifica sobre o Oceano Atlântico, na costa gaúcha. "A convergência de umidade associada ao processo de formação deste sistema e os encontros de ventos quentes e úmidos de norte e mais frios do sul dão origem à formação de áreas de instabilidade sobre grande parte da Região Sul, com previsão de chuvas intensas, rajadas de vento e queda de granizo", disse o alerta do Inmet.

As rajadas de vento podem ficar entre 80 e 100 quilômetros por hora na faixa leste do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, entre a noite de segunda e a manhã de terça-feira, 26. Nesse dia, na faixa leste da Região Sul e nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, também haverá ventos fortes.

Enquanto o ciclone se desloca sobre o oceano, um sistema de alta pressão, com vento frio e seco, favorece a queda nas temperaturas nos três Estados do Sul, em Mato Grosso do Sul e leste da Região Sudeste, incluindo parte de São Paulo.

Em Santa Catarina, o meteorologista Caio Guerra, da Defesa Civil estadual, alertou na sexta-feira para o tempo instável no fim de semana, com risco de temporais acompanhados de rajadas de vento e raios. "Essas condições podem provocar transtornos, como destelhamentos, quedas de árvores e danos na rede elétrica, assim como alagamentos e enxurradas pontuais", disse.

O alerta incluiu a Grande Florianópolis e o Vale do Itajaí.

Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado, em maio deste ano, o fim da emergência de saúde pública provocada pela covid-19, os efeitos indiretos da pandemia devem continuar sendo monitorados, no que se referem ao aumento de casos de suicídio. Essa é a ideia defendida por pesquisadores do Instituto Leônidas & Maria Deane da Fundação Oswaldo Cruz no Amazonas (ILMD/Fiocruz Amazônia), neste 10 de setembro, Dia Mundial da Prevenção do Suicídio.

Com base em dados de mortalidade do Ministério da Saúde, o epidemiologista Jesem Orellana, o psiquiatra Maximiliano Ponte, da Fiocruz Ceará, e o pesquisador sênior da Fiocruz Amazônia Bernardo Lessa Horta se propuseram a analisar a ocorrência de casos de suicídios no país durante as fases mais críticas da pandemia.

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Eles identificaram um número maior que o esperado – com base em médias históricas – nas faixas de idade a partir dos 30 anos, sobretudo em mulheres das regiões Norte e Nordeste. O estudo Excess Suicides in Brazil during the First Two Years of the Covid-19 Pandemic: Gender, Regional and Age Group Inequalities (Excesso de Suicídios no Brasil nos Dois Primeiros Anos da Pandemia de Covid-19: Desigualdades de Gênero, Regionais e de Faixas Etárias) foi publicado no International Journal of Social Psychiatry, tradicional periódico no campo da psiquiatria social.

Mulheres

Entre março de 2020 – início da pandemia no Brasil – e fevereiro de 2022, os pesquisadores identificaram cerca de 30 mil casos no país. Até então, número dentro do esperado. Porém, no segundo ano do estudo (março de 2021 a fevereiro de 2022), o cenário teve pontos críticos. “Houve 28% de suicídios além do esperado em mulheres com 60 anos ou mais da região Sudeste, bem como 32% e 61% de suicídios além do esperado em mulheres na faixa de 30 a 59 anos das regiões Norte e Nordeste, respectivamente.”

Além disso, a pesquisa aponta que, entre os meses de julho e outubro de 2021, registrou-se o “alarmante excesso de suicídios de 83% em mulheres com 60 anos e mais do Nordeste”.

O estudo reforça que países severamente atingidos pelos efeitos diretos da pandemia, como o Brasil – onde houve mais de 700 mil mortes – foram mais propensos aos efeitos indiretos sobre outras causas de morte, como o suicídio.

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho, revelam que, em 2022, o Brasil teve 16,2 mil casos de suicídios, uma média de 44 por dia. Em 2021, tinham sido 14,4 mil, um crescimento de quase 12%.

“Infelizmente, nosso estudo mostrou um agravamento do problema, sobretudo entre as mulheres”, lamenta Orellana, que é também chefe do Laboratório de Modelagem em Estatística, Geoprocessamento e Epidemiologia da Fiocruz Amazônia.

Acompanhamento de casos

Para o pesquisador, monitorar os casos, identificar as segmentações de idade, gênero e regiões fazem parte de um conjunto de estratégias de enfrentamento do cenário. “Um dos primeiros passos é monitorar adequadamente o problema, pois o desafio da subnotificação, especialmente em regiões menos desenvolvidas, limita o alcance de políticas públicas adequadas à sua prevenção, justamente entre os mais vulneráveis”, disse à Agência Brasil.

De acordo com o estudo publicado na revista internacional, o fato de o Brasil ter tido um número tão grande de mortes por covid-19 e outros danos materiais e imateriais fazem que efeitos devastadores da pandemia não tenham ficado totalmente para trás.

“É fundamental que trabalhadores de saúde, pesquisadores, população em geral, gestores e tomadores de decisão não apenas sigam monitorando os possíveis efeitos residuais da pandemia sobre os suicídios e se preparando para novas emergências sanitárias, como também promovam o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial”, defende.

Acolhimento

A Rede de Atenção Psicossocial corresponde a um conjunto articulado de diferentes pontos de atenção à saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com foco em acolhimento e tratamento de pessoas com transtorno mental e/ou dependências químicas.

“Em termos de atenção psicossocial, é crucial a ampliação de estratégias que integrem e envolvam não apenas vítimas em potencial e pessoas do entorno, mas diferentes atores da sociedade civil organizada, tomadores de decisão, trabalhadores de saúde e comunidade”, observa Orellana.

Na visão do pesquisador, a sociedade deve ter parte ativa no enfrentamento do problema.

"É preciso ampliar a discussão do problema junto à sociedade, pois mitos, tabus e até mesmo visões preconceituosas ou pouco empáticas acabam agravando o problema", aponta. "Neste caso, processos de escuta ativa e o reconhecimento de sinais que indicam conduta ou propensão ao suicídio são cruciais, assim como limitar métodos que oportunizam a autoagressão letal, como armas de fogo", conclui.

A opinião do pesquisador sobre a importância de “quebrar o silêncio” para prevenir casos de suicídio faz coro a outros especialistas, como já mostrou reportagem da Agência Brasil.

Setembro Amarelo

Estamos em pleno Setembro Amarelo, mês especialmente dedicado à prevenção do suicídio. Um dos objetivos da ação é aumentar a conscientização sobre sinais de que uma pessoa pensa em tirar a própria vida. A Agência Brasil aponta alguns indícios, segundo a campanha:

- Expressão de ideias ou de intenções suicidas;

- Publicações nas redes sociais com conteúdo negativista ou participação em grupos virtuais que incentivem o suicídio ou outros comportamentos associados;

- Isolamento e distanciamento da família, dos amigos e dos grupos sociais, particularmente importante se a pessoa apresentava uma vida social ativa;

- Atitudes perigosas que não necessariamente podem estar associadas ao desejo de morte (dirigir perigosamente, beber descontroladamente, brigas constantes, agressividade, impulsividade, etc.);

- Ausência ou abandono de planos;

- Forma desinteressada como a pessoa está lidando com algum evento estressor (acidente, desemprego, falência, separação dos pais, morte de alguém querido);

- Despedidas (“acho que no próximo Natal não estarei aqui com vocês”, ligações com conotação de despedida, distribuir os bens pessoais);

- Colocar os assuntos em ordem, fazer um testamento, dar ou devolver os bens;

- Queixas contínuas de sintomas como desconforto, angústia, falta de prazer ou sentido de vida;

- Qualquer doença psiquiátrica não tratada (quadros psicóticos, transtornos alimentares e os transtornos afetivos de humor).

