Tópicos | Cúpula do Clima

O governo dos Estados Unidos está satisfeito com o discurso do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, na Cúpula do Clima, organizada pelo mandatário norte-americano, Joe Biden, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki. De acordo com ela, o chefe do Palácio do Planalto "reconheceu a importância" de proteger a Amazônia, ao assegurar o objetivo do País de atingir a neutralidade climática até 2050.

"Estamos ansiosos para continuar o diálogo com o Brasil, e sentimos que o discurso dele Bolsonaro foi um passo adiante" na proteção ao meio ambiente, disse Psaki, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira.

##RECOMENDA##

A porta-voz ainda elogiou o compromisso do governo brasileiro de dobrar repasses a órgãos ambientais, de forma a eliminar o desmatamento ilegal no País até 2030, outra promessa de Bolsonaro feita durante a Cúpula do Clima.

Segundo Psaki, a Casa Branca também concorda com a importância da participação de populações indígenas na preservação das florestas brasileiras, bem como do papel do setor privado para atingir os objetivos ambientais em todo o mundo, pontos abordados por Bolsonaro na quinta-feira.

Quanto às metas americanas para mitigar as mudanças climáticas, a porta-voz da Casa Branca disse que elas podem ser atingidas mesmo sem a aprovação do pacote de infraestrutura de Biden, orçado em US$ 2,3 trilhões.

Psaki citou parcerias com o setor privado e ações executivas, além de outras propostas legislativas, como algumas das ferramentas que podem ajudar os EUA a cumprir seus objetivos de preservação ambiental.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), classificou o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a Cúpula do Clima como "muito adequado" para o momento, mas chamou a atenção para a necessidade de transformar o discurso em prática e conquistar a confiança internacional.

Bolsonaro prometeu duplicar a verba para fiscalização ambiental no País, alcançar a neutralidade climática até 2050 e acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Especialistas viram uma mudança de postura do chefe do Executivo nas declarações, mas apontaram para contradições em relação à prática do governo até agora e às perspectivas para o futuro.

##RECOMENDA##

"Considerei um discurso muito adequado para o momento que estamos vivendo, da sua consciência com relação à questão da preservação e vamos passar do discurso à prática", disse Pacheco durante conversa com o empresário Abilio Diniz transmitida pelas redes sociais.

Para o presidente do Senado, é preciso reforçar um discurso de preservação ambiental, mas também ter um compromisso com desenvolvimento econômico, citando especificamente a produção agropecuária e a atividade de mineração.

Em artigo publicado nesta quinta-feira (22), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou a retomada da Cúpula de Líderes sobre o Clima, elogiando nominalmente o presidente democrata dos Estados Unidos, Joe Biden, pela organização do encontro em um momento crítico da preservação do meio ambiente em todo o mundo.

Falando sobre “retorno da esperança no diálogo”, o ex-presidente lamenta que o Brasil volte à Cúpula com uma má reputação se tratando de cuidar dos próprios recursos e chega a chamar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de “irresponsável”. O texto foi publicado na Folha de S. Paulo e assinado junto com a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).

##RECOMENDA##

O evento ocorre nesta quinta (22) e sexta-feira (23). Em mensagem ao público, Lula chama a reunião de “1º grande ato na Casa Branca” e diz que ela “encerra um período de negacionismo científico e de isolacionismo político que ameaçava a todos”. O artigo faz comparações entre a gestão petista e a bolsonarista, falando sobre uma curva negativa nas metas e desempenho do Brasil.

“Estão registrados os avanços que realizamos na preservação da Amazônia, no combate ao desmatamento e às queimadas e na geração de energia limpa, quando o governo brasileiro estava realmente comprometido com o ambiente. Infelizmente, para nós e para o mundo, é bem diferente a situação em que nosso país se encontra hoje e a maneira como é visto. O Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia registrou em março novo recorde no desmatamento, de 216% a mais em relação a março de 2020”, escreveu na carta aberta e também nas suas redes sociais.

Em contrapartida, os líderes petistas apresentam números da administração federal entre os anos de 2004 e 2015, afirmando que, com base nos exemplos, o Brasil tem potencial para voltar “ao convívio das nações como um parceiro atuante na questão ambiental e climática”, chamando a sustentabilidade de “vocação” do país.

“Entre 2004 e 2015, por exemplo, reduzimos em 79% o ritmo de desmatamento da Amazônia. Criamos 59 milhões de hectares de áreas de proteção de florestas e dos povos que nelas habitam. Foi o que nos credenciou à cooperação soberana com outros países, como Alemanha e Noruega, no Fundo Amazônia”, completaram no artigo.

Os autores defendem que o Brasil participe da Cúpula do Clima de “maneira soberana”. Em seguida, dizem que o país deve atuar “como protagonista, e não como pária” e “sem transigir com sua responsabilidade nem com o potencial humano, natural, tecnológico e econômico para enfrentar a crise”.

Lula e Hoffmann ainda chamam Bolsonaro de “irresponsável” pela gestão da pandemia da Covid-19 no Brasil e novamente cobram das nações um encontro com foco no enfrentamento do coronavírus.

