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Em meio aos incêndios que afetam a costa leste da Austrália, manifestantes lançaram nesta sexta-feira, em Sydney, uma nova série de protestos mundiais contra o aquecimento global.

Centenas de pessoas, incluindo estudantes, atenderam ao apelo da jovem ativista sueca Greta Thunberg e se concentraram diante da sede do Partido Conservador, no poder, acusado de minimizar a importância da ameaça da mudança climática.

Os manifestantes exibiram cartazes com frases como "Você queima nosso futuro" e "Nos levantaremos".

O protesto adquire um caráter particular em um país afetado por centenas de incêndios florestais nos estados de Nova Gales do Sul (sudeste) e Queensland (nordeste).

Desde o início de outubro, seis pessoas morreram, centenas de casas foram destruídas e mais de 1,5 milhão de hectares de vegetação acabaram destruídos.

O premier Scott Morrison, alvo dos manifestantes, nega a existência de um vínculo entre os incêndios e o aquecimento global. O atual governo é um firme defensor da indústria de mineração australiana.

Austrália, com 25 milhões de habitantes, reduziu suas emissões de gases do efeito estufa além dos países mais contaminantes do mundo, mas permanece como um dos maiores exportadores de carvão do planeta.

Nesta sexta-feira estão previstas mais manifestações, em outras cidades da Austrália e no restante do mundo.

A geleira Planpincieux, no vale de Aosta, o lado italiano do Mont Blanc, está derretendo a uma velocidade acelerada e corre risco de desmoronar perto da famosa cidade alpina de Courmayeur, atualmente quase desabitada - informaram autoridades locais nesta quarta-feira (25).

"Com o calor anômalo do verão registrado em agosto e na primeira quinzena de setembro, a geleira derreteu em média 35 cm por dia, com picos de 50/60 cm em alguns dias", disse à AFP Moreno Vignolini, da assessoria de imprensa da prefeitura de Courmayeur.

Segundo ele, uma porção que representa "um quinto ou um sexto" da geleira, o que corresponde a cerca de 250.000 metros cúbicos de gelo, ou seja, 100 piscinas olímpicas, pode derramar em todo vale.

O prefeito de Courmayeur, Stefano Miserocchi, ordenou o fechamento total durante a noite da estrada de acesso a Val Ferret.

A decisão foi tomada depois que especialistas da Fundação Montagna Sicura, encarregada de monitorar a geleira desde 2013, alertaram a prefeitura sobre a situação.

O secretário da fundação, Jean-Pierre Fosson, explicou ao jornal italiano Il Messaggero que "essa geleira é atípica, porque é considerada 'temperada', ou seja, é afetada pela temperatura da água que flui abaixo, o que a expõe particularmente ao aquecimento global".

O especialista ressaltou que, "desde o ano passado", foram registradas perdas anormais de volume, incluindo "um destacamento em bloco a uma velocidade de movimento de 60 cm", o que os levou a notificar as autoridades locais.

Segundo Fosson, a geleira "pode se soltar em bloco, desmoronar, ou não cair", reconheceu.

O porta-voz da prefeitura criticou "o cenário apocalíptico" descrito por alguns meios de comunicação que alertaram sobre a possibilidade de uma geleira do Mont Blanc destruir a famosa estação de esqui de Courmayeur.

"É verdade que é uma zona turística", mas neste momento a ameaça é sobre uma zona em que "existem uns poucos chalés desocupados", disse ele.

O acesso ao vale foi autorizado pelo prefeito por três faixas horárias de uma hora e meia (manhã, meio-dia e tarde). Uma estrada alternativa será aberta a partir de sexta-feira.

De acordo com Fosson, cuja fundação monitora 180 geleiras no vale de Aosta, esses fenômenos são inevitáveis.

"Todos os anos vemos dois quilômetros quadrados de gelo desaparecerem, um fenômeno que está piorando devido aos verões e outonos cada vez mais quentes", explicou ele.

O futuro das regiões costeiras e de seus milhões de habitantes depende da massa de gelo que cobre a Antártica Ocidental e que elevará o nível dos oceanos em pelo menos três metros.

Para os cientistas, a questão não é mais saber "se" isso ocorrerá, mas "quando".

A poucos dias da publicação de um relatório dos especialistas da ONU sobre oceanos e áreas geladas, Anders Levermann, especialista em Antártica no Instituto do Clima de Potsdam, descreve para a AFP o impacto do aquecimento global na região mais fria do mundo.

P: O aquecimento global atua da mesma maneira nas calotas polares da Groenlândia e da Antártica?

R: Não. Na Antártica, 99% da perda de volume ocorre quando o gelo avança para o oceano. Não há praticamente nenhum derretimento de gelo na superfície, pois está muito frio. Na Groenlândia, metade da perda de volume é devido à água de gelo derretido que corre para o oceano.

Na Antártica, ou na Groenlândia, quando o gelo vai para o oceano e se torna uma plataforma glacial (extensão do gelo sobre o mar que se anexa ao continente), entra em contato com a superfície da água. Mesmo um décimo de grau de diferença de temperatura pode causar um desequilíbrio da plataforma.

A calota de gelo da Groenlândia é muito menor do que a da Antártica - o equivalente a 7 metros acima do nível do mar, contra 55 metros -, mas perde mais gelo. Isso ocorre porque faz muito mais frio na Antártica.

P: O que sabemos de novo sobre o papel da Antártica em termos do aumento do nível dos oceanos?

R: Dez anos atrás, os modelos antárticos não previam uma perda significativa de gelo durante este século. Houve até debates sobre um possível aumento no volume de gelo.

Hoje, todos os modelos mostram perdas de gelo a um ritmo importante. A calota de gelo do continente perdeu 150 milhões de toneladas de gelo por ano desde 2015, quase tudo na Antártica Ocidental. E isso acelera.

Não há mais dúvidas. Estudos existentes mostram que a Antártica Ocidental excedeu um ponto sem retorno. É instável e vai liberar seu gelo mais frágil no oceano, equivalente a mais de 3 metros de elevação do nível do mar. Ponto final.