Obter ajuda

Entre os profissionais que tratam de saúde mental e instituições especialistas em prevenção ao suicídio, é unânime a ideia de procurar (ou orientar) ajuda específica sempre que sentir necessidade de acolhimento (ou perceber que alguém precisa). Veja alguns canais de acolhimento:

- Centro de Valorização da Vida (CVV), realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias.

- Mapa da Saúde Mental, que traz uma lista de locais de atendimento voluntário online e presencial em todo país.

- Pode Falar, um canal lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) de ajuda em saúde mental para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. Funciona de forma anônima e gratuita, indicando materiais de apoio e serviço.

 

O Google Fotos atualizou e os usuários ganharam a opção de adicionar 12 efeitos nos vídeos da biblioteca. A edição com apenas alguns toques permite modificar a aparência do conteúdo, como se fosse um filtro. 

Para aproveitar a novidade, basta logar no Google Fotos > selecionar um vídeo dentro da plataforma > clicar na opção "Editar"> "Efeitos" > "Guardar cópia" 

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Disponível para edições no Android e iOS, os novos efeitos do Google Fotos são: Mistura de pó, Rasgo de papel, Filme a preto e branco, Lomo, Fuga de luz, Ambiente de filme, Cromático, Olho de peixe, Vintage, Disposição, Filme retro e Poster. 

A novela Travessia chegou ao fim na última sexta-feira (5). A trama de Glória Perez até o último capítulo não passou ilesa das críticas e piadas nas redes sociais.

A cena do nascimento do filho de Chiara, interpretada por Jade Picon, foi marcada pelo uso excessivo de efeitos especiais, o público não perdoou e o momento virou chacota na web.

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Confira:

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Uma comitiva de ministros do governo federal chega nesta quinta-feira (23) ao Rio Grande do Sul, onde vai visitar a cidade de Hulha Negra, na fronteira com o Uruguai. Nessa quarta (22), o governo anunciou a liberação de R$ 430 milhões para combater os efeitos da estiagem que afeta cerca de 300 municípios do estado pela terceira safra consecutiva.

Os recursos serão aplicados na agricultura, no desenvolvimento social e na defesa civil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o repasse, após reunir-se no Palácio da Alvorada com ministros. Os participantes do encontro avaliaram as demandas de prefeitos, deputados, vereadores e entidades de trabalhadores do campo.

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Em entrevista à Agência Brasil na última terça-feira (21), o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, disse que dos municípios atingidos, 28 já apresentaram o seu plano de prioridades. Para atender a esses municípios, foram disponibilizados R$ 6,4 milhões. Os recursos estão sendo utilizados para liberação de carros-pipas e compra de cestas básicas.

As maiores perdas afetam as culturas de soja e milho, ambas fundamentais para a economia do município. Também há comprometimento da produção de mel e prejuízos na pecuária de leite. Os impactos atingem pelo menos 1,2 mil propriedades rurais, sendo que mais de 800 são pequenas e estão em assentamentos.

Segundo o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o prejuízo estimado é de quase R$ 5 milhões na pecuária de leite e de corte. Somados os danos nas lavouras, o impacto econômico ultrapassa R$ 38 milhões. Ainda segundo a Emater, somente na soja, as perdas já alcançam 40% na produção de Hulha Negra.

A expectativa é de que, durante a viagem, sejam anunciadas medidas de auxílio aos atingidos pela seca, entre elas uma linha de crédito emergencial para pequenos e médios produtores. No início de fevereiro, uma comitiva gaúcha esteve em Brasília em busca de ajuda para o estado.

Devem integrar a comitiva ao Rio Grande do Sul os ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro; do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, além do presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edgar Pretto.

As dificuldades enfrentadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para concluir os trabalhos do Censo Demográfico 2022 fizeram o órgão adiar ao menos três divulgações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que retrata a situação do mercado de trabalho no País.

As datas das três próximas divulgações do levantamento foram postergados em até um mês cada uma.

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"Em virtude da criação de uma força-tarefa que está utilizando a estrutura de coleta das Superintendências Estaduais para a coleta do Censo Demográfico 2022, houve extensão do prazo de fechamento do banco de dados das entrevistas", justificou o IBGE, em nota.

A divulgação da Pnad Contínua mensal referente ao trimestre móvel encerrado em novembro foi adiada de 28 de dezembro de 2022 para 19 de janeiro de 2023.

A edição mensal referente ao trimestre móvel terminado em dezembro foi transferida de 31 de janeiro de 2023 para 28 de fevereiro.

Já a divulgação da Pnad Contínua trimestral, que traz os dados regionais do mercado de trabalho referentes ao quarto trimestre de 2022, passou de 15 de fevereiro para 28 de fevereiro do ano que vem.

O IBGE informou na semana passada que precisaria prorrogar novamente a coleta do Censo Demográfico 2022, diante da dificuldade de contratação de recenseadores.

Com novos atrasos em campo, o prazo foi estendido de dezembro até, no mínimo, o fim de janeiro. O trabalho de levantamento de informações, que teve início em 1º de agosto, estava previsto inicialmente para se estender apenas até o fim de outubro.

O que vem à sua mente quando pensa em um perfeccionista? Você pode lembrar de figuras exemplares como aquele aluno disciplinado nota 10, um profissional metódico e pontual de alto desempenho ou alguém que mantém todos os cantos da casa incrivelmente limpos. Embora muitas vezes seja incluído como característica positiva da personalidade (especialmente em entrevistas de emprego), o perfeccionismo pode manifestar sua faceta nociva.

Quando seus padrões são elevados e rígidos e a autocrítica é feroz, a vida se torna cansativa, os projetos não saem do papel e a insatisfação é recorrente, minando a autoestima. Ansiedade, depressão e outros problemas da saúde mental podem decorrer dessa espiral de descontentamento.

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A analista Jéssica Neves Rodrigues, de 33 anos, reconheceu há pouco tempo que o perfeccionismo atrapalha a sua vida. Quando escreve um bilhete à mão, por exemplo, costuma refazê-lo algumas vezes até que aprove a sua caligrafia. "Isso é exaustivo. Eu me cobro muito e tenho dificuldade em delegar funções porque sempre acho que faço melhor", diz.

"Comecei a enxergar meu perfeccionismo como defeito, não como qualidade. Quando senti ansiedade diante das tarefas que eu adiava e não terminava. Isso me dava sensação de impotência que baixava a minha autoestima", conta ela que, com o apoio de uma psicóloga, aprendeu a se cobrar menos.