“Infelizmente, também nesse ponto o atual governo do Brasil jamais atuou de maneira responsável. Nosso povo sofre a maior tragédia de sua história, e o país é visto como ameaça global. Isso não nos impede, ao contrário, de renovar o chamado aos líderes mundiais para uma ação comum para tornar os meios de enfrentar a pandemia acessíveis a todos, ricos e pobres”, diz o artigo.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a pedir nesta quinta-feira (22) a ajuda de recursos internacionais para a preservação ambiental no Brasil. Nesta manhã, durante Conferência de Líderes sobre o Clima, convocada pelo presidente americano Joe Biden, Bolsonaro cobrou "a justa remuneração pelos serviços ambientais prestados pelos biomas brasileiros ao planeta" e disse que, "neste ano, a comunidade internacional terá oportunidade singular de cooperar com a construção de futuro comum".

De acordo com o mandatário brasileiro, diante da magnitude do obstáculos enfrentados para a preservação do meio ambiente e da região Amazônica, repleta de desigualdades sociais, o que inclui a necessidade de recursos financeiros, "é fundamental contar com ajuda e a contribuição de países, empresas e entidades, de maneira imediata, real e construtiva."

##RECOMENDA##

Conforme mostrou o Estadão/Broadcast, os R$ 2,9 bilhões que foram doados pela Noruega e Alemanha, no âmbito do programa Fundo Amazônia, estão a dois anos parados em uma conta bancária do governo federal sem serem aplicados. O montante, entretanto, não foi embaraço para que o governo brasileiro pedisse mais recursos à comunidade internacional.

Segundo discurso de Bolsonaro, "os mercados de carbono são cruciais como fonte de recursos e investimentos para impulsionar a ação climática tanto na área florestal quanto em outros relevantes setores da economia, como indústria, geração de energia e manejo de resíduos".

"Estamos abertos à cooperação internacional", reiterou o presidente brasileiro. "O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de tal forma que haja resposta, equitativamente e de forma sustentável, às necessidades ambientais e de desenvolvimento das gerações presentes e futuras. Com esse espírito de responsabilidade coletiva e destino comum, convido-os novamente a apoiar-nos nesta missão. Contem com o Brasil", declarou.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) discursou, nesta quinta-feira (22), na Cúpula do Clima. O evento virtual, que vai até esta sexta-feira (23), é organizado pelo governo dos Estados dos Unidos. Bolsonaro participou por videoconferência, do Palácio do Planalto.

Ao falar para chefes de Estado, o presidente fez promessas e ponderou: "devemos enfrentar o desafio de melhorar a vida dos mais de 23 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia". Além disso, pediu o apoio dos demais países para a gestao ambiental do Brasil.

##RECOMENDA##

Veja:

"Senhores Chefes de Estado e de Governo,

Senhoras e Senhores,

Agradeço o convite para participar dessa cúpula de líderes. Historicamente o Brasil é voz ativa na construção da agenda ambiental global. Renovo hoje essa credencial, respaldada tanto por nossas conquistas até aqui, quanto pelos compromissos que estamos prontos a assumir perante as gerações futuras.

Como detentor da maior biodiversidade do planeta, e potência agroambiental, o Brasil está na vanguarda do enfrentamento ao aquecimento global.

Ao discutirmos mudanças no clima, não podemos esquecer a causa maior do problema. A queima de combustíveis fósseis ao longo dos últimos 2 séculos.

O Brasil participou com menos de 1% das emissões históricas de gases de efeito estufa. Mesmo sendo uma das maiores economias do mundo. No presente, respondemos por menos de 3% das emissões globais anuais. Contamos com uma das matrizes energéticas mais limpas com renovados investimentos em energia solar, eólica, hidráulica e biomassa.

Somos pioneiros na difusão de biocombustíveis renováveis, como etanol, fundamentais para a despoluição de nossos centros urbanos.

No campo, promovemos uma revolução verde a partir da ciência e inovação. Produzimos mais utilizando menos recursos, o que faz da nossa agricultura, uma das mais sustentáveis do planeta. Temos orgulho de conservar 84% de nosso bioma amazônico e 12% da água doce da Terra.

Como resultado, somente nos últimos 15 anos, evitamos a emissão de mais de 7,8 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera.

À luz de nossas responsabilidades comuns, porém, diferenciadas, continuamos a colaborar com os esforços mundiais contra a mudança do clima.

Somos um dos poucos países em desenvolvimento a adotar e reafirmar uma NDC transversal e abrangente com metas absolutas de redução de emissões, inclusive, para 2025 de 37% e de 40% até 2030.

Coincidimos, senhor presidente, com o seu chamado ao estabelecimento de compromissos ambiciosos. Nesse sentido, determinei que nossa neutralidade climática seja alcançada até 2050, antecipando em 10 anos a sinalização anterior.

Entre as medidas necessárias para tanto destaco aqui o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal até 2030, com a plena e pronta aplicação do nosso Código Florestal. Com isso, reduziremos em quase 50% nossas emissões até essa data.

Há que se reconhecer que será uma tarefa complexa. Medidas de comando e controle são parte da resposta. Apesar das limitações orçamentárias do governo, determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais duplicando os recursos destinados as ações de fiscalização, mas é preciso fazer mais.

Devemos enfrentar o desafio de melhorar a vida dos mais de 23 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia. Região mais rica do país em recursos naturais, mas que apresenta os piores índices de desenvolvimento humano.