P: Qual será a contribuição da Antártica para o aumento do nível do mar até o final do século XXI?

R: Um estudo que fiz com vários colegas em 2014 previa um aumento de 50 centímetros no nível dos oceanos vinculado à Antártica até 2100, um número enorme. A última avaliação dos especialistas em clima da ONU (IPCC) aponta para um máximo de 16 cm.

Em 2016, um estudo importante da revista Nature evocou uma contribuição muito mais importante, de até um metro. Ele foi fortemente criticado, e suas estimativas podem ser revistas.

P: E depois de 2100?

R: Nada irá parar em 2100. Se o Acordo de Paris for respeitado (abaixo de +2°C em relação à era pré-industrial), o aumento do nível do mar diminuirá, mas não irá parar. Se esse acordo não for respeitado, o aumento será acelerado no final do século.

P: Em quanto tempo a calota de gelo da Antártica Ocidental desaparecerá?

R: Eu acho que subestimamos o ritmo. Mas, apesar de tudo, serão necessários séculos para liberar todo gelo, mesmo que esse processo não pare.

P: Em que momento precisamos nos preocupar?

R: Ninguém deve ter medo de morrer, devido ao aumento dos níveis dos oceanos. Mas, se Nova York ficar 5 metros abaixo do nível do mar, atrás de diques, não sei se as pessoas vão querer continuar morando lá.

O impacto real será sobre o que será perdido. Hoje, Hong Kong é um farol da democracia na China, Nova Orleans é uma fortaleza cultural, Nova York, um centro cultural e de negócios. Hamburgo, Calcutá, Xangai... Perderemos todas essas cidades, devido às mudanças climáticas, se não reduzirmos as emissões de CO2.

Além de estudar para as questões de disciplinas tradicionais como linguagens, matemática, biologia, física, entre outras, o fera que está se preparando para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também deve estar atento ao que acontece no Brasil e no mundo, já que assuntos da atualidade também estão presentes na prova.

Para ajudar o candidato a otimizar o seu tempo, o LeiaJá, com ajuda dos professores de atualidades e geopolítica, Hedmu França e Benedito Serafim, preparou uma lista com cinco temas atuais políticos que provavelmente não irão cair no exame.

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Crise econômica na Argentina

Assunto noticiado nos meios de comunicação espalhados pelo mundo, a crise econômica enfrentada pelo país governado pelo presidente Mauricio Macri, dificilmente será abordada dentro da prova por conta da proximidade estabelecida entre o governo brasileiro e o governo argentino.

“Se eu questiono o aluno que a ideologia neoliberal não deu certo na Argentina, ele pode refletir que também não dará certo no Brasil”, explica o professor Benedito sobre o interesse do governo em não falar sobre o tema.

Números Populacionais

Para Hedy, alguns números como taxa de desemprego, Índice de Gini e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) não estarão presentes na prova. “Números que possam levar o candidato a questionar o atual governo, provavelmente serão evitados”, afirma.

Aquecimento global

Segundo Benedito Serafim, mesmo que as questões ambientais estejam sendo temas de debates na Europa, provavelmente o assunto não irá cair na prova, porque o atual governo do Brasil não considera a teoria do aquecimento global. “Assim como o presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, o governo brasileiro acredita que as pessoas defendem bastante o meio ambiente e que isso deve ser minimizado em prol crescimento econômico.”, explica Benedito.

Conflitos no Campo

De acordo com o Hedy, os índios têm perdido espaço e vem sendo visto como alvo a ser introduzido na sociedade urbana. “A bancada rural é muito forte no atual governo”, explica o professor sobre o motivo pelo qual o assunto não estará na prova.

Nova Rota da Seda

O projeto chinês Nova Rota da Seda, conhecido também como One Belt, One Road que consiste na ideia de uma série de investimentos, principalmente nas áreas de transporte e infraestrutura, terrestres  e marítimos, também não estará na prova do Enem, segundo Benedito Serafim. “O governo brasileiro tem como tutor o presidente Donald Trump, portanto, como os EUA estão em uma guerra comercial com a China, este ponto positivo chinês não será abordado.

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Uma imensa cabeça inflável que representa Donald Trump foi instalada nesta sexta-feira (5) com água até a altura do nariz em um rio francês para denunciar sua política de negação da mudança climática.

"A ideia era amordaçar Trump, que tinha se calado, mas continua falando, muito seguro de si", explicou o artista Jacques Rival, após colocar sua estrutura gigante no rio Moselle, na altura da cidade de Metz (nordeste), onde permanecerá até 7 de setembro.

Intitulada "Everything is fine" ("Está tudo bem", em português), a obra mostra um Trump "em perdição, mas que continua querendo ir sozinho contra todos, agir contra o interesse comum", disse Rival.

A cabeça em PVC mede 4,60 metros de altura e 6 metros de largura. Sua mão direita emerge da água, fazendo o sinal de "OK".

A gravação do discurso que Trump pronunciou em 2017 para anunciar a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris contra a crise climática é divulgada de maneira truncada, como se o presidente falasse debaixo d'água, enquanto bolhas saem de sua boca.

Um botão instalado na margem estimula os curiosos a fazê-lo calar a boca, ou a reativar seu fluxo de palavras incompreensíveis.

A iniciativa de Rival, de 47, especializado em obras monumentais e satíricas, faz parte de um festival de artes digitais chamado Constellations. No ano passado, o evento atraiu quase um milhão de pessoas a Metz.

"Trata-se de sensibilizar o público sobre a importância de se comprometer" com temas como o meio ambiente, disse Hacène Lekadir, vice-diretora no Departamento de Cultura da prefeitura de Metz.

"Também é uma mensagem que se envia, humildemente, para o presidente Trump, para lhe dizer até que ponto suas posições antiecológicas são perigosas para o mundo inteiro", completou.

Um campo de gelo com 12 mil quilômetros quadrados rompeu-se em dois pedaços na região da Patagônia, no Chile. Novas fraturas na geleira devem se tornar mais frequentes como consequência de mudanças climática, segundo um time de cientistas chilenos.

