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O governo de Javier Milei criou um protocolo de segurança para impedir bloqueios de ruas, vias e pontes em manifestações na cidade de Buenos Aires, epicentro dos grandes protestos na Argentina. A medida foi tomada nesta quinta-feira (14) após o anúncio de um pacote de ajuste fiscal, criticado por sindicatos, e antes da manifestação do dia 20, que relembra o massacre da Plaza de Mayo, durante a crise de 2001.

O protocolo, que foi anunciado pela ministra de Segurança, Patricia Bullrich, faz parte da política de endurecimento das leis para manter a ordem pública, que Milei repetiu durante a campanha. "Se saírem às ruas, haverá consequências: vamos impor ordem ao país para que as pessoas possam viver em paz. Se não há ordem, não há liberdade. E se não há liberdade, não há progresso."

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O principal objetivo do governo, segundo Bullrich, é manter liberados os espaços públicos, como ruas, avenidas e estradas. A ministra criticou a estratégia comum na Argentina de desviar o trânsito para vias secundárias. "Se bloquearem a via principal, ela será liberada", disse. "Vamos atuar até que seja totalmente liberado o espaço de circulação."

Bullrich afirmou que todos os envolvidos em bloqueios serão identificados e processados. Os organizadores dos atos, como partidos e sindicatos, terão de pagar os custos pelos estragos, pelo uso das forças de segurança e serão incluídas em um cadastro permanente.

Protestos

Ônibus e carros usados nas manifestações, caso não estejam com a documentação em dia, serão apreendidos. Estrangeiros sem residência permanente que forem detidos serão enviados às autoridades migratórias. "Usaremos a força de forma proporcional", disse a ministra.

A entrevista coletiva foi anunciada de surpresa pelo porta-voz da presidência, Manuel Adorni. Ela foi realizada no momento em que diversas organizações sociais assumem o protagonismo em protestos contra o pacote de ajuste fiscal do ministro da Economia, Luis Caputo, que prevê a redução de subsídios para contas de energia e bilhetes de meios de transporte, o que deve pressionar o preço das faturas de luz, gás, água, além de passagens de ônibus, metrô e trens.

De acordo com o jornal La Nación, minutos antes de Adorni falar, o líder de um grupo de piqueteiros, Eduardo Belliboni, pediu uma reunião com o secretário da Infância e Família, Pablo de la Torre, "para abordar algumas questões sociais que pioraram nos últimos dias com a disparada dos preços".

Os piqueteiros, que normalmente promovem os protestos na Argentina, estão organizando uma grande mobilização, nos dias 19 e 20, contra as medidas de austeridade e a desvalorização de 55% do peso, que provocou um aumento de preços.

Críticas

"O plano da motosserra Caputo-Milei mostra que o ajuste será pago pelo povo, não pela política. É um plano inflacionário, porque tem uma grande desvalorização com tarifas de transporte e energia. Para os trabalhadores, haverá demissões e salários mais baixos", criticou Belliboni.

Segundo o jornal Clarín, Bullrich, que foi ministra de Segurança de Mauricio Macri, e chegou ao cargo por indicação do ex-presidente, tentou aplicar medidas parecidas em 2015, mas nunca conseguiu.

Entre as discussões sobre a constitucionalidade das medidas - já que a lei permite a livre manifestação -, os anúncios esbarram também em questões logísticas: a livre circulação na cidade depende da polícia de Buenos Aires, o que forçará um atuação em conjunto com as forças federais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A vendedora Elvira Troncoso, de 50 anos, levou a sério o alerta que fez o novo presidente da Argentina, Javier Milei, de que os próximos meses serão duros. Mas está esperançosa que depois do aperto virá a bonança e a Argentina possa sair de sua crise eterna.

"Teremos de nos preparar. Os aumentos já estão acontecendo e só devem piorar, enquanto os salários ficarão congelados. Precisamos nos planejar para cortar custos", disse. Ela trabalha em um quiosque e diz que ali ainda não houve aumento. "Mas, nos mercados, a situação já começou a apertar", afirma.

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Um pouco depois do segundo turno das eleições, que consagrou a vitória de Milei sobre o então ministro da Economia Sergio Massa, o governo abriu mão de manter o programa que segurava o preço da comida e de artigos essenciais. Com isso, muitos argentinos correram para os supermercados para estocar alimentos. O maior movimento foi no fim de semana, antes da posse.

Sandra Prado, de 47 anos, que trabalha em uma loja de produtos eletrônicos perto da Praça do Congresso, concorda que nos próximos meses os argentinos terão de se preparar para o choque. "Mas, se é para melhor, teremos de ter paciência", disse. "Ele falou que os próximos dois anos serão brutais, isso me preocupa, mas temos de confiar nele."

No geral, o sentimento nas ruas é de que algo finalmente mude, ainda que o caminho seja árduo. "Tem de haver alguma mudança. Continuar do jeito que estava, não dá", disse Nahuel Onofrillo, de 21 anos. Para ele, a situação já é ruim e mais alguns meses de ajustes não seriam novidade.

Esperança

Para o jovem, os argentinos terão a paciência para ver os resultados, contanto que Milei mostre que já começará desde agora a fazer outras pequenas mudanças que prometeu. "Por exemplo, ele já cortou os ministérios. Ele falou que faria, e fez. É isso que vai fazer as pessoas confiarem nele."

Em seu primeiro decreto - chamado de DNU -, Milei reduziu de 18 para 9 o número de ministérios, tendo unificado alguns deles em uma pasta ou reduzido para a categoria de secretaria. A medida era parte de suas promessas de campanha de "passar a motosserra" nos gastos públicos. Na segunda-feira, em sua primeira reunião de gabinete, Milei prometeu rever contratos e exigiu trabalho 100% presencial dos funcionários públicos. Ele também já foi criticado por, na mesma leva, ter criado uma brecha na lei antinepotismo para acomodar a irmã no cargo de secretária-geral da presidência.

O adiamento do anúncio do pacote econômico - previsto para segunda-feira, mas só comunicado ontem - decepcionou quem estava ansioso para se preparar o mais rápido possível. A vendedora de flores Patricia Kernol, de 50 anos, protestou contra o atraso.

"As pessoas ficam inseguras, sem saber o que vai acontecer. Então, aumentam os preços", lamenta. Sua pequena banca de flores na Avenida Santa Fé, perto da Praça San Martín, no bairro de Retiro, sentiu os efeitos da instabilidade. "As flores não param de subir, viraram artigos de luxo", contou. "Ninguém mais está comprando flores, porque as pessoas têm de comprar comida."