A solução desse paradoxo amazônico é condição essencial para o desenvolvimento sustentável da região. Devemos aprimorar a governança da Terra. Bem como tornar realidade a bioeconomia, valorizando efetivamente a floresta e a biodiversidade.

Esse deve ser o esforço que contemple os interesses de todos os brasileiros, inclusive indígenas e comunidades tradicionais. Diante da magnitude dos obstáculos, inclusive financeiros, é fundamental poder contar com a contribuição de países, empresas, entidades e pessoas dispostas a atuar de maneira imediata, real e construtiva na solução desses problemas.

Neste ano, a comunidade internacional terá oportunidade singular de cooperar com a construção de nosso futuro comum. A COP26 terá como uma de suas principais missões, a plena adoção dos mecanismos previstos nos artigos 5° e 6° do Acordo de Paris.

Os mercados de carbono são cruciais como fonte de recurso e investimentos para impulsionar a ação climática. Tanto na área florestal quanto em outros relevantes setores da economia como indústria, geração de energia e manejo de resíduos. Da mesma forma é preciso haver justa remuneração pelos serviços ambientais prestados por nossos biomas ao planeta.

Como forma de reconhecer o caráter econômico das atividades de conservação. Estamos, reitero, abertos à cooperação internacional. Senhoras e senhores, como todos reafirmamos em 92, no Rio de Janeiro, na conferência presidida pelo Brasil, o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de tal forma que a resposta equitativamente e de forma sustentável às necessidades ambientais e de desenvolvimento das gerações presentes e futuras.

Com esse espírito de responsabilidade coletiva e destino comum, convido-os novamente a apoiar-nos nessa missão.

Contem com o Brasil, muito obrigado".

O presidente Jair Bolsonaro foi convidado a participar da Cúpula do Clima, evento virtual organizado pelo governo dos Estados Unidos, que começa nesta quinta-feira (22) e vai até amanhã (23). Bolsonaro faz parte de um grupo de 40 chefes de Estado e de governo, além de outras autoridades. 

Entre os convidados ao evento estão o papa Francisco e a indígena brasileira Sinéia do Vale. A cúpula antecede a 26ª Conferência sobre o Clima, a Cop26, a ser realizada em novembro em Glasgow, na Escócia. Um dos principais objetivos é impedir a elevação da temperatura média do planeta acima de 1,5 grau neste século.

##RECOMENDA##

Em carta enviada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o presidente Jair Bolsonaro já se comprometeu a acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Ele, inclusive, reconheceu o aumento das taxas de desmatamento a partir de 2012 e afirmou que o Estado e a sociedade precisam aperfeiçoar o combate a esse crime ambiental.

Na carta a Biden, além de definir metas e compromissos, Bolsonaro apontou as iniciativas feitas pelo Brasil para a preservação do meio ambiente, como projetos nas áreas de bioeconomia, regularização fundiária, zoneamento ecológico-econômico e pagamento por serviços ambientais.

Às vésperas da cúpula do clima organizada pelos EUA. O presidente americano, Joe Biden, foi bombardeado nessa terça-feira (20) por cartas de governadores, ex-ministros, artistas brasileiros, americanos e britânicos que pedem o endurecimento da posição da Casa Branca com Jair Bolsonaro na área ambiental.

Só nessa terça-feira foram três cartas: uma mensagem de 23 governadores brasileiros, outra de ex-ministros dos governos de Fernando Henrique Cardoso e de Luiz Inácio Lula da Silva, assinada também por sociólogos, cientistas políticos, economistas e professores, e uma terceira enviada por artistas brasileiros, americanos e britânicos.

##RECOMENDA##

Na carta dos governadores, eles se colocam como porta de entrada para compartilhar ações de combate ao desmatamento e redução de emissões de gases estufa. No documento, que é assinado por nomes como João Doria (SP), Flávio Dino (MA), Ronaldo Caiado (GO), Wilson Lima (AM) e Mauro Mendes (MT), eles afirmam que podem "contribuir com a captura de emissões globais".

"Nossos Estados possuem fundos e mecanismos criados especialmente para responder à emergência climática, disponíveis para aplicação segura e transparente de recursos internacionais, garantindo resultados rápidos e verificáveis", disseram os 23 governadores - apenas Carlos Moisés (SC), Coronel Marcos Rocha (RO), Antonio Denarium (RR) e Ibaneis Rocha (DF) não assinaram.

Em outra carta endereçada ontem a Biden, membros da Comissão Arns de Direitos Humanos ressaltaram o protagonismo que o Brasil já teve em medidas de proteção ambiental, mas lamentaram que essas conquistas têm se revertido em prejuízos com Bolsonaro.

"No plano da ação, o governo vem enfraquecendo sistematicamente os órgãos de gestão ambiental. Revisou regulamentos, flexibilizou normas, revogou dispositivos legais, alterou a composição de órgãos públicos encarregados de monitoramento e aplicação de multas, substituiu chefias competentes por pessoas sem qualificação apropriada - quando não, por sócios da devastação -, perseguiu funcionários, reduziu o orçamento destinado ao meio ambiente", diz a carta, firmada por ex-ministros, advogados, professores, lideranças indígenas e especialistas em meio ambiente.