Temperaturas crescentes ao longo da Cordilheira dos Andes resultaram em menor quantidade de neve e gelo para manter as geleiras da região, segundo Gino Casassa, chefe da Divisão de Neve e Geleiras na Direção Geral de Águas, órgão do governo chileno. "O que ocorreu foi uma fratura pois o gelo retraiu", disse Casassa.

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O pedaço de gelo que se soltou da geleira principal é de aproximadamente 208 quilômetros quadrados. Segundo Casassa, que foi com a equipe de cientistas à região em março deste ano, isso pode ser um sinal do que virá pela frente.

O campo de gelo, afirmou, está agora "partido em dois e, provavelmente, descobriremos novas rachaduras ao sul".

Dois icebergs se soltaram da Geleira Cinza, no sul do Parque Nacional Torres del Paine no Chile. Os cientistas temem que essas rupturas possam se tornar mais frequentes.

Por causa das mudanças climáticas, mais de 50% dos oceanos terão mudado de cor em 2100. A tendência é que as regiões azuis e verdes se intensifiquem, segundo estudo do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), dos Estados Unidos.

O estudo publicado na revista Nature Communications conclui que o aquecimento global está provocando grandes alterações nas populações de fitoplâncton, algas com capacidade de fazer fotossíntese, o que vai afetar a cor dos oceanos.

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Os resultados estimam que as zonas azuis, como a dos subtrópicos, ficarão mais azuis, refletindo a redução dos níveis de fitoplâncton - e de vida em geral. Já as verdes, como observado perto dos polos, devem ficar ainda mais verdes, uma vez que temperaturas mais quentes tendem a causar proliferação de espécies de fitoplâncton.

A cor do oceano depende de como raios de sol interagem com moléculas da água. Elas absorvem quase toda a luz solar, exceto a parte azul do espectro, que é refletida de volta. Assim, áreas do oceano aberto, com menos vida, aparentam azul intenso. Quando há organismos no mar, eles podem absorver e refletir diferentes comprimentos de onda de luz, dependendo de suas propriedades, o que muda a percepção da cor.

O fitoplâncton, por exemplo, contém clorofila, pigmento que absorve mais a porção azul da luz para fazer fotossíntese, e menos verde. Assim, mais verde é refletido de volta e áreas ricas em algas ficam dessa cor.

Modelo

Os cientistas desenvolveram um modelo que simula o crescimento e a interação de várias espécies de fitoplâncton e como variam à medida que as temperaturas aumentam. E reproduziram o modo como o fitoplâncton absorve e reflete a luz e como afeta a cor do mar, considerando a mudança climática.

Stephanie Dutkiewicz, a diretora de pesquisa do projeto, prevê que mudanças em fitoplâncton podem mudar cadeias alimentares, o que ela vê como "potencialmente sério". Mas admite dificuldade de definir se isso se deve à mudança climática ou à variação natural da clorofila. "Fenômenos como El Niño ou La Niña causariam mudança na clorofila, porque varia a quantidade de nutrientes no sistema." (Com agências internacionais).

Um terço das geleiras do Himalaia pode derreter até o fim do século em razão das mudanças climáticas, que ameaçam as fontes de água doce para cerca de 1,9 bilhão de pessoas, mesmo que os atuais esforços para reduzir o aquecimento global funcionem. Mas se essas ações falharem, o impacto pode ser ainda pior: dois terços das geleiras da região poderão derreter até 2100.

As informações são de um estudo publicado nesta segunda-feira (4) pelo Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado de Montanhas. "O aquecimento global está a caminho de transformar os glaciares, os picos das montanhas cobertas por geleiras da região do Hindu Kush e Himalaia", disse Philippus Wester, da entidade, que liderou as pesquisas.

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O estudo foi realizado durante cinco anos e observou os efeitos das mudanças climáticas na região que passa por Afeganistão, Paquistão, Índia, Nepal, China, Butão, Bangladesh e Mianmar. A área, que inclui algumas das montanhas mais altas do mundo, tem geleiras que alimentam sistemas fluviais como os rios Indo, Ganges, Yangtzé e Mekong.

As pesquisas apontam que o impacto do derretimento pode variar de inundações causadas pelo aumento de escoamento a uma elevação dos níveis de poluição do ar em razão do carbono negro e poeira depositada nas geleiras.

Saleemul Huq, diretor do Centro Internacional para Mudança Climática e Desenvolvimento, um centro de pesquisas sobre meio ambiente em Dhaka, descreveu as descobertas no estudo como "muito alarmantes". "Todos os países afetados precisam priorizar o combate a esse problema antes que ele atinja proporções de crise", afirmou.

Huq foi um dos revisores externos do estudo, que ressaltou ainda que mesmo que um ambicioso Acordo de Paris consiga limitar o aquecimento global a 1,5°C até o fim do século, mais de um terço das geleiras da região serão perdidas. Se a temperatura global aumentar 2°C, dois terços dos glaciares do Himalaia derreterão.

O Acordo de Paris de 2015 foi um momento crucial na diplomacia internacional, reunindo governos com diferentes visões sobre como reduzir o aquecimento global. Foi estipulada uma meta de evitar que as temperaturas subam mais de 2°C, ou 1,5°C se possível.

Segundo um estudo recente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, precisariam ser reduzidas a um nível que o planeta consegue absorver - conhecido como net-zero - até 2050 para manter as temperaturas globais em 1,5°C, como previsto no acordo.

O Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado de Montanhas disse que o estudo contou com o trabalho de mais de 350 pesquisadores e especialistas de 22 países. Fonte: Associated Press.

Responsáveis por absorver cerca de 93% do excesso de energia solar aprisionado no planeta por causa da alta concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, os oceanos estão aquecendo mais rápido do que se imaginava e se apresentam como um sinal claro das mudanças climáticas sofridas pelo planeta.

