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Pela primeira vez desde o início da pandemia do novo coronavírus, América Latina e Caribe superam a Europa em número de casos de Covid-19, com 2.735.107 contágios declarados, de acordo com um balanço atualizado pela AFP nesta sexta-feira (3) com base em fontes oficiais.

América Latina e Caribe, região onde a epidemia está mais ativa nas últimas semanas, se tornaram a segunda áreas do mundo com mais casos detectados da doença, à frente da Europa (2.718.363) e atrás de Estados Unidos e Canadá, que registram 2.844.522 casos.

A Europa continua sendo a região do mundo com o maior número de mortes, com 198.310 vítimas fatais. Em seguida aparecem Estados Unidos e Canadá (137.421) e América Latina e Caribe (121.662).

A Fiat Chrysler Automóveis (FCA) confirmou nesta quarta-feira (1º) a nomeação da engenheira brasileira Juliana Coelho para o comando da fábrica Jeep, em Pernambuco.

Esta é a primeira vez que a posição de plant manager do polo automotivo é ocupada por uma mulher na América Latina. A pernambucana de 31 anos irá assumir o posto deixado pelo engenheiro italiano Pierluigi Astorino, 38, promovido para o cargo de diretor de manufatura Latam.

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A novidade já havia sido antecipada um pouco antes da divulgação do comunicado oficial pelo presidente da FCA na América Latina, Antonio Filosa, durante entrevista ao portal UOL, realizada pelo jornalista Jorge Moraes.

"Será a primeira mulher a dirigir uma fábrica da FCA na América Latina", contou o presidente, sem revelar o nome da executiva "muito jovem".

Juliana comandará uma das mais modernas fábricas da FCA no mundo. Ela iniciou sua carreira em 2013, como especialista de processo de pintura, tendo passado por treinamentos em fábricas da FCA na Itália e na Sérvia.

Além disso, fez parte do primeiro time de funcionários do polo automotivo Jeep e desde então vem construindo uma carreira ascendente na empresa.

"Estou feliz em estrear esse novo ciclo na FCA, é um desafio e eu gosto de desafios", afirmou a pernambucana, ressaltando que continuará "dando ênfase ao desenvolvimento de produtos, a contínua melhoria de processos e investindo nas nossas pessoas, sem dúvidas um dos principais diferenciais da Jeep".

- Entrevista Filosa -

Durante a entrevista ao portal UOL, Filosa falou sobre os principais desafios da indústria automobilística para a retomada das atividades após a pandemia do novo coronavírus, além das perspectivas do setor para os próximos anos.

O executivo demonstrou "otimismo" com a reabertura das fábricas e ressaltou que o aporte entre R$ 15 milhões e R$ 16 milhões previsto no Brasil entre 2018 e 2024 estão preservados.

Além disso, Filosa contou que os 25 lançamentos de Jeep e Fiat para o mercado brasileiro estão mantidos. Entre as novidades estão dois SUVs da Fiat, que devem chegar no começo de 2022. Já a versão elétrica do Fiat 500, ficará disponível no próximo ano. 

Da Ansa

Um estudo do Instituto de Métrica e Avaliação da Saúde (Ihme) estimou que a região da América Latina e do Caribe pode ter 388 mil mortos até 1º de outubro se o ritmo da pandemia do novo coronavírus se mantiver. Brasil e México, as nações mais populosas da região, devem ser responsáveis por dois terços das mortes.

O instituto, ligado à Universidade de Washington, afirmou que a região é o novo epicentro da pandemia, com rápida aceleração dos casos. Nesta semana, as mortes passaram de 100 mil e os casos triplicaram de 690 mil para dois milhões em apenas 30 dias.

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A investigação atribui aos altos níveis de pobreza e desigualdade na região, assim como ao grande número de trabalhadores informais, o resultado. Milhões de habitantes não podem se colocar em quarentena e precisam trabalhar todos os dias para conseguir recursos para manter suas famílias.

Cuidados inadequados e superlotação de metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Cidade do México e outras grandes capitais também são citados como motivos para a explosão de casos. Nos últimos dias, uma a cada cinco mortes causadas pela pandemia no mundo ocorreu na região. O Brasil tem 52.645 falecimentos e o México, 23.377.

O estudo identifica ainda que há transmissão generalizada na América Central e na América do Sul. Países como Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala e Peru devem ter mais de 10 mil mortes até o outubro, enquanto outras 15 nações, como Paraguai, Uruguai e Belize, devem ter menos de mil mortos.

"Muitos países da América Latina estão enfrentando uma explosão nas trajetórias (das curvas), enquanto outros estão contendo as infecções de maneira efetiva", resumiu o diretor do Ihme, Christopher Murray. Ele salientou que o número de mortes pode ser ainda maior se as medidas de distanciamento forem flexibilizadas e se as pessoas não usarem máscaras corretamente.

"O Brasil está em um ponto sombrio de inflexão. A menos que o governo tome medidas sustentadas para diminuir a transmissão, o país continuará sua trágica trajetória ascendente de infecções e mortes". A transmissão pode ser reduzida pela metade em comunidades onde as pessoas estão usando máscaras ao sair de casa, segundo o Ihme. "Esses fatores são vitais em nossas projeções e destacam quantas vidas podem ser salvas", disse Murray.

Rafael Lozano, diretor de sistemas de saúde do Ihme, reafirmou a importância do uso de máscaras e do distanciamento social, ressaltando que os números de mortes podem cair nos países que adotarem esses procedimentos. No caso do Brasil, a queda seria para 144.431 mortes com 95% das pessoas usando máscaras. No México, seria de 79.652 óbitos.

Na quarta, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde, braço da Organização Mundial da Saúde, Carissa Etienne, disse que a região das Américas deve sofrer surtos recorrentes de covid-19 pelos próximos dois anos. O argumento é de que ainda não há tratamentos eficazes nem uma vacina disponível. Esse período seria intercalado por épocas de transmissão limitada.

"Agora é o momento de que líderes superem as divisões políticas e as fronteiras geográficas para apoiar uma resposta proporcional a essa crise sem precedentes", pediu. Desde que a pandemia foi declarada, em março, a OPAS tem pedido a aceleração e a expansão da capacidade de testes dos países para melhorar a gestão da crise.

Economia fragilizada

Se por um lado a pandemia avança, as projeções econômicas vão no sentido contrário, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Na América Latina e no Caribe, a recessão será mais aguda do que a estimada em abril, com uma contração do PIB regional de 9,4% em comparação com os 4,2% previstos anteriormente.

O México verá uma queda de 10,5% e o Brasil de 9,1%, enquanto a Argentina, mergulhada em uma enorme crise de dívida externa, cairá 9,9%.

Nesse contexto, os presidentes da Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Espanha, Peru, Paraguai, República Dominicana e Uruguai solicitaram ao FMI e a organizações financeiras regionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), mais soluções para aliviar os efeitos econômicos da pandemia, incluindo "possível reestruturação" da dívida. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Presidentes de nove países da América Latina e do Caribe se reuniram por videoconferência ontem convidados pelo governo da Espanha para discutir soluções para a crise econômica que atinge a região em razão da pandemia de coronavírus. Líderes de diferentes correntes políticas participaram do encontro virtual e pediram a organismos financeiros internacionais que considerem "medidas adicionais de apoio" para ajudar no combate à atual recessão. O Brasil ficou de fora do encontro.

A agenda do evento "Juntos por una respuesta para América Latina y el Caribe", ao qual o Estadão teve acesso, anunciava as participações do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e dos presidentes da Argentina, Colômbia, Costa Rica, Chile, Equador Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, além da primeira-ministra de Barbados e atual presidente da Comunidade do Caribe (Caricom).

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No encontro, os países aprovaram uma declaração que esboça algumas possíveis soluções de financiamento para rebater os efeitos da crise. Uma das medidas defendidas é "estudar possíveis reestruturações de pagamentos de dívida, caso a caso, a países altamente endividados em razão da pandemia". A ideia é convencer instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) que a reconstrução da região exige novos instrumentos de financiamento.

"Com a iniciativa, queremos contribuir para que os países latino-americanos e do Caribe tenham à sua disposição maiores recursos para responder ao desafio socioeconômico e para que possam lançar as bases de um crescimento mais equilibrado, sustentável e inclusivo em toda a região", concordaram os países presentes.

A ausência de México e Brasil, os maiores países da região, foi questionada pela imprensa. O governo espanhol afirmou que o presidente mexicano, Manuel López Obrador, foi convidado, mas teve uma incompatibilidade de agenda. O Estadão questionou o governo da Espanha se o Brasil foi convidado para o encontro. O mesmo questionamento foi enviado ao Itamaraty. Nem o governo espanhol, nem o brasileiro responderam até a publicação desta reportagem. Mas fontes do governo espanhol disseram ao Estadão que "a iniciativa é aberta" e o Brasil "poderá subscrever a proposta, se desejar". O Brasil tem ficado isolado na discussão de soluções regionais durante a pandemia.

A agência de notícias Servimedia noticiou que Brasil, Venezuela, Nicarágua e Cuba não foram contatados para participar do evento. "Não estarão países como México, que declinou por problemas de agenda do presidente Manuel López Obrador, enquanto outros, como Venezuela, Brasil, Nicarágua ou Cuba, não foram contatados", noticiou a Servimedia. O jornal El País afirmou que fontes governamentais explicaram que López Obrador teve problemas de agenda, mas "as mesmas fontes evitaram esclarecer se (Jair) Bolsonaro havia sido convidado".

O FMI divulgou ontem projeções atualizadas para a atividade econômica dos países neste ano, indicando que a América Latina é uma das regiões que mais sofrerá os efeitos da pandemia, com retração de 9,3%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A pandemia do novo coronavírus, que provocou mais de 477.000 mortes no mundo, um balanço que dobrou em menos de dois meses, registra um agravamento nos Estados Unidos e avança sem trégua na América Latina, com mais de 100.000 mortes, metade delas no Brasil.

As duas próximas semanas serão cruciais para responder aos focos preocupantes do coronavírus em quase 20 estados americanos, advertiu Anthony Fauci, imunologista chefe da Casa Branca, depois que 32.000 novos casos foram registrados na terça-feira no país mais afetado do planeta pela pandemia, com 121.225 mortos e 2,4 milhões de infectados.

Apesar do cenário preocupante nos Estados Unidos e da detecção de novos focos em países como China, Índia, Irã ou alguns países europeus, como a Alemanha, a América Latina e o Caribe continuam sendo, com 100.399 vítimas fatais e quase 2,2 milhões de casos, o epicentro da pandemia neste momento.

No Brasil, com 1.145.906 casos e 52.645 mortes, as populações indígenas são particularmente afetadas, com 7.700 contagiados e quase 350 mortos, o que deixou em alerta os 900.000 indígenas do país, que na semana passada perderam um de seus líderes, Paulinho Paiakã, para a Covid-19.

