Tópicos | Gonçalves Dias

O depoimento do general Marco Edson Gonçalves Dias, que comandava o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes, dividiu a opinião de parlamentares na CPMI do 8 de Janeiro.

Para a oposição, o militar falhou ao não mobilizar tropas que assegurassem a proteção do Palácio do Planalto. Para aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, GDias — como é conhecido — foi sabotado por militares lotados no GSI desde a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

##RECOMENDA##

Na primeira parte do depoimento, o ex-ministro do GSI atribuiu o fácil acesso dos manifestantes à Praça dos Três Poderes à ineficiência da Secretaria de Segurança Pública e da Polícia Militar do Distrito Federal. O senador Sergio Moro (União-PR) admitiu essa possibilidade, mas criticou a atuação do general GDias.

— O senhor coloca a responsabilidade em cima da Polícia Militar do Distrito Federal, que certamente, pelo que nós já vimos, falhou de fato. Mas não é função do GSI e do Batalhão da Guarda Presidencial, do Regimento de Cavalaria, a proteção do Palácio do Planalto? O Comando Militar do Planalto (CMP) e o Batalhão da Guarda Presidencial tinham forças à sua disposição. No entanto, eles só poderiam agir por demanda do GSI. Precisava de provocação do GSI para que o efetivo do Batalhão da Guarda Presidencial fosse acionado para que se direcionasse ao Planalto? — questionou Moro.

GDias reconheceu que caberia à Coordenação-Geral de Segurança de Instalações (CGSI), vinculada ao GSI, acionar as tropas. A CGSI era chefiada então pelo coronel André Luiz Garcia Furtado. Na véspera dos ataques, Garcia enviou mensagem ao CMP dispensando os reforços.

O senador Magno Malta (PL-ES) também criticou a atuação de GDias. O parlamentar confrontou o ex-ministro com uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 18 de janeiro. Segundo o chefe do Executivo, alguém teria facilitado a entrada dos manifestantes no Palácio do Planalto.

— O senhor é um homem preparado. Não quero lhe colocar em posição vexatória, mas o presidente Lula disse que alguém facilitou. Ele acertou ou errou ao fazer essa afirmação? Alguém facilitou? Foi de dentro pra fora, como disse o presidente Lula? Minha pergunta é: houve falha? — indagou Magno Malta.

GDias disse que “sempre há falha em qualquer tipo de operação”. Mas evitou comentar as declarações atribuídas ao presidente da República.

— Não digo se o presidente acertou ou errou. Cada vidro quebrado é uma porta de entrada. Eu abri uma sindicância investigativa pra apurar exatamente isso daí — respondeu.

Generais

Para a deputada Jandira Feghali (PCd0B-RJ), o erro do general GDias foi ter mantido oficiais indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre eles, o general Carlos Penteado, que ocupava o cargo de secretário-executivo do GSI desde a gestão do general Augusto Heleno no GSI.

—A equipe que o general (GDias) deixou é completamente vinculada ao governo anterior. Oito oficiais do GSI estavam nos atos golpistas de 8 de janeiro. Considero que essa foi uma grande falha sua: ter deixado um secretário-executivo que, desde 2021, servia ao general Heleno, abertamente golpista. Se houve uma falha sua, foi não ter exonerado as viúvas de Bolsonaro que articularam os atos golpistas — disse a deputada, para quem "a montanha pariu um rato", pois os parlamentares bolsonaristas não conseguiram apontar dolo de GDias, mas possíveis falhas, que ele próprio admitiu.

Para o deputado Rogério Correia (PT-MG), a CPMI não pode deixar de investigar a atuação de vários generais envolvidos com os atos de 8 de janeiro.

— O general Penteado era um radical de ultradireita. Ele era responsável pela proteção do Palácio. Esses generais precisam ser ouvidos porque atuaram como quintas-colunas da democracia brasileira. Eles não podem ser anistiados, porque senão vão tentar um outro golpe. Não é possível ser conivente com esse tipo de atitude — afirmou Rogério Correia, referindo-se ao general general Carlos José Assumpção Penteado, exonerado do cargo de secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) após os ataques do dia 8 de janeiro, e ao general Augusto Heleno, que chefiou o GSI durante o governo Bolsonaro.