De acordo com pesquisadores da China e dos Estados Unidos, liderados por Lijing Cheng, do Instituto de Física Atmosférica da Academia de Ciências Chinesa, observações feitas por quatro sistemas de observação confirmam não só que o oceano está aquecendo, como de forma acelerada. A análise foi publicada nesta quinta-feira, 10, na revista Science. Um dos modelos, o Argo, conta com quase 4 mil robôs flutuantes ao redor do planeta, fazendo medições desde o ano 2000. Os outros consideraram medições ajustadas desde os anos 1970.

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Os dados apontam que 2018 provavelmente será o ano mais quente para os oceanos desde que se iniciaram os registros históricos - recorde quebrado pelo terceiro ano consecutivo, o que mostra a tendência de aquecimento.

Para o planeta como um todo, 2018 provavelmente foi o 4º ano mais quente (os dados consolidados devem ser divulgados até o final da semana que vem), mas essa diferença ocorre porque a temperatura na superfície é influenciada também por outros fatores, como o El Niño - que ajudou 2016 a ser o ano mais quente da história - e erupções vulcânicas.

Já os oceanos são menos afetados por essas variações anuais. "Os sinais de aquecimento global são muito mais fáceis de detectar se a mudança está ocorrendo nos oceanos do que na superfície", disse Zeke Hausfather, pesquisador da Universidade da Califórnia em Berkeley e um dos autores do trabalho.

A nova análise mostra que as tendências de aquecimento dos oceanos correspondem às previstas pelos principais modelos de mudança climática, o que dá força para as previsões futuras também estarem certas.

Modelos usados no último relatório geral do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas preveem que num cenário de "business as usual", em que nenhum esforço seja feito para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, a temperatura dos primeiros 2.000 metros de profundidade dos oceanos do mundo aumentará 0,78 °C até o final do século.

A expansão térmica causada por esse aumento na temperatura - pense no que ocorre com a água em uma chaleira fervente - elevaria os níveis do mar em mais 30 centímetros além da já significativa elevação do nível do mar causada pelo derretimento das geleiras e dos lençóis de gelo. Oceanos mais quentes também contribuem para a ocorrência de tempestades mais fortes, furacões e precipitações extremas, além de afetarem a vida marinha, que precisa fugir para águas mais frias.

Oficiais de países ao redor do mundo concordaram sobre um conjunto de regras para governar o acordo climático de Paris, assinado em 2015, após duas semanas de conversas na Polônia.

Michal Kurtyka, um oficial polonês presidindo as conversas em Katowice, na Polônia, acertou o acordo no sábado, após diplomatas e ministros de quase 200 países aprovarem.

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As conversas tinham o propósito de dar diretrizes firmes aos países sobre como relatar de forma transparente as suas emissões de gases de efeito estufa, além de seus esforços para reduzi-las. Cientistas dizem que as emissões de gases como dióxido de carbono precisam cair drasticamente até 2030 para prevenir um aquecimento global potencialmente catastrófico.

Enquanto diplomatas se reúnem em Katowice, na Polônia, para a 24.ª Conferência do Clima (COP), a fim de tentar avançar na implementação do Acordo de Paris, nos corredores da Organização das Nações Unidas (ONU) a percepção é de que o maior desafio não está na necessidade de criar o chamado "livro de regras" - o principal objetivo desta reunião. Negociadores mostram preocupação com a falta de um líder que conduza a comunidade internacional a acelerar a adoção de medidas para conter o aquecimento global.

Ao jornal O Estado de São Paulo, experientes negociadores admitem que o "déficit de liderança" tem sido o principal obstáculo. O temor não é de que países abandonem oficialmente o acordo, gesto extremo até agora só iniciado pelos Estados Unidos. "O principal risco é de o acordo ser, em silêncio, ignorado pelos governos, sem nunca ter cumprido sua função", alerta um diplomata.

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"Apesar de terem se passado só três anos desde que o acordo foi fechado, hoje temos um mundo bastante diferente do que aquele que o favoreceu", afirma Eduardo Viola, professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília e especialista nas negociações climáticas.

Países que lideraram as negociações na época abandonaram o barco ou enfrentam dificuldades para manter o mesmo tipo de atuação. Nos Estados Unidos, Donald Trump já deixou claro que não pretende cumprir os compromissos assumidos por Barack Obama. Na Alemanha, Angela Merkel está prestes a deixar o comando, enquanto há disputa interna para saber quem será sua sucessora. Assuntos climáticos, portanto, poderão ser adiados para 2020.

Na França, Emmanuel Macron vê nas ruas o preço da transição energética, com parte da população se recusando a pagar mais impostos. No Reino Unido, o debate foi enterrado enquanto Londres se mobiliza para sair da União Europeia.

A China poderia assumir essa posição. Maior emissor de gases estufa, o país embarcou para valer no esforço após acordo bilateral com os Estados Unidos de Obama, ainda antes da COP de Paris.

E assumiu o papel de defender acordos multilaterais após a vitória de Trump. Mas também passou a ser alvo de pressões internas com a guerra comercial contra Washington. "É uma espécie de nova Guerra Fria, que aumentou muito o nível de conflito no sistema e isso enfraquece muito as condições para que haja cooperação em qualquer área", diz Viola.

Para o cientista político, porém, a China não poderia assumir essa liderança. "Eles têm um discurso cooperativo, mas a realidade é que enquanto suas emissões não entrarem em declínio, não têm como ser líderes nisso."

E o Brasil, berço da Convenção do Clima da ONU na Rio-92 e importante na costura do Acordo de Paris, pode ver no governo Jair Bolsonaro um não cumprimento de suas metas ou até mesmo a saída do acordo. Antes mesmo de assumir, já causou mal-estar ao voltar atrás na oferta de receber a conferência de 2019. Também virou motivo de piada na conferência a declaração do futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, de que mudanças climáticas são uma trama marxista.

Viola tem visão pragmática. "Não realizar a COP no País é uma coisa, sair do acordo é outra. O ministro pode ter essa visão, mas os centros do poder do governo Bolsonaro - Paulo Guedes (Economia), Sérgio Moro (Justiça) e os militares - sabem que a mudança climática é real. E forças econômicas sabem que o preço de sair do acordo pode ser bem alto."