Biden também recebeu ontem críticas a Bolsonaro enviadas por artistas. O documento foi assinado por 35 personalidades, incluindo os atores Alec Baldwin, Joaquin Phoenix, Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Sigourney Weaver, Jane Fonda, Orlando Bloom, e os cantores Roger Waters e Katy Perry. Do lado brasileiro, firmaram a carta Caetano Veloso, Fernando Meirelles, Walter Salles, Marisa Monte, Sonia Braga e Wagner Moura, entre outros artistas.

"Desde que Bolsonaro assumiu o cargo, em janeiro de 2019, a legislação ambiental foi sistematicamente enfraquecida e as taxas de desmatamento triplicaram. As terras indígenas, que são as mais protegidas da Amazônia, foram invadidas, desmatadas e queimadas impunemente. Os direitos dos povos indígenas, guardiães da floresta, foram violados por Bolsonaro e seu governo", diz a carta.

"Estamos preocupados que seu governo possa estar negociando um acordo para proteger a Amazônia com Bolsonaro neste momento", diz a mensagem. "Pedimos que o senhor (Biden) continue o diálogo com povos indígenas e comunidades tradicionais da Bacia Amazônica, com governos subnacionais e a sociedade civil antes de anunciar qualquer compromisso ou liberar qualquer fundo", conclui o texto.

Desde que assumiu, Biden vem sendo intimado a endurecer as negociações com Bolsonaro - e grande parte da pressão vem por meio de cartas. Em abril, cerca de 200 ONGs ligadas ao meio ambiente enviaram uma mensagem ao presidente americano com críticas às negociações feitas "a portas fechadas" com o Brasil sobre a Amazônia. "As negociações ocorrem longe dos olhos da sociedade civil, que o presidente brasileiro já comparou a um câncer", dizia o texto. "Não é razoável esperar que as soluções para a Amazônia e seus povos venham de negociações feitas a portas fechadas com seu pior inimigo."

Biden tem sido pressionado até por membros do próprio partido. Na semana passada, também em carta enviada à Casa Branca, senadores democratas afirmaram que Bolsonaro "não demonstrou nenhum interesse sério" em proteger a Amazônia. A mensagem foi assinada por 15 senadores, entre eles Bernie Sanders, Elizabeth Warren e Robert Menendez.

Há duas semanas, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, movimento que reúne mais de 280 empresas e instituições representantes do agronegócio, meio ambiente, setor financeiro e academia, enviou uma carta a Bolsonaro para cobrar metas mais ambiciosas.

O entendimento é de que houve "redução no nível de ambição" e isso torna o País menos atraente para investimentos internacionais. "O Brasil só vai receber apoio e parcerias externas por esforços de mitigação como contrapartida a avanços efetivos na agenda climática", escreveram. O Palácio do Planalto foi questionado sobre as manifestações citadas nesta reportagem, mas não deu uma resposta.

Uma carta, assinada sobretudo por artistas de Brasil e Estados Unidos, pede ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que "não se comprometa com quaisquer acordos com o Brasil neste momento". A mensagem elogia a postura de Biden por medidas contra a mudança climática, pela conservação das florestas e pelo respeito "aos direitos humanos e a soberania dos povos indígenas". O documento, datado desta terça-feira, 20, vem a público na semana em que Biden sedia uma cúpula virtual sobre o clima, com Bolsonaro entre os convidados.

Os artistas signatários dizem que compartilham a preocupação de povos indígenas e organizações da sociedade civil na Bacia Amazônica e pelo mundo, diante de "potenciais acordos com o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro". "Nós pedimos a seu governo que ouça o apelo deles e não se comprometa com quaisquer acordos com o Brasil neste momento", pedem.

##RECOMENDA##

O texto afirma que a integridade do "ecossistema crucial" da Amazônia está em um "ponto de inflexão", ameaçado pelo governo Bolsonaro, por questões como o desmatamento, incêndios e ataques aos direitos humanos. "Desde que Bolsonaro assumiu em janeiro de 2019, as regulações ambientais têm sido sistematicamente revertidas e as taxas de desmatamento têm triplicado", acusa a carta, que cita invasões de terras indígenas, saques a eles, incêndios e impunidade para os responsáveis.

O grupo defende que não seja feito acordo algum até que o desmatamento seja reduzido, os direitos humanos sejam respeitados e exista uma participação "significativa" da sociedade civil. E recomenda que o governo americano não trate com Bolsonaro, mas "continue a dialogar com a sociedade civil, governos subnacionais, povos indígenas e da floresta da Bacia Amazônica".

Entre os signatários da carta há vários artistas brasileiros, como Sônia Braga, Gilberto Gil, Fernando Meirelles, Marisa Monte, Wagner Moura, Walter Salles e Caetano Velloso. Também há vários americanos, como Alec Baldwin, Leonardo DiCaprio, Jane Fonda, Kate Perry e Joaquin Phoenix. Estão ainda entre os signatários os britânicos Orlando Bloom e Roger Waters.

Na manhã desta terça-feira (20), em um vídeo divulgado em sua conta do Twitter, o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), chamou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de “palhaço, boçal, ignorante, estúpido e servil”. Ao falar sobre a política ambiental adotada pelo governo federal, Ciro teceu duras críticas à carta enviada na semana passada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na qual Bolsonaro se compromete a eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até o ano de 2030.