No Peru, com mais de 260.000 casos e 8.404 vítimas fatais, a polícia paga um preço elevado com 223 agentes mortos e mais de 15.600 infectados, enquanto a população exige o retorno ao trabalho, em uma economia que teve contração de 13% nos primeiros quatro meses do ano.

No México, o medo da pandemia se uniu na terça-feira ao terremoto de 7,5 graus que deixou seis mortos e provocou danos leves. O país registrou em 24 horas um novo recorde de 6.300 casos, para um balanço total de 191.410 infectados e 23.377 vítimas fatais.

Já a Colômbia observou um aumento exponencial quando começou a flexibilizar as restrições para reativar a economia, o que levou o governo a prolongar o estado de alerta.

Com quase 45.000 infectados - a maioria em Buenos Aires - e 1.049 mortos, na Argentina a pandemia piorou ainda mais a recessão que o país enfrenta desde 2018, com uma contração de 5,4% do PIB no primeiro trimestre.

Honduras e Bolívia estão com os hospitais à beira do colapso.

Diante da crise sem precedentes da região, o governo da Espanha convocou uma reunião por videoconferência nesta quarta-feira com os presidentes de nove países latino-americanos e executivos do FMI, do Banco Mundial e do BID para para articular um mecanismo que ajude a combater os efeitos da pandemia.

- Reconfinamento -

A pandemia matou 477.570 pessoas no mundo e deixou 9,3 milhões de infectados, de acordo com um balanço da AFP com base em fontes oficiais. Em menos de dois meses, o número de vítimas fatais dobrou em todo planeta.

Na Europa, que permanece como a região mais afetada com 194.000 mortos, a Alemanha voltou a determinar o confinamento na terça-feira de mais de 600.000 residentes das regiões de Gütersloh e Warendorf, após a descoberta de um foco da doença no maior matadouro do continente, onde mais de 1.550 pessoas contraíram o vírus.

A Itália também teme uma segunda onda de infecções. As autoridades da saúde estão preocupadas com o relaxamento da população, que se comporta como se o vírus não existisse mais, apesar das 34.657 mortes registradas no país.

Na China, país onde a Covid-19 foi detectada pela primeira vez em dezembro, o foco de novos contágios registrado em Pequim no início do mês, que provocou 256 infecções, está "sob controle", de acordo com as autoridades.

- A economia -

Enquanto alguns países ainda debatem o que é pior, se a crise econômica ou o coronavírus, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve atualizar nas próximas horas as perspectivas de crescimento mundial.

Nos últimos três meses, as notícias ruins se acumulam: a mais recente foi anunciada pelo grupo suíço Swissport, que anunciou o corte de mais de 4.000 postos de trabalho apenas no Reino Unido, quase metade de seus funcionários no país.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) destacou, no entanto, que apesar da queda de dimensão histórica do comércio mundial nos últimos meses, a situação é menos grave do que o temido graças às medidas adotadas pelos governos.

O setor de turismo, particularmente atingido, está multiplicando iniciativas para sair da crise, como as ilhas Fiji, que esperam criar uma espécie de "bolha" com a Austrália e a Nova Zelândia, para que turistas desses dois países aproveitem seus encantos.

A pandemia do novo coronavírus, que já provocou mais de 454.000 mortes no mundo, segue fazendo estragos, especialmente na América Latina, enquanto na China aumenta o medo de uma segunda onda e os líderes da União Europeia (UE) debatem um plano histórico de reconstrução.

O coronavírus avança de forma inexorável e o número de vítimas fatais dobrou em um mês e meio. Desde que foi detectado na China no fim do ano passado, mais de 8,5 milhões de pessoas foram infectadas.

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Brasil, com 1.269 mortos, e México, com 770, são os países do mundo que registraram mais óbitos nas últimas 24 horas. Na quinta-feira, o México também contabilizou 5.662 novos casos de contágio, um recorde.

O governo mexicano iniciou em 1 de junho a reabertura gradual das atividades em diversas regiões do país, especialmente nos setores de construção, mineração, manufatureiro e automotivo.

Hugo López Gatell, subsecretário mexicano de Saúde e responsável pela estratégia contra a Covid-19, admitiu, no entanto, que "a epidemia ainda não está acabando" e que as estimativas iniciais de mortes foram superadas.

O vírus não dá trégua no Brasil, país de 210 milhões de habitantes e com um balanço de 47.748 mortos e 978.142 casos positivos, a segunda nação mais afetada depois dos Estados Unidos.

O Chile, que se aproxima de 4.000 óbitos, endureceu as sanções para os que não respeitam a quarentena, com penas de até cinco anos de prisão.

- Um vírus europeu? -

Se a pandemia não para de avançar nas Américas, na China, onde o vírus parecia sob controle e com o país já em um ritmo de certa normalidade, as autoridades temem desde a semana passada um novo surto da doença.

Nesta sexta-feira, Pequim anunciou 25 novos casos, o que eleva a 183 o número de contágios nos últimos dias na capital chinesa, que tem 21 milhões de habitantes.

O novo foco obrigou o regime comunista a impor o confinamento em vários bairros e a organizar testes de diagnóstico para milhares de habitantes.

O governo dos Estados Unidos questiona a "credibilidade" dos números e pede o envio de observadores "neutros".

A China revelou nesta sexta-feira o genoma do coronavírus detectado nos últimos dias e deu a entender que este vírus seria uma versão do que circulou pelo continente europeu há várias semanas ou meses.

"É possível que o vírus que provoca atualmente uma epidemia em Pequim tenha viajado de Wuhan para a Europa e retornado agora à China", afirmou Ben Cowling, professor no Centro de Saúde Pública da Universidade de Hong Kong.

Outro dado científico, desta vez de Itália, revelou nesta sexta-feira que o novo coronavírus já estava presente nas águas residuais das cidades de Milão e Turim, norte da península, em dezembro de 2019, dois meses antes do registro oficial do primeiro paciente de Covid-19.

- "Uma oportunidade" -

Na Europa, o continente mais afetado pela pandemia com mais de 190.000 mortes, os 27 governantes da União Europeia (UE) debatem nesta sexta-feira o bilionário plano de reconstrução apresentado por Bruxelas para, por meio da dívida comum, tirar o bloco da profunda recessão.

O principal tema das negociações é um plano de recuperação de 750 bilhões de euros (844.000 bilhões de dólares): 500 bilhões seriam distribuídos por meio de subsídios aos países mais afetados pela pandemia, como Espanha e Itália.

Apesar do tempo curto, nenhum acordo é esperado para a primeira discussão por videoconferência, que servirá para "medir a temperatura" das diferentes posições.

Os olhares estão voltados em particular para Holanda, Áustria, Suécia e Dinamarca, os quatros países considerados "frugais" e adeptos do rigor fiscal, que se mostram relutantes a respeito do plano da Comissão Europeia.

"Este plano é uma oportunidade que a Europa não pode deixar passar", disse a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, antes da reunião. Bruxelas calcula que a economia da UE vai registrar contração de 7,4% do PIB em 2020, devido às consequências da pandemia.

- Fronteiras fechadas -

Nos Estados Unidos, país mais afetado pela pandemia com quase 120.000 mortos, o balanço foi de 687 vítimas fatais nas últimas 24 horas. Este foi o oitavo dia consecutivo com menos de 1.000 óbitos.

O assessor médico da Casa Branca, Anthony Fauci, afirmou em uma entrevista à AFP que que não é necessário ordenar mais confinamentos generalizados nos Estados Unidos para controlar a pandemia, e sim que a gestão deverá ter um enfoque local.

Apesar dos dados encorajadores, o país registra um aumento de casos em quase 20 estados e o foco passou de Nova York e do nordeste para as regiões sul e oeste.

Este é o caso de Oklahoma, onde o presidente Donald Trump planeja organizar um comício eleitoral com milhares de pessoas no sábado, e da Flórida, onde algumas cidades ordenaram o uso de máscara em público.

Neste contexto, o país não programa no momento a reabertura das fronteiras.

A situação epidêmica em Pequim é "extremamente grave", afirmaram as autoridades municipais, que informaram 27 novos contágios na capital da China, enquanto a pandemia segue em propagação na América Latina e a Europa retorna com prudência a uma relativa normalidade.

Há cinco dias, Pequim tem mais de 100 pessoas infectadas, a maioria delas vinculadas ao grande mercado atacadista de Xinfadi, na zona sul da capital, que foi fechado.

Pequim, que tem 21 milhões de habitantes, está em uma "luta contra o relógio" diante do novo coronavírus, afirmou o porta-voz da prefeitura, Xu Hejian.

As autoridades confinaram os moradores de 30 zonas residenciais da cidade, fecharam escolas e centros de lazer e organizam quase 90.000 teste de diagnóstico por dia, enquanto aumenta o temor de uma "segunda onda" no país em que surgiu a pandemia, em dezembro.

O resto do planeta, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), observa a China com lupa e com preocupação, como se fosse um espelho que reflete o que poderia acontecer em seus territórios em um futuro próximo.

- Mais casos no Brasil que em toda Ásia -

O novo coronavírus matou mais de 436.000 pessoas no mundo e infectou mais de oito milhões, de acordo com um balanço da AFP baseado em dados oficiais.

A América Latina, onde a epidemia avança com força, registra 81.140 mortes e mais de 1,6 milhão de contágios. O Brasil é o país mais afetado da região, com quase 44.000 mortes e mais de 888.000 contágios confirmados, um balanço que só não é maior do que o dos Estados Unidos.

A modo de comparação, os contágios no Brasil, país de 212 milhões de habitantes, superam os registrados em toda Ásia, que alcançam 865.013.

No México, onde o governo considera que o pior já passou e que iniciou a retomada das atividades, o balanço é de 17.580 vítimas fatais e 150.264 casos confirmados.

No Peru, com mais de 6.800 mortes, o novo coronavírus provocou uma queda histórica de 40,49% em ritmo anual do PIB em abril, anunciou o governo, que autorizará em breve a reabertura dos centros comerciais.

O Equador, com 47.000 contágios e quase 4.000 mortos, decidiu prorrogar por mais 60 dias o estado de exceção em vigor desde março.

A pandemia virou um terreno fértil para os boatos e desinformação. Na Bolívia, moradores de três localidades destruíram na segunda-feira quatro antenas de telecomunicações por acreditar que eram de tecnologia 5G, associada equivocadamente à transmissão do novo coronavírus.

A Autoridade de Fiscalização e Controle de Telecomunicações (ATT) divulgou um comunicado para explicar que a tecnologia 5G não funciona no país e desmentir que esteja relacionada com o coronavírus.