Para entender

A 24.ª Conferência do Clima tem o objetivo de concluir o chamado "livra de regras" do Acordo de Paris. É como se o acordo fosse a lei e agora é preciso regulamentar seu funcionamento. É preciso definir, por exemplo, um mecanismo de transparência: como será a verificação do cumprimento das metas.

Também se espera que haja uma indicação de como os países vão atualizá-las e ampliá-las. A conferência é a primeira após o lançamento do relatório do IPCC que mostrou que o planeta poderá estar 1,5°C mais quente já em 2040 e para evitar os piores cenários o mundo tem de reduzir suas emissões em níveis ainda maiores.

Questionamentos

Nas mesas de negociação da COP do Clima em Katowice, a delegação brasileira mantém seu desempenho tradicional de cobrança por regras claras, por mais compromisso dos países desenvolvidos, por dinheiro na mesa.

Em seu discurso na plenária de abertura, o embaixador José Antonio Marcondes de Carvalho, chefe da delegação, declarou que "o que deve ser evitado a todo custo é que os países em desenvolvimento sejam marginalizados ou apresentados com textos do tipo ‘pegar ou largar’" - posições clássicas do Brasil.

Já nos corredores as perguntas correntes que os diplomatas ouvem, assim como membros da sociedade civil presentes, são: "O que está acontecendo com o Brasil? Como será a participação no ano que vem?". E todos se veem na situação de não saberem o que responder. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O aquecimento global deverá ser contido a 1,5ºC em relação aos anos anteriores à Revolução Industrial, afirma o Relatório Especial do Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas (IPCC). Ainda segundo o relatório, serão necessárias “mudanças rápidas, abrangentes e sem precedentes em todos os aspectos da sociedade”. O estudo ainda prevê que este nível pode ser superado entre 2030 e 2052.

Além disso, a redução de emissão de CO2, ou gás carbônico, em 12 anos será importante para controlar situações como secas, inundações, queimadas florestais e falta de alimentos para milhões de pessoas. Para conter as mudanças, diversas áreas deverão fazer alterações drásticas: energia, indústria, construção, transporte e o uso da terra, aponta o relatório. 

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Os dados do estudo dizem que 1,5ºC é o mais seguro em relação a impactos climáticos como incêndios florestais, perda de territórios e espécies invasoras. O nível sendo 2ºC acima do que era registrado à época da Revolução Industrial poderá ter consequências preocupantes como a perda de habitats naturais e de espécies, a diminuição das calotas polares e o aumento do nível do mar, além de ondas de calor mais intensas na maioria das regiões.

A solução para que a temperatura não aumente mais do que 1,5ºC seria chegar a 2050 com “neutralidade de carbono”, ou seja, produzindo menos CO2 na atmosfera do que se pode retirar. 

Poluição é um assunto que há um bom tempo anda pautando os noticiários pelo mundo inteiro. São diversas campanhas de conscientização, ações promovendo a reciclagem, reutilização de recursos básicos de uso habitual no dia a dia das pessoas, além de investimentos em energias renováveis. Mas para que todas essas medidas surtam algum efeito no futuro, algo já precisa estar sendo feito para que a saúde ambiental do nosso planeta não chegue à um estado irreversível. 

Pensando nisso, a China resolveu inovar. Buscando alternativas para combater a poluição em suas metrópoles, os chineses instalaram um purificador de ar gigante na cidade de Xian, em meio aos arranha-céus, medindo 60 metros de altura. O aparato ainda está em fase de testes, mas a expectativa, segundo os especialistas, é de que com 100 unidades do exemplar, toda área da cidade possa ser contemplada. Confira:

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Os ursos polares têm taxas metabólicas mais altas do que se pensava e isso explica por eles têm sido incapazes de conseguir alimentos em quantidade suficiente para suas necessidades, de acordo com um novo estudo.

De acordo com os autores, publicada nesta quinta-feira, 1, na revista Science, a pesquisa mostra quais são os mecanismos fisiológicos por trás do declínio já observado nas populações e nas taxas de sobrevivência dos ursos polares.

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"Temos documentado, ao longo da última década, o declínio nas taxas de sobrevivência, nas condições de saúde e nos números populacionais do urso polar. Ao calcular as necessidades energéticas reais dos ursos polares e observar com que frequência eles são capazes de caçar focas, esse estudo identificou os mecanismos que estão levando a esses declínios", disse o autor principal da pesquisa, Anthony Pagano, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.

Pagano explica que o declínio das populações de ursos já era associado às mudanças climáticas que estão reduzindo o habitat desses animais, forçando-os a ir cada vez mais longe para buscar comida durante o degelo. Mas a conta não fechava, porque não se sabia que os ursos precisavam de tanta energia - os estudos anteriores se baseavam em estimativas de uma taxa metabólica 50% mais baixa.

Para realizar o novo estudo, os cientistas monitoraram o comportamento dos ursos, a frequência de sucesso na caça e as taxas metabólicas de fêmeas adultas sem filhotes quando elas buscavam presas no gelo do Mar de Beaufort durante a primavera.

O monitoramento foi feito com coleiras hi-tech, que registravam em vídeo as andanças dos animais, rastreando seu deslocamento, seu comportamento e os níveis de atividade em períodos de oito a 11 dias. Foram utilizados também sensores de atividade metabólica para determinar quanta energia os animais gastavam em suas atividades.

Com isso, os cientistas descobriram que as taxas metabólicas registradas eram, em média, 50% mais altas do que as estimadas por estudos anteriores. Cinco dos nove ursos estudados perderam muito peso e não conseguiram caçar focas em número suficiente para suprir seus gastos de energia.

"A pesquisa foi feita no início do período que vai de abril a julho, quando os ursos polares capturam a maior parte das suas presas e conseguem acumular a maior parte da gordura corporal que eles precisam para sustentá-los pelo resto do ano", disse Pagano.

O cientista afirma que as mudanças climáticas têm efeitos dramáticos no gelo do mar do Ártico, forçando os ursos polares a percorrer distâncias maiores e dificultando a busca de presas. No Mar de Beaufort, as geleiras marinhas começam a recuar a partir da plataforma continental em julho, quando a maioria dos ursos se move em direção ao norte à medida que o gelo se retrai.