Na psicologia, é mais comum encontrar pesquisas sobre impactos negativos do perfeccionismo, mas há estudos que distinguem o perfeccionismo "adaptativo", com efeitos positivos na vida da pessoa que sai da zona de conforto para buscar a evolução, e o "mal adaptativo", que leva a pessoa a focar no erro, já que considera que não deveria errar, explica a neuropsicóloga clínica Priscila Covre.

No seu consultório, ela recebe muitos pacientes que têm padrões de comportamento perfeccionistas, mas que não se percebem assim - e nem fazem a correlação entre essa característica e os impactos negativos em suas vidas. "O perfeccionismo pode atrapalhar a vida quando a pessoa estabelece metas e padrões altos, pouco realistas e inflexíveis. Ela pode perder um tempo grande tentando alcançar esse padrão, sem coragem de dar um passo para trás, e ficar isolado", diz a psicóloga.

Outro padrão nocivo é focar demais nos erros e só aceitar a "nota 10", sem reconhecer pequenos avanços. "Quando consegue algo, ele desvaloriza. Se não consegue, faz autocrítica pesada. Ou nem começa a fazer por medo de errar, o que faz dele um procrastinador, que adia as suas tarefas", diz.

Meritocracia, perfeccionismo e síndrome do impostor

A psicóloga Priscila percebe que o perfeccionismo tem se tornado mais comum. "Os padrões culturais reforçam a meritocracia do valor próprio, que constrói uma autoestima baseada em desempenho: para eu merecer ser amado e ter valor como ser humano, preciso me esforçar, conquistar."

Uma pesquisa da American Psychological Association identificou o aumento do perfeccionismo entre universitários, causado por altas expectativas e críticas dos pais, com possíveis impactos na saúde mental dos jovens. No estudo, com universitários nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, foi identificada alta de 40% de percepção dos jovens em relação à expectativa dos pais entre 1989 e 2021.

"Se a criança tiver um perfeccionismo desadaptativo, a sensação de nunca satisfazer os padrões elevados almejados internamente, combinado com a expectativa de seus pais, pode comprometer a saúde psicológica com estresse, ansiedade e até mesmo depressão", afirma a psicóloga Ana Karla Silva Soares, professora de Psicologia na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).

Ana Karla coordena o Núcleo de Pesquisa em Psicometria e Psicologia Social (NPPS), onde o perfeccionismo é um dos temas mais estudados. Nas pesquisas do NPPS, os resultados demonstraram que o perfeccionismo está associado a outras variáveis psicológicas como autoestima, procrastinação e síndrome do impostor - sentimento de que é uma fraude e que o sucesso não se deve a nossa habilidade, mas sim a fatores externos como sorte.

Apesar de ter conquistado diversos títulos acadêmicos, a sensação de ser boa o suficiente não chegou para a historiadora Mariana Sarkis Olson, de 33 anos. "Tenho dificuldade em comemorar minhas conquistas", afirma. Desde que estava no ensino fundamental, ela tem vergonha de não entregar algo perfeito, o que traz ansiedade, frustração e insegurança.

"Vivi em constante sensação de estar paralisada, pois a meta sempre foi tão alta que torno a execução sofrida ou impossível. Daí vem a 'senhora procrastinação' para me assombrar", afirma. Por isso, Mariana parou de escrever poesia, as aulas de pintura e se esqueceu do quanto amava fazer teatro. Ela acredita que o perfeccionismo tenha raízes na infância. "Eu ouvia que tirar nota 10 não era mais do que minha obrigação e que se não fosse para fazer direito, era melhor nem fazer."

Mas Mariana procurou ajuda: se esforça para evitar impactos negativos do perfeccionismo com ajuda da psicoterapia há três anos. "Estou aprendendo a reconhecer gatilhos, as vozes internas que me travam. Preciso me comparar menos e agir mais." Diante de uma atividade, aprendeu a "quebrar em pedacinhos" para quebrar o medo e realizar seus projetos e planos aos poucos.

Feito é melhor que perfeito

Ela aprendeu a técnica com a designer de moda Lígia Baleeiro, de 38 anos, criadora do Jogo da Execução. Ligia organiza grupos de pessoas que se sentem travadas pelo próprio perfeccionismo e propõe missões simples com prazo curto de entrega, como estratégia para que enfrentem o sentimento de desconforto de não fazer a tarefa de forma perfeita. "Ao final das missões, elas retomam a confiança de executar seus projetos", observa.

Lígia afirma que sempre se cobrou excessivamente e não conseguia começar ou sustentar seus projetos, mas não percebia que era perfeccionista. Quando saiu da faculdade de Moda, abriu um brechó online com amigas, que não vingou. "Não deu certo porque eu ficava refazendo o trabalho das pessoas e achava que nunca estava bom. O negócio era visionário, mas acabou."

Na busca por entendimento de suas dificuldades, ela leu diversos livros, inclusive Coragem de ser Imperfeito, de Brené Brown, que trouxe a luz. "Percebi que deixava de fazer as coisas por medo de ser rejeitada. Você não entrega as coisas por medo de dar errado e vai perdendo a confiança e seu brilho. Eu cheguei a me ver incapaz, num buraco, sem forças para dar a volta por cima. É um padrão de pensamento que não sou só eu que tenho, pois vivemos em uma sociedade que fala das conquistas, mas não do processo", conta.

Lígia resolveu cursar uma especialização em comportamento humano e neurociência e passou a se dedicar profissionalmente a ajudar aqueles que se sentem "travados" pelo perfeccionismo.

Em um movimento semelhante ao de Lígia, o designer gráfico Tiago Henriques, de 33 anos, notou que tinha dificuldade de colocar em prática as suas ideias de projetos. Por anos, teve vontade de executá-los, mas não conseguia. "Notei que não tirava os projetos do papel por medo de que a ideia que estava perfeita na cabeça não ficasse tão legal assim. Era um mecanismo de proteção para não passar vergonha se desse errado.

"O perfeccionismo ia além do trabalho, atrapalhando até os compromissos sociais. Meu pensamento era binário: se não fosse perfeito, eu não ia fazer. Era difícil oferecer um jantar para os amigos, por exemplo, pois eu ficava pensando que a casa precisaria estar limpinha e a comida boa", diz.

Em passos de formiga, ele resolveu enfrentar o perfeccionismo. "Comecei com um canal de humor, em que eu era anônimo. Com o tempo, ganhei coragem para fazer vídeos mais longos e a publicar conteúdo mais autoral", diz Tiago. Hoje ele mantém o projeto Tira do Papel, que ajuda pessoas a engrenar em seus projetos criativos no seu ritmo, com mais de 250 mil seguidores no Instagram e 17 mil assinantes no YouTube. Também escreveu o livro Erra uma vez - Uma jornada visual sobre as nossas inseguranças criativas e a busca utópica pela perfeição, que oferece dicas de como lidar com obstáculos criativos comuns.

Perfeccionismo no mercado de trabalho e nos esportes

No mercado de trabalho, os perfeccionistas integram positivamente as equipes, contanto que entendam e valorizem a diversidade e sejam empáticos, afirma Lucas Toledo, diretor executivo do PageGroup, empresa de recrutamento e seleção. "Se for uma pessoa organizada, que gosta de fazer tudo bem-feito, que gosta de seguir normas e procedimentos, vamos avaliar se ela tem flexibilidade para experimentar métodos novos, o que tem tudo a ver com inovação."