- 350 milhões de pessoas em risco -

Na Europa, países como Alemanha, França, Bélgica e Grécia suspenderam na segunda-feira as restrições de circulação para viajantes dentro da União Europeia por considerar que a pandemia está sob controle.

A Nova Zelândia, onde na semana passada as autoridades anunciaram que não havia mais casos de coronavírus no país e suspenderam as restrições, registrou nesta terça-feira dois novos casos, os primeiros em 25 dias, em pessoas que chegaram do Reino Unido.

Nos Estados Unidos, país mais afetado do planeta pela Covid-19 com mais de 116.000 mortes e 2,1 milhões de contágios, a pandemia passou do nordeste para o sul e o oeste.

Mais de 10 estados reportaram nos últimos dias o maior número de novos contágios desde o início da pandemia. Este é o caso de Oklahoma, onde o presidente Donald Trump, desafiando críticas, planeja organizar um comício eleitoral com dezenas de milhares de pessoas no próximo fim de semana.

Nas últimas 24 horas, Estados Unidos registraram menos de 400 mortes por coronavírus, mas o número de novos contágios por dia se aproxima de 20.000.

Um estudo britânico publicado nesta terça-feira concluiu que 1,7 bilhão de pessoas, ou seja, 22% da população mundial, apresentam ao menos um fator de risco que as torna mais suscetíveis a contrair uma forma grave de Covid-19.

Entre estas, 349 milhões de pessoas estão particularmente expostas e precisariam ser hospitalizadas em caso de contágio com o novo coronavírus.

De acordo com o britânico Angus Deaton, prêmio Nobel de Economia, a pandemia revelou as enormes desigualdades no mundo, que podem ser agravadas ainda mais.

Ele disse que a pandemia de coronavírus é como um "raio X que torna ainda mais visíveis as desigualdades pré-existentes".

O número de infecções pelo novo coronavírus em América Latina e Caribe chegou nesta quinta-feira a 1.509.813, segundo um balanço da AFP com base nas cifras oficiais dos países.

Na região, que se tornou o epicentro da pandemia, 73.602 pessoas já morreram de Covid-19, mais da metade no Brasil.

A pandemia de Covid-19 manteve nesta quarta-feira (10) seu firme avanço na América Latina, onde as mortes passaram de 70.000, enquanto a Europa avançou para a normalização, com a ideia de abrir suas fronteiras ao mundo desde julho.

O continente americano se mantém como o epicentro da crise sanitária do novo coronavírus e concentra quase metade dos 414.484 falecimentos ao redor do mundo e dos 7.336.671 contágios, segundo um balanço baseado em fontes oficiais.

Apesar do avanço sustentado no Brasil, o país mais afetado da América Latina pela Covid-19, a cidade de São Paulo reabriu o comércio nesta quarta, como parte de um processo de retomada gradual das atividades.

O país registrou 1.274 novos óbitos nas últimas 24 horas, totalizando 39.680, e soma 772.416 casos registrados, com um acréscimo de 32.913 desde a terça-feira.

Com estes números, o Brasil tem mais da metade dos 71.104 falecimentos na região. É, ainda, o terceiro país em número de mortes, atrás dos Estados Unidos e do Reino Unido, e o segundo no total de casos, atrás apenas dos Estados Unidos.

No entanto, a flexibilização continuará em São Paulo - a cidade mais populosa do país, com 12 milhões de habitantes - com a reabertura nesta quinta de shopping centers, na véspera do Dia dos Namorados.

No mesmo dia também vão abrir os shoppings no Rio de Janeiro, a segunda cidade do país em número de habitantes, com 6,7 milhões de habitantes.

Embora o presidente Jair Bolsonaro promova a retomada da atividade econômica desde o início das restrições nos estados, especialistas consideram apressada sua flexibilização, visto que a curva de contágios continua subindo.

As preocupações no Brasil abrangem outro problema: na Amazônia, onde vivem populações vulneráveis, o início da temporada de incêndios florestais poderia agravar a já complexa situação de saúde.

O México é o segundo país latino-americano com mais mortes na pandemia: 14.649 para uma população de 120 milhões de habitantes, seguido do Peru, com 33 milhões de pessoas e onde há 5.903 vítimas fatais.

No Chile também se multiplicam os casos, assim como no Panamá e na Costa Rica, sobretudo na fronteira com a Nicarágua, e no Haiti e no Suriname.

- Inverno e economia gelada -

O clima vai adicionar complicações à situação no continente.

Segundo a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), o início do inverno austral aumentará a incidência de doenças respiratórias na América do Sul e a intensa temporada de furacões nos próximos meses no Atlântico também complicará a resposta à pandemia nas Américas do Norte e Central, especialmente no Caribe, disse na terça-feira a diretora da OPAS, Carissa Etienne.

Os Estados Unidos superaram as 112.000 mortes por Covid-19. Mas Miami, cidade da Flórida dependente do turismo, abriu nesta quarta-feira suas praias, com controles e medidas de prevenção, após mantê-las fechadas desde 23 de março.

Em Nova York, que começou a descongelar suas atividades esta semana, foi inaugurado um novo terminal de quatro andares no aeroporto de LaGuardia, em meio à enorme crise do transporte aéreo.

"Os aviões vão voar, os carros vão circular, os trens também. A vida continua depois da Covid-19", disse o governador Andrew Cuomo durante a inauguração.

Por causa do freio que afetou todos os setores, a economia americana sofrerá uma queda de 6,5% este ano com relação a 2019, mas crescerá 5% no ano que vem, estimou nesta quarta o Federal Reserve (Fed, banco central americano).

No país, onde há dois meses a curva de contágios está em um "platô", o vírus a princípio castigou com força o litoral e agora circula mais nas regiões menos urbanizadas do Meio Oeste e do Sul, onde o confinamento foi determinado mais tarde e foi suspenso antes.

A queda econômica está em linha com o recuo global de 6% que a OCDE previu para este ano, se a pandemia de Covid-19 "permanecer sob controle". Se houver uma segunda onda, segundo a organização, poderia se aprofundar a 7,6%.

Para 2021, a previsão é de um forte crescimento de 5,2%, que será limitado a 2,8%, no caso do registro de uma segunda onda do vírus.

"A escolha entre a saúde e a economia é um falso dilema. Se a pandemia não for controlada, não haverá recuperação robusta", advertiu por videoconferência o secretário-geral da OCDE, o mexicano Ángel Gurría.

Segundo as previsões, a zona do euro será afetada com um retrocesso de 9,1% do PIB no cenário mais favorável.

Na América Latina, antecipa-se uma queda entre 7,4% e 9,1% para o Brasil, e de 7,5% a 8,6% para o México.

Enquanto isso, o FMI aprovou nesta quarta um empréstimo de emergência para a Guatemala de 594 milhões de dólares por "necessidades urgentes" resultantes da pandemia.

- Alívio e cautela na Europa -

Na Europa, que acumula mais de 185.000 mortos pela Covid-19, continua o processo de normalização.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, anunciou nesta quarta-feira que a Comissão Europeia vai propor esta semana ao bloco a reabertura "gradual e parcial" das fronteiras externas a partir de 1º de julho.

A retomada das viagens "não essenciais" à UE, proibidas desde 17 de março, seria aplicada a países determinados com base a uma série de critérios, acordados por países europeus e a Comissão, afirmou Borrell.

Sete milhões de pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus no mundo, segundo um balanço da AFP, embora os números reais sejam, sem dúvida, muito superiores, e a pandemia continua avançando na América Latina.

Mais de 403.000 pessoas morreram vítimas da Covid-19 no mundo, metade delas na Europa. Hoje, no entanto, o epicentro da pandemia está na América Latina, que tem mais de 1,3 milhão de casos e 65.000 mortos.

O Brasil é o país mais afetado da região e ocupa o terceiro lugar no mundo em número de mortes, atrás apenas dos Estados Unidos e Reino Unido, e o segundo em número de contágios.

O ministério da Saúde voltou a divulgar no domingo números totais de casos, depois de ser acusado de "invisibilizar" as mortes por Covid-19 e não fornecer dados transparentes. Além disso, divulgou no domingo números divergentes em dois balanços com poucas horas de intervalo. No primeiro anunciou 1.382 óbitos em 24 horas e no segundo 525 falecidos.

Se o segundo balanço for considerado válido, o Brasil teria 691.758 casos confirmados e 36.455 mortes por Covid-19 desde o início da pandemia.

Apesar dos números graves e em meio a uma crescente tensão com o presidente Jair Bolsonaro por sua gestão da crise de saúde, alguns governadores, como o do Rio de Janeiro, anunciaram a flexibilização das restrições impostas.

No México, segundo país com mais mortes na América Latina, o ministro da Previdência Social, Zoé Robledo, um dos funcionários com maior atividade pública do país e que participa com frequência da entrevista coletiva diária do presidente mexicano, confirmou no domingo que apresentou resultado positivo para a Covid-19.

- "Não há muros" -

O Peru, terceiro país mais afetado na região, está com o sistema de saúde à beira do colapso, devido à falta de oxigênio.

O Chile registrou números recordes nas últimas 24 horas, com 96 mortes e 6.405 contágios, o que elevou o total de vítimas fatais a 2.290.

"Esta pandemia nos ensinou que somos uma só família. O que acontece com um ser humano em Wuhan, acontece com o planeta, acontece com todos nós (...) Não há muros, não há paredes que possam separar as pessoas", afirmou à AFP a escritora chilena Isabel Allende.

Em outras regiões do mundo, a situação parece cada vez mais controlada e é acompanhada por um prudente retorno à normalidade.

Na Espanha, que registrou 27.000 mortes, o campeonato de futebol será retomado na quarta-feira, após três meses de interrupção.

Na região de Madri e Barcelona, as mais afetadas pelo vírus, a fase dois do plano de flexibilização do confinamento permite a partir desta segunda-feira a abertura dos estabelecimentos comerciais, mas apenas com 40% de sua capacidade. Nas praias de Barcelona, por exemplo, as pessoas podem tomar banho de sol e entrar no mar, quando até a véspera só estavam autorizadas a caminhar, correr ou praticar natação.

Além disso, os bares e restaurantes poderão receber clientes na área interna, com capacidade limitada, e não apenas a céu aberto como até agora.

Na Dinamarca, as piscinas públicas e academias foram autorizadas a retomar as atividades. Na Irlanda, todas as lojas reabriram as portas.

A Rússia anunciou a reabertura parcial de suas fronteiras, fechadas desde março, o que permitirá a seus cidadãos sair do território nacional por razões médicas ou profissionais e que os estrangeiros possam entrar para tratamentos médicos ou encontrar parentes.

Além disso, a capital Moscou, área mais afetada pela pandemia no país, suspenderá o confinamento, adotado em março, em 9 de junho.