Com o aquecimento do Ártico, mais gelo derrete nesse processo, obrigando os ursos a percorrer distâncias maiores que no passado. Isso faz com que eles gastem mais energia durante o verão, quando eles ficam em jejum até que o gelo volte, no outono, à plataforma continental.

Em outras áreas, como na Baía de Hudson, a maior parte dos ursos vai para a terra quando o gelo marinho recua. Ali, o aquecimento do Ártico faz com que o gelo marinho se rompa mais cedo no verão e volte a se formar mais tarde no outono, forçando os ursos a ficarem mais tempo em terra.

"De qualquer maneira, a questão continua sendo quanta gordura eles podem acumular antes que o gelo comece a recuar e quanta energia eles terão que gastar. Nós descobrimos que os ursos polares têm uma necessidade de energia muito mais alta do que o estimado", afirmou Pagano.

Na primavera, os ursos polares caçam principalmente as focas que nasceram recentemente e que são mais suscetíveis que as focas adultas. No outono, quando as jovens focas já estão mais velhas e espertas, os ursos não conseguem tantas presas. "Calculamos que os ursos podem capturar até duas focas no outono. Na primavera e no começo do verão, eles caçam de cinco a 10 focas", disse Pagano.

Os cientistas da Universidade da Califórnia em Santa Cruz têm estudado os ursos polares no Mar de Beaufort desde a década de 1980. Segundo Pagano, a estimativa populacional mais recente indica que o número de ursos polares caiu cerca de 40% na última década. Mas, segundo Pagano, era difícil estudar a biologia fundamental e o comportamento dos ursos polares em um ambiente tão remoto e hostil.

"Agora nós temos a tecnologia para descobrir como eles se movem no gelo, quais são seus padrões de atividades e suas necessidades energéticas, de forma que podemos entender melhor a implicações das mudanças que estamos observando no gelo marinho", afirmou Pagano.

Já imaginou o mundo sem chocolate? Essa possibilidade pode passar a existir a partir de 2050, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos. Além dessa notícia chocante para os amantes desse produto, o órgão explica o motivo para a inexistência dele em 32 anos. 

Conforme os estudos que baseiam a afirmação, o motivo para isto são as alterações climáticas. Os dados mostram que as plantações de cacau sofrerão redução por conta do aumento das temperaturas. O órgão afirma que está estimado um aumento de dois graus até 2050, por conta disso, ficará impossível manter a produção do chocolate sem a sua matéria prima. 

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O órgão norte-americano aponta uma solução. Seria realizar uma modificação genética nas plantas, isto faria delas mais resistentes a altas temperaturas e o clima seco. Por enquanto, os locais de maior produção no mundo todo são Costa do Marfim, Indonésia e Gana.

Os ratos no Canadá estão apresentando mutações e migrando para o norte em resposta às mudanças climáticas, de acordo com uma pesquisa da Universidade McGill divulgada nesta segunda-feira (27).

O estudo, publicado na revista científica Evolutionary Ecology, descobriu que "invernos mais amenos levaram a alterações físicas em duas espécies de camundongos no sul de Quebec nos últimos 50 anos", disse a pesquisadora principal, Virginie Millien, em um comunicado.

O estudo também corrobora a evidência de que "o aumento das temperaturas estão empurrando a vida selvagem para o norte", acrescentou.

Ao longo da última década, os pesquisadores analisaram duas espécies comuns encontradas no leste da América do Norte - o rato-veadeiro e o camundongo-de-patas-brancas.

À medida que os invernos se tornaram mais amenos, o camundongo-de-patas-brancas se deslocou para o norte a uma velocidade de cerca de 11 quilômetros por ano, de acordo com o estudo.

Na Reserva Natural de Gault, no Mont Saint-Hilaire, a cerca de 40 quilômetros a leste de Montreal, no vale do São Lourenço, nove das 10 espécies capturadas na década de 1970 eram ratos-veadeiros, enquanto apenas 10% eram camundongos-de-patas-brancas.

Essas proporções se inverteram à medida que mais camundongos-de-patas-brancas atravessaram o rio São Lourenço, rumo ao norte.

"A teoria evolutiva prevê mudanças morfológicas em resposta ao aquecimento climático, mas há muito pouca evidência disso até agora em mamíferos", comentou Millien.

Comparando dados da década de 1950 em diante, os pesquisadores também descobriram que a forma do crânio de ambas as espécies mudou ao longo do tempo.

As mudanças são semelhantes em ambas as espécies, mas mais pronunciadas nos camundongos-de-patas-brancas.

Seus dentes molares também mudaram de posição, o que os cientistas supuseram que "pode ​​estar relacionado a uma mudança na dieta causada pelas mudanças climáticas, combinada com a competição por recursos alimentares entre as duas espécies de ratos".

Isso "poderia refletir mudanças no tipo de alimentos que os ratos precisam mastigar".

Ainda não se sabe "se essas mudanças são genéticas e serão transmitidas às gerações futuras - evolução real - ou se elas representam uma 'plasticidade', a capacidade de algumas espécies de se adaptar a mudanças ambientais rápidas", concluiu o estudo.

Independentemente disso, as mudanças são significativas.

"Estamos falando de ossos e dentes, estruturas difíceis que não são fáceis de modificar", disse Millien.

Os turistas que admiravam de um barco de passageiros as paisagens geladas do Ártico russo acreditaram ter visto, em um primeiro momento, vários pequenos blocos de gelo nas margens. Mas na verdade se tratava de cerca de 200 ursos polares em pleno banquete, devorando uma baleia.

"Todos ficamos atônitos", conta Alexandre Gruzdev, diretor da reserva natural da ilha de Wrangel, no extremo oriente russo, onde aconteceu este encontro "único", segundo ele, neste outono.

Os ursos polares estavam reunidos na beira da água para desmembrar o esqueleto de uma baleia arrastada pelas ondas. O grupo estava formado por várias famílias, incluindo duas mães seguidas cada uma por quatro filhotes, algo que raramente pode ser visto, diz Gruzdev à AFP.

