Além da relação familiar cotidiana, as crianças convivem em ambiente escolar grande parte do tempo. Por isso, às vezes, é comum que elas confundam alguns vínculos de relações, no que diz respeito a professores e as próprias mães. De fato, existem várias semelhanças entre as educadoras da escola e as “educadoras do ambiente familiar”, porém, desde cedo, é importante que tanto mães quanto professoras mostrem aos seus alunos e filhos que elas têm importantes características que são diferentes e fundamentais para o desenvolvimento educacional e emocional dos pequeninos.
Para explicar o motivo que faz as crianças se confundirem, a pedagoga e uma das diretoras do Colégio Apoio do Recife, Conceição Gomes (foto abaixo), conta que isso ocorre por causa dos laços afetivos entre professor e aluno. “Às vezes ocorre de um pequeno pensar que a professora também pode ser a mãe dele, porque ela passa boa parte do tempo com o aluno e constrói laços de confiança, carinho e respeito, como as mães também fazem. A criança pode, sim, transferir o papel de mãe para a professora, mas isso não é o correto”, afirma.
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Visando evitar a confusão na mente dos pequenos, é importante que as próprias educadoras definam para os alunos qual é o papel delas e o das mães. “Ninguém ocupa o lugar materno. A professora jamais pode se achar 'a mãe'. Elas mesmas devem trabalhar com os estudantes esse papel, que é cuidar e sustentar os filhos de várias maneiras, além de dar carinho e amá-los. Cabe à professora mostrar que ela está na sala de aula para educar a todos, mas é óbvio que é importante para o processo educacional das crianças uma relação sentimental e de confiança com as professoras”, diz Conceição. Para a pedagoga, “na medida em que o aluno vê no adulto aspectos positivos e uma boa relação pessoal, o aprendizado fica mais garantido”.
Conceição faz ainda um alerta para as mães que, por alguma razão, não ficam tanto tempo com seus filhos. “O tempo que a mãe passa com o seu filho não quer dizer que ela terá uma boa relação com ele. O que determina um bom relacionamento é a qualidade desse contato entre mãe e filho, e não a quantidade do tempo. Tem mulheres que passam o dia todo com as crianças e acabam não se entendendo, já outras passam menos tempo e conseguem melhores resultados”. De acordo com a pedagoga, a qualidade pode ser encontrada quando a mãe conversa com o filho, o escuta, reserva tempo para brincar com as crianças, entre outras coisas.
Professora sim, mãe não - A professora Camila Fonseca trabalha com educação infantil e afirma que sempre reforça aos alunos o papel dela como professora e o das mães, para que as crianças não se confundam. “É importante fazer essa comparação, mas fortalecendo a função de cada uma. Porém, realmente, há crianças que enxergam na gente uma mamãe, e logo eu quebro esse pensamento”, conta a professora.
Camila também reforça que o carinho da professora para com a criança é importante na formação. “Eu acho essencial, pois ajuda na formação pessoal e dos valores do sujeito. Gosto até de contar uma história de um adulto que encontrou uma senhora numa fila, e ele deu o seu lugar para ela. A senhora questionou quem tinha ensinado essas boas maneiras a ele, e ele respondeu que tinha sido uma professora sua de anos atrás. Só que a professora era ela”, complementa Camila.
A também professora Soraya Souto (foto à direira) pensa como Camila. Porém, ela acredita que pelo fato de ela também ser mãe, fica mais fácil entender o que acontece entre os alunos. “Ser mãe colabora. Eu sou muito sensível para saber o que está acontecendo com os meus alunos. As professoras têm que ter essa sensibilidade materna para conviver com as crianças”, comenta a professora.
Para o bem do processo de aprendizado escolar das crianças, bem como para a formação delas como pessoas, tanto mães quanto professoras são figuras especiais e importantes em todo esse percurso educacional.
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