Já o deputado Pastor Henrique Vieira (PSol-RJ) afirmou que a falha de GDias foi a de repetir os procedimentos de transição dos governos anteriores, em que as eventuais substituições nos cargos sempre ocorreram lentamente, dentro de um quadro de normalidade democrática. Para o deputado, porém, o governo Bolsonaro não estava nesse quadro de normalidade e havia oficiais golpistas plantados na GSI.

*Da Agência Senado

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, Arthur Maia (União Brasil-BA), ameaçou expulsar do plenário os deputados bolsonaristas André Fernandes (PL-CE) e Abílio Brunini (PL-MT) por considerar que os dois atrapalham o andamento dos trabalhos.

O bate-boca entre os parlamentares começou após os deputados atrapalharem a fala da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) durante sessão nesta quinta-feira (31). Fernandes interrompeu diversas vezes a fala da parlamentar. Maia, por sua vez, disse que não iria permitir esse comportamento. "Querem tumultuar a sessão porque não tem argumento. Conversa absurda essa", disse o presidente da CPMI.

##RECOMENDA##

"Eu fico calmo da forma que eu quiser, mas eu lhe garanto que vossa excelência não vai tumultuar a sessão. Não vai tumultuar! Eu mando vossa excelência interromper a sua fala que eu lhe retirar do plenário. Se vossa excelência continuar com essa argumentação e provocando a mesa, eu vou mandar retirar vossa excelência do plenário", prosseguiu Maia, reagindo a pedidos para que tivesse calma.

Abílio Brunini, por sua vez, ficou em pé ao lado da Mesa Diretora instigando a confusão. Os parlamentares colhem na sessão o depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias, testemunha aguardada pela oposição desde o início dos trabalhos da CPMI.

Após acordo entre governo e oposição, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro aprovou, nesta terça-feira (20), a convocação de mais quatro pessoas. Além dos 36 nomes já convocados, deverão também prestar depoimento à CPMI, na condição de testemunhas, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Marco Edson Gonçalves Dias e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha. Ambos foram indicados já no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

  Também foram aprovadas as convocações de Renato Martins Carrijo, perito da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), responsável pela elaboração do laudo sobre o exame do local onde foi encontrado artefato explosivo próximo ao aeroporto de Brasília no dia 24 de dezembro, e do coronel Jean Lawand Junior, ex-subchefe do Estado-Maior do Exército e atual adjunto do adido do Exército junto à Representação Diplomática do Brasil nos Estados Unidos. 

##RECOMENDA##

A convocação de Gonçalves Dias e de Saulo Moura da Cunha era uma reivindicação dos parlamentares da oposição. Apesar de requerimentos com esse mesmo objetivo terem sido rejeitados na semana passada, os senadores Sergio Moro (União-PR), Izalci Lucas (PSDB-DF), Magno Malta (PL-ES) e os deputados Delegado Ramagem (PL-RJ), Rafael Brito (MDB-AL), Marco Feliciano (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) voltaram a apresentar o pedido. Eles querem esclarecimento, entre outras questões, sobre as informações enviadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com o objetivo de alertar e prevenir autoridades e órgãos públicos dos ataques ocorridos em janeiro.

Já a convocação do coronel Jean Lawand Junior foi colocada em votação como item extra pauta de autoria da relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e dos deputados Duarte (PSB-MA), Rogério Correia (PT-MG), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Duda Salabert (PDT-MG) e Rafael Brito.   

Eles argumentaram ser necessário ouvi-lo “tendo em vista a recente divulgação pela imprensa de conversas telefônicas entre o convocado e o ex-ajudante de ordens da presidência da República, coronel Mauro Cid – o qual mantinha um grande vínculo de amizade – sobre a necessidade de deflagração de um golpe de Estado”, diz o deputado Duarte na justificação do requerimento. 