- Quarentena no Reino Unido -

O Reino Unido, segundo país mais afetado pela pandemia em número de mortes, com 40.542 vítimas fatais, suspende as restrições aos poucos.

Nesta segunda-feira entrou em vigor uma polêmica quarentena de 14 dias para qualquer visitante que chegar do exterior, uma medida que tem a eficácia questionada e que desagrada os setores aéreo e do turismo.

Estados Unidos, com mais de 110.000 mortes e mais de 1,9 milhão de infectados, lideram a lista de países mais afetados pela pandemia.

Em meio a uma grande mobilização contra a brutalidade policial e o racismo, os profissionais da saúde temem que os protestos resultem em um novo pico dos contágios nas próximas semanas.

O país, no entanto, avança rumo ao fim do confinamento. Nova York entrará esta semana na fase 1 do plano de reabertura, com a retomada das atividades nos setores de manufatura e construção. Os estabelecimentos comerciais terão acesso muito restrito.

Do outro lado do planeta, as notícias provocam esperança. A Nova Zelândia deu alta ao último caso ativo de coronavírus. O país do Pacífico Sul suspendeu todas as restrições nacionais e autorizou a retomada do campeonato Super Rugby em uma versão mais reduzida, mas com a presença de torcedores nos estádios.

A Índia também deu um passo rumo à normalidade ao autorizar a reabertura de locais de culto e centros comerciais, apesar da epidemia do novo coronavírus persistir no país de 1,3 milhão de habitantes.

Com a esperança de reativar o setor do turismo, vital para sua economia, a Itália reabriu suas fronteiras aos europeus nesta quarta-feira (3), uma etapa crucial na volta à normalidade depois que o país foi atingido com força pela pandemia de coronavírus, que continua avançando na América Latina, especialmente no Brasil.

Itália e o restante da Europa prosseguem com a flexibilização das restrições, após a redução do número de mortes e de contágios. Mas o vírus, que foi detectado pela primeira vez em dezembro na China, provoca muitos danos em uma América Latina mal preparada, atual epicentro da pandemia, que provocou mais de 6,3 milhões de casos e 380.000 mortes em todo planeta.

Epicentro da pandemia na Europa e onde morreram quase 33.500 pessoas vítimas da Covid-19, a Itália também passa a permitir a seus cidadãos o livre deslocamento entre regiões, a partir desta quarta-feira. Os voos internacionais foram retomados em pelo menos três cidades importantes: Roma, Milão e Nápoles.

"O país está voltando à vida", afirmou o ministro de Assuntos Regionais, Francesco Boccia. Desde segunda-feira, o Coliseu de Roma e os museus do Vaticano recebem visitantes, mas as fronteiras fora da União Europeia continuam fechadas, um tema que ainda é debatido pelos governos.

"Esperamos ver algum movimento a partir de hoje. Não temos turistas estrangeiros, mas estamos cautelosamente otimistas", disse Alessandra Conti, recepcionista do hotel Albergo del Senato, próximo ao Panteão em Roma.

Itália, França, Espanha e outros países europeus tentam salvar uma parte da temporada turística de verão, ao menos com seus cidadãos e em escala continental. A Alemanha decidiu nesta quarta-feira suspender, a partir de 15 de junho, as restrições para as viagens turísticas na Europa.

Com quase 28.000 mortos, a Espanha suspenderá a quarentena para os estrangeiros em 1° de julho, e o Reino Unido, o país mais afetado da Europa com quase 40.000 mortes, planeja receber turistas de alguns países considerados seguros. Além disso, o aeroporto London City, próximo de um dos principais distritos financeiros da capital britânica, anunciou que retomará os voos comerciais no fim de junho.

Na França, onde o vírus provocou quase 30.000 mortes, cafés e restaurantes já reabriram as portas, e as pessoas estão autorizadas a viajar para qualquer ponto do país.

A Áustria anunciou que vai interromper o controle sistemático das fronteiras terrestres, com exceção das compartilhadas com a Itália, três meses depois de restringir a liberdade de movimento.

"A partir de amanhã (quinta-feira), os controles serão pontuais e não mais sistemáticos", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Alexander Schallenberg. Ele explicou que as restrições prosseguem com a Itália, devido ao número de contágios registrados neste país.

- "Gasolina no fogo" -

Ao contrário da Europa, a situação é muito preocupante na América Latina, onde foram registrados mais de um milhão de casos e quase 52.000 mortes.

Nos próximos dias, o Brasil pode superar a Itália em número de vítimas fatais. O país tem quase 555.000 casos registrados e mais de 31.000 óbitos.

Apesar dos números, em algumas cidades do interior de São Paulo, centros comerciais, shopping centers, escritórios, imobiliárias e concessionárias reabriram as portas, ainda que com medidas de proteção.

O Rio de Janeiro também entrou na fase inicial de desconfinamento, e vários surfistas e nadadores retornaram ao mar nas praias de Copacabana e Ipanema.

As medidas de quarentena, ou de flexibilização do confinamento, são de competência de estados e municípios, para irritação do presidente Jair Bolsonaro, que deseja o fim de todas as restrições.

"Na situação atual, ainda não é o momento. Você vai estar jogando gasolina no fogo", disse à AFP Rafael Galliez, infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Outros países latino-americanos também muito afetados pela pandemia, como México, Peru e Equador, anunciaram medidas para o desconfinamento.

Nos Estados Unidos, especialistas temem que a onda de protestos iniciada após a morte de um cidadão negro por um policial branco provoque um aumento do número de contágios.

O país é o mais afetado do mundo em termos absolutos, com 106.180 vítimas fatais e 1.831.435 casos de Covid-19, segundo um balanço da Universidade de Baltimore.

- Futuro econômico sombrio -

Em outras regiões do mundo, a Rússia também avança para a normalidade e já convocou um referendo constitucional para 1o de julho, apesar dos temores de uma segunda onda de infecção. O Irã, por exemplo, registra um novo pico da pandemia.

O Banco Mundial afirmou que a economia enfrenta perdas "abissais", e a recuperação será prejudicada pela escassez de recursos. A recessão global levará 60 milhões de pessoas à pobreza extrema.

Na América Latina, a pandemia de Covid-19 agravou a tendência de queda das exportações que era observada desde o ano passado, afirma um relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A pandemia do novo coronavírus castiga duramente a América Latina, que superou o milhão de casos de Covid-19, mas dá uma trégua na Europa, que mantinha nesta segunda-feira (1) alguma normalidade.

Quatro dos dez países com o maior número de infecções diárias são latino-americanos: Brasil, Peru, Chile e México, informou Michael Ryan, diretor de emergências sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS), durante coletiva de imprensa virtual em Genebra.

"Precisamos nos dedicar a apoiar especialmente a América Central e a América do Sul em sua resposta", declarou Ryan, que alertou para a instabilidade da situação em vários países, com "um alto aumento dos casos" e uma crescente pressão sobre os sistemas de saúde.

"Não acho que tenhamos alcançado o pico dos contágios e, por enquanto, não posso prever quando será alcançado", acrescentou.

O epicentro regional é o Brasil que, com 514.849 casos, é o segundo país em número de contágios em todo o mundo, atrás dos Estados Unidos.

Combinada à pandemia, o país de 210 milhões de habitantes vive uma grande tensão política, pois o presidente Jair Bolsonaro se opõe ao confinamento decretado por vários prefeitos e governadores, apesar de o coronavírus já ter deixado mais de 29.000 mortos.

O México, com 120 milhões de habitantes, tem mais de 90.000 casos declarados e se aproxima dos 10.000 mortos.

O Peru, com 33 milhões de habitantes, registra 4.600 óbitos e é o segundo país latino-americano com mais casos de COVID-19, com mais de 170.000 infectados.

O Chile, por sua vez, superou os 1.100 mortos e os 100.000 casos.

- Sem óbitos na Espanha -

Este panorama sombrio contrasta com o que ocorre na Europa, onde foram registrados 178.080 falecidos e mais de 2,1 milhões de contágios, mas a situação começa a se normalizar.

Nas últimas 24 horas, a Espanha (que acumula 27.127 óbitos) não registrou nenhuma morte por COVID-19 nas últimas 24 horas. Segundo o diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias, Fernando Simón, este é "um dado muito, muito favorável".

Embora as viagens entre os países permaneçam inabilitadas, os locais turísticos mais importantes voltaram a abrir na Europa. Nesta segunda foi a vez do Museu Guggenheim em Bilbao (norte da Espanha), do Grande Bazar de Istambul com suas 3.000 lojas e 30.000 comerciantes, e o Coliseu de Roma, iluminado para a ocasião com as cores da bandeira da Itália.

O imponente anfiteatro da Roma antiga recebeu cerca de 300 pessoas que tinham feito reservas online, um número muito inferior aos 20.000 turistas diários que o monumento costumava receber.

"Aproveitamos a ausência de turistas estrangeiros para passear", comemorou Pierluigi, um morador de Roma, acompanhado da esposa.

Para a Itália, a reabertura do Coliseu, que se soma à de outros monumentos e sítios históricos nos últimos dias, deve ajudar a relançar o setor-chave do turismo, muito afetado pelo novo coronavírus, que deixou mais de 33.000 mortos no país.

- "Ar puro" -

Apesar de um ressurgimento recente de casos diários, Moscou flexibilizou um pouco nesta segunda-feira suas restrições, autorizando comércios não essenciais a reabrirem depois de mais de dois meses de fechamento.

Seus moradores agora podem passear, sempre com máscaras e respeitando um sistema de horários.

"Finalmente podemos respirar ar puro e ver de novo nossos locais favoritos", disse no famoso parque Gorki da capital russa Liza Astashevskaya, uma estudante de 17 anos.

No Reino Unido, as escolas da Inglaterra, fechadas desde meados de março, voltaram a receber crianças de 4 a 6 anos e de 10 e 11, apesar das críticas dos sindicatos locais, que consideram a decisão apressada.

Nesta segunda-feira, o Reino Unido, onde a COVID-19 deixou mais de 38.000 mortos, registrou 111 novos falecimentos, seu menor balanço diário de óbitos desde o início do confinamento.

Apesar do temor de uma segunda onda, também avançam para uma normalização Finlândia (reabertura de restaurantes, bibliotecas e outros locais públicos), Grécia (jardins de infância e escolas de ensino fundamental), Romênia (cafés, restaurantes e praias), bem como Albânia, Noruega e Portugal.

Os franceses, por sua vez, esperam com impaciência a volta dos cafés e restaurantes prevista para a terça-feira, assim como a suspensão da proibição de se deslocar para além de 100 km de casa.

Mas, apesar dos sinais positivos em alguns países, o coronavírus permanece muito ativo.

Nesta segunda, o Irã anunciou cerca de 3.000 novos casos em 24 horas, a maior cifra em dois meses no país, e o ministro da Saúde, Said Namaki, advertiu que o coronavírus está "longe" de ter terminado.

