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Há 30 anos, o camisa 1 da seleção brasileira masculina de vôlei se preparou para sacar. Ele foi à linha de fundo e bateu a bola no chão por quatro vezes. Depois a segurou entre as mãos, arremessou para o alto e saltou, bem alto, fazendo com que sua mão direita tocasse na bola.

A batida foi certeira. A bola chegou à quadra adversária com tamanha força e velocidade que foi impossível à Holanda defendê-la. Com o ace (ponto de saque) marcado por Marcelo Negrão, o Brasil chegou ao 15º ponto no terceiro set (àquela época, as parciais do vôlei terminavam em 15) e ganhou a partida por 15x12, 15x8 e 15x5. A vitória, que marcou uma campanha de oito jogos com vitórias em Barcelona (Espanha), deu ao país a conquista da primeira medalha de ouro olímpica na modalidade. 

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“Negrão. Acabou. Acabou. O Brasil ganhou. O Brasil é medalha de ouro no voleibol. O melhor voleibol do mundo”, gritou o narrador, emocionado, ao fim da partida.

O ace de Negrão foi comemorado por milhares de torcedores que ligaram a TV naquele dia 9 de agosto de 1992. Foi a primeira vez que os brasileiros puderam celebrar a conquista de uma medalha de ouro olímpica em um esporte coletivo. Depois desse título, vieram outros. O próprio voleibol ainda trouxe mais quatro medalhas de ouro para o país: em 2004 e 2016, no masculino, e um bicampeonato em 2008 e 2012, no feminino.

Invicto

Em 1992, o Brasil foi soberano em quadra. Venceu todos os jogos, perdendo apenas três sets: para a Equipe Unificada (nome usado por atletas e times desportivos que formavam a Comunidade dos Estados Independentes e que incluía a Rússia) e para as difíceis seleções de Cuba e dos Estados Unidos. O elenco, comandado por José Roberto Guimarães, teve Amauri, Carlão, Douglas, Giovane Gávio, Janelson, Jorge Edson, Marcelo Negrão, Maurício, Pampa, Paulão, Talmo e Tande.

“Lembro de tudo como se fosse hoje. Lembro de todos os treinamentos, de tudo daquela época. Era uma equipe muito jovem, muito nova. Eu tinha 19 anos. Imagine: agora estou com quase 50”, brincou Marcelo Negrão, em entrevista à Agência Brasil e à Rádio Nacional. “Foi um feito histórico, que marcou o nosso esporte e o país. E parece que foi ontem”. Para Talmo, levantador reserva de Maurício, a equipe marcou época e continua sendo grande referência.

Há pouco tempo, Negrão, que recentemente treinou a equipe do Mogi-SP, teve a chance de rever as partidas pela TV junto com os companheiros de seleção. E diz que gostou do que viu. “Assisti. E gostei demais. Sentávamos [cada um em sua casa], fazíamos videochamada e aí todo mundo assistia ao jogo batendo papo, comentando e dando risada. O Maurício falou comigo: ‘Marcelo, não é por nada não, mas você jogava bem' [ele ri]. O Maurício era um cara impressionante. Era cada levantada! Foi o maior levantador que já tive”.

Embora a seleção tenha jogado de forma a encantar o mundo, o ouro chegou de forma inesperada. Negrão conta que a equipe estava sendo preparada para a Olimpíada seguinte, em Atlanta (Estados Unidos). Quando eles chegaram a Barcelona, em 1992, estavam sem muita expectativa. “Era a minha primeira Olimpíada. Tudo muito novo”, observou.

O descrédito inicial, no entanto, transformou-se na melhor campanha do vôlei brasileiro em uma Olimpíada, com incrível vitória nas semifinais sobre os Estados Unidos, então bicampeão olímpico. Para Negrão, foi o jogo mais difícil daquela conquista. “A escola americana é muito difícil de ser enfrentada. Eles adotam o princípio de estudar muito o adversário. Os outros times estudam, mas eles são fiéis àquilo que combinaram, do começo ao fim. Se você mudou alguma coisa, eles não mudarão. Vão se adaptar e vai demorar muito para mudarem. Os Estados Unidos fazem doer a cabeça”, brincou.