 O presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), informou que até o dia 12 de julho só prestarão depoimento os convocados que estejam relacionados à fase cronológica inicial estabelecida pela relatora no plano de trabalho. 

— Isso é fruto de um entendimento nosso. Nós, inclusive, podemos considerar que a última sessão antes do recesso é no dia 12 de julho. Até lá, nós só ouviremos depoentes que estejam envolvidos em acontecimentos pré-8 de janeiro. Isso é um procedimento para que a gente dê tranquilidade a todos para saber como é o andamento das coisas — esclareceu. 

 Inquéritos em sigilo A CPMI terá acesso a inquéritos, processos e procedimentos decorrentes das investigações dos atos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023 e que estão em sigilo, no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, com base na Súmula 14 da própria Corte, somente serão encaminhados os inquéritos que já tiveram todas as diligências finalizadas. Aqueles ainda pendentes de diligência deverão ser encaminhadas quando concluíds, num prazo de cerca de 45 dias, como explicou Arthur Maia.

   — A Súmula 14 informa que nós não podemos fazer o compartilhamento de inquéritos, de assuntos sigilosos que estejam sob segredo de Justiça, que estão com diligências pendentes. Então nós estamos acatando e incluindo a observância dessa Súmula 14 nesses requerimentos que vamos aprovar agora.

Foram aprovados cinco requerimentos para acesso desses inquéritos. Os pedidos partiram das senadoras Augusta Brito (PT-CE) e Damares Alves (Republicanos-DF) e dos deputados Delegado Ramagem e Marco Feliciano.

Marcos do Val

O deputado Rogério Correia (PT-MG) apresentou questão de ordem com a solicitação de cerca de 16 parlamentares para que a direção da CPMI substitua o senador Marcos do Val (Podemos-ES) por outro integrante do seu partido. Ele argumentou que Marcos do Val é investigado pelo STF em inquérito relacionado aos ataques ocorridos em 8 de janeiro, o que, considerou ele, poderia comprometer o andamento das investigações da comissão. Arthur Maia indeferiu o pedido justificando que a presidência “não tem autoridade para incluir ou excluir um membro da CPMI”. Marcos do Val se defendeu, criticou a operação ocorrida na última sexta-feira (16) e apontou contradições nas investigações que o envolvem. 

*Da Agência Senado

Um ex-cadete da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, a anulação de uma punição que ele recebeu há 47 anos, junto a outros nove cadetes, sendo um deles o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional Gonçalves Dias, agora investigado, após recém se demitir do cargo federal.

Maurício Nascimento, que é um homem negro, alega ter sido vítima de racismo nas Forças Armadas, ao ser o único entre os 10 cadetes a receber a pena de expulsão. Os demais, mesmo punidos, puderam continuar na Academia. Seriam, todos os outros, homens brancos, incluindo Dias. Os cadetes foram acusados de “colar” em testes da Aman, o que Nascimento nega. A informação foi divulgada pela coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles.

##RECOMENDA##

No documento enviado a Lula e a Almeida, obtido pela coluna, Nascimento disse que busca evitar a “eternização da injustiça”. O ex-cadete afirmou que havia formalizado o pedido ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas que o caso foi “acobertado” pelo ex-comandante do Exército Paulo Sergio Nogueira.

“Ao recepcionar os requerimentos de anulação de punição disciplinar, apresentados pelo requerente, [Paulo Sergio Nogueira] recusou-se a analisá-los, colocando este procedimento administrativo disciplinar sob ‘sigilo eterno’, mantendo incólume a discriminação racial sofrida pelo requerente no Curso de Oficiais da Aman”, disse Nascimento.

Nascimento alegou que alguns anos depois de ter sido impedido de se formar no oficialato das Agulhas Negras, a Aman argumentou que não existia processo de punição algum, mas ainda assim o ex-cadete não foi reintegrado à academia.

 

As câmeras de segurança do Palácio do Planalto captaram todos os passos do ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias no dia da invasão por golpistas em 8 de janeiro. Trechos das imagens analisadas pelo Estadão mostram o general da reserva surpreso ao se deparar com extremistas no terceiro andar do Planalto e atônito ao ver os estragos na portaria principal do prédio.