Ela admite que não votou em Milei e não compartilha do mesmo otimismo de outros argentinos, mas deseja que o novo presidente tire a Argentina da crise. "No fim, é bom para todos que ele faça as coisas bem. Não acho que vai conseguir, mas Deus queira que eu esteja errada."

Câmbio

Não foram só os preços que reagiram às incertezas. No mercado cambiário houve confusão com o que determinou o Banco Central, que limitou a compra de dólares. A decisão não afetou as operações financeiras ou as exportações, mas impactou nas importações e na compra do dólar mais barato, chamado de "dólar poupança".

Muitos bancos ficaram confusos sobre como vender os demais tipos de dólar e como cobrar as faturas dos cartões de crédito com transações na moeda americana, o "dólar cartão". Sem saber o que fazer, o dólar subiu, na expectativa de uma possível desvalorização.

A Argentina tem mais de um tipo de câmbio em circulação, uma medida adotada pelo governo de Alberto Fernández para manter o valor do dólar artificialmente baixo. No mercado paralelo, porém, era como se nada tivesse mudado.

A Rua Florida, conhecida pela presença constante dos "arbolitos" (arvorezinhas) - os cambistas que vendem dólar paralelo -, tinha um ar de normalidade. Alguns admitiram que nem mesmo souberam do feriado cambiário.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou em suas redes sociais um vídeo em que aparece ao lado de uma criança não identificada que canta um trecho do hino de Israel. A gravação foi feita em Buenos Aires, Argentina, onde Bolsonaro esteve para a posse do presidente Javier Milei.

No vídeo de pouco mais de um minuto, Bolsonaro aparece em silêncio, sentado ao lado do menino, enquanto ele canta. Ao fim do hino, ele acompanha palmas de outras pessoas que assistiam e que não aparecem na gravação, e exclama "viva Israel".

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O vídeo foi postado na tarde do último domingo, 10, em seus perfis no Instagram e no X (antigo Twitter), e acumula quase 600 mil curtidas.

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Bolsonaro, que já mantinha uma relação amigável com Israel quando foi presidente, é conhecido por suas posições favoráveis ao País na guerra contra o Hamas. O ex-presidente já declarou que para haver paz na região da Faixa de Gaza, as lideranças palestinas devem deixar de lado a violência armada e reconhecer o direito de Israel como estado soberano. Tanto a Palestina quanto o estado israelense não se reconhecem como nações independentes e vivem uma tensão política e religiosa que já dura oito décadas, com um vasto histórico de conflitos e ataques bélicos perpetrados por ambos.

Com o posicionamento, Bolsonaro tenta ser um contraponto ao discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já condenou os atos terroristas do Hamas, mas também, em diversas ocasiões, criticou as ações de Israel, como quando chamou o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, de "extremista" e sem sensibilidade humana.

Na última semana, Bolsonaro fez outro post em que há menção a Israel. Nele, o ex-presidente aparece vestindo uma camisa que leva estampada as bandeiras do Brasil e de Israel fundidas em uma.

Um dia após a posse como novo presidente da Argentina, Javier Milei publicou no Diário Oficial do país uma alteração em um decreto de restrição à nomeação de parentes na administração pública para dar um cargo a sua irmã em seu governo. Karina Milei, que ficou conhecida como o braço direito de Milei, foi empossada como secretária-geral da Presidência no domingo, 10.

O novo Decreto 13/2023 altera o artigo 1º do Decreto nº 93, de 30 de janeiro de 2018, publicado pelo então presidente Mauricio Macri. Essa medida proibia a nomeação de parentes diretos ou indiretos até o 2º grau, além de cônjuges, do presidente, vice-presidente, chefe de gabinete de ministros, ministros e outros funcionários em cargos elevados do governo.

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A mudança publicada pelo novo mandatário limita a proibição estabelecida no decreto posto por Macri com a ressalva para as nomeações que o presidente do país possa efetuar "por força das atribuições que lhe são conferidas pela Constituição Nacional".

Segundo o jornal argentino El Clarín, inicialmente, durante a transição, Milei havia dito que sua irmã seria conselheira pro bono (sem salário). Posteriormente, optou por nomeá-la como secretária-geral da Presidência, cargo que foi elevado pelo próprio Milei a um nível semelhante ao de um ministério.

Na cerimônia de posse, foi ela quem atuou como "primeira-dama", vestida de branco, e quem segurou o bastão presidencial enquanto o irmão fazia o primeiro discurso como chefe de Estado.

Barrado na foto oficial do novo presidente argentino, Javier Milei, com os chefes de estados, nesse domingo (10), Jair Bolsonaro foi recebido na cerimônia de posse antes do ministro das Relações Exteriores do Brasil. Alvo de acusações de Milei durante a campanha, o presidente Lula não compareceu ao evento.

Bolsonaro tentou se infiltrar na foto oficial dos representantes sul-americanos, mas foi barrado pelo staff de Milei. O continente foi representado pelos presidentes Luis Lacalle Pou (Uruguai), Santiago Peña (Paraguai), Gabriel Boric (Chile) e Daniel Noboa (Equador). Também compareceram à posse o primeiro-ministro da Hungria Viktor Orbán, o líder do partido partido espanhol de extrema-direita Vox, Santiago Abascal e o presidente da Ucrânia Volodimir Zelenski.

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Se por um lado Bolsonaro foi barrado da foto oficial, ao menos conseguiu falar com Milei antes do brasileiro Mauro Vieira. O chanceler tentou cumprimentar o argentino no primeiro bloco de autoridades onde estavam os chefes de Chile, Ucrânia, Hungria e o ex-presidente brasileiro.

Contudo, Vieira foi dedurado pelo assessor de Bolsonaro e ex-secretário de comunicação, Fabio Wajngarten, que sinalizou à equipe do argentino sobre sua presença. O staff retirou o ministro do bloco e o reposicionou no terceiro. 

Depois de criar expectativas sobre o anúncio de suas primeiras medidas econômicas como presidente da Argentina, Javier Milei adiou para terça-feira, 12, os anúncios. Em uma primeira coletiva na Casa Rosada, o porta-voz da presidência avisou que as medidas serão dadas pelo próprio ministro da Economia, Luis Caputo, empossado no domingo, 10.

Na sexta-feira, 8, o jornal argentino Clarín havia adiantado que Milei e Caputo fariam os primeiros anúncios já nas primeiras horas desta segunda-feira, 11, com uma série de medidas que não precisariam de um respaldo do Congresso. Esta manhã, porém, Manuel Adorni, designado porta-voz da presidência, informou que as mudanças serão confirmadas na terça, sem um horário definido.