- Várias frentes para Trump -

Nos Estados Unidos, com mais de 104.000 mortos e 1,8 milhão de casos, o presidente Donald Trump não só enfrenta uma crise sanitária gigantesca, como também uma explosão de protestos e distúrbios em várias cidades após a morte de George Floyd, um cidadão afro-americano assassinado por um policial branco.

O país, o maior contribuinte da OMS, decidiu cortar laços com a agência, que acusa de indulgência com a China. No entanto, seu diretor, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta segunda o desejo de continuar trabalhando com Washington.

"A OMS espera que esta colaboração continue", disse o alto funcionário, exaltando "a generosidade" dos Estados Unidos "durante várias décadas".

As medidas de confinamento geraram mal-estar em países como Estados Unidos, Espanha e Argentina, e aumentam as pressões aos governos para relançar setores econômicos vitais.

No Chile, as restrições impostas para conter a propagação do coronavírus levaram a economia a desabar 14,1% em abril com relação ao mesmo mês do ano passado, a pior queda desde o início dos registros, informou o Banco Central nesta segunda-feira.

O Equador, onde se registraram 3.600 falecidos e mais de 39.000 casos, decidiu retomar os voos comerciais domésticos e reduzir o toque de recolher de 15 para 11 horas.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, anunciou em coletiva de imprensa diária a reabertura gradual a partir da segunda-feira de atividades econômicas relacionadas "com a indústria automotiva, com a mineração e a indústria da construção".

E o governo de Honduras, por sua vez, dividiu o país em três áreas, segundo a incidência do vírus, para adotar uma reabertura da economia "inteligente" e gradual.

Atualmente, 158 milhões de trabalhadores estão na informalidade na América Latina. O número, que representa 54% dos 292 milhões que integram a força de trabalho local, é apontado pelos especialistas como o principal desafio para a implementação eficaz das medidas de combate ao novo coronavírus. Isso ajuda a explicar por que a região se tornou o novo epicentro mundial da pandemia.

"A resposta tradicional à pandemia, com o isolamento social, um pacote de estímulo e de apoio a empresas e empregos e aumento da capacidade do sistema de saúde funciona bem em contextos de baixa informalidade, como EUA e China, porque é muito difícil obrigar o trabalhador informal a paralisar a sua atividade econômica", explica o diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para a América Latina e o Caribe, Vinícius Pinheiro.

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Dos trabalhadores informais, segundo a OIT, 90%, ou seja, 140 milhões, estão sendo atingidos de forma grave pelos efeitos da pandemia. O Peru é considerado pela organização como um exemplo prático disso. Foi um dos países mais rígidos ao implementar o lockdown: desde o dia 15 de março fechou aeroportos e fronteiras. Mas o número de doentes cresce rápido ao lado do Brasil, por exemplo.

"Em feiras de rua de Lima, 80% das pessoas estão contaminadas porque quem precisava vender para sobreviver furava o isolamento, é o dilema entre o vírus e a fome. Aí essas pessoas levavam multas do governo, não tinham como pagar e eram detidas. Na prisão, elas se contaminaram", conta Pinheiro.

Para o economista e professor de relações internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, o maior problema da informalidade é a ausência de proteção social. "A pandemia exibiu da forma mais pura que a informalidade não significa ter alguma forma de proteção social. No Brasil temos um auxílio emergencial de R$ 600, o que não se repete no restante da América Latina por falta de condições", afirma.

Na região, o levantamento da OIT mostra que 48% dos trabalhadores informais são autônomos e 31% atuam em micro ou pequenas empresas que têm entre dois e nove funcionários. Com a pandemia, os informais devem ter uma perda de 80% de sua renda, o que deve tornar a taxa de pobreza - que afeta cerca de 36% dos trabalhadores informais - a nova realidade para 90% dos informais.

O peruano Gianfranco Barrionuevo é cozinheiro contratado em um restaurante de Lima, mas lamenta a situação de muitos colegas que trabalham no mesmo local de maneira informal. "Infelizmente tenho muitos companheiros que não são peruanos ou não estão com a documentação toda em dia, então eles vão sofrer", afirma, ao se referir a outro problema da informalidade.

Para que algum auxílio do governo chegue a essas pessoas é essencial que exista um sistema de cadastro atualizado, explica Pinheiro. "Em alguns casos não se sabe quem são as pessoas que devem receber o auxílio por falta de um sistema que compile os dados dos informais. No Peru, 12% do PIB está sendo dedicado a pacotes de auxílio, mas não se sabe quanto disso chega a quem precisa."

O professor Trevisan cita o caso de trabalhadores da chamada 'informalidade digital', que atuam em empresas como Uber e Rappi. No dia 8 de maio, funcionários desses aplicativos saíram em suas motos e bicicletas pelas ruas de Buenos Aires pedindo kits de higiene e segurança para realizarem as entregas, já que o serviço aumentou muito durante a pandemia.

Planejamento

Com a maioria dos serviços não essenciais paralisados, governos adotaram medidas para proteger os trabalhadores formais da exposição ao vírus e para reduzir o impacto econômico. Até abril, segundo estudo da Cepal, 19 países dos 26 da região adotaram o home office, 14 possibilitaram a ausência remunerada e 11 permitiram a redução de jornada.

Por ser contratado, Barrionuevo recebeu 60% de seu salário em março, mas depois disso, com o restaurante fechado, ele ficou sem renda mensal. Então partiu para o sistema de delivery. "Não estou passando necessidade, mas se eu não me planejar agora, em algum tempo vou passar. Não recebi nenhuma ajuda do governo porque sou um trabalhador estável, mas estou tocando um negócio por conta própria para poder pagar as contas. Estou trabalhando com pizzas e comida italiana para delivery", conta.

Trabalhadores do setor de saúde também têm recebido algum auxílio dos governos. Na Argentina, por exemplo, os trabalhadores da saúde receberão entre abril e julho um bônus de 5 mil pesos (US$ 76) ao mês.

Mas o que preocupa organizações internacionais é a dificuldade de acesso ao sistema de saúde pelos trabalhadores informais. "Na maioria dos países da América Latina quem tem acesso à saúde é quem contribui com o Estado. Não existe um acesso universal como no Brasil. Essa barreira explica por que países com mais cobertura e menos informalidade, como Costa Rica e Uruguai, mostram números menores de contágios", diz Pinheiro.

A retomada das atividades econômicas já começou em países da região, como Costa Rica e Chile, e começará em outros amanhã, como México. Mas analistas alertam para o risco do aumento de casos da covid-19 e a necessidade de novas restrições.

Peru

Desde que a pandemia chegou ao Peru, o venezuelano Rodolfo Castillo precisou trocar a engenharia mecânica pelo serviço funerário para sobreviver em Lima. "Saio para trabalhar e recolho mais de dez mortos por dia. Por medidas sanitárias, nenhum corpo de vítima da covid-19 é preparado para um funeral. A gente coloca em uma sacola especial para levar ao crematório", contou Castillo ao Estadão.

O venezuelano chegou ao Peru há dois anos e mora em um bairro de classe média com primos e tios. Castillo perdeu o emprego na empresa de refrigeração e resolveu pedir ajuda a amigos venezuelanos que já trabalhavam no setor funerário. "Pouco a pouco, vou me acostumando, mas não é fácil. Agora, tenho uma rotina dura e passei a tomar mais cuidado, porque não é apenas uma gripe."

No Peru, mais de 4 mil pessoas morreram e 141 mil casos de covid-19 foram confirmados. O país teve um lockdown rígido. Em 15 de março, já havia fechado aeroportos e fronteiras, mas a disseminação tem sido rápida porque há muita informalidade e muitos vivem em situação sanitária precária.

Esse é um dos cenários que Castillo encontra em seu trabalho: pessoas que morreram em casas pequenas, onde a máquina de lavar roupas está ao lado da cama sem lençóis. Para retirar os mortos, ele precisa de uma escada para carregar os cadáveres.

Desde 2015, mais de 4,5 milhões de latino-americanos, a maioria venezuelanos, migraram para países da região. Governos lançaram programas de auxílio e garantiram vistos temporários ou permissões de trabalho, mas agora existe o temor de que a pandemia impeça novas ações sociais, enquanto a recessão e a disputa por leitos de hospitais aumenta.

Auxílios

No Peru, em 2017, quando o êxodo venezuelano aumentou, o governo do então presidente, Pedro Pablo Kuczynski, estendeu a duração do visto de trabalho temporário e criou um visto específico de permanência. Com isso, em 2018, 500 mil venezuelanos entraram no país.

O número de venezuelanos vivendo no Peru é de 860 mil, mas a integração é mais difícil do que em países como a Colômbia, explica Brian Winter, editor-chefe da Americas Quarterly, em artigo sobre políticas migratórias da América Latina. Ele cita a questão das culturas e similaridades entre os países caribenhos.

O risco de contaminação para Castillo é grande, assim como ocorre com a maioria dos imigrantes na América Latina. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), muitos não estão regularizados e trabalham em serviços essenciais - portanto, não conseguem cumprir o isolamento social.

"Vários venezuelanos têm trabalhado em serviços essenciais, como auxiliares de enfermagem, segurança privada, limpeza e serviços de gestão de cadáveres. Além disso, os imigrantes sofrem com o aumento da xenofobia", afirma o diretor da OIT para a América Latina e o Caribe, Vinícius Pinheiro.

Xenofobia

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), a pandemia pode levar à perda do status migratório legal por conta do fechamento de fronteiras, por isso é importante que essa população receba mais apoio dos Estados.

Castillo não tem o visto permanente. Ele diz que o processo foi paralisado com a crise. Mas seu desejo agora é retornar à Venezuela.

"A economia aqui (no Peru) vai decair muito e sempre nos rotulam de várias coisas, menos de boas pessoas."

A situação se repete em outros países da América do Sul. Na Colômbia, por exemplo, quase 1,8 milhão de venezuelanos chegaram entre 2015 e 2019, mas 65 mil deles regressaram desde o início da pandemia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A célebre Esplanada das Mesquitas em Jerusalém reabriu as portas neste domingo, em um novo exemplo do lento retorno à normalidade no mundo, algo muito distante para a América Latina, atual epicentro da pandemia, que superou a barreira de 50.000 mortes provocadas pelo coronavírus, quase 29.000 delas no Brasil.

Mais de seis milhões de pessoas foram infectadas e pelo menos 369.086 (balanço da AFP) morreram no mundo vítimas da COVID-19, que provoca profundas divisões na comunidade internacional sobre a maneira como enfrentar a pandemia, como demonstrou a decisão do governo dos Estados Unidos de romper com a Organização Mundial da Saúde (OMS), acusada por Washington de ser muito indulgente com a China, onde o coronavírus foi detectado em dezembro.