Embora um espetáculo como este possa fascinar os turistas, para os cientistas ilustra as consequências do aquecimento global, que transforma o habitat natural dos animais, aumenta a concorrência pelos alimentos e os aproxima de zonas habitadas.

As mudanças climáticas provocam um degelo prematuro e levam as populações de ursos polares a passarem mais tempo em terra firme e a se aproximarem cada vez mais dos povoados, o que é perigoso.

Após o degelo, os ursos polares costumam descansar, entre agosto e novembro, na ilha de Wrangel, no mar de Chukchi (nordeste da Sibéria), antes de retomar a caça de focas. Além disso, a ilha é considerada a principal zona do Ártico em que as fêmeas dão à luz.

Menos presas

"Uma baleia representa um verdadeiro presente para eles: dezenas de toneladas" de alimento, o suficiente para vários meses, indica Gruzdev. Cada vez mais ursos vão à ilha de Wrangel, onde passam em média um mês a mais do que faziam há 20 anos, por culpa do degelo, segundo Eric Regehr, especialista da Universidade de Washington.

Este outono, os observadores registraram 589 ursos, um número "anormalmente alto" e mais que o dobro das estimações anteriores, alertou Regehr. Segundo ele, a população de ursos polares do mar de Chukchi, compartilhado pela Rússia e pelos Estados Unidos, continua "em bom estado de saúde".

Mas isso poderia mudar se o tempo que passam em terra firme continuar aumentando, porque, embora existam algumas fontes de alimentação - como bois-almiscarados, roedores e ervas - nada pode substituir o aporte energético das focas, essencial para a sobrevivência dos ursos polares.

"A questão é saber a partir de quando a população começará a sentir os efeitos negativos" do tempo cada vez mais longo em terra firme, adverte o cientista. "Não temos a resposta, mas esse limite será alcançado" em algum momento, afirma.

Um urso na janela

"São animais engenhosos e capazes de se adaptar, mas o número de ursos polares que temos atualmente no Ártico não pode se manter 100% em terra", avisa Regehr.

Segundo o cientista, a visão de 200 ursos polares reunidos é um sinal do que nos espera no futuro: mais ursos passando menos tempo no mar e com menos presas marinhas ao seu alcance. Uma situação que origina um conflito inevitável entre os ursos e os humanos.

Desde meados de outubro, os ursos polares se aproximam perigosamente ao povoado de Ryrkaipi, em terra firme e a 200 km da ilha de Wrangel, perto de um local muito frequentado pelas morsas.

Este ano, alguns esqueletos de morsa chegaram flutuando até o povoado e atraíram os ursos. Um deles "quebrou a janela de uma casa", indica Viktor Nikiforov, especialista e coordenador do centro russo de mamíferos marinhos.

A localidade, de cerca de 600 habitantes, entrou em alerta, proibiu as crianças de irem à pé à escola e cancelou alguns atos públicos, antes de afastar os esqueletos do povoado com guindastes.

"A concentração de humanos e animais na mesma zona aumenta e há conflitos", aponta Nikiforov. "Com as transformações que ocorrem na natureza, devemos nos preocupar".

Quando olhamos para o mundo que nos cerca, é possível imaginar e aceitar que tudo o que vemos pode acabar? E quando me refiro ao fim, quero levantar a reflexão justamente para o esgotamento dos recursos naturais e não apenas para a escassez de todos os elementos utilizáveis da terra.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMN), o ano de 2017 está entre os três anos mais quentes desde que há registros - reflexo de um termo muito comum utilizado nos últimos anos chamado de 'aquecimento global', e que traz como consequência um clima propício a terremotos, inundações e secas. O assunto, que já foi consideravelmente discutido, está sendo base de estudos científicos apresentados na 23ª Conferência do Clima das Nações Unidas realizada até o dia 17 de novembro em Bona, na Alemanha, com a presença de membros de 196 países.

Entre as constatações plausíveis que se pode fazer sobre todos esses acontecimentos climáticos, a sustentabilidade chega como forma rápida, direta e eficaz de combate aos fatores agressivos do nosso planeta. E quando me refiro ao termo sustentabilidade, reforço a ideia que ele vai muito além da economia de energia e água, da coleta seletiva e da reciclagem. Não se limita a entender que ser sustentável é diminuir a produção de resíduos e do uso de agrotóxicos, ou simplesmente preservar o meio ambiente.

Adotar práticas ecologicamente corretas também inclui alternativas viáveis e diversas. Ou seja, a alimentação é um forte canal para desempenharmos hábitos saudáveis e conscientes. Alimentos naturais e orgânicos funcionam como válvulas propulsoras de um forte sistema que envolve a preservação do ar, do solo, da água e, sobretudo, da saúde. Desta forma, a sustentabilidade aplicada à alimentação se enquadra na sustentabilidade ambiental. Esta é a verdadeira ideia de que: precisamos descascar mais ao invés de desembrulhar.

Além disso, engana-se quem pensa que a educação não tem muito a oferecer sobre o tema. Arrisco-me a dizer, inclusive, que ela é a maior e mais importante arma de prevenção e solução dos problemas que envolvem o esgotamento dos recursos naturais do nosso planeta. A diferença consiste na formação de uma sociedade que não vai apenas pensar em solucionar as questões já existentes que ameaçam a nossa sobrevivência, mas também na implementação de hábitos que irão prevenir e evitar que muitos problemas ambientais aconteçam. Enxergar que o planeta precisa ser salvo vai muito além da solução dos contratempos, ela se baseia principalmente na prevenção e na apropriação de hábitos conscientes.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão da ONU que cuida do monitoramento das mudanças na temperatura global, divulgou um estudo que indica que o ano de 2017 pode ser um dos mais quentes já registrado. Segundo a entidade, este ano só não ultrapassará 2016 por conta do fenômeno El Niño, que aconteceu no ano passado e altera periodicamente as temperaturas em diversos locais do mundo.