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Os mercados argentinos esperavam com ansiedade as primeiras medidas e ainda não está claro como reagirão ao adiamento anunciado nesta manhã.

"É uma decisão do presidente mudar a raiz de uma questão sinistra, dar-lhe uma definição dura, do que está acontecendo na Argentina de um setor de privilégios versus muita gente que está passando por maus bocados devido a uma liderança que durante décadas não se importou, foi incapaz de resolver os problemas", disse, afirmando que a Argentina vive "um estado de emergência" por causa da inflação.

No domingo, durante seu primeiro discurso ao público nas escadarias do Congresso, Milei falou de uma "política de choque" para mudar o rumo econômico do país e falou que não há tempo para gradualismos. Seu ministro, porém, é menos afeito a medidas bruscas. Até o momento, as possíveis medidas que deve tomar o novo governo foram divulgadas apenas pela imprensa argentina, citando fontes anônimas.

Milei conduziu na Casa Rosada a sua primeira reunião de gabinete nesta manhã. No domingo, em seu primeiro decreto, o novo presidente cortou pela metade o número de ministérios, de 18 do governo anterior para 9 agora.

Javier Milei, um economista libertário e ultraliberal de 53 anos, alertou os argentinos que será necessário fazer um duro ajuste fiscal que envolverá sacrifícios, mas que acabará gerando frutos, ao assumir a Presidência da Argentina neste domingo (10).

"Não há dinheiro, não há alternativa ao ajuste, não há alternativa ao choque", exclamou Milei diante de milhares de pessoas que se reuniram para ouvi-lo na praça em frente ao Congresso. "No curto prazo a situação vai piorar, mas depois veremos os frutos dos nossos esforços", acrescentou.

Alheio à política tradicional, à qual se refere depreciativamente como "a casta", Milei optou por fazer seu discurso fora do recinto do Parlamento, perante uma multidão de apoiadores e convidados. Entre eles estavam vários presidentes, como o chileno Gabriel Boric, o paraguaio Santiano Peña, o ucraniano Volodimir Zelensky e o húngaro Viktor Orban, além do rei da Espanha, Felipe VI. O presidente Lula não compareceu à posse.

Na cerimônia, seguiu o protocolo e jurou "por Deus e pelo país sobre esses santos evangelhos". Em seguida, recebeu a faixa e o bastão das mãos do presidente cessante, Alberto Fernández. A seu lado, a vice-presidente, Victoria Villarruel, fez o mesmo juramento.

"Hoje é uma festa que todos merecemos, temos que deixar a corrupção para trás, isso acabou. Acho que a partir de agora vamos evoluir. Não acredito que haja um governo pior do que o anterior, então se esse funcionar 50% já é suficiente. Darei o tempo que for necessário", disse à AFP Fabián Armilla, funcionário judicial de 60 anos.

- "Façamos a Argentina grande" -

Ao final do discurso, Milei subiu em um conversível preto junto com a irmã, Karina, para percorrer os dois quilômetros que separam o Congresso da Casa Rosada, sede da Presidência, onde fará a posse de seus ministros.

Ele fez alguns trechos a pé e às vezes parava para cumprimentar as pessoas e também para acariciar um cachorro.

Depois, o presidente apareceu na sacada da Casa Rosada para saudar os presentes na Praça de Maio. "Olá a todos, sou o leão", exclamou exultante, antes de emendar com seu lema característico: "Viva a liberdade, caralho!"

"Hoje, nós, argentinos de bem, decretamos o fim da noite comunista e o renascer de uma Argentina próspera e liberal", afirmou.

"Fiquemos de pé e façamos a Argentina grande novamente", conclamou, em mais um de seus slogans habituais.

- Obrigado a conciliar -

Terceira economia da América Latina, a Argentina registra uma inflação anualizada superior a 140% e uma taxa de pobreza de mais de 40%. Para enfrentar esta crise, Milei propõe medidas drásticas para cortar gastos públicos, reduzir o Estado e liberalizar um país habituado durante anos a subsídios e déficits fiscais.

"Hoje começa uma nova era na Argentina, uma era de paz e prosperidade, uma era de crescimento e desenvolvimento, uma era de liberdade e progresso", disse Milei em seu discurso. "Nenhum governo recebeu uma herança pior do que a que estamos recebendo", acrescentou.

Milei afirmou que o ajuste fiscal será equivalente a 5% do Produto Interno Bruto. O número de ministérios também diminuirá, de 18 para apenas nove.

"Acho que vai ser difícil nos primeiros anos, ele já espera devido à situação do país, mas tenho muita fé", comentou Federica Diggiano, uma estudante de 20 anos, em frente ao Parlamento.

A Liberdade Avança, o partido de extrema direita de Milei, é apenas a terceira minoria no Congresso, o que o obriga a conciliar muitas das suas reformas com outras forças políticas.

"Há uma tentativa de expandir a coalizão e ampliar um pouco mais o apoio legislativo do governo. Mas tudo isso tem um preço. Se negociar, não será tão anticasta", disse à AFP o cientista político Diego Reynoso.

- 'Prova de fogo' -

O presidente tem, no entanto, a liberdade de decidir sobre a desvalorização do peso e algumas medidas de redução de gastos. A dolarização e o fechamento do banco central, temas-chave da sua campanha, estão em suspenso enquanto são esperados os primeiros resultados do seu plano econômico.

"A primeira prova de fogo decisiva para o presidente será decidir se ele vai realmente interromper a emissão [de dinheiro] ou se adota uma postura mais pragmática e deixa para depois o objetivo da não emissão", disse o economista Víctor Beker, da Universidade de Belgrano.

Depois de admitir que os primeiros dias de seu governo serão difíceis, Milei garantiu que manterá a assistência social aos mais necessitados.

"Haverá estagflação, isso é certo, mas também não é algo diferente do que aconteceu nos últimos 12 anos. Haverá luz no fim do túnel", disse Milei.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), esteve presente, neste domingo (10), na cerimônia de posse do atual presidente da Argentina, Javier Milei, em Buenos Aires. O gestor estadual estava acompanhado do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), que já havia demonstrado apoio ao atual presidente argentino desde a época de campanha eleitoral. 

“Novos ventos vão soprar para Argentina. Ventos de liberdade, esperança e prosperidade”, disse Freitas na publicação, em seu perfil oficial no Instagram. 

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Javier Milei, economista libertário e ultraliberal de 53 anos, assumiu neste domingo (10) a Presidência da Argentina, determinado a realizar um tratamento de choque para retirar o país da sua agonizante crise econômica, embora precise do apoio da oposição.