Os especialistas projetam semanas muito duras para a América Latina. O Brasil, com 28.834 vítimas fatais, se tornou o quarto país com mais mortes, atrás dos Estados Unidos (103.472), Grã-Bretanha (38.161) e Itália (33.229).

O país, de 210 milhões de habitantes, registra ainda o segundo maior número de contágios confirmados no planeta: 498.444 casos.

A situação no Brasil é ainda mais complicada pela decisão do presidente Jair Bolsonaro de expressar oposição ao confinamento decretado por vários governadores e prefeitos, seguindo as recomendações da OMS e da comunidade científica internacional.

Bolsonaro defende, inclusive, o retorno do futebol profissional no Brasil, paralisado desde março.

Mas o Brasil não é o único foco na América Latina. A pandemia também avança com força no México, com 9.415 mortes em uma população de 120 milhões, e Peru, com 4.371 vítimas fatais para 33 milhões de habitantes e que no sábado ultrapassou a barreira de 150.000 casos confirmados.

- Esplanada das Mesquitas reabre -

Em Jerusalém, a Esplanada das Mesquitas, que abriga o Domo da Rocha e a mesquita de Al-Aqsa, reabriu as portas neste domingo após dois meses de fechamento devido ao coronavírus, com fiéis de máscara e fitas no chão para marcar o distanciamento necessário.

A reabertura se une a da Basílica da Natividade na terça-feira em Belém, local de nascimento de Jesus de acordo com a tradição cristã, localizada na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel. Porém, a basílica do Santo Sepulcro de Jerusalém, outro local emblemático, permanece fechada.

O retorno à normalidade após um longo período de confinamento é observado de maneira mais intensa na Europa, que registra quase metade das mortes no mundo por coronavírus (177.595) e dois milhões de casos declarados, mas donde a pandemia parece finalmente sob controle.

Muitos países europeus avançam com a flexibilização do confinamento por fases, com uma possível reabertura das fronteiras internas da UE em 15 de junho.

A França reabriu parques e jardins no fim de semana. Bares e restaurantes retomarão as atividades na terça-feira, mas em Paris, região considerada de risco, a medida acontecerá com algumas restrições.

A chegada do verão no hemisfério norte e a necessidade de retomar as atividades no setor do turismo, crucial para vários países europeus, marca o ritmo do desconfinamento.

A Espanha permitirá a entrada de turistas alemães, franceses e escandinavos a partir da segunda quinzena de junho em um projeto-piloto nas Ilhas Baleares e Canárias.

A Grécia, muito dependente do turismo, autorizará os voos procedentes da UE a partir de 15 de junho. Os passageiros destes aviões não terão que passar por uma quarentena, exceto aqueles procedentes das regiões mais afetadas pela COVID-19 nos Estados europeus.

- Divisões -

A pandemia revelou as profundas divisões na comunidade internacional e provocou fortes tensões geopolíticas.

A União Europeia, que pediu solidariedade ante a progressão do novo coronavírus, pediu no sábado ao presidente americano Donald Trump que reconsidere a decisão de sair da OMS.

Com 103.758 mortos e 1.769.776 casos, Estados Unidos lideram com folga a lista de países mais afetados do mundo. Trump, que disputará a reeleição em novembro, enfrenta uma gigantesca crise de saúde, assim como os protestos contra a violência policial e o racismo após a morte de um negro em uma ação da polícia em Minneapolis.

Para mostrar a vontade de utilizar o peso de seu país no cenário internacional, Trump anunciou no sábado o adiamento da reunião de cúpula do G7 prevista para junho e que convidará mais países para o encontro. "Não acredito que o G7 represente corretamente o que acontece no mundo. É um grupo de países muito obsoleto", afirmou.

As medidas de confinamento aplicadas em grande parte do mundo provocaram protestos em vários países e aumenta a pressão para que os governos autorizem a reabertura de setores vitais da economia, para enfrentar uma crise histórica.

Quase mil pessoas protestaram no sábado em Buenos Aires contra a quarentena obrigatória, em vigor desde 20 de março para frear a propagação do coronavírus.

A Argentina, país de 44 milhões de habitantes, anunciou no sábado o recorde de contágios em apenas um dia (795). O país tem um balanço de 16.201 casos positivos e 528 mortes.

No Equador, o governo anunciou que as ilhas Galápagos reabrirão ao turismo no dia 1 de julho.

burs-mar/zm/fp

Os espanhóis reencontraram, nesta segunda-feira (25), suas praias, e os italianos, suas piscinas: a Europa continua seu desconfinamento após semanas de paralisia pelo coronavírus, que matou 345.000 pessoas no planeta e continua a avançar, principalmente na América Latina.

Em Madri, até então sujeita a um dos mais rígidos confinamentos do mundo diante da pandemia que apareceu na China no final de 2019, os habitantes da capital espanhola se beneficiaram de uma flexibilização, com a reabertura das áreas externas dos cafés e restaurantes, além de espaços verdes.

Ao amanhecer, centenas de moradores de Madri invadiram o Parque Retiro, cujos portões se abriram pela primeira vez em dez semanas.

"A reabertura do Retiro me traz uma certa serenidade, um certo conforto", comemora Rosa San José, de 50 anos, passeando com roupas esportivas e uma máscara branca.

Em parte da costa espanhola, as praias também voltaram a ser acessíveis. Outro país fortemente atingido pela Covid-19, a Itália deu um novo passo no levantamento de restrições, com a reabertura das academias esportivas e piscinas, uma semana após a de restaurantes.

Na Islândia, as boates já podem receber clientes, um privilégio raro na Europa. Esta manhã, os esportistas reencontraram suas academias.

"É ótimo poder retomar as atividades esportivas", comemorou Helga Bergman, de 55 anos, que não perdeu a reabertura de sua academia favorita, a World Class Laugar, em Reykjavik.

Na Alemanha, a maioria dos restaurantes conseguiu reabrir nesta segunda-feira, assim como alguns hotéis. O governo pretende estender, porém, até pelo menos 5 de julho suas regras de distanciamento social.

O Reino Unido, segundo país mais em número de vítimas fatais (quase 37.000), planeja iniciar seu desconfinamento em 1º de junho, com uma reabertura parcial das escolas.

Hoje, o primeiro-ministro Boris Johnson foi alvo de críticas, por manter seu conselheiro Dominic Cummings. Ele violou o confinamento, ao ir à casa de seus pais no final de março, a 400 quilômetros de Londres, quando apresentava sintomas da Covid-19.

Na Áustria, considerado um país modelo na gestão da crise, foi o presidente da República, Alexander Van der Bellen, que teve de se desculpar por estar em um restaurante em Viena, após o horário de fechamento.

- Voos domésticos na Índia -

Na Grécia, os terraços de tabernas e cafés reabriram nesta segunda-feira, uma semana antes do esperado, para apoiar o setor de restaurantes. Espera-se o retorno dos turistas em meados de junho.

No bairro Thissio, aos pés da Acrópole, os atenienses retomam seus hábitos, saboreando seu café "freddo" ao sol. Em Kiev, capital da Ucrânia, o metrô voltou a operar.

Distâncias de segurança e gestos de barreira estão por toda parte para evitar uma possível segunda onda pandêmica, temida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Japão suspendeu nesta segunda-feira o estado de emergência que ainda estava em vigor em Tóquio, por exemplo, para permitir a retomada da atividade econômica da terceira economia mundial.

Na Índia, os voos domésticos foram retomados hoje. Entre as condições necessárias para poder embarcar estão a verificação de temperatura e ter o aplicativo de rastreamento do governo, o Aarogya Setu, instalado no celular.

Apesar dessas precauções, o nervosismo era palpável entre os funcionários do aeroporto de Nova Délhi.

"Interagir com tantas pessoas no momento é arriscado. Devo ter estado em contato com pelo menos 200 pessoas desde esta manhã", disse um funcionário à AFP.

De longe o país do Oriente Médio mais atingido pela pandemia, o Irã reabriu seus principais santuários xiitas nesta segunda, incluindo os de Machhad e Qoms.

- Multidão -

Enquanto a pandemia parece sob controle na Europa e retarda sua progressão nos Estados Unidos, ela acentua seus estragos na América Latina, seu "novo epicentro", de acordo com a OMS.

Particularmente atingido, o Brasil já registrada a morte de mais de 22.600 pessoas.

Hostil às medidas de confinamento e a gestos de barreira, o presidente Jair Bolsonaro não hesitou no domingo em passear em meio a uma multidão em Brasília, apertando as mãos de seguidores e até carregando uma criança nos ombros.

Diante da deterioração da situação no país, o presidente americano, Donald Trump, aliado de Bolsonaro, proibiu no domingo a entrada nos Estados Unidos de viajantes não americanos vindos do Brasil.

Com o número de 100.000 mortes a ser atingido esta semana nos Estados Unidos, o país mais afetado do planeta, as bandeiras foram hasteadas a meio mastro por três dias.

Ainda assim, o desconfinamento continua no território americano, com um governo ansioso para reativar a economia. Os nova-iorquinos puderam retornar à praia no domingo.

Já no México, o presidente Andrés Manuel López Obrador alertou que o país está "no momento mais doloroso da pandemia". Ele estimou que a crise causará a perda de um milhão de empregos em 2020.

No Chile, o presidente Sebastián Piñera considerou que o sistema nacional de saúde está saturado e "muito próximo de seus limites".

O Peru estendeu o confinamento até 30 de junho. Na Argentina, o isolamento social obrigatório foi estendido até 7 de junho, tendo aumentado cinco vezes o número de contaminações em Buenos Aires em duas semanas.

O avanço do coronavírus também preocupa outros países da América Latina. Há relatos de hospitais cheios no Peru e pressão sobre o sistema de saúde no Chile, que também registra protestos. No Equador, a doença atingiu o sistema carcerário.

Os hospitais de Lima estão prestes a entrar em colapso e faltam equipamentos, pessoal, camas, ventiladores, oxigênio e outros suprimentos. "É como um filme de terror, dentro (do hospital) parece um cemitério, os pacientes morrem em cadeiras de rodas", disse o enfermeiro Miguel Armas, do Hospital Hipólito Unanue, de Lima. O Peru ultrapassou a marca de 111 mil infecções e 3 mil mortes.

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O México, segundo país mais populoso da América Latina com 126 milhões de habitantes, tem 54 mil casos e 5.560 mortos. Com 9 milhões de habitantes, a capital é a região mais afetada, com 16.758 infectados e 1.461 mortes. A chefe do governo da capital, Claudia Sheinbaum, disse que 80% dos leitos estão ocupados na Cidade do México.

A Argentina registrou mais de 700 novos casos ontem e tem um total de 10 mil infecções, segundo informou o governo. Pelo menos 90% das infecções estão concentradas na cidade de Buenos Aires e seu entorno, que reúne cerca de 14 milhões de pessoas. O total acumulado de mortes aumentou para 419 no país.