Nos esportes, o perfeccionismo também pode ser benéfico, na visão da psicóloga Leticia Capuruço, especialista em Psicologia do Esporte. "O esporte atrai e ao mesmo tempo forma perfeccionistas. É uma característica que, se usada de forma positiva nos atletas, faz com que eles se esforcem e melhorem seu desempenho", diz. Leticia recomenda a pais e técnicos de atletas que incentivem sempre a busca pela evolução, não a fixação pelo resultado final. "Aos atletas perfeccionistas, eu pergunto como foi o jogo, não quanto foi. É melhor que o técnico mostre soluções, em vez de apontar erros", afirma.

O perfeccionismo atrapalha a sua vida? Faça o teste:

Abaixo, você encontra desdobramentos negativos do perfeccionismo. Caso se identifique com algum deles, permita ser mais flexível consigo mesmo e valorize pequenas conquistas, reconhecendo o caminho até a meta final.

- Você determina metas irreais ou indefinidas e nunca está satisfeito com suas conquistas. Para você, é tudo ou nada: como seu padrão é muito elevado, você não se contenta com pequenos avanços.

- Você é inflexível, rígido: se não for para fazer do seu jeito, "bem-feito", você não aceita.

- Você tem um "carrasco interno" que está sempre focado nos seus erros e imperfeições. Sua autocrítica é impiedosa. Você vive se cobrando, dizendo a si próprio que "deveria" fazer algo para ser melhor.

- Você tem dificuldade de delegar tarefas, pois você só gosta do seu jeito de fazer as coisas. Seu relacionamento com outras pessoas - família, colegas e amigos - também é prejudicado por esse olhar crítico e exigente.

- Você procrastina as suas tarefas, pois só terá coragem de encará-las na última hora, com a pressão do prazo.

- Você não consegue tirar projetos do papel ou demora muito para fazê-lo, já que está sempre pensando nos mínimos detalhes.

- Você tem ficado ansioso e/ou desanimado por conta de uma ou mais situações citadas anteriormente.

O próximo presidente da República vai receber o "tanque" do caixa do governo mais vazio em pelo menos R$ 178,2 bilhões com o efeito em 2023 das medidas adotadas pelo governo Bolsonaro e pelo Congresso, a maior parte de olho nas eleições. A perda de recursos sobe para R$ 281,4 bilhões com a redução do caixa dos governadores e dos prefeitos com a desoneração permanente do ICMS e do IPI. Com a inclusão de um possível reajuste no salário dos servidores federais, o valor pode chegar a R$ 306,4 bilhões.

É uma fatura que já apareceu na conta do Tesouro Nacional nos últimos dias depois que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) suspenderam o pagamento de parcelas de dívidas dos Estados com a União para compensar a perda de arrecadação com a redução do ICMS.

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O pacote consolida a perspectiva de uma espécie de "voo de galinha turbinado por um ciclo político-eleitoral" de expansão dos gastos públicos e de desoneração tributária, segundo o economista sênior da consultoria LCA, Bráulio Borges, que calculou, a pedido do Estadão, os efeitos das medidas no primeiro ano do próximo governo. É uma ação voltada para o estímulo do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo semestre deste ano, quando os eleitores vão às urnas para escolher o próximo presidente, governadores, senadores e deputados.

GASTOS

Borges incluiu na lista um gasto extra, de R$ 25 bilhões, a partir de março de 2023, para o reajuste de 10% para os servidores públicos, porcentual que não repõe nem metade da inflação acumulada de 25% estimada para o período de 2020 a 2022. Apesar de não ser uma medida eleitoreira, o reajuste é uma conta extra para o novo governo, depois do congelamento dos salários e de o presidente voltar atrás na promessa de correção de 5% em 2022.

Também está na lista um custo adicional de pelo menos R$ 60 bilhões para financiar em 2023 a permanência do piso de R$ 600 do Auxílio Brasil, medida que já foi antecipada pelos dois candidatos que lideram as pesquisas: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro (PL).

Mesmo esse valor é considerado conservador diante da inclusão de um número maior de famílias no programa para zerar a fila. Na área econômica, técnicos admitem que o aumento do custo poderá chegar a R$ 70 bilhões, além do orçamento atual de R$ 89 bilhões.

Já a desoneração do ICMS, que o economista da LCA chama de bondade com chapéu alheio, representará um "tremendo" choque de receita para Estados e municípios (R$ 87 bilhões), e pode acabar batendo na porta do governo federal. Ele destaca que o corte do IPI também traz prejuízo aos governos estaduais e às prefeituras. Dos R$ 27,4 bilhões de perda de receitas do IPI em 2023, R$ 11,2 bilhões seriam da União e o restante, R$ 16,2 bilhões, das receitas disponíveis dos Estados e dos municípios.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Receita Federal definiu que as certidões negativas de débitos e positivas com efeitos de negativa de débitos deverão ser emitidas exclusivamente pela internet. A medida vale a partir deste sábado (1º). 

A alteração foi estabelecida na portaria conjunta nº 103, de 20 de dezembro de 2021, publicada pela Receita e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). 

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Pelas regras, nos casos nos quais não for possível realizar a emissão de forma automática pelo site da Receita ou da PGFN, a solicitação de liberação da certidão também deverá ser feita pela internet, por meio do e-CAC, portal de serviços do órgão. Ao abrir o processo virtual, deverá ocorrer a comprovação da solução das pendências que impediram a emissão automática. 

No portal do governo federal é possível tirar dúvidas sobre a emissão de certidões de regularidade fiscal.  

Um ensaio clínico publicado nesta quarta-feira (27) aponta que a fluvoxamina, um antidepressivo, pode reduzir as hospitalizações entre pacientes com Covid-19 com perfis de maior risco.

“A fluvoxamina, um medicamento que já existe e é de baixo custo, reduz a necessidade de cuidados avançados da doença em uma população de alto risco”, concluíram os pesquisadores desse estudo que saiu na Lancet Global Health, publicação vinculada à revista referência Lancet.

Este fármaco é usado como antidepressivo e contra o transtorno obsessivo-compulsivo.

Os autores do estudo realizaram os testes em uma dezena de hospitais brasileiros para estimar se o remédio permite evitar a hospitalização de pacientes com Covid-19 que o recebem rapidamente após a detecção do vírus.

Estudos anteriores já apontavam efeitos interessantes da fluvoxamina contra a Covid-19, mas foram realizados com amostras pequenas e uma metodologia que oferecia conclusões incertas.

Nesse caso, a análise foi feita com 700 pacientes e igual número tratado com placebos, sem que os médicos soubessem realmente que tratamento estavam administrando.

Todos apresentavam pelo menos um fator de risco: idade acima de 50 anos, tabagismo, diabetes, não estar vacinado etc.

O estudo mediu quantos pacientes em cada grupo acabaram hospitalizados após 28 dias ou tiveram que passar mais de seis horas em um pronto-socorro.

