Você sabe o que são distratores em uma prova? Bom, com certeza você já conhece bem, mas por outro nome. São as famosas “cascas de banana” que estão sempre presentes em diversas provas. No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), não é diferente. Os distratores têm como finalidade distrair o leitor por meio de elementos que parecem ser corretos dentro do contexto em questão.
Para o professor de sociologia Pedro Holanda, no geral, o Enem não costuma trabalhar fortemente com as cascas de bananas clássicas. “São erros colocados de propósito para induzir o aluno ao erro e que são, geralmente, ligadas a assuntos de ‘decoreba’, como: Quanto tempo durou a Guerra dos Cem Anos? E aí, são apresentadas respostas de 100 anos, 116 anos, 120 anos... Nela, o estudante é induzido a marcar a alternativa de 100 anos, quando, na verdade, a Guerra dos Cem Anos anos durou 116 anos”, exemplifica.
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E qual a diferença deste tipo de resposta para as que indicam distratores?
O professor Pedro Holanda diz que as alternativas contendo distratores são as mais comuns no Enem. Normalmente surgem em questões com respostas contextualizadas e que podem ter algum fato ligado ao que o enunciado está pedindo. Um exemplo trazido pelo professor, é uma questão de sociologia do exame aplicado em 2013.
O edifício é circular. Os apartamentos dos prisioneiros ocupam a circunferência. Você pode chamá-los, se quiser, de celas. O apartamento do inspetor ocupa o centro; você pode chamá-lo, se quiser de alojamento do inspetor. A moral reformada; a saúde preservada; a indústria revigorada; a instrução difundida; os encargos públicos aliviados; a economia assentada, como deve ser, sobre uma rocha; o nó górdio da Lei sobre os Pobres não cortado, mas desfeito – tudo por uma simples ideia de arquitetura!
BENTHAM, J. O panóptico. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
Essa é a proposta de um sistema conhecido como panóptico, um modelo que mostra o poder da disciplina nas sociedades contemporâneas, exercido preferencialmente por mecanismos:
A) religiosos, que se constituem como um olho divino controlador que tudo vê.
B) ideológicos, que estabelecem limites pela alienação, impedindo a visão da dominação sofrida.
C) repressivos, que perpetuam as relações de dominação entre os homens por meio da tortura física.
D) sutis, que adestram os corpos no espaço-tempo por meio do olhar como instrumento de controle.
E) consensuais, que pactuam acordos com base na compreensão dos benefícios gerais de se ter as próprias ações controladas.
“A questão fala sobre um dispositivo panóptico. Foucault vai trabalhar muito com o conceito do panóptico, que segundo ele, é um dispositivo que alimenta a repressão, o que distrairia o aluno (por isso que se chama distrator) para marcar a resposta sem analisar com mais atenção o resto das alternativas. Só que no decorrer da alternativa, ela fala que essa repressão vai acontecer por meio das torturas físicas e isso não tem a ver com a ideia do panóptico trabalhado por Foucault” analisa.
Mesmo falando em repressão, no entanto, o professor destaca que o que torna a resposta incorreta é a sua construção. “Existe uma repressão, óbvio que é uma repressão. Então, estaria certa. Mas a explicação de como seria essa repressão estava completamente diferente do que Foucault estava trabalhando. Assim sendo, a resposta certa é que diz que os mecanismos são sutis, letra ‘d’ ”.
Para o fera não ser levado ao erro no momento da prova, importante ter o máximo de atenção no texto e principalmente no enunciado. Além disso, deve-se ler todas as alternativas, mesmo que uma delas seja óbvia. Uma dica preciosa dada pelo professor é a resolução de gabaritos anteriores, até mesmo para saber como funciona o exame.
Anotou as dicas? Agora, é só continuar se preparando, mantendo o foco e atenção para o exame, que será realizado nos dias 03 e 10 de novembro.
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