Alheio à política tradicional, à qual se refere depreciativamente como "a casta", Milei foi empossado perante o Parlamento, entre aplausos e gritos de "liberdade, liberdade!".

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"Juro por Deus e pelo país sobre esses santos evangelhos", proclamou Milei, seguindo o protocolo usual. Em seguida, recebeu a faixa e o bastão das mãos do presidente cessante, Alberto Fernández.

Ao seu lado, a vice-presidente, Victoria Villarruel, prestou o mesmo juramento.

Em frente ao Congresso, milhares de pessoas se reuniram para celebrar sua posse. Vestidos com camisas da seleção de futebol e portando bandeiras argentinas, os apoiadores de Milei aguardavam seu discurso na praça.

"Hoje começa uma nova era na Argentina, uma era de paz e prosperidade, uma era de crescimento e desenvolvimento, uma era de liberdade e progresso", disse Milei a seus apoiadores. "Nenhum governo recebeu uma herança pior do que a que estamos recebendo", acrescentou.

Vários líderes latino-americanos comparecem à posse de Milei, como o chileno Gabriel Boric e o paraguaio Santiago Peña; e europeus, entre eles o ucraniano Volodimir Zelensky e o húngaro Viktor Orban, além do rei da Espanha, Felipe VI.

"Hoje é uma festa que todos merecemos, temos que deixar a corrupção para trás, isso acabou. Acho que a partir de agora vamos evoluir. Não acredito que haja um governo pior do que o anterior, então se esse funcionar 50% já é suficiente. Darei o tempo que for necessário", disse à AFP Fabián Armilla, funcionário judicial de 60 anos.

- Obrigado a conciliar -

Terceira economia da América Latina, a Argentina registra uma inflação anualizada superior a 140% e uma taxa de pobreza superior a 40%. Para enfrentar esta crise, Milei propôs medidas drásticas para cortar gastos públicos, reduzir o Estado e liberalizar em um país habituado durante anos a subsídios e déficits fiscais.

"Acho que vai ser difícil nos primeiros anos, ele já espera devido à situação do país, mas tenho muita fé", comentou Federica Diggiano, uma estudante de 20 anos que o aguardou em frente ao Parlamento.

A Liberdade Avança, o partido de extrema direita de Milei, é apenas a terceira minoria no Congresso, o que o obriga a conciliar muitas das suas reformas com outras forças políticas.

"Há uma tentativa de expandir a coalizão e ampliar um pouco mais o apoio legislativo do governo. Mas tudo isso tem um preço. Se negociar, não será tão anticasta", disse à AFP o cientista político Diego Reynoso.

- 'Prova de fogo' -

O presidente terá, no entanto, a liberdade de decidir sobre a desvalorização do peso e algumas medidas de redução de gastos. A dolarização, tema central da sua campanha, foi suspensa enquanto se aguardam os primeiros resultados do seu plano econômico.

"A primeira prova de fogo decisiva para o presidente será decidir se ele vai realmente interromper a emissão [de dinheiro] ou se adota uma postura mais pragmática e deixa para depois o objetivo da não emissão", disse à AFP o economista Víctor Beker, da Universidade de Belgrano.

"Teríamos uma situação de aumento dos preços, sem dinheiro no bolso das pessoas. Haverá um choque entre as promessas e a realidade. Veremos qual será o resultado", acrescentou.

De um total de 18 ministérios do governo de Alberto Fernández, o de Milei sairá apenas com metade.

Depois de alertar que provavelmente haverá estagflação nos primeiros dias de seu governo, Milei garantiu que manterá a assistência social aos mais necessitados.

Mas assim como há entusiasmo entre os seus apoiadores, outros estão preocupados com o que está por vir.

"Acho que a inflação continuará, talvez pior do que antes. Não vejo nada de bom no futuro", disse Martina Soto, uma mulher de 66 anos, perto do Congresso.

O motorista de aplicativo Ernesto Damian, de 29 anos, votou em Javier Milei nos dois turnos das eleições presidenciais porque quer uma mudança de rumo para a Argentina. No entanto, agora que seu candidato se tornou presidente, ele tem dúvidas sobre o que de fato o libertário conseguirá fazer. Damian não está sozinho: o mercado financeiro, a indústria, o agronegócio, os economistas, os analistas políticos e até o Fundo Monetário Internacional (FMI) têm desconfianças sobre como Milei se comportará no comando da Casa Rosada.

"Não concordo com tudo o que ele diz, mas ninguém nunca vai concordar 100% com alguém. Mas temos

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que dar uma chance para ele tentar fazer diferente. Vamos ver se vai conseguir", diz o motorista.

Milei foi eleito com uma campanha em que prometeu medidas radicais para tentar conter a crise

econômica. Conforme o jornal Clarín, ele prepara um pacote que será anunciado amanhã e

prevê corte de gastos, aumento de impostos, privatizações e desvalorização da moeda. Não se sabe,

porém, qual será o tamanho do apoio político ao recém-eleito para levar adiante seus planos.

Embora sua vitória tenha sido avassaladora nas urnas em 19 de novembro, com 11 pontos de

diferença para Sergio Massa, sua base de apoio é minúscula. No Congresso, seu partido, o A

Liberdade Avança (LLA), tem 38 cadeiras, exigindo que o libertário construa alianças não só com

partidos de direita, como o Proposta Republicana (PRO), de Mauricio Macri, e o União Cívica

Radical (UCR), mas também com peronistas, especialmente os antikirchneristas, do cordobês Juan

Schiaretti.

"Os primeiros sinais que Milei deu foram de que nem todos do A Liberdade Avança saíram ganhando

com as mudanças e a composição de gabinetes. E que nem todo o peronismo e o PRO perderam", diz o

cientista político da Universidade de Buenos Aires (UBA), Facundo Galván.

No seu gabinete, que será empossado hoje, Milei deixou de incluir nomes de peso do seu partido,

como Ramiro Marra e Carolina Píparo. Ao mesmo tempo, deu cargos relevantes ao PRO, com Patricia

Bullrich (que ficou em terceiro na disputa presidencial), que será ministra da Segurança, e Luis

Caputo, futuro ministro da Economia. Em nome da governabilidade, o libertário teve ainda de abrir

mão de uma de suas pautas mais caras: a dolarização imediata da economia.