Encontraram-se em uma dessas situações 11% dos pacientes tratados com fluvoxamina, contra 16% do grupo do placebo.

"Este estudo sugere claramente que a fluvoxamina é uma opção eficaz, segura, barata e bem tolerada para tratar pacientes com Covid-19 não hospitalizados", disse o pesquisador Otavio Berwanger, não vinculado ao ensaio, em um comentário à revista.

Ao mesmo tempo, ele assinala os limites do estudo, como o fato de não abordar o efeito do medicamento sobre os óbitos e suas conclusões sobre as internações serem fragilizadas por ter misturado dois critérios.

Os autores explicam que levaram em consideração a permanência nos serviços de emergência porque os hospitais brasileiros estavam saturados pela pandemia e às vezes não conseguiam atender os pacientes que precisavam.

Elevação do nível dos mares, derretimento de calotas polares e outros efeitos do aquecimento global podem ser irreversíveis durante séculos e são "inequivocamente" impulsionados por emissões de gases causadores do efeito estufa da atividade humana, afirma nesta segunda-feira (9) em novo relatório o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que trabalha sob os auspícios da Organização das Nações Unidas.

O IPCC, organização de 195 governos, chegou ao novo relatório a partir de análises durante três anos de 14 mil estudos científicos com revisões pelos pares. Trata-se da primeira grande avaliação internacional da pesquisa sobre mudanças climáticas desde 2013, no primeiro dos quatro relatórios do IPCC esperados para os próximos 15 meses.

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"Já sabemos há décadas que o mundo está esquentando, mas o relatório nos diz que mudanças recentes no clima são disseminadas, rápidas e se intensificam, de maneira sem precedentes em milhares de anos", afirmou Ko Barrett, vice-presidente do painel. "Além disso, é incontestável que atividades mudanças causam mudanças climáticas."

O relatório destaca a responsabilidade humana por ondas recordes de calor, secas, tempestades mais intensas e outros eventos extremos de temperatura vistos pelo mundo nos últimos anos. Ele também detalha melhor estimativas de quão sensível é o clima a níveis crescentes de gás carbônico e outros gases estufas na atmosfera.

O documento estabelece as bases científicas para a COP26, cúpula sobre mudança climática prevista para novembro em Glasgow.

Um acordo global de 2015 em Paris previa que os países adotassem medidas para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius, mas os esforços têm sido insuficientes.

O relatório desta segunda-feira projeta que, sem reduções rápidas nas emissões, as temperaturas globais podem subir mais de 1,5 grau Celsius ao longo dos próximos 20 anos.

Diagnosticado com covid-19 em 20 de outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, livrou-se do vírus no último dia 4, mas, um mês após começar o tratamento, ainda sente os efeitos da doença. Mesmo assim, retomou a rotina de trabalho e, ao longo desta sexta-feira, 27, participou de mais de sete reuniões.

Pazuello reclama de cansaço, dores no corpo e inchaço. Nas conversas com amigos, ele se queixa de dificuldades para realizar atividades cotidianas, como subir escadas. Apesar de o governo defender o uso de medicamentos sem eficácia comprovada para combater o coronavírus, como a hidroxicloroquina, o ministro também recorreu a antibiótico, corticoide e anticoagulante, além de soro para hidratação.

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Ao participar da primeira cerimônia após voltar ao trabalho, no último dia 11, Pazuello admitiu a gravidade da doença. "Não estou completamente recuperado, é claro. É uma doença complicada. É difícil você voltar ao normal, mas a gente já consegue trabalhar um pouquinho. É o primeiro dia de atividade no trabalho", disse o ministro, que é general do Exército, em cerimônia na Saúde.

No dia anterior, o presidente Jair Bolsonaro havia minimizado a pandemia. Afirmara que o Brasil precisava deixar de ser "um País de maricas" e enfrentar a doença. "Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô! Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um País de maricas. Olha que prato cheio para a imprensa, para a urubuzada que está ali atrás", protestou Bolsonaro, em cerimônia no Palácio do Planalto, apontando para o local reservado aos jornalistas.

Dois dias após o diagnóstico, o próprio Pazuello chegou a falar que estava "zero bala", depois de tomar o "kit completo" contra a covid-19, que inclui medicamentos sem eficácia comprovada para a doença, como a hidroxicloroquina. A declaração foi dada em transmissão ao vivo nas redes sociais, ao lado de Bolsonaro. No vídeo, o presidente afirmou que Pazuello era "mais um caso concreto" de que o uso destes medicamentos "deu certo".

Embora tenha indicado que estava recuperado, Pazuello foi internado em 30 de outubro, no DF Star, um dos mais conceituados hospitais de Brasília, com quadro de desidratação. No dia 1º de novembro, passou a se tratar no Hospital das Forças Armadas (HFA). Recebeu alta no dia 3 e, logo em seguida, sua equipe informou que o vírus não estava mais ativo. Procurado novamente ontem, o Ministério não se pronunciou sobre a saúde de Pazuello. Até agora, 13 ministros de Bolsonaro já contraíram covid-19.

Osmar Terra continua internado

Já o ex-ministro da Cidadania e atual deputado federal, Osmar Terra (MDB-RS) foi internado no domingo, 22, no Hospital São Lucas da PUC do Rio Grande do Sul (HSL-PUCRS), em Porto Alegre. Terra é negacionista e sempre minimizou a gravidade da pandemia e as consequências positivas do isolamento social.

Nas redes sociais, o deputado disse que faria "exames de avaliação e fisioterapia complementar no tratamento da covid". O objetivo da internação, segundo ele, era "acelerar volta ao trabalho o mais breve possível". Nove dias antes, Terra havia anunciado a infecção por coronavírus, afirmando que tomou hidroxicloroquina e ivermectina, medicamentos sem eficácia comprovada, mas indicados pelo governo Bolsonaro.

Boletim hospitalar da manhã desta sexta-feira, 27, informa que Terra continua internado, "apresenta boa melhora no quadro geral, encontra-se estável e com bom padrão respiratório."

O Instituto Butantã informou que os testes brasileiros da vacina Coronavac, conduzidos em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, mostram que o imunizante é o mais seguro entre todos os que estão em fase final de testes no mundo por apresentar o menor índice de efeitos colaterais.

Os dados consideram o acompanhamento de 9 mil voluntários brasileiros já vacinados no País. No monitoramento feito após sete dias da aplicação, os pesquisadores observaram apenas efeitos colaterais leves, como dor no local e na cabeça. Não houve registro de eventos adversos graves nem febre alta.

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"Fizemos o comparativo desses dados com o que está disponível na literatura científica das vacinas que estão sendo testadas. A vacina do Butantã é a mais segura. Todas tiveram efeitos colaterais grau três, que são os mais importantes. A vacina do Butantã não teve. Febre é outro indicativo importante, e na do Butantã foi de apenas 0,1%. Em febre acima de 38 graus, foi zero. É a vacina mais segura neste momento, não só no Brasil, mas no mundo", disse Dimas Covas, diretor do instituto.