G. Dias, como é conhecido, pediu demissão na semana passada após serem divulgadas as primeiras imagens suas andando pelos corredores do palácio e indicando a saída para golpistas. Um dos primeiros registros do general nos vídeos do Planalto foi às 16h19. O militar aparece no elevador privativo de ministros. A porta se abre no terceiro andar, onde fica o gabinete presidencial. Do lado de fora, no corredor, golpistas andavam tranquilamente. G. Dias parece se surpreender ao avistar os extremistas e recua. Não sai do elevador e aperta o botão para descer.

##RECOMENDA##

Um minuto depois, às 16h20, a imagem do militar é captada por outra câmera, já no piso térreo do Planalto. G. Dias sai pela porta principal do palácio e se depara com o local depredado.

O então chefe do GSI deixa o prédio, caminha sozinho por cerca de dois minutos e volta para o Planalto. G. Dias reaparece às 16h29 no terceiro andar do edifício. Dois minutos depois, o militar e outros integrantes do GSI indicam a saída para golpistas vestidos de verde e amarelo.

Furto

Novas imagens internas do Planalto mostram bolsonaristas furtando estátuas do prédio, depredando câmeras de segurança e fazendo gestos obscenos para as câmeras. As gravações foram liberadas no sábado (22), pelo GSI e analisadas pelo Estadão.

Os extremistas iniciam a invasão por volta das 15h. Eles tomam conta de todo o prédio e chegam até o quarto e último andar. Neste piso, os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro furtam um busto. Nas imagens é possível ver que dois homens carregam a estátua para uma saída. O mesmo grupo é visto em seguida arrombando portas, quebrando câmeras de segurança e dando dedo para o vídeo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do presidente Lula (PT), afirmou, nesta sexta-feira (21), que não tem qualquer responsabilidade sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. O oficial prestou depoimento na Polícia Federal ao longo de 5 horas, após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

"O comparecimento na sede da Polícia Federal é, para mim, uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa", escreveu Dias, em mensagem enviada ao Estadão após a oitiva. "Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade seja omissiva ou comissiva nos fatos do dia 08 de janeiro", acrescentou o ex-ministro de Lula.

##RECOMENDA##

G Dias, como é conhecido, chegou na sede da Polícia Federal, na região central de Brasília, por volta de 8h50, e saiu às 13h30. Moraes determinou o depoimento do ex-ministro de Lula após a CNN Brasil divulgar, nessa quarta-feira (19), imagens internas do Palácio do Planalto que mostram integrantes do GSI interagindo com os golpistas que invadiram o prédio em 8 de janeiro. O vídeo mostra G Dias circulando no andar do gabinete presidencial e indicando a saída do prédio aos invasores. Um dos servidores do órgão chega a distribuir garrafas de água aos extremistas.

Ao determinar pelo depoimento, Moraes apontou que as imagens revelam uma "atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI".

Em nota, o GSI explicou que "as imagens divulgadas mostram a atuação dos agentes de segurança que foi, em um primeiro momento, no sentido de evacuar os quarto e terceiro pisos do Palácio do Planalto, concentrando os manifestantes no segundo andar, onde, após aguardar o reforço do pelotão de choque da PM/DF, foi possível realizar a prisão dos mesmos".

O general pediu exoneração do governo no mesmo dia da divulgação das imagens. Na ocasião, G Dias conversou com Lula e outros ministros palacianos. O presidente atendeu o pedido.

De acordo com a colunista Vera Rosa, do Estadão, o governo foi surpreendido com a divulgação das imagens. Isso porque Lula chegou a pedir a G Dias, segundo relatos de ministros do Planalto, acesso à câmera do circuito interno posicionada para o corredor que dá no gabinete presidencial, no Planalto. O então chefe do GSI alegou, contudo, que a câmera estava quebrada e por esse motivo não havia imagens daquele local durante a depredação em 8 de janeiro.