O Chile, que vivenciou seis meses de crise social antes da pandemia, já ultrapassou a marca de 60 mil casos e protestos em Santiago se espalharam para denunciar a falta de comida. "É uma grande batalha da qual ninguém pode se distanciar", disse o ministro da Saúde Jaime Mañalich, que alertou sobre o risco de "pressão na rede de saúde" nos próximos dias.

O Equador, gravemente afetado com mais de 35 mil casos e 3 mil mortos, enfrenta novo problema: dois terços dos presos de um presídio estão infectados. As cidades mais afetadas são o porto de Guayaquil e a capital, Quito. Com mais de 18 mil casos e 652 mortes, a Colômbia impôs o confinamento geral desde 24 de março, e vê o vírus prejudicando diversos setores da economia, como a colheita do café. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Sem jogos há dois meses, o mundo do futebol viveu neste domingo (17) na Alemanha um clássico sem torcida por causa da pandemia do novo coronavírus, que parece dar uma alívio a Espanha, Reino Unido e Itália, enquanto avança sem trégua na América Latina.

Depois de dois meses de confinamento, em muitos países - em particular na Europa -, as restrições foram aliviadas neste fim de semana. Com isso, torcedores de futebol puderam se sentar em frente à televisão para reviver velhas sensações, ou sair para tomar uma bebida e, para os mais privilegiados, até molhar os pés na água do mar.

A Bundesliga foi o primeiro grande campeonato a ser retomado. Depois dos jogos de ontem, o Bayern de Munique, líder da competição, voltou a campo neste domingo e venceu por 2 a 0 o Union Berlim em um jogo sem público, sem apertos de mão e sem crianças acompanhando os jogadores.

Mais de cinco meses após seu surgimento na China, a pandemia que colocou a economia mundial em xeque segue sua corrida mortal, embora em três dos países mais afetados neste fim de semana o número de mortos foi o mais baixo desde que foram impostas as medidas de confinamento.

Tanto Itália, quanto Espanha e Reino Unido, que registraram respectivamente 145, 87 e 170 óbitos nas últimas 24 horas, pareciam ver a luz no fim do túnel neste domingo.

É preciso, no entanto, levar em conta que estes números de fim de semana podem estar incompletos, como já aconteceu no passado.

A África do Sul, ao contrário, anunciou neste domingo 1.160 novos contágios, o balanço diário mais alto dede 1º de março, quando começaram os registros.

Enquanto isso, na América Latina, o Brasil superou a barreira das 16.000 mortes e os 240.000 casos neste domingo.

Os especialistas consideram que as estatísticas ocultam uma realidade muito mais trágica, enquanto o presidente Jair Bolsonaro continua a criticar o confinamento decretado por alguns governadores.

"Desemprego, fome e miséria serão o futuro daqueles que apoiam a tirania do isolamento total", tuitou o presidente.

Neste domingo, Bolsonaro voltou a participar de um ato em Brasília, acompanhado por vários de seus ministros. Usando máscara, cumprimentou centenas de seguidores que se aglomeraram em frente ao Palácio do Planalto para apoiá-lo.

A região da América Latina e Caribe superou os 508.000 casos de contágio e dos 28.700 mortos por Covid-19.

- "Ficar para trás" -

Nos Estados Unidos, o país mais afetado, com quase 90.000 óbitos, onde aumentam as críticas ao presidente Donald Trump por sua gestão da pandemia, a Casa Branca criticou duramente o trabalho dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), aos quais culpou por atrasos iniciais do país na detecção da Covid-19.

"No começo da crise, os CDC, que desfrutavam da maior reputação nesta área em nível mundial, realmente decepcionaram o país nas testagens", declarou o assessor econômico da Casa Branca, Peter Navarro, à emissora NBC.

"Além disso, conceberam um teste ruim. E isso nos fez ficar para trás", acrescentou.

Na Europa, milhões de pessoas aproveitam seu primeiro fim de semana de relativa liberdade.

A França abriu muitas praias. Várias delas foram literalmente inundadas de pessoas ansiosas para dar um mergulho depois de dois meses em casa.

"Eu realmente senti falta da praia. Estávamos apenas esperando por isso: o anúncio da reabertura!", celebra Nathanael, de 28 anos, em Saint-Malo (oeste).

Neste país que registrou mais de 28.100 mortes, as viagens ainda são limitadas a um raio de 100 quilômetros de casa, e as praias são reservadas para atividades "dinâmicas", sem a possibilidade de se deitar na areia para pegar sol.

- "Risco calculado" -

A Grécia também abriu suas praias particulares, mas com a condição de que sejam respeitadas algumas instruções estritas, como a proibição de colocar um guarda-chuva a menos de quatro metros de seu vizinho. As praias públicas abriram em 4 de maio.

No Reino Unido, que totaliza 34.600 mortes por Covid-19, as pessoas correram para os parques, dificultando o respeito às medidas de distanciamento social, no primeiro final de semana de flexibilização do confinamento.

A Itália (mais de 31.900 mortos), muito dependente do turismo, anunciou a suspensão da quarentena obrigatória para todos os visitantes estrangeiros e a reabertura das fronteiras para todos os turistas da União Europeia a partir de 3 de junho.

"Enfrentamos um risco calculado, sabendo que a curva epidemiológica pode subir de novo", afirmou o primeiro-ministro, Giuseppe Conte.

A Espanha, onde foram registradas 27.650 mortes, pretende reabrir suas fronteiras aéreas para espanhóis e residentes na Espanha.

Anúncios unilaterais de reabertura de fronteiras estão em debate na União Europeia, cuja Comissão deseja uma reabertura "concertada" e "não discriminatória" de fronteiras internas.

O fato de proceder unilateralmente "não fortalece o que devemos fazer para trabalhar em solidariedade", defendeu o ministro francês do Interior, Guillaume Castaner.

- Vigilância na China -

A Grécia também suavizou as restrições nas fronteiras para facilitar a chegada de mão de obra estrangeira essencial para a agricultura, especialmente no caso dos vizinhos albaneses, que não são membros da UE.

"Sem os albaneses, não teríamos nem um pêssego", diz Panagiotis Gountis, agricultor de Veria, no norte do país.

Já a Noruega precisou abrir mão de atos previstos para este 17 de maio, dia de sua Festa Nacional, no qual muitos noruegueses se contentaram em cantar o hino de suas varandas.

A Índia prolongou em duas semanas as medidas de confinamento, até 31 de maio, mas revelou que algumas emendas poderão ser aprovadas para "facilitar a atividade econômica".

Na Nova Zelândia, a primeira-ministra Jacinda Ardern não conseguiu entrar em um café, devido às regras de distanciamento social definidas por seu governo. Ela queria tomar um café com um grupo de amigos na capital, Wellington, mas foi impedida. O local já havia atingido o número máximo de pessoas permitido.

Neste domingo, o Catar começou a aplicar as sanções mais severas do mundo contra pessoas que não usarem máscara de proteção em público. O infrator pode ser condenado a até três anos de prisão e a multas de mais de 50.000 euros.

Em todas as partes do mundo, vigilância é a palavra de ordem, enquanto se espera uma possível vacina. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta regularmente contra o risco de uma segunda onda de infecções.

Na China, onde o coronavírus estava sob controle, as autoridades levam essa possibilidade muito a sério.

"Enfrentamos um grande desafio", disse à CNN Zhong Nanshan, um dos principais assessores do Ministério da Saúde, observando que uma "maioria" de chineses "provavelmente será infectada" no futuro.

Zhong também reconheceu que as autoridades de Wuhan, o epicentro da pandemia, ocultaram a amplitude da pandemia quando ela surgiu no final de dezembro.

Nesta segunda-feira (18), os 194 Estados-membros da OMS farão uma reunião por teleconferência para tentar coordenar a resposta à pandemia, um compromisso sob a ameaça de um confronto direto entre Washington e Pequim.

Depois de Dortmund, é a vez do Bayern de Munique. Sem jogos há dois meses, o mundo do futebol se prepara para uma nova e prestigiada partida no campeonato alemão, a portas fechadas, neste domingo (17), enquanto na América Latina e Caribe o coronavírus deixa um rastro de 309 mil mortos.

Depois de dois meses de confinamento, em muitos países - em particular na Europa -, as restrições foram aliviadas neste fim de semana. Com isso, torcedores de futebol poderão se sentar em frente à televisão para reviver velhas sensações, ou sair para tomar uma bebida e, para os mais privilegiados, até molhar os pés na água do mar.

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A Bundesliga foi o primeiro grande campeonato a ser retomado. Depois dos jogos de ontem, neste domingo, às 13h (horário de Brasília), o "Rekordmeister" enfrenta o Union Berlin.

Como no dia anterior, as partidas serão disputadas sem público, sem apertos de mão e sem crianças acompanhando os jogadores. Mais de cinco meses após seu surgimento na China, a pandemia que colocou a economia mundial em xeque segue sua corrida mortal.

Na América Latina, o Brasil superou a barreira das 15 mil mortes. Os especialistas consideram que as estatísticas ocultam uma realidade muito mais trágica, enquanto o presidente Jair Bolsonaro continua a criticar o confinamento decretado por alguns governadores.

"Desemprego, fome e miséria serão o futuro daqueles que apoiam a tirania do isolamento total", tuitou o presidente. A região da América Latina e Caribe passou dos 500.000 de casos de contágio e está perto dos 28.000 mortos.

Puxão de orelha de Obama

Nos Estados Unidos, o país mais afetado, com mais de 90.000 óbitos, as críticas ao presidente Donald Trump por sua gestão da pandemia aumentam. As últimas, feitas de forma velada, foram de seu antecessor na Casa Branca, o democrata Barack Obama, em um gesto incomum.

"Essa pandemia enterrou a ideia de que nossas autoridades sabem o que estão fazendo", disse ele a estudantes no sábado. "Muitos deles nem tentam fingir que são responsáveis", completou.

Nos EUA, as três gigantes do setor de automóveis - General Motors, Ford e Fiat Chrysler - planejam retomar sua produção progressivamente na segunda-feira, apesar do receio dos trabalhadores.

Na Europa, milhões de pessoas aproveitam seu primeiro fim de semana de relativa liberdade. A França abriu muitas praias. Várias delas foram literalmente inundadas de pessoas ansiosas para dar um mergulho depois de dois meses em casa.

"Eu realmente senti falta da praia. Estávamos apenas esperando por isso: o anúncio da reabertura!", celebra Nathanael, de 28 anos, em Saint-Malo (oeste). Neste país que registrou mais de 27.600 mortes, as viagens ainda são limitadas a um raio de 100 quilômetros de casa, e as praias são reservadas para atividades "dinâmicas", sem a possibilidade de se deitar na areia para pegar sol.