De acordo com dados apresentados pelo Butantã, a incidência de eventos adversos entre os voluntários foi de 35%, ante ao menos 70% em outros imunizantes. A comparação foi feita com dados das pesquisas de Moderna, Pfizer/BioNTech, AstraZeneca e CanSino. "O sintoma mais frequente foi dor no local, num patamar de 18% entre todos os que receberam placebo ou vacina. O outro foi dor de cabeça, que pode estar relacionada com a vacina ou não. E os demais efeitos, como mialgia, fadiga, calafrios, são menores que 5%", completou o cientista.

Eficácia

Conforme antecipado pelo Estadão no domingo, embora os testes no Brasil comprovem a segurança da Coronavac, os dados de eficácia do imunizante só devem sair no fim do ano. Depois da conclusão dos testes, o Butantã terá de enviar os resultados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para solicitar o registro do produto. O órgão tem até dois meses para emitir um parecer, o que torna improvável que a vacinação tenha início ainda em 2020, como já prometido pelo governador João Doria (PSDB).

Anteriormente, Doria havia anunciado que a previsão era iniciar a imunização no Estado no dia 15 de dezembro, com profissionais de saúde. Na coletiva de imprensa desta segunda-feira, os representantes do governo afirmaram que não é possível dar uma nova data para início da vacinação, pois dependem da inscrição de mais voluntários, que devem chegar a 13 mil, e do contato desses participantes com o vírus, para confirmar que o imunizante protege de fato. "Houve uma diminuição no número de voluntários incluídos nas últimas semanas, daí a necessidade de reforçar que mais voluntários se inscrevam", ressaltou Covas.

João Gabbardo, do Centro de Contingência contra a Covid-19, afirmou que outro entrave para a finalização do estudo é atingir o número mínimo de infectados pela covid-19 entre o grupo de voluntários para saber se a incidência da doença foi maior entre o grupo placebo do que entre o grupo vacinado, o que comprovaria o caráter protetor do produto. Os voluntários dos testes da Coronavac são todos profissionais de saúde, justamente por estarem mais expostos ao vírus.

No entanto, como a circulação do vírus diminuiu em São Paulo e no País nas últimas semanas, chegar ao número mínimo de infectados para a comprovação de que o imunizante funciona se torna mais difícil e demorado. Para a primeira análise de eficácia da Coronavac, são necessários 61 casos de contaminados entre os voluntários. "Queremos aumentar a velocidade (de pessoas contaminadas entre os voluntários para checar eficácia), mas a transmissibilidade tem diminuído entre os profissionais de saúde justamente por causa das medidas efetivas que tem sido adotadas. Então isso joga contra", afirmou Gabbardo.

Podem participar dos testes da Coronavac profissionais de saúde que estão na linha de frente de atendimento, sem limite de idade. A inscrição deve ser feita diretamente com o hospital ou instituto de pesquisa participante. São 16 espalhados pelo País.

Próximos passos

Doria voltou a afirmar que espera que a vacina, caso se mostre eficaz, seja incorporada pelo Ministério da Saúde para vacinação de todos os brasileiros. Ele disse que terá uma reunião amanhã com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e com o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, para tratar do tema.

A Coronavac começou a ser testada no Brasil no fim de julho, com previsão inicial de 9 mil voluntários em 12 centros de pesquisa. Em setembro, o Butantã obteve aval da Anvisa para aumentar para 13 mil o número de participantes do ensaio clínico, que ganhou mais quatro centros.

Mais de 87 mil mortes. Número de casos superior a 2,4 milhões. Os lamentáveis dados – oriundos do levantamento do Consórcio de veículos de imprensa a partir de informações das secretarias estaduais de saúde - da pandemia da Covid-19 no Brasil e o luto que se espalha entre as famílias que perderam seus parentes queridos escancaram a maior crise de saúde dos últimos anos. Especialistas alertam que a luta contra o novo coronavírus está longe de cessar, apesar dos recentes indicativos de queda de diagnósticos em algumas cidades.

Na quarta-feira (29), às 16h30, “Lições da pandemia de Covid-19 para a medicina” será o tema da live que encerra a série de transmissões do programa “Quando passar... Como será o mundo após a pandemia?”. Os detalhes do debate poderão ser acompanhados pelo youtube.com/leiajaonline e por meio do Instagram @leiaja.

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Participam da live o secretário geral do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Mário Jorge Lemos de Castro Lôbo, a coordenadora médica de Atenção Básica à Saúde do Recife, Fátima Nepomuceno, além da pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-PE), Tereza Lyra. A apresentação fica por conta do jornalista Nathan Santos.

O ‘Quando passar... Como será o mundo após a pandemia?’ é uma idealização do LeiaJá em parceria com o projeto Vai Cair No Enem. O programa é exibido todas as quartas-feiras, às 16h30, no Youtube do LeiaJá.

Proposta - Os convidados do programa não apresentam “verdades absolutas” sobre a futura sociedade do período pós-pandemia, uma vez que há muitas dúvidas acerca de como os países se recuperarão das consequências causadas pela proliferação do vírus em diferentes áreas. Porém, eles revelam projeções, a partir das suas vivências pessoais e principalmente profissionais, que possam nos apresentar possíveis panoramas. As temáticas abordadas nas lives serão diversas, permeando áreas como educação, mercado de trabalho, esportes, política, medicina, ciência, tecnologia, cultura, entre outras.

Serviço

Programa 'Quando passar... Como será o mundo após a pandemia?'

Quando: quarta-feira (29)

Horário: 16h30

Tema:  “Lições da pandemia de Covid-19 para a medicina”

Convidados: Mário Jorge Lemos de Castro Lôbo (secretário geral do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Fátima Nepomuceno (coordenadora médica de Atenção Básica à Saúde do Recife) e Tereza Lyra (pesquisadora da Fiocruz-PE)

Onde assistir:

youtube.com/leiajaonline

youtube.com/vaicairnoenem

Instagram @leiaja

O agricultor José Claudio Vieira Menino, de 63 anos, produtor de hortaliças em Piedade (SP), foi obrigado a jogar fora 100 caixas de alface há duas semanas porque não tinha para quem vender. Com restaurantes, feiras e hotéis fechados por causa da quarentena preventiva do coronavírus, a produção encalhou e o alface estragou. "Reduzi o plantio, mas ainda estou perdendo de tudo na roça. Joguei um monte de muda fora e mandei parar a produção do viveiro. Tem sido só prejuízo, mas ainda é cedo para fazer contas, pois a situação só está piorando", disse.

Como ele, milhares de pequenos produtores agrícolas do interior de São Paulo enfrentam prejuízos porque ficaram sem mercado para seus produtos - verduras, legumes, frutas, insumos para temperos, ovos e aves caipiras ou de produção orgânica. Muitos adotaram a entrega a domicílio e aumentaram as vendas, mas ainda há encalhe de produção.

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Em entrevista à Rádio Eldorado, o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado, Gustavo Junqueira, demonstrou preocupação com o problema e disse que buscava solução com outros secretários e o Ministério da Agricultura, como financiamento para o produtor sobreviver a esse período.