“Bolsonaro já começou a ensaiar sua farsa com a carta mentirosa e hipócrita que enviou ao presidente Biden. Ela é um amontoado de mentiras sobre ações passadas e intenções futuras. E ainda faz chantagem barata”, declarou.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

O ex-governador do Ceará ressaltou os altos índices de desmatamento da Amazônia, que, no mês de março, apresentou o pior número dos últimos dez anos, segundo um levantamento divulgado na segunda-feira (19), pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Às vésperas da Cúpula do Clima, evento convocado pelo presidente dos Estados Unidos que ocorrerá entre os dias 22 e 23 deste mês, Ciro ainda acusou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de ser “amigo das motoserras, das queimadas, do garimpo ilegal, e das máfias que lucram com a destruição da floresta”.

O pedetista também chamou de contraditória a postura de Bolsonaro, que, segundo ele, teria “demitido” o ex-superintendente da Polícia Federal do Amazonas, Alexandre Saraiva, responsável por uma notícia-crime contra o atual ministro.

“É um absurdo que não entendam que nossa floresta tem muito mais valor de pé do que derrubada. Não só pelo equilíbrio ecológico do planeta, que tem valor inestimável, mas também porque, de pé, a floresta amazônica pode gerar uma nova farmácia, e uma química revolucionária, uma biotecnologia incapaz de ser superada por qualquer outro país do mundo”, finalizou.

Presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, a senadora Kátia Abreu (PP-TO) afirma que o Brasil já sente as consequências internacionais da política ambiental promovida pelo governo Bolsonaro e que, em breve, essas restrições poderão se converter em sanções econômicas.

"É uma situação extremamente grave essa em que o País se encontra na área ambiental. Isso tem um custo altíssimo para o Brasil lá fora e deverá acarretar em sérios prejuízos econômicos", disse a senadora. "Sanções poderão vir muito rapidamente. Os Estados Unidos têm um governo pragmático, que vai cobrar medidas. Temos 160 produtos que vão para os Estados Unidos. Eles podem, por exemplo, taxar esses produtos."

##RECOMENDA##

Na avaliação de Kátia Abreu, o presidente Jair Bolsonaro fez "um bom aceno" ao governo americano com a carta enviada, nesta quinta-feira (15), ao presidente Joe Biden. No próximo dia 22, os Estados Unidos realizam a Cúpula do Clima, por videoconferência, com diversos países, entre eles o Brasil.

"Foi uma carta boa, apesar de muito longa. O governo americano não é um governo falastrão. Diante dessa crise toda, o que o Brasil precisa é transformar seus discursos em coisas concretas", afirmou Abreu.

Ao comentar sobre o desempenho de Ricardo Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente, Kátia Abreu disse que a permanência ou saída do ministro é uma decisão que cabe ao governo, mas afirmou que o titular da pasta se encontra em "uma situação muito delicada". A senadora também criticou a posição do governo, de cobrar repasses financeiros para cumprir metas de proteção ao meio ambiente.

"É preciso ter alguém com boa interlocução. E essa ideia de pedir dinheiro é uma estratégia totalmente equivocada. Todos sabem que isso só vem com tarefa cumprida. Os Estados Unidos não estimulam nem premiam o crime. É preciso mudar agora para premiar depois", disse.

Na avaliação da presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, a imagem ambiental que o Brasil passou a nutrir internacionalmente também passou a comprometer a sua entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo que reúne os países mais ricos.

"Se o governo tem realmente vontade de entrar na OCDE, tem que saber que essa postura na área ambiental inviabiliza a entrada do Brasil. É preciso reduzir o desmatamento urgentemente. Só com isso vamos fechar acordos internacionais. Esse assunto é igual a 'fogo de munturo', como se diz no interior. Vai queimando devagarinho e por baixo. Quando você vê, já levou tudo."

Enquanto as ruas das principais cidades do mundo são tomadas por manifestantes que pedem ações das autoridades globais em relação às mudanças climáticas, o Brasil ficará de fora da cúpula do clima organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na semana que vem, nos Estados Unidos.

O jornal britânico de economia Financial Times disse em uma reportagem em sua versão online que o País não participará do evento porque não mostrou interesse, segundo o secretário-geral António Guterres.

##RECOMENDA##

De acordo com Guterres, todos os países que enviaram um comunicado à instituição contendo "desenvolvimentos positivos" sobre o tema teriam tempo para falar na cúpula de segunda-feira. "Ninguém foi recusado", disse ele. "Eles não apareceram." Reino Unido, China, Índia e União Europeia são alguns dos participantes já confirmados. O Brasil está fora assim como Japão, Austrália, Arábia Saudita e os Estados Unidos, que já afirmaram o interesse de se retirarem do acordo climático de Paris.

Nesta sexta-feira, lembrou o FT, mais de um milhão de manifestantes em todo o mundo pediram ações urgentes contra o aquecimento global. Os maiores protestos climáticos da história sobre o tema foram concluídos na véspera da cúpula e o que se espera é que, à medida que os líderes mundiais cheguem para a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, novos protestos ocorram.