O Estadão também mostrou que o governo Lula negou ao menos oito pedidos de acesso às imagens do circuito interno do Planalto no dia dos ataques. Essas solicitações foram protocoladas no âmbito da Lei de Acesso à Informação (LAI). A gestão petista tentou esconder os vídeos por cinco anos, ou seja, até 2028.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro da Silva, afirmou nesta sexta-feira, 21, ao chegar a Portugal, onde acompanha a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a interinidade de Ricardo Cappelli na chefia do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) deve durar pouco.

Ainda assim, Múcio negou que haja nome escolhido para o cargo, mas defendeu que "não é hora de mudar o perfil do comando", sugerindo a continuidade de um militar à frente da pasta.

##RECOMENDA##

Sobre a saída do general Gonçalves Dias, que pediu afastamento do cargo de ministro do GSI após a divulgação de imagens em que aparecia junto com outros funcionários da pasta dentro do Palácio do Planalto durante os atos golpistas de 8 de janeiro, Múcio disse que " foi bom para ele, não estava se sentindo confortável". E acrescentou: "desde o episódio do 8 de janeiro, ele não ficou à vontade. Ele não estava se sentindo bem. E agora com aquelas fitas, as coisas pioraram e ele resolveu sair".

O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias chegou à sede da Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira, 21, para prestar depoimento sobre os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, em Brasília.

A oitiva foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Imagens da área interna do Palácio do Planalto divulgadas pela primeira vez na quarta-feira, 19, pela CNN Brasil, mostram G. Dias , como é conhecido, e outros funcionários do GSI interagindo com os golpistas durante a invasão do prédio. Um dos servidores chegou a distribuir garrafas de água para os extremistas.

##RECOMENDA##

O escândalo levou o general a pedir demissão do governo. O pedido foi aceito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. G Dias é o primeiro ministro a cair em 109 dias da atual gestão.

Na decisão que determinou o depoimento de G Dias, Moraes apontou que as imagens revelam uma "atuação incompetente das autoridades responsáveis pela segurança interna do Palácio do Planalto, inclusive com a ilícita e conivente omissão de diversos agentes do GSI".

O ministro do STF destacou que já mandou, no mesmo dia dos atos golpistas, a PF obter todas imagens de câmeras de segurança do DF do dia 8 de janeiro. Também determinou, em 23 de fevereiro, que todos os militares que aparecem nas câmeras de segurança sejam ouvidos. A lista dos militares presentes seria fornecida pelo GSI.

Mais de 30 parlamentares da bancada de oposição do Congresso Nacional apresentaram à Procuradoria-Geral da República um pedido de investigação contra o General da Reserva Gonçalves Dias, que até esta quarta-feira era ministro do governo Lula.

Dias é considerado homem de confiança do presidente, e foi flagrado facilitando a atuação de invasores do Palácio do Planalto no dia 08 de janeiro. Os parlamentares requerem tratamento isonômico aos demais processados pelos fatos, pedindo que seja apreendido o passaporte do ex-ministro e decretada sua prisão preventiva. 

##RECOMENDA##

Sobre o pedido de prisão de Gonçalves Dias, a Deputado Coronel Meira (PL/PE) declarou: “Fui autor do requerimento de convocação, alterado depois para convite do ex-ministro, para participar de reunião na Comissão de Segurança na Câmara dos Deputados, dessa forma, queríamos encontrar respostas para os fatos ocorridos no dia 08/01. O ex-ministro não compareceu, foi apresentado um conveniente atestado médico. Então entramos com uma solicitação conjunta de prisão preventiva, para impedir que o General destrua provas ou tente fugir. Apesar do pedido de prisão, é importante salientar que Dias foi apenas um “boi de piranha”, ou seja, um instrumento usado para desviar a atenção de questões mais importantes. Ao longo de oito anos, o ex-ministro sempre agiu como um serviçal, uma sombra de Lula.  Ademais, ao utilizar informações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), viajar para São Paulo no dia da invasão e não fazer nada, Lula cometeu crime de responsabilidade contra a democracia. Por esse motivo, torna-se necessário o seu impeachment para que se possa preservar a integridade das instituições democráticas". 