O agricultor orgânico José Roberto da Silva, presidente da Cooperativa de Produtores Familiares de Piedade, disse que praticamente todos os 30 agricultores tiveram perdas e foram obrigados a reduzir os plantios. "Muitos atendiam pedidos para a merenda escolar das escolas - que suspenderam as aulas -, e para o comércio local, que está fechado. As duas feiras da cidade que também escoavam parte da produção foram suspensas. Estamos tentando abrir canais de venda direta para as indústrias que ainda funcionam e restaurantes que usam delivery, mas não será no volume de antes", disse.

No município de Pereiras (SP), Paulo Albino Theófilo, encarregado de uma empresa familiar de avicultura, disse que a venda de ovos caiu e os plantéis de frango caipira, que seriam vendidos para abate, estão encalhados. Parte da produção era enviada para feiras e mercados da capital. "As aves continuam sendo alimentadas todo dia, mas a gente não consegue vender porque os clientes estão com as portas fechadas. Até para vender frango caipira ao preço da ave de granja está difícil. São dez funcionários e alguns estão sendo demitidos. Infelizmente o estrago está feito, prejuízo grande mesmo", disse.

Em São Miguel Arcanjo (SP), a secretaria municipal de Agricultura e Meio Ambiente contabilizou perdas de hortaliças, tomate, pimentão, pepino e caqui em volumes ainda não apurados. "São mais de 1,2 mil produtores que dependiam principalmente do Ceasa, da capital, para escoar a produção, mas os pedidos cessaram. Nosso movimento de caminhões para lá caiu 50% e ainda pode se agravar. Neste momento não temos nenhum pedido de lá", disse o secretário Wesley Vieira Batista. Só um produtor, no Bairro Guararema, jogou fora 80 caixas de legumes.

A crise do coronavírus também fez a prefeitura de Itatiba (SP) cancelar a 17ª edição da Festa do Caqui, que deveria ter sido realizada entre 17 de março e 5 deste mês. A cidade colhe 5 mil toneladas do fruto por ano e a festa, além da venda direta de 20 toneladas de frutas selecionadas, é o ponto de encontro de produtores e compradores. O evento era a aposta do produtor Roberto Alves para comercializar a maior parte de sua produção. Agora ele está com a safra encalhada. "Estou colhendo conforme consigo vender, mas já tem fruta perdendo no pé."

O produtor Luis Carlos Cestarolli, do Sítio Recanto do Vovô, em Louveira (SP), já deveria ter colhido 50 toneladas de caqui rama forte - metade da produção de seus pomares -, mas só conseguiu vender 15 toneladas. "Deveria estar colhendo 300 caixas por dia, mas só estou conseguindo vender 100 caixas diárias. O restante fica passado e tem de ser jogado fora. Se o mercado não reagir, vamos perder muita fruta no pé." O produtor já descartou ao menos 3 toneladas de frutas colhidas que encalharam.

Grupos de produtores tentam driblar a queda na demanda com criatividade. A Vila Yamaguishi, importante polo de produção orgânica em Jaguariúna (SP), criou um sistema de delivery e retirada das caixas com alimentos no sítio para reduzir a perda de produção.

Em cerca de 30 hectares são cultivadas mais de 60 variedades de frutas e legumes. "Vínhamos trabalhando com entrega a domicílio desde o início das nossas atividades, mas o escoamento forte se dava pelas vendas em feiras de produtos orgânicos, lojas e restaurantes, que estão fechados devido à crise do coronavírus. Agora, nosso foco é o delivery, mas o volume de vendas não cobre o que deixamos de vender nas feiras", disse Isack Ryuji Minowa, um dos produtores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O dólar registrou, nessa terça-feira (26), forte oscilação, influenciado por declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes. Mesmo após duas intervenções do Banco Central, a moeda americana fechou cotada a R$ 4,24, alta de 0,61% - novo recorde histórico. No ano, a variação é de 9,52%, mas só neste mês o avanço chega a 5,76%.

Em entrevista na segunda-feira em Washington, Guedes disse que o País deve se acostumar a conviver com um ambiente de juros baixos e dólar mais alto. Foi a senha para o mercado "testar" um novo patamar para a moeda logo nos primeiros minutos de negociação. No início da tarde, as cotações chegaram a bater em R$ 4,27.

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A manutenção desse patamar acima de R$ 4 deve gerar novas incertezas para consumidores como a assistente de ensino Beatriz Pacheco. Com viagem marcada para os EUA em janeiro, ela deixou para comprar dólares às vésperas do embarque. "Eu não comprei porque fiquei na esperança de que fosse bater R$ 4."

As empresas também reclamam de uma possível alta no preço dos insumos importados e da falta de previsibilidade para os negócios. "Sempre falo que o melhor dólar é o dólar estável, indiferente do valor", disse o presidente da Bosch na América Latina, Besaliel Botelho.

Economistas falam em outro efeito: a desaceleração do ciclo de redução dos juros básicos em 2020. José Francisco Lima Gonçalves, do Banco Fator, é um dos que não vê cortes da Selic além de 4,5% - a taxa é hoje de 5% e o Copom ainda tem reunião em dezembro.

Como acontece nas demais economias emergentes, o dólar no Brasil tem subido puxado por fatores internacionais, como a disputa comercial entre EUA e China. Mas no caso brasileiro, segundo economistas, também tem pesado questões como a demora do governo Bolsonaro para avançar na aprovação de novas reformas.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, se referiu ao comportamento do mercado como "disfuncional" e acenou com novas intervenções para corrigir "movimentos de curto prazo". "Essas intervenções não têm capacidade de alterar movimentos de longo prazo, que têm como origem bases macroeconômicas."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Confesse, desde que o Instagram disponibilizou os efeitos nos stories é cada vez mais difícil resistir a vontade de testá-los ou seguir alguém que não os use. Os adereços digitais podem entrar em vídeos e fotos deixando as publicações mais divertidas, seja com pinturas faciais, fantasias e até figuras, como os monstrinhos Pokémon, dançantes.

O mais recente e - atualmente - mais popular desses efeitos é o da cachorra Sasha. A foto em 3D do animal deitado já causou muito susto em seguidores desavisados, por conta do seu realismo que deixou todo mundo acreditando se tratar de uma cadela de verdade. Mas, você sabe como usar esses efeitos? Se você ainda não faz parte do time de usuários dos efeitos do Instagram, confira nosso tutorial na galeria!

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E se quiser ir diretamente para o efeito, acesse esse link pelo seu celular e abra-o no aplicativo do Instagram, disponível para Android e iOS.

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A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado debateu nesta semana a liberação do aborto por grávidas infectadas pelo vírus Zika. O assunto está na pauta de votação do Supremo Tribunal Federal (STF), com julgamento marcado para o dia 22 de maio. Convidados da comissão apresentaram dados que mostram um impacto do vírus em fetos muito menor do que se imaginava quando a epidemia da doença se espalhou em algumas regiões do país, em 2016.

Na ação que está no Supremo desde 2016, a Associação Nacional de Defensores Públicos (Anadep) defende, dentre outras medidas, a descriminalização do aborto no caso de grávidas infectadas pelo Zika. Raphael Parente, do Conselho de Medicina do Rio de Janeiro, afirmou que se sabe muito mais sobre o vírus hoje do que se sabia na época.