A expectativa é a de que, no evento, sejam feitos mais de 60 novos anúncios climáticos. Os lançamentos, no entanto, competirão com outros assuntos que devem dominar o encontro, como as tensões globais, incluindo a guerra comercial entre EUA e China, e os conflitos no Oriente Médio.

"Estamos testemunhando simultaneamente o aquecimento global e o aquecimento político global, e as duas coisas são combinadas", disse Guterres. "E às vezes eles interagem entre si", acrescentou o secretário-geral, apontando como as mudanças climáticas podem exacerbar desastres naturais e conflitos humanos.

Sobre os protestos de sexta-feira, inclusive na Antártica, pedindo aos governos que tomem ações mais urgentes e reduzam as emissões, a ativista sueca de 16 anos Greta Thunberg, que inspirou o movimento de protesto, disse aos manifestantes de Nova York ontem que eles não eram apenas alguns jovens que faltam à escola ou alguns adultos não vão trabalhar.

"Somos uma onda de mudança", afirmou. "Se você pertence a esse pequeno grupo de pessoas que se sente ameaçado por nós, temos más notícias para você, porque este é apenas o começo. A mudança está chegando, gostem ou não", prometeu, como descreveu o FT.

A cúpula climática da ONU é o ponto mais alto de mais de um ano de trabalho de Guterres, que fez da mudança climática sua assinatura à frente da instituição. No entanto, ele também tentou diminuir ontem as expectativas sobre quais novos compromissos climáticos específicos serão feitos. "Não espero que os anúncios feitos agora sejam uma descrição já detalhada e completa - que será em 2020", disse. "A cúpula precisa ser vista em um continuum."

O próximo ano é o prazo final para os países que assinaram o acordo de Paris endureçam suas metas, conhecidas como contribuições determinadas nacionalmente. "O que gostaríamos de ver nesta cúpula são pessoas anunciando que gostariam de aumentar sua ambição em 2020", disse Guterres. O FT ressaltou que as temperaturas globais aumentaram cerca de 1°C desde a era pré-industrial e que as emissões globais de dióxido de carbono ainda estão subindo, principalmente devido à elevação na China.

Embora quase todos os países do mundo tenham assinado o acordo climático de Paris, que visa a limitar o aquecimento global a um nível bem abaixo de 2°C, os compromissos climáticos atuais sugerem que o mundo está muito longe de atingir esse objetivo, e no caminho de 3°C de aquecimento ou mais até o final do século.

Desde o fatídico fracasso da 15.ª Conferência do Clima (COP-15), em Copenhague, 2.179 dias se passaram. Cinco anos, 11 meses e 19 dias depois, uma questão central que jogou por terra as negociações entre países desenvolvidos e em desenvolvimento na Dinamarca continua a travar um acordo mundial para enfrentar as mudanças climáticas: o dinheiro. Reunidos em Paris, ministros e diplomatas penam para superar divergências sobre o financiamento anual de US$ 100 bilhões que deveria ser transferido às nações mais pobres para adaptação ao aquecimento global.

Segundo negociadores ouvidos pelo Estado, o tema envenena as discussões na 21.ª Conferência do Clima (COP-21). A cinco dias do prazo final para um grande acordo multilateral que deverá garantir que a temperatura média da Terra não se eleve mais de 2ºC até 2100, muito resta a fazer para colocar em sintonia os países mais desenvolvidos - Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão, mais Europa - e as nações do chamado G-77+China - o grupo formado por grandes emergentes e países em desenvolvimento.

##RECOMENDA##

O enfrentamento ocorre porque, pelo acordo que rege a Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, países industrializados, que desde a Revolução Industrial emitiram mais gases de efeito estufa, são considerados os maiores responsáveis pelo aquecimento global. Isso faz com que os membros do G77+China devam ser beneficiados por um mecanismo que permita receber fundos de países "ricos" com o objetivo de financiar ações de adaptação às mudanças climáticas.

Em Copenhague, em um dos raros pontos de acordo, ficou definido que os países desenvolvidos transfeririam aos em desenvolvimento um total de US$ 100 bilhões até 2020. Há cerca de um mês, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou relatório indicando que até o fim deste ano devem ser alcançados US$ 62 bilhões. Mas como se chega a esse valor ainda é muito contestado.

Um exemplo: pesquisadores da Universidade Brown (EUA) analisaram 5.201 projetos para adaptação, registrados em 2012, que movimentaram cerca de US$ 10 bilhões. Mais de 70% deles, de acordo com o trabalho, não se encaixavam em ações para adaptação às mudanças climáticas. "O grande problema é que os países em desenvolvimento não foram consultados para dizer o que conta, para eles, como financiamento climático. Do jeito que funciona hoje, os países ricos dizem que deram 'isso, isso e aquilo' e eles podem contar qualquer coisa que queiram", afirma Timmons Roberts, professor de estudos ambientais e um dos líderes do trabalho. "Os países concordaram que se chegaria a US$ 100 bilhões por ano em 2020, mas falharam em concordar sobre o que deveria ser contado."