O estudo vai integrar a “Declaração sobre o Estado do Clima Mundial”, que será elaborado pela OMM para exemplificar a influência humana nas mudanças climáticas que provocam furacões e inundações, por exemplo. "Os últimos três anos estiveram entre os três mais quentes quanto a registros de temperaturas, ultrapassando os 50 graus na Ásia, furacões sem precedentes no Caribe e no Atlântico que chegaram até a Irlanda, devastadoras inundações de monção que afetaram milhões de pessoas, e uma seca implacável na África oriental", disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

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A OMM ainda estuda o impacto direto do aquecimento global nos furacões. O relatório aborda também as recentes tempestades que provocaram deslizamentos de terra e inundações em países como África do Sul, Colômbia, Peru, Índia, Bangladesh e Nepal. Ao todo, foram contabilizadas 2048 mortes nessas catástrofes.

A ocorrência este mês de dois furacões em um prazo de uma semana - o Harvey, no  Texas, e o Irma, em países do Caribe e da Flórida - reacendeu o debate sobre as mudanças climáticas e trouxe novas críticas ao posicionamento da gestão Trump. A maior parte da comunidade científica americana relaciona a incidência de furacões mais destrutivos ao aumento da temperutura global.

Um estudo chamado Relatório Especial Ciência e Clima, do Programa de Investigação da Mudança Global dos Estados Unidos (CSSR, a sigla em Inglês), que reune cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica  (NOAA), da Nasa e de mais 11 agências federais do país, afirma que a atividade humana contribui para o aumento da temperatura global e, consequentemente, a incidência de furacões.

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No estudo, a incidência de furacões mais destrutivos é usada como evidência de que é “muito provável que mais da metade do aumento das temperaturas, ao longo das últimas quatro décadas, foram causadas pela atividade humana.

O relatório é parte da Avaliação Nacional do Clima e começou a ser feito durante o mandato de Bill Clinton, em 1990.  Em junho, o estudo foi publicado pela comunidade científica, que encaminhou o relatório para avaliação da Casa Branca. Até então, a administração Trump não se pronunciou.

As conclusões batem de frente com a ideologia defendida por Donald Trump - de que não é possível comprovar que o aquecimento global é consequência da interferência humana.

Union of Concerned Scientist (UCS, a sigla em inglês para a União dos Cientistas preocupados com o clima), uma entidade que reúne especialistas norte-americanos, também publicou em sua página um artigo em que afirma haver probabilidade de ocorrerem mais furacões destrutivos, como o Irma, que afetaram milhões de comunidades e colocaram estruturas em risco.

Estudos sobre os furacões e o aquecimento global já foram desenvolvidos várias vezes pela comunidade científica americana. A UCS trouxe o assunto à tona novamente por ocasião da passagem do Irma - já são mais de 60 mortes confirmadas e algumas ilhas destruídas no Caribe - Antigua e Barbuda, San Martin, Ilhas Virgens Americanas, e Turks e Caikus (território britânico).

Além das ilhas devastadas, são registrados enormes prejuízos financeiros - ainda não totalmente contabilizados para praticamente todos os países e territórios caribenhos: Porto Rico (EUA), República Dominicana, Haiti, Cuba e Bahamas. 

No continente, os Estados Unidos tiveram nove estados afetados, entre eles a Flórida, que teve todo o seu território atingido.

A UCS lembra que "para as comunidades costeiras, as cicatrizes sociais, econômicas e físicas deixadas por grandes furacões, como o Irma, são devastadoras".

Os cientistas reafirmaram que os furacões são parte natural do sistema climático. Lembraram, no entanto, que as pesquisas recentes sugerem  o aumento de seu poder destrutivo, ou intensidade, desde a década de 1970, em particular na região do Atlântico Norte.

Medidas do potencial de destruição de furacões, calculadas a partir de sua força ao longo da vida útil, também mostram uma duplicação desse potencial nas últimas décadas. Um exemplo é o de um furacão que se mantém em níveis 4  e 5 (mais destrutivos) na escala Saffir-Simpson (que vai de 1 a 5) por mais tempo, causando mais danos.

Não só os furacões no Atlântico estão se intensificando, os tufões do Oceano pacífico também estão atingindo a Ásia de maneira mais feroz.

Impacto oceânico

Cientistas ligados a UCS afirmam que os oceanos absorveram  93% do excesso de energia gerada pelo aquecimento global entre 1970 e 2010. Dessa maneira, foi possível observar a intensificação da atividade de furações em algumas regiões.

O furacão é um fenômeno formado pelo aquecimento das águas ocêanicas. Temperaturas marítimas superiores a 27º graus causam a evaporação da água que sobe aquecida em forma de vapor até as nuvens. O contato do vapor quente e do ar frio da atmosfera provoca correntes de ar que se descolam em movimento circular e formato de cone.

Os níveis do mar também estão subindo,  porque com os oceanos mais quentes,  água do mar se expande. Essa expansão segundo a UCS, combinada ao derretimento do gelo na Terra, causou um aumento médio global de aproximadamente 8 polegadas (20 cm)  do nível do mar, desde 1880.

A tendência esperada é de aceleração desse processo nas próximas décadas. Níveis do mar mais elevados na região costeira e a água mais aquecida poderão proporcionar furacões destrutivos, como o Katrina (2005), o Harvey ou Irma.

Impacto econômico

O impacto econômico será sentido massivamente, como vem ocorrendo nos últimos anos. afetando milhares de pessoas. Só nos Estados Unidos, 100 milhões de pessoas vivem em municípios litorâneos - cerca de um terço da população total.

Furacões mais potentes causaram perdas humanas, perdas econômicas para o Estado, a iniciativa privada e a população em geral.

Nos Estados Unidos, o impacto do Harvey foi bastante sentido pelas indústrias petrolíferas da costa do Texas. O abastecimento comprometido deixou os preços da gasolina mais altos e e a falta do produto foi sentida durante a passagem do furacão pela Flórida.

Foi preciso que o governo do estado garantisse abastecimento nas estradas para a população que tentava deixar as áreas atingidas e que não conseguia abastecer os carros nos postos das rodovias.

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