Família

Sob a batuta de José Roberto Guimarães, a seleção brasileira, que fez história, uniu-se em torno de um objetivo e criou uma família. “Os reservas apoiavam os titulares. Eles sabiam que não iam jogar; como não jogaram, não entraram nos principais jogos. Mas estavam apoiando o time, torcendo o tempo inteiro. Estar num grupo em que você sabe que o cara quer derrubar o outro é muito desgastante, muito ruim, a energia positiva acaba, não fica um clima bom. Mas conseguimos tirar isso da seleção brasileira e aí se criou realmente uma família”, disse Negrão.

Mesmo com os holofotes sobre a equipe titular – o que muitas vezes significa também menos patrocínio e visibilidade para os reservas -, Talmo diz que, naquele momento, o pensamento era concentrado em estar sempre bem preparado para a eventualidade de ter que substituir Maurício, que chegou a ser considerado o melhor levantador do mundo. “Na minha cabeça, eu tinha que estar sempre muito bem preparado para suprir uma ausência dele. Mas, em nenhum momento, eu torcia para estar no lugar dele'. Então, esse foi o grande diferencial de toda a equipe, titulares e reservas: vibrávamos com a vitória dos caras dentro de quadra. Batíamos palmas para que eles pudessem jogar o melhor mas, ao mesmo tempo, tínhamos que nos qualificar cada vez mais. Era preciso nos preparar e o treinamento era muito puxado. Nos dedicávamos para estar todos no mesmo nível. E, se precisasse, a gente entraria e conseguiria fazer um bom jogo, com vitória. Se não precisasse, aplaudíamos e íamos até o final. Acho que está aí a melhor campanha de todos os tempos do voleibol masculino, perdendo só três sets”, afirmou.

Além da família unida, a seleção inovou no modo de jogar voleibol no mundo. “Tínhamos liberdade muito grande para criar. Eu sempre ficava atacando muitas bolas com o Maurício e, quando começamos a fazer as bolas um pouco mais rápidas, o Giovane veio com uma jogada muito rápida na ponta, que não existia no mundo. Eu vinha com uma bola rápida do fundo, atacando na linha dos três metros, o que também não existia”, contou Negrão.

Algumas dessas jogadas ele guarda no celular para mostrar aos jogadores dos clubes que treina - inovações que foram criadas naquela época e que hoje seus jogadores acham difícil realizar. “Era uma bola rápida, de dois tempos atrás, jogadas que fazíamos - e eu fiz em jogo, tenho gravado - e dava certo”, lembrou. “O nosso modo de jogo, dois atacantes vindo na mesma bola ao mesmo tempo, era uma coisa que não existia e hoje tem isso também. Conseguimos dar uma revolucionada no voleibol mundial”, acrescentou.

Ex-levantador reserva da seleção, Talmo, que foi treinador do Al Hilal (Arábia Saudita) e hoje se dedica ao Atibaia-SP e também ao doutorado, lembra ainda que o voleibol mudou muito nos últimos 30 anos. “Acredito que o esporte mudou e mudou numa velocidade rápida. Tínhamos um primeiro componente que era a vantagem - o vôlei ainda não tinha o ponto corrido -, não havia líbero e os jogadores de meio de rede, que hoje saem para a entrada de um líbero, tinham que fazer parte dentro de quadra. Os atletas precisavam de condição técnica e tática muito maior na nossa época. Todo mundo tinha que fazer tudo. O esquema tático que o Zé arrumou para o time favoreceu a que jogássemos diferente de todas as Olimpíadas, de todas as equipes, até hoje. Nenhuma equipe jogou com a velocidade que jogávamos na época, puxando duas bolas rápidas, acelerando o jogo o tempo inteiro”, disse.

É esse espírito criativo, essa capacidade que tinham de jogar em várias funções, que os dois atletas veem como resposta às atuais seleções brasileiras. “Com essa mudança do líbero [jogador que atua com camiseta diferente dos outros do mesmo time, com função prioritariamente defensiva], os atletas estão se especializando muito mais precocemente e deixando de ter uma experiência técnica que os favoreça em seu desenvolvimento em longo prazo. Acho que esse é um ponto que temos de pensar, repensar e encontrar maneiras de trabalhar com os atletas jovens para que possam ter a experiência de variação de movimentos. Isso dará qualidade a eles em médio e longo prazo”, disse Talmo.

Futuro

Trinta anos depois, o vôlei brasileiro se consagrou em quadra e na praia. De equipes vitoriosas comandadas por Zé Roberto e Bernardinho, a duplas como Ricardo/Emanuel e Jaqueline/Sandra na praia, o Brasil conquistou muitas medalhas e inspirou o mundo. Agora passa por momento de renovação.

Após um ciclo vitorioso, Bernardinho, por exemplo, foi substituído por Renan dal Zotto no comando técnico da equipe masculina. Zé Roberto segue como técnico da seleção feminina, a única a conquistar uma medalha o vôlei na última Olimpíada: a prata em Tóquio (Japão). O vôlei de praia, que sempre rendeu pódios ao Brasil desde que começou a fazer parte dos jogos, em 1996, passou em branco pela primeira vez.

Para Negrão, o que anda faltando no voleibol brasileiro é inovação, a mesma característica que o fez conquistar o primeiro ouro brasileiro na modalidade. “Está faltando inovar. Não em termos de jogadores, mas no modo de jogo. Acho que precisa soltar mais o jogador para ter a criatividade e implementar o fator surpresa que a gente sempre teve. Hoje, estamos jogando de igual para igual com todo o mundo. E aí vai depender muito do dia, como o cara está, como o cara do outro time está. O jogo fica igual, muito parecido. Acho que essa inovação é necessária”.

Para o atleta, não é falta de apoio, nem falta de treino. É tempo, é maturidade para poder melhor nas olimpíadas”, afirmou o ex-oposto.

“No feminino, eu trabalhei com algumas atletas que têm potencial e precisam de tempo de maturação e, assim como no masculino, o feminino passa por renovação. Esse processo às vezes dói um pouco, às vezes não está pronto, precisa ser construído. Precisamos paciência com essa reconstrução. Temos pessoas extremamente competentes dirigindo as seleções. O Zé Roberto e o Renan, com as suas equipes, certamente têm qualidade ímpar, única e respeitada no mundo inteiro. Acho que nós, no Brasil, temos que respeitar e entender esse processo”, acrescentou Talmo.

Na opinião do autor do último ponto brasileiro em 1992, as seleções masculina e feminina de quadra e de praia chegarão bem a Paris (França), próximo destino olímpico, em 2024. “Até uma semifinal o Brasil vai, seja de vôlei de quadra ou de praia, masculino ou feminino”.

Em junho deste ano, Marcelo Negrão concedeu entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, sobre a conquista do ouro olímpico. O programa pode ser assistido no site do programa.   

A seleção francesa de vôlei masculino sagrou-se campeã olímpica pela primeira vez na história ao derrotar a equipe do Comitê Olímpico Russo por 3 a 2, neste sábado (7), na Ariake Arena, na capital japonesa.

O time francês, que nunca havia subido ao pódio olímpico, surpreendeu ao conquistar o ouro: a vitória veio com parciais de 25-23, 25-17, 21-25, 21-25, 15-12, graças a uma grande atuação Earvin Ngapeth, que fez 26 pontos na decisão.

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Os franceses chegaram à final ao vencer a Argentina por 3 a 0 nas semifinais, embora o grande golpe tenha sido dado nas quartas de final, quando derrubaram bicampeã mundial Polônia (3 a 2), que havia liderado seu grupo na primeira fase com autoridade e compartilhava o status de favorito ao lado do Brasil.

Já os representantes do Comitê Olímpico Russo, liderados por Maxim Mikhaylov, chegaram à final após vencer o Brasil (3 a 1), atual campeão olímpico, nas semifinais.

Mais cedo, neste sábado, o Brasil perdeu para a Argentina por 3 sets a 2 na disputa pelo terceiro lugar e os adversários conquistaram o bronze olímpico no vôlei masculino pela segunda vez em sua história, 33 anos depois de Seul-1988, neste sábado em Tóquio.

Os argentinos chegaram a ficar em uma desvantagem de dois sets a um no placar, mas conseguiram vencer os dois últimos e fechar com parciais de 25-23, 20-25, 20-25, 25-17 e 15-13.

O pugilista cubano Arlen López conquistou nesta quarta-feira o bicampeonato olímpico ao vencer a final da categoria meio-pesado (75-81 kg) contra o britânico Benjamin Whittaker, o segundo ouro da ilha no boxe nos Jogos Tóquio-2020.

López, campeão do peso médio nos Jogos Rio-2016, derrotou Whittaker no ringue da arena Kokugikan por 4-1 na decisão dos juízes.

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López, 28 anos, também conquistou o ouro nos Pan-Americano de Lima-2019 e no Mundial de 2015.

Cuba conquistou as duas primeiras medalhas de ouro em disputa no boxe masculino de Tóquio-2020.

As medalhas de bronze da categoria meio-pesado foram conquistadas por Loren Berto Domínguez, nascido em Cuba mas que compete pelo Azerbaijão, e pelo russo Imam Khataev.

Cuba, que na Rio-2016 conseguiu seis medalhas no boxe (três de ouro e três de bronze), já conquistou em Tóquio-2020 os ouros de López e de Roniel Iglesias (peso meio-médio), assim como o bronze de Lázaro Álvarez (peso pena).

Na sexta-feira, Julio la Cruz, ouro na Rio-2016, disputará a final do peso pesado (81-91 kg) contra o russo Muslim Gadzhimagomedov.

Andy Cruz enfrentará o australiano Harry Garside nas semifinais do peso leve (57-63 kg).

Principal jogador brasileiro da atualidade, o atacante Neymar recordou a conquista da medalha de ouro olímpica no ano passado e classificou o título como "algo único" em sua carreira. O atacante do Barcelona disse ainda que a medalha conquistada na decisão disputada no Maracanã contra a Alemanha serviu para recuperar a autoestima da seleção.

"O Brasil precisava ganhar essa competição (Olimpíada) pela autoestima, e a medalha de ouro chegou no melhor momento. Vamos nos preparar para dar o nosso melhor e tentar ganhar a Copa do Mundo. Seria um sonho se tornando realidade", afirmou Neymar.

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O atacante disse ainda que, pessoalmente, fazer parte da seleção olímpica foi especial. "Significou muito para mim. Foi um momento incrível que eu vivi com meus companheiros de equipe. Ter a oportunidade de ganhar este novo título foi algo único para a minha carreira e para toda a equipe", pontuou.

As declarações de Neymar foram dadas em entrevista aos organizadores do Prêmio Laureus, um dos mais importantes do mundo e que é celebrado anualmente, sendo conhecido como o Oscar do esporte. A seleção olímpica concorre na categoria de melhor equipe de 2016 com a seleção portuguesa e o Real Madrid (futebol), o Cleveland Cavaliers (basquete), o Chicago Cubs (beisebol) e a Mercedes (Fórmula 1).

"Quando descobri que fomos nomeados, fiquei muito feliz. Eu me lembro quando fui nomeado em 2012 (ele disputou o prêmio de atleta revelação, que acabou vencido pelo golfista irlandês Rory Mclleroy) e foi muito bom. Agora, com toda a equipe juntos, é ainda melhor", disse Neymar.

A volta ao Maracanã para participar do Jogo das Estrelas, partida festiva organizada por Zico, levou Neymar a se lembrar do momento mais nervoso da sua carreira. Foi o que revelou o craque do Barcelona, se referindo ao pênalti convertido na decisão dos Jogos Olímpicos do Rio, que garantiu ao Brasil a medalha de ouro.

Com o gol de Neymar, o Brasil definiu a série decisiva em 5 a 4 e assegurou a conquista inédita após uma partida que terminou empatada por 1 a 1 com a seleção olímpica da Alemanha, em agosto - no tempo regulamentar, o atacante também foi às redes, em cobrança de falta.

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"Estou me lembrando da caminhada até ele. Foi o momento mais nervoso da minha vida. Eu não conseguia pensar em nada além de 'Pelo amor de Deus, onde eu vou chutar esse bola'", disse o atacante de 24 anos. "Então Deus me deu a capacidade de ter calma e marcar esse gol".

O Brasil há muito tempo buscava ouro olímpico, o único título de futebol que não tinha. Quatro anos antes, Neymar estava com a seleção que foi até a final dos Jogos Olímpicos de Londres e perdeu para o México.

O ouro no Rio foi visto por alguns torcedores como um importante passo para o renascimento do futebol brasileiro após a derrota por 7 a 1 para a Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo de 2014. Nos últimos meses, sob o comando de Tite, a equipe ascendeu da sexta posição para a liderança das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018, ficando muito perto da classificação para o torneio na Rússia.

Como um clássico camisa 10 e ainda mais da seleção brasileira, Neymar brilhou na decisão histórica do futebol na Olimpíada do Rio. O Maracanã lotado e milhões de brasileiros tiraram da garganta o grito de campeão depois que o menino de 24 anos marcou duas vezes. O Brasil ganhou o ouro, mas nem por isso o atacante deixou de lembrar das críticas contra a seleção brasileira, principalmente no ofuscado início dos Jogos.

Num misto de felicidade, emoção e desabafo, Neymar deu entrevista à Rede Globo. Na quentura da conquista, o atacante brasileiro, grande destaque da final diante da Alemanha, enalteceu o momento e relembrou dos discursos que duvidavam do desempenho da seleção brasileira. “Tenho muita coisa para falar. Mas só quero agradecer a Deus, minha família, amigos”, disse o atacante, a princípio.

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Neymar ainda continuou sua entrevista soltando o verbo. “Fomos criticados, falaram muito da gente. Mas respondemos com futebol. É uma das melhores coisas que aconteceram em minha vida. Agora vão ter que me engolir”, desabafou o camisa 10 do Brasil.

O primeiro gol de Neymar foi marcado na etapa inicial da final. Numa bela cobrança de falta, o atacante meteu a bola no anglo do goleiro alemão. O empate veio e jogo foi parar na prorrogação. Depois foi a hora dos pênaltis. Para o craque sobrou a última penalidade e a chance de entregar o ouro nas mãos dos brasileiros. Neymar marcou e o Maracanã estourou de alegria.

Único título que a seleção pentacampeã mundial nunca conquistou, a medalha de ouro olímpica no futebol masculino pode sair em casa, no Maracanã, e toda responsabilidade volta a pesar sobre os ombros do único craque fora de série da geração atual: Neymar. O próprio técnico Rogério Micale reconheceu a Neymardependência: "Eu quero ser dependente do Neymar. Que treinador não quer o Neymar no time? Que ele esteja bem, que consiga fazer o que faz com excelência".

Com apenas 24 anos, o astro do Barcelona já é o quinto maior artilheiro da seleção, com 46 gols marcados em 69 jogos, deixando para trás lendas como Rivellino ou Jairzinho. Apesar dos números espetaculares, Neymar viveu mais desilusões em seis anos atuando pela 'canarinha'.

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A primeira grande frustração foi justamente com a seleção olímpica, quando ficou com a medalha de prata ao perder a final dos Jogos de Londres-2012 para o México, em Wembley. Quatro anos depois, é com mais maturidade que encara sua segunda olimpíada, desta vez em casa.

A presença do craque era tão fundamental que a CBF preferiu abrir mão da sua presença na Copa América do Centenário para garantir a liberação do Barça para o torneio olímpico. "Mudou muita coisa em mim desde aquela Olimpíada (de 2012). Tática, técnica, mentalmente mais ainda. Cresci muito ao longo desses anos e sei que isso vai me ajudar dentro de campo, vai me fortalecer de alguma forma", garantiu o atacante em entrevista ao Lance.

Pressão 'desumana'

Depois de muitos anos encantando com seus dribles, o que lhe valeu o prêmio Puskas do gol mais bonito de 2011, Neymar chegou a outro patamar no ano passado, ao terminar em terceiro lugar do Prêmio Bola de Ouro, atrás apenas dos superastros Messi e Cristiano Ronaldo.

Com o Barça, conquistou todos os títulos possíveis: duas Ligas Espanholas, duas Copas do Rei, uma Liga dos Campeões e um Mundial de clubes. Antes de ir para a Europa, em 2012, já tinha levado a Libertadores, a Copa do Brasil e o tricampeonato paulista com o Santos. Com a seleção, porém, o único troféu foi a Copa das Confederações de 2013, conquistado no Maracanã, que também será palco da final olímpica, no dia 20 de agosto.

A vitória contundente por 3 a 0 sobre a Espanha deixou o Brasil com a ilusão do hexacampeonato em casa na Copa do Mundo de 2014, mas a história foi outra. A seleção viveu a pior humilhação da sua história, com o fatídico 7 a 1 diante da Alemanha, no Mineirão, sem a presença de Neymar em campo.

O craque tinha ficado fora de combates nas quartas de final, ao sofrer uma fratura em uma vértebra depois de uma entrada dura do colombiano Zuñiga. No ano seguinte, no Chile, Neymar também ficou fora da reta final da Copa América, mas por conta da própria indisciplina: foi suspenso por quatro jogos por ter xingado o árbitro que o expulsou, em outro duelo com a Colômbia.

Nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, o craque voltou a mostrar certo nervosismo, reclamando até dos próprios companheiros. "Dizem que não é bom depender de Neymar, mas não estou de acordo. Quero Neymar feliz pra jogar. Ele é um dos três melhores do mundo. O que puder explorar do Neymar eu vou fazer", opinou Micale.

O novo técnico da seleção principal, Tite, que assumiu o cargo no lugar de Dunga depois do vexame da Copa da América do Centenário, mais uma vez na ausência do craque, não concorda com essa análise. "É desumano colocar toda a responsabilidade sobre um atleta", opinou o ex-treinador do Corinthians. Tite deixou claro que a faixa de capitão que Neymar ganhou há dois anos já não está mais garantida.

Produto de marketing

O certo é que mesmo quando não está em campo, o craque continua apoiando os companheiros de forma incondicional, como aconteceu depois do fiasco no último torneio continental. "Ninguém sabe o que vocês sofrem para estar aí e defender a seleção, vestir essa camisa é um orgulho e vocês fazem isso com AMOR. Agora, vai aparecer um monte de babaca para falar merda. (...) Sou brasileiro e estou fechado com vocês", desabafou o craque no Instagram.

Enquanto o Brasil passava vergonha nos Estados Unidos, Neymar também estava em solo americano, de férias, curtindo as finais da NBA e festas em Las Vegas, além de assistir à estreia da seleção na competição, ao lado do cantor Justin Bieber e do piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton.

O brilho de Neymar vai muito além das quatro linhas. A revista americana Sports Pro o colocou em oitavo lugar da lista de atletas com maior potencial de mercado no mundo. Em 2012 e 2013, ele tinha sido o primeiro colocado.

Hoje, ele empresta sua imagem a 16 marcas, o que lhe garante renda anual de 15 milhões de reais, de acordo com um levantamento do Lance. Apesar de toda a fortuna, que lhe rendeu problemas com a justiça espanhola por conta de irregularidades na sua transferência do Santos ao Barça, seus olhos de menino ainda brilham com o sonho do ouro inédito no Maracanã.

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