Além de Patricia e Caputo, até o momento os nomes confirmados por Milei por meio de comunicados

na rede social X (antigo Twitter) são: Nicolás Posse, como chefe de Gabinete; Luis Petri (vice de

Patricia) na Defesa; Guillermo Francos, no Interior; Guillermo Ferraro, na Infraestrutura; Diana

Mondino, nas Relações Exteriores; Mariano Cúneo Libarona, na Justiça; Sandra Petovello, no

Capital Humano - que concentrará Educação, Trabalho e Desenvolvimento Social -; e Mario Russo, na

Saúde, ministério que Milei havia prometido extinguir.

Também houve definições para as presidências da Câmara e do Senado, bem como órgãos de extrema

relevância, como Anses (assistência social), YPF (estatal do petróleo) e Banco Central - que

também seria extinto, segundo a promessa de Milei na campanha.

Os cargos foram distribuídos entre libertários, macristas e peronistas.

MISTÉRIO. Para o economista Fabio Rodriguez, da UBA, as duas grandes incógnitas de Milei

até agora são seu plano econômico e seus acordos de governabilidade. Segundo ele, há uma grande

fragmentação no Congresso e não se conhece a capacidade política dos aliados de Milei para

costurar acordos. "O seu músculo político é escasso porque tem cerca de 10% do Senado e menos de

15% da Câmara dos Deputados, e as alianças com os partidos que vão apoiá-lo ainda não estão nada

claras", diz.

Na sexta-feira, a diretora do FMI Julie Kozack disse que Milei precisa ter apoio político se

quiser continuar negociando a dívida do país com o fundo. "É necessário um plano de estabilização

forte, crível e politicamente apoiado para encarar de forma duradoura os desequilíbrios

macroeconômicos e os desafios estruturais da Argentina, protegendo ao mesmo tempo os mais

vulneráveis", disse, observando que para tal é necessário um "Banco Central forte e crível", indo

na contramão da proposta de Milei de "explodir" a autoridade monetária.

NOVIDADE. Milei e seu movimento libertário são uma novidade em um país historicamente

marcado pela polarização peronismo versus antiperonismo. Ambos os movimentos possuem força

política enraizada, não só no Legislativo, mas também nos poderes estaduais e federais. Muito

diferente de Milei, que conquistou uma vitória praticamente sozinho. "O LLA tem um cardápio amplo

para garantir governabilidade, mas ainda não optou por nenhum", diz Facundo Cruz, analista

político e de dados de opinião pública pelo observatório Pulsar da UBA.

EX-PRESIDENTE. O respaldo político do ex-presidente Mauricio Macri foi o grande motor para

a vitória de Javier Milei e para a costura de seus primeiros movimentos de governo. A dúvida

agora é o quanto desse capital político emprestado por Macri se transformará em apoio político.

"Para mim ainda não está claro que Macri será o garantidor da governabilidade", afirma Facundo

Cruz. Para o cientista político, os únicos movimentos claros foram o de uma linha-dura na área de

segurança e de realinhamento na política internacional da Argentina com uma direita mais

conservadora. Jair Bolsonaro e Viktor Orbán estarão presentes na posse de Milei. "Todo o restante

é incerteza", diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, já pensa nas primeiras medidas que irá tomar após a posse presidencial, prevista para o domingo, 10. De acordo com o jornal argentino Clarín, Milei deve anunciar 14 medidas relacionadas a corte de gastos, aumento de impostos para importação, privatizações e desvalorizações do dólar.

O anuncio das medidas deve ser feito na segunda-feira, 11. Segundo o jornal argentino, o pacote estabelece medidas fiscais de "realização imediata" e não precisam da aprovação do Congresso argentino.

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O texto final das medidas ainda está sendo redigido pelo gabinete de Milei, mas o futuro ministro da Economia, Luis Caputo, já sinalizou que o objetivo da gestão do libertário é alcançar o déficit zero em 2024.

Saiba quais são as principais medidas do pacote:

- Proibição ao Banco Central da Argentina de emitir e financiar o Tesouro;

- Remoção dos subsídios tarifários de forma gradual entre janeiro e abril;

- O governo Milei não irá fazer obras públicas, exceto aquelas que tenham financiamento externo;

- Aumento de impostos sobre as importações;

- Aplicar uma prorrogação do Orçamento de 2023 para congelar os gastos;

- Suspensão de contribuições não reembolsáveis aos Estados argentinos;

- Congelar benefícios orçamentários para empresas privadas;

- Financiamento a universidades será feito apenas pelos montantes e valores de 2023;

- Liberação de preços de combustíveis e pré-pagos;

- Salários públicos adequados ao novo padrão de orçamento congelado;

- Transferência de dívidas da Leliqs (títulos emitidos pelo Banco Central da Argentina) para o Tesouro Nacional e melhoria do equilíbrio do Banco Central da Argentina;

- As empresas públicas irão se sociedades anônimas para facilitar a sua venda;

- Desvalorização e fixação do dólar comercial em torno de 600 pesos. Contudo, a taxa de câmbio oficial teria uma sobretaxa adicional de 30% do Imposto do PAÍS (programa social com a sigla Por uma Argentina Inclusiva e Solidária). A nova conta - se o imposto for aplicado - ficaria em torno de 700 a 800 pesos;

- A administração de Milei ainda estava em dúvida sobre a questão cambial e o valor do dólar, mas o Clarin informa que a conta deve ficar, para importação e exportação, entre US$ 700 e US$ 800.

Inflação

As medidas de Milei visam oxigenar um pouco a economia argentina em meio a um forte problema de inflação, que atingiu 142,7% na variação anual em outubro.

"Se você parar hoje com a emissão monetária, esse processo levará entre 18 e 24 meses", afirmou Milei em uma entrevista após a vitória eleitoral.

Quando questionado sobre em que níveis a inflação estará até então, o futuro presidente enfatizou que precisa desse prazo para "destruí-la".

Seu primeiro passo será empreender uma forte reforma do Estado que incluirá privatizações, afirmou. "Tudo o que puder estar nas mãos do setor privado vai ficar nas mãos do setor privado", afirmou, e apontou entre as empresas a serem privatizadas a petrolífera YPF e os veículos de comunicação estatais.

Milei observou que, antes de privatizar a empresa de petróleo YPF, "primeiro é preciso reestruturá-la" e "racionalizar" sua estrutura.

A empresa foi estatizada em 2012, durante o mandato da então presidente Cristina Fernández de Kirchner, que hoje é vice-presidente.

O libertário culpou o "deterioro da empresa" ao kirchnerismo, a variante centro-esquerdista do peronismo que esteve no poder na maior parte das últimas duas décadas.