Pressão. Além das divergências sobre o acordo pré-2020, resta ainda mais em aberto o financiamento pós-2020. Pelos acordos firmados até aqui, países ricos deveriam destinar US$ 100 bilhões por ano para ações de adaptação - mas tudo está indefinido. Ninguém fala em achar mais dinheiro no pós-2020, mas mais doadores, como observa Jan Kowalzig, da ONG Oxfam. "Os países ricos se arrependem profundamente de terem concordado com a meta dos US$ 100 bilhões em 2009, porque agora estão sentindo toda a pressão." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A União Europeia determinou corte de emissões entre 80% e 95% até 2050. O grupo econômico ainda vai fornecer 14 bilhões de euros como financiamento climático público para parceiros fora da União Europeia nos próximos sete anos. Só a Noruega dará 500 milhões de euros por ano para combater as mudanças climáticas.

Matrizes renováveis

##RECOMENDA##

Vários países prometeram usar fontes limpas de energia. O México determinou que em 2018 um terço da capacidade de geração de eletricidade vai ter base em matrizes renováveis. No mesmo prazo, a Costa Rica terá 100% de energia limpa. A Nicarágua suprirá 90% das necessidades energéticas com matrizes renováveis até 2020.

Metas

Nem os considerados "países pobres" ficaram fora da divulgação de metas. A Etiópia terá emissões líquidas iguais a zero em 2025 Já Bangladesh levantou US$ 385 milhões de recursos próprios para adaptação às mudanças climáticas. E a Malásia anunciou às Nações Unidas o objetivo de reduzir emissões em 40% até 2020.

Pioneiro asiático

As preocupações ambientais também se mostraram crescentes entre vários países asiáticos presentes na cúpula. A Coreia do Sul prometeu 100 milhões de euros para o Fundo Verde para o Clima. Já no próximo ano, a nação se transformará no primeiro país asiático a possuir um sistema de comércio de carbono.

Maiores emissores

O presidente americano, Barack Obama, afirmou que ele e o vice primeiro-ministro chinês, Zhang Gaoli, concordaram que os dois países com os maiores índices de emissão "têm a responsabilidade de liderar". A China afirmou que vai dobrar o financiamento anual para um fundo de mudanças climáticas.

Leonardo DiCaprio

A abertura da Cúpula do Clima foi feita pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon. Também discursaram o ex-vice-presidente dos EUA e militante de causas climáticas, Al Gore, e o ator Leonardo DiCaprio, que concentrou atenções. "Agora pode ser nosso momento para ação", afirmou DiCaprio em rápida fala, bastante aplaudida.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Metas

Nem os considerados "países pobres" ficaram fora da divulgação de metas. A Etiópia terá emissões líquidas iguais a zero em 2025 Já Bangladesh levantou US$ 385 milhões de recursos próprios para adaptação às mudanças climáticas. E a Malásia anunciou às Nações Unidas o objetivo de reduzir emissões em 40% até 2020.

Pioneiro asiático

As preocupações ambientais também se mostraram crescentes entre vários países asiáticos presentes na cúpula. A Coreia do Sul prometeu 100 milhões de euros para o Fundo Verde para o Clima. Já no próximo ano, a nação se transformará no primeiro país asiático a possuir um sistema de comércio de carbono.

Maiores emissores

O presidente americano, Barack Obama, afirmou que ele e o vice primeiro-ministro chinês, Zhang Gaoli, concordaram que os dois países com os maiores índices de emissão "têm a responsabilidade de liderar". A China afirmou que vai dobrar o financiamento anual para um fundo de mudanças climáticas.

Leonardo DiCaprio

A abertura da Cúpula do Clima foi feita pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon. Também discursaram o ex-vice-presidente dos EUA e militante de causas climáticas, Al Gore, e o ator Leonardo DiCaprio, que concentrou atenções. "Agora pode ser nosso momento para ação", afirmou DiCaprio em rápida fala, bastante aplaudida.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com o aumento das taxas de desmatamento na Amazônia e das emissões brasileiras dos gases do efeito estufa, o cenário que a presidente Dilma Rousseff apresenta nesta terça-feira, 23, na Cúpula do Clima das Nações Unidas, em Nova York, na qual vão se reunir mais de 120 líderes mundiais, não é dos mais favoráveis.

Ambientalistas esperam que Dilma não só ratifique compromissos firmados pelo Brasil na última Conferência das Partes sobre o Clima (COP 15), em Copenhague, em 2009 - em especial o de reduzir as emissões -, mas também mostre como o País está se preparando para colocá-los em prática até 2020, marco estabelecido na capital dinamarquesa.

##RECOMENDA##

Em 2009, a posição brasileira era bem mais confortável, apontam as principais ONGs que acompanham a agenda climática. Ainda que não tivesse essa obrigação, por ainda estar em processo de desenvolvimento, o País se comprometeu a baixar o volume dos gases entre 36,1% e 38,9% até 2020, assumindo um papel de protagonismo entre seus pares, e a deter o desmatamento na Amazônia em até 80%, lembra Marcio Santilli, sócio-fundador do Instituto Socioambiental. Entre 2005 e 2012, as emissões caíram 36,7%. Mas a curva de lá para cá se inverteu.

"Andamos para trás. Desde 2012 estamos num processo de aumento das emissões, com o abuso das termelétricas e o crescimento do desmatamento em 29% em 2013, além do aumento da frota de automóveis, incentivado pelo governo. O fato de o Brasil estar na contramão teria que ser compensado por uma demonstração de vontade política de se reverter o quadro", acredita Santilli.