Assinam as peças os seguintes congressistas:

Deputado Federal Coronel Meira 

Deputado Federal Nikolas Ferreira 

Deputada Federal Carla Zambelli 

Deputado Federal Marcelo Álvaro Antônio

Deputado Federal Carlos Jordy

Deputada Federal Caroline de Toni

Deputado Federal Cabo Gilberto Silva

Deputado Federal Gilvan da Federal 

Deputado Federal Evair Vieira de Melo

Deputado Federal Rodolfo Nogueira 

Deputado Federal Delegado Caveira

Deputado Federal Delegado Éder Mauro 

Deputado Federal Zé Trovão

Deputado Federal Lucas Redecker 

Deputado Federal Capitão Alden 

Deputado Federal Delegado Paulo Bilynskyj

Deputado Federal Daniel Freitas

Deputado Federal Marcel Van Hattem

Deputado Federal Dr. Jaziel 

Deputado Federal Bibo Nunes

Deputado Federal José Medeiros 

Deputado Federal Mario Frias 

Deputado Federal André Fernandes 

Deputado Federal Gustavo Gayer 

Deputado Federal Junio Amaral

Deputado Federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Deputado Federal Delegado Palumbo 

Deputado Estadual Leandro de Jesus

Deputado Federal Delegado Fábio Costa

Deputada Federal Bia Kicis 

Deputado Federal Sargento Fahur 

Deputado Federal Maurício Marcon

Deputada Federal Daniela Reinehr

Senador Magno Malta

Senador Cleitinho

*Da assessoria

O ministro da Justiça, Flávio Dino, um dos mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse em entrevista na tarde desta quinta-feira, 20, que há uma discussão no governo sobre extinguir ou não o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Caso o órgão seja preservado, também haverá a discussão se o comando fica com um militar ou com um civil.

"A discussão é se haverá ou não GSI. Se houver, se será comandado por civil ou militar", declarou no Ministério da Justiça.

##RECOMENDA##

O debate sobre o GSI começou nesta quarta, 19, depois que o general Gonçalves Dias deixou o cargo. A rede de TV CNN Brasil divulgou imagens de Dias interagindo com invasores no Palácio do Planalto em 8 de Janeiro. Ele ficou sem condições políticas de permanecer no posto.

Dino disse que a saída de Dias foi um movimento normal da política. "Se alguém em cargo de comissão sai não significa que ele seja culpado de qualquer coisa", declarou o ministro.

O ministro afirmou que Ricardo Cappelli, seu secretário-executivo que assumiu interinamente o GSI, está reunindo informações sobre o assunto para a discussão. Quem decide, ressalvou Dino, é o presidente da República. Lula estará na Europa nos próximos dias e só depois resolverá a questão.

Questionado se Cappelli continuaria no GSI, o ministro disse que ele é qualificado para cargos públicos, mas que espera tê-lo de volta no ministério. "Ele me ajuda muito aqui", afirmou.

Flávio Dino declarou que nunca havia visto as imagens de Gonçalves Dias no Planalto durante o 8 de Janeiro. Disse que não acredita que o general estivesse "mancomunado" com os invasores.

O ministro também afirmou que há uma tentativa de "amigos de terroristas" para tirar o foco das investigações sobre o 8 de Janeiro. A oposição ao governo tenta emplacar a versão de que o Executivo foi negligente com a segurança e também tem responsabilidade nos ataques.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal ouça o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marco Edson Gonçalves Dias, em até 48h. Já havia uma determinação de 10 dias em vigor, mas o encurtamento do prazo se dá após o general aparecer em filmagens no 3º andar do Planalto durante os atos golpistas de 8 de janeiro.

O magistrado também pediu que o ministro interino do GSI, Ricardo Cappelli, identifique em até 24h todos os militares e funcionários que aparecem nos vídeos auxiliando os extremistas. A decisão foi emitida nessa quarta-feira (19), mas tornada pública apenas nesta quinta-feira (20) e ocorreu horas após a confirmação da demissão de Dias do Gabinete de Segurança Institucional. A saída foi oficializada após a repercussão das gravações. As novas imagens foram divulgadas pela CNN durante a semana.