Luis Caputo

O libertário anunciou que o ministro da Economia de seu governo será Luis Caputo, nome ligado ao ex-presidente argentino Mauricio Macri. "Toto" Caputo foi recomendado a Milei por Santiago Caputo, sobrinho do economista. Santiago é um consultor político de 38 anos apontado como o "arquiteto da vitória" do presidente eleito. Luis Caputo foi ministro das Finanças e presidente do Banco Central do país durante a presidência de Mauricio Macri. Ele estudou no mesmo colégio de Macri e é primo de um dos melhores amigos do ex-presidente.

Caputo, de 58 anos, é formado em economia pela Universidade de Buenos Aires e é professor de economia e finanças na Universidade Católica da Argentina. Sua experiência em Wall Street catapultou seu prestígio nacional, e durante o governo de Mauricio Macri, chegou a liderar entre 2015 e 2017 a Secretaria de Finanças, e posteriormente o Banco Central.

Na Secretaria de Finanças, que depois viraria ministério, Caputo teve a tarefa de comandar o retorno da Argentina aos mercados internacionais e garantir financiamento externo em um contexto macroeconômico complicado para o país, que havia herdado a inadimplência de Cristina Kirchner diante dos credores globais. Caputo foi um dos principais atores na negociação que a Argentina realizou com o Fundo Monetário Internacional na era Macri.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não viajará a Buenos Aires, capital da Argentina, para a posse do presidente eleito do país, Javier Milei, segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência. A cerimônia de posse será do próximo domingo (10).

O convite ao petista foi feito no último dia 26, quando a futura chanceler Diana Mondino, designada por Milei, se reuniu em Brasília com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira. Segundo informações do Planalto, Mauro Vieira representará o Brasil na solenidade.

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O convite ao presidente foi realizado por meio de uma carta assinada por Milei, na qual ele diz desejar que seu tempo em comum com o petista no poder "seja uma etapa de trabalho frutífero e construção de laços" entre os dois países.

A mensagem sinalizou uma mudança de tom após críticas duras de Milei a Lula durante a campanha presidencial. O argentino já chamou o petista de "corrupto" e "comunista". Questionado em entrevista ainda enquanto candidato, respondeu que não se encontraria com o petista caso fosse eleito. O PT, partido de Lula, apoiou a candidatura do rival de Milei, Sergio Massa, derrotado nas urnas.

A cerimônia deve reunir as principais lideranças da direita latino-americana, que pretendem usar a ocasião como demonstração de força. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que recebeu uma ligação do próprio Milei no dia 20, após o resultado das eleições argentinas, com o convite para a posse. Bolsonaro informou que levará o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), na comitiva que o acompanhará à Argentina.

FHC e Bolsonaro também já faltaram a posses na Argentina

Essa não será a primeira ocasião em que um presidente do Brasil não comparece à posse do novo comandante do país vizinho. Em 2019, o então presidente Bolsonaro não esteve presente na posse de Alberto Fernández, sendo representado pelo então vice-presidente Hamilton Mourão.

Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também faltou a cerimônias de posse em duas ocasiões, quando os presidentes argentinos foram eleitos pelo Congresso. Uma em 2001, na eleição de Adolfo Rodríguez Saá, e outra no ano seguinte, em 2002, quando Eduardo Duhalde foi eleito.

O atacante Ricardo Centurión, ex-São Paulo e atualmente no Barracas Central, da Argentina, foi detido depois de tentar fugir de policiais e testar positivo para cocaína. O caso envolvendo o jogador de 30 anos aconteceu na madrugada desta sexta-feira, no bairro Villa Soldati, em Bueno Aires. Segundo o Olé, principal diário esportivo local, agentes da DIR (Divisão de Intervenções Rápidas e Serviços Especiais) percorriam as ruas da capital argentina quando avistaram dois carros em atitude suspeita. Um dos veículos era uma Mercedes Benz de luxo, que estava sendo guiada por Centurión. O outro automóvel foi identificado como sendo uma Peugeot 208.

Os policiais mandaram os carros encostarem e ambos os veículos iniciaram a fuga. Centurión percorreu cerca de quatro quilômetros e meio até ser interceptado, enquanto o outro automóvel conseguiu escapar. O jogador passou no teste do bafômetro, mas testou positivo para cocaína. Segundo o portal La Nacion, também foram apreendidos com ele um cigarro e uma flor de maconha, além de remédios psiquiátricos.

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Centurión foi acusado de violar o artigo 131, por direção perigosa, e também vai responder por desacato de autoridade e posse de entorpecentes. O carro do atacante foi apreendido e ele foi liberado pelos policiais na manhã desta sexta-feira, cerca de oito horas depois do ocorrido.

Ricardo Centurión defendeu as cores do clube do Morumbi em 2015, chegando para cobrir uma das lacunas do então técnico Muricy Ramalho. Com o contrato de quatro temporadas, o badalado argentino chegou ao São Paulo como uma promessa vindo do Racing, mas nunca deslanchou. Em 2015, fez 46 jogos e seis gols, enquanto em 2016, foi responsável por dois gols em 34 jogos. Emprestado ao Boca Juniors até o meio de 2017, o atacante acabou sendo vendido ao Genoa, da Itália, por cerca de 3,5 milhões de euros (na época, aproximadamente R$ 13 milhões) envolvendo 70% de seus direitos econômicos.

POLÊMICAS

Esta não é a primeira vez que Centurión se envolveu em polêmica. Em 2016, quando estava no Boca, ele colidiu a sua BMW com outros três carros, no bairro de Avellaneda, e fugiu sem prestar ajuda. Meses depois, o jogador foi visto bêbado e causou uma briga em uma pista de boliche, em Lanús, que terminou somente após a chegada da polícia. Em 2017, Centurión foi denunciado pela ex-namorada, Melisa Tozzi, que o acusou de violência doméstica. No ano seguinte, foi detido após dirigir embriagado, se recusar a fazer o teste do bafômetro e tentar subornar os policias para evitar multa.

Centurión perdeu a namorada Melody Pasini em março de 2020, quando ela morreu em um acidente de carro, no qual o atleta não estava envolvido. O jogador revelou que pensou até mesmo em tirar a própria vida depois do episódio. No mesmo ano, ele foi acusado de abuso sexual junto com outros dois jogadores do Vélez após uma festa na Argentina. Eles acabaram absolvidos pela Justiça nos meses seguintes.

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, afirmou nesta quarta-feira, 29, que vai manter o peronista Daniel Scioli como embaixador no Brasil. A confirmação é mais um sinal de moderação de Milei e indica disposição para manter boas relações diplomáticas com o governo Lula, após uma série de críticas ao presidente brasileiro durante a campanha eleitoral.

Scioli assumiu o cargo indicado pelo presidente Alberto Fernández em 2020, durante o mandato de Jair Bolsonaro.

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A manutenção do peronista era especulada na imprensa argentina desde o encontro do chanceler do Brasil, Mauro Vieira, com Diana Mondino, que assumirá a chefia da diplomacia na gestão Milei, no domingo, 26. Em entrevista à rádio argentina La Red, Milei confirmou a permanência do peronista. "A ideia é que por enquanto ele continue nessa tarefa", disse.

Na mesma entrevista, Milei anunciou o nome do economista e ex-diretor do Banco Central da República da Argentina, Luis Caputo, para o cargo de ministro da Economia e Gerardo Werthein para a embaixada argentina nos Estados Unidos.

Scioli é descrito como um político habilidoso e se tornou embaixador no Brasil com o desafio de manter as relações entre os dois países estáveis em meio às diferenças ideológicas entre Fernandez e Bolsonaro, que se criticavam mutuamente. O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina, seguido por China e Estados Unidos, e a manutenção de boas relações com Brasília é considerada crucial por Buenos Aires.

A imprensa argentina descreve a atuação do embaixador no Brasil como "uma das melhores entre os embaixadores do atual mandatário (Alberto Fernández)". "Basicamente porque sua gestão foi quem manteve o vínculo político e comercial com o mais importante sócio e vizinho do Mercosul nos piores momentos da relação entre Fernandez e Bolsonaro", escreveu o jornal Clarín no domingo, 26.

A tarefa do embaixador durante o governo Milei deve ser semelhante, dada às críticas feitas pelo presidente eleito ao governante brasileiro durante a campanha eleitoral. Milei chegou a ameaçar cortar relações com o Brasil e chamou Lula de "socialista corrupto" e "comunista". Uma vez eleito, o argentino passou a ter uma postura mais moderada e trabalha para reconstruir os laços.

O primeiro sinal positivo com o governo Lula foi dado no domingo, com o convite de Mondino a Lula para a posse de Milei.

Scioli foi vice-presidente entre 2003 e 2007 e governou a província de Buenos Aires. Em 2015, perdeu a eleição presidencial para Mauricio Macri. Ele chegou a ser cogitado para ser o nome da chapa governista nas eleições até a escolha de Sergio Massa.

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, confirmou nesta quarta-feira (29) o nome de Luis Caputo como seu ministro da Economia, no governo que assume em 10 de dezembro. Milei se referiu a Caputo como titular do posto durante entrevista à local Radio Mitre, pouco após voltar de viagem ao exterior.

Milei comentou a viagem que ele e membros de sua equipe, entre eles Caputo, fizeram aos Estados Unidos. Ele relatou que houve uma reunião "excelente" com o Tesouro americano, com a presença do "ministro da Economia, Luis Caputo", e do futuro chefe de gabinete, Nicolás Posse.

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O presidente eleito disse que o governo americano "compreende perfeitamente a problemática da Argentina", e a questão dos passivos remunerados do Banco Central da República Argentina (BCRA), com as Letras de Liquidez (Leliq), que Milei diz que pretende resolver logo em sua administração.

Ainda na entrevista, Milei comentou que já tinha de retornar a Buenos Aires, enquanto Posse e Caputo teriam reunião com o FMI. A expectativa do presidente eleito é que ainda nesta quarta sua equipe informe sobre o resultado desse encontro.

Depois de chamar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "comunista" e "corrupto" durante a campanha e de convidar Jair Bolsonaro para a posse antes do presidente em exercício, Javier Milei deu os primeiros sinais de que seu governo será mais pragmático do que prometeu como candidato, avaliam analistas.

A visita de sua futura ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, no fim de semana, não foi o único sinal de mudança de curso. Ela já havia se reunido com o embaixador da China em Buenos Aires e, assim como fez ao presidente Lula, convidou o líder chinês, Xi Jinping, para a posse, no dia 10. A China também foi alvo de ataques na campanha.

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Mudanças de nomes dentro do futuro gabinete, especialmente na área econômica, bem como aliança com o partido de Mauricio Macri, o PRO, e com peronistas de Córdoba, sinalizam um Milei diferente daquele da campanha eleitoral, que falava de motosserra, comunistas e corruptos.

"Milei aos poucos está mostrando um estilo de liderança pragmático", aponta Facundo Galván, professor de Ciência Política da Universidade de Buenos Aires (UBA). "Convidou para o seu gabinete figuras tanto do peronismo como do PRO. E, de fato, não há no momento tantas figuras do partido libertário na divisão de cargos. Somente alguns nomes de extrema confiança de Milei, como a própria Mondino."

Nas primeiras horas após a vitória nas urnas, nomes clássicos da coalizão A Liberdade Avança que haviam sido confirmados para cargos, como Emilio Ocampo para o Banco Central e Carolina Píparo para a Anses (entidade de assistência social), foram afastados do futuro gabinete. Outras ausências, como de Ramiro Marra, ex-candidato a prefeito de Buenos Aires e um aliado próximo de Milei, chamam atenção.

"Milei sempre demonstrou um tom mais desordenado, mas agora tem se mostrado mais realista e pragmático", diz o analista político pela UBA Pablo Touzon. "Por exemplo, a indicação de Luis 'Toto' Caputo para a Economia, que é uma espécie referência do macrismo, implica praticamente eliminar uma das ideias centrais da sua campanha, que era a dolarização."

Essa moderação já era, de certa forma, esperado, segundo o professor de Ciência Política da Universidade Católica Argentina (UCA) Fabian Calle. "[O PRAGMATISM]São todos gestos de normalidade, porque ele sabe que seu principal desafio é a economia."

Além de ajustar a economia, que hoje bate 142% de inflação, Milei precisa construir apoio no Congresso e nos governos das províncias para seguir com suas promessas de campanha.

Brasil

O maior passo atrás do novo presidente até agora é no trato com o Brasil de Lula. Dias antes do fim da corrida eleitoral, Milei havia afirmado em entrevista que não se reuniria com o presidente brasileiro. O deputado Eduardo Bolsonaro foi uma presença marcante em sua campanha.

Após a visita surpresa de Mondino, Milei poderia até mesmo manter o peronista Daniel Scioli como embaixador no Brasil. Candidato derrotado à presidência argentina em 2015, Scioli é um político reconhecido por ter conseguido manter como diplomata a ponte entre os países nos momentos de maior atrito entre Jair Bolsonaro e Alberto Fernández, e por ter boa circulação entre os diversos espectros da política brasileira.