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“Quando a Adin [ação direta de inconstitucionalidade] foi proposta, o conhecimento sobre o [vírus] Zika era muito incipiente. O conhecimento aumentou muito de lá pra cá. Um estudo publicado na revista The New England mostrou que apenas 15% dos bebês expostos ao Zika tiveram algum tipo de problema grave. Uma pesquisa mais recente, do CDC [Centro de Controle e Prevenção de Doenças] dos Estados Unidos, mostrou 5%”, disse Parente.

Lenise Garcia, doutora em microbiologia e presidente do Movimento Brasil Sem Aborto, apresentou dados do Ministério da Saúde divulgados em maio de 2017. No estudo, a microcefalia foi confirmada em menos de 20% dos casos, depois de alguns meses do nascimento da criança. Em 42% dos casos a doença foi descartada após investigação.

“Se mesmo depois de nascida a criança, é descartada a microcefalia em mais de 50% dos casos, imaginem como é incerto fazer um pré-diagnóstico intrauterino”, disse Lenise. Ela acrescentou que, na Polinésia Francesa, de onde se suspeita ter vindo o vírus, 1% das crianças nasceram com microcefalia, em um universo onde 66% da população foi contaminada pelo vírus.

“Nós temos o dado de que só 1% das crianças são afetadas quando a mãe tem a doença. Estudo científico com dados totais; não é amostragem da epidemia na Polinésia Francesa. Isso nos traz um questionamento a mais sobre usar a zika como justificativa para liberação do aborto”, acrescentou a microbióloga.

O autor do requerimento para a audiência pública, senador Eduardo Girão (Pode-CE), citou uma pesquisa realizada no Reino Unido sobre o impacto do aborto nas mulheres. “A mulher que faz aborto tem propensão muito maior a crises de ansiedade, a depressão, envolvimento com álcool e drogas e suicídio. Nesse aspecto é um caso de saúde pública sim. Quanto mais a gente debate esse assunto, mais a verdade vem à tona.”

Lenise acredita que, mesmo quando é confirmado um caso de microcefalia em um feto, seu direito à vida não pode ser negado. “E é particularmente problemático que se justifique o aborto em função de uma deficiência, porque é um preconceito com a pessoa com deficiência. Estou desconsiderando essa vida como uma vida digna de ser vivida.”

Durante coletiva de imprensa promovida pelo Ministério Público Federal, na tarde desta quarta-feira (19), o procurador da República Deltan Dellagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, alertou para o fato que a decisão do ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), de mandar soltar condenados em 2ª instância poderá ter “efeitos catastróficos”.  Segundo ele, a medida "consagra a impunidade" e "desrespeita precedentes". 

O procurador também falou que a decisão contraria o sentimento da sociedade. “Que exige o fim da impunidade. Essa decisão consagra a impunidade, violando os precedentes estabelecidos pelo próprio Supremo Tribunal Federal”.  

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Dellagnol ressaltou que a decisão é “isolada” e disse acreditar que não vai resistir na análise do próprio Supremo. “Confiamos que reverterá essa decisão em tempo hábil”, falou com esperança.

Durante a coletiva, o procurador também contou que, hoje, existem 35 pessoas presas após o julgamento de segunda instância no âmbito da Lava Jato. “Não temos agora [o número] de condenados que também cumprem prisão preventiva. Mas, mesmo assim, essa liminar põe em risco os casos de prisão preventiva, pois teríamos casos de presos que estariam anos na cadeia apenas pela preventiva".  

O coordenador da Lava Jato ainda salientou que a decisão do ministro Marco Aurélio vai muito além do caso Lula, mas também abrange outros casos de corrupção podendo favorecer os criminosos de “colarinho branco”. “Porque tendem a não ser punidos pelo sistema recursal. A decisão tem impacto múltiplo e o caso Lula é uma ilustração, mas que tem efeito catastrófico”. 

Ainda na coletiva, Deltan Dellagnol chegou a dizer que a decisão pode afetar a existência da própria Lava Jato e “atrapalhar” a condução das investigações. “Nós estamos, sinceramente, um pouco cansados”, desabafou ressaltando que acredita na reversão para que a estabilidade volte. 

Participando da coletiva, o procurador Roberson Pozzobon disse que a decisão pode beneficiar traficantes que financiam o tráfico de drogas. “E outros que vão além da corrupção”, ressaltou. Ele questionou por qual motivo a deliberação foi decidida na véspera do recesso forense. “Essa é uma questão em aberto e que traz muita instabilidade”. 

O procurador Diogo Castor corroborou a fala de Pozzobon. “Agora, o senhor ministro Marco Aurélio que representa, sozinho, 9% da vontade do Supremo confere uma liminar sem nenhum fato novo. Me parece não razoável no último dia de trabalho o ministro, monocraticamente, deferir essa liminar”. 

A liminar de Marco Aurélio atende a um pedido liminar ingressado pelo PCdoB. No documento, o ministro decide: "[...]determinar a suspensão de execução de pena cuja decisão a encerrá-la ainda não haja transitado em julgado, bem assim a libertação daqueles que tenham sido presos, ante exame de apelação, reservando-se o recolhimento aos casos verdadeiramente enquadráveis no artigo 312 do mencionado diploma processual [que dispõe sobre a prisão preventiva]", diz trecho da decisão. 

O corte de R$ 0,46 no preço do litro do diesel, que custará R$ 13,5 bilhões aos cofres públicos só este ano, corre o risco de ser anulado pelo aumento no custo do transporte. É o que diz o Sindicato Nacional das Empresas de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), atual Plural, em documento protocolado no Supremo Tribunal Federal (STF). A entidade pede para ingressar como parte interessada na ação direta de inconstitucionalidade (Adin) contra o tabelamento do frete, relatada pelo ministro Luiz Fux.

A petição frisa que os "enormes esforços" do governo para reduzir o preço do combustível "pode se esvair pelos dedos com o encarecimento do frete através de inconstitucional e descalibrada tabela de preços mínimos de frete" regulada pela Medida Provisória (MP) 832. "E pior, o prejuízo atingirá diretamente a população, pois ela também experimentará o aumento do custo da gasolina, do diesel e do etanol nas bombas."

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Segundo o Sindicom, a tabela com preços mínimos editada pelo governo eleva os custos de transporte em cerca de 50%. E eles representam aproximadamente R$ 0,23 por litro, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) citados no documento.

Na Região Norte, o valor chega a R$ 0,38. No caso da gasolina, o impacto do frete é de R$ 0,21 por litro na média nacional, e R$ 0,32 na Região Norte.

O diesel mais caro terá outro efeito, segundo o Sindicom: coloca a perder o objetivo original do frete mínimo, que é melhorar a remuneração do caminhoneiro. O combustível corresponde a 38% do custo do transporte.

Além de correr risco de pagar combustível mais caro, o consumidor já sente o efeito no preço dos alimentos. O impacto do aumento do frete no preço dos alimentos pode chegar a 7,1%, segundo a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia).

Ela estima que a tabela do frete provocará perda de R$ 23 bilhões ao ano para o setor, "com a conseguinte perda de emprego e exportações adicionais." A entidade também pede ao STF para ingressar na ação como parte interessada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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