O encontro, para o qual foram chamados não só chefes de Estado e governo, mas também representantes de ONGs e do setor privado, foi marcado para esta terça-feira pelo fato de quarta ser a abertura da Assembleia Geral da ONU (com discurso de Dilma) - ou seja, todos os líderes já estariam em Nova York.

Não haverá mesa de negociação: o foco está nos discursos políticos. A intenção da ONU é conseguir arrancar dos governantes declarações ambiciosas com meios concretos de se conter as emissões de gases do efeito estufa e, assim, evitar o aumento da temperatura no planeta em até 2ºC neste século.

Isso para que se chegue a resultados significativos nas próximas conferências do clima, em dezembro deste ano, em Lima, no Peru, e em novembro de 2015, em Paris (a COP 16), e não se repita o fiasco dos últimos encontros, frustrados pelo posicionamento conservador dos países mais ricos. Entre os temas a serem abordados, estão eficiência energética, transportes e agricultura.

"A agenda é de urgência climática, e São Paulo, com a falta de água, é um exemplo claro disso. Esses encontros interseccionais são importantes porque o acúmulo de questões dificulta um avanço substancial", explicou André Nahur, coordenador do Programa de Mudanças Climáticas da WWF-Brasil.

A questão eleitoral afeta a agenda brasileira. Em março de 2015, três meses depois da posse do(a) novo(a) presidente, o País terá de enviar à ONU o que pretende apresentar na COP 16. Os pontos do texto brasileiro vêm sendo discutidos com a sociedade civil, Estados, municípios e o setor privado.

"O mais preocupante é a falta de planejamento. O Brasil tem que afirmar que vai fazer sua parte e quer chegar a 2030 com emissões bem menores do que as de hoje. Não pode se esconder atrás do discurso de que já fez muito. Temos 1,3 bilhão de toneladas de CO2 por ano e deveríamos baixar para algo perto de 840 milhões", aponta Carlos Rittl, secretário-geral do Observatório do Clima. Hoje, as emissões brasileiras estão entre as dez maiores do mundo.

A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, desistiu de participar da Cúpula do Clima, marcada para o próxima terça-feira, 23, em Nova York. Sem Marina pelas imediações, a presidente Dilma Rousseff terá a oportunidade de reforçar sua agenda ambiental no evento que antecede a 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

Mesmo com a possibilidade de atrair os holofotes no evento ambientalista, Marina considerou que a viagem comprometeria pelo menos três dias da agenda de campanha no Brasil. A ex-senadora segue estável nas pesquisas de intenção de voto, mas, com a leve reação do tucano Aécio Neves nos últimos levantamentos, a campanha considerou que não poderia, faltando duas semanas para o primeiro turno, "desperdiçar" tempo com uma programação no exterior.

##RECOMENDA##

Conforme o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, antecipou no dia 22 de agosto, o novo cenário eleitoral fez a presidente Dilma confirmar a presença na Cúpula do Clima. Aconselhada por seu comitê político, a petista pretende fazer o tradicional discurso de abertura da Assembleia e participar da cúpula de chefes de Estado sobre mudanças do clima, em uma ação que lhe daria uma visibilidade que os concorrentes na disputa presidencial não têm.

A campanha de Dilma cogitou até a possibilidade de a petista aproveitar a passagem pelos EUA para se encontrar com a comunidade brasileira que vive em Nova York, mas a ideia foi abandonada. No segundo turno das eleições de 2010, Dilma obteve apenas 26,48% dos votos válidos dos brasileiros que compareceram às urnas em Nova York. Em Washington D.C., o índice foi ainda menor: 21,15%.

Convite

Embora não seja chefe de Estado, Marina foi convidada ao evento por ser representante da América Latina desde 2011 no Millennium Development Goals (MDG) Advocacy Group, organismo que atua na mobilização global para que os Objetivos do Milênio sejam realizados até 2015. Em 2009, ela recebeu da Fundação Príncipe Albert 2º de Mônaco o prêmio sobre Mudança Climática (Climate Change Award), em reconhecimento aos seus projetos na área do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável.

Considerada "estrela" da luta ambientalista internacional, a ex-senadora já foi incluída na lista do jornal britânico "The Guardian" entre as 50 pessoas que podem ajudar a "salvar" o planeta das mudanças climáticas. Marina também levou em 2007 "Champions of the Earth", o principal prêmio da ONU na área ambiental. Em outubro de 2008, recebeu do príncipe Philip da Inglaterra a medalha Duque de Edimburgo (o prêmio mais importante concedido pela Rede WWF), em reconhecimento ao seu envolvimento com a defesa da Amazônia brasileira. Em 2009, recebeu em Oslo, na Noruega, o prêmio da Sophie Foundation, concedido a pessoas e organizações que se destacam nas áreas ambientais e do desenvolvimento sustentável. (Daiene Cardoso e Rafael Moraes Moura). Aconselhada por seu comitê político, a petista pretende fazer o tradicional discurso de abertura da Assembleia e participar da cúpula de chefes de Estado sobre mudanças do clima, em uma ação que lhe daria uma visibilidade que os concorrentes na disputa presidencial não têm.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando