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Quem foi que disse que só quem pode jogar no celular são os filhos adolescentes, crianças mileniais ou marmanjos? Com o isolamento social, que não permite algumas das formas de lazer com a qual estávamos acostumados - principalmente as que aconteciam fora de casa -, o smartphone pode ser uma forma de diversão, independente da idade do usuário. Neste domingo (10), Dia das Mães, aproveite para inserir a sua "coroa" no universo dos games. 

E nem vale achar que lazer de mãe é conversar com as tias pelo WhatsApp porque tem muita matriarca que gosta ou pode gostar de descobrir nos jogos mobile uma alternativa para passar o tempo. Separamos algumas sugestões que não envolvem tanta dificuldade (pelo menos no começo) para que a sua mãe aproveite esse universo. Confira:

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Two Dots

O game é uma espécie de “ligue os pontos”, gratuito e que funciona offline. Você precisa ligar as bolinhas com cores iguais para que elas sejam eliminadas da tela e surjam mais bolinhas, completando o desafio da fase, que aumentam à medida que o jogador vai passando de nível. São mais de 2700 fases e é possível se conectar ao Facebook para ver quem está jogando também. 

Tenkyu

Aqui o objetivo é rolar a bola através de um mundo 3D até que ela consiga chegar ao objetivo. Sua mãe terá que manobrar cuidadosamente nos vários níveis, deslizando a bolinha com o dedo. Ele também funciona offline, mas, apesar de gratuito, os anúncios podem acabar atrapalhando um pouco a experiência. 

Candy Crush Saga

Clássico. Já foi baixado mais de 25 milhões de vezes na Play Store e é, sem dúvida, um dos jogos mais viciantes para celular. Os desenvolvedores afirmam que tem mais de um trilhão de fases, em que sua mãe vai combinar doces para avançar entre os níveis. Ela já deve ter experimentado no Facebook e, com certeza, vai gostar de jogá-lo novamente.

Hay Day

Sua mãe com certeza deve ter tido aquela fazendinha do Facebook. Pois ela pode ser cultivada do celular! Ela vai poder cultivar cuidar das suas plantações e negociar produtos com os vizinhos e amigos, além de cuidar de uma gama de animais. Jogo de fazendinha com sabor de nostalgia. 

Angry Birds 2

Mas, se sua mãe gosta mesmo é de emoção. Não há maior do que Angry Birds 2. O game é tão viciante que já virou até filme e consiste em atirar uns passarinhos furiosos em cima de uns porquinhos do mal. Você, provavelmente, já conhece, então, chegou a hora de deixar sua mãe tomar partido nessa guerra.

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Conhecida como uma das datas mais importantes do calendário brasileiro, o Dia das Mães, neste domingo (10), será comemorado de uma maneira diferente. Com a pandemia do novo coronavírus, vieram transformações de hábitos, comportamentos e comemorações.

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Em belém, boa parte dos filhos vai passar o dia longe das mães, já que o isolamento social é a forma mais eficaz de prevenção ao vírus. Uns meses atrás, amar era estar perto, próximo. Hoje, a pandemia ressignifica esse ato. Estar longe, não visitar e não abraçar se tornaram prova de amor.

Apesar da distância, a tecnologia ajuda a fazer com que essa data seja especial. A videochamada já se tornou um hábito para algumas famílias.

A empreendedora Larissa Matos está há 23 dias sem ver a mãe e disse que a tecnologia tem ajudado bastante a amenizar a saudade. “Fico triste por estar longe, isolada, sem poder abraçar beijar ou presenteá-la, mas ao mesmo tempo sou grata por minha mãe estar com saúde e tendo responsabilidade em manter o isolamento”, disse.

Socorro Barbosa, que faz parte do grupo de risco, explicou que está há mais de 40 dias em isolamento social e que sente muita falta dos carinhos e da companhia das pessoas que ama. “É difícil devido à dificuldade dessa doença, já que nunca passamos o Dia das Mães separadas”, ressaltou.  

Há também mães e filhos que terão o privilégio de poder passar essa data presencialmente, já que estão desde o início do isolamento juntos.

Segundo a bacharel em Direito Carolina Vilhena, passar essa data junto com a mãe é um privilégio, ainda mais sabendo que estão todos com saúde. “A quarentena tem seu lado bom, nos faz valorizar mais aqueles que estão conosco sempre”, explicou.

“A única coisa que mudou é que todo ano passávamos este dia todos reunidos na casa da minha tia, irmã da minha mãe. Só. Hoje vamos passar só nós duas, com saúde e felizes”, disse Carolina, explicando que essa será a única mudança da comemoração do Dia das Mães.

Maria de Nazaré Vilhena, mãe da Carol, diz ser muito grata a Deus por estar junto de sua filha, o que é maravilhoso para ela, mas lamenta a ausência do filho mais novo, que não vai estar presente. “Só tenho a agradecer a Deus. Sou muito feliz porque meus filhos estão bem”, finalizou.

 

 

Para impedir a disseminação do coronavírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) orientou a população a ficar em casa, o que obrigou muitos trabalhadores a mudarem suas rotinas. Nessa nova realidade, muitas profissionais que também são mães tiveram de se adaptar ao home office, dispensar as babás ou domésticas e conciliar as tarefas do emprego com o cuidado dos filhos e da casa.

Antes da pandemia, o horário de trabalho da personal trainer, Daphine Santana, 34 anos, era o mesmo em que o pequeno Lorenzo Cruz, 3 anos, estava na escola. "Eu tinha o restante do dia para cuidar do meu filho, que é autista. Agora, tento planejar minhas aulas um dia antes, no período em que ele está dormindo", diz ela que, para tentar adaptar o menino à nova rotina, optou por seguir os horários com os quais ele estava acostumado. "O almoço, por exemplo, ofereço no mesmo horário que seria o da escola e com o mesmo cardápio", complementa.

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Daphine Santana e o filho Lorenzo | Foto: Arquivo Pessoal

O isolamento social não altera apenas o cotidiano das mães, os filhos também precisam se adequar ao ensino online, por exemplo. É o caso da empresaria Sandra Turchi, mãe de Lucca Memoli, 9 anos. Além do home office, ela precisa prestar suporte ao filho, acessar as aulas e compreender os conteúdos para dar-lhe auxílio. "Minha mãe mora conosco e me ajuda bastante. Também temos um cachorro que o distrai, além dos jogos online e dos vídeos do YouTube", conta.

Já a vendedora de softwares, Nathalia Soares, 33 anos, mãe de Mariah Soares, 1 ano, conta que dispensou a babá durante o período de quarentena, e que o marido também está de home office, o que dificulta conciliar os horários de trabalho, as tarefas domésticas e os cuidados com a filha. "A pequena está na fase de querer atenção, e por conta disso, precisei organizar melhor as reuniões para sempre ter tempo de brincar com ela. Durante o dia, ela dorme por uma hora. Quando isso acontece, aproveito para dar um 'gás' na casa, comida e nas roupas", conta.

Nathalia Soares é mãe da pequena Mariah | Foto: Arquivo Pessoal

Para distrair a filha, Nathalia tem sido criativa e coloca Mariah para interagir com as tarefas domésticas. "Dou as roupas sujas para ela colocar na máquina, e quando estou cozinhando dou uma panela para ela brincar", diz a vendedora, que encontra felicidade mesmo diante de tantas obrigações. "O lado bom de tudo isso é que todos dias estamos almoçando juntos", finaliza.

Em todo o país, milhares de crianças e adolescentes estão com as aulas suspensas. Alguns, rapidamente tiveram a sala de aula substituída por ambientes virtuais, outros, receberam orientações desencontradas e ainda estão se ajustando à nova rotina. Há ainda quem não foi orientado pela escola e teme não conseguir fazer exercícios online por conta da baixa qualidade da internet em casa. 

A Agência Brasil conversou com mães que contam como estão lidando com o fechamento das escolas e com as medidas de isolamento social para evitar a propagação do novo coronavírus (covid-19). 

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Apenas um dia foi o tempo necessário para que a escola particular em Brasília onde estuda Maria Giulia, 11 anos, passasse a oferecer aulas remotas aos estudantes. A instituição, que já utilizava plataformas online para desenvolver exercícios com os alunos transferiu todo o ensino para o ambiente digital. “As aulas incluem quase todas as matérias, até teatro e educação física, que ela vai ter hoje. Eles filmam o que fazem e enviam para o professor. Eles conseguem ver os vídeos uns dos outros e se divertem”, diz a mãe de Maria Giulia, a juíza federal Katia Balbino.

Katia também está trabalhando em casa, em um computador na frente do da filha. Dessa forma, consegue acompanhar mais de perto o aprendizado dela. A mãe está orgulhosa da filha e satisfeita com a escola. Ela conta que os professores têm falado com os alunos sobre a situação do país e têm mostrado também empatia, dizendo que estão com saudades dos estudantes. Tudo isso, sem deixar o rigor de lado, passando uma série de atividades para serem desenvolvidas em casa. 

A escola também incentiva a comunicação entre os próprios estudantes. “Eles têm parceiros que revisam o trabalho um do outro. Você faz o trabalho, entra em contato com um colega e manda o seu trabalho. Isso gera interação entre eles”, diz Katia. 

“Uma coisa que eu estou gostando é que a gente continua se comunicando com professores e pode ver o rosto dos amigos [o que a plataforma usada permite] sem ninguém se contagiar”, diz, Maria Giulia. “Sabemos que pertencemos a um grupo de privilegiados, que essa não é a realidade da população, mas sabemos também que têm muitas escolas que estão preparadas e que estão dando conta dos alunos”, complementa Katia. 

Quadro de tarefas

Já a escola de Maria Luísa, 15 anos, e João Rodrigo, 10 anos, também particular, em Brasília, não estava tão preparada para uma transição tão rápida. “As diretrizes que foram passadas pela coordenação acabaram se atropelando e sendo contraditórias em um primeiro momento. Uma hora passaram atividades acadêmicas para fazer em casa, depois disseram ‘agora vamos ter vídeo aulas’. A gente vê que, não só a escola dos meus filhos, mas várias instituições não têm preparo para uma realidade como essa”, diz a advogada e professora universitária Susana Spencer. 

O Distrito Federal está com as aulas suspensas desde o dia 12 de março. A primeira semana, segundo Susana, foi de adequação. Em casa, ela diz que não exigiu muito dos filhos. “Deixei eles bem à vontade, como se fossem férias”. Mas, desde o último final de semana, eles passaram a ter uma rotina diária registrada em um quadro de tarefas, que além das atividades escolares prevê também atividades domésticas. “Tenho colocado para eles essa ideia da família, de atuar em prol do grupo. Não pode sobrar para ninguém, se sobrar para mim, por exemplo, eu fico sobrecarregada e outras pessoas não”, diz. 

Segundo Susana, eles estão aprendendo juntos com a convivência e conversando bastante sobre o momento que estão vivendo. Uma das preocupações de João, no entanto, é perder o ano letivo. “Falo que é mais importante se manter saudável do que propriamente o aprendizado. Se ele ficar falho agora, em algum momento, vai ter reposição disso. Não quero trazer mais preocupação diante desse cenário que por si só já é preocupante”.

Sem aulas a distância

No Rio de Janeiro, Júlia, 8 anos, que estuda no Colégio Pedro II, e Caio, 15 anos, que estuda no Colégio Estadual Amaro Cavalcanti não estão tendo disciplinas online. O Colégio Pedro II, que é de administração federal, optou por suspender as aulas e explicou, em nota, que decidiu não dar aulas a distância porque não são todos os estudantes que possuem em seus lares acesso a computadores e à internet e que não é possível garantir que o trabalho docente remoto substituirá a necessidade de reposição das aulas, entre outros motivos.

A própria Júlia está entre esses estudantes que não possuem computador. Ela só tem acesso a celular dentro de casa e a rede de internet é dividida com a vizinha. 

Caio, em breve deverá começar a ter aulas online. A Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc) anunciou que vai disponibilizar, já a partir da próxima segunda-feira (30), aulas no formato, graças a convênio firmado com o Google, na plataforma Google Classroom. 

“Na minha opinião, acho que nada melhor que aula presencial porque as crianças estão ali, interagindo com os outros alunos, tirando dúvidas com o professor. Acho que aulas online não serão 100% não, mas se for o caso de suspensão longa, é melhor ter essa aula, senão vai impactar muito a vida escolar”, diz a diarista Alessandra Santos, mãe de ambos. 

A maior preocupação de Alessandra é, no entanto, alimentar a família. Com todos em casa, a fome também aumenta e o consumo de alimentos. Ela, que recebe por dia trabalhado, está sem serviço por conta do isolamento social. No mercado, ela já observa uma escalada de preço. “A gente vai revezando, um dia frango, um dia ovo mexido, ovo com legumes, para coisas durarem. Não sei o que vou fazer com todo mundo em casa e tendo todas as refeições: café, almoço e jantar”, diz.

No Brasil, há suspensão de aulas em todos os estados. A medida não é exclusiva do país, no mundo, de acordo com os últimos dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que monitora os impactos da pandemia na educação, 156 países determinaram o fechamento de escolas e universidades, afetando 1,4 bilhão de crianças e jovens, o que corresponde a 82,5% de todos os estudanteeducaçãos no mundo.

A AMAR – Aliança de Mães e Famílias Raras, instituição sem fins lucrativos, sediada no Centro Esportivo Santos Dumont, no Recife, milita há aproximadamente cinco anos pela causa das pessoas com doenças raras e seus cuidadores, tendo recente papel de destaque, dentre outros, na assistência às demandas geradas pela Síndrome Congênita do Zika Vírus em Pernambuco. A entidade atende atualmente mais de 400 cidadãos e suas famílias com estas síndromes. 

Pernambuco é o Estado que mais acumula casos notificados de microcefalia pela Síndrome Congênita do Zika Vírus com quantitativo aproximado de 1700 casos notificados totalizando quase metade de todos os casos do país.

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Um dos principais lemas da AMAR é cuidar de quem cuida. Pensando nisso, os nossos olhos voltam-se para as pessoas cuidadoras que acabam sendo o principal caminho para a pessoa com deficiência conviver com dignidade nessa sociedade.

A figura da cuidadora deve ser considerada pela pessoa que possui laços afetivos e representa a principal referência de família para a pessoa com deficiência. Há familiares que assumem todos os cuidados da pessoa com deficiência e desenvolvem este papel com muito amor e renunciando, na grande maioria das vezes, sua própria vida.

Cumpre informar que, na sociedade machista em que vivemos, na esmagadora maioria das vezes, quem assume este papel e toda esta carga de responsabilidade são as mães, grandes companheiras de toda uma trajetória de vida de seus filhos, e que em mais de 70% dos casos, são abandonadas pelos companheiros.

Visando qualificar este público, surgiu a oportunidade da parceria entre o Instituto Êxito de Empreendedorismo e a AMAR, para o oferecimento de cursos online e gratuitos.

“As oportunidades para estudar são escassas e, infelizmente, a dinâmica de cuidar de uma pessoa com deficiência não é fácil, tirando as chances das cuidadoras concorrerem em pé de igualdade com as demais pessoas que possuem mais tempo para se dedicar aos estudos e é aí que entra a plataforma de cursos que o Instituto vai disponibilizar para auxiliar nessa capacitação”, reforça o presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo. Janguiê Diniz.  

Os cursos online irão oferecer oportunidades de qualificação para que as cuidadoras possam transformar sua perspectiva de futuro. Ser uma empreendedora fomenta uma melhora na qualidade de vida tanto sua, quanto da pessoa com deficiência sob a sua responsabilidade. “Garantir educação como direito básico, conforme preceitua a Constituição Federal, é respeitar a especificidade das pessoas cuidadoras que precisam de uma estrutura diferenciada”, complementa o coordenador do Comitê de Responsabilidade Social do Instituto Êxito de Empreendedorismo.

Sobre o Instituto Êxito

O INSTITUTO ÊXITO DE EMPREENDEDORISMO é o resultado de um sonho que envolve empreendedores visionárias dos mais variados segmentos do Brasil, e que hoje já conta mais com mais de 400 sócios, que compactuam de um mesmo propósito: fazer do empreendedorismo a turbina para alavancar vidas e histórias.

O Êxito tem a filosofia de que, independente da classe social e econômica, qualquer pessoa pode transformar suas ideias em ações que mudem e melhorem a realidade e a comunidade na qual vive. Por isso, nasceu com o objetivo de estimular o dom empreendedor dos jovens, especialmente os de escolar públicas, onde há muitos talentos escondidos e boas ideias a serem impulsionadas.

Nomeada como uma instituição internacional e sem fins lucrativos, seu principal plano de ação está em oferecer uma plataforma de cursos online e gratuitos, além de diversas ações voltadas para o fomento ao  empreendedorismo.

Serviço

Data: 09 de março de 2020

Local: Centro Esportivo Santos Dumont

Hora: 15h

Na luta por inclusão social e tratamento digno na rede pública de saúde, um grupo de mulheres decidiu unir esforços para representar as pessoas com deficiência na Câmara dos Vereadores do Recife. Encabeçada pela ex-deputada estadual Terezinha Nunes, a chapa conjunta reúne outras três mulheres: uma mãe de uma criança com microcefalia, outra com um filho autista, além de uma cadeirante.

Na manhã desta sexta-feira (7), a pré-candidatura pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) foi lançada no Centro do Recife, com a presença de grupos em defesa do atendimento multidisciplinar para tratar as particularidades de cada caso. “Existem realidades muito fortes de pessoas que buscam tratamento, de pessoas que buscam ser incluídas na sociedade, e a gente sente isso na pele, tanto com os nossos filhos ou como no caso de Cibelle [amiga de chapa]”, avaliou a candidata Carolina Aleixo, mãe de um garoto autista.    

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Por representatividade e voz ativa na gestão pública, a cadeirante Cibelle Albuquerque explica sua decisão de entrar na vida política. “A mulher com deficiência vive numa vulnerabilidade muito grande e precisa ter esse olhar. Quantas mulheres estão em casa e com medo de tá na rua por sofrer violência ou por sofrer preconceito? A gente precisa mudar essa realidade”, cravou.

Elas também evidenciam o desgaste das mães que lutam por direitos judiciais e sociais para que os filhos sejam assistidos. Germana Soares, mãe de um menino com microcefalia em decorrência do zika vírus, explica que muitas delas também precisam de assistência, visto que, se doam integralmente para os pequenos. Por isso, as candidatas pretendem criar uma frente na Câmara e tentar transformá-la em uma comissão permanente para que o compromisso com as demandas de pessoas com deficiência seja mantido. “É uma luta de mulheres”, afirmou a ex-deputada Terezinha Nunes.

“Quantas vezes a gente não elege alguém e não ouve nem falar o que aquele político fez por nós? Então, como a gente faz parte dessa causa, vamos dar resposta às pessoas. A gente quer trazer resultados e lutar de verdade para que as pessoas sejam tratadas com dignidade”, pontuou Carolina ao evidenciar a transparência que a chapa pretende manter durante o mandato.

A ex-deputada Terezinha Nunes é responsável pela antiga Frente Parlamentar em Defesa das Pessoas com Deficiência na Alepe, ela exalta a união de mulheres da chapa e revela uma contraposição à velha política pelo que define como "voto de opinião". “O povo ficou muito desgastado com os políticos, então ouve o recado que a sociedade estava cansada de individualismo na política, e as pessoas não estão mais querendo sair de casa para isso”, frisou.

Terezinha acredita que o coletivismo e pluralidade das chapas ganharão força nas eleições de 2020. Ao analisar o novo modelo, ela criticou os antigos métodos para conquistar o eleitorado. “Quem tem reduto eleitoral e base de bairro ainda vai conseguir o voto é muito comprometido e alguns até comprados”, concluiu.

Neste domingo (8) é comemorado o Dia da Família. A data serve para lembrar a importância da convivência familiar e a importância desse laço. As famílias não são formadas apenas por filhos, pai e mãe, existem famílias com avós e netos, mãe e filho, pai e filhos, entre outros. O importante é o cuidado e o carinho.

Algumas pessoas chegam a planejar tudo, pensar cada detalhe antes de constituir uma família, seja por um desejo pessoal ou com um parceiro. Mas, também existe a gravidez inesperada, onde um casal passa a doar o amor e carinho da mesma maneira de quando há um planejamento familiar. É o que aconteceu com a agente de saúde Camila Geovana Lucatelli, 25 anos. "A gravidez não foi desejada. Foi muito cansativa, passei muito mal, tive um parto difícil com muita dor, meu puerpério foi cheio de surpresas. Mas é muito bom, é um amor inexplicável. Ela me completa", lembra.

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Camila afirma que a maternidade e o fato de formar sua família com o marido, Matheus Meneghetti Silva, 26 anos, mudou muitas cosias em sua vida, principalmente o fato de sentir um amor incondicional por outra pessoa. "Quando eu era a filha, a neta e a sobrinha, eu escutava que minha vida mudaria. Aprendi a ser mais paciente, dar mais valor à vida e as pequenas coisas. O amor por um filho é tão grande que a gente se torna capaz de tudo por um pequeno 'serzinho'", comenta.

Camila e Matheus tiveram a primeira filha há sete meses | Foto: Arquivo pessoal

O sonho de gerar uma criança costuma ser mais desejado entre as mulheres, mas, também há homens que sonham em ter um bebê para chamar de seu. Foi o que aconteceu com o médico de família e comunidade Wagner Alexandre Scudeler, 41 anos. "Sou solteiro e homossexual, tenho duas irmãs casadas, mas não tenho sobrinhos, ou seja, meus pais não tinham netos. Sempre gostei de crianças, atendo pediatria também como médico. Decidi partir para barriga de aluguel nos Estados Unidos, por meio da Tammuz", conta.

Na legislação brasileira só é possível a realização do processo de "barriga solidária", que é quando uma mulher que tenha parentesco de até quarto grau (mãe, irmã, tia ou prima) com um dos futuros pais cede o útero para gerar o bebê. Pelo processo da Tammuz, as gestações são feitas no exterior, em países que aceitam a realização do procedimento de surrogacy, que significa gravidez por substituição ou como é popularmente conhecido, "barriga de aluguel".

O filho de Scudeler nasceu em abril deste ano. Para ele, a paternidade trouxe mais obrigações, além de um sentimento que ele só conheceu depois que se tornou pai. "Você percebe que não vive só para si. Em primeiro lugar está o meu filho, a minha família. Você percebe que não é mais um indivíduo, que há uma família atrelada a você para sempre. Todas suas decisões, toda sua conduta será pautada pensando em sua família", afirma.

Wagner Scudeler realizou o desejo de ser pai por meio da "barriga de aluguel" | Foto: Arquivo pessoal

Para quem acha que as vezes é tarde para começar uma família com filhos, a aposentada Aparecida Maria de Oliveira, 57 anos, discorda. Após sete anos na fila de adoção, ela finalmente conseguiu adotar um menino em agosto. "Eu sempre tive o sonho de ser mãe e decidi ir para fila de adoção. A maternidade é um grande presente de Deus, uma dádiva, além de ser uma enorme mudança na vida. Antes eu era sozinha, agora me dedico a ele", conta.

Durante anos na fila de adoção, Aparecida estava quase desistindo quando soube que era sua vez de adotar uma criança e realizar o sonho. "A família para mim sempre foi a união. Minha família sempre foi maravilhosa e, agora, eu estou formando a minha própria família. Eu vim de um berço humilde, mas de muito caráter e sabedoria e quero passar tudo isso para o meu filho", diz Aparecida.

Aos 57 anos, Aparecida de Oliveira começou a formar a sua própria família | Foto: Arquivo pessoal

O conceito de que uma família precisa ter uma estrutura com pai e mãe não corresponde com a realidade da maioria das famílias do Brasil e do mundo. "Antes havia uma ideia equivocada de que uma família que não fosse formada com essas características era uma família desestruturada, fato que hoje em dia não é mais aceitável. O que descreve uma família é o vínculo e desenvolvimento de papéis de cuidado, compartilhamento de papéis em um sistema de valores e cultura", finaliza a psicóloga da Televita Erica Coelho.

Uma gravidez conturbada, perda de líquido ou de sangue, repleta de sintomas que trazem preocupação e mal-estar psicológico. As histórias sobre nascimentos de prematuros têm vários fatores em comum, mas no centro de todos estão mães que passaram por situações físicas e mentais extremamente desgastantes e lutam pela vida de bebês que podem ser tão pequenos quanto a palma da mão.

O Brasil apresenta estatísticas alarmantes sobre a prematuridade. Uma em cada 10 crianças brasileiras nasce antes de 37 semanas de gestação, de acordo os dados do Ministério da Saúde. E isso se reflete diretamente no bem-estar da família e das mulheres. O mês de novembro, além da conscientização sobre o câncer de próstata em homens, foi escolhido também para tratar o tema da prematuridade.

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Para discutir o assunto, o Hospital Universitário de Brasília (HUB) promoveu, hoje (22), o painel Prematuridade: o cuidado centrado na família. Considerado referência no tratamento de crianças prematuras, o hospital já recebeu, apenas em 2019, mais de 200 bebês prematuros.

“Idealizamos um bebê totalmente diferente. Toda mãe pensa que aquele bebê que ela está gestando vai, assim que sair, para o colo. Mas a realidade neonatal dos prematuros é bem diferente. Eles vão direto para o auxílio da respiração mecânica”, explicou a especialista neonatal Lizandra Paravidine Sasaki, chefe da UTI Neonatal do HUB. “Esse grupo de pacientes existe, e eles precisam ser escutados. A rede de apoio e o suporte dessas famílias não vêm apenas da obstetrícia ou da ginecologia, vêm de uma equipe multidisciplinar que conta com psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais. Os cuidados precisam acontecer não apenas durante a fase crítica do bebê, mas durante todo o tratamento da família”, disse a doutora.

Saúde mental

Para Evandro de Quadros Scherer, doutor em psicologia clínica e pesquisador, o elo psicológico com o recém-nascido pode ser afetado pela necessidade de cuidados especiais. “Esses bebês quando nascem não estão com a psiquê completamente desenvolvida. O laço da relação com o filho é dificultado pela distância da UTI neonatal. É uma criança que não é aquele bebê idealizado, que não é aquele bebê coradinho, gorduchinho. São fatores que atrapalham a criação de vínculos psíquicos entre mãe e filho”.

Outro quadro possível é o de depressão pós-parto. De acordo com Scherer, a idealização da vida materna pode se tornar uma enfermidade quando o quadro de saúde do bebê não evolui como deveria. “A mulher cria uma imagem completamente diferente da maternidade, e os problemas da prematuridade podem se tornar empecilhos na criação de um vínculo materno e do investimento afetivo necessário”, explicou.

O valor do pré-natal

Bruna Heloísa Sousa, mãe de Samuel, que nasceu com 37 semanas de gestação e agora tem 2 meses, passou a compreender o valor do acompanhamento pré-natal após uma gravidez conturbada. Após ter dengue, zika, perda de líquido amniótico e sangramentos, o pequeno Samuel surpreendeu a mãe por ter nascido com síndrome de down. “Eu achava que o pré-natal era chato. Todas as consultas eram iguais. Mas entendi depois que cada exame é diferente, que cada fase trata de uma coisa diferente. Se eu pudesse voltar atrás e fazer, faria certinho”, lamenta a mãe de Samuel. “Se eu pudesse dar um conselho a todas as mamães do Brasil, eu diria: façam o pré-natal. A gente acha que é besta, mas é muito importante”.

Em meio ao surto do vírus Zika que impactou milhares de famílias pelo Brasil, entre 2015 e 2016, nasceu a pequena Nicole, em Salvador, na Bahia. Enquanto a mãe Ingrid Graciliano aguardava a chegada da filha, que completa 4 anos este mês, o susto: um diagnóstico de microcefalia. A doença da filha a afetou emocionalmente. Ingrid passou a desenvolver os primeiros sintomas da depressão pela novidade, pela quebra de expectativa e por imaginar os cuidados e a luta que seria criar Nicole.

Hoje, ela é a presidente da Associação de Anjos da Bahia e compara a situação a um luto, o que levou à depressão, doença que atinge muitas mães e cuidadoras de crianças afetadas pela síndrome congênita do Zika. “A depressão veio depois que eu tive Nicole e se potencializou ainda mais. Olhava para ela e via que não me acompanhava com o olhar porque tinha baixa visão, né. Aquilo me doía muito. Eu amamentava e ela não olhava pra mim. Não é um luto passageiro, é um luto eterno porque a gente sempre vai procurando aquela criança que a gente sonhou”, disse.

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Segundo ela, a situação da filha gera um desgaste psicológico muito grande. “Eu me separei do meu marido, tive um quadro de depressão muito crítico, pensamentos suicidas, comecei a tomar ansiolítico. Tinha uma vida plena antes, trabalhava, estudava e não poderia me colocar no mercado de trabalho porque tinha de cuidar daquela criança ali.”

Ingrid disse também que a falta de apoio familiar e suporte de políticas públicas para os cuidadores das crianças influencia no agravamento do quadro depressivo. Segundo a presidente da associação, quase 80% das crianças afetadas pelo Zika foram deixadas pelo pai e dez mães da associação já tentaram suicídio.

“É preciso cuidar de quem cuida”. É o que defende, com unhas e dentes, a psiquiatra Darci Neves, também epidemiologista e professora do instituto de saúde coletiva da Universidade Federal da Bahia, depois que realizou um estudo preliminar sobre quem cuida das crianças afetadas pelo vírus. “A expectativa de uma família perante algo tão inusitado como foi a síndrome congênita do Zika, nos fez pensar que pudessemos aliviar esse sofrimento. Pensamos em cuidar de quem cuida. Se isso não for feito, a criança também não é beneficiada”, afirmou a médica.

Segundo a psiquiatra, o estudo foi realizado com famílias de 165 crianças que foram impactadas, de alguma forma, com o surto do zika vírus, entre 2015 e 2016, em Salvador. O resultado, de acordo com ela, era previsto na literatura médica, mas a confirmação de que uma a cada três pessoas que cuidam dessas crianças apresentam diagnóstico de depressão. E a maior parte, 90%, é de mães.

Para a especialista, a síndrome congênita do Zika vírus gera o fator surpresa na família e ocasiona o estresse que pode levar à depressão. Além disso, ela considera necessária a elaboração de políticas públicas que deem suporte a quem cuida dos pequenos, principalmente as mães.

Estudo

Com o título Desenvolvimento Infantil na Comunidade, a equipe que a médica coordena acompanhou as 165 crianças de até 3 anos de idade, em Salvador. Todas foram afetadas, de alguma forma, pelo surto do Zika: podendo ser microcefalia, hidrocefalia ou sem interferência na aparência do bebê, mas de caráter neurológico.

Nessa avaliação sobre o desenvolvimento dessas crianças, a pesquisa analisou três fatores: cognição, motricidade e linguagem. No fim das contas, o estudo aponta uma idade mental de 1 ano de idade, em crianças de 3 anos. “Há muitas outras alterações neurológicas que não necessariamente acontecem na cabeça. Essas alterações que atingiram o cérebro da criança tem um poder de dano muito grande. Observamos que as funções cognitivas estão abaixo do que disseram. A gente encontrou esses percentuais elevados para funções cognitivas, para a função motora e de linguagem”, disse Darci.

No desenvolvimento motor, por exemplo, foi avaliada a capacidade de agarrar objetos, andar e pular. Em mais de 80% das crianças avaliadas apresentaram atraso, em relação a outras crianças da mesma idade. A capacidade cognitiva, como percepção, memória e raciocínio foi afetada pelo Zika em 79% dos pequenos. E quanto à linguagem, o estudo revelou um atraso em relação à idade em 78% das crianças avaliadas.

Foi na capital baiana que o vírus da doença foi identificado pela primeira vez, em 2015, em pacientes infectados. A microcefalia se tornou a complicação mais conhecida em bebês de mães que tiveram o vírus Zika, mas existem outras complicações, como problemas motores e neurológicos que podem afetar a visão, a audição e o desenvolvimento da criança.

Cerca de 60% das mães participaram da pesquisa, coordenada pela professora da UFBA, Darci Neves, com financiamento de agências de pesquisa Capes e CNPq e do Ministério da Saúde. Caso o financiamento seja mantido, o próximo passo do estudo é analisar o desenvolvimento dessas crianças na fase escolar, nos próximos anos. Só assim vai ser possível embasar a elaboração de políticas públicas às crianças e familiares afetados pelo Zika.

A superlotação e a estrutura das maternidades da Região Metropolitana do Recife (RMR) acentuam a realidade desumana vivenciada pelas gestantes que recorrem aos serviços da rede pública. Os relatos de violência obstétrica - física e psicológica - se assemelham. Expressões como "me trataram feito bicho" ou "fui humilhada" são repetidas com amargura por mulheres que passaram por essa experiência em meio à desorientação. O LeiaJá conversou com mães que foram agredidas e suportaram uma das principais violências contra a mulher: perder o direito natural de ter um filho com liberdade.

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Em meio ao alto risco de infecção, a cultura da violência obstétrica é sustentada entre o sonho de ser mãe e o medo de morrer junto ao filho. Mulheres contam que saíram da maternidade com a dignidade despedaçada por profissionais de saúde, e hoje, recusam a ideia de ser mãe novamente. No dia a dia, sua determinação já é posta à prova. Na maternidade, ela torna-se a única companheira. 

“Volte para casa. Tudo está normal”  

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A dilatação do colo do útero e a sincronia das contrações avisavam que Ellem Cardoso, mãe de duas crianças, teria o seu terceiro filho. Tida como uma gestação de baixo risco, no dia 28 de dezembro de 2018, com 34 semanas, ela decidiu buscar apoio no Hospital Agamenon Magalhães, no bairro de Casa Amarela. Na consulta, a mãe de 24 anos expôs preocupação ao enfermeiro, devido à posição pélvica do feto, como resposta, recebeu analgésicos e o pedido que retornasse para casa. Afinal, tudo caminhava bem.

No dia 3 de janeiro de 2019, na 35ª semana da gestação, Ellem procurou a Maternidade Professor Barros Lima, situada no bairro de Casa Amarela, após o resultado de um exame de ultrassom, o profissional que a avaliou indicou um "probleminha no líquido (amniótico)", mas recusou-se a explicar as consequências da complicação e mandou que a gestante perguntasse a outro profissional. Em busca de respostas, Ellem viu mães praticamente amontoadas entre os corredores, todos aqueles olhares competiam a atenção dos enfermeiros e suplicavam por apoio emocional. Na triagem, novamente foi-lhe dito que tudo estava normal, acompanhada de uma nova despedida.

"Pode se conformar"

Após uma madrugada insone, sofrendo com as dores do trabalho de parto, já era dia 18 de janeiro, quando Ellem chamou a mãe para seguir, novamente, para a Maternidade Barros Lima. Ela preencheu a ficha de atendimento às 5h30, entretanto, só foi atendida de fato cerca de quatro horas e meia depois, às 10h, junto de uma notícia perturbadora.

Ela ainda não sabia sobre a saúde do filho, quando percebeu a enfermeira vindo em sua direção. Na esperança que fosse encaminhada para um leito ou para a sala de cirurgia, foi-lhe dito da forma mais banal possível que a criança estava morta. "Ele já está morto. Pode se conformar, por que eu não posso fazer nada. Vou saber se tem uma ultrassom para você fazer, se não, vou ter que estourar sua bolsa".

Ela garante que sentia o filho se movimentar no ventre e, até hoje, se opõe ao diagnóstico: "Antes de estourar a bolsa, o menino tava mexendo, e quando eu subi (para a sala de parto), eu ainda senti o pé dele mexendo na minha barriga, minha irmã até viu!", recorda Ellem. A enfermeira repetia, "ele tá mexendo não, tá morto já (sic)", diz a jovem.

Ellem Cardoso é mãe de outros dois meninos de 7 e 3 anos. Em nenhum desses partos, sofreu tanto como no do último. Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens

Inconformada, Ellem seguiu para a sala de parto, enquanto recuperava-se da tragédia. No local, sua bolsa foi rompida à força, pouco antes de ser exposta a um novo revés. “Ele fez cocô dentro da sua barriga e você vai ter ele normal", foram as palavras da enfermeira. A profissional não dava ouvidos para a mãe, que questionava sobre o alto risco de infecção.

"Eu não quero fazer cesárea. Quero que você tenha ele normal e vai ter!", afirmava a médica responsável, relembra Ellem. Após uma experiência invasiva, parturientes relatam que os médicos e enfermeiros sentem-se ‘donos’ e as tratam como objetos, suprimindo sua autonomia. Eles realizam procedimentos e ministram remédios sem que as mães, sequer, tenham o devido conhecimento de qual medicação se trata.

A perda do filho machucava junto com percepção de que o direito sobre o próprio corpo havia sido usurpado. Os únicos diálogos com as enfermeiras, reprimiam violentamente suas lamentações, "não adianta chorar não. Eu não vou trazer a vida dele de volta", conta a mãe. O parto foi induzido.

Fragilizada, Ellem reunia os fragmentos da dignidade para expelir o filho morto e ‘pôr fim’ ao martírio. "Grite não que é pior pra você. Tem que fazer força para botar para fora (sic)", era dito, enquanto feto e placenta eram retirados com agressividade. O uso violento de 'pegadores' deixaram seu útero muito ferido. Ela relembra que a placenta estava toda 'estourada', antes de um novo remédio, acompanhado de outra negativa de explicação, "não posso falar nada não. Depois pergunte lá à doutora", dizia a enfermeira para a parturiente. 

A mulher não tinha ciência das causas que motivaram a morte da criança. Dois dias depois estava livre daquele ambiente repressor.

Dados do Governo de Pernambuco mostram que a mortalidade materna está voltando a crescer no Estado. Especialistas apontam que isso deve-se ao caos da obstetrícia em PE. Imagem Divulgação

Já em casa, foi socorrida com febre alta no dia 23 de janeiro. A princípio, o vizinho a levaria para a própria maternidade, mas Ellem recusou. Não conseguia pisar novamente em um local onde lhe cravou cicatrizes tão profundas. Preferiu voltar ao Hospital Agamenon Magalhães, onde exames despertaram a suspeita de 'resto de parto' da placenta picotada dentro de si. Em cinco dias de internação, além da confirmação da hipótese, ela descobriu que o útero estava infeccionado devido ao contato com as fezes do bebê.

Recuperada com antibióticos, ela segurava atestado de óbito do filho quando percebeu que o tempo de vida do bebê passava dos nove meses. Durante o tempo de acompanhamento médico no Posto de Saúde da Família (PSF), Ellem acreditava que o bebê estava com apenas oito meses, só depois entendeu que os profissionais do pré-natal erraram a contagem. A mãe afirma que um parto cesariano teria salvo a vida do seu filho e evitado tanto sofrimento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), indica que "é fundamental que todos os partos sejam assistidos por profissionais de saúde qualificados, uma vez que o tratamento oportuno pode fazer a diferença entre a vida e a morte da mãe e do bebê. A infecção após o parto pode ser eliminada se uma boa higiene for praticada e se seus primeiros sinais forem reconhecidos e tratados em tempo oportuno." 

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A incerteza e a mentira

Assumir a responsabilidade da gravidez na adolescência, aumenta o risco de complicações e mortalidade, segundo a OMS. Assim, enquanto essas menores lidam com a instabilidade hormonal e o delicado processo de autoconhecimento, jovens entre 10 e 19 anos sobrecarregam-se psicologicamente e concluem da pior maneira possível que a maternidade não deveria ser romantizada. 

Amanda*, uma adolescente de 16 anos, sofreu para dar à luz a sua primeira filha. Entre desmaios a caminho do trabalho e sangramentos espontâneos, os riscos ao feto aumentavam progressivamente quando a jovem apresentou o quadro de bolsa rota - que é quando a membrana amniótica se rompe sem que a mulher esteja em trabalho de parto. 

Sua gestação era classificada como alto risco, por isso, a adolescente escolheu o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), no bairro da Boa Vista, área central do Recife, para conceber a filha. 

Era dia 9 de maio, quando a gestante deu entrada na unidade de saúde, lutando pela sobrevivência da criança de 34 semanas. Porém, os profissionais da instituição não reconheceram a mesma urgência. Um exame de ultrassom foi realizado após cinco horas desconfortáveis em uma cadeira, de onde Amanda tentava controlar a dor e via enfermeiras trabalhando a passos lentos.

A permanência prolongada dentro do útero, com pouco fluído, praticamente atestava a morte da bebê. Enquanto esperava por atendimento, o líquido amniótico transcorria pelas pernas de Amanda. Com todas as dificuldades, a cada segundo, mãe e filha tornavam-se mais propensas à infecção.

A mãe acredita que a negligência resultou nas limitações do lado direito do rosto do bebê. Júlio Gomes/ LeiaJá Imagens

A adolescente percebeu que não teria atenção da equipe médica quando o resultado do exame confirmou a baixa. O líquido não parava de sair e a obscuridade das poucas informações obrigaram a adolescente a transitar entre setores, subindo e descendo escadas. Amanda recorda que os profissionais diziam que o líquido devia ser urina, apontando a jovem como mentirosa.

Por nada lhe ser esclarecido, a gestante temia não sair da maternidade com a filha. Além disso, segundo ela, seu prontuário não estava sendo preenchido, aumentando os desacertos e a contradição entre diagnósticos. Quando sentiam interesse, alguns profissionais repassavam informações -totalmente diferentes das que os outros colegas haviam dito. Sem informações, Amanda recorria à internet na tentativa de descobrir o que passava.

Ela chorava ao pensar que sua concepção de maternidade acolhedora tinha dado lugar àquele tratamento desumano. O pavor era maximizado em sua cabeça, afinal, trata-se de uma menina de 16 anos, sem experiência outra com a maternidade.

As agressões prosseguiam com os repetitivos exames de toque. "Eu não consegui nem fazer xixi. Eu mal conseguia andar", lembra a parturiente. Por várias vezes, sua intimidade era ferida por cada enfermeiro.

“Quem é pobre não escolhe”

Depois de ter sido mandada para casa e, em seguida, procurado novamente atendimento, a obstetra que atendeu Amanda confirmou o parto e garantiu que seu nome já estava na lista de cirurgias, era dia 11. A partir daí, o tempo tornou-se inversamente proporcional às dores e a ansiedade da jovem.

Às 16h, revisitava as escadarias a caminho da sala de pré-parto. Mas cadê a médica? A criança prematura e pouco líquido na bolsa não impediram que uma troca de plantão encerrasse seu expediente. A obstetra foi embora sem realizar o procedimento ou deixar algum tipo de encaminhamento - e até esclarecimentos para aquela que seria mãe de ‘primeira viagem’.

A jovem não conseguia reivindicar, então, aguardou a mudança de turno e, às 19h, outra equipe declarou que a médica havia errado. A dilatação tratava-se de uma simples “polpa de dilatação”. Ela foi mandada de volta a triagem e as incertezas continuavam lhe deprimindo.

Dois dias depois (13), uma nova promessa: seu parto estava realmente marcado. Por isso, foi instruído que não ingerisse alimentos ou líquidos a partir das 16h. Mais uma visita ao pré-parto, desta vez, com a crença e o devaneio de que seria a última.

Nesta sala, segundo os relatos colhidos pelo LeiaJá, mães são alocadas sem privacidade e é típico vê-las sendo reprimidas pelas enfermeiras. "Na hora de fazer não foi bom?", "se você chorar não vou te atender" ou "deixe de ‘frescura’, pois vai ser pior". São profissionais que pisam na integridade das parturientes, momentos antes do parto. Gritos de dor e os pedidos de ajuda sem resposta fazem com que as próprias mães apoiem-se umas nas outras para suprimir a indiferença da equipe médica através da sororidade. Neste panorama, a jovem era torturada pela fome e sede, porém, aliviada porque sairia daquele ambiente degradante.

Minutos antes do nascimento, Amanda não sabia como seria o parto de sua bebê, mesmo imaginando que seria tratada com rispidez, decidiu perguntar. A resposta veio como imaginou: "Você vai ter ele como eu quiser, isso aqui é SUS. Pobre não tem direito de escolher nada", foi a fala da enfermeira, de acordo com a jovem. Mais uma vez, foi ordenado que voltasse à triagem, desta vez com a revelação de que a UTI não tinha disponibilidade para a recém-nascida, pois todas as incubadoras estavam ocupadas.

A primeira experiência deixou traumas que serão difíceis de esquecer. Júlio Gomes/LeiaJá imagens

Contra o tempo

A mãe de Amanda, que não quer se identificar, já havia registrado denúncia em todos os setores, inclusive na direção geral do hospital. Essa era a única forma ao alcance para salvar a neta e a filha. Sem mobilização da unidade, a saída foi externar as queixas buscando a Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA), o conselho tutelar e a imprensa local para divulgar as atrocidades que a adolescente estava sendo submetida. A pressão não surtiu o efeito esperado, mas garantiu que a situação da garota fosse ouvida.

O bebê agonizava dentro do ventre da mãe. Devido à emergência, Amanda seguiu para a sala de cirurgia, dominada por medo e anseio. Alguns detalhes fugiram da sua memória, talvez por autodefesa, mas lembra que estranhou não ter pego a menina no colo. A adolescente só conheceu a pequena no berçário, onde outra médica revelou que "se não tivesse tirado naquele dia, minha filha teria morrido", recorda Amanda emocionada.

A bebê nasceu com aproximadamente 35 semanas e ficou internada para tratar a aceleração cardíaca. O lado direito do seu rosto estava paralisado – Amanda descobriu que, devido à baixa quantidade de líquido na bolsa, a mão direita da menina ressecou repousada em seu rosto. A internação perdurou por quatro dias em uma cadeira, onde aprendeu como cuidar de um bebê de forma empírica. A pequena já vai para seu segundo mês de vida, mas antes do nascimento já batalhava para sobreviver. A mãe tenta apagar o trauma da maternidade e ensinar para a filha que, independente da situação, o respeito à condição humana deve vigorar.

Tais narrativas unem o apelo por humanização nas maternidades públicas de Pernambuco e expõem o tratamento hostil a que parturientes são submetidas diariamente. Mulheres precisam batalhar pela vida de seus filhos, onde direitos fundamentais preconizados pela Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde são ignorados. Elas, que só esperam atendimento digno, saem dos hospitais deprimidas com a dura realidade. 

O que dizem as maternidades

Diante das denúncias apresentadas no relato de Ellem Cardoso, a Secretaria de Saúde do Recife, responsável pela Maternidade Professor Barros Lima, respondeu a reportagem do LeiaJá em nota. Confira na íntegra:

“Após análise do prontuário dos atendimentos da paciente na Barros Lima, a direção da Maternidade verificou que a mesma deu entrada na unidade no último dia 2 de janeiro, alegando sentir uma diminuição de movimentos fetais. Ela foi examinada, e nada foi constatado. A maternidade a encaminhou para um exame de ultrassonografia obstétrica, realizado no dia seguinte, com resultado normal.

A paciente voltou à Barros Lima na sexta-feira (18), com 4 centímetros de dilatação. Desta vez, não houve escuta fetal. O feto estava morto.

No prontuário que consta na Maternidade há relato de familiares alegando que, no dia 26 de dezembro, durante o pré-natal, a paciente fora diagnosticada com uma infecção urinária. Foi-lhe receitado um antibiótico. Ainda segundo consta no prontuário, a jovem não seguiu o tratamento, com receio pela gravidez. O uso de antibiótico foi reforçado em seu atendimento na Maternidade Barros Lima, no dia 2 de janeiro.

Seguindo todos os protocolos, o caso será encaminhado aos comitês da Secretaria de Saúde para averiguação.”

A assessoria do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), também emitiu nota em resposta ao caso da adolescente Amanda. Confira na íntegra:

"O IMIP informa que a paciente de 16 anos, grávida, com bolsa rota prematura e 33 semanas de gestação, foi acompanhada na enfermaria de gravidez de risco da Instituição, recebendo, nesse período, toda a orientação e o atendimento necessários. Em razão das condições gestacionais da paciente foi realizado um parto cesárea. A criança nasceu com 2,53kg e recebeu alta, juntamente com a mãe, apresentando boas condições clínicas.

A maternidade do IMIP realiza partos normais em apresentação pélvica, seguindo critérios de elegibilidade, condição clínica da gestante e do feto e de acordo com todos os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde."

*Nome fictício para evitar exposição da menor

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Mães de crianças com microcefalia da síndrome congênita do zika vírus realizam um protesto em frente à sede do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na área central do Recife, nesta quinta-feira (18). Sem motivo aparente e sem aviso prévio, 22 mães pararam de receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), no valor de um salário mínimo.

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A presidente da União Mães de Anjos (UMA), Germana Soares, foi uma das mães que foi pega de surpresa. “Quando chegou a data que era para receber, o dinheiro não estava na conta. Isso aconteceu comigo, compartilhei com as minhas irmãs de luta e para o meu susto outras irmãs estavam na mesma situação. Isso está acontecendo em todo o estado”, explica Germana. Segundo a UMA, há 438 crianças com microcefalia em decorrência da zika e 400 mães recebem o BPC.

Germana afirma que o INSS tem solicitado um prazo de 30 a 85 dias para dar uma resposta. "Nesse tempo a gente vai viver de quê? Nossas crianças vão viver de quê? Vão tomar remédio de onde? É uma irresponsabilidade muito grande"

Uma das mulheres mais aflitas no protesto é Gleyse Kelly Silva, de 31 anos. Ela tem quatro crianças, uma delas com microcefalia, e está grávida de sete meses do quinto filho. O marido, que é vigilante, se encontra desempregado há dois meses. “Não chegou nem uma carta para nos informar que iria ser bloqueado. Na última vez que tirei o dinheiro, tinha nenhum informativo que seria bloqueado ou que seria suspenso. Já vim aqui no INSS duas vezes, já fui no banco três vezes e nada de resposta. Enquanto isso, as dívidas vão se acumulando”, relata Gleyse. Ela vive de aluguel e está com duas contas atrasadas.

Outra mulher atingida é Erivânia Rocha, que cuida da neta Eloísa, detentora da síndrome congênita. Ela detalha a situação que enfrenta: “No dia 26 do mês passado, quando fui fazer o saque, estava bloqueado, suspenso. A gente foi de agência e agência e nada de resolver. Não tem motivo para isso. Eu fiz tudo direitinho. A gente para tudo para cuidar da criança. Eu tinha renda e deixei de ter”. Erivânia era autônoma, mas precisou deixar o emprego. Segundo ela, o pai de Eloísa não aceitou a filha após descobrir que ela tinha microcefalia.

Apesar da manifestação no INSS, o instituto informou que o caso deverá ser tratado com o Ministério da Cidadania. Por nota, o Ministério da Cidadania informou ter entrado em contato com a UMA e solicitado os dados das beneficiárias para verificar as situações cadastrais.

O benefício assistencial a crianças com microcefalia dura o prazo máximo de três anos. É necessário que a renda por pessoa do grupo familiar seja menor que um quarto do salário mínimo vigente.

Aos 16 anos, Téo Dias descobriu-se homem trans. No país que assassinou 420 LGBT+ só em 2018, o amparo maternal impulsiona a liberdade em meio à violência e à discriminação de gênero. Por isso, ele conquistou o apoio da mãe para viver em completude consigo mesmo. "Todo mundo deveria ter o acolhimento dos pais em casa, essa é a base. Minha vida hoje é muito boa graças a ela. Com ela tudo fica mais calmo", confessa ao LeiaJá.

A mãe Ivoneide França teve que se separar do marido porque ele não aceitava a orientação sexual do filho. Ela não abriu mão de ser parceira e travar as intempéries da homofobia ao lado de Téo. "Mesmo vivendo minhas dificuldades, nunca deixei de dizer: 'eu estou com você!'. A partir disso, as interferências externas não me atingiram porque eu tava focada em cuidar de entender tudo que estava acontecendo e mostrar para ele que meu amor é maior que qualquer coisa", relatou, antes de afirmar: "Tudo que esse mundo precisa é respeito".

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"Meu sentimento é fazer ele crescer com respeito e dignidade", disse Ivoneide/Arquivo Pessoal 

Um levantamento recente sobre a violência LGBT+ aponta que, desde o início do ano até 15 de maio, 141 pessoas já morreram em decorrência da homofobia. "Se você se colocar dentro desse senso, você tá se colocando na cova”, acredita Téo, hoje com 19 anos. Junto à mãe, ele batalha para contrariar as estatísticas da mortalidade. "A gente não dá margem para esse sentimento de medo tomar conta da gente!", pontua Ivoneide. 

Para a comunidade, exercer o direito à vida torna-se uma tarefa árdua, sobretudo no Nordeste, que registrou 147 assassinatos ano passado; desses, 15 foram em Pernambuco. Através da aceitação e do acolhimento familiar, a bravura das 'mães leoas' refletem no empoderamento dos filhos e proporcionam o suporte necessário para confrontar as adversidades que teimam em se perpetuar. Nesta sexta-feira (17), Dia Mundial Contra a Homofobia, as mães representam a batalha pela validação dos direitos e do respeito ao movimento LGBT+.

O amor e proteção recíprocos são os alicerces da relação entre Ian e Dilma /Denilson Cabral

"Como todo mundo diz: 'a mãe é a leoa!'. Não quero ver meu filho hospitalizado por um tiro ou uma facada só por ser gay", declarou Dilma Félix, mãe do estudante Ian, de 20 anos. Na luta contra a vulnerabilidade ela acaba absolvendo o preconceito, e juntos, entendem que a estrutura familiar é o elemento fundamental para enfrentar a discriminação nas ruas. "Eu sabia que quando saísse e algo acontecesse lá fora, quando retornasse para casa ia ter minha base, e isso é primordial para quem você é", explica Ian Félix.

Caminhando lado a lado, a proteção e o amor entre os dois é mútuo. Tanto que ele revelou que teve que conter o ímpeto da mãe quando ela quis comprar uma briga após ouvir insultos na rua, "ele me protege também. Uma vez pegaram a gente no meio do caminho, disseram umas coisas com ele e quando eu ia pra cima, ele me segurou e me botou pra trás", relembra Dilma.

Com sorriso no rosto, Gi Carvalho acolhe famílias LGBT+ e promove o empoderamento à comunidade recifense/Kauan Rocha

No Estado que já foi o mais violento em relação a homicídios LGBT+ -quando totalizou 18 em 2011-, coletivos como o Mães pela Diversidade transgridem a cultura da homofobia e são um recanto para a plenitude das famílias. "O amor é natural e deve ser celebrado independente de outros fatores. Ele precisa dar o recado", constata a coordenadora da ONG Gi Carvalho, e continuou, "nossa intenção é aumentar o acolhimento familiar para que no futuro as famílias compreendam como é necessário cuidar dos nossos filhos e lutar para que eles tenham seus direitos respeitados".

 A sede do Mães pela Diversidade fica no Espaço Acolher, localizada na Rua Gervásio Pires, 404, sala 4, no bairro da Boa Vista, Centro do Recife. No local, equipes de psicólogos, psiquiatras e advogados prestam assistência ao movimento. "Nos descobrimos como um espaço de acolhimento para famílias que são alvo diário de 'homotransfobia' e todas suas nuances. Os coletivos são um grito de orgulho e proteção, onde o LGBT+ se sente acolhido", finalizou a coordenadora. 

*Dados do Grupo Gay da Bahia (GGB)

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Maternidade. Essa condição inerente à mulher carrega uma mistura de amor e medos, principalmente para as que fazem parte do meio corporativo. O auge da idade reprodutiva é o mesmo em que milhares de mulheres se encontram quando estão ascendendo em suas carreiras, o que - culturalmente - sempre gerou receio entre os empregadores e também entre suas funcionárias.

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Uma pesquisa divulgada pela Catho, realizada em 2018, apontou que 30% das mulheres costumam deixar o mercado de trabalho para cuidar de seus filhos. A pressão sobre ter ou não ter uma gravidez começa desde a entrevista de emprego e segue pelos anos, enquanto for possível gerar uma vida. Porém, remando contra a maré de uma sociedade que ainda assimila a maternidade com a perda de produção e lucro, empresas de tecnologia de todo o mundo tem mudado suas políticas para acolher as mães. O Porto Digital, em Recife, é uma delas.

Mais do que uma creche

Coordenadora do Programa MINAS, Natália Lacerda foi uma das pessoas, à frente das políticas de equidade de gênero dentro do Porto Digital, que enxergou a possibilidade de ampliar a participação feminina no mercado tecnológico. Grávida e consciente da dificuldade de encontrar espaços dentro das empresas que atendam mães, ela virou um dos muitos braços que têm ajudado a construir um espaço, no coração do bairro do Recife, específico para as mulheres.

“Dificilmente as empresas têm um espaço para atender essas mulheres, com privacidade e local de armazenamento de leite, por exemplo. Então, queremos que este local funcione para acolher essa demanda”, explica. Pensado para começar a funcionar no início do ano letivo de 2020, a creche do Porto Digital será muito mais do que apenas um prédio para deixar as crianças. A ideia aqui é aproximar a mulher, que volta da licença maternidade, da criação de seu filho e também de suas obrigações enquanto profissional.

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“O espaço foi pensado para funcionar como creche, hotel de empresas e espaço de coworking, todo focado nas mulheres. Vamos tentar direcionar todo o prédio com atividades para elas e empresas feitas por elas”, afirma Natália. “Também queremos incluir um espaço de aleitamento materno que sirva para todas as profissionais que estão aqui no bairro (do Recife) e que precisem tirar o leite durante o expediente”, diz.

Queremos mulheres

Quem também investe na permanência de suas funcionárias durante e após a gravidez é a Accenture. Ocupando diversos armazéns também no bairro do Recife, a multinacional está entre as 100 melhores empresas para mães trabalharem, de acordo com o ranking anual da revista americana Working Mother's Best Companies.

Além dos direitos garantidos por Lei, a Acceture também oferece para suas funcionárias uma licença maternidade estendida de seis meses, home office, horário flexível para novas mães (através do programa Nova Mãe), acompanhamento multidisciplinar (programa Gestação Saudável), auxílio creche até 2 anos e meio, bolsa para material escolar até os 14 anos e madrinhas para acompanhar a carreira de gestantes enquanto não tiram a licença.

A empresa tem uma política forte de inclusão de mulheres, com uma meta para compor 50% de seu quadro de funcionários com mão de obra feminina, até 2025. A consultoria de gestão em serviços é um dos bons exemplos de como é possível manter um ambiente de funcional e atrativo para ambos os gêneros.

O futuro

Apesar do aumento nas políticas para a inclusão de mães dentro das grandes empresas o movimento ainda é pequeno. Para Natália, muitas organizações, não apenas da área tecnológica, precisam desmistificar as barreiras criadas para a contratação de mulheres em idade fértil. “Essa é uma questão que é boa para os negócios, boa para o faturamento da empresa, satisfação dos funcionários e é uma responsabilidade de formação dentro da sociedade” afirma.

Porém, o primeiro passo rumo à equidade de gênero é incentivar a participação feminina na área de tecnologia. "A gente percebe muito pouco interesse de meninas por cursos da área. Hoje, elas são apenas 13% das participantes dos cursos de ciência da computação e afins. No mercado de tecnologia estão em torno de 30%, mas quando você vê em posições de liderança o número é menor".

Como futura usuária do programa que ajudou a criar e que deverá beneficiar outras mulheres, Natália afirma que se sente mais tranquila em relação à maternidade. “Eu fiquei pensando como faria para voltar ao trabalho com um bebê de 4 meses ainda amamentando. Agora me sinto mais segura”.

Neste domingo (12), data em que é celebrado o Dia das Mães, que tal levar a sua mãe para um almoço especial? Alguns restaurantes do Recife prepararam menus especial para que as famílias possam comemorar este dia com boa comida e um bom momento juntos. Confira esse roteiro e escolha onde levar a mamãe.

Restaurante Leite

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O chef Bigode preparou um menu com opções variadas de entradas, pratos principais e sobremesas. Para a entrada, as sugestões são Panqueca de Lagosta, Iscas de Carne de Sol Acebolada e Camarão Crocante com Molho Agridoce. Para o prato principal, há sete opções, entre elas, o Camarão a Marta Rocha (Camarão ao creme gratinado com linguine e catupiry) e a Lagosta Especial (Lagosta grelhada com molho de manteiga e arroz de ervilhas frescas). Já para a sobremesa, as mamães poderão escolher entre Trufa de Morango, Torta de Limão e Leite Creme e a tradicional cartola.

Serviço

Restaurante Leite

Praça Joaquim Nabuco, 147 - Santo Antônio

A partir das 11h

32247977 ou 98853-3277

Chiwake

O restaurante especializado em comida peruana preparou um prato especialmente para a data. O prato serve duas pessoas e conta com camarões gratinados sobre espaguete em salsa huancaina (creme de queijo com gengibre) e alho poró crocante.

Serviço

Chiwake

Rua da Hora, 820 - Espinheiro

Das 12 às 17h

3423-1529

Chicama

A receita do Chicama para o Dia das Mães conta com salmão gratinado em salsa cremosa de tomates secos e alcaparras acompanhado por bolinhos de batata com macaxeira e fios de legumes crocantes. A criação é assinada pelo chef Biba Fernandes.

Serviço

Chicama

Av. Eng. José Estelita, s/n - cabanga

Das 12h às 17h

99185-4177

Ponte Nova

A sugestão do chef Joca Pontes, do restaurante Ponte Nova, é o Magret Mundi. O prato consiste em um magret de pato grelhado ao molho de tamarindo com laranja, amendoim torrado, pastel de vegetais ao vapor com cogumelos sobre quibebe de jerimum.

Serviço

Ponte Nova

Rua do Cupim, 172 - Graças

3327-7226

Vila Cozinha de Bistrô

O restaurante especializado na culinária francesa destaca para o Dia das Mães o Risotto de Camarão. O prato é composto por arroz arbóreo com camarões ao creme de ervas com brócolis, vagem, abobrinha e queijo parmesão, finalizado com calda de damasco e amêndoas torradas.

Serviço

Villa Cozinha de Bistrô

Área Gourmet, Piso L1 do Shopping Tacaruna

Chalé.92

O Chalé.92 vai oferecer um 'menu premium' para o buffet neste domingo. Entre as opções se destacam a cioba recheada com farofa de camarão e abacaxi, salmão ao molho siciliano e musseline de couve-flor, camarão ao thermidor e a picanha grelhada com musseline de mandioquinha.

Serviço

Chalé.92  

Rua das Pernambucanas, 92 - Graças

Das 11h30 às 15h

99765-7109

Outback Steakhouse

Já o Outback Steakhouse preparou uma surpresa diferente. As mães que foram almoçar com os filhos, neste domingo, serão presenteadas com uma ecobag customizada. As cores do acessório representam o pôr do sol do deserto da Austrália e os tons terrosos daquela região.

Serviço

Outback Steakhouse

Shoppings Recife e RioMar

3035-0930 e 3040-3886

Via Del Mare Restaurante - Bristol Recife Hotel

No Bristol, as mães encontrarão um buffet livre. Entre as opções, haverá saladas, carnes, peixes e frangos. Para a sobremesa, tortas de limão, chocolate, doce de leite, pudim, doce de banana e de abacaxi. Além disso, as famílias poderão curtir o show do cantor Luca de Melo.

Serviço

Via Del Mare Restaurante - Bristol Recife Hotel

Rua Maria Carolina, 661 - Boa Viagem

989256133

 

Quem tem filhos sabe que toda mãe precisa ser um pouco artista. Dar conta da atenção aos pequenos, conter as birras, mantê-los banhados e alimentados, além de entretidos, ensinar repetidamente aquelas coisas que para eles parecem relevantes enquanto são crianças mas que farão toda a diferença em algum momento futuro da vida, entre tantas outras milhares de coisas que devem 'funcionar' ao mesmo tempo em que se é indivíduo ativo no mundo e mulher em uma sociedade dominada pelo patriarcado, demanda, de fato, certos traquejos.

Para aquelas mulheres que escolhem a arte como ofício, as artistas de profissão, não costuma ser diferente. A despeito de certa glamourização adquirida por conta das luzes dos shows e dos filtros das redes sociais, mães que sobem ao palco para trabalhar precisam lidar com as mesmas dificuldades - e delícias -  encontradas em qualquer lar. É quase como uma comprovação daquele ditado popular que diz que 'mãe é tudo igual, só muda de endereço', mas com um pequeno diferencial que é poder repercutir tudo isso em sua própria arte.

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Lulu Araújo, arte-educadora, cantora e percussionista, mais conhecida como Fada Magrinha, é mãe de Fernanda, uma garotinha de olhos vivos e jeitinho doce, prestes a completar nove anos. Quando a menina nasceu, Lulu se dividia entre aulas de música para crianças e trabalhos junto a artistas pernambucanos, como Renata Rosa e Naná Vasconcelos, e como acontece com quase todas as mães, viu seu ritmo de vida se transformar, até mesmo porque Fernanda nasceu prematura, o que exigiu uma atenção maior. "Quando os filhos nascem, a gente para tudo. Eu acho que não teria condições de continuar se tivesse um ritmo mais frenético", relembra.

Depois que mãe e filha devidamente se acomodaram à nova vida, era chegada a hora de Lulu retomar suas atividades. Mas, então, já não era mais a mesma mulher de antes e as transformações ultrapassaram o âmbito pessoal, invadindo sua área profissional e mexendo com sua sensibilidade de artista: "Quando nasceu a mãe junto com a filha, nasceram várias sensações e muito material que virou uma preciosidade. Tanto que o projeto ‘Fada Magrinha’ nasceu a partir do nascimento dela. Eu cantava pra ela e aquilo foi me alimentando e eu disse: 'como nunca pensei em fazer isso?', era uma coisa tão óbvia, mas só caiu a ficha quando ela nasceu".

Lulu se descobriu compositora após a chegada de Fernanda. A primeira música foi uma canção de ninar surgida no conforto do quarto da menina quando a mãe ia lhe colocar para dormir. Em Soninho Danado, a Fada canta: "...o tempo vai passando e eu vou me entregando, com a mamãe tudo é tão gostoso que a gente sonha embalado assim". E o sonho, para essa mãe e sua cria, se transforma em realidade quando as duas compartilham a música em casa, nos palcos - a pequena já acompanha Lulu em algumas apresentações; às vezes por necessidade mas quase sempre por vontade própria da pequena - e tantas outras coisas rotineiras da própria vida.

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Compor também ficou bem diferente para Mayara Pera depois que ela deu à luz os pequenos Dom, de quase quatro anos, e Martin, de dois. A duplinha alterou o tempo da mãe cantora e compositora e aguçou sua sensibilidade para um tema que a acompanhou durante toda a vida mas que só se evidenciou com a chegada dos rebentos. "A maternidade ajudou a me lembrar o quanto eu sou mulher. Acho que eles me lembraram o quanto eu sou poderosa, e isso me faz ter vontade de colocar isso na minha música", diz a artista.  

Ela também precisou adaptar o exercício da escrita às demandas dos filhos. Antes, ela precisava de um tempo só para ela, sem que ninguém a incomodasse, mas depois dos meninos, foi preciso readequar a atividade: "Eles exigem uma atenção e não vão poder esperar, eles não vão entender que eu estou escrevendo uma coisa importante e eu tenho que entender isso também, porque essa fase passa muito rápido. Então a minha fase de compreender é agora, quando eles crescerem eles que vão ter que me compreender. (risos)  Eu me adaptei e acho que ficou até melhor".

Na hora de pegar no batente, Mayara conta com uma rede de apoio para conciliar os filhos com os palcos. Com o marido e os dois filhos, ela tem "uma equipe", e a sua mãe também soma no apoio. No entanto, por vezes, ainda é preciso colocar a meninada no meio da música. Eles já acompanharam a cantora em shows e em gravações, e talvez por haver um estúdio improvisado em um dos quartos de sua casa, costumam se sentir bem confortáveis nessas situações - tirando um 'tédiozinho' aqui e ali. Tal qual sua própria mãe parece cumprindo seu papel na maternidade, muito à vontade; algo que ela garante não ter aprendido nos livros que leu durante a gravidez: "É como tem que ser. Não existe fórmula. Quando eu aprendi isso, aprendi a ficar à vontade nesse papel. Mães felizes, filhos felizes”.

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Também não foi em livros que a cantora, sambista, bancária e ativista feminista, Karynna Spinelli, aprendeu que as mães também erram. A artista é mãe de vários filhos - biológicos, "do coração" e de santo - e sua experiência com todos eles lhe deu a segurança e serenidade necessárias para assumir suas próprias limitações e anseios com a caçula, Klara Lua, de 13 anos. Foi com a filha mais nova que ela conseguiu entender algumas minúcias da maternidade que fazem toda a diferença para uma relação saudável com os herdeiros e consigo mesma: "Quando eu tive meus filhos tudo era muito romantizado pra mim. Então, por mais que houvesse dificuldade, eu não me permitia, porque a sociedade não espera isso de você, a sociedade quer mães perfeitas, que se anulam, que desistem das suas vidas em detrimento do filho e do marido. Isso eu só enxergo agora, com quase 40 anos".

Nessa caminhada, a cantora tomou como ferramenta de sobrevivência o feminismo, que além de luta é lição diária em sua casa e acabou por transformar a filha em mais uma "parceira". A mãe que já foi "taxada de mãe solteira", também já viu a própria cria ser xingada na escola por ter uma "mãe cantora". A solução para as limitações da sociedade, elas encontram nessa parceria nutrida no cotidiano de ambas: "A gente passa (preconceitos) até hoje e não é fácil, ser mulher, cantora, mas eu acho que passei bem por esse processo, sempre aparada, com amigos e de uns anos pra cá ativista. Me reconheço como mulher feminista; eu ensino ela a se defender e não deixar isso abalar".

Para dividir com Klara os ensinamentos que a vida lhe imprimiu, Karynna decidiu também convidá-la para participar de seu trabalho artístico. A menina começou a fazer participações cantando no Clube do Samba do Recife, projeto encabeçado pela mãe há quase 10 anos, e também já encarnou sua xará, Clara Nunes, em um espetáculo que homenageou a sambista. A intimidade entre as duas, visível a olhos nus, se intensificou ainda mais após a parceria musical: "A gente tremeu pra entrar no palco, mas foi muito bacana, é um elo que a gente fortalece", diz a mãe derretida.

 

*Fotos: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

*Ilustração: Fernanda Araújo, filha da Lulu

O Dia das Mães também será comemorado com música paraense. A cantora Juliana Sinimbú fará uma apresentação com toque intimista no sábado (11), às 18 horas, no Parque Shopping, em Belém. O momento também servirá para o público conhecer o novo trabalho da artista, “Acesa”, que terá o primeiro single divulgado no final de maio.

Com voz e violão, Juliana mostrará composições de seus três discos e um repertório especial para as mães. Estão programados alguns clássicos da MPB.

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Para a cantora, a data é ainda mais especial em sua vida artística, pois guarda diversas memórias afetivas da infância relacionadas aos primeiros passos no palco. “As lembranças ainda são vivas. Consigo recordar a sensação de nervosismo e o frio na barriga quando estava prestes a cantar na escola nas festinhas de Dia das Mães”, conta.

Mãe de Flora, de 6 anos, a cantora comenta que a maternidade afetou diretamente não só a sua vida pessoal, mas também a profissional. “A minha vida só melhorou. É delicioso poder, além de gerar, construir o ser humano. A minha filha me proporcionou várias reinvenções. Depois que me tornei mãe, comecei a trabalhar com mais objetivos e metas para criar a Flora. É uma dedicação cheia de amor.”

O show terá músicas da artista que fazem parte do projeto “Acesa”. “O público poderá conferir, no Parque, uma leva de canções inéditas. É o meu presente para esse Dia das Mães. Estou animada e ansiosa para fazer a apresentação”, revela Juliana.

Serviço

Pocket show de Juliana Sinimbú.