"Risco calculado"

A Grécia também abriu suas praias particulares, mas com a condição de que sejam respeitadas algumas instruções estritas, como a proibição de colocar um guarda-chuva a menos de quatro metros de seu vizinho. As praias públicas abriram em 4 de maio.

Na Inglaterra, as pessoas correram para os parques, dificultando o respeito às medidas de distanciamento social, no primeiro final de semana de flexibilização do confinamento.

A Espanha, que registrou 87 mortes por coronavírus nas últimas 24 horas, o número mais baixo nos últimos dois meses, pretende reabrir suas fronteiras aéreas para espanhóis e residentes na Espanha.

Anúncios unilaterais de reabertura de fronteiras estão em debate na União Europeia, cuja Comissão deseja uma reabertura "concertada" e "não discriminatória" de fronteiras internas.

O fato de proceder unilateralmente "não fortalece o que devemos fazer para trabalhar em solidariedade", defendeu o ministro francês do Interior, Guillaume Castaner.

Vigilância na China

A Grécia também suavizou as restrições nas fronteiras para facilitar a chegada de mão de obra estrangeira essencial para a agricultura, especialmente no caso dos vizinhos albaneses, que não são membros da UE. "Sem os albaneses, não teríamos pêssego", diz Panagiotis Gountis, agricultor de Veria, no norte do país.

Na Nova Zelândia, a primeira-ministra Jacinda Ardern não conseguiu entrar em um café, devido às regras de distanciamento social definidas por seu governo. Ela queria tomar um café com um grupo de amigos na capital, Wellington, mas foi impedida. O local já havia atingido o número máximo de pessoas permitido.

Neste domingo, o Catar começou a aplicar as sanções mais severas do mundo contra pessoas que não usarem máscara de proteção em público. O infrator pode ser condenado a até três anos de prisão e a multas de mais de 50.000 euros.

Em todas as partes do mundo, vigilância é a palavra de ordem, enquanto se espera uma possível vacina. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta regularmente contra o risco de uma segunda onda de infecções.

Na China, onde o coronavírus estava sob controle, as autoridades levam essa possibilidade muito a sério. "Enfrentamos um grande desafio", disse à CNN Zhong Nanshan, um dos principais assessores do Ministério da Saúde, observando que uma "maioria" de chineses "provavelmente será infectada" no futuro.

Zhong também reconheceu que as autoridades de Wuhan, o epicentro da pandemia, ocultaram a amplitude da pandemia quando ela surgiu no final de dezembro.

Nesta segunda-feira (18), os 194 Estados-membros da OMS farão uma reunião por teleconferência para tentar coordenar a resposta à pandemia, um compromisso sob a ameaça de um confronto direto entre Washington e Pequim.

A pandemia do novo coronavírus está em uma fase crítica na América Latina nesta quarta-feira (13), com números recorde de mortes no Brasil e um aumento agudo de casos no Chile, enquanto várias cidades europeias avançam na suspensão do confinamento.

À medida que o coronavírus cede na Europa - onde causou 160.000 mortes - e as autoridades apresentam um plano para as férias de verão no hemisfério norte, a curva de contágios dispara na América Latina e ameaça colapsar os serviços sanitários.

Em um momento em que o número de mortos no mundo alcança os 294.000, a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que é possível que o vírus nunca desapareça.

Nas últimas 24 horas foram contabilizadas 749 novas mortes no Brasil pela pandemia, que já matou 13.149 pessoas no país.

Com mais de 11.000 infectados em um único dia, o Brasil contabiliza 188.974 casos, o país mais atingido da região, pois acumula quase metade do número de contágios da América Latina e do Caribe, que nesta quarta-feira passou dos 400.000.

O Peru segue o Brasil, com 76.306 contágios e 2.169 falecidos, e o México, com 38.324 casos e 3.926 mortos.

Na terça-feira, a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) advertiu que os sistemas de saúde do Rio de janeiro e de Lima estão "no limite" e nesta quarta, médicos e enfermeiros protestaram em várias cidades peruanas para denunciar a falta de itens de proteção.

No Chile, as autoridades decretaram quarentena total em Santiago depois que foram registradas nesta quarta 11 novas mortes e 2.660 casos de Covid-19 em 24 horas, 60% a mais do que no dia anterior. O país tem 34.381 contagiados e 346 falecidos.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciou que já se vê luz no fim do túnel. Em uma primeira fase, 269 municípios em 15 dos 32 estados mexicanos que apresentam muito poucos casos positivos, retomarão as atividades de trabalho e vão retomar as aulas a partir de 18 de maio.

Em um momento em que empresas e governo buscam freneticamente uma cura e uma vacina contra o coronavírus, a Bolívia se aventurou a autorizar um medicamento antiparasitário, frequentemente utilizado em animais, para tratar o vírus.

- UE tenta salvar férias de verão -

Enquanto o movimento voltava pouco a pouco às ruas e aos comércios da Europa, a Comissão Europeia urgiu nesta quarta-feira um retorno progressivo do turismo com a suspensão gradual das restrições de circulação devido ao novo coronavírus, com o objetivo de salvar a temporada de verão.

"Não vai ser um verão normal, mas se todos cumprirmos com a nossa parte, não temos que enfrentar um verão presos em casa ou totalmente perdido para a indústria do turismo", afirmou Margrethe Vestager, vice-presidente da Comissão.

Bruxelas propôs aos 27 países da União Europeia (UE), responsáveis por suas políticas domésticas, uma abordagem coordenada para suspender as restrições nas fronteiras, que seja "gradual" e "sem discriminação" entre países ou cidadãos.

É que o turismo representa mais de 10% do PIB da UE e quase 12% dos empregos no bloco, lembrou o Fundo Monetário Internacional (FMI), que advertiu para a "dependência" de países como Espanha, Itália e Grécia neste setor.

Áustria e Alemanha já anunciaram que preveem restabelecer a partir de 15 de junho a livre circulação em sua fronteira comum, fechada desde meados de março.

- EUA acusa China de tentar roubar pesquisas -

Nos Estados Unidos, país com maior número de mortos pela pandemia, com mais de 83.249, a capital, Washington, anunciou que prorrogará até 8 de junho a ordem para as pessoas ficarem em casa.

O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) advertiu que podem ser necessárias mais medidas de estímulo e que os danos causados pela pandemia do novo coronavírus à economia americana poderiam ser "duradouros".

Este alerta derrubou os mercados europeus e também atingiu Wall Street.

No meio desta crise, as autoridades americanas acusaram hackers ligados a Pequim de tentar roubar "propriedade intelectual e dados públicos relacionados a vacinas, tratamentos", vinculados com as pesquisas sobre a Covid-19.

Apesar do avanço do vírus nos Estados Unidos, a pandemia representou uma queda no registro de acidentes e o adiamento de procedimentos eletivos, razão pela qual muitos hospitais têm demitido profissionais de saúde.

"No sul da Flórida não há pacientes suficientes, o hospital não pode pagar todo o pessoal que não tem nada para fazer", conta à AFP Dayna James, de 40 anos, que costumava trabalhar em uma emergência de um centro de saúde de Miami dois dias por semana. "É triste, é a minha vocação, é minha carreira há 17 anos".

- A ameaça de uma segunda onda -

A Rússia, segundo país com mais casos, registrou mais de 10.000 contágios adicionais em 24 horas, após um relaxamento nas medidas de confinamento.

O governo russo reconhece 2.212 mortes causadas pela Covid-19, mas muitos críticos do Kremlin suspeitam que as autoridades atribuam outras causas a mortes por coronavírus.

Na Grã-Bretanha, com 32.682 mortos e 226.463 casos, os cidadãos voltaram nesta quarta-feira ao trabalho em ônibus lotados e, inclusive, puderam jogar golfe no primeiro dia da flexibilização de um confinamento que continuará parcialmente até junho.

Em Hong Kong foram registrados nesta quarta dois contágios por coronavírus, pondo fim a um período de 24 dias sem a detecção de novos casos, despertando o temor de um ressurgimento da epidemia.

Na China continental, a cidade de Jilin, no nordeste do país, impôs o confinamento parcial após o aparecimento de novos casos, que também geraram o temor de uma segunda onda de contágios.

A OMS se mostrou "surpresa" com a falta de preparo de alguns países para enfrentar uma pandemia como a do novo coronavírus, declarou à AFP a encarregada de riscos infecciosos da organização, Sylvie Briand.

"Quando se compara, por exemplo, o que acontece na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia, vê-se claramente que os países asiáticos estão muito mais preparados", disse, após lembrar que o aparecimento, em 2003, da Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) "deixou cicatrizes importantes", tanto na saúde quanto na economia dos países asiáticos.

Ainda que autoridades de Argentina, Paraguai e Uruguai tenham manifestado preocupação com o avanço do vírus no Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento afasta qualquer possibilidade de isolamento do País. Segundo a pasta, a ministra Tereza Cristina tem boa relação com autoridades dos países vizinhos.

Além disso, diz o ministério, um documento, com novas diretrizes e recomendações para evitar qualquer interrupção no trânsito e no abastecimento do Brasil, está em vigência desde 31 de março. A publicação detalha práticas para desinfetar as unidades de transporte e traz uma lista de recomendações para os transportadores que cruzam as fronteiras. Ainda segundo o ministério, 25 ministros da Agricultura de países da América Latina e do Caribe assinaram um acordo para manter funcionando as cadeias nacionais, regionais e globais de abastecimento.

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"Temos tomado medidas assertivas para garantir o abastecimento. Nós e nossos parceiros. Temos defendido a necessidade de manter o comércio fluindo e não chegou a nós nenhuma sinalização de que haverá restrição", afirmou Flávio Betarello, secretário adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura. "O que estão vigentes são as recomendações refletidas nesse documento. Podemos garantir que não faltará comida nas prateleiras do Brasil nem dos parceiros."

Priscila Moser, adida agrícola do Brasil na Argentina, explicou que, mesmo com a pandemia, os dois países trabalham na área do agronegócio de forma coordenada para evitar desabastecimentos e restrições no comércio de produtos essenciais. Moser citou o trigo - produto em que o Brasil não é autossuficiente - como exemplo de exportações que continuam fluindo. Em março, a Argentina foi o 16º mercado mais importante para o agronegócio do Brasil - com faturamento próximo a US$ 100 milhões (R$ 573 milhões) em exportações.

Um ex-ministro da Agricultura, ouvido reservadamente pelo Estado, afirmou que não é de interesse de nenhum país da América Latina reduzir o fluxo de comércio com o Brasil. "Entre estar preocupado e tomar alguma medida tem muita distância."

"O comércio está fluindo normalmente entre nossos parceiros", disse Camila Sande, coordenadora de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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