"A impressão que tenho é de que, com o Brasil, Milei está tentando reverter tudo o que disse", indica Touzon.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, defendeu que seu país e o Brasil continuem a compartilhar áreas de complementaridade, ao nível da integração física, do comércio e da presença internacional. A avaliação foi feita em uma carta-convite ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a cerimônia de posse no dia 10 de dezembro, que foi entregue pessoalmente hoje pela deputada eleita Diana Mondino e futura chanceler do país vizinho ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. A organização da viagem foi feita sob sigilo.

Vieira disse que Lula ainda não tem ciência do documento e que o entregaria ao presidente ainda hoje. Não havia previsão de o brasileiro participar da posse, depois que o então candidato à presidência insultou Lula várias vezes durante a campanha. Milei também convidou o ex-presidente Jair Bolsonaro. Após a entrega, conforme o chanceler brasileiro, serão analisadas as possibilidades de o mandatário comparecer ao evento.

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Na carta, Milei diz que os dois países estão "intimamente ligados pela geografia e pela história" e que a continuidade dessa ação conjunta possa se traduzir em laços, crescimento e prosperidade para argentinos e brasileiros. "Sei que você conhece e valoriza plenamente o que este momento de transição significa para o percurso histórico da República Argentina, de seu povo e, naturalmente, para mim e para a equipe de colaboradores que me acompanharão na próxima gestão do governo", escreveu.

"Ambas as nações têm muitos desafios pela frente e estou convencido de que uma mudança econômica, social e cultural, baseada nos princípios da liberdade, irá posicionar-nos como países competitivos nos quais os seus cidadãos poderão desenvolver as suas capacidades ao máximo e, assim, escolher o futuro que desejam", completou.

Ao final da carta, Milei diz que espera que a passagem pela posse seja uma etapa de trabalho frutífero e de construção de vínculos entre os países. "Esperando que você possa, me encontre nesta próxima ocasião, receba meus cumprimentos, com estima e respeito."

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse após a reunião com Diana Mondino, chanceler designada pelo presidente eleito da Argentina, Javier Milei, que ainda não pode afirmar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá à posse de Milei. "Não sei se o presidente poderá ir ou não. Ele estará chegando de uma longa visita ao exterior. O que posso dizer é que existe entre Brasil e Argentina uma relação forte e importante", afirmou em coletiva neste domingo, 26.

A integrante do futuro governo de Milei se reuniu com Vieira no início da tarde, quando entregou uma carta em que convida Lula para a posse. "O encontro foi excelente, muito amável", disse a argentina.

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Ao responder sobre possível pedido de desculpas do futuro presidente, já que durante a campanha Milei fez duras críticas a Lula, Vieira disse que "o que acontece durante a campanha é uma coisa e o que acontece durante o governo é outra".

A deputada eleita Diana Mondino, chanceler designada pelo presidente eleito da Argentina, Javier Milei, se reuniu mais cedo com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em Brasília. Na ocasião, Mondino entregou convite de Milei para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participe da sua posse, que acontece no dia 10 do próximo mês.

Nas redes sociais, o Itamaraty disse que a reunião também serviu para discussão sobre aspectos da relação bilateral e o atual estágio das negociações Mercosul e União Europeia. A reunião foi acompanhada pelos embaixadores do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli, e da Argentina em Brasília, Daniel Scioli.

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A presença de Lula na posse é vista como improvável. Atacado por Milei durante a campanha argentina, o presidente deve enviar apenas um representante diplomático para acompanhar a cerimônia.

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, vai aos poucos deixando para trás o discurso de candidato e adotando uma retórica mais moderada. Nesta quinta, 23, ele agradeceu a mensagem do líder chinês, Xi Jinping, que o felicitou pela vitória na eleição de domingo, e disse que Luiz Inácio Lula da Silva seria bem-vindo em sua cerimônia de posse, no dia 10.

Lula e Xi foram alvos preferenciais de Milei durante a campanha. O libertário chegou a dizer que não faria comércio com os chineses, dizendo que Xi era um "assassino". Lula foi chamado de "comunista" e "ladrão". O problema é que China e Brasil são os maiores parceiros comerciais da Argentina.

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Em 2022, a China investiu US$ 1,34 bilhão na Argentina e o governo de Xi aceitou receber em yuans pelos produtos exportados para os argentinos, que preservariam suas reservas em dólar. O comércio bilateral com o Brasil chegou a US$ 28,4 bilhões no ano passado, sendo que os brasileiros são responsáveis por 14% das exportações da Argentina.

Mudança

"Se Lula vier (à posse), será bem-vindo", disse Milei, em entrevista ao canal Todo Noticias. "Ele é o presidente do Brasil." A declaração acompanha falas da futura chanceler de Milei, Diana Mondino. Ela afirmou que gostaria que Lula estivesse na cerimônia e disse que ele seria convidado.

O Itamaraty não comentou a mudança de tom do presidente eleito da Argentina, mas ministros de Lula descartam a possibilidade de o presidente participar da posse, especialmente em razão da presença de Jair Bolsonaro, convidado por Milei, que levará um comitiva recheada de aliados.

A menos de três semanas da cerimônia, Milei também vem desmontando os obstáculos que armou durante a campanha com relação à China. Ontem, ele respondeu em tom conciliatória a uma mensagem enviada por Xi, que expressava disposição em trabalhar com a Argentina.

No X (ex-Twitter), o presidente eleito publicou uma imagem da tradução da carta. "Agradeço ao presidente Xi Jinping as felicitações e votos de felicidades que me enviou", escreveu Milei. "Envio-lhes os meus mais sinceros votos de bem-estar do povo da China."

A partir do dia 10, quando toma posse, Milei terá de tomar algumas decisões importantes de política externa, uma delas é o grau de envolvimento da Argentina com o Mercosul. Três dias antes da cerimônia, no dia 7, Lula passará a presidência rotativa do bloco para o presidente do Paraguai, Santiago Peña.

'Estorvo'

Crítico contumaz do bloco, Milei chamou o Mercosul de "estorvo" e sugeriu a possibilidade de retirar a Argentina. "O Mercosul é uma união aduaneira de má qualidade, que cria distorções comerciais e prejudica todos os seus membros", disse o então candidato libertário. O risco fez diplomatas brasileiros e europeus acelerarem a aprovação de um tratado de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia. Não se sabe ainda se eles conseguirão concluir o acordo antes da posse.

Outra decisão será o que fazer com o Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que em agosto aprovou a entrada de outros seis membros - incluindo a Argentina. Durante a campanha, Milei desprezou o bloco de países emergentes. "Nosso alinhamento geopolítico é com EUA e Israel", afirmou. Resta saber se ele manterá sua posição depois de assumir o poder. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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