Onde: Parque Shopping Belém - Rod. Augusto Montenegro, 4300 - Parque Verde.

Quando: Sábado, 11 de maio. Hora: 18h.

Entrada gratuita.

Da assessoria do evento.

O Hospital Agamenon Magalhães (HAM), na Zona Norte do Recife, convoca genitoras que produzem leite em excesso para realizar doações à unidade referência no atendimento materno-infantil. O estoque conta com apenas 15 litros, suficiente para até dez dias. O leite materno recebido promoverá a recuperação e o crescimento saudável de recém-nascidos internados na UTI, UCI e alojamentos Canguru.

Para extração, o indicado é que a mãe use um lenço para proteger a boca e a cabeça, além de higienizar as mãos antes do processo. O leite retirado deve ser armazenado em pote de vidro com tampo de plástico. Para higienização, o ideal é lavá-los com água corrente e sabão neutro em seguida, colocá-los em uma panela com água e levar ao fogo. Após iniciar fervura, deixar por mais 15 minutos. As mães interessadas em doar seu leite devem ligar para o Hospital através do 3184.1690.

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Sem sentir segurança em deixar sua filha de 17 anos sozinha na Escola Raul Brasil, Débora de Andrade, de 35 anos, ficou na frente do portão durante todo o período de aula da menina na segunda-feira (1º). Há 21 dias, o massacre de Suzano deixou 10 mortos e os pais ainda fazem vigília e vão buscar as crianças mais cedo. Além disso, criticam a falta de psicólogos, policiais e professores. "Todo mundo ainda está em choque. Os alunos estão devastados e os professores, também. Muitos faltaram e os estudantes ficaram com aula vaga, sem supervisão", conta ela.

A estudante Thais de Oliveira Laurindo, de 17 anos, afirma que das seis aulas de segunda-feira, véspera de um feriado municipal, teve apenas duas, por falta de docentes. Os alunos foram liberados para ficar no pátio ou na quadra. "Mas eu ainda estou muito assustada com tudo o que houve. Olho para o pátio e lembro da tragédia, não queria nem sair da sala."

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A contadora Juliana Ribeiro, de 35 anos, mãe de duas alunas do 1.º e do 3.º ano, diz que a ausência dos professores deveria ser um alerta para a necessidade de mais cuidado com a saúde psicológica de todos os que viveram a tragédia. "Os funcionários estão sofrendo com o que aconteceu e não conseguem sozinhos dar suporte aos alunos. Por isso, seria importante a presença de profissionais de fora, que não vivenciaram o massacre, para ajudar nessa recuperação", diz.

Coordenadora da equipe de apoio psicológico à escola Raul Brasil, Marilene Proença, diretora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), afirma que a presença dos profissionais da área foi pensada para um auxílio de emergência, mas as equipes continuam atendendo no Centro de Atenção Psicossocial (Caps). "Continuamos trabalhando como equipe de apoio. Quem organiza todas as ações é a Secretaria Estadual de Educação."

Um grupo de pais se organiza pelas redes sociais para solicitar uma reunião com a diretoria. Em uma carta, eles reclamam de não ter acesso à informação sobre o que está sendo feito para melhorar a segurança e para dar suporte psicológico imediato aos alunos e funcionários. "Há crianças que estão comendo no banheiro na hora do recreio, com medo de ficar no pátio. Outras ficam planejando fuga", diz o texto.

Reforço

Procurada, a Secretaria Estadual de Educação informou que "funcionários das Diretorias de Ensino foram mobilizados para reforçar a equipe da escola, considerando a falta de professores que ainda não haviam retornado às atividades". "Essa é uma estratégia que seguirá acontecendo para evitar que estudantes fiquem com aulas vagas", ressaltou.

Na mesma nota oficial, afirmou que "técnicos do Centro de Referência e Apoio à Vítima, da Secretaria Estadual de Justiça, continuam na escola para atendimentos individuais e coletivos". Também há reuniões com grupos voluntários que devem atuar "em ações de apoio psicológico e formativo" até o mês de agosto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma em cada quatro mães ou grávidas presas em flagrante teve a prisão mantida nas audiências de custódia, apesar de cumprir os requisitos previstos na Lei da Primeira Infância 13.257/2016, que garante penas alternativas até o julgamento. É o que mostra pesquisa inédita, divulgada nesta sexta-feira (29), pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ) com 552 mulheres que passaram por audiências na central de Benfica, na zona norte da capital fluminense.

A Lei da Primeira Infância determina que devem ser colocadas em liberdade provisória ou em prisão domiciliar a gestante, a lactante ou a mãe de criança com deficiência ou até 12 anos que não responda por crime violento ou praticado sob forte ameaça. Em 2018, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu conceder prisão domiciliar a todas as detentas grávidas ou mães de crianças de até 12 anos. O ministro Ricardo Lewandowski, relator do habeas corpus que pediu a conversão da prisão para essas mulheres, participará do lançamento da pesquisa, às 16h, na sede da defensoria.

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Entre agosto de 2018 e fevereiro de 2019, a DPRJ constatou que 552 mulheres passaram pelas audiências de custódia. Dessas, 161 com suspeita de gravidez, grávidas, amamentando, com filhos menores de 12 anos ou com deficiência. Elas não estavam presas por crime violento ou por grave ameaça. Segundo a Defensoria, as mulheres se enquadram na lei e deviam ter sido liberadas pelos juízes, o que não ocorreu. Foram mantidas presas 28%, ou seja, 45 mães. Quase a metade (38%) foi detida por crimes relacionados à Lei de Drogas ou por furtos (34,5%). Três de quatro se autodeclararam pretas ou pardas e oito em dez, pobres.

O número de mulheres que não tiveram a prisão em flagrante convertida em liberdade provisória ou domiciliar para ficar com filhos pode ser maior, porque a Defensoria não coletou dados sobre o crime de 101 mulheres, antes da alteração na lei pelo STF.

De acordo com a diretora de Estudos e Pesquisas de Acesso à Justiça da DPRJ, Carolina Haber, os dados indicam que juízes fluminenses continuam negando direito às mulheres e suas famílias por motivos subjetivos, conforme convicções pessoais. Ela destacou que a lei é para proteger a criança, cuja a mãe tende a ser a única cuidadora. “Não deveria haver, na análise do juiz, nenhum juízo de valor sobre o comportamento da mãe. A não ser que, claro, o crime tenha sido praticado contra a criança”.

"A cultura judicial de encarcerar para fazer Justiça, mesmo cautelarmente [antes do julgamento], sem pensar no custo social para as crianças, é o que precisa mudar", avaliou.

Na decisão do HC coletivo, o ministro Lewandowski disse que o fato de a acusada ter sido presa em flagrante ou sob acusação de tráfico de drogas, ter passagem pela Vara da Infância ou não ter trabalho, não são motivos para negar as penas alternativas. “A Constituição estabelece como prioridade absoluta a proteção às crianças”, disse na ocasião.

O coletivo de Advogados em Direitos Humanos, que entrou com o pedido de HC no Supremo, alegou também que, ao confinar mulheres grávidas, a prisão impede o acesso a exames pré-natal, assistência na gestação e no pós-parto, privando, consequentemente, bebês e crianças pequenas de condições adequadas para crescer. 

Pesquisa da Articulação Brasileira de Crianças e Adolescentes com Familiares Presos mostrou que crianças e adolescentes com pais encarcerados vivem em maior vulnerabilidade e desamparo. Passam a ter de cuidar de irmãos e chegam a precisar trabalhar para garantir o sustento. É quando se afastam da escola, acabam no trabalho infantil, vivenciam violência, a vida nas ruas e a exploração sexual, alerta a organização.

Procurada pela reportagem, a Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj) não se manifestou sobre a pesquisa da defensoria.

*Colaborou Tâmara Freire, da Radioagência Nacional

A Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que prevê a substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar para mulheres caso elas estejam gestante ou sejam mães ou responsáveis por crianças ou pessoas com deficiência. O texto originário do Senado foi aprovado nessa quarta-feira (28) e segue agora para sanção presidencial.

Atualmente, o Código de Processo Penal (Decreto-Lei 3.689/41) já permite, a critério do juiz, substituir a pena de prisão preventiva no caso de gestantes e em outras cinco situações, dentre as quais a mulher com filho de até 12 anos e quando a pessoa for indispensável aos cuidados especiais de pessoa menor de seis anos de idade ou com deficiência.

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O texto também disciplina o regime de cumprimento de pena privativa de liberdade de condenadas na mesma situação.

Condições

Aprovada com o parecer favorável da deputada Keiko Ota (PSB-SP) em nome de todas as comissões, a proposta determina a substituição da prisão preventiva pela domiciliar, sem deixar a cargo da opção do juiz, contanto que a detenta preencha duas condições: não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; e não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.

Isso ocorrerá sem prejuízo da previsão legal já existente no código ou das medidas alternativas, como o uso de tornozeleira eletrônica.

Progressão de pena

O projeto muda ainda critérios para a progressão de pena, que é a mudança de um regime de cumprimento para outro (fechado para semiaberto, por exemplo). Nesse caso, a progressão seria de fechado para domiciliar.

A presidiária gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência poderá mudar de regime se, cumulativamente, não tiver cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; não tiver cometido o crime contra seu filho ou dependente; tiver cumprido ao menos 1/8 da pena no regime anterior; ser ré primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento; e não ter integrado organização criminosa.

Entretanto, se ela cometer novo crime doloso ou falta grave perderá o benefício a essa progressão mais vantajosa que a regra geral, de cumprimento de 1/6 da pena e com comportamento.

Quanto aos crimes hediondos, como latrocínio (assalto seguido de morte); sequestro seguido de morte; ou favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável; o projeto prevê progressão de regime com a mesma regra.

Relatórios

Com o objetivo de amparar futuras possíveis mudanças na legislação, o projeto determina ao Departamento Penitenciário Nacional monitorar a integração social e a ocorrência de reincidência daquelas sob regime domiciliar alcançado com a progressão de regime (fechado para domiciliar).

Com avaliações periódicas e estatísticas criminais serão geradas informações que poderão amparar se a progressão especial para esse grupo está sendo efetiva ou não, o que poderia redundar em desnecessidade do regime fechado de cumprimento de pena para essas mulheres nos casos de crimes cometidos sem violência ou grave ameaça.

Entretanto, devido à descentralização do sistema penitenciário nacional, caberá aos órgãos locais equivalentes acompanhar esses dados perante as penitenciárias localizadas em seus estados.

*Da Agência Câmara

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