##RECOMENDA##

Os militares identificados devem ser ouvidos pela PF dentro do mesmo prazo, caso ainda não tenham prestado depoimento no âmbito das investigações dos atos antidemocráticos.

“[Determino que a Polícia Federal] Identifique todos os militares que aparecem da referida reportagem da imprensa e informe se os mesmos já foram ouvidos, conforme determinação do dia 27 de fevereiro de 2023. Caso não tenham sido ouvidos, os depoimentos devem ser realizados em 48 (quarenta e oito) horas”, informa a decisão.

O texto também determina que a Polícia Federal informe à Corte se as imagens exibidas nesta quarta-feira já haviam sido recolhidas pela corporação, conforme determinado por Moraes no início das investigações. Além disso, o magistrado questiona se todos os depoimentos de militares que faziam parte do Batalhão da Guarda Presidencial e que estiveram presentes no Palácio do Planalto no dia 8 já foram colhidos.

 

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse nesta quarta-feira, 19, que a demissão do general Gonçalves Dias do Gabinete de Segurança Institucional pode ser uma oportunidade para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) repensar o órgão.

"Talvez essa seja uma oportunidade que o presidente já imaginava, inclusive, de pensar o GSI como instituição do Estado democrático de direito", declarou o congressista.

##RECOMENDA##

"O GSI não é e não pode ser o que foi no passado, uma espécie de instituição paramilitar, uma espécie de instituição contra a ordem democrática, uma instituição para monitorar opositores, isso o GSI não pode ser", disse Randolfe.

Dias deixou o cargo mais cedo, depois de serem divulgadas imagens dele dentro do Palácio do Planalto enquanto o prédio era invadido nos ataques de 8 de Janeiro. O então ministro interagia com os invasores.

Randolfe isentou Dias de culpa e disse que ele tentava tirar os invasores de dentro do Palácio do Planalto. Ainda assim, ficou inviabilizado no cargo. De acordo com o congressista, o governo só conheceu as imagens quando elas foram divulgadas na imprensa.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que hesitou em comparecer ao evento em celebração ao Dia do Exército que ocorreu na manhã desta quarta-feira, 19, horas antes de um novo episódio envolvendo os ataques golpistas de 8 de janeiro culminar no pedido de demissão do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Gonçalves Dias.

Em discurso durante evento em que anunciou a recomposição de R$ 2,44 bilhões do orçamento das universidades federais, Lula destacou ter participado mais cedo da solenidade do Dia do Exército, disse não guardar rancor dos militares pelo 8 de janeiro e enfatizou que "o Exército não é mais o Exército de Bolsonaro".

##RECOMENDA##

"Fui para mostrar ‘eu não guardo rancor’. Esse Exército não é mais o Exército de Bolsonaro, é o Exército de Caxias, é o Exército com compromisso constitucional", completou sobre a solenidade.

A fala de Lula vem após a CNN Brasil divulgar um vídeo no qual Gonçalves Dias aparece no Palácio do Planalto, no dia dos atos golpistas, sem confrontar invasores que estavam no andar do gabinete do presidente da República. A revelação levou o titular do GSI a pedir demissão do cargo nesta tarde, após reunião com o presidente.

Essa é a primeira demissão de um ministro do governo Lula. Em nota, a Secretaria de Comunicação da presidência diz que "todos os militares envolvidos no dia 8 de janeiro já estão sendo identificados e investigados no âmbito do referido inquérito. Já foram ouvidos 81 militares, inclusive do GSI". A nota não cita o ministro-chefe do GSI.

Durante a cerimônia com os militares, o presidente afirmou que todos que participaram das manifestações antidemocráticas de 8 de janeiro em Brasília serão julgados. "Nós não deixaremos de julgar cada um dos golpistas porque nesse País não existe espaço para nazista, para fascista e para quem não gosta de democracia."

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando